3. • Imagine que não há paraíso
é fácil se você tentar,
sem inferno abaixo de nós
e acima só o firmamento
Imagine todas as pessoas
vivendo para o hoje
• Na primeira estrofe, John Lennon fala sobre as religiões, que usam a promessa de um céu e a ameaça de um inferno para manipular as
ações das pessoas.
• Assim, a música já parece abrir com algo que desafia os valores da norma: ao propor que quem escuta imagine que o paraíso não existe,
parece pôr em causa as crenças da fé cristã.
• Não existindo paraíso nem inferno, as pessoas poderiam viver apenas pelo presente, nesta vida, não se
nesta vida, não se preocupando com o que viria depois.
4. • Estrofe 2
• Imagine que não há países
não é difícil de imaginar
nada pelo que matar ou morrer
e nenhum religião também
Imagine todas as pessoas
vivendo a vida em paz
• Aqui se torna mais evidente o contexto histórico da música e a influência do movimento hippie, que vigorou em força durante a década
de 60.
• A crença nos valores de "paz e amor" contrastava com os conflitos que estavam devastando o mundo. Nos Estados Unidos, a
contracultura questionou sobretudo a guerra do Vietnã, conflito sangrento contra o qual várias celebridades internacionais protestaram,
incluindo Lennon.
• Na música, o sujeito sublinha que as nações sempre foram o maior motivo para as guerras. Nesta estrofe, faz o ouvinte imaginar um
mundo onde não existem fronteiras, países, limitações.
• Sem guerras, sem mortes violentas, sem nações ou crenças que motivassem conflitos, os seremos humanos poderiam dividir o mesmo
espaço em harmonia.
5. • Refrão
• Você poderá dizer que eu sou um sonhador
mas eu não sou o único
Espero que um dia você se una a nós
e o mundo vai ser como um só
• Nesta estrofe, que se tornou a mais famosa da canção, o cantor se dirige àqueles que duvidam do que está
dizendo. Embora saiba que é taxado de "sonhador", um idealista que fantasia com um mundo utópico, ele
sabe que não está sozinho.
• Existem, em seu redor, muitas outras pessoas que também se atrevem a sonhar com esse novo mundo e a
lutar para construí-lo. Assim, convida os "descrentes" a se juntarem também, afirmando que um dia "serão
um".
• Tendo como base os laços de respeito e empatia entre os indivíduos, acredita ser possível um mundo de
paz como ele descreve. Basta que mais pessoas consigam "imaginar" um mundo assim: a força coletiva é o
fator essencial para a mudança.
6. • Estrofe 3
• Imagine nenhuma posse
eu imagino se você consegue
Sem precisar de ganância ou de fome
Uma Irmandade dos homens
• Nessa estrofe, vai mais longe, imaginando uma sociedade onde não existe a
propriedade, nem o amor cego e absoluto pelo dinheiro. Nesta passagem, chega mesmo
a questionar se o seu interlocutor consegue conceber uma realidade assim, tão diferente
daquela em que vive.
Longe da pobreza, da competição e do desespero, não haveria mais "fome" nem
"ganância". A humanidade seria, deste modo, como uma grande irmandade, onde todos
partilhariam o mundo em paz
9. RAUL SEIXAS - MOSCA
• Eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou pra lhe abusar
• Eu sou a mosca
Que perturba o seu sono
Eu sou a mosca
No seu quarto a zumbizar
• Falando com os militares, se anuncia como um pequeno ser alado que está ali para perturbar o sossego. Apesar de toda a repressão, Raul e seus
contemporâneos continuavam combatendo o conservadorismo, mesmo sabendo que a luta ainda estava longe de terminar.
• E não adianta
Vir me dedetizar
Pois nem o DDT
Pode assim me exterminar
Porque você mata uma
E vem outra em meu lugar
• No entanto, se a ditadura durava, a resistência também. Raul Seixas chama a atenção para os "subversivos" que estavam se multiplicando, deixando
evidente que matar um não valia a pena, pois sempre surgiram mais.
• Com uma metáfora como a da mosca na sopa, o cantor resumiu, de forma genial, uma forma de viver "do contra", de fazer contracultura, de reagir e
sobreviver em tempos de caos
10. APESAR DE VOCÊ – CHICO BUARQUE
• Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
• Dirigida ao governo militar, Apesar de você é uma evidente e corajosa provocação. Escrita e gravada por Chico Buarque em
1970, a canção foi censurada na época, sendo liberada apenas em 1978.
• Com a repetição do verso inicial, "Amanhã vai ser outro dia", Chico demonstrava que a esperança não tinha morrido, que o
povo continuava aguardando a queda do regime.
• Se, no presente, o povo enfrentava o autoritarismo e a repressão com um "grito contido", o músico sabia que no futuro as
coisas mudariam. Assim, como forma de alento, se atrevia a sonhar com a liberdade.
11. • Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
• O raiar do sol simbolizava o nascer de um novo tempo, o final da tristeza e escuridão que dominavam o país. Mesmo sendo censurado e perseguido
pela polícia, o músico insistia em desafiar o poder instituído e encorajar os seus ouvintes.
• A canção transmite a resiliência de um povo que, apesar de tudo, não desistia. Cansado e já sem medo, Chico Buarque ameaçou o regime autoritário,
anunciando que o seu final estava chegando.
• Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
• Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa