O documento discute a aplicação da metodologia FEL (Front-End Load) na exploração mineral e como as ferramentas de gestão de projetos do PMBOK podem impactar positivamente os processos de pesquisa e prospecção mineral, focando nas áreas de escopo, prazos, custos, riscos e stakeholders.
1. A metodologia FEL (Front-End Load) na Exploração Mineral
Leonardo Lopes Souza1
Prof. Romante Ezer Ferreira Rodrigues2
Profª Eloísa Márcia da Silva Tampieri3
Resumo: O presente trabalho faz uma comparação sobre a eficiência dos processos
ao implantar a metodologia FEL relacionado a um modelo de ferramentas de Gestão
de Projetos na Pesquisa e Prospecção Mineral, em especial Escopo, Prazos, Custos,
Riscos e Stakeholders. Procura-se entender como a adoção dessas ferramentas pode
impactar positivamente os processos de Pesquisa e Prospecção Mineral sob a ótica
da Metodologia FEL, balizados pelo PMBOK 5ª Edição, tornando os projetos
competitivos e atraentes do ponto de vista do Negócio. As ferramentas gerenciais
apresentadas ao longo do curso de MBA em Gestão Estratégica de Projetos na UNIBH
revelam-se eficientes para a otimização de custos e probabilidade de riscos, melhor
planejamento, controle e monitoramento do Escopo, Prazos e Stakeholders em
Projetos de Pesquisa e Prospecção Mineral. Na atividade mineral a probabilidade de
riscos e custos em si se apresentam elevados para investidores e empresários do
setor – especialmente entre pequenos e médios mineradores, e Empresas Juniors
Companies – e diversos projetos promissores fracassam devido à falta ou ineficiência
de uma sistemática técnico-gerencial e de um aprofundado planejamento do Escopo,
do planejamento, monitoramento e controle de Custos, dos Prazos, da probabilidade
de Riscos e do gerenciamento dos Stakeholders envolvidos ao longo da execução
desses projetos.
Palavras-Chave: Gestão. Geologia. Projetos. Prospecção. PMBOK. FEL.
1 Aluno do curso de Pós Graduação em Gestão Estratégica da Projetos do UNIBH, Engenheiro Geólogo
Diretor Executivo da CLGeo Soluções em Geologia e Mineração. E-mail: leonardo@clgeo.com.br
2 Professor do UNIBH e orientador do Trabalho de Conclusão de Curso.
3 Professor do UNIBH e orientador do Trabalho de Conclusão de Curso.
2. INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta uma discussão comparativa sobre a eficiência dos
processos ao implantar e utilizar-se de ferramentas de Gestão de Projetos inserida no
âmbito da Metodologia FEL – Front-End Loading – na Exploração Mineral, enfocando
os capítulos sobre Escopo, Prazos, Custos, Riscos e Stakeholders do PMBOK 5ª
Edição.
OBJETIVOS
Esse trabalho tem como objetivo geral identificar as potencialidades das ferramentas
de Gestão de Projetos, no contexto da metodologia FEL, no sentido de demonstrar
através de estudos anteriores sobre Gestão de Projetos aplicados ao setor da
Pesquisa Mineral. Nesse trabalho será dado ênfase nas áreas do conhecimento do
PMBOK 5ª Edição para Escopo, Prazos, Custos, Riscos e Stakeholders.
Além do objetivo geral, o presente artigo tem por objetivos específicos:
Possibilitar gerenciar os riscos envolvidos em cada etapa do trabalho na
Exploração Mineral;
Implantar ferramentas de Gestão em Projetos no setor mineral de maneira
acessível principalmente entre os pequenos e médios mineradores e
investidores em Pesquisa Mineral;
Criar um ambiente operacional favorável, a partir dessas ferramentas, para a
execução, controle e monitoramento das etapas previstas para a Pesquisa
Mineral;
Propiciar condições práticas para um nível de detalhamento do Escopo de
trabalho a ser implantado para os projetos de Exploração Mineral;
Facilitar o entendimento para dimensionar recursos (pessoal, financeiro e
físico) para a viabilidade da execução de projetos minerais.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
De natureza aplicada e exploratória, o artigo foi elaborado a partir de trabalhos
anteriores pesquisados na literatura específica, analisando criticamente as técnicas,
conclusões e sugestões apresentadas em livros, publicações em congressos, artigos,
papers e cursos voltados para o aperfeiçoamento do conhecimento da metodologia
FEL.
Esse artigo foi desenvolvido através de pesquisas a publicações específicas, livros
sobre Pesquisa e Prospecção Mineral, como por exemplo a publicação “Noções de
Prospecção e Pesquisa Mineral”, de Mário Tavares de Oliveira Cavalcanti Neto &
Alexandre Magno Rocha da Rocha; “A Indústria da Mineração”, publicada pelo IBRAM
(Instituto Brasileiro de Mineração) em dezembro de 2014; artigos como “A Estratégia
de Prospecção de Pesquisa e Prospecção Mineral”, publicado pelo Geólogo e Mestre
em Geologia Juarez Fontana dos Santos e pelo Prof. Dr. Evaristo Ribeiro Filho,
professor titular do Departamento de Geologia do IG/USP.
Literaturas e publicações na área de Gestão de Projetos foram estudadas de modo a
permitir uma conexão entre o conhecimento de Gestão de Projetos associados à
Exploração Mineral. A pesquisa desse tema foi realizada estudando-se o “Project
Management Body of Knowledge (PMBOK) 5ª Edição”, publicado pelo PMI (Project
Management Institute); artigos sobre a metodologia FEL apresentados em
Congressos, como a publicação dos pesquisadores da Universidade Federal
Fluminense (UFF) Poliana Teixeira Barbosa, Natália Peres Monteiro Pinheiro e Wilson
Lapa Santos. Além dessas fontes, artigos publicados em revistas eletrônicas como a
In The Mine, e um curso em EAD em Instituição de renome no mercado sobre
Avaliação de Projetos sob a Ótica da Metodologia FEL são de grande relevância para
o desenvolvimento desse estudo.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
Pesquisa Mineral
Pesquisa e Prospecção Mineral é um conjunto de conhecimentos, técnicas e
ferramentas utilizadas para a descoberta e estudo de Depósitos Minerais (Cavalcanti
Neto; Rocha da Rocha, 2010). De acordo com Cavalcanti Neto e Rocha da Rocha
(2010) as áreas do conhecimento abrangente nesse conceito são disciplinas ligadas
às geociências, tais como Mineralogia, Geologia Econômica, Petrografia, Foto-
geologia, Geologia Estrutural, Geotectônica, entre outros.
Um depósito mineral possui característica finita, isto é, é tratado como um recurso
natural não-renovável – ainda mais quando se refere a recursos minerais metálicos e
não-metálicos (Cavalcanti Neto; Rocha da Rocha, 2010).
Para Cavalcanti Neto e Rocha da Rocha (2010) a Pesquisa e Prospecção Mineral
consiste em um conjunto de trabalhos necessários a serem executados de maneira
interdependente e sequencial, visando à determinação de uma Jazida Mineral (corpo
mineralizado de volume e teores viáveis economicamente), sua avaliação e a
definição da exequibilidade técnica-econômica de seu aproveitamento.
Como o caráter de Pesquisa e Prospecção Mineral é interdependente (figura 01), os
trabalhos básicos a serem executados para determinação de uma Jazida Mineral são
organizados por etapas, tais como (Cavalcanti Neto; Rocha da Rocha, 2010):
Levantamentos bibliográficos, topográficos, mapeamento geológico regional e
de detalhe: Fase em que se pesquisa trabalhos anteriores sobre os possíveis
tipos de mineralizações relativas à área, informações sobre cartografia, GPS,
bússola, mapeamentos geológicos tanto para os trabalhos de reconhecimento,
como de detalhe;
Levantamentos geofísicos e geoquímicos: Refere-se a trabalhos que visam a
escolha de áreas para caracterizá-las como um prospecto digno de receber
investimentos para seu estudo mais detalhado, ou seja, a identificação do alvo,
5. à sua caracterização como prospecto, e o estudo visando verificar dimensões
e viabilidade de se implantar um projeto mineiro;
Planejamento, execução e interpretação de trincheiras, poços e sondagem:
Etapas da pesquisa mineral definidas como identificação e teste dos alvos e
desenvolvimento dos estudos sobre o depósito mineral descoberto pelos
trabalhos anteriores;
Quantificação e qualificação de reservas minerais e determinação da
exequibilidade técnica-econômica da Jazida: Consistem de trabalhos
específicos, geralmente por meio de softwares de modelamento geológico, com
o objetivo de se qualificar e quantificar a reserva determinada, além de sua
avaliação da viabilidade técnica e econômica;
Desenvolvimento de mina e lavra: Faz parte do processo de produção. Nessa
fase se determina a tipologia de trabalhos de mina (céu aberto ou subterrânea),
o planejamento e execução do sequenciamento de mina (por onde se
começará a extrair o bem mineral e qual a sequência dessa extração na cava
formada). Essa fase não foi contemplada nesse estudo, pois segundo Raggi
(2014) entende-se que os trabalhos de mina demandam uma aplicação da
metodologia FEL distinta da aplicação do FEL voltado para a pesquisa mineral.
