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O adjetivo e a construção de
sentidos no texto
MÚSICA: Cariocas - Adriana Calcanhoto
Cariocas são bonitos
Cariocas são bacanas
Cariocas são sacanas
Cariocas são dourados
Cariocas são modernos
Cariocas são espertos
Cariocas são diretos
Cariocas não gostam de dias nublados
Cariocas nascem bambas / Cariocas nascem craques
Cariocas têm sotaque / Cariocas são alegres
Cariocas são atentos / Cariocas são tão sexys
Cariocas são tão claros
Cariocas não gostam de sinal fechado...
As palavras: bonitos, bacanas, sacanas, dourados,
modernos, espertos, diretos, craques, alegres, atentos,
sexys foram utilizadas na música, referindo-se aos
cariocas.
Responda:
1. Qual a função dessas palavras no texto?
2. Com qual finalidade o autor empregou essas
palavras?
3. Essas palavras estão dispostas no texto, de forma
aleatória ou juntas montam um retrato dos cariocas?
Imagem:
Old
woman
at
mirror;
1615
/
Jarekt
/
Bernardo
Strozzi
/
Public
Domain
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão
certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
Esse é um poema descritivo, pois produz o retrato
do eu-lírico. Os adjetivos utilizados revelam os
estados interiores. Através da conotação, o poema
aproveita o sentido renovado das palavras,
privilegiando a emoção, possibilitando assim
observarmos o processo de mudança íntima do eu-
poético (1).
Ao falar sobre si mesmo, o eu-lírico utiliza palavras que
lhe atribuem características. Essas palavras são
ADJETIVOS.
Os adjetivos não devem ser compreendidos como
palavras que têm uma mera função de caracterizar um
lugar, um objeto ou uma pessoa. Essas palavras
apresentam relevante função na construção de
sentidos no texto, possibilitando ao leitor fazer uma
leitura imagética do que está escrito com palavras.
Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
Palavras eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
Em casos de emergência
Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença
Palavras que se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Palavras rasgadas
Palavras que se curam
Certas ou erradas
Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito
Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol.
O autor utilizou-se da própria palavra para defini-la e
caracterizá-la.
Os adjetivos são palavras poderosas. Podem exaltar,
mas podem humilhar; podem enriquecer e empobrecer.
Portanto, exercem um papel fundamental na construção
de sentidos no texto.
O texto descritivo caracteriza-se por ser um “retrato
verbal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos,
cenas ou ambientes. Entretanto, uma descrição não
se resume à enumeração pura e simples de
características. O essencial é saber captar o traço
distintivo, particular, o que diferencia aquele
elemento descrito de todos os demais de sua
espécie (2).
Os elementos mais importantes no processo de
caracterização são os adjetivos e locuções
adjetivas. Desta maneira, é possível construir a
caracterização tanto no sentido denotativo quanto no
conotativo, como forma de enriquecimento do texto
(3).
A descrição pode ser subjetiva ou objetiva:
objetiva - dispensa impressões do observador, busca uma
maior proximidade com o real
subjetiva - envolve a visão do observador através de juízos
de valor
No terreno objetivo, temos as informações (dados do
conhecimento do autor do texto: livro comprado em Lisboa, por
exemplo), as caracterizações (dados que estão no objeto de
descrição: livro vermelho, por exemplo). Já no subjetivo, estão as
qualificações (impressões subjetivas sobre o ser ou objeto: livro
interessante, por exemplo). O ideal é que uma descrição possa
fundir a objetividade, necessária para a “pintura” ser a mais
verídica possível, e a subjetividade que torna o texto bem mais
interessante e agradável. Sendo assim, a descrição deve ir além
do simples “retrato”, deve apresentar também uma interpretação
do autor a respeito daquilo que descreve (4).
1. Ver, na descrição que se segue, a projeção dos dados
psicológicos sobre os aspectos físicos. Após a leitura, pedir um
voluntário para que os alunos o descrevam, atribuir-lhe
características físicas e psicológicas, fazendo, portanto, fazer um
retrato com palavras.
“Ela não era feia; amorenada, com os seus traços acanhados, o narizinho
malfeito, mas galante, não muito baixa nem muito magra e a sua aparência
de bondade passiva, de indolência de corpo, de ideia e de sentidos”. Lima
Barreto, Triste fim de Policarpo Quaresma, cap. III.
