1. PROJETO DE MINERAÇÃO E
SUAS ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO.
Aula 10
Manoel F. Nunes
Outubro
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
FACULDADE DE ENGª. DE MINAS E MEIO AMBIENTE
2. PROJETO DE MINERAÇÃO
Projeto de Mineração:
Investimentos em mineração se caracterizam
pela limitação de sua vida útil.
Análise de viabilidade econômica
Relevância da A.V.E.
Rigidez locacional;
Uso intensivo de capital e longo prazo de
maturação;
Dimensionamento e processo de
beneficiamento específico.
3. PROJETO DE MINERAÇÃO
Elaboração de um projeto de mineração
Resumo:
exposição sucinta sobre os principais dados e circunstâncias que
envolvem o empreendimento.
Dados gerais da empresa
• nome, endereço, registros, além dos dados dos principais
acionistas.
• Capacidade empresarial, tanto do ponto de vista
administrativo como técnico.
Aspectos gerais da iniciativa
• Abrangem a situação na comunidade, país ou região
beneficiada com o projeto.
4. PROJETO DE MINERAÇÃO
Elaboração de um projeto de mineração.
Aspectos gerais da iniciativa (continuação)
• Assinalar a origem e motivos que causaram a decisão
de implantar o projeto
• Comentários sobre a atividade em questão no país,
sua relação com outros setores da economia local ou
regional e sua importância para a comunidade.
• Quais os produtos que se fabricarão na indústria e
explicar a origem das matérias-primas e outros
insumos.
5. PROJETO DE MINERAÇÃO
Estudo de mercado
especificações requeridas pelos
consumidores;
análise da oferta, diante dos projetos
existentes e em implantação;
demanda reprimida;
influência do local onde se encontra a
jazida;
6. PROJETO DE MINERAÇÃO
Estudo de mercado
influência da política governamental e da
legislação
meios de transporte e custo de frete;
existência de estoques reguladores
O estudo de mercado deve evidenciar a
aceitabilidade dos produtos, quanto à sua qualidade
(composição química e física).
Obs: Se possível promover assinatura de acordos
comerciais e contratos de longo prazo. Porque?
8. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
ETAPAS FASES PROCEDIMENTOS RESULTADOS
Prospecção
Estudos
Preliminares
Análises dos Ambientes
Geológicos
Seleção de Província
Mineral
Levantamento
Geológico
Métodos Aéreos indiretos e
prospecção geoquímica
Alvo Selecionado
Pesquisa
Mineral
Exploração Mapeamento Geológico Ocorrência Mineral
Delineamento Controle da Mineralização Depósito mineral
Avaliação
Quantificação e
Caracterização Tecnológica
Jazida Mineral
Lavra
Projeto e
Desenvolvimento
Planejamento de Lavra e
Preparação das Frentes
Abertura da Mina
Explotação Produção do Minério Mina em Atividade
Descomis-
sionamento
de Mina
Desativação
Operações de
Desmobilização da Lavra
Fim da Atividade e
Rec. Ambiental
Fechamento Recuperação Ambiental
Liberação da área da
mina para outros fins
10. Prospecção:
Levantamento Geológico Detalhado.
Levantamento topográfico;
Mapeamento geológico de detalhe;
Alguns trabalhos de superfície.
Pode ser complementado por levantamentos
geofísicos. (Magnetometria ou georadar)
ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
11. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Pesquisa Mineral – Exploração.
Trabalhos de Superfície
Sondagem Rotativa
Abertura de Galerias e Poços Profundos
Análises Químicas e Mineralógicas
12. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Levantamento de Dados Geotécnicos
RQD (“Rock Quality Designation”)
RQD, % QUALIDADE
0-25 Muito Ruim
25-50 Ruim
50-75 Razoável
75-90 Boa
90-100 Excelente
Densidade “in Situ”
13. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Pesquisa Mineral – Avaliação
métodos geoestatísticos:
Variograma => teores de blocos
Obtem-se as funções:
Reservas totais em função do teor de
corte;
Teor médio em função do teor de corte.
14. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Pesquisa Mineral – Avaliação
CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA:
Diferenças de características de amostras
de minério da jazida.
