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A Arcádia melancólica
de Cláudio Manuel da Costa
Rafael Julião
Literatura Brasileira 1
Prof. Rafael Batista
Questões gerais:
● O Arcadismo no Brasil
● A difícil classificação estética da obra de Cláudio
Manuel da Costa
● A visão de pátria em sua obra e na literatura
árcade
Questões gerais:
● Fugere urbem;
● Locus amoenus;
● Inutilia truncat;
● Aurea mediocritas;
● Carpe diem;
● Pastoralismo e bucolismo
Introdução
O difícil enquadramento da estética de CMC;
Barroco? (Sérgio Buarque de Holanda); Árcade? (Manuel Bandeira);
Pré-romântico? (Sílvio Romero).
"No limiar do novo estilo" (Antonio Candido).
Introdução
A dicotomia entre colônia e metrópole.
As paisagens distintas.
A discrepância civilizatória e cultural entre colônia e metrópole.
As musas na paisagem de Minas Gerais
O prólogo: entre Barroco e Neoclassicismo (as muitas metáforas; a
reformulação do gosto (dos excessos barrocos para a simplicidade
árcade); o passadismo; o desejo neoclássico e as soluções barrocas.
Bárbara Bela, Alvarenga Peixoto
Bárbara bela,
do Norte estrela,
que o meu destino
sabes guiar,
de ti ausente,
triste, somente
as horas passo
a suspirar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
Por entre as penhas
de incultas brenhas
cansa-me a vista
de te buscar;
porém não vejo
mais que o desejo,
sem esperança
de te encontrar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
Eu bem queria
a noite e o dia
sempre contigo
poder passar;
mas orgulhosa
sorte invejosa
desta fortuna
me quer privar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
Tu, entre os braços,
ternos abraços
da filha amada
podes gozar.
Priva-me a estrela
de ti e dela,
busca dois modos
de me matar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
Memórias do presente, e do passado
Fazem guerra cruel dentro em meu peito;
E bem que ao sofrimento ando já feito,
Mais que nunca desperta hoje o cuidado.
Que diferente, que diverso estado
É este, em que somente o triste efeito
Da pena, a que meu mal me tem sujeito,
Me acompanha entre aflito, e magoado!
Tristes lembranças! e que em vão componho
A memória da vossa sombra escura!
Que néscio em vós a ponderar me ponho!
Ide-vos; que em tão mísera loucura
Todo o passado bem tenho por sonho;
Só é certa a presente desventura.
- Cruel memória de um
passado feliz que o
tempo converteu em
desventura.
- Memória feliz do
passado; guerra com o
presente infeliz.
- Atmosfera sombria,
hipérbatos,
rebuscamento sintático,
incongruência com a
simplicidade árcade.
- Amor não correspondido,
tristeza, melancolia,
paisagem contaminada
pela subjetividade, léxico.
Que feliz fora o mundo, se perdida
A lembrança de amor, de amor a glória,
Igualmente dos gostos a memória
Ficasse para sempre consumida!
Mas a pena mais triste, e mais crescida
É ver; que em nenhum tempo é transitória
Esta de amor fantástica vitória,
Que sempre na lembrança é repetida.
Amantes, os que ardeis nesse cuidado,
Fugi de amor ao venenoso intento,
Que lá para o depois vos tem guardado.
Não vos engane o infiel contentamento;
Que esse presente bem, quando passado,
Sobrará para ideia do tormento.
- Conversão da ventura em
desventura pela ação do
tempo;
- Rejeição ao presente;
Carpe diem às avessas
temendo o sofrimento
futuro;
- Êxito amoroso passado
vs insucesso presente,
intensificando o
tormento.
Que tarde nasce o Sol, que vagaroso!
Parece, que se cansa, de que a um triste
Haja de aparecer: quanto resiste
A seu raio este sítio tenebroso!
Não pode ser, que o giro luminoso
Tanto tempo detenha: se persiste
Acaso o meu delírio! se me assiste
Ainda aquele humor tão venenoso!