Em algumas descrições, o aspecto psicológico é promovido pelos dados
físicos. Geralmente, o observador instiga o leitor a perceber o interior do
personagem, apenas pela utilização da descrição física. Esse efeito é
perfeitamente usado por Machado de Assis no trecho abaixo:
“Chegando à rua, arrependi-me de ter saído. A baronesa era uma das
pessoas que mais desconfiavam de nós. Cinquenta e cinco anos, que
pareciam quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte elegante e
maneiras finas. Não falava muito nem sempre; possuía a grande arte de
escutar os outros, espiando-os; reclinava-se então na cadeira,
desembainhava um olhar afiado e comprido, e deixava-se estar. Os outros,
não sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo em que
ela olhava só, ora fixa, ora móbil, levando a astúcia ao ponto de olhar ás
vezes para dentro de si, porque deixava cair as pálpebras; mas, como as
pestanas eram rótulas, o olhar continuava o seu ofício, remexendo a alma e
a vida dos outros”. Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas,
cap. LXV.
4. Faça um autorretrato. Pode ser usado como base o seguinte
texto:
Eu sou um menino maior que muitos e menor que outros. Na
cabeça tenho cabelo que mamãe manda cortar muito mais do que
eu gosto e, na boca, muitos dentes, que doem. Estou sempre maior
que a roupa, por mais que a roupa do mês passado fosse muito
grande. Só gosto de comer o que a mãe não me quer dar e ela só
gosta de me dar o que eu detesto. Em matéria de brincadeiras as
que eu gosto mais são as perversas, mas essa minha irmãzinha
grita muito.
(Millôr Fernandes)
5. Fazer leitura do texto: Circuito Fechado
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental,
água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina,
sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca,
camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com
lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída,
vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara
pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales,
cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete,
cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de
papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo,
quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras,
copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. xícara. Maço de cigarros,
caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis,
telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, gravata,
paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço
de cigarros, caixa de fósforos.
Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e
poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de
anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo,
papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto,
xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de
cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo,
revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos,
guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e
fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras,
camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água.
Chinelos.Coberta,cama,travesseiro.
(Circuito fechado, Ricardo Ramos)
Pedir que os alunos respondam de acordo com a leitura
do texto “Circuito fechado”:
1.O personagem é homem ou mulher?
2.Como se pode perceber isso?
3.A personagem tem algum vício?
4.Qual é o substantivo que aparece no começo e no
final do texto ?
5. O texto apresenta apenas substantivos. Isso interferiu
na construção de sentido no texto?
6. Pedir que os alunos tentem, empregando apenas
adjetivos, descrever um dia de rotina na vida de um
estudante, usando a mesma estratégia do autor em
“Circuito fechado”.

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A função dos adjetivos na construção de sentidos

  • 1. O adjetivo e a construção de sentidos no texto
  • 2. MÚSICA: Cariocas - Adriana Calcanhoto Cariocas são bonitos Cariocas são bacanas Cariocas são sacanas Cariocas são dourados Cariocas são modernos Cariocas são espertos Cariocas são diretos Cariocas não gostam de dias nublados Cariocas nascem bambas / Cariocas nascem craques Cariocas têm sotaque / Cariocas são alegres Cariocas são atentos / Cariocas são tão sexys Cariocas são tão claros Cariocas não gostam de sinal fechado...
  • 3. As palavras: bonitos, bacanas, sacanas, dourados, modernos, espertos, diretos, craques, alegres, atentos, sexys foram utilizadas na música, referindo-se aos cariocas. Responda: 1. Qual a função dessas palavras no texto? 2. Com qual finalidade o autor empregou essas palavras? 3. Essas palavras estão dispostas no texto, de forma aleatória ou juntas montam um retrato dos cariocas?
  • 4.
  • 6. Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? Cecília Meireles
  • 7. Esse é um poema descritivo, pois produz o retrato do eu-lírico. Os adjetivos utilizados revelam os estados interiores. Através da conotação, o poema aproveita o sentido renovado das palavras, privilegiando a emoção, possibilitando assim observarmos o processo de mudança íntima do eu- poético (1).
  • 8. Ao falar sobre si mesmo, o eu-lírico utiliza palavras que lhe atribuem características. Essas palavras são ADJETIVOS. Os adjetivos não devem ser compreendidos como palavras que têm uma mera função de caracterizar um lugar, um objeto ou uma pessoa. Essas palavras apresentam relevante função na construção de sentidos no texto, possibilitando ao leitor fazer uma leitura imagética do que está escrito com palavras.
  • 9.
  • 10. Palavras não são más Palavras não são quentes Palavras são iguais Sendo diferentes Palavras não são frias Palavras não são boas Os números pra os dias E os nomes pra as pessoas Palavras eu preciso Preciso com urgência Palavras que se usem Em casos de emergência Dizer o que se sente Cumprir uma sentença Palavras que se diz Se diz e não se pensa Palavras não têm cor Palavras não têm culpa
  • 11. Palavras de amor Pra pedir desculpas Palavras doentias Palavras rasgadas Palavras que se curam Certas ou erradas Palavras são sombras As sombras viram jogos Palavras pra brincar Brinquedos quebram logo Palavras pra esquecer Versos que repito Palavras pra dizer De novo o que foi dito Todas as folhas em branco Todos os livros fechados Tudo com todas as letras Nada de novo debaixo do sol.