Gestão de Projetos
De acordo com o guia PMBOK 5ª Edição (2014) o conceito de Projeto é um esforço
temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo.
No contexto onde se relaciona Gestão de Projetos e o Setor Mineral um projeto é
comumente definido como um empreendimento único, com começo, meio e fim,
conduzido por pessoas, a pedido de um patrocinador definido, para o alcance de
metas estabelecidas, com parâmetros de custo, tempo e qualidade (Pereira R.C.R.;
Silva L. A. da, 2013).
Como exemplo de projetos no setor mineral, pode-se destacar:
Projeto de expansão de produção de uma planta de beneficiamento;
Implantação e malha ferroviária para escoamento do minério beneficiado;
6. Projeto de avaliação de riscos de um projeto de exploração mineral;
Projeto de execução, monitoramento e controle da pesquisa e prospecção
mineral de determinado recurso.
O Gerenciamento de Projetos conceitua-se como a aplicação do conhecimento,
habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus
requisitos. O gerenciamento de projetos é realizado através da aplicação e integração
apropriadas dos 47 processos de gerenciamento de projetos, logicamente agrupados
em cinco grupos de processos. Esses cinco grupos de processos são (PMBOK, 2014):
Iniciação e Planejamento:
Determina critérios para o ajuste de um conjunto de processos e normas
padrões da organização com o objetivo de atender às demandas específicas
do projeto;
Os Padrões e Normas da Organização como uma política interna e ciclos
de vida do projeto, políticas de qualidade;
Ferramentas de Gestão;
Execução, Monitoramento e Controle:
Procedimentos para estabelecer critérios de mudanças, incluindo os
passos para alterações nos padrões, planejamentos e procedimentos da
Organização ou da forma como essas mudanças serão aprovadas ou
validadas;
Procedimentos para controles financeiros, tais como análises de gastos
e despesas, cláusulas contratuais padrão, relatório de horas trabalhadas,
contabilidade;
Procedimentos para o gerenciamento da qualidade;
Critérios e procedimentos de comunicação interna e externa;
Priorização, aprovação e emissão de autorização de trabalho;
Procedimentos para controle, mitigação e previsão de riscos;
Avaliação de desempenho;
Encerramento:
Critérios de encerramento do projeto (p.ex., lições aprendidas, auditorias
finais do projeto, avaliações do projeto, validações de produto e critérios de
aceitação).
7. O PMBOK 5ª Edição prevê 10 áreas do conhecimento: Integração, Escopo, Prazos,
Custos, Qualidade, Recursos Humanos, Comunicações, Riscos, Aquisições e Partes
Interessadas (Stakeholders). Para ênfase desse artigo, as áreas do conhecimento que
foram relacionadas aos processos do setor mineral no contexto da metodologia FEL
são Integração, Escopo, Prazos, Custos, Riscos e Partes Interessadas.
Escopo
O gerenciamento do escopo do projeto consiste em determinar os processos
necessários para garantir que todas as atividades previstas para a conclusão do
projeto estejam contempladas no planejamento, e apenas o necessário, para terminar
o projeto com sucesso, ou seja, o gerenciamento do escopo define e controla o que
está e o que não está incluído no projeto. Abaixo a visão geral dos processos do
gerenciamento do escopo.
Figura 01: Visão Geral do Gerenciamento do Escopo.
Fonte: Adaptado de PMBOK 5 Edição (2014, p. 105)
Prazos
O Gerenciamento do tempo do projeto inclui os processos necessários para gerenciar
o término pontual do projeto (PMBOK 5ª Edição, 2014). Abaixo a visão geral dos
processos de gerenciamento dos prazos em um projeto.