Aquela porta ali se está cerrando;
Dela sai um pastor: outro assobia,
E o gado para o monte vai chamando.
Ora não há mais louca fantasia!
Mas quem anda, como eu, assim penando,
Não sabe, quando é noite, ou quando é dia.
- Bucolismo, mas
contaminado pela
melancolia;
- Subjetividade melancólica
invade o espaço
idealizado;
- Sol x sítio tenebroso;
- Surgimento da
solaridade: o limiar do
novo estilo;
- Luzes neoclássicas x
humor venenoso;
- Bucolismo: pastores,
gado, monte;
- Fratura do bucolismo: a
paisagem obscurece, o
espaço limítrofe.
Que tarde nasce o Sol, que vagaroso!
Parece, que se cansa, de que a um triste
Haja de aparecer: quanto resiste
A seu raio este sítio tenebroso!
Não pode ser, que o giro luminoso
Tanto tempo detenha: se persiste
Acaso o meu delírio! se me assiste
Ainda aquele humor tão venenoso!
Aquela porta ali se está cerrando;
Dela sai um pastor: outro assobia,
E o gado para o monte vai chamando.
Ora não há mais louca fantasia!
Mas quem anda, como eu, assim penando,
Não sabe, quando é noite, ou quando é dia.
- Primeira pedra fundadora
da poesia de CMC:
A não correspondência
amorosa impede a
passagem do eu-lírico
melancólico para um
estado de solaridade e,
em consequência, turva a
paisagem.
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Côrte rico, e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
- Paisagem natal (penhas)
x espaço da Côrte;
- Sentimento patriótico?
- Antíteses e hipérbatos;
- Aspectos neoclássicos:
sintaxe um pouco mais
simples; os termos
"doces companheiros",
"choupana", "vaqueiros";
- Humildade positiva;
- Bucolismo fraturado;
- Relação afetiva com a
terra
natal/universallidade do
cenário bucólico.

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  • 1. A Arcádia melancólica de Cláudio Manuel da Costa Rafael Julião Literatura Brasileira 1 Prof. Rafael Batista
  • 2. Questões gerais: ● O Arcadismo no Brasil ● A difícil classificação estética da obra de Cláudio Manuel da Costa ● A visão de pátria em sua obra e na literatura árcade
  • 3. Questões gerais: ● Fugere urbem; ● Locus amoenus; ● Inutilia truncat; ● Aurea mediocritas; ● Carpe diem; ● Pastoralismo e bucolismo
  • 4. Introdução O difícil enquadramento da estética de CMC; Barroco? (Sérgio Buarque de Holanda); Árcade? (Manuel Bandeira); Pré-romântico? (Sílvio Romero). "No limiar do novo estilo" (Antonio Candido).
  • 5. Introdução A dicotomia entre colônia e metrópole. As paisagens distintas. A discrepância civilizatória e cultural entre colônia e metrópole.
  • 6. As musas na paisagem de Minas Gerais O prólogo: entre Barroco e Neoclassicismo (as muitas metáforas; a reformulação do gosto (dos excessos barrocos para a simplicidade árcade); o passadismo; o desejo neoclássico e as soluções barrocas.
  • 7. Bárbara Bela, Alvarenga Peixoto Bárbara bela, do Norte estrela, que o meu destino sabes guiar, de ti ausente, triste, somente as horas passo a suspirar. Isto é castigo que Amor me dá. Por entre as penhas de incultas brenhas cansa-me a vista de te buscar; porém não vejo mais que o desejo, sem esperança de te encontrar. Isto é castigo que Amor me dá. Eu bem queria a noite e o dia sempre contigo poder passar; mas orgulhosa sorte invejosa desta fortuna me quer privar. Isto é castigo que Amor me dá. Tu, entre os braços, ternos abraços da filha amada podes gozar. Priva-me a estrela de ti e dela, busca dois modos de me matar. Isto é castigo que Amor me dá.
  • 8. Memórias do presente, e do passado Fazem guerra cruel dentro em meu peito; E bem que ao sofrimento ando já feito, Mais que nunca desperta hoje o cuidado. Que diferente, que diverso estado É este, em que somente o triste efeito Da pena, a que meu mal me tem sujeito, Me acompanha entre aflito, e magoado! Tristes lembranças! e que em vão componho A memória da vossa sombra escura! Que néscio em vós a ponderar me ponho! Ide-vos; que em tão mísera loucura Todo o passado bem tenho por sonho; Só é certa a presente desventura. - Cruel memória de um passado feliz que o tempo converteu em desventura. - Memória feliz do passado; guerra com o presente infeliz. - Atmosfera sombria, hipérbatos, rebuscamento sintático, incongruência com a simplicidade árcade. - Amor não correspondido, tristeza, melancolia, paisagem contaminada pela subjetividade, léxico.
  • 9. Que feliz fora o mundo, se perdida A lembrança de amor, de amor a glória, Igualmente dos gostos a memória Ficasse para sempre consumida! Mas a pena mais triste, e mais crescida É ver; que em nenhum tempo é transitória Esta de amor fantástica vitória, Que sempre na lembrança é repetida. Amantes, os que ardeis nesse cuidado, Fugi de amor ao venenoso intento, Que lá para o depois vos tem guardado. Não vos engane o infiel contentamento; Que esse presente bem, quando passado, Sobrará para ideia do tormento. - Conversão da ventura em desventura pela ação do tempo; - Rejeição ao presente; Carpe diem às avessas temendo o sofrimento futuro; - Êxito amoroso passado vs insucesso presente, intensificando o tormento.
  • 10. Que tarde nasce o Sol, que vagaroso! Parece, que se cansa, de que a um triste Haja de aparecer: quanto resiste A seu raio este sítio tenebroso! Não pode ser, que o giro luminoso Tanto tempo detenha: se persiste Acaso o meu delírio! se me assiste Ainda aquele humor tão venenoso! Aquela porta ali se está cerrando; Dela sai um pastor: outro assobia, E o gado para o monte vai chamando. Ora não há mais louca fantasia! Mas quem anda, como eu, assim penando, Não sabe, quando é noite, ou quando é dia. - Bucolismo, mas contaminado pela melancolia; - Subjetividade melancólica invade o espaço idealizado; - Sol x sítio tenebroso; - Surgimento da solaridade: o limiar do novo estilo; - Luzes neoclássicas x humor venenoso; - Bucolismo: pastores, gado, monte; - Fratura do bucolismo: a paisagem obscurece, o espaço limítrofe.
  • 11. Que tarde nasce o Sol, que vagaroso! Parece, que se cansa, de que a um triste Haja de aparecer: quanto resiste A seu raio este sítio tenebroso! Não pode ser, que o giro luminoso Tanto tempo detenha: se persiste Acaso o meu delírio! se me assiste Ainda aquele humor tão venenoso! Aquela porta ali se está cerrando; Dela sai um pastor: outro assobia, E o gado para o monte vai chamando. Ora não há mais louca fantasia! Mas quem anda, como eu, assim penando, Não sabe, quando é noite, ou quando é dia. - Primeira pedra fundadora da poesia de CMC: A não correspondência amorosa impede a passagem do eu-lírico melancólico para um estado de solaridade e, em consequência, turva a paisagem.
  • 12. Torno a ver-vos, ó montes; o destino Aqui me torna a pôr nestes oiteiros; Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Côrte rico, e fino. Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia, Que da cidade o lisonjeiro encanto; Aqui descanse a louca fantasia; E o que té agora se tornava em pranto, Se converta em afetos de alegria. - Paisagem natal (penhas) x espaço da Côrte; - Sentimento patriótico? - Antíteses e hipérbatos; - Aspectos neoclássicos: sintaxe um pouco mais simples; os termos "doces companheiros", "choupana", "vaqueiros"; - Humildade positiva; - Bucolismo fraturado; - Relação afetiva com a terra natal/universallidade do cenário bucólico.