Grosseiras ou Sutis. (composição
mineralógica, textura, liberação, condições
superficiais, etc.)
técnicas de petrografia e de mineralogia
15. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Lavra – Projeto e Desenvolvimento
Inicia-se a elaboração do projeto, através da
elaboração de um estudo de alternativas,
cujo resultado é tão significativo quanto
maior for o nível de informações
disponíveis.
16. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Lavra – Projeto e Desenvolvimento
Ensaios de britagem
Ensaios de peneiramento
Ensaios de moagem
Ensaios de ciclonagem
17. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Lavra – Projeto e Desenvolvimento
Ensaios de separação gravimétrica
Ensaios de separação magnética e
eletrostática
Ensaios de espessamento e filtragem
Ensaios de flotação
18. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Lavra – Explotação
Lavra a céu aberto
Lavra subterrânea
19. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Projetos de processamento:
Inicialmente é necessária a fixação da
capacidade da planta e do regime de
trabalho.
A capacidade da planta pode ser definida
por considerações de mercado, ou de
capital a investir ou, finalmente, por
problemas de reservas
20. ETAPAS DE UM P. DE
MINERAÇÃO
Dimensionamento de equipamentos
Para dimensionar equipamentos, conta-
se, em geral, com ensaios específicos que
obedecem a condições e normas
especificas em cada operação unitária.
- Exemplo: Avaliar o consumo de energia
para uma unidade de moagem.
21. ETAPAS DE UM P. DE MINERAÇÃO
Descomissionamento de Mina
Desativação:
Desmobilização da lavra. Fim da atividade
e recuperação ambiental
Fechamento:
Recuperação ambiental e liberação da área.
22. AVALIAÇÃO DE CUSTO
• Os investimentos e a avaliação de custos na
mineração se caracterizam pela limitação da
vida útil da mina.
• Durante a vida útil da mina, o investidor deve
ter ressarcido o capital aplicado, acrescido de
remuneração compatível com os riscos do
empreendimento.
23. AVALIAÇÃO DE CUSTO
• A avaliação de custo de uma jazida se baseia
em estimativas de grandezas econômicas:
- Vida útil da mina, obtida com base na reserva
de minério existente;
- custos anuais de produção, transporte,
administração e comercialização;
- custos para reabilitação da área lavrada, ao
fim da vida útil da mina;
24. AVALIAÇÃO DE CUSTO
- capital de giro;
- condições de financiamentos que possam ser
obtidos para a instalação inicial da mina;
- despesas de administração correspondentes
ao ciclo de produção e beneficiamento.
25. AVALIAÇÃO DE CUSTO
• Custos de Administração
• Custos de Comercialização
• Capital de Giro
• Custos de Produção
• Custos de Transporte
• Investimentos Iniciais
• Substituições de Equipamentos
26. FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO
FC = E – S
ENTRADAS:
• receita pela venda de minério, concentrado,
metal ou outro tipo de produto mineral;
• valor recuperado pela venda de equipamentos
usados;
• retorno do capital de giro no fim da vida útil do
empreendimento;
• outras receitas não operacionais.
27. FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO
SAÍDAS:
• despesas com aquisição de direitos
minerários, royalties ou arrendamentos;
• despesas com desenvolvimento da lavra
(preparação para início da produção);
• investimentos para implantação da mina e
usina de tratamento (máquinas,
• equipamentos, obras de engenharia etc);
28. FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO
SAÍDAS
• investimento de capital de giro
• custos operacionais de lavra e tratamento
• impostos sobre a renda e circulação de
mercadorias, compensação financeira,
COFINS, taxas e outros tributos.
29. FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO
• Cálculo do Fluxo de Caixa – ESQUEMA SIMPLIFICADO
5. Renda Líquida (5=2-3-4)
6. Depreciação/Amortização
7. Renda Tributável (7=5-6)
8. Contribuição Sobre o Lucro
(8=7 x Alíquota)
9. Imposto de Renda (9=7 x
Alíquota)
10. Lucro Após o Imposto de
Renda (10=5-8-9)
11. Fluxo de Caixa (11=10+6-1)
1. Investimentos
Capital Fixo
Obras de Engenharia
Pesquisa e Desenvolvimento
Capital de Giro
2. Receitas
Operacionais
Não Operacionais
3. Taxas e Tributos Sobre o
Faturamento
4. Custos Operacionais
30. FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO
Existindo financiamento devem ser considerados,
no cálculo do fluxo de caixa, os seguintes pontos:
(i) subtrair da Renda Líquida (5) as despesas com os
juros incidentes sobre o saldo devedor do
financiamento — a Renda Tributável (7), portanto,
contempla a diferença referente aos juros;
(ii) adicionar ao Lucro Após o Imposto de Renda
(10), o valor do financiamento e subtrair as parcelas
correspondentes às amortizações.
32. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
• Taxa Média de Retorno (TMR):
Relação entre a média anual das entradas
líquidas de caixa e o valor absoluto do
investimento na fase pré-operacional.
33. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
Considera-se duas alternativas de investimento (A e B)
Fase Ano
Fluxo de Caixa ($ u.m)
Alternativa A Alternativa B
Pré-operacional 0 -100 -200
operacional 1 +40 +70
operacional 2 +40 +70
operacional 3 +40 +70
operacional 4 +40 +70
operacional 5 +40 +70
Total - +100 +150
TMRA = [(5 x 40) : 5 ] : 100 = 0,40 ou 40% a.a.
TMRB = [(5 x 70) : 5 ] : 200 = 0,35 ou 35% a.a.
34. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
Período de Recuperação do Investimento - payback
Ano
Alternativa A AlternativaB
FCA FCA ACUM FCB FCB ACUM
0 (100) (100) (200) (200)
1 40 (60) 70 (130)
2 40 (20) 70 (60)
3 40 20 70 10
4 40 60 70 80
5 40 100 70 150
FC = Fluxo de Caixa; FCAcum = Fluxo de Caixa Acumulado. (Valores em $u.m.)
Investimento Recuperado durante o 3º Ano
Por interpolação em A: PRI é de 2 anos e 6 meses;
Em B: 2 anos e 10 meses
35. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
• Relação Benefício-Custo: é a relação entre as entradas
líquidas de caixa (benefícios) e as saídas líquidas de
caixa (custos).
𝑅𝐵𝐶𝐴 =
5 × 40 𝑢. 𝑚
100
= 2𝑢. 𝑚
𝑅𝐵𝐶𝐵 =
5 × 70 𝑢. 𝑚
200
= 1.75𝑢. 𝑚
De acordo com a RBC, a alternativa pode ser aceita sempre que a
RBC ≥ 1,0 e deve ser descartada sempre que a RBC < 1,0
36. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
Exercício: São apresentados os resultados dos fluxos de caixa de duas
alternativas de investimento (A e B), cujos valores estão expressos em
unidades .monetárias ($u.m.). Calcular a TMR, o Payback e a RBC
Fase Ano
Fluxo de Caixa ($ u.m)
Alternativa A Alternativa B
Pré-operacional 0 -200 -220
operacional 1 +60 +70
operacional 2 +65 +70
operacional 3 +65 +70
operacional 4 +65 +80
operacional 5 +90 +80
operacional 6 +90 +80
Total - +235 +230
37. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
• Métodos Baseados no Fluxo de Caixa Descontado
- Os métodos baseados no fluxo de caixa descontado
são os que consideram, de forma combinada, o fluxo
de caix
• valor atual líquido;
• razão do valor atual líquido;
• relação benefício-custo descontado;
• valor anual equivalente;
• taxa interna de retornoa e o valor do dinheiro no
tempo.
38. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
• VPL
Onde:
t é um ponto no tempo, geralmente um ano;
n é a vida total do projeto, normalmente em anos;
i é a taxa de desconto atribuída como sendo atrativa
ao projeto;
FC é o fluxo de caixa em cada ponto no tempo.
𝑉𝑃𝐿 = 𝐹𝐶𝑡/(1 + 𝑖)𝑡
𝑛
𝑡=0
39. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
ANO
Alternativa A Alternativa B
FCA
VAL
(a 10%)
VALA FCB
VAL
(A 10%)
VALB
0 -100 1,0000 -100,00 -200 1,0000 -200,00
1 40 0,9091 36,36 70 0,9091 63,63
2 40 0,8264 33,06 70 0,8264 57,85
3 40 0,7513 30,05 70 0,7513 52,59
4 40 0,6830 27,32 70 0,6830 47,81
5 40 0,6209 24,85 70 0,6209 43,46
TOTAL 100 - 51,63 150 - 65,34
FVA(a10%) = Fator do valor atual a uma taxa de 10% (ver Tabelas financeiras)
VALA = 51,63 u.m; VALB = 65,34 u.m.
40. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
• Objetivos do VPL ou VAL:
1) indefinição da quantia excedente (VAL) que um
empreendimento pode gerar, quando relacionado à
alternativa comparativa do investidor, ou seja, aquela
na qual ele pode aplicar qualquer importância, por
qualquer prazo, a uma determinada taxa mínima, que é
a taxa de atratividade;
41. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
• Objetivos do VPL ou VAL:
2) definição do valor máximo (VAL) que pode ser pago por
uma oportunidade de investimento, ou valor mínimo
desejável (VAL) para ser recebido por uma oportunidade de
investimento, tendo garantida a rentabilidade mínima,
calculada com base na taxa de atratividade.
É o caso da avaliação de uma jazida para ser colocada em
negociação – Para o vendedor o VAL é o valor mínimo
desejável, para o comprador o VAL é o valor máximo a
ser pago (taxa de atratividade)
42. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA
Exemplo:
1. Uma mineradora está analisando a conveniência de da
compra de 4 caminhões no valor de $ 103 milhões de u.m.
Segundo os engenheiros dessa empresa, a utilização desses
veículos nos próximos cincos anos deverá gerar receitas
líquidas estimadas em $ 30; $ 35; $ 32; $ 28 e $ 20 e vinte
milhões respectivamente. Espera-se no final do 5º ano
vender esses caminhões por $17 milhões, verificar qual a
decisão da mineradora para taxas de retorno, fixadas em
15% e 18% ao ano.
43. Solução: Esquema do FC
Obs: O FC do 5º ano = preço de venda dos caminhões + receita do ano = 17 + 20 = 37
-103
30
35
32
28
37
0
1 2 3 4 5
44. Solução: Parte a)
a)
𝑉𝑃𝐿 =
30
1,151
+
35
1,152
+
32
1,153
+
28
1,154
+
37
1,155
− 103,00
𝑉𝑃𝐿 = 26,09 + 26,47 + 21,04 + 16,01 + 18,40 − 103,00
𝑉𝑃𝐿 = 108,01 − 103,00 = 5,01
VPL > 0 significa taxa efetiva superior à taxa mínima fixada em
15%. Logo o investimento deve ser feito.
45. Solução: Parte b)
b)
𝑉𝑃𝐿 =
30
1,181
+
35
1,182
+
32
1,183
+
28
1,184
+
37
1,185
− 103,00
𝑉𝑃𝐿 = 25,42 + 25,14 + 19,48 + 14,44 + 16,17 − 103,00
𝑉𝑃𝐿 = 100,65 − 103,00 = −2,35
VPL < 0, significa taxa efetiva inferior a 18%. Logo o investimento
deve ser regeitado.
53. REFERÊNCIAS
Hartman, H. E. (Ed). SME mining engineering handbook,
section 11 2nd. Ed Littleton: SME 1992
Adão Benvindo da Luz, João Alves Sampaio e Silvia Cristina
Alves França ,Tratamento de Minérios, Capítulo 20 – 5ª
Edição/Ed. - Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2010.
VIII Encontro de Dirigentes do DNPM MIGUEL ANTONIO
CEDRAZ NERY, DSc Diretor-Geral do DNPM DNPM, 20 de
agosto de 2008 Momento Atual da Mineração Brasileira e
Perspectivas
Girodo, A. C., Beraldo, J. L., Elementos Básicos de um
Projeto de Mineração (Módulo 8 do Curso Projetos de
Mineração, IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração)