1. 84 DIVO OUTUBRO 2014
MAPUTO A PRETO E BRANCO
A primeira – e talvez mais impactante – lembrança que tenho
da Fortaleza de Maputo remonta ao penúltimo ano da faculda-
de, quando o docente de uma determinada cadeira fez toda a
turma visitar os principais edifícios históricos da Baixa de Ma-
puto. Confesso que, apesar da imponência do lugar, não apre-
ciei muito a visita. Talvez devido à pressão do momento. Como
futuros historiadores, não estávamos lá tanto para apreciar
os belos recantos da Fortaleza, mas mais para a “fazer falar”.
Mas ao longo dos anos voltei muitas vezes à Fortaleza, por
iniciativa própria, e pude descobrir o porquê deste ser um dos
monumentos mais visitados da capital moçambicana.
A história da Fortaleza de Maputo, também conhecida como
Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, é longa e cheia de
contornos, mas a versão mais simples é de que a sua origem
remonta a 1721, ano em que aqui chegou uma expedição
holandesa, tendo construído um forte pentagonal em ma-
deira, o Forte Lagoa.
Depois vieram os piratas ingleses, as forças austríacas, e o
local foi sendo sucessivamente destruído e reconstruído, até
que em 1781 foi tomado pelos portugueses, para em 1796 ser
conquistado, saqueado e incendiado por piratas franceses. Os
portugueses retomaram a sua posição na área em 1799, mas
só em 1805 foi aqui erguida uma pequena habitação fortifi-
cada que serviria de quartel de tropa e feitoria.
Essa construção foi-se degradando com o passar das déca-
das, tendo sido construído em 1946 o forte com o aspec-
to actual. Depois de ter abrigado o Museu Histórico de Mo-
çambique, passou, após a independência, a ser o Museu de
História Militar. Hoje é um dos mais importantes monumen-
tos históricos do país, sendo administrado pela Universida-
de Eduardo Mondlane.
O interior da Fortaleza tem muito para apreciar, desde os pai-
néis de bronze, com cenas de guerra com os vátuas e a pri-
são de Ngungunhana – cujos restos mortais também aqui ja-
zem – até às esculturas que representam a ocupação do ter-
ritório que hoje é Moçambique, pelos portugueses, passando
pelas muralhas com os canhões.
Mas, na minha opinião, uma das peças mais impressionantes
é a estátua equestre de Mouzinho de Albuquerque, que se er-
gue, imponente, no pátio da Fortaleza. Actualmente o local
costuma acolher diversas actividades, incluindo feiras de ar-
tesanato, espectáculos musicais, sessões fotográficas e des-
files de moda. E todos os anos centenas de turistas visitam
a Fortaleza, na esperança de resgatar um pedacinho do pas-
sado, ou apenas para desfrutar da vista que se tem da baía
de Maputo. Eu confesso que são as feiras de artesanato que
me levam até lá, mas qualquer desculpa é boa para visitar
um lugar tão fascinante.