8. Figura 02: Visão Geral do Gerenciamento do Tempo
Fonte: Adaptado de PMBOK 5ª Edição (2014, p. 142)
Custos
O gerenciamento dos custos do projeto está relacionado aos processos envolvidos
em planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle
dos custos, com o objetivo de se terminar o projeto dentro dos limites do orçamento
aprovado para tal. A seguir a visão geral dos processos de gerenciamento de custos
de um projeto.
Figura 03: Visão geral do Gerenciamento dos Custos
Fonte: Adaptado de PMBOK 5ª Edição (2014, p. 193)
9. Riscos
O Gerenciamento dos riscos do projeto inclui os processos de planejamento,
identificação, análise, planejamento de respostas e controle de riscos de um projeto.
Os objetivos do gerenciamento dos riscos do projeto são aumentar a probabilidade e
o impacto dos eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos
negativos no projeto (PMBOK 5ª Edição, 2014). A seguir a visão geral dos processos
de gerenciamento de riscos de um projeto.
Figura 04: Visão geral do Gerenciamento dos Riscos.
Fonte: Adaptado de PMBOK 5ª Edição (2014, p. 311)
Stakeholders
O gerenciamento das partes interessadas do projeto inclui os processos exigidos para
identificar todas as pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem
impactados pelo projeto, analisar as expectativas das partes interessadas e sua
influência sobre o projeto. Consiste também em desenvolver estratégias de
gerenciamento apropriadas para o engajamento eficaz das partes interessadas nas
decisões e execução do projeto. A seguir uma visão geral dos processos de
gerenciamento de Gestão das Partes Interessadas.
10. Figura 05: Visão geral do Gerenciamento das Partes Interessadas
Fonte: Adaptado de PMBOK 5ª Edição (2014, p. 391)
Metodologia FEL
A metodologia FEL foi desenvolvida pelo IPA – Independent Project Analysis – para
garantir um planejamento eficiente dos projetos de capital. De acordo com PRADO
(2004) “metodologia” pode ser entendida como sendo uma coleção de métodos,
técnicas e ferramentas que mostram o que e como deve ser feito a cada momento,
geralmente aplicados na indústria pesada (petroquímica, transformação, etc).
O IPA foi criado em 1987 para dar suporte à pesquisa de análise de viabilidade de
projetos, utilizando-se banco de dados detalhados e com dados do ciclo de vida do
projeto. Além disso, o IPA também desenvolve ferramentas estatísticas para analisar
desempenho de projetos em áreas variadas (Barbosa, P.T; Pinheiro, N. P. M; Santos,
W. L; 2013).
Para Barshop (2004) apud (Barbosa, P.T; Pinheiro, N. P. M; Santos, W. L; 2013, p.
03) o FEL parte do princípio de que a melhoria no processo de definição do projeto
reduz a quantidade de possíveis claims durante a execução, onde os custos para se
alterar escopo e metodologia técnica são mais elevados. A metodologia FEL também
permite detalhar um escopo alinhado à necessidade do negócio.
11. Para o IETEC (2015) o FEL pode ser entendido como um processo, onde o importante
é gerenciar projetos de capital, organizando etapas de desenvolvimento de um projeto
através de critérios para se executar cada etapa. O suporte técnico à equipe é
bastante influenciada pela redução de custos e agregando qualidade ao projeto,
utilizando-se melhores práticas de gestão, potencializando pontos fortes e
identificando fatores que podem impactar o eficiente gerenciamento do projeto.
O FEL pode ser dividido em três etapas: FEL I, FEL II, FEL III. Para cada etapa FEL
constitui-se de um conjunto de atividades que entregam produtos específicos, dando
suporte contínuo na tomada de decisão para o prosseguimento (ou não) do projeto
para a próxima fase (próximo FEL). As interfaces entre os FEL’s são denominados de
“gates”, ou seja, portões que devem ser superados para o avanço do projeto de
maneira monitorada e bem gerenciada, antes de se iniciar a execução das atividades
do projeto.
FEL I – Análise do Negócio: nessa etapa inicial define-se os objetivos do projeto
alinhado às necessidades do negócio ou visão empresarial (ROMERO, 2010).
Objetivos:
Validar a oportunidade de negócio e determinar as alternativas aprovadas para
a fase seguinte. Realiza-se a previsão de mercado, estudos de competitividade
e estimativas de custo.
Processos e Saídas:
Reunião preliminar – startar o projeto.
Desenvolvimento de Declaração de Escopo preliminar.