  • 12. O autor utilizou-se da própria palavra para defini-la e caracterizá-la. Os adjetivos são palavras poderosas. Podem exaltar, mas podem humilhar; podem enriquecer e empobrecer. Portanto, exercem um papel fundamental na construção de sentidos no texto.
  • 13.
  • 14. O texto descritivo caracteriza-se por ser um “retrato verbal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes. Entretanto, uma descrição não se resume à enumeração pura e simples de características. O essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que diferencia aquele elemento descrito de todos os demais de sua espécie (2). Os elementos mais importantes no processo de caracterização são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no conotativo, como forma de enriquecimento do texto (3).
  • 15. A descrição pode ser subjetiva ou objetiva: objetiva - dispensa impressões do observador, busca uma maior proximidade com o real subjetiva - envolve a visão do observador através de juízos de valor No terreno objetivo, temos as informações (dados do conhecimento do autor do texto: livro comprado em Lisboa, por exemplo), as caracterizações (dados que estão no objeto de descrição: livro vermelho, por exemplo). Já no subjetivo, estão as qualificações (impressões subjetivas sobre o ser ou objeto: livro interessante, por exemplo). O ideal é que uma descrição possa fundir a objetividade, necessária para a “pintura” ser a mais verídica possível, e a subjetividade que torna o texto bem mais interessante e agradável. Sendo assim, a descrição deve ir além do simples “retrato”, deve apresentar também uma interpretação do autor a respeito daquilo que descreve (4).
  • 16.
  • 17. 1. Ver, na descrição que se segue, a projeção dos dados psicológicos sobre os aspectos físicos. Após a leitura, pedir um voluntário para que os alunos o descrevam, atribuir-lhe características físicas e psicológicas, fazendo, portanto, fazer um retrato com palavras.
  • 18. “Ela não era feia; amorenada, com os seus traços acanhados, o narizinho malfeito, mas galante, não muito baixa nem muito magra e a sua aparência de bondade passiva, de indolência de corpo, de ideia e de sentidos”. Lima Barreto, Triste fim de Policarpo Quaresma, cap. III. Em algumas descrições, o aspecto psicológico é promovido pelos dados físicos. Geralmente, o observador instiga o leitor a perceber o interior do personagem, apenas pela utilização da descrição física. Esse efeito é perfeitamente usado por Machado de Assis no trecho abaixo: “Chegando à rua, arrependi-me de ter saído. A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. Cinquenta e cinco anos, que pareciam quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte elegante e maneiras finas. Não falava muito nem sempre; possuía a grande arte de escutar os outros, espiando-os; reclinava-se então na cadeira, desembainhava um olhar afiado e comprido, e deixava-se estar. Os outros, não sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo em que ela olhava só, ora fixa, ora móbil, levando a astúcia ao ponto de olhar ás vezes para dentro de si, porque deixava cair as pálpebras; mas, como as pestanas eram rótulas, o olhar continuava o seu ofício, remexendo a alma e a vida dos outros”. Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, cap. LXV.
  • 19. 4. Faça um autorretrato. Pode ser usado como base o seguinte texto: Eu sou um menino maior que muitos e menor que outros. Na cabeça tenho cabelo que mamãe manda cortar muito mais do que eu gosto e, na boca, muitos dentes, que doem. Estou sempre maior que a roupa, por mais que a roupa do mês passado fosse muito grande. Só gosto de comer o que a mãe não me quer dar e ela só gosta de me dar o que eu detesto. Em matéria de brincadeiras as que eu gosto mais são as perversas, mas essa minha irmãzinha grita muito. (Millôr Fernandes)
  • 20. 5. Fazer leitura do texto: Circuito Fechado Circuito Fechado Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos.
  • 21. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos.Coberta,cama,travesseiro. (Circuito fechado, Ricardo Ramos)
  • 22. Pedir que os alunos respondam de acordo com a leitura do texto “Circuito fechado”: 1.O personagem é homem ou mulher? 2.Como se pode perceber isso? 3.A personagem tem algum vício? 4.Qual é o substantivo que aparece no começo e no final do texto ? 5. O texto apresenta apenas substantivos. Isso interferiu na construção de sentido no texto? 6. Pedir que os alunos tentem, empregando apenas adjetivos, descrever um dia de rotina na vida de um estudante, usando a mesma estratégia do autor em “Circuito fechado”.