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1
The new Classical School1
Modern macroeconomics – Brian Snowdon e Howard R.Vane (2005)2
5. A escola Novo Clássica
5.3 A estrutura dos Modelos Novos Clássicos
A escola novo-clássica surgiu como um grupo distinto, durante a década de 1970 e, como já observado, a
figura-chave neste desenvolvimento foi Robert E. Lucas Jr. No entanto, as raízes da pesquisa tradicional
novo-clássica são diversas. Por exemplo, a ênfase no início dos modelos novo clássicos de informação e
expectativas fornecem um link para a tradição austríaca melhor representada pelo trabalho de Hayek (ver
Capítulo 9). A distinção feita por Lucas entre os impulsos (choques) e mecanismos de propagação ao
analisar ciclos de negócios tem suas origens na pesquisa pioneira de Frisch (1933). O importante papel
atribuído aos distúrbios monetários na geração de instabilidade global está solidificado na tradição clássica e
monetarista friedmaniana, na verdade, Tobin (1981) refere-se ao início das contribuições novo-clássicas
como "monetarismo tipo II”. O trabalho de Phelps et al. (1970) em Microfundamentos do Emprego e da
Teoria inflacionária inspirou Lucas a utilizar os conhecimentos adquiridos na utilização de Phelps da
"parábola da ilha de Phelps" e para buscar uma teoria para analisar a dinâmica do mercado de
trabalho. Finalmente, a abordagem metodológica de Lucas é fortemente influenciada pela tradição de
equilíbrio geral de Walras, Hicks, Arrow e Debreu (ver Zijp, 1993; Beaud e Dostaler, 1997).
A abordagem novo-clássica que evoluiu no início de 1970 apresentou várias características importantes:
1. uma forte ênfase na teorização macroeconômica a partir da necessidade de microfundamentos
para a escolha ótima dos agentes com instrumental de equilíbrio geral walrasiano;
2. a adoção do pressuposto neoclássico de que todos os agentes econômicos são racionais, ou seja,
os agentes são contínuos otimizadores sujeitos às restrições que enfrentam, as empresas maximizam
lucros e trabalhadores e famílias maximizam utilidade;
3. agentes não sofrem de ilusão monetária e, portanto, somente magnitudes reais (mudanças nos
preços relativos) importam nas decisões de otimização;
4. Completa e contínua flexibilidade de salários e de preços na qual os mercados continuamente se
equilibram ao esgotar mutuamente todos os ganhos dos agentes beneficiados pelo comércio, não
deixando de explorar nenhuma oportunidade lucrativa – hipótese de Market clear.
Tendo em conta estes pressupostos, mudanças na quantidade de moeda serão neutras e magnitudes reais
serão independentes de magnitudes nominais. No entanto, evidências empíricas mostram que existem
correlações positivas (pelo menos no curto prazo) entre o PIB e o nível de preços nominais (uma inclinação
ascendente da curva de oferta agregada), correlação entre as mudanças na oferta de moeda nominal e o PIB
real, e correlação negativa entre inflação e desemprego (a Curva de Phillips), isto é, empiricamente, a moeda
parece não ser neutra no curto prazo. Resolver esse quebra-cabeça entre a neutralidade da moeda prevista
pelas teorias clássica / neoclássica e as evidências empíricas, as quais mostram a não neutralidades seria uma
conquista intelectual notável (Zijp de 1993, refere-se a isso como o "problema de Lucas”). O trabalho
seminal de Lucas (1972a), "Expectativas e Neutralidade da moeda ", foi como uma conquista. A principal
alteração de Lucas consistiu na mudança do pressuposto clássico de que os agentes econômicos têm
informação perfeita para a suposição de que os agentes têm informação imperfeita3
.
Podemos resumir os principais elementos da abordagem novo-clássica aos princípios macroeconômicos,
1
Tradução de Fernanda Rangel.
2
Revisão Técnica: Maria Isabel Busato.
3
N.d.r. Lembrando que a crítica feito por Lucas ao monetarismo e especificamente ao Milton Friedman diz respeito à forma como
o monetarismo sugere que os agentes racionais formulam suas expectativas, qual seja, expectativas adaptativas. Para novos
clássicos a HER (hipótese das expectativas racionais) é a única congruente com o pressuposto da racionalidade. Logo, os agentes
podem errar se forem surpreendidos, caso contrário, a HER supõe que na média os agentes acertam suas expectativas.
2
como a aceitação conjunta das três principais sub-hipóteses que envolvem (I) a hipótese das expectativas
racionais, (ii) o pressuposto de contínuo market clear (todos os mercados se equilibram em todo o momento
via preços completamente flexíveis), e (iii) a hipótese da curva de oferta agregada de Lucas (na qual a
'surpresa' tem papel primordial). Na discussão individual dessas hipóteses, o leitor deve ter em mente que,
apesar de todos os novos clássicos aceitarem essas três hipóteses (ver Figura 5.1), é possível que
economistas de diferentes linhas de pensamento apoiem a hipótese das expectativas racionais, sem
necessariamente aceitar todos os três pressupostos juntos4
(ver Capítulo 7).
5.3.1 A hipótese das expectativas racionais
Um dos princípios centrais determinantes da nova macroeconomia clássica é a hipótese das expectativas
racionais (REH) associado com o trabalho de John Muth (1961), inicialmente no âmbito da
microeconomia. É, no entanto, interessante notar que Keuzenkamp (1991) sugeriu que Tinbergen foi um
precursor de Muth, tendo apresentado um modelo de expectativas racionais quase 30 anos antes. Também
devemos notar que foi Alan Walters (1971) quem primeiro aplicou a ideia do que ele chamou de
"expectativas consistentes" para a macroeconomia. No entanto, foi o papel seminal de John Muth (1961) que
provou ser mais influente sobre a pesquisa dos jovens novos clássicos turcos durante o início 1970. Em seu
artigo seminal, Muth sugeriu “que as expectativas, uma vez que previsões são formadas sobre os eventos
futuros são essencialmente o mesmo que o previsões da teoria econômica relevante”.
Expectativas, as quais são subjetivas, são fundamentais para o comportamento de agentes econômicos e
todas as atividades econômicas têm uma dimensão informacional/expectacional. Por exemplo, as
expectativas sobre o valor futuro das variáveis econômicas irão claramente influenciar as decisões de
demanda e oferta. Como Carter e Maddock (1984) notam, "uma vez que praticamente todas as decisões
econômicas envolvem a tomada de medidas agora visando recompensas incertas no futuro, as expectativas
do futuro são cruciais na tomada de decisão". Um exemplo óbvio em que as expectativas de inflação iram
influenciar o comportamento concernente às negociações salariais entre sindicatos e empregadores. Se um
negociador sindical subestima a taxa de inflação durante o período do contrato salarial negociado, os
trabalhadores provavelmente irão perceber que sofreram um aumento dos salários nominais, mas um corte
no salário real.
Uma expectativa do valor futuro de algumas variáveis econômicas fundamentais não precisam ser
confinadas /restritas a um único valor previsto, mas podem tomar a forma mais realista de uma distribuição
de probabilidades dos resultados. Portanto, existem duas questões principais que os macroeconomistas
enfrentam em relação à incorporação das expectativas em modelos macroeconômicos:
1. Como os indivíduos adquirirem, processam e utilizam as informações a fim de formar as expectativas das
variáveis fundamentais?
2. Qual a forma da hipótese de expectativas que devemos usar em modelos macroeconômicos?
Durante a década de 1970, a hipótese das expectativas racionais substituiu a hipótese de expectativas
adaptativas como a forma dominante entre os modelos expactacionais endógenos (em sua Teoria
Geral, publicada em 1936, Keynes tinha sublinhado a importância da confiança para a compreensão de
instabilidade macroeconômica, mas na teoria de Keynes as expectativas eram exógenas, sendo impulsionada
pelo “espírito animal", ver o capítulo 8 e Keynes, 1937). Um grande atrativo da hipótese das expectativas
racionais é que a hipótese alternativa de expectativas (não-racionais - adaptativas) envolve erros
sistemáticos, o que não pactua com os cálculos de agentes racionais que são vastamente usados nos modelos
ortodoxos neoclássicos.
4
N.t.r.: como é o caso dos novos keynesianos.
3
A hipótese das expectativas racionais tem sido apresentada na literatura sob diferentes formas e versões (ver
Redman, 1992). De início é importante observar a distinção entre a versão fraca e forte da hipótese. A
principal idéia por trás da versão fraca da hipótese é que, na formação de previsões ou expectativas sobre o
futuro valor de uma variável, agentes econômicos racionais utilizarão da melhor (mais eficiente) forma todas
as informações públicas disponíveis sobre os fatores que eles acreditam que seja capaz de determinar a
variável. Em outras palavras, se assume que as expectativas são formadas "racionalmente" conforme o
comportamento de maximização de utilidade por parte dos agentes econômicos individuais. Por exemplo, se
os agentes econômicos acreditam que a taxa de inflação é determinada pela taxa de expansão monetária,
então farão o melhor uso de todas as informações públicas disponíveis sobre as taxas de expansão da oferta
monetária na formação de suas expectativas de taxas futuras de inflação. A versão forte da hipótese das
expectativas racionais é capturada na citação acima tirada do artigo Muth (1961) e é a versão Muthiana que
foi retomada por expoentes da escola novo clássica e incorporada nos seus modelos macroeconômicos. Na
'versão' forte, as expectativas subjetivas dos agentes sobre as variáveis econômicas coincidirá com a
verdadeira ou com as expectativas objetivas matemática condicional dessas variáveis. Usando o exemplo das
expectativas de inflação dos agentes econômicos (
.
e
tP ), a hipótese das expectativas racionais pode ser
expressa algebricamente da seguinte forma:
)( 1
..
 tt
e
t PEP (5.1)
onde
.
tP é a taxa de inflação vigente; )( 1
.
 tPE é a expectativa racional da taxa de inflação a partir das
informações disponíveis no período anterior (Ω t -1). É importante ressaltar que ao utilizar as expectativas
racionais não significa que os agentes possam prever o futuro com exatidão5
. Expectativas racionais não é o
mesmo que previsão perfeita. A fim de formar uma expectativa racional de inflação, os agentes terão de
levar em conta o que eles acreditam ser o 'Correto' modelo macroeconômico da economia para determinar
aquela variável. Agentes cometerão erros de previsões, desde que as informações disponíveis estejam
incompletas. Na verdade, este é um elemento essencial do modelo monetário de surpresa de Lucas - ver
secções 5.3.3 e 5.5.1. No entanto, erros de previsão estarão não relacionados com as informações definidas
no momento da formação da expectativa (por exemplo a inflação). Com expectativas racionais, as
expectativas dos agentes sobre as variáveis econômicas, em média, estarão corretas, ou seja, as expectativas
serão, na média, igual ao verdadeiro valor da variável prevista. Além disso, a HER implica que os agentes
não irão cometer erros sistemáticos e não formarão expectativas que estejam sistematicamente erradas
(viesadas) ao longo do tempo. Se as expectativas fossem sistematicamente erradas, os agentes, com certeza,
iriam aprender com seus erros e mudar a maneira de formar suas expectativas, eliminando erros
sistemáticos. Mais formalmente, a forte versão da hipótese das expectativas racionais implica que:
.
..
tt
e
t PP  (5.2)
onde
e
tP
.
=Taxa esperada de inflação de t para t + 1; tP
.
= taxa de inflação vigente de t para t + 1, e εt =
termo de erro aleatório, que (i) tem média zero, e (ii) é não correlacionado com as informações disponíveis
no momento em que as expectativas são formadas, caso contrário, os agentes econômicos não estariam
explorando, por completo, todas as informações disponíveis. Em resumo, os erros de previsão da formação
de expectativas racionais: (i) serão essencialmente aleatórios, com média zero, (ii) não estarão relacionado
com os ocorridos em períodos anteriores, tendo nenhum padrão, ou seja, eles não serão serialmente
correlacionados ao longo do tempo, e (iii) terão a menor variância em comparação com qualquer outro
5
N.d.r. (nota do revisor): Vale ressaltar que expectativas racionais não implicam em previsão perfeita. Na verdade, se os agentes
são surpreendidos, mesmo utilizando HER eles errarão suas previsões e a oferta e demanda serão diferentes daquelas que
ocorreria casos os agentes tivessem acertado suas previsões. Os erros podem decorrer tanto de restrições informacionais, como de
surpresas; mas o importante é que não há erros sistemáticos ou serialmente correlacionados. Na média os agentes acertam suas
expectativas.
4
método de previsão. Em outras palavras, a formação de expectativas racionais é o mais preciso e eficiente
modelo de formação de expectativas.
A hipótese das expectativas racionais contrasta com a hipótese das expectativas adaptativas inicialmente
utilizada pelos monetaristas ortodoxos em sua explicação das expectativas da curva de Phillips
aceleracionista (ver Capítulo 4, secção 4). Na hipótese de expectativas adaptativas, os agentes econômicos
baseiam suas expectativas de futuro valores de uma variável (como a inflação), apenas em valores passados
da variável em causa. Um dos principais problemas com esta abordagem backward-looking6
para formação
de expectativas é que, até que a variável seja prevista ela é estável por um período de tempo considerável, as
expectativas formadas serão sistematicamente erradas. Por exemplo, após a discussão do capítulo 4, seção
4.3.2, sobre a hipótese aceleracionista, se o desemprego é mantido abaixo da taxa natural, a inflação vai
acelerar e as expectativas de inflação serão viesadas de modo a ser subestimada. Este problema resulta de (i)
o pressuposto de que os agentes econômicos apenas ajustam parcialmente suas expectativas como uma
fração do último erro feito, (ii) a falha dos agentes consiste em não considerar as informações adicionais
disponíveis a eles, além dos valores passados da variável em questão, mesmo errando repetidamente. Em
contraste, na abordagem forward-looking das expectativas racionais baseiam-se na utilização de todas as
informações publicamente disponíveis, versão forte da hipótese implica que os agentes econômicos não
formarão expectativas que sejam sistematicamente erradas ao longo do tempo; isto é, tais expectativas serão
não-viesadas.
Uma série de críticas foram levantadas contra a hipótese das expectativas racionais e agora consideramos as
três mais comuns. A primeira dessas diz respeito aos custos (em, esforço, tempo e dinheiro) de aquisição e
processamento de todas as informações publicamente disponíveis, a fim de prever o valor futuro de um
variáveis, como inflação. É importante notar que a versão mais fraca do hipótese não requer, como alguns
críticos têm sugerido, que os agentes econômicos utilizem de fato “todas” as informações publicamente
disponíveis. Dados os custos envolvidos na aquisição e processamento de informações, é improvável que os
agentes sempre usariam todas as informações disponíveis publicamente. O que os defensores da versão fraca
da hipótese sugerem que agentes econômicos racionais têm um incentivo para fazer o "melhor" uso de todas
as informações publicamente disponíveis na formação de suas expectativas. Em outras palavras, os agentes
terão um incentivo para uso da informação até o ponto onde o benefício marginal (em termos de melhorar a
precisão da previsão da variável) é igual ao custo marginal (em termos de aquisição e processamento de
todas as informações disponíveis publicamente). Neste caso, as expectativas seriam menos eficientes do que
seria se todas as informações disponíveis fossem utilizadas. Além disso, a versão fraca da hipótese não
requer, como alguns críticos têm sugerido, que todos os agentes individuais adquiriram e processem as
informações direta e pessoalmente. Os agentes econômicos podem derivar informações indiretamente, por
exemplo, as previsões publicadas e comentários da imprensa. Dado que as previsões diferem
freqüentemente, o problema que surge é de discernir qual é a 'visão' correta.
A mais séria objeção diz respeito ao problema de como os agentes realmente adquirem conhecimentos sobre
o “correto” modelo da economia, dado que os economistas se mostram discordar sobre este assunto. A
questão é, se os agentes individuais que operam em mercados descentralizados serão capazes de "aprender"
o verdadeiro modelo da economia, essa objeção tem sido abordada em diversos debates (ver, por exemplo,
Friedman e Phelps, 1983; Evans e Honkapohja, , 1999). Com relação a esta crítica, em particular, é
importante notar que a versão forte da hipótese não exige que os agentes econômicos conheçam realmente o
modelo correto da economia. Na verdade a hipótese implica que os agentes racionais não criam
expectativas que são sistematicamente erradas ao longo do tempo. Em outras palavras, sugere-se que as
expectativas, se assemelham àquelas formadas "como se" os agentes soubessem o modelo correto, no
tamanho em que ele será não-viesado e distribuídos aleatoriamente ao longo do tempo. Críticos da hipótese
não são convencido por argumentos como esses e sugerem que, devido a problemas como os custos de
aquisição e processamento de todas as informações disponíveis, e a incerteza sobre qual é o modelo correto,
6
N.d.R é uma terminologia que indica olhando somente para o passado, mas que em sua essência se refere ás expectativas
baseadas unicamente em ‘fatos’ ou observações passadas.
5
é possível que os agentes formem expectativas que sejam sistematicamente erradas. Há alguma evidências
de que os agentes cometem erros sistemáticos nas expectativas (ver, por exemplo, Lovell, 1986).
A terceira crítica importante é associada em particular com a escola pós-keynesiana, e se refere aos
problemas de formação de expectativas em um mundo fundamentalmente incerto. Para os fundamentalistas
keynesianos, uma grande conquista de Keynes foi a de colocar o problema da incerteza no centro do palco
da macroeconomia. Na visão pós-keynesiana, o mundo é não-ergódico, isto é, cada evento histórico é único
e não repetitivo. Em tais situações, as regras da probabilidade não se aplicam. Estamos em um mundo de
mudanças ‘kaleidic’ e de descontinuidades fundamentais (Shackle, 1974). Assim, pós-keynesianos
argumentam que é importante acompanhar os dois, Keynes (1921) e Knight (1933) e distinguir entre as
situações que envolvem risco das que envolvem incerteza. Em situações de risco a distribuição de
probabilidade é conhecida. Em contraste, em situações de incerteza não há possibilidade de formular
qualquer distribuição probabilidade significativa. Como a hipótese de expectativas racionais assume que os
agentes econômicos possam formular as distribuições de probabilidade dos resultados de várias mudanças
econômicas e situações, que pertence ao mundo de risco. Em modelos novo-clássicos o problema da
incerteza fundamental é ignorado desde que Lucas (1977) interpretou os ciclos de negócios como instâncias
repetidas de eventos essencialmente similares. Assim, no mundo ergódico de Lucas, significativas
distribuições de probabilidade dos resultados pode ser aferido pela inteligência e racionalidade dos agentes
econômicos. Infelizmente, de acordo com os pós-keynesianos, o mundo real é caracterizada pela incerteza
fundamental e isto significa que as conclusões baseadas em modelos usando a hipótese de expectativas
racionais são inúteis. Da mesma forma, a escola austríaca também é muito crítica à hipótese das expectativas
racionais (ver Snowdon et al. 1994, e nos capítulos 8 e 9).
As diversas influências sobre as expectativas têm sido recentemente investigados pelo Banco da Inglaterra
(2003). A comunicação dos resultados de uma recente pesquisa de atitudes sobre inflação o Banco de
Inglaterra encontrou resultados interessantes, que são:
1. ao desagregar os dados, revela-se que pessoas e grupos diferentes têm diferentes atitudes em relação à
inflação;
2. as expectativas dos clusters "profissionais" ficam em torno da expectativa média;
3. entrevistados mais jovens têm menor expectativa de inflação do que entrevistados mais velhos;
4. detentores de hipotecas têm expectativas de inflação menor do que os entrevistados que alugam casas;
5. pessoas no sul da Grã-Bretanha têm expectativas de inflação mais elevadas do que aqueles que vivem no
norte, e
6. experiência de vida sobre inflação influencia as expectativas de inflação.
Assim, as expectativas de inflação são influenciados pela idade, localização geográfica, educação e
ocupação, e estado da habitação. É evidente que os velhos o suficiente para ter vivido a "Grande Inflação"
da década de 1970 não foram integralmente capaz de remover essa experiência a partir de seu julgamento.
Não obstante estas críticas, durante a década de 1970 houve, indubitavelmente, uma "revolução das
expectativas racionais" na macroeconomia (Taylor, 1989; Hoover, 1992). No entanto, deve notar-se que a
idéia de Muth não foi imediatamente retomada pelos macroeconomistas, talvez porque durante os anos 1960
os modelos keynesianos ortodoxos foram "o único jogo na cidade"7
. Demorou quase 10 anos antes que
Lucas, Sargent e outros líderes novo-clássicos começassem a incorporar a hipótese em seus modelos
macroeconômicos.
7
N.d.r. Essa frase é utilizada de forma recorrente para se referir ao longo período em que o Keynesianismo fora o mainstream da
macroeconomia nas academias e na adoção prática das políticas econômicas.
6
As provas desta defasagem podem ser adquiridas a partir de contagens de citações dos trabalhos de Muth
(1961). Em uma interessante comparação da influência relativa do artigo de Muth com o famoso livro de
Axel Leijonhufvud (1968), A Economia keynesiana e a Economia de Keynes (ver Capítulo 2), Backhouse
(1995) mostrou que, durante a década de 1970 e 1980 citações de artigo de Muth explodiu enquanto as
citações do livro de Leijonhufvud declinou, assim como o interesse na economia keynesiana diminuiu (ver
Snowdon, 2004a). Enquanto o livro de Leijonhufvud teve um impacto imediato, mas falhou em conseguir
transformar a macroeconomia na direção de falhas de coordenação sublinhou Leijonhufvud, em contraste, é
o artigo de Muth teve um início lento, mas finalmente teve um papel fundamental na transformação
macroeconomia (ver Leijonhufvud, 1992, 1993, 1998a, 1998b sobre a necessidade da macroeconomia
reconsiderar, dentre muitas outras coisas, a questão da coordenação na macroeconomia).
Um último comentário se faz necessário. O uso da palavra ‘racional’ na apresentação de hipóteses provou
ser uma importante arma retórica na batalha para ganhar as mentes dos macroeconomistas durante a década
de 1970. Como Barro (1984) assinalou:
‘Uma das características mais inteligentes da revolução das expectativas
racionais era a aplicação do termo "racional". Dessa forma, os adversários
desta abordagem foram postos em uma posição defensiva de ambos serem
irracionais ou de criarem modelos irracionais, nenhuma delas é uma
posição confortável para um economista’
Para uma discussão mais detalhada da hipótese das expectativas racionais e sua aplicação em
macroeconomia, aconselha-se ler Begg (1982); Carter e Maddock (1984), Shaw (1984); Attfield et
al. (1985); Redman (1992); Sheffrin (1996), e Minford (1997). Sobre o uso da retórica na economia novo-
clássica, ver Backhouse (1997a).
5.3.2 Continuous market clearing
Um segundo pressuposto fundamental nos modelos novo-clássicos é que todos os mercados da economia
estão continuamente em equilíbrio, em consonância com a tradição walrasiana. Em cada ponto do tempo,
todos os resultados observados são vistos como equilíbrio de mercado “market-clearing”, e são o resultado
ótimos da da demanda e da oferta pelos agentes como reação às suas percepções sobre os preços. Como
resultado, a economia é vista como sendo uma estado contínuo de equilíbrio (de curto e longo prazos). Os
modelos novo-clássicos são referidos muitas vezes como modelos de "equilíbrio", onde o equilíbrio é
interpretado para significar que todos os agentes econômicos numa economia de mercado fazem escolhas
que otimizem os seus objetivos em função das limitações que eles enfrentam.
Nos modelos de market-clearing os agentes econômicos (trabalhadores, consumidores e empresas) são de
price-takers (tomadores de preços), isto é, eles tomam o preço de mercado como dado e não têm poder de
mercado que poderiam ser usados para influenciar o preço. As empresas estão operando dentro de uma
estrutura de mercado conhecida como "concorrência perfeita". Nessa estrutura de mercado as empresas só
decidem sobre o seu ponto ótimo (que maximiza o lucro) de produto (onde a receita marginal = custo
marginal), dado o preço determinado pelo mercado. Na ausência de externalidades do equilíbrio
competitivo, os preços de mercado são determinados pelas forças de oferta e demanda, é condição de ótimo
de Pareto que conduz à maximização do excedente total (a soma dos excedentes dos produtores e dos
consumidor). Na Figura 5.2 (a), podemos ver que o equilíbrio do mercado de competição perfeita (P *, Q *)
maximiza o excedente total dos consumidores e dos produtores (igual à área aC), enquanto um mercado não
competitivo preços(produto), como a P 1 (Q1) e P 2 (Q 2), indicado na Figura 5.2 (b), resultam em um perda
de bem-estar indicado pela FEI áreas e GEH, respectivamente (ver Dixon, 1997).
Na Figura 5.2 (a) todos os ganhos mútuos de comércio foram esgotados por agentes econômicos e não há
"nenhum notas de dólar deixado na calçada" (ver Barro, 1979). É importante notar que a posição das curvas
7
de oferta e procura, consequentemente, os preços e a produção de equilíbrio do mercado de competitivo,
será influenciada pelas expectativas dos agentes econômicos. Desde que sejam racionalmente formadas
Figura 5.2 As implicações de bem-estar de equilíbrio em um mercado competitivo
GRÁFICO DE EXCEDENTE E VARIAÇÃO DE EXCEDENTE P.250
expectativas podem vir a estar errada devido a informações incompletas, isso significa que, pelo menos até
que os agentes adquirem informações precisas mais, o equilíbrio no mercado competitivo irá diferir de um
equilíbrio onde se tem toda as informações. No entanto, uma vez que os agentes estão fazendo o melhor que
pode com as informações adquiridas, eles são vistos em um estado de equilíbrio em todos os momentos,
como ilustrado abaixo.
RACIONALIDADE ⇒ OTIMIZAÇÃO ⇒ EQUILÍBRIO
O pressuposto de continuous market clearing (equilíbrio contínuo via preços flexíveis) dos mercados
competitivos é o mais críticado e polêmico pressuposto subjacente à análise novo-clássica e é altamente
controverso, uma vez que implica que os preços são livres para ajustar-se instantaneamente em mercados
livres (consulte Tobin, 1993, 1996). A hipótese está em forte contraste com a abordagem adotada em ambos
os modelos keynesianos ortodoxos e monetaristas. Como já discutido nos dois capítulos anteriores, os
keynesianos ortodoxos e monetaristas discordam sobre o tempo que leva para que o mercado se
equilibre. Modelos keynesianos incorporam o pressuposto de que os mercados podem deixar de se equilibrar
por causa do lento ajuste de preços, de modo que a economia é vista como sendo um possível estado de
desequilíbrio contínuo. Em contraste, modelos ortodoxos monetaristas incorporam o pressuposto de que os
preços se ajustam mais rapidamente ao equilíbrio de mercados e, embora admitindo que a economia pode
estar em desequilíbrio no curto prazo, monetaristas assumem que a economia voltará automaticamente para
um estado de equilíbrio macroeconômico no longo prazo à taxa natural de produto e do emprego.
A hipótese de continuous market clearing é muito mais controversa que a hipótese das expectativas
racionais. Como veremos no capítulo 7, novos-Keynesianos apresentaram uma série de argumentos para
explicar por que preços e salários terão lento ajustamento para equilibrar os mercados diante de um
distúrbio. Sérias objeções podem ser levantadas quanto à realidade da suposição novo-clássica,
especialmente no que diz respeito ao mercado de trabalho, onde os novo-clássicos sustentam que qualquer
pessoa que pretenda trabalhar pode encontrar emprego se estiverem dispostos a trabalhador ao salário de
equilíbrio vigente no mercado de trabalho, isto é, a abordagem novo-clássica de equilíbrio trata o
desemprego como um fenômeno totalmente voluntário (Lucas, 1978a). Entretanto, dada as considerações da
dos salários-eficiência (ver Capítulo 7) pode-se argumentar que é rentável e racional para uma empresa a
pagar um salário-eficiência acima do salário de equilíbrio. Em tal situação de equilíbrio no mercado de
trabalho pode ocorrer quando a oferta excede a demanda, com a existência de desemprego involuntário
como um fenômeno de equilíbrio.Consideremos agora o principal dogma final da nova macroeconomia
clássica, a hipótese da oferta agregada.
5.3.3 Curva de oferta de Lucas ou hipótese da oferta agregada
Tal como acontece com a hipótese das expectativas racionais, várias explicações sobre a hipótese da oferta
agregada pode ser encontrada na literatura. Dito isto, duas abordagens principais para a oferta agregada
podem ser identificadas. Subjacente a estas duas abordagens considera-se dois pressupostos ortodoxos
microeconômicos: (i) decisões racionais tomadas pelos trabalhadores e empresas refletem a otimização do
comportamento de ambas as partes; e (ii) a oferta de trabalho/produto por trabalhadores / empresas depende
dos preços relativos.
A primeira abordagem novo clássica para a oferta agregada foca a oferta de trabalho e é de Lucas e Rapping
(1969). Esta análise é discutida mais detalhadamente no capítulo 6 e no que se segue, apenas delinearemos a
8
essência da abordagem. Durante todo o período, os trabalhadores têm que decidir quanto tempo irão alocar
entre trabalho e lazer. Trabalhadores, por hipótese, têm alguma noção do salário médio real normal ou
esperado. Se o salário real está acima do salário real normal, os trabalhadores terão um incentivo para
trabalhar mais (ter menos tempo de lazer), no período atual na antecipação de levar mais lazer (a trabalhar
menos) no futuro, quando se espera que o real salarial deverá ser menor. Inversamente, se o salário real está
abaixo do normal, os trabalhadores terão um incentivo para levar mais lazer (menos trabalho) no período
atual na expectativa de trabalhar mais (tendo menos lazer) no futuro, quando o salário real deve ser maior.
Postula-se, portanto, que a oferta de trabalho responde às mudanças percebidas temporária do real
salário. Esta resposta comportamental de substituição de lazer atual para o futuro lazer e vice-versa é
conhecido como "substituição intertemporal. Dentro Do modelo de substituição intertemporal, mudanças no
emprego são explicadas em termos de "voluntário" resultado das escolhas dos trabalhadores que mudam
suas oferta de trabalho em resposta à percepção de alterações temporárias no salário real.
A segunda abordagem novo-clássica sobre a oferta agregada deriva também de trabalhos altamente
influentes do Lucas (1972a, 1973). No que se segue ilustraremos o espírito dos argumentos de Lucas, o qual
se centra no mercado de bens e nas decisões de oferta das empresas. Um importante elemento de análise de
Lucas se refere à estrutura do conjunto de informações disponíveis aos produtores. Se pressupõe que,
enquanto uma empresa conhece o preço corrente dos seus próprios produtos, o nível geral de preços nos
outros mercados só se torna conhecido com um intervalo de tempo8
. Quando uma empresa experimenta um
aumento no preço de mercado corrente da sua produção tem que decidir se essa mudança reflete (i) uma
mudança real na demanda para o seu produto, caso em que a empresa deve responder (racionalmente) ao
aumento do preço do seu produto em relação ao preço de outras mercadorias, como aumento da produção,
ou (ii) meramente nominal aumento na demanda em todos os mercados, produzindo um aumento geral dos
preços, o qual não requer uma resposta na oferta das firmas individualmente. As firmas são confrontadas
com o que se refere como um problema de "extração de sinal", na medida em que tem que distinguir entre
mudanças nos preços relativos e absolutos. De fato, quanto maior a variabilidade do nível geral de preços,
mais difícil será para o produtor extrair o sinal correto e menor é a resposta da oferta à alterações nos preços
(ver Lucas, 1973).
A análise do comportamento individual dos agentes em termos de oferta, tanto trabalho como de bens, levou
ao que é referido como função de oferta “surpresa" de Lucas, dada pela equação (5.3):
][ e
ttNtt PPYY   , α > 0
Uma vez nos modelos novos clássicos as expectativas são formadas racionalmente, podemos substituir (5.3)
com (5.4):
)]([ 1 tttNtt PEPYY  , (5.4)
A equação (5.4) afirma que o produto (Yt) se desvia do seu nível natural (YNt) apenas em resposta aos
desvios do nível de preços efetivo (Pt) em relação a seu (racional) valor esperado )( 1 ttPE , isto é, em
resposta a um inesperado (surpresa) aumento do nível de preços. Por exemplo, quando o nível de preços
efetivo é maior que o esperado, os agentes individuais são 'surpresos' e confundem esse aumento como um
aumento em seu preço relativo (de sua própria produção), resultando em um aumento na oferta de de
produtos e no emprego na economia. Na ausência de surpresas o produto estará em seu nível natural. Para
qualquer dada expectativa do nível de preços, a curva de oferta agregada será positivamente inclinada no
espaço P-Y, e quanto maior o valor de α, mais elástica será curva de oferta “surpresa" e maior será o
impacto sobre as variáveis reais de um aumento inesperado nível geral de preços (ver Figura 5.3 e a seção
5.5.1).
8
N.d.r.: Pode-se utilizar o argumento da Parábola da Ilha de Phelps.
9
Uma especificação alternativa da função oferta de Lucas supõe que o produto somente desvia do seu nível
natural em resposta a desvios da inflação esperada da efetiva em resposta a erros na inflação esperada:
tttNtt PEPYY    )]([ 1
..
(5.5)
Na equação (5.5) tP
.
é a taxa real de inflação, )( 1
.
 tPE é a expectativa racional para a taxa de inflação
sujeita a todas as informações disponíveis até o período anterior, e εt é um processo de erro
aleatório. Segundo Lucas, os países onde a inflação tem sido relativamente estável deve mostrar maior
resposta da oferta diante de um impulso inflacionário e vice-versa. Em seu famoso artigo empírico, Lucas
(1973) confirmou que:
Em um país com preços estáveis como os Estados Unidos ... políticas que
aumentam a renda nominal tendem a ter um grande efeito inicial sobre a
produção real, juntamente com uma pequena efeito positivo sobre a taxa de
inflação ... Em contrapartida, em um país cujos preços são voláteis como a
Argentina, mudanças nominais na renda são associadas como variações
contemporâneas de preços, sem qualquer efeito perceptível sobre o produto
real.
A equação (5.4) pode ser reformulada para incluir um termo defasado do produto (Yt-1 - YNt -1) e esta versão
foi usada por Lucas (1973) em seu trabalho empírico para lidar com o problema da persistência (correlação
serial) nos movimentos dos agregados econômicos. A função de oferta agregada de Lucas agora toma a
forma mostrada na equação (5.6):
tNttttNt tt
YYPEPYY    )()]([ 111
..
(5.6)
Ao invocar a "Lei de Okun” (Okun, 1962), ou seja, de que há uma relação negativa estável e previsível entre
desemprego e PNB, a curva de oferta “surpresa” de Lucas, pode ser vista simplesmente como uma
representação alternativa da curva de Phillips expandida pelas expectativas racionais (5.7):
)()]( 1
..
tNtttt UUPEP    (5.7)
Onde Ut é a taxa de desemprego corrente e UNt é a taxa natural de desemprego. Rearranjando (5.7), obtemos
a equação (5.8):
)]([1 1
..
 tttNt PEPUU t
 (5.8)
Nessa formulação, uma surpresa inflacionária leva a uma redução temporária do desemprego abaixo da taxa
natural. Nas equações (5.6) e (5.8) uma variável real está ligada a uma variável nominal. Mas, como Lucas
demonstrou, a dicotomia clássica somente é quebrada quando uma mudança na variável nominal é uma
'surpresa'. De fato, o próprio Lucas fez considerações sobre as constatações de que mudanças antecipadas e
não antecipadas na expansãomonetária tem feitos muito diferentes, como a ideia-chave na macroeconomia
do pós-guerra (Snowdon e Vane, 1998). Além disso, Lucas (1996) observou que essa distinção entre
mudanças monetárias antecipadas e não antecipadas são uma característica de todos os modelos
desenvolvidos durantes os anos 1970 dentro da tradição de expectativas recionais a fim de explicar a não
neutralidade da moeda exibida nos trade-offs de curto prazo.