Cronograma de Marcos.
OPEX e CAPEX – estimativas de custos do projeto baseadas em índices.
Identificação de Stakeholders.
Estrutura organizacional do projeto, relacionado à estrutura organizacional da
Empresa ou Organização.
Análise de riscos do negócio.
Avaliação de mercado.
Legislação e requisitos de segurança do trabalho e prevenção do meio
ambiente.
Identificação de tecnologias e rotas de processo.
12. FEL II – Seleção de Alternativas: fase conceitual do projeto, resultado do
desenvolvimento da etapa anterior, chegando-se a uma melhor definição do
escopo e dos critérios e restrições para o desenvolvimento do projeto (design).
Objetivos:
Desenvolver as alternativas identificadas e focar o projeto a uma opção a mais
ideal possível, detalhando premissas e atualizando os dados.
Estudar as opções identificadas e direcionar o projeto a uma opção, refinar
premissas, atualizar os dados e iniciar a definição do projeto.
Processos e Saídas:
Detalhamento do escopo
Estrutura Analítica do Projeto preliminar
Cronograma preliminar
Atualizações de informações de segurança do trabalho e meio ambiente
Estratégia de licenciamento ambiental
Atualização de custos – CAPEX e OPEX
Atualização da estrutura organizacional do projeto
Matriz de Stakeholders, comunicação e atribuições
Análise de riscos
Atualização da análise técnica e econômica.
FEL III – Planejamento da Implantação do Empreendimento: preparação do
projeto para sua aprovação corporativa e futura implantação. Fase de
elaboração do projeto básico – desenvolvimento da engenharia básica a partir
do escopo desenvolvido em FEL II, com um CAPEX melhor dimensionado.
Objetivos:
Desenvolver a engenharia detalhada, o plano de execução e a estimativa de
custo detalhados para a alternativa de desenvolvimento selecionada na fase
anterior.
Processos e Saídas:
Detalhamento do escopo e rotas de processos
EAP consolidada
Cronograma consolidado
Custo consolidado – CAPEX e OPEX
Consolidação da estrutura organizacional do projeto
13. Consolidação da matriz de atribuições e de comunicação
Atualização das questões ambientais – licenciamento e estudos
Atualização da matriz de Stakeholders
Análises de riscos e riscos operacionais
Consolidação da avaliação de mercado e estudos de viabilidade técnica –
econômica
Plano de execução do projeto – PEP
Para Barshop (2004) apud (Barbosa, P.T; Pinheiro, N. P. M; Santos, W. L; 2013, p.
12) a metodologia FEL é a prática que causa maior impacto sobre o sucesso do
projeto, otimizando os custos devido à redução do número de alterações que ocorrem
ao longo de sua execução. O fato de o projeto ser compartimentado em etapas permite
uma análise profunda do projeto, analisando a aderência aos objetivos propostos e
apresentando uma melhor visibilidade de oportunidades que podem surgir
possibilitando alcançar melhores resultados.
Os portões oferecem uma visão clara do nível de planejamento e domínio sobre a
condução do projeto antes de avançar para o portão seguinte. Ou seja, a análise
compartimentada de cada etapa do projeto pelas partes interessadas busca responder
à tomada de decisão quanto à viabilidade técnico-econômica do projeto e minimiza as
chances de alterações durante a fase de execução do projeto.
Ainda segundo Barshop (2004) apud (Barbosa, P.T; Pinheiro, N. P. M; Santos, W. L;
2013, p. 12), o retorno para as partes interessadas em termos de vantagem
competitiva é percebido na minimização das probabilidades de riscos, aumento da
credibilidade e da segurança técnica-financeira do projeto, melhorias na elaboração
do plano de gerenciamento do projeto, propiciando uma análise prévia dessas
probabilidades de riscos e uma visão preliminar sobre os custos e prazos.
14. ANÁLISE DOS DADOS
Diante do caráter compartimentado e interdependente dos Projetos de Exploração
Mineral, a Metodologia FEL mostra-se como uma ferramenta importante aos
processos de Pesquisa e Prospecção Mineral como estrutura de trabalho.
Ao se planejar um projeto de Exploração Mineral, deve-se levar em consideração que
o projeto em si se desdobrará em outros projetos com objetivos específicos, dando
suporte para o objetivo principal – encontrar um jazimento mineral técnico e
economicamente viável.