10
5.5.1 A proposição de ineficácia da política
A proposição novo-clássica da ineficácia da política foi apresentada pela primeira vez em dois jornais
influentes por Sargent e Wallace (1975, 1976). A proposição pode ser melhor ilustrada através da curva de
demanda/oferta agregada mostrada na Figura 5.39
. Os leitores não familiarizados com a derivação deste
modelo devem recorrer a qualquer texto macroeconômico padrão, como Mankiw (2003). Na Figura 5.3, a
economia está inicialmente operando no ponto A, a interseção tripla AD0, e LRAS0 e SRAS. No ponto A, de
acordo com a equação (5.3), o nível de preços (P0) é completamente antecipado (ou seja, o nível de preços
vigentes e as expectativas coincidem), e o produto e o emprego estão em seus níveis de equilíbrio (Natural)
de longo prazo (plena informação). Suponha que as autoridades anunciam que pretendem aumentar a oferta
de monetária. Agentes econômicos racionais levariam em conta essa informação na formação de suas
expectativas e antecipariam integralmente os efeitos do aumento da oferta de moeda sobre o nível geral de
preços, de modo que o produto e o emprego permaneceriam inalterados nos seus níveis naturais. O
deslocamento para a direita da curva de demanda agregada da AD0 para AD1 seria compensada por um
deslocamento para cima à esquerda da curva oferta agregada positivamente inclinada de SRAS 0 para SRAS1
resultado do aumento dos salários monetários após a imediata revisão das expectativas de preço mais
alto. Neste caso a economia moveria em linha reta do ponto A ao C, mantendo-se na curva vertical de oferta
agregada de longo prazo, sem qualquer alteração na produção e no emprego, mesmo no curto prazo, ou seja,
a moeda é super-neutro.
Em contraste, suponha que as autoridades surpreendam os agentes econômicos, aumentando a oferta de
moeda sem anunciar suas intenções. Nesta situação, as empresas e os trabalhadores com informação
incompleta, conduziriam a um resultado que subestima o aumento do nível geral de preços, o aumento dos
preços seria entendido como um aumento nos preços relativos10
e os agentes reagiriam aumentando a oferta
de produtos e de trabalho. Em outras palavras, os trabalhadores e empresas teriam erroneamente entendido
este aumento do nível geral de preços como um aumento real (em oposição a um valor nominal) na demanda
por seus serviços/produtos e responderiam pelo aumento da oferta de trabalho/produto. Em termos da Figura
5.3, a curva de demanda agregada se deslocaria para a direita de AD0 para AD1, interceptando a curva de
oferta agregada positivamente inclinada (de curto prazo) SRAS0 no ponto B. De acordo com a equação (5.3),
a produção (Y1) desviaria de seu nível natural (YN) como conseqüência de desvios do nível de preços (P1) em
relação ao nível esperado (P 0), isto é, como resultado de erros de expectativas dos agentes. Qualquer
aumento / diminuição na produção e desemprego, argumenta-se, ser apenas temporário. Uma vez que os
agentes percebem que não houve nenhuma mudança nos preços relativos, a produção e o emprego voltarão
aos seus níveis equilíbrio de longo prazo (natural). Em termos da Figura 5.3, como agentes totalmente
ajustado a suas expectativas de preço da curva de oferta agregada positivamente inclinada se deslocaria para
cima para a esquerda, de SRAS0 para SRAS1, para cruzar AD1 no ponto C. É interessante notar que a
formação novo-clássica do processo de ajustamento discutido acima(de A a C) corresponde ao caso
monetarista ortodoxo de longo prazo, enquanto o último processo de ajustamento (de A para B para C)
corresponde ao caso monetarista ortodoxa no curto prazo, independentemente se o aumento na oferta de
moeda é imprevista ou não. Resumindo, a análise novo-clássico sugere que (i) um aumento antecipado na
oferta monetária irá elevar o nível de preços e não têm nenhum efeito real sobre a produção e o emprego, e
(ii) apenas surpresas monetárias imprevistas podem afetar as variáveis reais no curto prazo.
Esta forte proposição de ineficácia da política tem grandes implicações para a controvérsia sobre o papel e a
conduta de políticas macroeconômicas de estabilização. Se a oferta de moeda é determinada pelas
autoridades de acordo com alguma ‘regra’ conhecida, então as autoridades não serão capazes de influenciar
a produção e emprego, mesmo no curto prazo, prosseguindo uma política monetária sistemática que pode ser
antecipada pelos agentes. Por exemplo, as autoridades podem adotar regras monetárias, o que permite, por
exemplo, um crescimento monetário a uma taxa fixa dada de 6% ao ano. Na formação de suas expectativas
9
N.d.T: Figura 5.3 Os efeitos das mudanças antecipadas e não antecipadas na oferta de moeda sobre o nível de produção eo
nível de preços.
10
N.d.T: Aumento do preço específico da firma em relação ao nível geral de preços. Já no caso dos trabalhadores seria uma
percepção de aumento em seu salário em relação ao aumento do nível médio salarial.
11
de inflação, os agentes econômicos racionais irão incluir os efeitos esperados da expansão de 6% da oferta
de moeda. Consequentemente, o componente sistemático (ou seja, seis por cento) da regra monetária não
teria nenhum efeito sobre as variáveis reais. Se, na prática, a oferta de moeda cresceu a uma taxa de 8% ao
ano, o componente não-sistemático (Inesperado) da expansão monetária (ou seja, 2% ao ano) poderia causar
um aumento temporário na produção e no emprego acima dos seus equilíbrio de longo prazo (natural)
níveis, devido a erros de expectativas de inflação. Em alternativa, as autoridades podem permitir que a oferta
de moeda pode ser determinada por uma regra de feedback (por exemplo, em resposta a mudanças no
desemprego e no produto). Novamente mudanças na taxa de crescimento monetário que surgem a partir de
uma regra de feedback conhecido será antecipada pelos agentes, tornando o política de feedback do Estado
ineficaz em afetar variáveis reais. Somente os desvios de uma política monetária conhecida(como erros de
políticas feitas pelas autoridades monetárias ou mudanças imprevistas na política), que serão imprevistos
irão influenciar o produto.
A proposição de ineficácia da política pode ser expressa algebricamente da seguinte maneira (ver Gordon,
1976). Começamos por reescrever a equação Friedman-Phelps modificada em forma linear como:
tNt
e
tt SUUPP t
  )(
..
(5.15)
onde tS representa um "choque de oferta exógeno” (com média zero11
) e (Ut -UNt) representa o desvio do
desemprego de sua taxa natural. A equação (5.14) pode ser reescrita como:
t
e
ttNt SPPUU t
 
..
)(/1 (5.15)
A relação estrutural entre a inflação tP
.
e a taxa de expansão monetária
.
tM é dada por:
ttt DMP 
..
(5.16)
onde θDt representa choques de demanda "inesperados” (como choques do setor privado), os quais também
tem uma média zero. Se
.
tM é a taxa esperada de crescimento da oferta monetária, a expectativa racional de
inflação será:
..
e
t
e
t MP  (5.17)
Suponha que uma autoridade monetária de inspiração keynesiana, tente controlar o crescimento monetário
de forma que ela cresce em alguns taxa constante (λ0) mais alguma proporção (λ1) do desvio do desemprego
de sua taxa natural ocorrido no período anterior. Neste caso, a taxa real de crescimento monetário será:
.
110
.
)( 1 tNtt MUUM t
   (5.18)
onde
.
tM significa um elemento aleatório ou não previsto no crescimento monetário. A equação (5.18)
indica que as autoridades monetárias estão operando numa regra sistemática de feedback a qual pode ser
prevista pelos agentes econômicos racionais, se tornando parte do seu conjunto de informações (Ω t -1) na
11
N.d.T: Atenção para essa hipótese. O reconhecimento de que a inflação poderá ser também explicada por choques de oferta
torna a curva de Phillips e a explicação da inflação apenas aparentemente mais flexível em relação àquela versão que interpreta a
inflação apenas como tendo fonte principal os choques de demanda. No entanto, a hipótese de que os choques tem média zero
significa exatamente que ao longo do tempo a inflação é essencialmente um fenômeno monetário.
12
equação (5.1). Agentes econômicos racionais, portanto, têm expectativas de inflação baseados na taxa de
expansão monetária esperada, mostrado na equação (5.19).
)( 1110
.

  tNt
e
t UUM  (5.19)
Subtraindo (5.19) de (5.18) obtemos:
t
e
tt MMM 
.
(5.20)
Subtraindo (5.17) a partir de (5.16) e substituindo a partir de (5.20) obtemos a equação(5.21):
tt
e
tt DMPP  
...
(5.21)
Finalmente, substituindo (5.21) em (5.15) nos dá:
tttnt SDMUU   )(/1
.
(5.22)
O ponto importante a notar na equação (5.22) é que o componente sistemático do crescimento monetário
( )( 1110 
  tNt UU ) o qual o governo estava tentando usar a fim de evitar que o desemprego se afaste do
sua taxa natural, não entra na fórmula. O único componente da equação (5.22) que as autoridades monetárias
podem influenciar diretamente é
.
tM , o componente aleatório do crescimento monetário. Portanto, a
equação (5.22) nos diz que, no mundo de Sargent e Wallace, o desemprego pode afastar-se da sua taxa
natural como resultado de choques imprevisíveis de demanda (θDt) e da oferta (θSt) ou de
choques imprevistos de surpresa monetária,
.
tM . Quaisquer regra monetária distemática/feedback, que se
torna parte do conjunto de informação dos agentes econômicos, não pode causar inflação caso haja um
desvio da taxa esperada. Somente os desvios de uma política monetária conhecida (como erros de políticas
feitas pelas autoridades monetárias ou mudanças imprevistas na política), que são imprevistos irão
influenciar a produção e o emprego.
Em suma, a abordagem prevê que, como agentes econômicos racionais irão levar em consideração qualquer
regra monetária conhecida na formação de suas expectativas, as autoridades não serão capazes de influenciar
a produção e o emprego, mesmo no curto prazo quando prosseguindo uma política monetária
sistemática. Além disso, qualquer tentativa de afetar o produto e o emprego, por acaso ou por uma política
monetária não-sistemática irá gerar apenas o aumento da variação da produção e do emprego em torno de
seus níveis naturais. Pode ser visto, portanto, que o argumento apresentado por novos clássicos contra o
ativismo da política é sutilmente diferente daquelas apresentadas pelos monetaristas ortodoxos (ver Capítulo
4, seção 4.3.2 sobre o papel ea condução da política monetária).
A proposição de ineficácia da política monetária prevê que somente a surpresa ou imprevistas mudanças na
condução da política monetária poderão produzir efeitos reais no produto (ou o que é muitas vezes referida
como o ‘anticipated–unanticipated money debate12
’) tem sido objeto de inúmeros de estudos empíricos. Os
primeiros trabalhos, em especial os artigos seminais de Barro (1977a, 1978), parece apoiar a
proposição. Usando dados anuais para o economia dos EUA durante o período de 1941-1976, Barro usou
um método de dois estágios, em primeiro lugar estimar o crescimento inesperado e esperado(antecipado) da
moeda antes de regredir produção e desemprego com crescimento monetário imprevisto. Em geral, os
12
N.d.T: debate sobre políticas antecipadas e não antecipadas.
13
estudos Barro suportam a ideia de que, enquanto a produção e o desemprego são afetados significativamente
pelo crescimento monetário imprevisto, o crescimento previsto de moeda não teve efeitos reais. No entanto,
estudos posteriores, principalmente os de Mishkin (1982) e Gordon (1982a), encontraram evidências que
sugerem que ambos política monetária imprevista e prevista afetam a produção e o emprego. Em geral,
embora a evidência empírica é mista, os fatos não aparecem apontar que a política monetária sistemática não
tem nenhum efeito real. Além disso, como Buiter (1980) assinalou, modelos teóricos podem ser construídos,
de modo que todas as mudanças previstas na taxa de crescimento monetário poderão tem efeitos reais,
alterando a taxa de inflação, e conseqüentemente, a taxa de retorno sobre o dinheiro saldos que têm uma
taxa nominal zero de retorno. Este, por sua vez, irá afetar a taxa de acumulação de capital, alterando a
composição da carteira de equilíbrio. É também preciso dizer que mudanças fiscais totalmente antecipadas,
tais como mudanças das taxas de imposto que alteram a oferta de trabalho e o comportamento de poupança,
terão efeitos reais. "É evidente que a política fiscal não é neutra, mesmo no mais sistema clássico"(Buiter,
1980). Em modelos para o mercado de não-competitivo, onde os preços são fixos, as mudanças previstas na
política monetária terão efeitos reais através do mecanismo IS-AD-AS-LM. Em resposta aos trabalhos de
Sargent e Wallace, Fischer (1977), Phelps e Taylor (1977) e Taylor (1980) produziram modelos que
incorporam salário contratados multi-período e expectativas racionais onde a política monetária não é neutra
(ver Capítulo 7).
Além disso, muitos keynesianos acham toda essa abordagem equivocada, mostrando que comportamentos
maximizantes são compatíveis com a possibilidade de inexistência de market-clearing (Akerlof,
1979). Além disso, a idéia de estimular a demanda agregada quando a economia já está em (pleno emprego)
equilíbrio teria sido anátema para Keynes. Por que essa política seria considerada necessária? Como Frank
Hahn (1982, p. 75) comentou, 'keynesianos estavam preocupados com o problema de empurrar a economia à
sua taxa natural, não fora dele. Se a economia já está ali, todos nós podemos ir para casa".

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  • 1. 1 The new Classical School1 Modern macroeconomics – Brian Snowdon e Howard R.Vane (2005)2 5. A escola Novo Clássica 5.3 A estrutura dos Modelos Novos Clássicos A escola novo-clássica surgiu como um grupo distinto, durante a década de 1970 e, como já observado, a figura-chave neste desenvolvimento foi Robert E. Lucas Jr. No entanto, as raízes da pesquisa tradicional novo-clássica são diversas. Por exemplo, a ênfase no início dos modelos novo clássicos de informação e expectativas fornecem um link para a tradição austríaca melhor representada pelo trabalho de Hayek (ver Capítulo 9). A distinção feita por Lucas entre os impulsos (choques) e mecanismos de propagação ao analisar ciclos de negócios tem suas origens na pesquisa pioneira de Frisch (1933). O importante papel atribuído aos distúrbios monetários na geração de instabilidade global está solidificado na tradição clássica e monetarista friedmaniana, na verdade, Tobin (1981) refere-se ao início das contribuições novo-clássicas como "monetarismo tipo II”. O trabalho de Phelps et al. (1970) em Microfundamentos do Emprego e da Teoria inflacionária inspirou Lucas a utilizar os conhecimentos adquiridos na utilização de Phelps da "parábola da ilha de Phelps" e para buscar uma teoria para analisar a dinâmica do mercado de trabalho. Finalmente, a abordagem metodológica de Lucas é fortemente influenciada pela tradição de equilíbrio geral de Walras, Hicks, Arrow e Debreu (ver Zijp, 1993; Beaud e Dostaler, 1997). A abordagem novo-clássica que evoluiu no início de 1970 apresentou várias características importantes: 1. uma forte ênfase na teorização macroeconômica a partir da necessidade de microfundamentos para a escolha ótima dos agentes com instrumental de equilíbrio geral walrasiano; 2. a adoção do pressuposto neoclássico de que todos os agentes econômicos são racionais, ou seja, os agentes são contínuos otimizadores sujeitos às restrições que enfrentam, as empresas maximizam lucros e trabalhadores e famílias maximizam utilidade; 3. agentes não sofrem de ilusão monetária e, portanto, somente magnitudes reais (mudanças nos preços relativos) importam nas decisões de otimização; 4. Completa e contínua flexibilidade de salários e de preços na qual os mercados continuamente se equilibram ao esgotar mutuamente todos os ganhos dos agentes beneficiados pelo comércio, não deixando de explorar nenhuma oportunidade lucrativa – hipótese de Market clear. Tendo em conta estes pressupostos, mudanças na quantidade de moeda serão neutras e magnitudes reais serão independentes de magnitudes nominais. No entanto, evidências empíricas mostram que existem correlações positivas (pelo menos no curto prazo) entre o PIB e o nível de preços nominais (uma inclinação ascendente da curva de oferta agregada), correlação entre as mudanças na oferta de moeda nominal e o PIB real, e correlação negativa entre inflação e desemprego (a Curva de Phillips), isto é, empiricamente, a moeda parece não ser neutra no curto prazo. Resolver esse quebra-cabeça entre a neutralidade da moeda prevista pelas teorias clássica / neoclássica e as evidências empíricas, as quais mostram a não neutralidades seria uma conquista intelectual notável (Zijp de 1993, refere-se a isso como o "problema de Lucas”). O trabalho seminal de Lucas (1972a), "Expectativas e Neutralidade da moeda ", foi como uma conquista. A principal alteração de Lucas consistiu na mudança do pressuposto clássico de que os agentes econômicos têm informação perfeita para a suposição de que os agentes têm informação imperfeita3 . Podemos resumir os principais elementos da abordagem novo-clássica aos princípios macroeconômicos, 1 Tradução de Fernanda Rangel. 2 Revisão Técnica: Maria Isabel Busato. 3 N.d.r. Lembrando que a crítica feito por Lucas ao monetarismo e especificamente ao Milton Friedman diz respeito à forma como o monetarismo sugere que os agentes racionais formulam suas expectativas, qual seja, expectativas adaptativas. Para novos clássicos a HER (hipótese das expectativas racionais) é a única congruente com o pressuposto da racionalidade. Logo, os agentes podem errar se forem surpreendidos, caso contrário, a HER supõe que na média os agentes acertam suas expectativas.
  • 2. 2 como a aceitação conjunta das três principais sub-hipóteses que envolvem (I) a hipótese das expectativas racionais, (ii) o pressuposto de contínuo market clear (todos os mercados se equilibram em todo o momento via preços completamente flexíveis), e (iii) a hipótese da curva de oferta agregada de Lucas (na qual a 'surpresa' tem papel primordial). Na discussão individual dessas hipóteses, o leitor deve ter em mente que, apesar de todos os novos clássicos aceitarem essas três hipóteses (ver Figura 5.1), é possível que economistas de diferentes linhas de pensamento apoiem a hipótese das expectativas racionais, sem necessariamente aceitar todos os três pressupostos juntos4 (ver Capítulo 7). 5.3.1 A hipótese das expectativas racionais Um dos princípios centrais determinantes da nova macroeconomia clássica é a hipótese das expectativas racionais (REH) associado com o trabalho de John Muth (1961), inicialmente no âmbito da microeconomia. É, no entanto, interessante notar que Keuzenkamp (1991) sugeriu que Tinbergen foi um precursor de Muth, tendo apresentado um modelo de expectativas racionais quase 30 anos antes. Também devemos notar que foi Alan Walters (1971) quem primeiro aplicou a ideia do que ele chamou de "expectativas consistentes" para a macroeconomia. No entanto, foi o papel seminal de John Muth (1961) que provou ser mais influente sobre a pesquisa dos jovens novos clássicos turcos durante o início 1970. Em seu artigo seminal, Muth sugeriu “que as expectativas, uma vez que previsões são formadas sobre os eventos futuros são essencialmente o mesmo que o previsões da teoria econômica relevante”. Expectativas, as quais são subjetivas, são fundamentais para o comportamento de agentes econômicos e todas as atividades econômicas têm uma dimensão informacional/expectacional. Por exemplo, as expectativas sobre o valor futuro das variáveis econômicas irão claramente influenciar as decisões de demanda e oferta. Como Carter e Maddock (1984) notam, "uma vez que praticamente todas as decisões econômicas envolvem a tomada de medidas agora visando recompensas incertas no futuro, as expectativas do futuro são cruciais na tomada de decisão". Um exemplo óbvio em que as expectativas de inflação iram influenciar o comportamento concernente às negociações salariais entre sindicatos e empregadores. Se um negociador sindical subestima a taxa de inflação durante o período do contrato salarial negociado, os trabalhadores provavelmente irão perceber que sofreram um aumento dos salários nominais, mas um corte no salário real. Uma expectativa do valor futuro de algumas variáveis econômicas fundamentais não precisam ser confinadas /restritas a um único valor previsto, mas podem tomar a forma mais realista de uma distribuição de probabilidades dos resultados. Portanto, existem duas questões principais que os macroeconomistas enfrentam em relação à incorporação das expectativas em modelos macroeconômicos: 1. Como os indivíduos adquirirem, processam e utilizam as informações a fim de formar as expectativas das variáveis fundamentais? 2. Qual a forma da hipótese de expectativas que devemos usar em modelos macroeconômicos? Durante a década de 1970, a hipótese das expectativas racionais substituiu a hipótese de expectativas adaptativas como a forma dominante entre os modelos expactacionais endógenos (em sua Teoria Geral, publicada em 1936, Keynes tinha sublinhado a importância da confiança para a compreensão de instabilidade macroeconômica, mas na teoria de Keynes as expectativas eram exógenas, sendo impulsionada pelo “espírito animal", ver o capítulo 8 e Keynes, 1937). Um grande atrativo da hipótese das expectativas racionais é que a hipótese alternativa de expectativas (não-racionais - adaptativas) envolve erros sistemáticos, o que não pactua com os cálculos de agentes racionais que são vastamente usados nos modelos ortodoxos neoclássicos. 4 N.t.r.: como é o caso dos novos keynesianos.
  • 3. 3 A hipótese das expectativas racionais tem sido apresentada na literatura sob diferentes formas e versões (ver Redman, 1992). De início é importante observar a distinção entre a versão fraca e forte da hipótese. A principal idéia por trás da versão fraca da hipótese é que, na formação de previsões ou expectativas sobre o futuro valor de uma variável, agentes econômicos racionais utilizarão da melhor (mais eficiente) forma todas as informações públicas disponíveis sobre os fatores que eles acreditam que seja capaz de determinar a variável. Em outras palavras, se assume que as expectativas são formadas "racionalmente" conforme o comportamento de maximização de utilidade por parte dos agentes econômicos individuais. Por exemplo, se os agentes econômicos acreditam que a taxa de inflação é determinada pela taxa de expansão monetária, então farão o melhor uso de todas as informações públicas disponíveis sobre as taxas de expansão da oferta monetária na formação de suas expectativas de taxas futuras de inflação. A versão forte da hipótese das expectativas racionais é capturada na citação acima tirada do artigo Muth (1961) e é a versão Muthiana que foi retomada por expoentes da escola novo clássica e incorporada nos seus modelos macroeconômicos. Na 'versão' forte, as expectativas subjetivas dos agentes sobre as variáveis econômicas coincidirá com a verdadeira ou com as expectativas objetivas matemática condicional dessas variáveis. Usando o exemplo das expectativas de inflação dos agentes econômicos ( . e tP ), a hipótese das expectativas racionais pode ser expressa algebricamente da seguinte forma: )( 1 ..  tt e t PEP (5.1) onde . tP é a taxa de inflação vigente; )( 1 .  tPE é a expectativa racional da taxa de inflação a partir das informações disponíveis no período anterior (Ω t -1). É importante ressaltar que ao utilizar as expectativas racionais não significa que os agentes possam prever o futuro com exatidão5 . Expectativas racionais não é o mesmo que previsão perfeita. A fim de formar uma expectativa racional de inflação, os agentes terão de levar em conta o que eles acreditam ser o 'Correto' modelo macroeconômico da economia para determinar aquela variável. Agentes cometerão erros de previsões, desde que as informações disponíveis estejam incompletas. Na verdade, este é um elemento essencial do modelo monetário de surpresa de Lucas - ver secções 5.3.3 e 5.5.1. No entanto, erros de previsão estarão não relacionados com as informações definidas no momento da formação da expectativa (por exemplo a inflação). Com expectativas racionais, as expectativas dos agentes sobre as variáveis econômicas, em média, estarão corretas, ou seja, as expectativas serão, na média, igual ao verdadeiro valor da variável prevista. Além disso, a HER implica que os agentes não irão cometer erros sistemáticos e não formarão expectativas que estejam sistematicamente erradas (viesadas) ao longo do tempo. Se as expectativas fossem sistematicamente erradas, os agentes, com certeza, iriam aprender com seus erros e mudar a maneira de formar suas expectativas, eliminando erros sistemáticos. Mais formalmente, a forte versão da hipótese das expectativas racionais implica que: . .. tt e t PP  (5.2) onde e tP . =Taxa esperada de inflação de t para t + 1; tP . = taxa de inflação vigente de t para t + 1, e εt = termo de erro aleatório, que (i) tem média zero, e (ii) é não correlacionado com as informações disponíveis no momento em que as expectativas são formadas, caso contrário, os agentes econômicos não estariam explorando, por completo, todas as informações disponíveis. Em resumo, os erros de previsão da formação de expectativas racionais: (i) serão essencialmente aleatórios, com média zero, (ii) não estarão relacionado com os ocorridos em períodos anteriores, tendo nenhum padrão, ou seja, eles não serão serialmente correlacionados ao longo do tempo, e (iii) terão a menor variância em comparação com qualquer outro 5 N.d.r. (nota do revisor): Vale ressaltar que expectativas racionais não implicam em previsão perfeita. Na verdade, se os agentes são surpreendidos, mesmo utilizando HER eles errarão suas previsões e a oferta e demanda serão diferentes daquelas que ocorreria casos os agentes tivessem acertado suas previsões. Os erros podem decorrer tanto de restrições informacionais, como de surpresas; mas o importante é que não há erros sistemáticos ou serialmente correlacionados. Na média os agentes acertam suas expectativas.
  • 4. 4 método de previsão. Em outras palavras, a formação de expectativas racionais é o mais preciso e eficiente modelo de formação de expectativas. A hipótese das expectativas racionais contrasta com a hipótese das expectativas adaptativas inicialmente utilizada pelos monetaristas ortodoxos em sua explicação das expectativas da curva de Phillips aceleracionista (ver Capítulo 4, secção 4). Na hipótese de expectativas adaptativas, os agentes econômicos baseiam suas expectativas de futuro valores de uma variável (como a inflação), apenas em valores passados da variável em causa. Um dos principais problemas com esta abordagem backward-looking6 para formação de expectativas é que, até que a variável seja prevista ela é estável por um período de tempo considerável, as expectativas formadas serão sistematicamente erradas. Por exemplo, após a discussão do capítulo 4, seção 4.3.2, sobre a hipótese aceleracionista, se o desemprego é mantido abaixo da taxa natural, a inflação vai acelerar e as expectativas de inflação serão viesadas de modo a ser subestimada. Este problema resulta de (i) o pressuposto de que os agentes econômicos apenas ajustam parcialmente suas expectativas como uma fração do último erro feito, (ii) a falha dos agentes consiste em não considerar as informações adicionais disponíveis a eles, além dos valores passados da variável em questão, mesmo errando repetidamente. Em contraste, na abordagem forward-looking das expectativas racionais baseiam-se na utilização de todas as informações publicamente disponíveis, versão forte da hipótese implica que os agentes econômicos não formarão expectativas que sejam sistematicamente erradas ao longo do tempo; isto é, tais expectativas serão não-viesadas. Uma série de críticas foram levantadas contra a hipótese das expectativas racionais e agora consideramos as três mais comuns. A primeira dessas diz respeito aos custos (em, esforço, tempo e dinheiro) de aquisição e processamento de todas as informações publicamente disponíveis, a fim de prever o valor futuro de um variáveis, como inflação. É importante notar que a versão mais fraca do hipótese não requer, como alguns críticos têm sugerido, que os agentes econômicos utilizem de fato “todas” as informações publicamente disponíveis. Dados os custos envolvidos na aquisição e processamento de informações, é improvável que os agentes sempre usariam todas as informações disponíveis publicamente. O que os defensores da versão fraca da hipótese sugerem que agentes econômicos racionais têm um incentivo para fazer o "melhor" uso de todas as informações publicamente disponíveis na formação de suas expectativas. Em outras palavras, os agentes terão um incentivo para uso da informação até o ponto onde o benefício marginal (em termos de melhorar a precisão da previsão da variável) é igual ao custo marginal (em termos de aquisição e processamento de todas as informações disponíveis publicamente). Neste caso, as expectativas seriam menos eficientes do que seria se todas as informações disponíveis fossem utilizadas. Além disso, a versão fraca da hipótese não requer, como alguns críticos têm sugerido, que todos os agentes individuais adquiriram e processem as informações direta e pessoalmente. Os agentes econômicos podem derivar informações indiretamente, por exemplo, as previsões publicadas e comentários da imprensa. Dado que as previsões diferem freqüentemente, o problema que surge é de discernir qual é a 'visão' correta. A mais séria objeção diz respeito ao problema de como os agentes realmente adquirem conhecimentos sobre o “correto” modelo da economia, dado que os economistas se mostram discordar sobre este assunto. A questão é, se os agentes individuais que operam em mercados descentralizados serão capazes de "aprender" o verdadeiro modelo da economia, essa objeção tem sido abordada em diversos debates (ver, por exemplo, Friedman e Phelps, 1983; Evans e Honkapohja, , 1999). Com relação a esta crítica, em particular, é importante notar que a versão forte da hipótese não exige que os agentes econômicos conheçam realmente o modelo correto da economia. Na verdade a hipótese implica que os agentes racionais não criam expectativas que são sistematicamente erradas ao longo do tempo. Em outras palavras, sugere-se que as expectativas, se assemelham àquelas formadas "como se" os agentes soubessem o modelo correto, no tamanho em que ele será não-viesado e distribuídos aleatoriamente ao longo do tempo. Críticos da hipótese não são convencido por argumentos como esses e sugerem que, devido a problemas como os custos de aquisição e processamento de todas as informações disponíveis, e a incerteza sobre qual é o modelo correto, 6 N.d.R é uma terminologia que indica olhando somente para o passado, mas que em sua essência se refere ás expectativas baseadas unicamente em ‘fatos’ ou observações passadas.
  • 5. 5 é possível que os agentes formem expectativas que sejam sistematicamente erradas. Há alguma evidências de que os agentes cometem erros sistemáticos nas expectativas (ver, por exemplo, Lovell, 1986). A terceira crítica importante é associada em particular com a escola pós-keynesiana, e se refere aos problemas de formação de expectativas em um mundo fundamentalmente incerto. Para os fundamentalistas keynesianos, uma grande conquista de Keynes foi a de colocar o problema da incerteza no centro do palco da macroeconomia. Na visão pós-keynesiana, o mundo é não-ergódico, isto é, cada evento histórico é único e não repetitivo. Em tais situações, as regras da probabilidade não se aplicam. Estamos em um mundo de mudanças ‘kaleidic’ e de descontinuidades fundamentais (Shackle, 1974). Assim, pós-keynesianos argumentam que é importante acompanhar os dois, Keynes (1921) e Knight (1933) e distinguir entre as situações que envolvem risco das que envolvem incerteza. Em situações de risco a distribuição de probabilidade é conhecida. Em contraste, em situações de incerteza não há possibilidade de formular qualquer distribuição probabilidade significativa. Como a hipótese de expectativas racionais assume que os agentes econômicos possam formular as distribuições de probabilidade dos resultados de várias mudanças econômicas e situações, que pertence ao mundo de risco. Em modelos novo-clássicos o problema da incerteza fundamental é ignorado desde que Lucas (1977) interpretou os ciclos de negócios como instâncias repetidas de eventos essencialmente similares. Assim, no mundo ergódico de Lucas, significativas distribuições de probabilidade dos resultados pode ser aferido pela inteligência e racionalidade dos agentes econômicos. Infelizmente, de acordo com os pós-keynesianos, o mundo real é caracterizada pela incerteza fundamental e isto significa que as conclusões baseadas em modelos usando a hipótese de expectativas racionais são inúteis. Da mesma forma, a escola austríaca também é muito crítica à hipótese das expectativas racionais (ver Snowdon et al. 1994, e nos capítulos 8 e 9). As diversas influências sobre as expectativas têm sido recentemente investigados pelo Banco da Inglaterra (2003). A comunicação dos resultados de uma recente pesquisa de atitudes sobre inflação o Banco de Inglaterra encontrou resultados interessantes, que são: 1. ao desagregar os dados, revela-se que pessoas e grupos diferentes têm diferentes atitudes em relação à inflação; 2. as expectativas dos clusters "profissionais" ficam em torno da expectativa média; 3. entrevistados mais jovens têm menor expectativa de inflação do que entrevistados mais velhos; 4. detentores de hipotecas têm expectativas de inflação menor do que os entrevistados que alugam casas; 5. pessoas no sul da Grã-Bretanha têm expectativas de inflação mais elevadas do que aqueles que vivem no norte, e 6. experiência de vida sobre inflação influencia as expectativas de inflação. Assim, as expectativas de inflação são influenciados pela idade, localização geográfica, educação e ocupação, e estado da habitação. É evidente que os velhos o suficiente para ter vivido a "Grande Inflação" da década de 1970 não foram integralmente capaz de remover essa experiência a partir de seu julgamento. Não obstante estas críticas, durante a década de 1970 houve, indubitavelmente, uma "revolução das expectativas racionais" na macroeconomia (Taylor, 1989; Hoover, 1992). No entanto, deve notar-se que a idéia de Muth não foi imediatamente retomada pelos macroeconomistas, talvez porque durante os anos 1960 os modelos keynesianos ortodoxos foram "o único jogo na cidade"7 . Demorou quase 10 anos antes que Lucas, Sargent e outros líderes novo-clássicos começassem a incorporar a hipótese em seus modelos macroeconômicos. 7 N.d.r. Essa frase é utilizada de forma recorrente para se referir ao longo período em que o Keynesianismo fora o mainstream da macroeconomia nas academias e na adoção prática das políticas econômicas.