Para a aplicação da metodologia FEL no contexto da Exploração Mineral e utilizando-
se de ferramentas do PMBOK 5ª Edição, é preciso a elaboração de um plano de
Pesquisa Mineral detalhado.
Figura 06: Fases da Pesquisa Mineral
O projeto principal como um todo pode ser compartimentado em projetos específicos
cujo conjuntos de etapas são agrupados de acordo com a característica dos
resultados alcançados para o conjunto de atividades. A etapa FEL se dá de acordo
com a característica de cada etapa.
15. Figura 07: Correlação entre as Fases da Pesquisa Mineral e a Metodologia FEL
Para determinado Projeto de Exploração Mineral, tem-se como projetos específicos
os Projetos de Reconhecimento Geológico, Projeto de Desenvolvimento, Projeto de
Avaliação de Reservas e Projeto de Validação da Jazida Mineral. Para cada um
desses projetos a abordagem em termos de Gestão de Projetos tem como objetivo o
planejamento das execuções inerentes a cada projeto, dando condições para a
avaliação cada vez mais detalhada de escopo, prazos, estimativas de riscos e custos
e stakeholders.
Em cada Gate do projeto principal, tem-se as atividades anteriores executadas e seus
resultados devem dar condições para a análise dos possíveis cenários (internos e
externos ao projeto) para a decisão da continuidade do projeto principal a partir dos
projetos específicos subsequentes.
Projeto de Exploração Mineral: É o projeto principal a ser implantado. Devido
à sua complexidade mesmo em pequenos e médios empreendimentos esse
projeto principal é compartimentado em projetos específicos, onde em cada
projeto deve-se gerenciar as atividades pertinentes à fase correspondente.
Esses projetos específicos podem ser designados como Projeto de
Reconhecimento Geológico, Projeto de Desenvolvimento, Projeto de Avaliação
de Reservas e Projeto de Validação da Jazida Mineral.
16. Projeto de Reconhecimento Geológico:
Projeto específico inicial, FEL I, consiste em realizar pesquisas preliminares a
respeito do potencial geológico da área a ser estudada. O planejamento do
gerenciamento dessa fase prevê o desenvolvimento de ações em Pesquisa
Bibliográfica, Sensoriamento Remoto, Topografia (tratamento de imagens de
satélite) e Mapeamento Geológico Regional (reconhecimento em campo). O
resultado dessa fase permite a decisão de se avançar para o próximo projeto,
e os entregáveis são um mapa geológico preliminar da área, um relatório com
dados de literatura específica e dados preliminares levantados em campo.
Figura 08: Projeto de Reconhecimento Geológico
17. Projeto de Desenvolvimento
Projeto específico que consiste no planejamento e execução de trabalhos de
Exploração Mineral, com o objetivo de se detalhar as informações levantadas
em FEL I. Nessa fase, caracterizada como FEL II, tem-se o Escopo detalhado
da execução da Pesquisa Mineral, o levantamento completo dos Stakeholders,
Custos e Prazos definidos e conhece-se o nível de Risco ao qual o projeto
principal está submetido. Nessa fase determina a execução de Mapeamento
Geológico de Detalhe, Amostragens, Geofísica e Sondagem.
Figura 09: Projeto de Desenvolvimento
18. Projeto de Avaliação de Reservas:
Na fase de Avaliação de Reservas, ainda em FEL II, tem-se a discussão dos
resultados levantados na etapa de Desenvolvimento, onde se estudará as
características da reserva mineral em termos de volume, abrangência geográfica,
teores de minérios além de análises de necessidade de detalhamenos específicos
para melhor entendimento da reserva mineral.
Figura 10: Projeto de Avaliação de Reservas
19. Projeto de Validação de Jazida Mineral:
O Projeto de Validação de Jazida Mineral consiste na fase FEL III e determina
a viabilidade técnica e econômica da Jazida. Nessa etapa já estão finalizados
os trabalhos prospectivos e o cálculo de reservas. O projeto em questão tem
como objetivo corroborar todos os trabalhos anteriores e validar a existência de
uma Jazida Mineral na área pesquisada. Além disso, inicia-se a preparação
para o planejamento das atividades de um novo Projeto, o da Extração Mineral,
ou seja, a manutenção das rotinas mineiras.
Figura 11: Projeto de Validação da Jazida Mineral
As etapas do Projeto Principal são interdependentes, e durante o ciclo de vida do
projeto o mesmo pode ser suspenso ou cancelado em função da constante análise
dos resultados de cada atividade e de cada processo dentro dos FEL’s. Nas interfaces
dos FEL’s tem-se uma revisão detalhada dos avanços dos projetos específicos, suas
possíveis falhas e liçoes aprendidas, a fim de se obter informações com a máxima
confiabilidade sobre a real situação do projeto como um todo.
20. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os arranjos gerenciais no contexto da Exploração Mineral apresentados nesse
Trabalho de Conclusão de Curso possibilitam entender a importância de se planejar,
gerenciar, executar, monitorar e controlar os riscos envolvidos nos trabalhos de
pesquisa mineral.
A implantação de ferramentas de Gestão de Projetos no setor mineral engloba uma
infinidade de procedimentos a depender da complexidade dos projetos e dos objetivos
estratégicos da Organização, sendo importante na tomada de decisões entre
pequenos e médios mineradores, além de investidores em pesquisa e prospecção
mineral.
A aplicação de conceitos de Gestão de Projetos aliados à Metodologia FEL nos
processos de gerenciamento de Escopo, Custos, Prazos, Riscos e Stakeholders
possibilitam uma melhor visão do projeto como um todo.
Apesar de ser questionável a aplicação da Metodologia FEL em projetos minerais de
pequeno e médio porte, devido à questão do gasto de tempo para se planejar projetos
dessa natureza, é importante ressaltar que o FEL não se mostra como um método
estático, ou seja, a Metodologia FEL pode ser adaptada, sem detrimento de sua
eficiência, em projetos menores e que demonstrem complexidade relevante,
recomendável para se assimilar o projeto de forma consistente e em sintonia com as
expectativas de seus Stakeholders.
Permite-se um ambiente operacional otimizado, compromissado e motivado a
entregar resultados (já que todos tem ciência da importância de suas atividades para
o sucesso do projeto), e possui um controle efetivo das expectativas de Stakeholders
internos e externos; melhora os processos de monitoramento e controle dos trabalhos
realizados nas diferentes fases da pesquisa mineral, otimizando tempo (e custos);
possibilita o planejamento e a criação de um escopo detalhado a partir do
levantamento de questões de ordem técnica e gerencial alinhando as entregas à
expectativa dos clientes e, facilita planejamento e o dimensionamento dos recursos
que o projeto demanda, sem que haja uma escassez acentuada a ponto de inviabilizar
21. tecnicamente o projeto ou um excesso que pode provocar em um cancelamento do
projeto pelos Stakeholders, em qualquer etapa do projeto, ao entender que o projeto
demandará recursos exessivos para investimento naquela ocasião.
Pode-se entender com esse trabalho que o estudo da Metodologia FEL pode se
desdobrar a níveis ainda mais detalhados. Sendo assim, recomenda-se a
continuidade mais aprofundada desse estudo, chamando a atenção para outros
pontos de vista, para que se desenvolva um projeto cada vez melhor e mais
competitivo no setor mineral.
REFERÊNCIAS
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE: Project Management Body of Knowledge 5ª
Edição, São Paulo, 2014
RAGGI, J., Gestão de Projetos de Mineração. Revista In The Mine, 50ª Ed. São Paulo:
Facto Editorial 2014.Disponível em: < http://inthemine.com.br/site/index.php/gestao-
de-projetos-de-mineracao/>. Acesso em 13/05/2015.
PEREIRA, R.C.R., SILVA, L.A.da, Gerenciamento de Riscos em Projetos de
Mineração, ANAIS DO 8ºCONGRESSO BRASILEIRO DE MINAS A CÉU ABERTO,
06 A 14 de agosto de 2014, Belo Horizonte.
BARBOSA, P.T; PINHEIRO, N. P. M; SANTOS, W. L; Metodologia FEL: Sua
importância na Avaliação de Riscos e Redução de Impactos em Escopo, Tempo e
Custo de Projetos Complexos de Engenharia, XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUCAO, 08 a 11 de outubro de 2013, Salvador.
CAVALCANTI NETO; ROCHA DA ROCHA, Noções de Pesquisa e Prospecção
Mineral para Técnicos em Geologia e Mineração, Ed. IFRN, 2010.
INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO – IBRAM, Brasília, 2014.
IETEC – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, A Metodologia FEL como
Ferramenta na Avaliação de Viabilidade de Projetos, 2015.