  • 6. 6 As provas desta defasagem podem ser adquiridas a partir de contagens de citações dos trabalhos de Muth (1961). Em uma interessante comparação da influência relativa do artigo de Muth com o famoso livro de Axel Leijonhufvud (1968), A Economia keynesiana e a Economia de Keynes (ver Capítulo 2), Backhouse (1995) mostrou que, durante a década de 1970 e 1980 citações de artigo de Muth explodiu enquanto as citações do livro de Leijonhufvud declinou, assim como o interesse na economia keynesiana diminuiu (ver Snowdon, 2004a). Enquanto o livro de Leijonhufvud teve um impacto imediato, mas falhou em conseguir transformar a macroeconomia na direção de falhas de coordenação sublinhou Leijonhufvud, em contraste, é o artigo de Muth teve um início lento, mas finalmente teve um papel fundamental na transformação macroeconomia (ver Leijonhufvud, 1992, 1993, 1998a, 1998b sobre a necessidade da macroeconomia reconsiderar, dentre muitas outras coisas, a questão da coordenação na macroeconomia). Um último comentário se faz necessário. O uso da palavra ‘racional’ na apresentação de hipóteses provou ser uma importante arma retórica na batalha para ganhar as mentes dos macroeconomistas durante a década de 1970. Como Barro (1984) assinalou: ‘Uma das características mais inteligentes da revolução das expectativas racionais era a aplicação do termo "racional". Dessa forma, os adversários desta abordagem foram postos em uma posição defensiva de ambos serem irracionais ou de criarem modelos irracionais, nenhuma delas é uma posição confortável para um economista’ Para uma discussão mais detalhada da hipótese das expectativas racionais e sua aplicação em macroeconomia, aconselha-se ler Begg (1982); Carter e Maddock (1984), Shaw (1984); Attfield et al. (1985); Redman (1992); Sheffrin (1996), e Minford (1997). Sobre o uso da retórica na economia novo- clássica, ver Backhouse (1997a). 5.3.2 Continuous market clearing Um segundo pressuposto fundamental nos modelos novo-clássicos é que todos os mercados da economia estão continuamente em equilíbrio, em consonância com a tradição walrasiana. Em cada ponto do tempo, todos os resultados observados são vistos como equilíbrio de mercado “market-clearing”, e são o resultado ótimos da da demanda e da oferta pelos agentes como reação às suas percepções sobre os preços. Como resultado, a economia é vista como sendo uma estado contínuo de equilíbrio (de curto e longo prazos). Os modelos novo-clássicos são referidos muitas vezes como modelos de "equilíbrio", onde o equilíbrio é interpretado para significar que todos os agentes econômicos numa economia de mercado fazem escolhas que otimizem os seus objetivos em função das limitações que eles enfrentam. Nos modelos de market-clearing os agentes econômicos (trabalhadores, consumidores e empresas) são de price-takers (tomadores de preços), isto é, eles tomam o preço de mercado como dado e não têm poder de mercado que poderiam ser usados para influenciar o preço. As empresas estão operando dentro de uma estrutura de mercado conhecida como "concorrência perfeita". Nessa estrutura de mercado as empresas só decidem sobre o seu ponto ótimo (que maximiza o lucro) de produto (onde a receita marginal = custo marginal), dado o preço determinado pelo mercado. Na ausência de externalidades do equilíbrio competitivo, os preços de mercado são determinados pelas forças de oferta e demanda, é condição de ótimo de Pareto que conduz à maximização do excedente total (a soma dos excedentes dos produtores e dos consumidor). Na Figura 5.2 (a), podemos ver que o equilíbrio do mercado de competição perfeita (P *, Q *) maximiza o excedente total dos consumidores e dos produtores (igual à área aC), enquanto um mercado não competitivo preços(produto), como a P 1 (Q1) e P 2 (Q 2), indicado na Figura 5.2 (b), resultam em um perda de bem-estar indicado pela FEI áreas e GEH, respectivamente (ver Dixon, 1997). Na Figura 5.2 (a) todos os ganhos mútuos de comércio foram esgotados por agentes econômicos e não há "nenhum notas de dólar deixado na calçada" (ver Barro, 1979). É importante notar que a posição das curvas
  • 7. 7 de oferta e procura, consequentemente, os preços e a produção de equilíbrio do mercado de competitivo, será influenciada pelas expectativas dos agentes econômicos. Desde que sejam racionalmente formadas Figura 5.2 As implicações de bem-estar de equilíbrio em um mercado competitivo GRÁFICO DE EXCEDENTE E VARIAÇÃO DE EXCEDENTE P.250 expectativas podem vir a estar errada devido a informações incompletas, isso significa que, pelo menos até que os agentes adquirem informações precisas mais, o equilíbrio no mercado competitivo irá diferir de um equilíbrio onde se tem toda as informações. No entanto, uma vez que os agentes estão fazendo o melhor que pode com as informações adquiridas, eles são vistos em um estado de equilíbrio em todos os momentos, como ilustrado abaixo. RACIONALIDADE ⇒ OTIMIZAÇÃO ⇒ EQUILÍBRIO O pressuposto de continuous market clearing (equilíbrio contínuo via preços flexíveis) dos mercados competitivos é o mais críticado e polêmico pressuposto subjacente à análise novo-clássica e é altamente controverso, uma vez que implica que os preços são livres para ajustar-se instantaneamente em mercados livres (consulte Tobin, 1993, 1996). A hipótese está em forte contraste com a abordagem adotada em ambos os modelos keynesianos ortodoxos e monetaristas. Como já discutido nos dois capítulos anteriores, os keynesianos ortodoxos e monetaristas discordam sobre o tempo que leva para que o mercado se equilibre. Modelos keynesianos incorporam o pressuposto de que os mercados podem deixar de se equilibrar por causa do lento ajuste de preços, de modo que a economia é vista como sendo um possível estado de desequilíbrio contínuo. Em contraste, modelos ortodoxos monetaristas incorporam o pressuposto de que os preços se ajustam mais rapidamente ao equilíbrio de mercados e, embora admitindo que a economia pode estar em desequilíbrio no curto prazo, monetaristas assumem que a economia voltará automaticamente para um estado de equilíbrio macroeconômico no longo prazo à taxa natural de produto e do emprego. A hipótese de continuous market clearing é muito mais controversa que a hipótese das expectativas racionais. Como veremos no capítulo 7, novos-Keynesianos apresentaram uma série de argumentos para explicar por que preços e salários terão lento ajustamento para equilibrar os mercados diante de um distúrbio. Sérias objeções podem ser levantadas quanto à realidade da suposição novo-clássica, especialmente no que diz respeito ao mercado de trabalho, onde os novo-clássicos sustentam que qualquer pessoa que pretenda trabalhar pode encontrar emprego se estiverem dispostos a trabalhador ao salário de equilíbrio vigente no mercado de trabalho, isto é, a abordagem novo-clássica de equilíbrio trata o desemprego como um fenômeno totalmente voluntário (Lucas, 1978a). Entretanto, dada as considerações da dos salários-eficiência (ver Capítulo 7) pode-se argumentar que é rentável e racional para uma empresa a pagar um salário-eficiência acima do salário de equilíbrio. Em tal situação de equilíbrio no mercado de trabalho pode ocorrer quando a oferta excede a demanda, com a existência de desemprego involuntário como um fenômeno de equilíbrio.Consideremos agora o principal dogma final da nova macroeconomia clássica, a hipótese da oferta agregada. 5.3.3 Curva de oferta de Lucas ou hipótese da oferta agregada Tal como acontece com a hipótese das expectativas racionais, várias explicações sobre a hipótese da oferta agregada pode ser encontrada na literatura. Dito isto, duas abordagens principais para a oferta agregada podem ser identificadas. Subjacente a estas duas abordagens considera-se dois pressupostos ortodoxos microeconômicos: (i) decisões racionais tomadas pelos trabalhadores e empresas refletem a otimização do comportamento de ambas as partes; e (ii) a oferta de trabalho/produto por trabalhadores / empresas depende dos preços relativos. A primeira abordagem novo clássica para a oferta agregada foca a oferta de trabalho e é de Lucas e Rapping (1969). Esta análise é discutida mais detalhadamente no capítulo 6 e no que se segue, apenas delinearemos a
  • 8. 8 essência da abordagem. Durante todo o período, os trabalhadores têm que decidir quanto tempo irão alocar entre trabalho e lazer. Trabalhadores, por hipótese, têm alguma noção do salário médio real normal ou esperado. Se o salário real está acima do salário real normal, os trabalhadores terão um incentivo para trabalhar mais (ter menos tempo de lazer), no período atual na antecipação de levar mais lazer (a trabalhar menos) no futuro, quando se espera que o real salarial deverá ser menor. Inversamente, se o salário real está abaixo do normal, os trabalhadores terão um incentivo para levar mais lazer (menos trabalho) no período atual na expectativa de trabalhar mais (tendo menos lazer) no futuro, quando o salário real deve ser maior. Postula-se, portanto, que a oferta de trabalho responde às mudanças percebidas temporária do real salário. Esta resposta comportamental de substituição de lazer atual para o futuro lazer e vice-versa é conhecido como "substituição intertemporal. Dentro Do modelo de substituição intertemporal, mudanças no emprego são explicadas em termos de "voluntário" resultado das escolhas dos trabalhadores que mudam suas oferta de trabalho em resposta à percepção de alterações temporárias no salário real. A segunda abordagem novo-clássica sobre a oferta agregada deriva também de trabalhos altamente influentes do Lucas (1972a, 1973). No que se segue ilustraremos o espírito dos argumentos de Lucas, o qual se centra no mercado de bens e nas decisões de oferta das empresas. Um importante elemento de análise de Lucas se refere à estrutura do conjunto de informações disponíveis aos produtores. Se pressupõe que, enquanto uma empresa conhece o preço corrente dos seus próprios produtos, o nível geral de preços nos outros mercados só se torna conhecido com um intervalo de tempo8 . Quando uma empresa experimenta um aumento no preço de mercado corrente da sua produção tem que decidir se essa mudança reflete (i) uma mudança real na demanda para o seu produto, caso em que a empresa deve responder (racionalmente) ao aumento do preço do seu produto em relação ao preço de outras mercadorias, como aumento da produção, ou (ii) meramente nominal aumento na demanda em todos os mercados, produzindo um aumento geral dos preços, o qual não requer uma resposta na oferta das firmas individualmente. As firmas são confrontadas com o que se refere como um problema de "extração de sinal", na medida em que tem que distinguir entre mudanças nos preços relativos e absolutos. De fato, quanto maior a variabilidade do nível geral de preços, mais difícil será para o produtor extrair o sinal correto e menor é a resposta da oferta à alterações nos preços (ver Lucas, 1973). A análise do comportamento individual dos agentes em termos de oferta, tanto trabalho como de bens, levou ao que é referido como função de oferta “surpresa" de Lucas, dada pela equação (5.3): ][ e ttNtt PPYY   , α > 0 Uma vez nos modelos novos clássicos as expectativas são formadas racionalmente, podemos substituir (5.3) com (5.4): )]([ 1 tttNtt PEPYY  , (5.4) A equação (5.4) afirma que o produto (Yt) se desvia do seu nível natural (YNt) apenas em resposta aos desvios do nível de preços efetivo (Pt) em relação a seu (racional) valor esperado )( 1 ttPE , isto é, em resposta a um inesperado (surpresa) aumento do nível de preços. Por exemplo, quando o nível de preços efetivo é maior que o esperado, os agentes individuais são 'surpresos' e confundem esse aumento como um aumento em seu preço relativo (de sua própria produção), resultando em um aumento na oferta de de produtos e no emprego na economia. Na ausência de surpresas o produto estará em seu nível natural. Para qualquer dada expectativa do nível de preços, a curva de oferta agregada será positivamente inclinada no espaço P-Y, e quanto maior o valor de α, mais elástica será curva de oferta “surpresa" e maior será o impacto sobre as variáveis reais de um aumento inesperado nível geral de preços (ver Figura 5.3 e a seção 5.5.1). 8 N.d.r.: Pode-se utilizar o argumento da Parábola da Ilha de Phelps.
  • 9. 9 Uma especificação alternativa da função oferta de Lucas supõe que o produto somente desvia do seu nível natural em resposta a desvios da inflação esperada da efetiva em resposta a erros na inflação esperada: tttNtt PEPYY    )]([ 1 .. (5.5) Na equação (5.5) tP . é a taxa real de inflação, )( 1 .  tPE é a expectativa racional para a taxa de inflação sujeita a todas as informações disponíveis até o período anterior, e εt é um processo de erro aleatório. Segundo Lucas, os países onde a inflação tem sido relativamente estável deve mostrar maior resposta da oferta diante de um impulso inflacionário e vice-versa. Em seu famoso artigo empírico, Lucas (1973) confirmou que: Em um país com preços estáveis como os Estados Unidos ... políticas que aumentam a renda nominal tendem a ter um grande efeito inicial sobre a produção real, juntamente com uma pequena efeito positivo sobre a taxa de inflação ... Em contrapartida, em um país cujos preços são voláteis como a Argentina, mudanças nominais na renda são associadas como variações contemporâneas de preços, sem qualquer efeito perceptível sobre o produto real. A equação (5.4) pode ser reformulada para incluir um termo defasado do produto (Yt-1 - YNt -1) e esta versão foi usada por Lucas (1973) em seu trabalho empírico para lidar com o problema da persistência (correlação serial) nos movimentos dos agregados econômicos. A função de oferta agregada de Lucas agora toma a forma mostrada na equação (5.6): tNttttNt tt YYPEPYY    )()]([ 111 .. (5.6) Ao invocar a "Lei de Okun” (Okun, 1962), ou seja, de que há uma relação negativa estável e previsível entre desemprego e PNB, a curva de oferta “surpresa” de Lucas, pode ser vista simplesmente como uma representação alternativa da curva de Phillips expandida pelas expectativas racionais (5.7): )()]( 1 .. tNtttt UUPEP    (5.7) Onde Ut é a taxa de desemprego corrente e UNt é a taxa natural de desemprego. Rearranjando (5.7), obtemos a equação (5.8): )]([1 1 ..  tttNt PEPUU t  (5.8) Nessa formulação, uma surpresa inflacionária leva a uma redução temporária do desemprego abaixo da taxa natural. Nas equações (5.6) e (5.8) uma variável real está ligada a uma variável nominal. Mas, como Lucas demonstrou, a dicotomia clássica somente é quebrada quando uma mudança na variável nominal é uma 'surpresa'. De fato, o próprio Lucas fez considerações sobre as constatações de que mudanças antecipadas e não antecipadas na expansãomonetária tem feitos muito diferentes, como a ideia-chave na macroeconomia do pós-guerra (Snowdon e Vane, 1998). Além disso, Lucas (1996) observou que essa distinção entre mudanças monetárias antecipadas e não antecipadas são uma característica de todos os modelos desenvolvidos durantes os anos 1970 dentro da tradição de expectativas recionais a fim de explicar a não neutralidade da moeda exibida nos trade-offs de curto prazo.
  • 10. 10 5.5.1 A proposição de ineficácia da política A proposição novo-clássica da ineficácia da política foi apresentada pela primeira vez em dois jornais influentes por Sargent e Wallace (1975, 1976). A proposição pode ser melhor ilustrada através da curva de demanda/oferta agregada mostrada na Figura 5.39 . Os leitores não familiarizados com a derivação deste modelo devem recorrer a qualquer texto macroeconômico padrão, como Mankiw (2003). Na Figura 5.3, a economia está inicialmente operando no ponto A, a interseção tripla AD0, e LRAS0 e SRAS. No ponto A, de acordo com a equação (5.3), o nível de preços (P0) é completamente antecipado (ou seja, o nível de preços vigentes e as expectativas coincidem), e o produto e o emprego estão em seus níveis de equilíbrio (Natural) de longo prazo (plena informação). Suponha que as autoridades anunciam que pretendem aumentar a oferta de monetária. Agentes econômicos racionais levariam em conta essa informação na formação de suas expectativas e antecipariam integralmente os efeitos do aumento da oferta de moeda sobre o nível geral de preços, de modo que o produto e o emprego permaneceriam inalterados nos seus níveis naturais. O deslocamento para a direita da curva de demanda agregada da AD0 para AD1 seria compensada por um deslocamento para cima à esquerda da curva oferta agregada positivamente inclinada de SRAS 0 para SRAS1 resultado do aumento dos salários monetários após a imediata revisão das expectativas de preço mais alto. Neste caso a economia moveria em linha reta do ponto A ao C, mantendo-se na curva vertical de oferta agregada de longo prazo, sem qualquer alteração na produção e no emprego, mesmo no curto prazo, ou seja, a moeda é super-neutro. Em contraste, suponha que as autoridades surpreendam os agentes econômicos, aumentando a oferta de moeda sem anunciar suas intenções. Nesta situação, as empresas e os trabalhadores com informação incompleta, conduziriam a um resultado que subestima o aumento do nível geral de preços, o aumento dos preços seria entendido como um aumento nos preços relativos10 e os agentes reagiriam aumentando a oferta de produtos e de trabalho. Em outras palavras, os trabalhadores e empresas teriam erroneamente entendido este aumento do nível geral de preços como um aumento real (em oposição a um valor nominal) na demanda por seus serviços/produtos e responderiam pelo aumento da oferta de trabalho/produto. Em termos da Figura 5.3, a curva de demanda agregada se deslocaria para a direita de AD0 para AD1, interceptando a curva de oferta agregada positivamente inclinada (de curto prazo) SRAS0 no ponto B. De acordo com a equação (5.3), a produção (Y1) desviaria de seu nível natural (YN) como conseqüência de desvios do nível de preços (P1) em relação ao nível esperado (P 0), isto é, como resultado de erros de expectativas dos agentes. Qualquer aumento / diminuição na produção e desemprego, argumenta-se, ser apenas temporário. Uma vez que os agentes percebem que não houve nenhuma mudança nos preços relativos, a produção e o emprego voltarão aos seus níveis equilíbrio de longo prazo (natural). Em termos da Figura 5.3, como agentes totalmente ajustado a suas expectativas de preço da curva de oferta agregada positivamente inclinada se deslocaria para cima para a esquerda, de SRAS0 para SRAS1, para cruzar AD1 no ponto C. É interessante notar que a formação novo-clássica do processo de ajustamento discutido acima(de A a C) corresponde ao caso monetarista ortodoxo de longo prazo, enquanto o último processo de ajustamento (de A para B para C) corresponde ao caso monetarista ortodoxa no curto prazo, independentemente se o aumento na oferta de moeda é imprevista ou não. Resumindo, a análise novo-clássico sugere que (i) um aumento antecipado na oferta monetária irá elevar o nível de preços e não têm nenhum efeito real sobre a produção e o emprego, e (ii) apenas surpresas monetárias imprevistas podem afetar as variáveis reais no curto prazo. Esta forte proposição de ineficácia da política tem grandes implicações para a controvérsia sobre o papel e a conduta de políticas macroeconômicas de estabilização. Se a oferta de moeda é determinada pelas autoridades de acordo com alguma ‘regra’ conhecida, então as autoridades não serão capazes de influenciar a produção e emprego, mesmo no curto prazo, prosseguindo uma política monetária sistemática que pode ser antecipada pelos agentes. Por exemplo, as autoridades podem adotar regras monetárias, o que permite, por exemplo, um crescimento monetário a uma taxa fixa dada de 6% ao ano. Na formação de suas expectativas 9 N.d.T: Figura 5.3 Os efeitos das mudanças antecipadas e não antecipadas na oferta de moeda sobre o nível de produção eo nível de preços. 10 N.d.T: Aumento do preço específico da firma em relação ao nível geral de preços. Já no caso dos trabalhadores seria uma percepção de aumento em seu salário em relação ao aumento do nível médio salarial.
  • 11. 11 de inflação, os agentes econômicos racionais irão incluir os efeitos esperados da expansão de 6% da oferta de moeda. Consequentemente, o componente sistemático (ou seja, seis por cento) da regra monetária não teria nenhum efeito sobre as variáveis reais. Se, na prática, a oferta de moeda cresceu a uma taxa de 8% ao ano, o componente não-sistemático (Inesperado) da expansão monetária (ou seja, 2% ao ano) poderia causar um aumento temporário na produção e no emprego acima dos seus equilíbrio de longo prazo (natural) níveis, devido a erros de expectativas de inflação. Em alternativa, as autoridades podem permitir que a oferta de moeda pode ser determinada por uma regra de feedback (por exemplo, em resposta a mudanças no desemprego e no produto). Novamente mudanças na taxa de crescimento monetário que surgem a partir de uma regra de feedback conhecido será antecipada pelos agentes, tornando o política de feedback do Estado ineficaz em afetar variáveis reais. Somente os desvios de uma política monetária conhecida(como erros de políticas feitas pelas autoridades monetárias ou mudanças imprevistas na política), que serão imprevistos irão influenciar o produto. A proposição de ineficácia da política pode ser expressa algebricamente da seguinte maneira (ver Gordon, 1976). Começamos por reescrever a equação Friedman-Phelps modificada em forma linear como: tNt e tt SUUPP t   )( .. (5.15) onde tS representa um "choque de oferta exógeno” (com média zero11 ) e (Ut -UNt) representa o desvio do desemprego de sua taxa natural. A equação (5.14) pode ser reescrita como: t e ttNt SPPUU t   .. )(/1 (5.15) A relação estrutural entre a inflação tP . e a taxa de expansão monetária . tM é dada por: ttt DMP  .. (5.16) onde θDt representa choques de demanda "inesperados” (como choques do setor privado), os quais também tem uma média zero. Se . tM é a taxa esperada de crescimento da oferta monetária, a expectativa racional de inflação será: .. e t e t MP  (5.17) Suponha que uma autoridade monetária de inspiração keynesiana, tente controlar o crescimento monetário de forma que ela cresce em alguns taxa constante (λ0) mais alguma proporção (λ1) do desvio do desemprego de sua taxa natural ocorrido no período anterior. Neste caso, a taxa real de crescimento monetário será: . 110 . )( 1 tNtt MUUM t    (5.18) onde . tM significa um elemento aleatório ou não previsto no crescimento monetário. A equação (5.18) indica que as autoridades monetárias estão operando numa regra sistemática de feedback a qual pode ser prevista pelos agentes econômicos racionais, se tornando parte do seu conjunto de informações (Ω t -1) na 11 N.d.T: Atenção para essa hipótese. O reconhecimento de que a inflação poderá ser também explicada por choques de oferta torna a curva de Phillips e a explicação da inflação apenas aparentemente mais flexível em relação àquela versão que interpreta a inflação apenas como tendo fonte principal os choques de demanda. No entanto, a hipótese de que os choques tem média zero significa exatamente que ao longo do tempo a inflação é essencialmente um fenômeno monetário.
  • 12. 12 equação (5.1). Agentes econômicos racionais, portanto, têm expectativas de inflação baseados na taxa de expansão monetária esperada, mostrado na equação (5.19). )( 1110 .    tNt e t UUM  (5.19) Subtraindo (5.19) de (5.18) obtemos: t e tt MMM  . (5.20) Subtraindo (5.17) a partir de (5.16) e substituindo a partir de (5.20) obtemos a equação(5.21): tt e tt DMPP   ... (5.21) Finalmente, substituindo (5.21) em (5.15) nos dá: tttnt SDMUU   )(/1 . (5.22) O ponto importante a notar na equação (5.22) é que o componente sistemático do crescimento monetário ( )( 1110    tNt UU ) o qual o governo estava tentando usar a fim de evitar que o desemprego se afaste do sua taxa natural, não entra na fórmula. O único componente da equação (5.22) que as autoridades monetárias podem influenciar diretamente é . tM , o componente aleatório do crescimento monetário. Portanto, a equação (5.22) nos diz que, no mundo de Sargent e Wallace, o desemprego pode afastar-se da sua taxa natural como resultado de choques imprevisíveis de demanda (θDt) e da oferta (θSt) ou de choques imprevistos de surpresa monetária, . tM . Quaisquer regra monetária distemática/feedback, que se torna parte do conjunto de informação dos agentes econômicos, não pode causar inflação caso haja um desvio da taxa esperada. Somente os desvios de uma política monetária conhecida (como erros de políticas feitas pelas autoridades monetárias ou mudanças imprevistas na política), que são imprevistos irão influenciar a produção e o emprego. Em suma, a abordagem prevê que, como agentes econômicos racionais irão levar em consideração qualquer regra monetária conhecida na formação de suas expectativas, as autoridades não serão capazes de influenciar a produção e o emprego, mesmo no curto prazo quando prosseguindo uma política monetária sistemática. Além disso, qualquer tentativa de afetar o produto e o emprego, por acaso ou por uma política monetária não-sistemática irá gerar apenas o aumento da variação da produção e do emprego em torno de seus níveis naturais. Pode ser visto, portanto, que o argumento apresentado por novos clássicos contra o ativismo da política é sutilmente diferente daquelas apresentadas pelos monetaristas ortodoxos (ver Capítulo 4, seção 4.3.2 sobre o papel ea condução da política monetária). A proposição de ineficácia da política monetária prevê que somente a surpresa ou imprevistas mudanças na condução da política monetária poderão produzir efeitos reais no produto (ou o que é muitas vezes referida como o ‘anticipated–unanticipated money debate12 ’) tem sido objeto de inúmeros de estudos empíricos. Os primeiros trabalhos, em especial os artigos seminais de Barro (1977a, 1978), parece apoiar a proposição. Usando dados anuais para o economia dos EUA durante o período de 1941-1976, Barro usou um método de dois estágios, em primeiro lugar estimar o crescimento inesperado e esperado(antecipado) da moeda antes de regredir produção e desemprego com crescimento monetário imprevisto. Em geral, os 12 N.d.T: debate sobre políticas antecipadas e não antecipadas.
  • 13. 13 estudos Barro suportam a ideia de que, enquanto a produção e o desemprego são afetados significativamente pelo crescimento monetário imprevisto, o crescimento previsto de moeda não teve efeitos reais. No entanto, estudos posteriores, principalmente os de Mishkin (1982) e Gordon (1982a), encontraram evidências que sugerem que ambos política monetária imprevista e prevista afetam a produção e o emprego. Em geral, embora a evidência empírica é mista, os fatos não aparecem apontar que a política monetária sistemática não tem nenhum efeito real. Além disso, como Buiter (1980) assinalou, modelos teóricos podem ser construídos, de modo que todas as mudanças previstas na taxa de crescimento monetário poderão tem efeitos reais, alterando a taxa de inflação, e conseqüentemente, a taxa de retorno sobre o dinheiro saldos que têm uma taxa nominal zero de retorno. Este, por sua vez, irá afetar a taxa de acumulação de capital, alterando a composição da carteira de equilíbrio. É também preciso dizer que mudanças fiscais totalmente antecipadas, tais como mudanças das taxas de imposto que alteram a oferta de trabalho e o comportamento de poupança, terão efeitos reais. "É evidente que a política fiscal não é neutra, mesmo no mais sistema clássico"(Buiter, 1980). Em modelos para o mercado de não-competitivo, onde os preços são fixos, as mudanças previstas na política monetária terão efeitos reais através do mecanismo IS-AD-AS-LM. Em resposta aos trabalhos de Sargent e Wallace, Fischer (1977), Phelps e Taylor (1977) e Taylor (1980) produziram modelos que incorporam salário contratados multi-período e expectativas racionais onde a política monetária não é neutra (ver Capítulo 7). Além disso, muitos keynesianos acham toda essa abordagem equivocada, mostrando que comportamentos maximizantes são compatíveis com a possibilidade de inexistência de market-clearing (Akerlof, 1979). Além disso, a idéia de estimular a demanda agregada quando a economia já está em (pleno emprego) equilíbrio teria sido anátema para Keynes. Por que essa política seria considerada necessária? Como Frank Hahn (1982, p. 75) comentou, 'keynesianos estavam preocupados com o problema de empurrar a economia à sua taxa natural, não fora dele. Se a economia já está ali, todos nós podemos ir para casa".