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ANO I - ED. 1 - 2018
ENTREVISTA: Esmael Silva
DEPOIMENTO: Aldo Fragas
CASO DE SUCESSO: Germana Burity
30 ANOS DE IDS
Conheça os detalhes da história do Instituto
3
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
SUMÁRIO
Foto da capa: Venâncio Ulombe
Produção da capa: Tiago Martinelli
4 CARTA AO LEITOR
5 CASOS DE SUCESSO
8 HISTÓRIA
12 IN MEMORIAM
15 VISÃO CIENTÍFICA I
16 INTERNACIONAL
19 VISÃO CIENTÍFICA II
20 PROFISSÕES
22 ENTREVISTA
25 DEPOIMENTO
26 ESPECIAL
30 VISÃO CIENTÍFICA III
32 INFRAESTRUTURA
Confira os detalhes da história do IDS-Estudantes
IDS-Estudantes forma primeira turma na China e dá início à segunda
Esmael Diogo da Silva
Os detalhes do curso e das
atividades dos arquitetos
Conheça o programa Casa
de Férias do IDS-Estudantes
Tese de mestrado sobre geração
de energia por meio de biomassa
A importância da engenharia
civil para uma sociedade
20 26
30 32
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4 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
CARTA AO LEITOR
A mudança é constante!
Há mais de 20 anos apostando no seu objeto
social, o IDS Estudantes, Projeto de Formação
de Quadros, Instituição incondicionalmente
comprometida com a formação intelectual, moral
e ética de novas gerações de angolanos, [...] tem
acompanhado as mudanças das comunidades ao
redor, perspectivando a nova Angola, uma Angola
pacífica, solidária e reconstruída, de modo a
atender às suas necessidades futuras.”
“
Embaixador Ismael Diogo da Silva
Tutor e Mantenedor
Revista IDS-Estudantes
Edição 1 - 2018
IDS-Estudantes
idsestudantes.org
Tutor e Mantenedor:
Embaixador Ismael Diogo da Silva
Grand Comitê:Odóxio Campos, Emanuel
Dundão, Aldo Fragas, Avelino Chico, Edgar
Marques, Nildo Mafala e Amaro Joaquim
Presidente: Edson Diogo
edson.diogo@idsestudantes.org
COEX - Comite Executivo:
Edson Diogo, Etiene Dundão, Simone Santos,
João David, Antônio Morgado, Kinuani Costa,
José Talvez e Célia Silva
Marketing: Raquel Lago
raquel.lago@idsestudantes.org
Anuncie na revista:
publicidade@idsestudantes.org
Coordenação editorial e gráfica:
Tiago Martinelli
Colaboradores da edição:
Odóxio Campos, Hélio Aldemir
Pereira André, Emanuel Dundão,
Nildo Mafala , Edson Diogo, Joaquim
Garcia Paulino e Tiago Martinelli
Avida é como que um instrumento vertical, porque se assemelha às distintas faces do tempo. Na vida,
tudo está em sucessivas transformações e ter consiciência de tal fato é libertador. Entretanto, conseguir
usar tais transformações, criando oportunidades e tirando vantagens sucessissas, é transcedental!
Na vida, as ideias que acabam gerando melhores e maiores resultados são aquelas que se realizam
no tempo, tendo como tripé: racionalização, otimização e oportunidade, principalmente quando, aqui, são
exploradas as mudanças não compreendidas pela concorrência.
No curso da história, empresas faliram por apostarem na imutabilidade do comportamento do consumidor;
guerras foram prolongadas por se não saber ler os ventos de mudança que traziam as vantagens de
avançar; grandes finais de futebol foram perdidas por se crer fielmente que quando se está a ganhar
é preferível defender a contra-atacar. A isso se chama timing. Acertar no timing, ler as vicissitudes e
mudanças que cada situação ou geração acarreta tem sido um dos grandes emblemas e desafios do IDS-
Estudantes, Projeto de Formação de Quadros.
Há mais de 20 anos apostando no seu objeto social, o IDS-Estudantes, Projeto de Formação de Quadros,
Instituição incondicionalmente comprometida com a formação intelectual, moral e ética de novas gerações
de angolanos - pois percebe o ser humano como um indivíduo dotado de várias nuances e que, por isso,
precisa de uma formação guiada em todas as áreas da vida -, tem acompanhado as mudanças das
comunidades ao redor, perspectivando a nova Angola, uma Angola pacífica, solidária e reconstruída, de
modo a atender as suas necessidades futuras.
Nesta edição, procura-se destacar como algumas dessas mudanças e concretizações são percebidas
dentro da Instituição desde o seu limiar, pelos membros pioneiros, e como o IDS-Estudantes, Projeto de
Formação de Quadros, se tem preparado para, no timing, ir enfrentando os desafios vindouros na nova
realidade que se avizinha. Almeja-se apresentar, portanto, outrossim, de forma cronológica, a evolução do
Grupo e, consequentemente, trazer à baila a solidificação dessa cultura e clima organizacional sui generis.
5
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
CASOS DE SUCESSO
Confira as histórias de sucesso de ex-estudantes do IDS
Nome: Denilson Sebastião Cafala Domingos
Data de nascimento: 1 de fevereiro de 1989
Profissão: Engenheiro Civil
Denilson Cafala entrou para o programa IDS-Estudantes no começo do ano
de 2003, quando chegou ao Brasil para cursar a oitava série no Instituto
Adventista Brasil Central (IABC). Depois de terminar a escola, Denilson optou
por cursar uma faculdade de engenharia civil. Ainda como parte do IDS,
entrou para o Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), onde
se formou no curso que desejava. De volta à Angola, rapidamente tratou
de ocupar um cargo como engenheiro júnior na BDM Engenharia, onde
atuou em projetos de estradas e transportes e edificações. Também atuou
com o desalojamento e o alojamento da população de Cacuaco para o
Zango III. Atualmente, trabalha na Dar Angola, onde é o responsável por
toda a área de engenharia civil, fiscalizando os sistemas associados às
linhas de transmissão de Lauca. Além desse importante cargo, Denilson não
quer parar. Para o futuro, visualiza a participação em outros projetos, com
a finalidade de atuar e aprender sobre outras áreas. Contudo, o passado
com o IDS-Estudantes marcou a formação do profissional. Segundo ele, a melhor lembrança que tem são as
amizades. Mas ele destaca, também, que o regime de internato colaborou muito para a disciplina, algo que
fica para a carreira de forma positiva. Não se esquece, sobretudo, de valorizar a oportunidade que teve: “A
minha formação só foi possível graças ao IDS-Estudantes. Portanto, deixo o meu muito obrigado ao patrono.”
Nome: Edivaldo Leonel Roque Alves de Lima
Data de nascimento: 20 de setembro de 1988
Profissão: Jurista
Edivaldo Lima entrou para o IDS-Estudantes no ano de 2007, já com
o objetivo de cursar uma faculdade. O Brasil foi escolhido para os
estudos. Primeiramente, se formou em Direito pela Universidade
Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro Coelho (Unasp-EC). Ao
concluir o curso, tratou de se especializar ainda mais, por meio de
uma pós-graduação em direito tributário, empresarial e imobiliário, pela
Universidade Cândido Mendes. Com toda essa experiência adquirida,
Edivaldo retornou para Angola, onde trabalhou no Projeto Executivo para
a Reforma Tributária (PERT), que reformulou todo o sistema tributário
do país. Neste trabalho, ele atuou como técnico tributário de 1ª classe.
Atualmente, o ex-estudante do IDS assume outros importantes papéis em
Angola: é assistente jurídico do Grupo Empresarial Suninvest S.A., é vice-
presidente do Santos Futebol Clube de Angola para a área jurídica e
contencioso, bem como funcionário da admistração geral, e funcionário
da Administração Geral Tributária (AGT), onde ocupa um cargo de técnico
superior tributário de 2ª classe. Para o futuro da sua carreira, espera alcançar, com o fruto do seu
labor, o cargo de PCA, Presidente do Conselho de Administração da AGT. Sobre o IDS, Edivaldo diz ter
aprendido coisas que leva como fundamentais para a sua passagem pela Terra: “Aprendi disciplina,
responsabilidade, lealdade, simplicidade e solidariedade, além de aprender a partilhar conhecimentos.
O IDS foi, para mim, uma incubadora para a vida.”
6 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
CASOS DE SUCESSO
Nome: Paulo Gerson Diogo Alberto
Data de nascimento: 24 de novembro de 1986
Profissão: Arquiteto e Fiscal de Obras
Paulo Gerson entrou para o IDS-Estudantes no ano de 2002, quando
chegou ao Brasil para cursar a oitava série no Instituto Adventista Brasil
Central (IABC). Ao terminar o ensino fundamental, entrou para o curso de
arquitetura e urbanismo no Centro Universitário de Maringá (UniCesumar),
no Paraná, Região Sul do Brasil. Também como parte do programa do
IDS, teve a oportunidade de fazer um curso técnico em informática
básica no Senai, em 2013. Paulo lembra que o que mais marcou a sua
passagem pelo IDS foram as reuniões com o tutor, o Dr. Ismael Diogo
da Silva: “Uma pessoa com um perfil fantástico de organização. Sempre
nos passava conselhos e orientação sobre como seguir com os estudos
sem constrangimentos.” Depois de se formar, de volta à Angola, Paulo
Gerson participou de forma ativa de projetos e de obras históricas do País, como o Novo Edifício do Goe
(Gabinete de Obras Especial – Presidência de Angola), a reabilitação do Palácio Presidencial, Fundação
José Eduardo dos Santos, FESA, entre outros. Atualmente é arquiteto e fiscal de obras na Dar Handash
(Company Lebanon). Para o futuro, Paulo Gerson diz idealizar a continuidade do seu sólido plano de
carreira, objetivando colaborar para a oferta de novas oportunidades de empregos para a nova geração.
Nome: Paulo Agostinho Vidal
Data de nascimento: 10 de novembro de 1983
Profissão: Engenheiro Civil
Paulo Vidal entrou para o IDS-Estudantes em abril de 2002, ainda para cursar
o segundo grau no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (IACS), no Rio Grande
do Sul, Região Sul do Brasil, vindo de Angola. A partir deste ponto, ele seguiu
a sua formação no Brasil. Em 2005, ingressou na Universidade Adventista de
São Paulo, Campus Engenheiro Coelho (UNASP-EC), para cursar engenharia
civil. Contudo, ao se formar, decidiu aproveitar a oportunidade oferecida pelo
IDS para se aprimorar ainda mais, antes de voltar ao seu país natal. Com
isso, de 2010 a 2011, cursou uma pós-graduação, na Anhanguera Educacional.
Logo após essa formação, em julho de 2011 voltou para Angola, onde
rapidamente participou de um processo de recrutamento para o programa
Jovem Parceiro da Odebrecht Angola, que tem como objetivo identificar,
integrar e desenvolver jovens que acabam de se formar e estão dispostos
a vencer grandes desafios em ambiente empresarial. Sendo aprovado na seleção, foi atuar no projeto da
empresas que visa a revitalização de vias, assim como a conservação e manutenção, pontos muito importantes
para Angola em um momento de reestruturação das vidas de Luanda Como ideal do programa, Paulo teve
a oportunidade de atuar em diversos segmentos dentro deste projeto, como gestão de resíduos, manutenção
de iluminação pública, conservação de áreas verdes, recuperação de asfalto, sinalização vertical e horizontal,
entre outras frentes. Atualmente, ainda pela mesma empresa, Paulo segue atuando como engenheiro civil é o
responsável pelo setor de produção e manutenção de vias. Ele conta que o IDS foi um divisor de águas em sua
vida. Com humor, explica que antes de chegar ao Brasil se considerava o pior dos estudantes: “As minhas notas
não eram motivo de orgulho”, brinca. Contudo, consciente, acabou sabendo enxergar a grande oportunidade
que teve e tratou de se aplicar nos estudos. Assim, motivado a voltar para Angola e ajudar sua família e o seu
país, o então estudante se comprometeu a ser um dos melhores e a passar rapidamente por todos os anos de
estudo, sem repetir. Dito e feito! Contudo, ele não se esquece da outra família da qual sempre fará parte, a do
IDS. “Ah! vivemos muitas emoções, cada integrante com a sua história, e momentos inesquecíveis. A Casa de
Férias, a nossa querida tia Manuela, para mim ‘madrinha’... valeu!”, lembra ele. Paulo não se esqueçe, também,
da eterna gratidão pela oportunidade, pela ajuda e pela orientação fundamental do tutor e mantenedor do IDS,
o Dr. Ismael Digo da Silva. Para o futuro, Paulo pensa em buscar ainda mais qualificação. Uma vez que neste
momento Angola não está economicamente bem, ele lembra que as vagas para trabalho são escassas e que a
capacitação e a atualização podem fazer a diferença para uma boa ocupação no mercado de trabalho.
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Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Nome: Esmael Diogo da Silva
Data de nascimento: 19 de janeiro de 1981
Profissão: Jurista/Gestor de Projetos
Esmael Diogo da Silva já possuía formação pré-universidade quando, no ano
2000, chegou ao Brasil para repetir o segundo grau no Instituto Adventista
Brasil Central (IABC), por meio do IDS-Estudantes. Depois da sua formatura, ficou
por seis meses no Paraná, Região Sul do País, onde faria o curso superior de
arquitetura ou o de relações internacionais, na Universidade Tuiuti. Contudo,
como o seu visto de estudante estava vencido, não conseguiu. Durante esse
Neste período, conversou com o tutor do IDS, que comentou que o perfil dele
tinha mais relação com o curso de direito. Aceitando a orientação, Esmael
entrou, então, para o curso de direito da Universidade Nova Iguaçu (UNIG), em
agosto de 2003. Em agosto de 2005, foi transferido para o Campus Engenheiro
Coelho da UNASP, onde concluiu o curso, em 2008. Na mesma universidade,
também em 2008, se formou em administração, dividindo o seu tempo de
estudos dos dois cursos com a tarefa administrativa do IDS-Estudantes. Depois
de formado, passou a acumular experiências, como a de consultor jurídico/
administrativo, e realizou diversos serviços filantrópicos. Em 2017, lançou o livro
Luena 45 Dias de Batalha, uma obra que retrata a história recente de Angola,
principalmente os fatos que marcaram a transição do Monopartidarismo para a Democracia. Atualmente, em
Angola, trabalha na Provedoria de Justiça, um órgão público que tem como missão defender os direitos, as
liberdades e as garantias dos cidadãos, assegurando, por meios informais, a justiça e a legalidade da atividade
dos órgãos públicos. No seu dia a dia, Esmael recebe cidadãos com problemas e produz pareceres jurídicos
que servem como base para as decisões do Provedor de Justiça. Em relação ao IDS, Esmael – além de ter
sido um estudante e de ter aprendido o melhor que o programa pode ensinar – sempre atuou em cargos de
liderança. De 2005 a 2012 foi presidente, desenvolvendo diversas tarefas, com destaque para a legalização da
instituição, incialmente como associação. Sempre presente a ativo no IDS, colaborou para a formação da imagem
e foi responsável por traduzir os ideais do tutor em diretrizes estratégicas, estabelecendo a missão, a visão, os
valores e os objetivos da instituição. Ele explica que quem tem a oportunidade de participar do IDS precisa ser
capaz de aproveitar todas as virtudes do projeto, para que, de fato, se torne um novo homem angolano e global.
“Uma das regras básicas das pessoas de sucesso é o planejamento. Quem planeja o futuro fica imune ao sabor
do vento. No seu percurso podem aparecer alguns desvios, mas você saberá sempre o momento de ajustar o
percurso, porque sabe exatamente onde pretende chegar. No meu caso, neste momento, o foco está na carreira
jurídica do setor público e estou trabalhando para alcançar o topo da carreira”, finaliza.
Nome: Germana Burity Pais de Oliveira
Data de nascimento: 2 de março de 1980
Profissão: Cirurgiã Dentista
Em 1997, Germana desembarcou no Brasil para cursar o segundo grau,
por meio do IDS-Estudantes, no Instituto Adventista Paranaense (IAP). Em
2001, depois de formada no segundo grau, entrou para a Universidade
Tuiti, também no Paraná, Região Sul do Brasil, no curso de odontologia. Ao
concluir a graduação, voltou para Angola, onde atuou em clínicas privadas
de odontologia e clínicas da aeronáutica. Hoje, acumula diversas funções
importantes para a reconstrução de Angola: é professora universitária
do curso de medicina dentária na Universidade Jean Piaget, é chefe de
serviço da área de estomatologia do hospital municipal de Viana e atua
em consultório próprio, ajudando na geração de empregos para colegas e
alunos. Sobre o IDS, Germana diz que foram muitos anos de aprendizado,
pessoal, profissional e espiritual. Ainda em 2018, ela vai começar um
mestrado em prótese dentária, na Universidade São Leopoldo, no interior
do Estado de São Paulo. Segundo ela, trata-se de uma deficiência que existe
no hospital no qual trabalha. Além disso, ela tem planos para criar um centro de atualização e aperfeiçoamento
para recém-formados em medicina dentária, além de ampliar o seu consultório, para gerar mais empregos e
aumentar a gama de serviços oferecidos, para variedades de próteses, implantes e ortodontia.
8 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Fotos: Divulgação
HISTÓRIA
Promovendo educação e desenvolvimento social
IDS completa 30 anos de atuação na formação de quadros angolanos
Por Nildo Mafala
Engenheiro Civil com MBA em Gerenciamento de Projetos e Pós-Graduação em Estruturas
de Concreto. Presidente Emérito do IDS-Estudantes. Presidiu o Grupo de 2014 a 2017. Possui
experiência em gestão de pessoas e resolução de conflitos. Entusiasta dos ideais do IDS-Estudantes
e amante de basquetebol. Estudante e defensor dos valores e cultura angolana.
Umprojetoquenasceupequeno,mascomgrandes
ambições. O IDS-Estudantes, projeto de formação
de quadros, é uma iniciativa do Emabiaxador.
Ismael Diogo da Silva para dar oportunidade de
formação para jovens. Tal iniciativa tem como ex-
plicação a sensibilidade do idealizador em relação
às causas sociais, mais precisamente à inserção dos
jovens no mercado de trabalho.
Atualmente, o IDS-Estudantes contabiliza diversos
jovens beneficiados, que tiveram a oportunidade
de cursar ensino de base, ensino médio e superior
- além de pós-graduação - em mais de cinco pa-
íses. Com isso, o programa já formou engenheiros,
médicos, arquitetos, fisioterapeutas, contadores,
administradores e advogados, entre outros profis-
sionais. Em resumo, o programa beneficia jovens
angolanos, oferecendo estudo de qualidade em di-
versos países, para que eles se formem e possam
ajudar no desenvolvimento do seu país.
Criação
O grupo, como é chamado pelos seus membros,
não surgiu alheio ao contexto histórico e social de
Angola. Na verdade, é uma grande consequência
do contexto do país no fim da década de 80 e
no início dos anos 90. Contudo, é difícil dizer com
precisão quando surgiu o IDS-Estudantes, pois a
instituição se manteve informal por bastante tempo.
De acordo com Esmael Silva, um dos primeiros
presidentes da instituição, como consequência do
processo de independência da República de Angola
1
9
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
que custou muitas vidas e levou muito intelectuais, o
país passou a viver – desde os seus primeiros anos
depois da independência de Portugal - uma grave
escassez de quadros para preencher a necessidade
de mão de obra. Por essa razão, o governo passou
a buscar massivamente a formação de quadros
profissionais no exterior, principalmente nos países
do leste europeu, com grandes concentrações na
Rússia. Muitos foram para Cuba e Portugal, além de
outros vários países de orientação socialista.
Naquele momento, os primeiros quatro jovens
selecionados pelo Dr. Isamel foram enviados para
Cuba, em 1988. Esses quatro estudantes de um
período pouco comentado e conhecido dentro da
instituição são os pioneiros do grupo. Todavia, as
bases sólidas apenas se alicerçaram no início da
década de 90, quando o Embaixador Ismael Diogo
da Silva, por ocasião da sua missão diplomática
no Brasil, estabeleceu residência no Rio de Janeiro,
onde foram criadas as condições para a atuação do
grupo no Brasil, o que resultou na migração de outros
envolvidos com o programa que estavam em Cuba.
Os primeiros membros do IDS-Estudantes dessa
nova fase no Brasil foram matriculados no Instituto
Adventista Cruzeiro do Sul – IACS, situado no Estado
do Rio Grande Sul. Contudo, os grupos seguintes
foram enviados para lugares mais diversificados e
espalhados, cada vez mais a norte do Rio Grande
do Sul, como ao Instituto Adventista Paranaense – IAP
e ao Instituto Adventista Brasil Central – IABC, todos
encaminhados para o ensino médio ou fundamental.
Atualmente, o IDS-Estudantes contabiliza diversos
jovens beneficiados, que tiveram a oportunidade de
cursar ensino de base, ensino médio e superior —
além de pós-graduação — em mais de cinco países.
3 4
1. Primeiras reuniões do IDS (esquerda) e reunião mais recente (direita):
Dr. Ismael com os estudantes do projeto
2. Estudantes em assembleia geral
3. Presidente Emérito, Nildo Mafala
4. Primeira reunião do novo comitê executivo - COEX
2
Colocar legendas
10 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
HISTÓRIA
No inicio do ano 2000, como um processo natural,
os estudantes começaram a ter uma nova demanda:
a universidade. Isso possibilitou a abertura de uma
nova frente, o núcleo de Curitiba que, segundo
Odoxio Campos, um dos líderes, teve grande reflexo
na comunidade angolana local, pois seus membros
se tornaram membros fundadores da Associação
do Estudantes Angolanos e promoveram grandes
eventos culturais e de divulgação da cultura
angolana. Naquela época, os membros do IDS-
Estudantes eram identificados como os estudantes
do cônsul ou como o grupo do Embaixador Ismael.
É importante destacar que os alunos do IDS-
Estudantes formaram uma grande força motiz que
contribuiu para a constituição e para a fundaçãoda
associação de estudantes do Paraná, bem como
para as atividades de cunho culturalm inclusive no
que diz respeito à comunidade angolana.
5. Reunião ordinária do Comitê Executivo - COEX
6. Votação para aprovação do Relatório Anual de
Atividades e Contas
7. Apresentação do Relatório de Atividades e Contas em
Assembleia Geral
5
7
6
1988 1992 2003
2000 2008
1995 2005
Em Cuba, já existia um grupo
de estudantes financiado pelo
Embaixador Ismael
Parceria com o IACS e IAP, para
alunos do ensino médio
Fechada a parceria com
a UNASP, para formação
superior
Parceria com o
IABC, ainda para o
ensino médio
LINHA DO TEMPO IDS-ESTUDANTES
Parceria com a
UFPR e com a
Universidade Tuiuti,
em Curitiba
Embaixador Ismael chega ao Brasil
como cônsul. Com isso, o grupo de
estudo chega ao novo país
Em uma mudança de estratégia,
IDS passa a buscar alunos em
instituições carentes de Angola.
IDS-Estudantes fecha parceria
com a UniCesumar
Solidificação
A partir do ano de 2003, começou o “desenho” do
projeto IDS-Estudantes e a constituição legal do grupo.
Os primeiros documentos começaram a surgir, bem
como as regras internas, anteriormente conhecidas
apenas oralmente, que passaram a fazer parte de
um regulamento mais estruturado. Os processos
começaram a ser esboçados e o estatuto discutido.
Com isso, surgiu a indecisão geral: qual será o nome
da instituição? “Apesar de adotarmos IDS-Estudantes
e hoje soar normal aos ouvidos, era estranho no inicio,
até mesmo para nós”, diz Esmael Silva. Ele que conta
que a sigla são as inicias do nome do Embaixador
Ismael Diogo da Silva, uma justa homenagem dos
estudantes aos seus esforços ao longo dos anos. Ele
lembra, ainda, que o Embaixador Ismael não aceitou
a homenagem inicialmente, por conta do seu caráter
e de sua humildade, mas com tempo cedeu às
insistências dos estudantes. Naquele mesmo período,
os primeiros formandos do ensino superior retornam
para Angola e, assim, foi encerrado o que podemos
chamar de a primeira leva do IDS.-Estudantes. O
retorno deles marcou primeiros passos, concluindo
o primeiro ciclo. Ao longo desse processo, o logotipo
da instituição foi criado, sendo que a sua versão
atual foi feita por Odóxio Campos, a pedido de
Esmael Diogo.
2010 2012 2014 2016 2017 2018
IDS-Estudantes
passa por
estruturação
financeira.
IDS-Estudantes chega à
Argentina, por meio de
parceria com a Universidad
Adventista del Plata
Lançamento da
Revista
IDS-Estudantes
IDS-Estudantes
padroniza marca por
meio de manual.
IDS-Estudantes
monta planejamento
estratégico até
2020, com planos de
expansão
IDS-Estudantes se
torna uma instituição
sem fins lucrativos
legalizada no Brasil
IDS-Estudantes consegue
convênio com a Microsoft,
para fornecimento gratuíto
de softwares
Esmael Silva e Odoxio Campos, os primeiros
líderes e principais responsáveis pela grande
estruturação do grupo, contaram com a grande
ajuda de outros grandes incentivadores, como Edgar
Marques, Isabel Troso, Flora Mawete, Rui Buriti, Paulo
Vidal e muitos outros. Com tal estruturação, fica
evidente que os principais valores são a disciplina
e a igualdade. Esse segundo fator fica evidente
quando observamos o equilíbrio na participação
de homens e mulheres, por exemplo.
Transparência e integração
Desde o principio, o IDS-Estudantes promove reuniões
com os estudantes para balanço geral, promovendo,
também, a integração do grupo, a troca de experiência,
etc. “É tradição no grupo: você só deixa de ser novato
depois da casa de férias”, diz Hélio André, engenheiro
civil formado pelo IDS-Estudantes.
A Casa de Férias é uma casa de campo, na qual
todos os estudantes reúnem-se ao fim de cada ano
letivo. O objetivo é congregar todos os estudantes
para que, juntos, eles possam comemorar a quadra
festiva (o natal e o ano novo). Contudo, o encontro
é marcado, também, pela realização da Assembleia
Geral de Apresentação do Relatório Anual de
Atividades e Contas e pela renovação de mandatos
dos órgãos diretivos da instituição.
A partir de 2003, começou o “desenho” do projeto IDS e
a constituição legal do grupo. Os primeiros documentos
começaram a surgir, bem como as regras internas,
anteriormente conhecidas apenas oralmente, que
passaram a fazer parte de um regulamento estruturado
12 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
IN memoriam
No momento em que revisava o material
para esta primeira edição da nossa
revista, me deparei com esta entrevista
do Adriano Kapangue, um ex-aluno do IDS-
Estudantes. Ao ler, meus olhos se encheram
de água, coisa que acontece com a mesma
frequência que os eclipses. Vieram-me memórias
do primeiro encontro com essa pessoa fora de
série, de um sorriso fácil e constante, otimista e
bondoso que, infelizmente, a vida nos levou cedo.
Foi um mentor, um amigo que sempre apostou
em mim. Nosso primeiro encontro foi a caminho
da Casa de Férias, em dezembro de 2007, quando
o pessoal do IABC passou pelo UNASP-EC para
pegar o ônibus fretado que nos levaria ao Rio
de Janeiro. O que mais me marcou foi o fato de
ele estar em jejum voluntário naquela viagem,
na época algo incompreensível para mim, uma
característica da sua personalidade religiosa.
A entrevista que você vai conferir a seguir
foi realizada às vésperas da formatura do
Adriano, em 2011, quando foi publicada no
quadro “Formando da Vez”, no site do IDS-
Estudantes. Infelizmente não conseguimos achar
os responsáveis pelo material para que fossem
devidamente creditados, mas estamos publicamos
com intenção de tornar viva a memoria de
um dos mais carismáticos presidentes que já
tivemos no IDS.
Como e onde foi a sua infância?
Nasci no Huambo, onde fiquei até os 5 anos.
Depois disso, meu pai – que era pastor da
Igreja Adventista do 7º dia – foi transferido para
Luanda. Então, eu e a minha família fomos para
capital do país e foi lá que eu passei parte da
minha infância, minha adolescência e o início da
juventude, no Cazenga, em Luanda. Voltei para
Huambo apenas em 2005, em uma atividade
religiosa, um encontro de filhos de pastores. De
certa forma, foi um reencontro com a minha
infância. Dessa fase da vida, me recordo dos
meus amigos a de fazer papagaio, fisga pra
matar passarinho... fazíamos, também, armadilhas
para passarinhos: eram laços com fios de náilon
e eram infalíveis. Lembro-me de que uma das
brincadeiras preferidas com meus amigos era
trepar em árvores. Não podíamos ver uma que
queríamos trepar. Na verdade, muitas vezes era
um desafio entre nós, quem conseguia ir mais
alto, quem conseguia trepar na maior árvore...
Do Cazenga [olhar longínquo de saudade e risos]
me lembro também do futebol. Muitas vezes
“matava” aula para jogar futebol ou basquete.
Uma coisa difícil de esquecer é das vezes que
ficávamos até as 22h sentados num chassi velho
de carro, conversando na porta da minha casa.
Simpatia, dedicação e exemplo de integridade
Conheça um pouco da história de um dos mais expressivos presidentes do IDS
Por Nildo Mafala
Engenheiro Civil com MBA em Gerenciamento de Projetos e Pós-Graduação em Estruturas de
Concreto. Presidente Emérito do IDS-Estudantes. Presidiu o Grupo de 2014 a 2017. Possui
experiência em gestão de pessoas e resolução de conflitos. Entusiasta dos ideais do IDS e
amante de basquetebol. Estudante e defensor dos valores e cultura angolana.
Fotos:
Divulgação
13
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Não sei de onde vinham tantas conversas... na
verdade, falávamos sobre muitas coisas... sobre
a situação do país, sobre o futuro, sobre futebol,
sobre mulher... e sobre igreja também.
Quando surgiu o desejo de ser engenheiro?
O desejo de ser engenheiro surgiu em 2007,
depois que cheguei ao Brasil. Antes eu queria muito
ser pastor. Ainda não desisti de ser pastor, mas
entendi, agora, que é possível servir a Deus mesmo
não sendo pastor. Diante disso, pretendo servir a
Deus e à sociedade com a minha profissão, porque
percebi que o desenvolvimento de um país passa,
necessariamente, pela construção da infraestrutura.
Melhorar as condições do próximo é servir a Deus.
Há quanto tempo estuda no IDS?
Estou no IDS desde o final de 2007. Lembro que
fui orientado pelo Esmael, presidente do projeto, a
escrever para o tutor. Fiz uma carta, ele corrigiu
e enviei para o Dr. Ismael. Isso foi em maio e
a resposta só chegou em dezembro, e foi uma
grande boa nova, chegou na forma de convite
para que eu participasse da Casa de Férias
como membro do grupo. Por estar no Centro
Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), já
convivia com alguns membros do IDS, mas foi na
Casa de Férias que conheci o grupo como um
todo. Tive uma boa impressão e senti uma ideia
de família, de amizades que podem durar para
a vida toda. A primeira imagem que tive do tutor
era de alguém inacessível e muito certo das
coisas que queria para o grupo. Sempre pensava
em alguém que queria o grupo organizado e
disciplinado e que faria qualquer coisa para
isso, ainda que isso chocasse pessoas ou ferisse
pessoas próximas a ele, até mesmo familiares.
No grupo IDS, amadureci muito. Aprendi a lidar
Nome completo: Adriano João Chitunda
Kapangue. Kapangue, em quimbundo, é um
gafanhoto roedor e ligeiro. E, em umbundo,
significa não faça, não trabalhou. Porquê
atribuíram esse nome a essa história é algo
que não é compreensível.
Apelido: Já teve vários apelidos, como
Adrix, Didas, Charmoso e Famoso. Em casa
chamavam de Didi.
Data de nascimento: 13/02/1985
Curso e Instituição: Engenharia Civil – UNASP
Campus Engenheiro Coelho, desde início de
2007
Um livro: Mensagem ao Jovens – Ellen G. White
Uma música: Almejo um lar – Hinário Adventista
Um cantor: Naiele Leite
Um escritor: Augusto Cury
Mensagem ao grupo: “Deixo, aqui, duas
mensagens diferentes, uma para os veteranos
e outra para os novatos. Para os que fazem
parte do IDS há tempos, parabenizo pelo
tempo de grupo e digo que nem sempre
temos tudo o que queremos ter, portanto,
aprendam a valorizar o que têm. Para os que
acabaram de chegar, quero lembrar que o
IDS é um grupo formidável, no qual você é
capaz de desenvolver relacionamentos que
podem durar a vida toda, portanto, aproveite
ao máximo o que o grupo tem a lhe oferecer.”
Partilhar oportunidades: “Isso me encaixa
no grupo e dá sentido à ele. Sou fruto dessa
partilha de oportunidades. Se não fosse isso,
eu não estaria no grupo. Ao tutor deixo o meu
sincero agradecimento pela oportunidade e
o reconhecimento dos esforços que ele tem
envidado para manter o IDS.”
“Lembro-me de que
uma das brincadeiras
preferidas com meus
amigos era trepar em
árvores. Não podíamos
ver uma que queríamos
trepar. Na verdade,
muitas vezes era um
desafio entre nós, quem
conseguia ir mais alto,
quem conseguia trepar na
maior árvore.”
14 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
In memoriam
com pessoas que veem a vida de um modo
diferente do meu. De tudo que passei, sentirei
mais saudade da Casa de Férias, porque é o
lugar onde encontramos todos os envolvidos,
como um grupo. É o lugar onde tudo acontece.
Em dezembro [2011], você se torna engenheiro
civil. O que isso significa pra você?
Me dá uma sensação de conquista. Sensação
de “deu certo!”
Nesse processo de formação no Brasil, qual foi
sua maior dificuldade?
Para ser sincero, a minha maior dificuldade
foi apenas financeira, em relação ao estudo
não tive qualquer problema. Tinha tudo pago
pelo projeto IDS, estudos, alimentação e estadia.
Mas, além disso, tinha necessidades pessoais de
higiene, vestuário, saúde e, na maior parte das
vezes em que me vi diante dessas necessidades
e não tinha condições de atendê-las por mim
mesmo, recorri ao grupo e o grupo atendeu de
pronto, especialmente quando era alguma coisa
relacionada à saúde.
O que você mais gosta nas pessoas?
O espírito de equipe. É comum ver pessoas que
se aproveitam dos outros e esse comportamento
não constrói. Quando há espírito de equipe, todos
fazem um pouco e ninguém precisa fazer tudo
sozinho. É por isso que eu gosto.
O que você aprendeu com o curso de engenharia?
Aprendi que preciso aprender muito, que o
conhecimento é muito mais amplo do que aquilo
que aprendemos na faculdade. Depois do curso,
fica a sensação de que “só sei que nada sei”.
Para o final do curso, fiz um trabalho de conclusão
(TCC) com o tema “Ferramenta Gráfica para o
Cálculo da Irradiação Solar”. Tem a ver com a
criação de um gráfico que mede a quantidade
de energia solar que chega na superfície da
Terra. O objetivo é dimensionar coletores de
energia solar. A importância desse estudo é a
facilidade de quantificação da energia solar que
cada localidade recebe, mostrando caminhos
para um melhor aproveitamento desse recurso
natural. Vale lembrar que a importância da
energia solar reside no fato de ela ser infinita
quando comparada às outras fontes de energia
utilizadas pelo homem. Então, é importante
aproveitar esse recurso natural que nos é dado
de forma gratuita.
O que Angola significa pra você e o que mais
sente saudade?
Mãe. Sinto muita saudade da minha família, da
igreja e dos amigos.
Qual foi o momento mais marcante na sua vida?
Foi um momento negativo, quando meu pai
morreu. Eu era muito pequeno, mas tive a nítida
sensação de que as coisas mudariam a partir
daquele momento... e mudaram. Passei a ter mais
necessidade de tudo, afinal o meu pai era o
provedor da casa. Começou a faltar alimento,
roupas e até conselhos. Ganhei mais liberdade e
passei a ver a vida com mais responsabilidade.
A morte do meu pai mudou a minha vida e a
vida da minha família.
“É comum ver pessoas que
se aproveitam dos outros e
esse comportamento não
constrói. Quando há espírito
de equipe, todos fazem um
pouco e ninguém precisa
fazer tudo sozinho.”
15
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
visão científica I
Doação de sangue e sua importância para a
sociedade brasileira
Estudante do IDS realiza TCC sobre perfil de doadores de sangue de Maringá (PR)
Keuren Celeste da Silva Fragoso se formou em
Enfermagem pela Universidade Jean Piaget,
em Angola. Contudo, não se sentia realizada
com a sua profissão e encontrou, por meio do IDS-
Estudantes, a oportunidade de estudar no Brasil.
Depois de ser escolhida para cursar fisioterapia,
mudou o seu rumo para biomedicina, em uma
faculdade no Paraná, região sul do Brasil. Mesmo
com a intenção de voltar para atuar em Angola,
onde, hoje, trabalha na GMLAB BENGUELA, Keuren
deixou a sua marca no Brasil, sobretudo por seu
espírito sempre presente de ajudar a sociedade por
meio dos seus estudos.
Isso aconteceu por meio do seu Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC), tarefa que realizou sozinha
e com muita maestria, enfrentando todos os obstáculos
para seguir o tema que escolheu: descobrir o perfil
sorológico dos doadores de sangue da cidade de
Maringá (PR), sobretudo em relação à presença de
doenças infectocontagiosas.
Não é segredo que os bancos de sangue do Brasil,
em grande parte, sofrem com a escassez de sangue.
Com isso em mente, a então estudante, encarou o
desafio de traçar o perfil dos doadores. Segundo ela,
uma das principais dificuldades foi encontrar um he-
mocentro que aceitasse o trabalho que ela se propôs
a fazer. Depois de procurar praticamente todos os he-
mocentros da cidade, ela conseguiu um que aceitou.
Na sua tese, Keuren descobriu, primeiramente, que
os serviços de hemoterapia no Brasil existem há 70
anos, e que durante todo esse tempo existem esforços
para padronizar técnicas em prol de transfusões de
qualidade. Segundo ela, a tecnologia trouxe benefícios
para a causa, mas ainda assim a garantia de quali-
dade está ligada, sobretudo, à seleção de doadores.
E foi justamente a análise desse perfil que pautou o
TCC da então estudante.
Com a parceria firmada com um banco de sangue
particular de Maringá, Keuren passou, então, para as
análises, com foco na detecção de doenças infecto-
contagiosas. Para realizar esse trabalho, ela utilizou
um banco de dados fornecido pelo banco de sangue
e começou o seu estudo, que teve como foco os can-
didatos à doadores.
No total, a pesquisa levou em consideração 10.716
doadores. Desses, 104 foram reagentes para anti-HBc
(relacionado à hepatite B), 24 para sífilis, 7 para HBsAg
(também relacionado à hepatite B), 6 para HIV, 3 para
HCV (relacionado à hepatite C) e anti-HTLV (vírus T
linfotrópico humano). A análise buscou, também, rea-
gentes para a doença de Chagas, cuja porcentagem
foi de 0%.
Além desta análise, o TCC de Keuren colaborou
de outra forma para a sociedade médica local.
Considerando que o hemocentro cujas informações
foram analisadas possuía uma gama grande
de doadores fidelizados, que doam sangue com
frequência, a importância de fazer uma triagem
ainda na primeira doação foi evidenciada. Com isso,
é preciso, sim, incentivar a doação, mas é preciso,
sobretudo, conscientizar a população sobre a
prevenção de doenças infectocontagiosas.
Ao final do trabalho, Keuren revela que, além das
dificuldades que teve para encontrar um hemocentro,
não teve muito apoio da orientadora, por ela estar
cursando mestrado na época. Ainda assim, a nota
final do TCC dela foi de 98% de 100%. O trabalho foi,
também, publicado em uma revista de hemoterapia,
publicação que rendeu para ela o 2º lugar nas
Jornadas de Iniciação Científica no IDS, em 2015.
De volta a Angola, Keuren não atua, necessariamente,
com algo ligado ao seu TCC. Contudo, devido à
experiência patológica que conseguiu com os
processos para o seu rabalho, hoje ocupa um
cargo de patologista clínica, sendo responsável pelo
laboratório no qual trabalha.
KeurenCelestedaSilvaFragoso,ex-estudantedoIDS-Estudantes
Foto:
Divulgação
16 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
INTERNACIONAL
Por Joaquim Garcia Paulino
Atualmente cursando Engenharia Mecânica (controle de instrumentos e técnicas de automacão).
Presidente do IDS-Estudantes. Preside o Grupo de 2015 até o momento. Experiência em gestão de
pessoas e resolução de conflitos. Entusiasta dos ideais do IDS. Amante de basquetebol e futebol.
Estudante e defensor dos valores e cultura angolana.
No dia 12 de setembro de 2014 se materializou
o terceiro grande marco da história do IDS: a
chegada de um grupo de 20 bolseiros do IDS na
China, dando o início ao projeto IDS-Estudantes no país.
Ao chegarem em Xiamen, os estudantes foram
recebidos com muita alegria: “Fomos recebidos
euforicamente por membros da Universidade
Huaqiao e conduzidos para a faculdade de
línguas. Um dia depois, a direção da faculdade
organizou uma palestra na qual foi feita uma breve
introdução sobre a cultura chinesa e também foi
feita a apresentação das disciplinas que fariam
parte do programa dos primeiros dois anos da
nossa formação em língua chinesa, o mandarim”,
relata um dos estudantes, Graça Dulo.
Tal fato marcou o inicio de uma nova fase do
grupo. Existia muita ansiedade em relação aos
desdobramentos, pois, por ser um dos primeiros
grupos a serem enviados para o país, sem nenhum
membro da liderança ter passado por algum
treinamento imersivo, como seriam passados
os ideais e a cultura interna? Com esse objetivo,
dentro dos processos de acolhimento é realizada a
palestra inaugural, na qual os estudantes assimilam
as expectativas individuais e coletivas. Naquele
primeiro ano, a palestra teve como oradores a Dra.
Maria Luísa, o Dr. Avelino Chico e o intermediário
Mei Shuo, um jovem chinês que estudou no Brasil
por meio do IDS e, posteriormente, possibilitou
a abertura do polo na China, sendo o principal
interlocutor. A cada inserção de bolseiros do IDS na
China, uma nova palestra do tipo é realizada.
Diferentemente do que acontece nos outros Países,
mais especificamente no Brasil, a matriz principal,
o IDS na China tem foco exclusivamente nos
estudantes de nível superior e tem expectativa de
formação de seis anos, sendo que os dois primeiros
são focados no aprendizado do idioma (mandarim)
e os outros quatro na formação superior nas áreas
de engenharia e medicina.
Dificuldades
De modo geral, os estudantes que foram enviados
para a China apontam que as dificuldades têm
sido na adaptação à cultura, à língua, ao clima
Desembarcando na China
Saiba como foi a trajetória e a adaptação dos estudantes do IDS a uma nova realidade de vida e de estudos
Cerimônia de entrega dos certificados de conclusão do curso de línguas
Fotos:
Divulgação
17
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
e, principalmente, à alimentação. Segundo Eliseu
Pompílio, vice presidente acadêmico do IDS na
China, a diferença na alimentação já causou
muitos desconfortos: “Isso tem resultado em alguns
problemas de saúde, como problemas estomacais
e alguns problemas de pele. São ocorrências
frequentes entre os estudantes”, explica.
O grupo pioneiro foi o que mais sofreu para
adaptar-se, pois não tinha referências. Quase
não existiam pessoas que falavam português e
mandarim e a grande maioria dos estudantes não
dominava o inglês. Até mesmo os que falavam
inglês se encontravam numa situação complicada,
porque os nativos não falavam tal idioma. Alguns
alunos relatam que receberam todo o suporte inicial
de um brasileiro que morava a mais tempo na
China, que auxiliou nas dificuldades e apresentou
a cidade, fazendo com que a adaptação fosse
quase imediata e um pouco mais fácil.
Organização
A estrutura de organização na China segue o
padrão geral do estatuto do IDS-Estudantes, com
algumas alterações próprias. O órgão executivo,
o COEX, é o órgão responsável por coordenar,
organizar e suprir as dificuldades básicas dos
estudantes que fazem parte do Grupo IDS-CHINA. É
importante que os membros do COEX dominem a
língua chinesa até ao nível mínimo de comunicação
verbal e escrita, pois o COEX também tem servido
de apoio na comunicação entre os dirigentes do
IDS e a universidade para a qual os estudantes
são encaminhados.
O COEX é formado por presidente e os seus vice-
presidentes. O primeiro COEX-CHINA foi formado em
agosto de 2014, ainda em Luanda, e teve como
eleito o primeiro presidente, o Sr. Luis Sebastião.
Atualmente, o COEX é coordenado pelo presidente
O grupo na China cresceu de maneira
exponencial. Foi o grupo que mais cresceu em
toda a história do IDS.
Formandos recebem novos estudantes do IDS na China
18 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
INTERNACIONAL
Joaquim Garcia Paulino e tem como membros da
equipe os seguintes participantes:
•
• Vice-presidente: Aline Kassange
•
• Secretário geral: Erivelton Capalo
•
• Vice-presidente acadêmico: Eliseu Pompílio
•
• Vice-presidente para desporto: Américo Eiuba
•
• Vice-presidente financeiro: Alberto Dembi
•
• Vice-presidente social e cultural: Francisco P.
Cordeiro
•
• Vice-presidente para os assuntos femininos:
Catarina Vuca Nzau
•
• Vice-presidente disciplinar: Celio Goncalves
O grupo na China cresceu de maneira
exponencial. Foi o grupo que mais cresceu em toda
a história do IDS. Enquanto aumenta o número de
estudantes, aumentam, também, as complicações
da sua gestão e controle. “Certamente, não tem
sido fácil coordenar um grupo de 74 estudantes”,
diz Erivelton Capalo, secretário geral executivo do
IDS-China. Uma das razões apontadas por ele é o
grau de compreensão de todo o contexto, além
da diversidade do grupo, que tem pelo menos um
Primeiros alunos do IDS-China
1.	 Anibal Roque Seraponzo
2.	 Anderson Pedro Dos Santos
3.	 Américo Aldair Do Nascimento Eiuba
4.	 Alberto Ornelo Conde Dembi
5.	 Bruno Amós
6.	 Célio Barros de O. Gonçalves
7.	 David Matuta Bumba
8.	 Eliseu de Rosario Américo Pompílio
9.	 Erivelton Barros
10.	Geovani da Mata
11.	 Graça Chipepe Dulo
12.	 Gildo Dinis Miango Capita
13.	 João De Oliveira André
14.	 Joaquim Garcia Paulino
15.	 Norvan Romario Luemba
16.	 Pedro Cavila Gomes
17.	 Samuel Cassoma Lopes Barros
18.	Tabita Simba Buca Timpi
estudante de cada uma das províncias de Angola.
Ele explica que isso tem contribuído bastante
para as diferenças dos pontos de vista. De um
lado, essa experiência proporciona uma riqueza
inimaginável, do outro, algumas contradições de
ideias e comportamento entre alguns estudantes
não deixam de fazer com que o dia a dia seja
pouco mais exaustivo. Contudo, com os esforços e
cooperação, o COEX tem conseguido, com sucesso,
superar as diferentes ocorrências.
Desporto e cultura
Os estudantes do IDS-China têm participado
ativamente dos campeonatos universitários nas
modalidades de basquetebol, futebol 11 e futebol se
salão. Além dessas atividades esportivas, participam
de atividades culturais, como apresentação de
peças teatrais e atuações musicais.
O IDS-China, por muitas vezes, já foi solicitado
pela universidade para organizar atividades
culturais, como muitos países fazem, mas não tem
organizado tais eventos por aspectos alheios à
vontade do grupo.
Entrega dos certificados de conclusão do curso de línguas
19
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
VISÃO CIENTÍFICA II
Tratamento para camada superior de Estradas
não pavimentadas
Dissertação de ex-aluno do IDS encontra solução para emprego em solos tropicais em estradas não pavimentadas
Em 2012, com dificuldades para completar o seu
curso de engenharia civil, ainda no segundo
ano, Amaro Gabriel Joaquim Calueio – natural
de Angola/Huambo - entrou no Projeto IDS. Contudo,
não foi somente esse o ponto que o incentivou a
bater nesta porta, já que ele também apreciava
bastante os ideias e a organização do projeto
IDS-Estundantes. Com a oportunidade concedida pelo
IDS, ele conseguiu terminar os seus
estudos e se formou em Engenharia
Civil no UNASP-EC (2014).
Depois disso, o tutor e patrono do
projeto acabou vendo um potencial
em Amaro e o desafiou para con-
quistas maiores. Depois de ser formar
em Engenharia Civil, ele seguiu, então,
para uma pós-graduação em Enge-
nharia de Segurança do Trabalho na
UNASP-EC (2015). Mas não parou por
aí. Depois, ele se formou, ainda, como
Mestre em Engenharia Civil, na área
de Transportes pela UNICAMP (2017).
Segundo ele, toda essa formação
visa atender à necessidade de An-
gola no setor da construção, que tem
demandado bastante quadros nesta
área de formação.
E foi justamente na dissertação do mestrado que
Amaro resolveu abordar um tema de importância
estratégica para muitas cidades e sociedades: um
estudo dos solos tropicais para melhoria da camada
superior de estradas não pavimentadas. Nos seus
estudos inicias, Amaro acabou percebendo que não
somente no Brasil – país no qual fez o mestrado –,
mas também em Angola, os solos lateríticos (solos
predominantes em países tropicais) são abundantes.
Em regiões com baixo volume de tráfego e com
bastante solo tropical local, a estabilização com
cimento ou cal pode ser uma solução para melhoria
da camada superior de estradas de terra. Com
isso, o estudo de Amaro teve foco, justamente, na
melhoria dessa estrutura.
Com o tema escolhido, Amaro tratou de iniciar as
pesquisas bibliográficas e os testes laboratoriais. Es-
ses testes tiveram como objetivo avaliar o compor-
tamento das camadas superiores
com solos tropicais tratados com cal
ou cimento. As ações laboratoriais
tiveram como foco a aplicação de
dois aditivos químicos, o que, por fim,
acabou melhorando o desempenho
mecânico das estradas desse porte.
Com essa melhoria, em um cenário
prático, o transporte pode ser mais
rápido e seguro, facilitando, entre
outros pontos, a saída de produtos
ligados à agronomia.
Os estudos de Amaro não chega-
ram a ter experimentação em cam-
po, devido ao investimento que isso
requer, mas ele revela que ainda
espera uma oportunidade para fa-
zer um teste em um trecho piloto.
Contudo, os esforços renderam uma
boa avaliação e, até mesmo, dicas da banca exami-
nadora para o trabalho, sugerindo a avaliação dos
processos por meio software ELSYM5, de modo a fa-
cilitar os cálculos e as simulações.
Atualmente, em Angola, Amaro atua na empresa
V.A.F LDA como Eng. Civil, mas não trabalha com
algo relacionado à pavimentação de estradas. Mas
ele afirma que toda a experiência que teve com
materiais e com os seus estudos ajuda bastante no
desenvolvimento das suas atividades laborais.
ex-estudante do IDS-Estudantes
Amaro Gabriel Joaquim
Foto:
Divulgação
Fotolia/Jannoon028
20 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Fotolia/ArchMen
PROFISSÕES
Do que é feito um arquiteto
Conheça os detalhes da formação e da profissão
Por Odoxio Campos
Formado em Arquitetura e Urbanismo, MBA em Gestão de Projectos e Designer Gráfico. Atualmente
é o Presidente do Conselho de Administração e Director Geral da FOLOP Engenharia S.A. Atua
também como consultor de instituições do Estado e de empresas particulares. Ocupa um lugar
como Membro do Grand Comité do IDS.
Não poderia falar de como é o curso de
arquitetura sem efetuar uma abordagem
geral e pessoal do que é a arquitetura: posso
dizer que a mesma consiste no estudo da técnica
de organizar espaços residenciais, corporativos,
públicos e urbanos, por meio de ideias criativas
e funcionais, de modo a proporcionar condições
aceitáveis de desempenho de atividades humanas,
sendo que associadas à mesma técnica encontram-
se e normas de representação e de uso de matérias
no exercício do bem construir.
Com isso posto, digo que o curso é divertido e
lúdico. É uma mistura de história da arte desde a
idade média até aos dias de hoje com práticas de
técnicas de desenvolvimento de habilidades para
exercer a arquitetura. Nesta sequência, e tendo
em conta o avanço tecnológico, existe um mundo
maravilhoso de ferramentas digitais de apoio às
atividades dos arquitetos. Por outro lado, o curso
apresenta a arquitetura em função de sociedades,
culturas, costumes, hábitos e vivências de povos e
localização geográfica.
Ao longo do curso o aluno aprende, da mesma
forma, os períodos da arquitetura, remontando os
primórdios da humanidade até os dias de hoje,
passando pelo clássico até o contemporâneo
moderno. Para concluir, o curso é um universo
fantástico para ser explorado.
Disciplinas
Muitas disciplinas variam de nome, dependendo
da instituição de ensino. Em alguns casos algumas
disciplinas são agregadas, entretanto, existem as
21
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
fundamentais e que constituem o pilar do curso:
introdução à arquitetura, história da arquitetura,
projeto de arquitetura, desenho artístico, geometria
descritiva, plástica, resistência dos materiais,
sistemas estruturais, estatística, conforto ambiental,
urbanismo, paisagismo, legislação, planejamento
territorial, tecnologia das construções, instalações
técnicas, informática, meio ambiente e ecologia,
entre outras.
Do que é feito um bom arquiteto
Na realidade, para cursar arquitetura – pelo meu
ponto de vista – é necessário, antes de tudo, amar
artes. Isso não significa, necessariamente, que é
preciso possuir habilidades específicas, até mesmo
porque o curso proporciona disciplinas que ajudam
a desenvolver técnicas e habilidades, bem como a
criatividade. Na realidade, a arquitetura vai além
de elaboração de desenhos, como, geralmente, a
maioria das pessoas pensa.
Tipos de conteúdos teóricos e práticos
A arquitetura está estruturada, sensivelmente,
em duas vertentes, práticas e teóricas, sendo
todas elas complementares. A parte teórica
aborda a origem, o desenvolvimento e a relação
da arquitetura com outras ciências. Já a prática,
consiste no desenvolvimento de habilidades de
representação gráfica técnica e a relação com
soluções construtivas reais.
Aprendendo a ter sinergia com o mercado
A primeira impressão que um aluno de
arquitetura possui é a de que quando ele sair
da faculdade vai logo elaborar projetos. Para
muitos até tem sido esse o destino, entretanto
para a maioria não é assim, pois percebe-
se que a licenciatura foi só um começo para
abrir os caminhos. Percebe-se que durante o
curso não se viu muita coisa. E esse choque
de realidade começa antes da conclusão do
curso, se o aluno tiver a sorte de efetuar um
estágio em um bom gabinete de arquitetura.
Então, a primeira questão é observar, aprender
e mergulhar em uma nova etapa.
Mercado de trabalho
Hoje, o arquiteto pode atuar em várias
vertentes, tendo em conta o contexto social,
regional, cultural e, sobretudo, a demanda da
região de atuação. O exercício da arquitetura
depende muito da região: existem cidades
e países nos quais ainda existem muitos
projetos de raiz, entretanto, existem outros que
trabalham mais em reabilitação de edifícios
existentes. Portanto, na inserção no mercado de
trabalho o arquiteto deve saber identificar a
melhor opção. Podemos dizer que ainda existe
muito espaço no mercado para profissionais
que sabem identificar os pontos de deficit.
A remuneração também varia muito de região
para região, mas em termos gerais os salários
são aceitáveis.
Formas de atuação
Em linhas gerais, o arquiteto pode atuar como
empreendedor, constituindo um escritório ou um
atelier de arquitetura. Pode atuar, também, na
área de ordenamento urbano e territorial, na
gestão pública, com gestão de projetos, como
projetista, fiscal de obras, consultor, design de
interiores e, ainda, pode explorar outros nichos.
Dia a dia da profissão
Independentemente da área de atuação, a vida
de um arquiteto sempre é corrida, sobretudo
no começo da carreira, quando existe a busca
por estabilidade no mercado de trabalho. Na
arquitetura, dificilmente o arquiteto é dono
do tempo. Sendo uma profissão que trabalha
com a sensibilidade das pessoas, está muito
condicionada às decisões e ao bom senso de
terceiros, no caso, os clientes. Com o tempo e
a experiencia, o arquiteto vai dominar mais a
gestão do tempo e dos clientes, com auxílio de
ferramentas de gestão de projetos.
Independentemente da área de atuação, a vida de um
arquiteto sempre é corrida, sobretudo no começo da
carreira, quando existe a busca por estabilidade no
mercado de trabalho.
22 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Fotos:Divulgação
ENTREVISTA
Esmael Diogo da Silva
Nascidonoanode1981,naprovínciadeMoxico,
em Angola, Esmael Diogo da Silva se formou
em direito e em admistração, por meio do IDS.
Possui MBA em gerenciamento de projetos e
pós-graduação em direito imobiliário. Além de
ter sido estudante, manteve o envolvimento
administrativo com a Instituição. De 2005 a
2012, foi Presidente do IDS-Estudantes e
encabeçou a legalização da Instituição no
Brasil,bem como foi o responsável pela criação
das diretrizes institucionais. Atualmente, é
Chefe de Seção de Comunicação e Imagem
da Provedoria de Justiça de Angola e porta
voz da instituição. Foi aprovado no Curso do
Instituto Nacional de Justiça de Angola - INEJ
- Instituto Nacional de Estudos Jurídicos, de
onde aguarda ser empossado juiz. É, também,
autor do livro Luena, 45 Dias de Batalha.
23
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Aeducação é a principal frente de trabalho
quando o assunto é o desenvolvimento social.
Globalmente falando, não existem dúvidas
sobre isso, basta observamos o desenvolvimentos
dos países e a relação, proporcional, da qualidade
de ensino. Contudo, para que esse ideal seja uma
realidade, obviamente é preciso que a população
tenha acesso à educação.
Fornecer esse acesso à educação é o principal
motivo pela existência do IDS-Estudantes, que manda
estudantes de Angola para estudarem e se formarem
em outros países, com o iuntuíto de que eles voltem
e ajudem na recostrução de Angola. Para que
esse ideal seja alcançado, muitos profissionais se
empenham para que a tarefa seja realizada.
Além do finanaciamento dos cursos no exterior,
a instituição precisa de uma organização interna
e precisa de parcerias. Nestes pontos, um dos
porofissionais mais importantes do IDS é Esmael
Diogo da Silva, que atua na parte admistrativa
da instituição, com foco no desenvolvimento, no
crescimento e nas parcerias.
Para falar um pouco sobre o seu trabalho no
DS-Estudantes, Esmael concedeu uma entrevista
para a revista IDS-Estudantes. Ao longo do
bate-papo, o profissional contou um pouco sobre
a história, sobre a chegada ao Brasil e sobre a
chegada da instituiição em novos países, como
China e Argentina, processo do qual fez parte.
Confira a seguir a entrevista completa.
Há quanto tempo existe a parceria entre o Centro
Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) e o
Instituto de Desenvolvimento Social (IDS)?
A parceria do IDS com instituições adventistas no
Brasil começou há mais de 20 anos. Os contatos iniciais
ocorreram em 1994, quando – sob o auspício do Pastor
Paulo Martini – os primeiros estudantes do projeto
foram recebidos no Instituto Adventista Cruzeiro
do Sul (IACS) e no Instituto Adventista Paranaense
(IAP). O projeto cresceu ano após ano e, seis anos
depois, em 2000, o Instituto Adventista Brasil Central
(IABC) recebeu os primeiros estudantes angolanos.
Até 2004, a parceria com instituições Adventistas
abrangia apenas formação no nível médio. O ensino
superior era realizado em universidades públicas e
privadas no Brasil, com ênfase nos Estados do Rio
de Janeiro e Paraná. Foi em outubro de 2004 que
estudantes do projeto fizeram, pela primeira vez, o
vestibular para estudar no UNASP. Em 2005, tivemos
as primeiras turmas no UNASP, nos Campus de São
Paulo e Engenheiro Coelho.
Quando surgiu o interesse do IDS pela faculdade de
medicina da Universidad Adventista del Plata?
O curso de medicina é um dos cursos mais
procurados, por razões óbvias. No entanto, se não
é o mais caro do Brasil, é um deles. Considerando
a necessidade de materializar um dos objetivos
Expansão Brasil,
China e Argentina
Esmael Diogo da Silva, um dos responsáveis pela administração do
IDS-Estudantes, fala sobre a chegada da instituição em terras estrangeiras
“A parceria do IDS com instituições adventistas no
Brasil começou há mais de 20 anos. Os contatos iniciais
ocorreram em 1994, quando – sob o auspício do Pastor
Paulo Martini – os primeiros estudantes do projeto foram
recebidos no Instituto Adventista.”
24 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
ENTREVISTA
do projeto, que é a formação na área de saúde,
pesquisamos alternativas aos preços praticados no
Brasil e entendemos que a Universidad del Plata,
na Argentina, oferece uma bela oportunidade sem
comprometer a qualidade. Por isso o nosso interesse.
Isso aconteceu em 2011.
Desde quando o senhor está envolvido nesse projeto
de parceria entre IDS e a Universidad del Plata?
Estou envolvido desde o ano de 2011 mesmo.
Observamos grandes avanços em 2012, mas devido
a alguns aspectos operacionais, não chegamos a
enviar estudantes. Todavia, atualmente as coisas
caminham para que em breve esteja assinado
um Protocolo de Cooperação entre o Instituto de
Desenvolvimento Solidário e a universidade.
A procura pelo curso de medicina é muito grande?
Medicina é um curso tradicional e sempre esteve
no topo das opções dos jovens. A necessidade
de garantir assistência médica para a população
e melhorar as condições de vida dos nossos
semelhantes são sentimentos que servem como
motivação para muitos decidirem por esse curso.
No caso específico de Angola, ainda precisamos de
muitos médicos. Algumas estimativas mostram que
existem apenas cerca de 4 mil médicos para 24
milhões de habitantes. O número de profissionais é
claramente insuficiente para atender à demanda. Por
isso se faz necessário formar mais e mais médicos.
Quais são os principais benefícios desse projeto a
curto e longo prazo?
Os benefícios do projeto são incalculáveis.
Inicialmente, ele garante a formação a jovens
carentes que, por sua vez, contribuem para o
desenvolvimento de Angola. Há um outro aspecto
que está relacionado com o resgate da autoestima.
Quando outros jovens da mesma comunidade
testemunham a transformação de um amigo, um
parente, um vizinho em médico, engenheiro ou jurista,
passam a acreditar mais nas suas capacidades
e a vislumbrar horizontes que até então podiam
parecer impossíveis.
Qual é a importância de instituições como o IDS?
O terceiro setor é tradicionalmente um importante
parceiro do Estado (primeiro setor), que tem como
objetivo prestar serviços de populações. Desta for-
ma – considerando o histórico de guerra de Angola
e a necessidade de desenvolver o País –, instituições
como o IDS são de grande importância para ofere-
cer oportunidades e encurtar distâncias.
“As instituições do terceiro
setor são como uma via
alternativa e mais célere
no processo de melhorar
a vida das populações.
Desta forma – considerando
o histórico de guerra de
Angola e a necessidade
de desenvolver o País –,
instituições como o IDS são
de grande importância para
oferecer oportunidades e
encurtar distâncias.”
O Novo Homem Angolano
Confira como a história de Aldo Fragas mudou depois do IDS-Estudantes
DEPOIMENTO
Formado em sistemas de informação, Aldo Fragas
é auditor lider de sistemas de gestão pela ABS QE.
Possui experiência de oito anos em auditorias de
sistemas de gestão. Também já atuou em planejamento
da cadeia de abastecimento de produtos derivados de
petróleo refinado. É analista de processos de negócio
em BPM e professor universitário com experiência
em gestão de conflitos e pessoas. Membro do Grande
Comitê do IDS, se formou por meio do IDS-Estudantes,
de 2004 a 2009. Amante de leitura e pesquisa histórica,
é escritor no tempo livre, assinando artigos publicados
em plataformas de gestão empresarial. Confira a seguir,
conforme as palavras de Aldo, como foi a experiêcnia
dele no IDS.
Conheci o IDS em 2004, por meio do desejo legítimo dos meus pais de
me proporcionar uma educação institucional baseada em valores e que
me permitisse uma formação que vai além da ciência e da academia,
mas que passa, também, pelos princípios de cidadania. A intenção desse
direcionamento é que eu fosse a materialização do sonho do nosso povo e do
IDS: O HOMEM NOVO.
O tempo que vivi no internato foi nivelador para a minha indisciplina
doméstica e comportamental, tendo sido suficiente para aprender lições
de altruísmo, obediência e persistência. As atividades ali desenvolvidas
serviram de ‘argamassa’ para solidificar a minha base moral e cívica recebida
na infância. Embora jovem, aceitei o desafio de dedicar-me exclusivamente
aos assuntos escolares e não demorou para que os resultados começassem a
aparecer.
No ensino superior, minha trajetória teve momentos bons, com boas notas,
participação em congressos científicos e com o reconhecimento do corpo
docente do curso sobre o meu potencial para ser um bom profissional.
Mas essa fase teve, também, momentos ruins, como quando existiu pressão
externa para que eu cedesse a práticas não tão boas para os meus objetivos,
práticas que me levariam à margem das minhas metas, isto é, propostas de
distrações excessivas. Não teria conseguido superar isso se não tivesse
a carga educacional religiosa recebida no seio familiar e no Instituto
Adventista Brasil Central (IABC) e, com certeza, a oportunidade singular
concedida pelo patrono do IDS, o Dr. Ismael Diogo da Silva.
Hoje, após ter concluído o meu percurso acadêmico como membro do IDS na
terra verde e amarela – que aprendi a amar como minha –, dou o meu melhor
como filho, pai, irmão, esposo, amigo, profissional e cidadão e sinto-me,
ainda, responsável por passar o que aprendi no IDS àqueles que desfrutam do
mesmo desejo que um dia tive e visam a mesma oportunidade, da qual tirei o
melhor proveito.
Portanto, o IDS representa para mim um canal seguro para que jovens
angolanos tenham a chance de ver as suas vidas serem transformadas pelas
experiências adquiridas no grupo. Mais do que isso, jovens que sirvam
de lamparinas constantemente acessas, a mostrar aos sucessores qual é o
caminho, sem atalhos, que aponta para o sucesso e para a concretização do
ideal do IDS, O HOMEM NOVO.”
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Fotos:
Divulgação
ESPECIAL
Momentos especiais
Além de ser um ponto de encontro, Casa de Férias do IDS-Estudantes revitaliza as forças, propicia a
apresentação de atividades realizadas e renova os mandatos da equipe gestora da Instituição
A educação acadêmica é, sim, fundamental para
a formação de uma sociedade sólida. Contudo, é,
também, um dos únicos meios de crescimento
pessoal, seja pelo conhecimento adquirido, seja pela
posição social e no mercado de trabalho. Contudo,
para que os estudos sejam efetivamente proveitosos,
é preciso ter muita dedicação. E essa barreira nem
sempre é facilmente transposta, sobretudo quando
estamos longe de casa e da nossa família, como é o
caso dos estudantes angolanos que o IDS-Estudantes
traz para o Brasil.
Mas, felizmente, o IDS possui um lado humano muito
fortificado. Por isso, desde 1994 existe o programa
Casa de Férias do IDS-Estudantes. Trata-se de um
programa que acontece sempre em alguma casa,
em regiões serranas (geralmente no Estado do Rio
de Janeiro, como é o caso deste ano), e que tem
diversos objetivos, que serão abordados neste texto.
As casas escolhidas, que podem ser repetidas,
são locadas de dezembro a janeiro e possuem
infraestrutura de chácara, podendo comportar cerca
de 100 pessoas. Para receberem os programas,
as casas precisam ter uma ótima condição de
acomodação, espaços para palestras, espaços para
convivência e, claro, espaços para esportes e lazer.
Interação e lazer
O período no qual o programa acontece, de
dezembro a janeiro de todos os anos, não é a
toa. Como os estudantes do IDS-Estudantes vêm
para o Brasil para estudar no regime de internato,
esse é o período de férias deles, ou seja, as férias
escolares de verão. Emocionalmente falando, é um
período no qual as pessoas tendem a ficar mais
afetivas, sobretudo depois de um ano de batalha
nos estudos e, claro, de saudade da terra natal e
da família.
E esse é o primeiro objetivo do programa: receber
os alunos em um ambiente agradável para que
eles se sintam acolhidos e parte de uma sociedade.
É justamente nessa época que acontecem as festas
Casa de Férias em 2012
de final de ano e, com a folga nos estudos, a
tendência é de que os alunos sintam falta de casa.
Na Casa de Férias, contudo, eles têm contato com
angolanos que estão na mesma situação, fazem
amizades e trocam experiências.
É fato, também, que por mais que Angola e Brasil
tenham muitas coisas em comum, o dia a dia tem as
suas diferenças culturais. Por meio dessa interação,
essas experiências podem ser trocadas, fazendo
com que a adaptação seja mais fácil. Embora isso
pareça subjetivo, certamente está à margem de
ações práticas e efetivas que mantém os estudantes
focados, animados e motivados para seguir com o
programa. Vale destacar que toda essa interação
acontece em um ambiente de férias, em espaços
agradáveis, em meio à natureza, e em atividades
de esporte e lazer, o que tende a fortalecer muito
mais os laços entre as pessoas, principalmente se
levarmos em conta que ao longo dos outros meses
do ano os alunos vivem em ambientes acadêmicos
e focados principalmente no aprendizado.
Motivação
Como dito anteriormente, estudar longe de casa
e da família pode ser algo que pode atrapalhar os
estudos. Por isso, a Casa de Férias serve, também,
como uma oportunidade de engajar os alunos nos
estudos. E, para que isso aconteça, é importante que
eles percebam a razão de estarem estudando, bem
como as boas coisas que podem vir no futuro.
Por isso, a casa sempre recebe ex-estudantes
do programa que servem como casos de sucesso,
mostrando que os investimentos do instituto e
pessoais valem muito a pena. Ao conversar com
qualquer ex-estudante, fica claro que eles têm a
satisfação de ter participado do programa, assim
como fica claro que o engajamento deles não
acaba quando eles se formam. É evidente que
eles são gratos, e sempre serão, pela oportunidade
que tiveram. E é justamente esse o sentimento que
eles passam nas palestras que realizam na Casa
de Férias.
Além de ser um espaço para diversão, esportes e lazer,
a Casa de Férias é importante para a avaliação e para
o apoio dos alunos
28 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
ESPECIAL
ESPECIAL
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Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Além disso, esses ex-estudantes falam sobre
as suas trajetórias e abordam as suas boas
posições no mercado de trabalho. Com isso, os
estudantes se sentem mais motivados para seguir
em frente e para assumirem papéis importantes
na reconstrução de Angola.
Reforço
Outra forte frente de atuação na Casa de Férias
é o reforço nos estudos. Obviamente, esse conteúdo
não ocupa 100% do tempo, uma vez que o programa
tem como um dos objetivos o entretenimento. Contudo,
as dificuldades nos estudos são normais e os alunos
do IDS-Estudantes têm uma oportunidade singular
,durante os dias de Casa de Férias, de obterem ajuda
especializada para os entraves que encontram.
A cada ano os organizadores analisam como
está a média de desempenho dos alunos nos seus
respectivos cursos. Com base nessa análise, o
programa prevê mais ou menos horas de conteúdo
de estudo, segundo a necessidade observada. Com
essas informações em mãos, os organizadores
definem quais serão os conteúdos de estudos, por
vezes dividindo os estudantes em grupos segundo o
tema e o direcionamento do curso que eles fazem.
Depois, os ex-estudantes especialistas em suas
áreas são chamados para ajudar no reforço dos
estudos, fazendo palestras e se disponibilizando
para ajudar, efetivamente, todo e qualquer aluno que
apresente problemas no estudo. Com isso, eles voltam
para os seus cursos com muito mais conhecimento
do que saíram antes das férias. E é importante
destacar que o estudo que acontece na Casa de
Férias acontece de uma forma bem diferente, mais
descontraída e em um local de descompressão.
Humanização, cidadania e apoio
Hoje, a Casa de Férias é fundamental para o
programa IDS-Estudantes, não somente pelos reforços
e pela ajuda, mas pelo conjunto de tudo o que ela
representa. Certamente, a estadia na casa é algo
esperado o ano todo pelos alunos.
Além de todo esse conteúdo, na Casa de Férias
são feitos os balanços anuais do IDS-Estudantes,
tanto em relação à parte acadêmica – relacionada
aos alunos – quanto da parte financeira. Outro
destaque é que os estudantes têm a oportunidade
de conhecer o patrono do IDS-Estudantes e interagir
com ele, resultando em mais motivação.
O resultado de todos os esforços realizados são
notáveis e tangíveis, na medida em que colaboram
para a formaçõa de melhores profissionais, em
consciência sobre a atuação de cada indivíduo em
uma sociedade, e, claro, em melhores cidadãos para
Angola e para o mundo. A própria participação ativa
dos ex-alunos é uma prova viva da efetividade do
IDS-Estudantes e, claro, do programa Casa de Férias.
Esta matéria foi escrita com a colaboração de Hélio
Aldemir Pereira André. Hélio se formou do ensino
fundamental (desde a 5ª série) até a faculdade
por meio do auxílio do IDS-Estudantes e, hoje,
é engenheiro civil e sócio proprietário da HFM
Engenharia, empresa instalada em Maringá, na
Região Sul do Brasil. Atualmente, realiza palestras na
Casa de Férias, com o intuito de ajudar os alunos
atuais da instituição.
do IDS-Estudantes têm uma oportunidade singular
,durante os dias de Casa de Férias, de obterem ajuda
especializada para os entraves que encontram.
A cada ano os organizadores analisam como
está a média de desempenho dos alunos nos seus
respectivos cursos. Com base nessa análise, o
programa prevê mais ou menos horas de conteúdo
de estudo, segundo a necessidade observada. Com
essas informações em mãos, os organizadores
definem quais serão os conteúdos de estudos, por
vezes dividindo os estudantes em grupos segundo o
tema e o direcionamento do curso que eles fazem.
Depois, os ex-estudantes especialistas em suas
áreas são chamados para ajudar no reforço dos
estudos, fazendo palestras e se disponibilizando
30 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
visão científica iII
Energia inteligente e sustentável
Dissertação de mestrado de estudante do IDS propõe análise de planta industrial para a geração
de energia por meio de biomassa
Depois de concluir o ensino médio técnico, no
Instituto Médio Industrial de Luanda - curso
de Eletrônica Industrial e Automação – Etiene
Dundão – atual vice-presidente do IDS – começou
uma jornada – que ainda não pode ser dada como
finalizada - com foco na sua formação como destaque
profissional. Primeiramente, foi a graduação em
engenharia de controle e automação mecatrônica.
Depois, uma pós-graduação em engenharia de
produção. Mas não para por aí. Atualmente,
Etiene toca dois cursos, simultaneamente, uma
pós-graduação em engenharia
de segurança do trabalho e um
mestrado em Energias Sustentáveis.
É justamente sobre a tese de
mestrado de Etiene que vamos
falar aqui. Sabemos que a sus-
tentabilidade é importante para
qualquer sociedade. Para Angola,
especificamente, trata-se de mais
uma frente de trabalho para fazer
com que o país seja reconstruído
corretamente, garantindo um futu-
ro com qualidade e com acesso
a todos os recursos naturais ne-
cessários para os cidadãos, bem
como respeito à natureza. “Não
somente tenho a intenção de fa-
zer projetos que não degradam a
natureza, mas também quero tra-
balhar com algo que não tenha a
ver com combustíveis fósseis, uma vez que trata-
-se de um recurso que deve acabar”, explica.
Dentro desse contexto, o tema escolhido por Etiene
para a dissertação do mestrado não podia ser mais
conveniente: avaliação dos impactos ambientais e
economicos para a utilização de biomassa para a
geração de energia elétrica.
O grande desafio da geração de energia é
justamente trabalhar com algum recurso que não
seja finito. A biomassa, por sua vez, pode ser obtida
por meio de material orgânico, com frutas e vegetais,
o que garante a constância na disponibilidade, por
possibilitar a regeneração.
Etiene explica que a geração de energia por meio
da biomassa acontece por ciclos de vapor, depois
da queima. Ou seja, a queima gera calor e o calor
gera o vapor que, por sua vez, aciona turbinas
para a geração de energia elétrica. Contudo, a
eficiência desses procedimentos é o que garante,
ainda mais, a sustentabilidade do processo. Por
exemplo: o vapor excedente que seria liberado na
atmosfera pode voltar para o processo de produção.
Etiene lembra que para que uma planta do tipo
seja eficiente, é preciso ter muito conhecimento
sobre todos os processos. Por fim,
é fácil entender que trata-se de um
processo multidisciplinar.
Com isso, a tese de Etiene visou
analisar os impactos econômicos e
ambientais de uma planta do tipo,
com base no trabalho com bagaço
de cana-de-açúcar e em um pro-
cesso industrial, considerando os
gastos para a implantação, a ga-
rantia de sustentabilidade, os impac-
tos no entorno e, claro, os impactos
econômicos que essa alternativa em
geração de energia pode causar.
O estudante explica que os estu-
dos estão sendo feitos com base em
muita pesquisa e em busca de solu-
ções, por meio de uma investigação
incansável. As pesquisas laborato-
riais estão sendo feitas no laborató-
rio da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná
– onde o estudante está – e na COCAMAR – Coopera-
tiva Agroindustrial. Segundo ele, os resultados estão
sendo bem positivos e estão mostrando competitivi-
dade, com a vantagem de se tratar de uma energia
mais sustentável, mesmo considerando os custos de
implantação e operação de uma planta fabril.
Com 60% da dissertação pronta, Etiene afirma
que as avaliações que foram feitas até agora
revelaram 100% de aprovação. Ele explica, ainda,
que visualiza a continuidade do projeto, por meio
da empresa Siemens, que tem grandes projetos na
área de energias renováveis.
Etiene Dundão, Presidente para
Assuntos Econômicos e Financeiros e
estudante do IDS-Estudantes
Foto:
Divulgação
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32 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Freepik/chaay_tee
infraestrutura
Construindo sociedades
Entenda como devem ser as atividades da engenharia civil para a construção social
Por Tiago Martinelli
Empiricamente falando, não é possível estabe-
lecer uma data para a criação da engenha-
ria civil. Veja: desde que o homem criou uma
necessidade de juntar apenas duas peças para a
criação de um terceiro objeto, ou desde que ele
aprendeu a manipular pedras para criar melhores
condições de abrigo, já existe algo relacionado à
engenharia. Obviamente, trata-se de uma visão sim-
plista, mas que não pode ser totalmente ignorada.
Um pouco mais para a frente, quem pode negar que
as ocas em aldeias indígenas são obras de enge-
nharia civil, na medida em que nem os seus forma-
tos e nem os materiais escolhidos para a construção
estão ali por acaso?
Por isso, não conseguimos datar a atividade.
Além disso, para falar sobre o tema, precisamos
entender que a palavra “engenharia”, isoladamente,
representa a atividade de entender à fundo certo
tema a ser descriminado na palavra seguinte,
como eletrônica, de alimentos, sonora, ambiental,
aeronáutica, da computação entre tantas outras. Em
resumo, a atividade trata de entender do começo ao
fim as formas de fazer, os cálculos, o funcionamento
detalhado... enfim, é o que dá segurança e viabiliza
as diversas frentes.
Neste texto, vamos tratar justamente sobre a
engenharia civil. Segundo Kurt Amann, coordenador
do curso de engenharia civil do Centro Universitário
FEI (Brasil), historicamente o termo “engenharia
civil” surgiu como uma diferenciação do termo
“engenharia militar”, que tinha como objetivo as
ações militares mais eficientes. A troca de “militar”
por “civil” justifica a construção de obras sem
fins militares. Apenas essa explicação já coloca a
atividade como a principal base para a construção
de uma sociedade. Kurt segue explicando que foi na
Europa que a parte artística dos projetos começou
a ser separada da parte técnica e de execução.
E foi desta forma que ficou estabelecido que os
arquitetos são os responsáveis pelos desenho,
enquanto o engenheiro civil deve tocar a obra no
que diz respeito aos cálculos e à gestão.
Embora não seja possível datar a criação
da engenharia, Dickran Berberian, professor da
Universidade de Brasília (UnB) e presidente da
Infrasolo Engenharia, lembra que podemos ter uma
noção de quando a atividade de engenheiro civil
passou a ser reconhecida, ainda que não fosse
chamada de tal nome. Ele explica que no ano de
1770, com os trabalhos de Galileu Galilei e Cristóvão
33
Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
Colombo, entre outros, esse papel começou a existir,
a partir do momento em que a atividade começou
a contar com mais racionalização. Contudo, ele
recorda, também, dos chineses, que já construíam
pontes e outras obras que mostram conhecimento.
“Foi nessa época que surgiu, também, o concreto
armado”, completa o professor.
Formação social
Desde os primórdios, de uma forma ou de outra,
os seres humanos possuem suas posições sociais,
que dizem respeito à sua colaboração dentro de
um todo, bem como os direitos que eles têm dentro
deste mesmo universo. De forma simplista, podemos
mencionar um pequeno produtor agrícola: ele produz
alimento e, para escoar a sua produção, precisa de
meios de transporte, incluindo estradas e ruas. Apenas
nesse modelo simples, a engenharia civil já aparece.
Ainda que hoje fique claro que a engenharia civil
faz parte de toda a sociedade, não podemos esquecer
que o seu surgimento está ligado diretamente à
construção de moradias seguras, o que já demostra
um ideal de transformar as pessoas em cidadãos.
Depois disso, podemos mencionar, ainda, princípios
que atualmente são básicos para que exista
dignidade, como saneamento básico, água encanada
e energia elétrica. Com a organização das cidades
atuais, sobretudo quando consideramos a densidade
demográfica dos grandes centros e capitais, é
impossível conceber essas frentes de trabalho sem
a colaboração fundamental da engenharia civil.
Além dessas explicação básica, o professor Kurt
lembra de outro ponto importante, ligado, também,
à evolução da sociedade e, consequentemente,
dos indivíduos: “Em relação aos transportes, a
engenharia civil é algo que interfere diretamente
na competitividade, pois um transporte eficiente
aumenta a produtividade diária das pessoas, por
causa da redução de tempo de viagem para o
trabalho, bem como reduz custo de transporte
de matéria-prima, produtos agrícolas e minerais
produzidos no país para torná-lo mais competitivo
no mercado internacional.”
Responsabilidade
Os ideais sociais da engenharia civil são bem claros.
Contudo, para que seja algo que realmente colabora
para a construção ou para a reconstrução de uma
sociedade, é preciso abordar as responsabilidades
que regem as ações dos engenheiros civis, assim
como de qualquer empresa – privada ou estatal.
Como primeiro ponto, deve-se entender que as
obras devem ser estudadas de forma a chegar em
valores que não prejudiquem os cofres públicos e
o engenheiro têm, sim, responsabilidade nisso, na
medida em que atua para otimizar os gastos e o uso
de materiais. Trata-se de gestão da obra, que deve
ser, claramente, responsabilidade de tal profissional.
O superfaturamento ou os custos desnecessários
causam uma deficiência administrativa que funciona
como âncora para o desenvolvimento social. Não é
admissível que um engenheiro colabore para que
o custo da construção de um hospital público seja
equivalente à construção de dois, seja por escolha
de materiais, por falta de estudo do terreno ou por
qualquer outro motivo.
O professor Dickran lembra, ainda, que é
fundamental que o engenheiro civil tenha bom
senso e muito conhecimento técnico, já que somente
desta forma ele pode orientar a utilização dos
melhores materiais e trabalhar em conjunto com
os arquitetos para respeitar certas frentes, como a
preservação de áreas verdes. Note, também, que
toda a responsabilidade relacionada à segurança é,
também, responsabilidade deste profissional. Toda e
qualquer obra deve suportar as atividades para
Kurt Amann, coordenador do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário FEI
Em relação aos transportes, a engenharia civil é
algo que interfere diretamente na competitividade,
pois um transporte eficiente aumenta a produtividade
diária das pessoas, por causa da redução de tempo
de viagem para o trabalho, bem como reduz custo
de transporte de matéria-prima, produtos agrícolas
e minerais produzidos no país para torná-lo mais
competitivo no mercado internacional.”
“
34 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org
infraestrutura
as quais foi projetada e deve ser durável, evitando
gastos com manutenções frequentes e dispendiosas.
Reconstrução
A função da engenharia civil na construção de uma
sociedade já ficou clara. Contudo, precisamos enten-
der a importância da atividade em relação à re-
construção de um país como Angola, que passou por
um longo período de guerra. Historicamente falando,
temos casos bem-sucedidos de reconstrução social,
como a que ocorreu na Alemanha. Atualmente, o país
representa uma das referências mundiais de organi-
zação social e de infraestrutura sendo, inclusive, um
dos países pioneiros em construção civil sustentável.
No caso de Angola, é importante, primeiramente,
que os profissionais sejam bons conhecedores das
atividades e se aprofundem em cada projeto. Na
sequência, é preciso entender quais são as obras que
devem ser feitas, traçando o paralelo fundamental
de sua função social: obras de saneamento básico e
hospitais, para cuidar da saúde da população; obras
de infraestrutura viária, para possibilitar o transporte
de pessoas, produtos e matérias-primas, bem como
para escoar produções industriais ou agrícolas;
obras de energia e água, para gerar energia para
cidadãos, empresas e fábricas, assim como para
levar água própria para utilização e consumo; e obras
educacionais, para dar continuidade à educação dos
angolanos que vão seguir com o progresso do país.
Estas são apenas algumas das principais frentes que
devem ser foco.
O professor Kurt lembra que o cenário de recons-
trução deve ser encarado pela engenharia civil como
um campo de estudos, para a aplicação de novas
técnicas. Ele lembra, por exemplo, que a reaprovei-
tamento de resíduos de construções demolidas pode
ser um ponto diferencial, que vai economizar com
transporte, com novos materiais e contribuir com a
preservação de áreas que seriam utilizadas para
descarte. Esse tipo de trabalho é, inclusive, uma das
principais frentes de sustentabilidade na construção.
Com a necessidade de reconstrução, é evidente
que existe a possibilidade de uma evolução social e
urbana planejada, o que não é realidade em muitos
países. Isso significa que a engenharia civil deve
ser praticada de forma a prever o crescimento das
cidades, de forma organizada e sustentável, com
base em previsões de crescimento econômico e
demográfico. Com esse planejamento, é possível, por
exemplo, estabelecer regiões pré-determinadas para
a construção de hospitais para que, no futuro, toda
a população possa ser atendida devidamente. Essa
ideia deve ser estendida para instalações de água e
energia, vias, etc.
Antes mesmo de chegar nessa parte, o professor
Dickran lembra que todo esse movimento deve ter
início na construção de moradias: “A moradia é uma
questão fundamental da engenharia civil dentro de
uma sociedade. Além de ser um direito, é importante
lembrar que isso ajuda psicologicamente. A pessoa
se sente muito melhor quando detém a sua moradia.”
E é importante lembrar que, ao fornecer moradia,
é preciso oferecer a essa moradia as condições
adequadas de água encanada, energia e saneamento
básico, além de vias de acesso.
Para finalizar, mas não menos importante, é
preciso entender dois pontos. Primeiramente, toda
sociedade civil deve possuir regulamentações para
os profissionais e para as obras de construção civil.
Como segundo ponto, é preciso abordar a ética das
atividades e, nesse ponto, o leque se abre. Por mais
que o termo remeta à algo subjetivo, não é difícil
entender quais são os impactos práticos. A redução
de custos, o envolvimento social, a necessidade
de infraestrutura correta, entre outros pontos, são
assuntos que devem ser relacionados à ética.
O professor Kurt Amann lembra que as obras de
construção civil possuem valores muito altos, ainda
que sejam obtidos com toda a atenção à economia.
Com isso, é preciso que o engenheiro civil seja ético
na sua administração. “A construção civil trabalha
com obras de valor muito alto, e boa parte das
vezes ligadas ao poder público e aos governos. Há
um risco grande de corrupção, o que pode levar a
custos elevados para a sociedade com desempenho
ruim das obras executadas. As questões éticas fazem
parte do dia a dia do engenheiro, que deve tomar
decisões diariamente sobre sua atividade”, finaliza o
profissional do Centro Universitário FEI.
Dickran Berberian, professor da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Infrasolo Engenharia
A moradia é uma questão fundamental da
engenharia civil dentro de uma sociedade.
Além de ser um direito, é importante lembrar que
isso ajuda psicologicamente. A pessoa se sente
muito melhor quando detém a sua moradia.”
“
IDS:
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CHINA:
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30 anos de IDS

  • 1. ANO I - ED. 1 - 2018 ENTREVISTA: Esmael Silva DEPOIMENTO: Aldo Fragas CASO DE SUCESSO: Germana Burity 30 ANOS DE IDS Conheça os detalhes da história do Instituto
  • 2.
  • 3. 3 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org SUMÁRIO Foto da capa: Venâncio Ulombe Produção da capa: Tiago Martinelli 4 CARTA AO LEITOR 5 CASOS DE SUCESSO 8 HISTÓRIA 12 IN MEMORIAM 15 VISÃO CIENTÍFICA I 16 INTERNACIONAL 19 VISÃO CIENTÍFICA II 20 PROFISSÕES 22 ENTREVISTA 25 DEPOIMENTO 26 ESPECIAL 30 VISÃO CIENTÍFICA III 32 INFRAESTRUTURA Confira os detalhes da história do IDS-Estudantes IDS-Estudantes forma primeira turma na China e dá início à segunda Esmael Diogo da Silva Os detalhes do curso e das atividades dos arquitetos Conheça o programa Casa de Férias do IDS-Estudantes Tese de mestrado sobre geração de energia por meio de biomassa A importância da engenharia civil para uma sociedade 20 26 30 32 8 1 6 22
  • 4. 4 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org CARTA AO LEITOR A mudança é constante! Há mais de 20 anos apostando no seu objeto social, o IDS Estudantes, Projeto de Formação de Quadros, Instituição incondicionalmente comprometida com a formação intelectual, moral e ética de novas gerações de angolanos, [...] tem acompanhado as mudanças das comunidades ao redor, perspectivando a nova Angola, uma Angola pacífica, solidária e reconstruída, de modo a atender às suas necessidades futuras.” “ Embaixador Ismael Diogo da Silva Tutor e Mantenedor Revista IDS-Estudantes Edição 1 - 2018 IDS-Estudantes idsestudantes.org Tutor e Mantenedor: Embaixador Ismael Diogo da Silva Grand Comitê:Odóxio Campos, Emanuel Dundão, Aldo Fragas, Avelino Chico, Edgar Marques, Nildo Mafala e Amaro Joaquim Presidente: Edson Diogo edson.diogo@idsestudantes.org COEX - Comite Executivo: Edson Diogo, Etiene Dundão, Simone Santos, João David, Antônio Morgado, Kinuani Costa, José Talvez e Célia Silva Marketing: Raquel Lago raquel.lago@idsestudantes.org Anuncie na revista: publicidade@idsestudantes.org Coordenação editorial e gráfica: Tiago Martinelli Colaboradores da edição: Odóxio Campos, Hélio Aldemir Pereira André, Emanuel Dundão, Nildo Mafala , Edson Diogo, Joaquim Garcia Paulino e Tiago Martinelli Avida é como que um instrumento vertical, porque se assemelha às distintas faces do tempo. Na vida, tudo está em sucessivas transformações e ter consiciência de tal fato é libertador. Entretanto, conseguir usar tais transformações, criando oportunidades e tirando vantagens sucessissas, é transcedental! Na vida, as ideias que acabam gerando melhores e maiores resultados são aquelas que se realizam no tempo, tendo como tripé: racionalização, otimização e oportunidade, principalmente quando, aqui, são exploradas as mudanças não compreendidas pela concorrência. No curso da história, empresas faliram por apostarem na imutabilidade do comportamento do consumidor; guerras foram prolongadas por se não saber ler os ventos de mudança que traziam as vantagens de avançar; grandes finais de futebol foram perdidas por se crer fielmente que quando se está a ganhar é preferível defender a contra-atacar. A isso se chama timing. Acertar no timing, ler as vicissitudes e mudanças que cada situação ou geração acarreta tem sido um dos grandes emblemas e desafios do IDS- Estudantes, Projeto de Formação de Quadros. Há mais de 20 anos apostando no seu objeto social, o IDS-Estudantes, Projeto de Formação de Quadros, Instituição incondicionalmente comprometida com a formação intelectual, moral e ética de novas gerações de angolanos - pois percebe o ser humano como um indivíduo dotado de várias nuances e que, por isso, precisa de uma formação guiada em todas as áreas da vida -, tem acompanhado as mudanças das comunidades ao redor, perspectivando a nova Angola, uma Angola pacífica, solidária e reconstruída, de modo a atender as suas necessidades futuras. Nesta edição, procura-se destacar como algumas dessas mudanças e concretizações são percebidas dentro da Instituição desde o seu limiar, pelos membros pioneiros, e como o IDS-Estudantes, Projeto de Formação de Quadros, se tem preparado para, no timing, ir enfrentando os desafios vindouros na nova realidade que se avizinha. Almeja-se apresentar, portanto, outrossim, de forma cronológica, a evolução do Grupo e, consequentemente, trazer à baila a solidificação dessa cultura e clima organizacional sui generis.
  • 5. 5 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org CASOS DE SUCESSO Confira as histórias de sucesso de ex-estudantes do IDS Nome: Denilson Sebastião Cafala Domingos Data de nascimento: 1 de fevereiro de 1989 Profissão: Engenheiro Civil Denilson Cafala entrou para o programa IDS-Estudantes no começo do ano de 2003, quando chegou ao Brasil para cursar a oitava série no Instituto Adventista Brasil Central (IABC). Depois de terminar a escola, Denilson optou por cursar uma faculdade de engenharia civil. Ainda como parte do IDS, entrou para o Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), onde se formou no curso que desejava. De volta à Angola, rapidamente tratou de ocupar um cargo como engenheiro júnior na BDM Engenharia, onde atuou em projetos de estradas e transportes e edificações. Também atuou com o desalojamento e o alojamento da população de Cacuaco para o Zango III. Atualmente, trabalha na Dar Angola, onde é o responsável por toda a área de engenharia civil, fiscalizando os sistemas associados às linhas de transmissão de Lauca. Além desse importante cargo, Denilson não quer parar. Para o futuro, visualiza a participação em outros projetos, com a finalidade de atuar e aprender sobre outras áreas. Contudo, o passado com o IDS-Estudantes marcou a formação do profissional. Segundo ele, a melhor lembrança que tem são as amizades. Mas ele destaca, também, que o regime de internato colaborou muito para a disciplina, algo que fica para a carreira de forma positiva. Não se esquece, sobretudo, de valorizar a oportunidade que teve: “A minha formação só foi possível graças ao IDS-Estudantes. Portanto, deixo o meu muito obrigado ao patrono.” Nome: Edivaldo Leonel Roque Alves de Lima Data de nascimento: 20 de setembro de 1988 Profissão: Jurista Edivaldo Lima entrou para o IDS-Estudantes no ano de 2007, já com o objetivo de cursar uma faculdade. O Brasil foi escolhido para os estudos. Primeiramente, se formou em Direito pela Universidade Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro Coelho (Unasp-EC). Ao concluir o curso, tratou de se especializar ainda mais, por meio de uma pós-graduação em direito tributário, empresarial e imobiliário, pela Universidade Cândido Mendes. Com toda essa experiência adquirida, Edivaldo retornou para Angola, onde trabalhou no Projeto Executivo para a Reforma Tributária (PERT), que reformulou todo o sistema tributário do país. Neste trabalho, ele atuou como técnico tributário de 1ª classe. Atualmente, o ex-estudante do IDS assume outros importantes papéis em Angola: é assistente jurídico do Grupo Empresarial Suninvest S.A., é vice- presidente do Santos Futebol Clube de Angola para a área jurídica e contencioso, bem como funcionário da admistração geral, e funcionário da Administração Geral Tributária (AGT), onde ocupa um cargo de técnico superior tributário de 2ª classe. Para o futuro da sua carreira, espera alcançar, com o fruto do seu labor, o cargo de PCA, Presidente do Conselho de Administração da AGT. Sobre o IDS, Edivaldo diz ter aprendido coisas que leva como fundamentais para a sua passagem pela Terra: “Aprendi disciplina, responsabilidade, lealdade, simplicidade e solidariedade, além de aprender a partilhar conhecimentos. O IDS foi, para mim, uma incubadora para a vida.”
  • 6. 6 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org CASOS DE SUCESSO Nome: Paulo Gerson Diogo Alberto Data de nascimento: 24 de novembro de 1986 Profissão: Arquiteto e Fiscal de Obras Paulo Gerson entrou para o IDS-Estudantes no ano de 2002, quando chegou ao Brasil para cursar a oitava série no Instituto Adventista Brasil Central (IABC). Ao terminar o ensino fundamental, entrou para o curso de arquitetura e urbanismo no Centro Universitário de Maringá (UniCesumar), no Paraná, Região Sul do Brasil. Também como parte do programa do IDS, teve a oportunidade de fazer um curso técnico em informática básica no Senai, em 2013. Paulo lembra que o que mais marcou a sua passagem pelo IDS foram as reuniões com o tutor, o Dr. Ismael Diogo da Silva: “Uma pessoa com um perfil fantástico de organização. Sempre nos passava conselhos e orientação sobre como seguir com os estudos sem constrangimentos.” Depois de se formar, de volta à Angola, Paulo Gerson participou de forma ativa de projetos e de obras históricas do País, como o Novo Edifício do Goe (Gabinete de Obras Especial – Presidência de Angola), a reabilitação do Palácio Presidencial, Fundação José Eduardo dos Santos, FESA, entre outros. Atualmente é arquiteto e fiscal de obras na Dar Handash (Company Lebanon). Para o futuro, Paulo Gerson diz idealizar a continuidade do seu sólido plano de carreira, objetivando colaborar para a oferta de novas oportunidades de empregos para a nova geração. Nome: Paulo Agostinho Vidal Data de nascimento: 10 de novembro de 1983 Profissão: Engenheiro Civil Paulo Vidal entrou para o IDS-Estudantes em abril de 2002, ainda para cursar o segundo grau no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (IACS), no Rio Grande do Sul, Região Sul do Brasil, vindo de Angola. A partir deste ponto, ele seguiu a sua formação no Brasil. Em 2005, ingressou na Universidade Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro Coelho (UNASP-EC), para cursar engenharia civil. Contudo, ao se formar, decidiu aproveitar a oportunidade oferecida pelo IDS para se aprimorar ainda mais, antes de voltar ao seu país natal. Com isso, de 2010 a 2011, cursou uma pós-graduação, na Anhanguera Educacional. Logo após essa formação, em julho de 2011 voltou para Angola, onde rapidamente participou de um processo de recrutamento para o programa Jovem Parceiro da Odebrecht Angola, que tem como objetivo identificar, integrar e desenvolver jovens que acabam de se formar e estão dispostos a vencer grandes desafios em ambiente empresarial. Sendo aprovado na seleção, foi atuar no projeto da empresas que visa a revitalização de vias, assim como a conservação e manutenção, pontos muito importantes para Angola em um momento de reestruturação das vidas de Luanda Como ideal do programa, Paulo teve a oportunidade de atuar em diversos segmentos dentro deste projeto, como gestão de resíduos, manutenção de iluminação pública, conservação de áreas verdes, recuperação de asfalto, sinalização vertical e horizontal, entre outras frentes. Atualmente, ainda pela mesma empresa, Paulo segue atuando como engenheiro civil é o responsável pelo setor de produção e manutenção de vias. Ele conta que o IDS foi um divisor de águas em sua vida. Com humor, explica que antes de chegar ao Brasil se considerava o pior dos estudantes: “As minhas notas não eram motivo de orgulho”, brinca. Contudo, consciente, acabou sabendo enxergar a grande oportunidade que teve e tratou de se aplicar nos estudos. Assim, motivado a voltar para Angola e ajudar sua família e o seu país, o então estudante se comprometeu a ser um dos melhores e a passar rapidamente por todos os anos de estudo, sem repetir. Dito e feito! Contudo, ele não se esquece da outra família da qual sempre fará parte, a do IDS. “Ah! vivemos muitas emoções, cada integrante com a sua história, e momentos inesquecíveis. A Casa de Férias, a nossa querida tia Manuela, para mim ‘madrinha’... valeu!”, lembra ele. Paulo não se esqueçe, também, da eterna gratidão pela oportunidade, pela ajuda e pela orientação fundamental do tutor e mantenedor do IDS, o Dr. Ismael Digo da Silva. Para o futuro, Paulo pensa em buscar ainda mais qualificação. Uma vez que neste momento Angola não está economicamente bem, ele lembra que as vagas para trabalho são escassas e que a capacitação e a atualização podem fazer a diferença para uma boa ocupação no mercado de trabalho.
  • 7. 7 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Nome: Esmael Diogo da Silva Data de nascimento: 19 de janeiro de 1981 Profissão: Jurista/Gestor de Projetos Esmael Diogo da Silva já possuía formação pré-universidade quando, no ano 2000, chegou ao Brasil para repetir o segundo grau no Instituto Adventista Brasil Central (IABC), por meio do IDS-Estudantes. Depois da sua formatura, ficou por seis meses no Paraná, Região Sul do País, onde faria o curso superior de arquitetura ou o de relações internacionais, na Universidade Tuiuti. Contudo, como o seu visto de estudante estava vencido, não conseguiu. Durante esse Neste período, conversou com o tutor do IDS, que comentou que o perfil dele tinha mais relação com o curso de direito. Aceitando a orientação, Esmael entrou, então, para o curso de direito da Universidade Nova Iguaçu (UNIG), em agosto de 2003. Em agosto de 2005, foi transferido para o Campus Engenheiro Coelho da UNASP, onde concluiu o curso, em 2008. Na mesma universidade, também em 2008, se formou em administração, dividindo o seu tempo de estudos dos dois cursos com a tarefa administrativa do IDS-Estudantes. Depois de formado, passou a acumular experiências, como a de consultor jurídico/ administrativo, e realizou diversos serviços filantrópicos. Em 2017, lançou o livro Luena 45 Dias de Batalha, uma obra que retrata a história recente de Angola, principalmente os fatos que marcaram a transição do Monopartidarismo para a Democracia. Atualmente, em Angola, trabalha na Provedoria de Justiça, um órgão público que tem como missão defender os direitos, as liberdades e as garantias dos cidadãos, assegurando, por meios informais, a justiça e a legalidade da atividade dos órgãos públicos. No seu dia a dia, Esmael recebe cidadãos com problemas e produz pareceres jurídicos que servem como base para as decisões do Provedor de Justiça. Em relação ao IDS, Esmael – além de ter sido um estudante e de ter aprendido o melhor que o programa pode ensinar – sempre atuou em cargos de liderança. De 2005 a 2012 foi presidente, desenvolvendo diversas tarefas, com destaque para a legalização da instituição, incialmente como associação. Sempre presente a ativo no IDS, colaborou para a formação da imagem e foi responsável por traduzir os ideais do tutor em diretrizes estratégicas, estabelecendo a missão, a visão, os valores e os objetivos da instituição. Ele explica que quem tem a oportunidade de participar do IDS precisa ser capaz de aproveitar todas as virtudes do projeto, para que, de fato, se torne um novo homem angolano e global. “Uma das regras básicas das pessoas de sucesso é o planejamento. Quem planeja o futuro fica imune ao sabor do vento. No seu percurso podem aparecer alguns desvios, mas você saberá sempre o momento de ajustar o percurso, porque sabe exatamente onde pretende chegar. No meu caso, neste momento, o foco está na carreira jurídica do setor público e estou trabalhando para alcançar o topo da carreira”, finaliza. Nome: Germana Burity Pais de Oliveira Data de nascimento: 2 de março de 1980 Profissão: Cirurgiã Dentista Em 1997, Germana desembarcou no Brasil para cursar o segundo grau, por meio do IDS-Estudantes, no Instituto Adventista Paranaense (IAP). Em 2001, depois de formada no segundo grau, entrou para a Universidade Tuiti, também no Paraná, Região Sul do Brasil, no curso de odontologia. Ao concluir a graduação, voltou para Angola, onde atuou em clínicas privadas de odontologia e clínicas da aeronáutica. Hoje, acumula diversas funções importantes para a reconstrução de Angola: é professora universitária do curso de medicina dentária na Universidade Jean Piaget, é chefe de serviço da área de estomatologia do hospital municipal de Viana e atua em consultório próprio, ajudando na geração de empregos para colegas e alunos. Sobre o IDS, Germana diz que foram muitos anos de aprendizado, pessoal, profissional e espiritual. Ainda em 2018, ela vai começar um mestrado em prótese dentária, na Universidade São Leopoldo, no interior do Estado de São Paulo. Segundo ela, trata-se de uma deficiência que existe no hospital no qual trabalha. Além disso, ela tem planos para criar um centro de atualização e aperfeiçoamento para recém-formados em medicina dentária, além de ampliar o seu consultório, para gerar mais empregos e aumentar a gama de serviços oferecidos, para variedades de próteses, implantes e ortodontia.
  • 8. 8 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Fotos: Divulgação HISTÓRIA Promovendo educação e desenvolvimento social IDS completa 30 anos de atuação na formação de quadros angolanos Por Nildo Mafala Engenheiro Civil com MBA em Gerenciamento de Projetos e Pós-Graduação em Estruturas de Concreto. Presidente Emérito do IDS-Estudantes. Presidiu o Grupo de 2014 a 2017. Possui experiência em gestão de pessoas e resolução de conflitos. Entusiasta dos ideais do IDS-Estudantes e amante de basquetebol. Estudante e defensor dos valores e cultura angolana. Umprojetoquenasceupequeno,mascomgrandes ambições. O IDS-Estudantes, projeto de formação de quadros, é uma iniciativa do Emabiaxador. Ismael Diogo da Silva para dar oportunidade de formação para jovens. Tal iniciativa tem como ex- plicação a sensibilidade do idealizador em relação às causas sociais, mais precisamente à inserção dos jovens no mercado de trabalho. Atualmente, o IDS-Estudantes contabiliza diversos jovens beneficiados, que tiveram a oportunidade de cursar ensino de base, ensino médio e superior - além de pós-graduação - em mais de cinco pa- íses. Com isso, o programa já formou engenheiros, médicos, arquitetos, fisioterapeutas, contadores, administradores e advogados, entre outros profis- sionais. Em resumo, o programa beneficia jovens angolanos, oferecendo estudo de qualidade em di- versos países, para que eles se formem e possam ajudar no desenvolvimento do seu país. Criação O grupo, como é chamado pelos seus membros, não surgiu alheio ao contexto histórico e social de Angola. Na verdade, é uma grande consequência do contexto do país no fim da década de 80 e no início dos anos 90. Contudo, é difícil dizer com precisão quando surgiu o IDS-Estudantes, pois a instituição se manteve informal por bastante tempo. De acordo com Esmael Silva, um dos primeiros presidentes da instituição, como consequência do processo de independência da República de Angola 1
  • 9. 9 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org que custou muitas vidas e levou muito intelectuais, o país passou a viver – desde os seus primeiros anos depois da independência de Portugal - uma grave escassez de quadros para preencher a necessidade de mão de obra. Por essa razão, o governo passou a buscar massivamente a formação de quadros profissionais no exterior, principalmente nos países do leste europeu, com grandes concentrações na Rússia. Muitos foram para Cuba e Portugal, além de outros vários países de orientação socialista. Naquele momento, os primeiros quatro jovens selecionados pelo Dr. Isamel foram enviados para Cuba, em 1988. Esses quatro estudantes de um período pouco comentado e conhecido dentro da instituição são os pioneiros do grupo. Todavia, as bases sólidas apenas se alicerçaram no início da década de 90, quando o Embaixador Ismael Diogo da Silva, por ocasião da sua missão diplomática no Brasil, estabeleceu residência no Rio de Janeiro, onde foram criadas as condições para a atuação do grupo no Brasil, o que resultou na migração de outros envolvidos com o programa que estavam em Cuba. Os primeiros membros do IDS-Estudantes dessa nova fase no Brasil foram matriculados no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul – IACS, situado no Estado do Rio Grande Sul. Contudo, os grupos seguintes foram enviados para lugares mais diversificados e espalhados, cada vez mais a norte do Rio Grande do Sul, como ao Instituto Adventista Paranaense – IAP e ao Instituto Adventista Brasil Central – IABC, todos encaminhados para o ensino médio ou fundamental. Atualmente, o IDS-Estudantes contabiliza diversos jovens beneficiados, que tiveram a oportunidade de cursar ensino de base, ensino médio e superior — além de pós-graduação — em mais de cinco países. 3 4 1. Primeiras reuniões do IDS (esquerda) e reunião mais recente (direita): Dr. Ismael com os estudantes do projeto 2. Estudantes em assembleia geral 3. Presidente Emérito, Nildo Mafala 4. Primeira reunião do novo comitê executivo - COEX 2 Colocar legendas
  • 10. 10 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org HISTÓRIA No inicio do ano 2000, como um processo natural, os estudantes começaram a ter uma nova demanda: a universidade. Isso possibilitou a abertura de uma nova frente, o núcleo de Curitiba que, segundo Odoxio Campos, um dos líderes, teve grande reflexo na comunidade angolana local, pois seus membros se tornaram membros fundadores da Associação do Estudantes Angolanos e promoveram grandes eventos culturais e de divulgação da cultura angolana. Naquela época, os membros do IDS- Estudantes eram identificados como os estudantes do cônsul ou como o grupo do Embaixador Ismael. É importante destacar que os alunos do IDS- Estudantes formaram uma grande força motiz que contribuiu para a constituição e para a fundaçãoda associação de estudantes do Paraná, bem como para as atividades de cunho culturalm inclusive no que diz respeito à comunidade angolana. 5. Reunião ordinária do Comitê Executivo - COEX 6. Votação para aprovação do Relatório Anual de Atividades e Contas 7. Apresentação do Relatório de Atividades e Contas em Assembleia Geral 5 7 6 1988 1992 2003 2000 2008 1995 2005 Em Cuba, já existia um grupo de estudantes financiado pelo Embaixador Ismael Parceria com o IACS e IAP, para alunos do ensino médio Fechada a parceria com a UNASP, para formação superior Parceria com o IABC, ainda para o ensino médio LINHA DO TEMPO IDS-ESTUDANTES Parceria com a UFPR e com a Universidade Tuiuti, em Curitiba Embaixador Ismael chega ao Brasil como cônsul. Com isso, o grupo de estudo chega ao novo país Em uma mudança de estratégia, IDS passa a buscar alunos em instituições carentes de Angola. IDS-Estudantes fecha parceria com a UniCesumar
  • 11. Solidificação A partir do ano de 2003, começou o “desenho” do projeto IDS-Estudantes e a constituição legal do grupo. Os primeiros documentos começaram a surgir, bem como as regras internas, anteriormente conhecidas apenas oralmente, que passaram a fazer parte de um regulamento mais estruturado. Os processos começaram a ser esboçados e o estatuto discutido. Com isso, surgiu a indecisão geral: qual será o nome da instituição? “Apesar de adotarmos IDS-Estudantes e hoje soar normal aos ouvidos, era estranho no inicio, até mesmo para nós”, diz Esmael Silva. Ele que conta que a sigla são as inicias do nome do Embaixador Ismael Diogo da Silva, uma justa homenagem dos estudantes aos seus esforços ao longo dos anos. Ele lembra, ainda, que o Embaixador Ismael não aceitou a homenagem inicialmente, por conta do seu caráter e de sua humildade, mas com tempo cedeu às insistências dos estudantes. Naquele mesmo período, os primeiros formandos do ensino superior retornam para Angola e, assim, foi encerrado o que podemos chamar de a primeira leva do IDS.-Estudantes. O retorno deles marcou primeiros passos, concluindo o primeiro ciclo. Ao longo desse processo, o logotipo da instituição foi criado, sendo que a sua versão atual foi feita por Odóxio Campos, a pedido de Esmael Diogo. 2010 2012 2014 2016 2017 2018 IDS-Estudantes passa por estruturação financeira. IDS-Estudantes chega à Argentina, por meio de parceria com a Universidad Adventista del Plata Lançamento da Revista IDS-Estudantes IDS-Estudantes padroniza marca por meio de manual. IDS-Estudantes monta planejamento estratégico até 2020, com planos de expansão IDS-Estudantes se torna uma instituição sem fins lucrativos legalizada no Brasil IDS-Estudantes consegue convênio com a Microsoft, para fornecimento gratuíto de softwares Esmael Silva e Odoxio Campos, os primeiros líderes e principais responsáveis pela grande estruturação do grupo, contaram com a grande ajuda de outros grandes incentivadores, como Edgar Marques, Isabel Troso, Flora Mawete, Rui Buriti, Paulo Vidal e muitos outros. Com tal estruturação, fica evidente que os principais valores são a disciplina e a igualdade. Esse segundo fator fica evidente quando observamos o equilíbrio na participação de homens e mulheres, por exemplo. Transparência e integração Desde o principio, o IDS-Estudantes promove reuniões com os estudantes para balanço geral, promovendo, também, a integração do grupo, a troca de experiência, etc. “É tradição no grupo: você só deixa de ser novato depois da casa de férias”, diz Hélio André, engenheiro civil formado pelo IDS-Estudantes. A Casa de Férias é uma casa de campo, na qual todos os estudantes reúnem-se ao fim de cada ano letivo. O objetivo é congregar todos os estudantes para que, juntos, eles possam comemorar a quadra festiva (o natal e o ano novo). Contudo, o encontro é marcado, também, pela realização da Assembleia Geral de Apresentação do Relatório Anual de Atividades e Contas e pela renovação de mandatos dos órgãos diretivos da instituição. A partir de 2003, começou o “desenho” do projeto IDS e a constituição legal do grupo. Os primeiros documentos começaram a surgir, bem como as regras internas, anteriormente conhecidas apenas oralmente, que passaram a fazer parte de um regulamento estruturado
  • 12. 12 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org IN memoriam No momento em que revisava o material para esta primeira edição da nossa revista, me deparei com esta entrevista do Adriano Kapangue, um ex-aluno do IDS- Estudantes. Ao ler, meus olhos se encheram de água, coisa que acontece com a mesma frequência que os eclipses. Vieram-me memórias do primeiro encontro com essa pessoa fora de série, de um sorriso fácil e constante, otimista e bondoso que, infelizmente, a vida nos levou cedo. Foi um mentor, um amigo que sempre apostou em mim. Nosso primeiro encontro foi a caminho da Casa de Férias, em dezembro de 2007, quando o pessoal do IABC passou pelo UNASP-EC para pegar o ônibus fretado que nos levaria ao Rio de Janeiro. O que mais me marcou foi o fato de ele estar em jejum voluntário naquela viagem, na época algo incompreensível para mim, uma característica da sua personalidade religiosa. A entrevista que você vai conferir a seguir foi realizada às vésperas da formatura do Adriano, em 2011, quando foi publicada no quadro “Formando da Vez”, no site do IDS- Estudantes. Infelizmente não conseguimos achar os responsáveis pelo material para que fossem devidamente creditados, mas estamos publicamos com intenção de tornar viva a memoria de um dos mais carismáticos presidentes que já tivemos no IDS. Como e onde foi a sua infância? Nasci no Huambo, onde fiquei até os 5 anos. Depois disso, meu pai – que era pastor da Igreja Adventista do 7º dia – foi transferido para Luanda. Então, eu e a minha família fomos para capital do país e foi lá que eu passei parte da minha infância, minha adolescência e o início da juventude, no Cazenga, em Luanda. Voltei para Huambo apenas em 2005, em uma atividade religiosa, um encontro de filhos de pastores. De certa forma, foi um reencontro com a minha infância. Dessa fase da vida, me recordo dos meus amigos a de fazer papagaio, fisga pra matar passarinho... fazíamos, também, armadilhas para passarinhos: eram laços com fios de náilon e eram infalíveis. Lembro-me de que uma das brincadeiras preferidas com meus amigos era trepar em árvores. Não podíamos ver uma que queríamos trepar. Na verdade, muitas vezes era um desafio entre nós, quem conseguia ir mais alto, quem conseguia trepar na maior árvore... Do Cazenga [olhar longínquo de saudade e risos] me lembro também do futebol. Muitas vezes “matava” aula para jogar futebol ou basquete. Uma coisa difícil de esquecer é das vezes que ficávamos até as 22h sentados num chassi velho de carro, conversando na porta da minha casa. Simpatia, dedicação e exemplo de integridade Conheça um pouco da história de um dos mais expressivos presidentes do IDS Por Nildo Mafala Engenheiro Civil com MBA em Gerenciamento de Projetos e Pós-Graduação em Estruturas de Concreto. Presidente Emérito do IDS-Estudantes. Presidiu o Grupo de 2014 a 2017. Possui experiência em gestão de pessoas e resolução de conflitos. Entusiasta dos ideais do IDS e amante de basquetebol. Estudante e defensor dos valores e cultura angolana. Fotos: Divulgação
  • 13. 13 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Não sei de onde vinham tantas conversas... na verdade, falávamos sobre muitas coisas... sobre a situação do país, sobre o futuro, sobre futebol, sobre mulher... e sobre igreja também. Quando surgiu o desejo de ser engenheiro? O desejo de ser engenheiro surgiu em 2007, depois que cheguei ao Brasil. Antes eu queria muito ser pastor. Ainda não desisti de ser pastor, mas entendi, agora, que é possível servir a Deus mesmo não sendo pastor. Diante disso, pretendo servir a Deus e à sociedade com a minha profissão, porque percebi que o desenvolvimento de um país passa, necessariamente, pela construção da infraestrutura. Melhorar as condições do próximo é servir a Deus. Há quanto tempo estuda no IDS? Estou no IDS desde o final de 2007. Lembro que fui orientado pelo Esmael, presidente do projeto, a escrever para o tutor. Fiz uma carta, ele corrigiu e enviei para o Dr. Ismael. Isso foi em maio e a resposta só chegou em dezembro, e foi uma grande boa nova, chegou na forma de convite para que eu participasse da Casa de Férias como membro do grupo. Por estar no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), já convivia com alguns membros do IDS, mas foi na Casa de Férias que conheci o grupo como um todo. Tive uma boa impressão e senti uma ideia de família, de amizades que podem durar para a vida toda. A primeira imagem que tive do tutor era de alguém inacessível e muito certo das coisas que queria para o grupo. Sempre pensava em alguém que queria o grupo organizado e disciplinado e que faria qualquer coisa para isso, ainda que isso chocasse pessoas ou ferisse pessoas próximas a ele, até mesmo familiares. No grupo IDS, amadureci muito. Aprendi a lidar Nome completo: Adriano João Chitunda Kapangue. Kapangue, em quimbundo, é um gafanhoto roedor e ligeiro. E, em umbundo, significa não faça, não trabalhou. Porquê atribuíram esse nome a essa história é algo que não é compreensível. Apelido: Já teve vários apelidos, como Adrix, Didas, Charmoso e Famoso. Em casa chamavam de Didi. Data de nascimento: 13/02/1985 Curso e Instituição: Engenharia Civil – UNASP Campus Engenheiro Coelho, desde início de 2007 Um livro: Mensagem ao Jovens – Ellen G. White Uma música: Almejo um lar – Hinário Adventista Um cantor: Naiele Leite Um escritor: Augusto Cury Mensagem ao grupo: “Deixo, aqui, duas mensagens diferentes, uma para os veteranos e outra para os novatos. Para os que fazem parte do IDS há tempos, parabenizo pelo tempo de grupo e digo que nem sempre temos tudo o que queremos ter, portanto, aprendam a valorizar o que têm. Para os que acabaram de chegar, quero lembrar que o IDS é um grupo formidável, no qual você é capaz de desenvolver relacionamentos que podem durar a vida toda, portanto, aproveite ao máximo o que o grupo tem a lhe oferecer.” Partilhar oportunidades: “Isso me encaixa no grupo e dá sentido à ele. Sou fruto dessa partilha de oportunidades. Se não fosse isso, eu não estaria no grupo. Ao tutor deixo o meu sincero agradecimento pela oportunidade e o reconhecimento dos esforços que ele tem envidado para manter o IDS.” “Lembro-me de que uma das brincadeiras preferidas com meus amigos era trepar em árvores. Não podíamos ver uma que queríamos trepar. Na verdade, muitas vezes era um desafio entre nós, quem conseguia ir mais alto, quem conseguia trepar na maior árvore.”
  • 14. 14 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org In memoriam com pessoas que veem a vida de um modo diferente do meu. De tudo que passei, sentirei mais saudade da Casa de Férias, porque é o lugar onde encontramos todos os envolvidos, como um grupo. É o lugar onde tudo acontece. Em dezembro [2011], você se torna engenheiro civil. O que isso significa pra você? Me dá uma sensação de conquista. Sensação de “deu certo!” Nesse processo de formação no Brasil, qual foi sua maior dificuldade? Para ser sincero, a minha maior dificuldade foi apenas financeira, em relação ao estudo não tive qualquer problema. Tinha tudo pago pelo projeto IDS, estudos, alimentação e estadia. Mas, além disso, tinha necessidades pessoais de higiene, vestuário, saúde e, na maior parte das vezes em que me vi diante dessas necessidades e não tinha condições de atendê-las por mim mesmo, recorri ao grupo e o grupo atendeu de pronto, especialmente quando era alguma coisa relacionada à saúde. O que você mais gosta nas pessoas? O espírito de equipe. É comum ver pessoas que se aproveitam dos outros e esse comportamento não constrói. Quando há espírito de equipe, todos fazem um pouco e ninguém precisa fazer tudo sozinho. É por isso que eu gosto. O que você aprendeu com o curso de engenharia? Aprendi que preciso aprender muito, que o conhecimento é muito mais amplo do que aquilo que aprendemos na faculdade. Depois do curso, fica a sensação de que “só sei que nada sei”. Para o final do curso, fiz um trabalho de conclusão (TCC) com o tema “Ferramenta Gráfica para o Cálculo da Irradiação Solar”. Tem a ver com a criação de um gráfico que mede a quantidade de energia solar que chega na superfície da Terra. O objetivo é dimensionar coletores de energia solar. A importância desse estudo é a facilidade de quantificação da energia solar que cada localidade recebe, mostrando caminhos para um melhor aproveitamento desse recurso natural. Vale lembrar que a importância da energia solar reside no fato de ela ser infinita quando comparada às outras fontes de energia utilizadas pelo homem. Então, é importante aproveitar esse recurso natural que nos é dado de forma gratuita. O que Angola significa pra você e o que mais sente saudade? Mãe. Sinto muita saudade da minha família, da igreja e dos amigos. Qual foi o momento mais marcante na sua vida? Foi um momento negativo, quando meu pai morreu. Eu era muito pequeno, mas tive a nítida sensação de que as coisas mudariam a partir daquele momento... e mudaram. Passei a ter mais necessidade de tudo, afinal o meu pai era o provedor da casa. Começou a faltar alimento, roupas e até conselhos. Ganhei mais liberdade e passei a ver a vida com mais responsabilidade. A morte do meu pai mudou a minha vida e a vida da minha família. “É comum ver pessoas que se aproveitam dos outros e esse comportamento não constrói. Quando há espírito de equipe, todos fazem um pouco e ninguém precisa fazer tudo sozinho.”
  • 15. 15 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org visão científica I Doação de sangue e sua importância para a sociedade brasileira Estudante do IDS realiza TCC sobre perfil de doadores de sangue de Maringá (PR) Keuren Celeste da Silva Fragoso se formou em Enfermagem pela Universidade Jean Piaget, em Angola. Contudo, não se sentia realizada com a sua profissão e encontrou, por meio do IDS- Estudantes, a oportunidade de estudar no Brasil. Depois de ser escolhida para cursar fisioterapia, mudou o seu rumo para biomedicina, em uma faculdade no Paraná, região sul do Brasil. Mesmo com a intenção de voltar para atuar em Angola, onde, hoje, trabalha na GMLAB BENGUELA, Keuren deixou a sua marca no Brasil, sobretudo por seu espírito sempre presente de ajudar a sociedade por meio dos seus estudos. Isso aconteceu por meio do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), tarefa que realizou sozinha e com muita maestria, enfrentando todos os obstáculos para seguir o tema que escolheu: descobrir o perfil sorológico dos doadores de sangue da cidade de Maringá (PR), sobretudo em relação à presença de doenças infectocontagiosas. Não é segredo que os bancos de sangue do Brasil, em grande parte, sofrem com a escassez de sangue. Com isso em mente, a então estudante, encarou o desafio de traçar o perfil dos doadores. Segundo ela, uma das principais dificuldades foi encontrar um he- mocentro que aceitasse o trabalho que ela se propôs a fazer. Depois de procurar praticamente todos os he- mocentros da cidade, ela conseguiu um que aceitou. Na sua tese, Keuren descobriu, primeiramente, que os serviços de hemoterapia no Brasil existem há 70 anos, e que durante todo esse tempo existem esforços para padronizar técnicas em prol de transfusões de qualidade. Segundo ela, a tecnologia trouxe benefícios para a causa, mas ainda assim a garantia de quali- dade está ligada, sobretudo, à seleção de doadores. E foi justamente a análise desse perfil que pautou o TCC da então estudante. Com a parceria firmada com um banco de sangue particular de Maringá, Keuren passou, então, para as análises, com foco na detecção de doenças infecto- contagiosas. Para realizar esse trabalho, ela utilizou um banco de dados fornecido pelo banco de sangue e começou o seu estudo, que teve como foco os can- didatos à doadores. No total, a pesquisa levou em consideração 10.716 doadores. Desses, 104 foram reagentes para anti-HBc (relacionado à hepatite B), 24 para sífilis, 7 para HBsAg (também relacionado à hepatite B), 6 para HIV, 3 para HCV (relacionado à hepatite C) e anti-HTLV (vírus T linfotrópico humano). A análise buscou, também, rea- gentes para a doença de Chagas, cuja porcentagem foi de 0%. Além desta análise, o TCC de Keuren colaborou de outra forma para a sociedade médica local. Considerando que o hemocentro cujas informações foram analisadas possuía uma gama grande de doadores fidelizados, que doam sangue com frequência, a importância de fazer uma triagem ainda na primeira doação foi evidenciada. Com isso, é preciso, sim, incentivar a doação, mas é preciso, sobretudo, conscientizar a população sobre a prevenção de doenças infectocontagiosas. Ao final do trabalho, Keuren revela que, além das dificuldades que teve para encontrar um hemocentro, não teve muito apoio da orientadora, por ela estar cursando mestrado na época. Ainda assim, a nota final do TCC dela foi de 98% de 100%. O trabalho foi, também, publicado em uma revista de hemoterapia, publicação que rendeu para ela o 2º lugar nas Jornadas de Iniciação Científica no IDS, em 2015. De volta a Angola, Keuren não atua, necessariamente, com algo ligado ao seu TCC. Contudo, devido à experiência patológica que conseguiu com os processos para o seu rabalho, hoje ocupa um cargo de patologista clínica, sendo responsável pelo laboratório no qual trabalha. KeurenCelestedaSilvaFragoso,ex-estudantedoIDS-Estudantes Foto: Divulgação
  • 16. 16 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org INTERNACIONAL Por Joaquim Garcia Paulino Atualmente cursando Engenharia Mecânica (controle de instrumentos e técnicas de automacão). Presidente do IDS-Estudantes. Preside o Grupo de 2015 até o momento. Experiência em gestão de pessoas e resolução de conflitos. Entusiasta dos ideais do IDS. Amante de basquetebol e futebol. Estudante e defensor dos valores e cultura angolana. No dia 12 de setembro de 2014 se materializou o terceiro grande marco da história do IDS: a chegada de um grupo de 20 bolseiros do IDS na China, dando o início ao projeto IDS-Estudantes no país. Ao chegarem em Xiamen, os estudantes foram recebidos com muita alegria: “Fomos recebidos euforicamente por membros da Universidade Huaqiao e conduzidos para a faculdade de línguas. Um dia depois, a direção da faculdade organizou uma palestra na qual foi feita uma breve introdução sobre a cultura chinesa e também foi feita a apresentação das disciplinas que fariam parte do programa dos primeiros dois anos da nossa formação em língua chinesa, o mandarim”, relata um dos estudantes, Graça Dulo. Tal fato marcou o inicio de uma nova fase do grupo. Existia muita ansiedade em relação aos desdobramentos, pois, por ser um dos primeiros grupos a serem enviados para o país, sem nenhum membro da liderança ter passado por algum treinamento imersivo, como seriam passados os ideais e a cultura interna? Com esse objetivo, dentro dos processos de acolhimento é realizada a palestra inaugural, na qual os estudantes assimilam as expectativas individuais e coletivas. Naquele primeiro ano, a palestra teve como oradores a Dra. Maria Luísa, o Dr. Avelino Chico e o intermediário Mei Shuo, um jovem chinês que estudou no Brasil por meio do IDS e, posteriormente, possibilitou a abertura do polo na China, sendo o principal interlocutor. A cada inserção de bolseiros do IDS na China, uma nova palestra do tipo é realizada. Diferentemente do que acontece nos outros Países, mais especificamente no Brasil, a matriz principal, o IDS na China tem foco exclusivamente nos estudantes de nível superior e tem expectativa de formação de seis anos, sendo que os dois primeiros são focados no aprendizado do idioma (mandarim) e os outros quatro na formação superior nas áreas de engenharia e medicina. Dificuldades De modo geral, os estudantes que foram enviados para a China apontam que as dificuldades têm sido na adaptação à cultura, à língua, ao clima Desembarcando na China Saiba como foi a trajetória e a adaptação dos estudantes do IDS a uma nova realidade de vida e de estudos Cerimônia de entrega dos certificados de conclusão do curso de línguas Fotos: Divulgação
  • 17. 17 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org e, principalmente, à alimentação. Segundo Eliseu Pompílio, vice presidente acadêmico do IDS na China, a diferença na alimentação já causou muitos desconfortos: “Isso tem resultado em alguns problemas de saúde, como problemas estomacais e alguns problemas de pele. São ocorrências frequentes entre os estudantes”, explica. O grupo pioneiro foi o que mais sofreu para adaptar-se, pois não tinha referências. Quase não existiam pessoas que falavam português e mandarim e a grande maioria dos estudantes não dominava o inglês. Até mesmo os que falavam inglês se encontravam numa situação complicada, porque os nativos não falavam tal idioma. Alguns alunos relatam que receberam todo o suporte inicial de um brasileiro que morava a mais tempo na China, que auxiliou nas dificuldades e apresentou a cidade, fazendo com que a adaptação fosse quase imediata e um pouco mais fácil. Organização A estrutura de organização na China segue o padrão geral do estatuto do IDS-Estudantes, com algumas alterações próprias. O órgão executivo, o COEX, é o órgão responsável por coordenar, organizar e suprir as dificuldades básicas dos estudantes que fazem parte do Grupo IDS-CHINA. É importante que os membros do COEX dominem a língua chinesa até ao nível mínimo de comunicação verbal e escrita, pois o COEX também tem servido de apoio na comunicação entre os dirigentes do IDS e a universidade para a qual os estudantes são encaminhados. O COEX é formado por presidente e os seus vice- presidentes. O primeiro COEX-CHINA foi formado em agosto de 2014, ainda em Luanda, e teve como eleito o primeiro presidente, o Sr. Luis Sebastião. Atualmente, o COEX é coordenado pelo presidente O grupo na China cresceu de maneira exponencial. Foi o grupo que mais cresceu em toda a história do IDS. Formandos recebem novos estudantes do IDS na China
  • 18. 18 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org INTERNACIONAL Joaquim Garcia Paulino e tem como membros da equipe os seguintes participantes: • • Vice-presidente: Aline Kassange • • Secretário geral: Erivelton Capalo • • Vice-presidente acadêmico: Eliseu Pompílio • • Vice-presidente para desporto: Américo Eiuba • • Vice-presidente financeiro: Alberto Dembi • • Vice-presidente social e cultural: Francisco P. Cordeiro • • Vice-presidente para os assuntos femininos: Catarina Vuca Nzau • • Vice-presidente disciplinar: Celio Goncalves O grupo na China cresceu de maneira exponencial. Foi o grupo que mais cresceu em toda a história do IDS. Enquanto aumenta o número de estudantes, aumentam, também, as complicações da sua gestão e controle. “Certamente, não tem sido fácil coordenar um grupo de 74 estudantes”, diz Erivelton Capalo, secretário geral executivo do IDS-China. Uma das razões apontadas por ele é o grau de compreensão de todo o contexto, além da diversidade do grupo, que tem pelo menos um Primeiros alunos do IDS-China 1. Anibal Roque Seraponzo 2. Anderson Pedro Dos Santos 3. Américo Aldair Do Nascimento Eiuba 4. Alberto Ornelo Conde Dembi 5. Bruno Amós 6. Célio Barros de O. Gonçalves 7. David Matuta Bumba 8. Eliseu de Rosario Américo Pompílio 9. Erivelton Barros 10. Geovani da Mata 11. Graça Chipepe Dulo 12. Gildo Dinis Miango Capita 13. João De Oliveira André 14. Joaquim Garcia Paulino 15. Norvan Romario Luemba 16. Pedro Cavila Gomes 17. Samuel Cassoma Lopes Barros 18. Tabita Simba Buca Timpi estudante de cada uma das províncias de Angola. Ele explica que isso tem contribuído bastante para as diferenças dos pontos de vista. De um lado, essa experiência proporciona uma riqueza inimaginável, do outro, algumas contradições de ideias e comportamento entre alguns estudantes não deixam de fazer com que o dia a dia seja pouco mais exaustivo. Contudo, com os esforços e cooperação, o COEX tem conseguido, com sucesso, superar as diferentes ocorrências. Desporto e cultura Os estudantes do IDS-China têm participado ativamente dos campeonatos universitários nas modalidades de basquetebol, futebol 11 e futebol se salão. Além dessas atividades esportivas, participam de atividades culturais, como apresentação de peças teatrais e atuações musicais. O IDS-China, por muitas vezes, já foi solicitado pela universidade para organizar atividades culturais, como muitos países fazem, mas não tem organizado tais eventos por aspectos alheios à vontade do grupo. Entrega dos certificados de conclusão do curso de línguas
  • 19. 19 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org VISÃO CIENTÍFICA II Tratamento para camada superior de Estradas não pavimentadas Dissertação de ex-aluno do IDS encontra solução para emprego em solos tropicais em estradas não pavimentadas Em 2012, com dificuldades para completar o seu curso de engenharia civil, ainda no segundo ano, Amaro Gabriel Joaquim Calueio – natural de Angola/Huambo - entrou no Projeto IDS. Contudo, não foi somente esse o ponto que o incentivou a bater nesta porta, já que ele também apreciava bastante os ideias e a organização do projeto IDS-Estundantes. Com a oportunidade concedida pelo IDS, ele conseguiu terminar os seus estudos e se formou em Engenharia Civil no UNASP-EC (2014). Depois disso, o tutor e patrono do projeto acabou vendo um potencial em Amaro e o desafiou para con- quistas maiores. Depois de ser formar em Engenharia Civil, ele seguiu, então, para uma pós-graduação em Enge- nharia de Segurança do Trabalho na UNASP-EC (2015). Mas não parou por aí. Depois, ele se formou, ainda, como Mestre em Engenharia Civil, na área de Transportes pela UNICAMP (2017). Segundo ele, toda essa formação visa atender à necessidade de An- gola no setor da construção, que tem demandado bastante quadros nesta área de formação. E foi justamente na dissertação do mestrado que Amaro resolveu abordar um tema de importância estratégica para muitas cidades e sociedades: um estudo dos solos tropicais para melhoria da camada superior de estradas não pavimentadas. Nos seus estudos inicias, Amaro acabou percebendo que não somente no Brasil – país no qual fez o mestrado –, mas também em Angola, os solos lateríticos (solos predominantes em países tropicais) são abundantes. Em regiões com baixo volume de tráfego e com bastante solo tropical local, a estabilização com cimento ou cal pode ser uma solução para melhoria da camada superior de estradas de terra. Com isso, o estudo de Amaro teve foco, justamente, na melhoria dessa estrutura. Com o tema escolhido, Amaro tratou de iniciar as pesquisas bibliográficas e os testes laboratoriais. Es- ses testes tiveram como objetivo avaliar o compor- tamento das camadas superiores com solos tropicais tratados com cal ou cimento. As ações laboratoriais tiveram como foco a aplicação de dois aditivos químicos, o que, por fim, acabou melhorando o desempenho mecânico das estradas desse porte. Com essa melhoria, em um cenário prático, o transporte pode ser mais rápido e seguro, facilitando, entre outros pontos, a saída de produtos ligados à agronomia. Os estudos de Amaro não chega- ram a ter experimentação em cam- po, devido ao investimento que isso requer, mas ele revela que ainda espera uma oportunidade para fa- zer um teste em um trecho piloto. Contudo, os esforços renderam uma boa avaliação e, até mesmo, dicas da banca exami- nadora para o trabalho, sugerindo a avaliação dos processos por meio software ELSYM5, de modo a fa- cilitar os cálculos e as simulações. Atualmente, em Angola, Amaro atua na empresa V.A.F LDA como Eng. Civil, mas não trabalha com algo relacionado à pavimentação de estradas. Mas ele afirma que toda a experiência que teve com materiais e com os seus estudos ajuda bastante no desenvolvimento das suas atividades laborais. ex-estudante do IDS-Estudantes Amaro Gabriel Joaquim Foto: Divulgação Fotolia/Jannoon028
  • 20. 20 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Fotolia/ArchMen PROFISSÕES Do que é feito um arquiteto Conheça os detalhes da formação e da profissão Por Odoxio Campos Formado em Arquitetura e Urbanismo, MBA em Gestão de Projectos e Designer Gráfico. Atualmente é o Presidente do Conselho de Administração e Director Geral da FOLOP Engenharia S.A. Atua também como consultor de instituições do Estado e de empresas particulares. Ocupa um lugar como Membro do Grand Comité do IDS. Não poderia falar de como é o curso de arquitetura sem efetuar uma abordagem geral e pessoal do que é a arquitetura: posso dizer que a mesma consiste no estudo da técnica de organizar espaços residenciais, corporativos, públicos e urbanos, por meio de ideias criativas e funcionais, de modo a proporcionar condições aceitáveis de desempenho de atividades humanas, sendo que associadas à mesma técnica encontram- se e normas de representação e de uso de matérias no exercício do bem construir. Com isso posto, digo que o curso é divertido e lúdico. É uma mistura de história da arte desde a idade média até aos dias de hoje com práticas de técnicas de desenvolvimento de habilidades para exercer a arquitetura. Nesta sequência, e tendo em conta o avanço tecnológico, existe um mundo maravilhoso de ferramentas digitais de apoio às atividades dos arquitetos. Por outro lado, o curso apresenta a arquitetura em função de sociedades, culturas, costumes, hábitos e vivências de povos e localização geográfica. Ao longo do curso o aluno aprende, da mesma forma, os períodos da arquitetura, remontando os primórdios da humanidade até os dias de hoje, passando pelo clássico até o contemporâneo moderno. Para concluir, o curso é um universo fantástico para ser explorado. Disciplinas Muitas disciplinas variam de nome, dependendo da instituição de ensino. Em alguns casos algumas disciplinas são agregadas, entretanto, existem as
  • 21. 21 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org fundamentais e que constituem o pilar do curso: introdução à arquitetura, história da arquitetura, projeto de arquitetura, desenho artístico, geometria descritiva, plástica, resistência dos materiais, sistemas estruturais, estatística, conforto ambiental, urbanismo, paisagismo, legislação, planejamento territorial, tecnologia das construções, instalações técnicas, informática, meio ambiente e ecologia, entre outras. Do que é feito um bom arquiteto Na realidade, para cursar arquitetura – pelo meu ponto de vista – é necessário, antes de tudo, amar artes. Isso não significa, necessariamente, que é preciso possuir habilidades específicas, até mesmo porque o curso proporciona disciplinas que ajudam a desenvolver técnicas e habilidades, bem como a criatividade. Na realidade, a arquitetura vai além de elaboração de desenhos, como, geralmente, a maioria das pessoas pensa. Tipos de conteúdos teóricos e práticos A arquitetura está estruturada, sensivelmente, em duas vertentes, práticas e teóricas, sendo todas elas complementares. A parte teórica aborda a origem, o desenvolvimento e a relação da arquitetura com outras ciências. Já a prática, consiste no desenvolvimento de habilidades de representação gráfica técnica e a relação com soluções construtivas reais. Aprendendo a ter sinergia com o mercado A primeira impressão que um aluno de arquitetura possui é a de que quando ele sair da faculdade vai logo elaborar projetos. Para muitos até tem sido esse o destino, entretanto para a maioria não é assim, pois percebe- se que a licenciatura foi só um começo para abrir os caminhos. Percebe-se que durante o curso não se viu muita coisa. E esse choque de realidade começa antes da conclusão do curso, se o aluno tiver a sorte de efetuar um estágio em um bom gabinete de arquitetura. Então, a primeira questão é observar, aprender e mergulhar em uma nova etapa. Mercado de trabalho Hoje, o arquiteto pode atuar em várias vertentes, tendo em conta o contexto social, regional, cultural e, sobretudo, a demanda da região de atuação. O exercício da arquitetura depende muito da região: existem cidades e países nos quais ainda existem muitos projetos de raiz, entretanto, existem outros que trabalham mais em reabilitação de edifícios existentes. Portanto, na inserção no mercado de trabalho o arquiteto deve saber identificar a melhor opção. Podemos dizer que ainda existe muito espaço no mercado para profissionais que sabem identificar os pontos de deficit. A remuneração também varia muito de região para região, mas em termos gerais os salários são aceitáveis. Formas de atuação Em linhas gerais, o arquiteto pode atuar como empreendedor, constituindo um escritório ou um atelier de arquitetura. Pode atuar, também, na área de ordenamento urbano e territorial, na gestão pública, com gestão de projetos, como projetista, fiscal de obras, consultor, design de interiores e, ainda, pode explorar outros nichos. Dia a dia da profissão Independentemente da área de atuação, a vida de um arquiteto sempre é corrida, sobretudo no começo da carreira, quando existe a busca por estabilidade no mercado de trabalho. Na arquitetura, dificilmente o arquiteto é dono do tempo. Sendo uma profissão que trabalha com a sensibilidade das pessoas, está muito condicionada às decisões e ao bom senso de terceiros, no caso, os clientes. Com o tempo e a experiencia, o arquiteto vai dominar mais a gestão do tempo e dos clientes, com auxílio de ferramentas de gestão de projetos. Independentemente da área de atuação, a vida de um arquiteto sempre é corrida, sobretudo no começo da carreira, quando existe a busca por estabilidade no mercado de trabalho.
  • 22. 22 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Fotos:Divulgação ENTREVISTA Esmael Diogo da Silva Nascidonoanode1981,naprovínciadeMoxico, em Angola, Esmael Diogo da Silva se formou em direito e em admistração, por meio do IDS. Possui MBA em gerenciamento de projetos e pós-graduação em direito imobiliário. Além de ter sido estudante, manteve o envolvimento administrativo com a Instituição. De 2005 a 2012, foi Presidente do IDS-Estudantes e encabeçou a legalização da Instituição no Brasil,bem como foi o responsável pela criação das diretrizes institucionais. Atualmente, é Chefe de Seção de Comunicação e Imagem da Provedoria de Justiça de Angola e porta voz da instituição. Foi aprovado no Curso do Instituto Nacional de Justiça de Angola - INEJ - Instituto Nacional de Estudos Jurídicos, de onde aguarda ser empossado juiz. É, também, autor do livro Luena, 45 Dias de Batalha.
  • 23. 23 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Aeducação é a principal frente de trabalho quando o assunto é o desenvolvimento social. Globalmente falando, não existem dúvidas sobre isso, basta observamos o desenvolvimentos dos países e a relação, proporcional, da qualidade de ensino. Contudo, para que esse ideal seja uma realidade, obviamente é preciso que a população tenha acesso à educação. Fornecer esse acesso à educação é o principal motivo pela existência do IDS-Estudantes, que manda estudantes de Angola para estudarem e se formarem em outros países, com o iuntuíto de que eles voltem e ajudem na recostrução de Angola. Para que esse ideal seja alcançado, muitos profissionais se empenham para que a tarefa seja realizada. Além do finanaciamento dos cursos no exterior, a instituição precisa de uma organização interna e precisa de parcerias. Nestes pontos, um dos porofissionais mais importantes do IDS é Esmael Diogo da Silva, que atua na parte admistrativa da instituição, com foco no desenvolvimento, no crescimento e nas parcerias. Para falar um pouco sobre o seu trabalho no DS-Estudantes, Esmael concedeu uma entrevista para a revista IDS-Estudantes. Ao longo do bate-papo, o profissional contou um pouco sobre a história, sobre a chegada ao Brasil e sobre a chegada da instituiição em novos países, como China e Argentina, processo do qual fez parte. Confira a seguir a entrevista completa. Há quanto tempo existe a parceria entre o Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) e o Instituto de Desenvolvimento Social (IDS)? A parceria do IDS com instituições adventistas no Brasil começou há mais de 20 anos. Os contatos iniciais ocorreram em 1994, quando – sob o auspício do Pastor Paulo Martini – os primeiros estudantes do projeto foram recebidos no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (IACS) e no Instituto Adventista Paranaense (IAP). O projeto cresceu ano após ano e, seis anos depois, em 2000, o Instituto Adventista Brasil Central (IABC) recebeu os primeiros estudantes angolanos. Até 2004, a parceria com instituições Adventistas abrangia apenas formação no nível médio. O ensino superior era realizado em universidades públicas e privadas no Brasil, com ênfase nos Estados do Rio de Janeiro e Paraná. Foi em outubro de 2004 que estudantes do projeto fizeram, pela primeira vez, o vestibular para estudar no UNASP. Em 2005, tivemos as primeiras turmas no UNASP, nos Campus de São Paulo e Engenheiro Coelho. Quando surgiu o interesse do IDS pela faculdade de medicina da Universidad Adventista del Plata? O curso de medicina é um dos cursos mais procurados, por razões óbvias. No entanto, se não é o mais caro do Brasil, é um deles. Considerando a necessidade de materializar um dos objetivos Expansão Brasil, China e Argentina Esmael Diogo da Silva, um dos responsáveis pela administração do IDS-Estudantes, fala sobre a chegada da instituição em terras estrangeiras “A parceria do IDS com instituições adventistas no Brasil começou há mais de 20 anos. Os contatos iniciais ocorreram em 1994, quando – sob o auspício do Pastor Paulo Martini – os primeiros estudantes do projeto foram recebidos no Instituto Adventista.”
  • 24. 24 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org ENTREVISTA do projeto, que é a formação na área de saúde, pesquisamos alternativas aos preços praticados no Brasil e entendemos que a Universidad del Plata, na Argentina, oferece uma bela oportunidade sem comprometer a qualidade. Por isso o nosso interesse. Isso aconteceu em 2011. Desde quando o senhor está envolvido nesse projeto de parceria entre IDS e a Universidad del Plata? Estou envolvido desde o ano de 2011 mesmo. Observamos grandes avanços em 2012, mas devido a alguns aspectos operacionais, não chegamos a enviar estudantes. Todavia, atualmente as coisas caminham para que em breve esteja assinado um Protocolo de Cooperação entre o Instituto de Desenvolvimento Solidário e a universidade. A procura pelo curso de medicina é muito grande? Medicina é um curso tradicional e sempre esteve no topo das opções dos jovens. A necessidade de garantir assistência médica para a população e melhorar as condições de vida dos nossos semelhantes são sentimentos que servem como motivação para muitos decidirem por esse curso. No caso específico de Angola, ainda precisamos de muitos médicos. Algumas estimativas mostram que existem apenas cerca de 4 mil médicos para 24 milhões de habitantes. O número de profissionais é claramente insuficiente para atender à demanda. Por isso se faz necessário formar mais e mais médicos. Quais são os principais benefícios desse projeto a curto e longo prazo? Os benefícios do projeto são incalculáveis. Inicialmente, ele garante a formação a jovens carentes que, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento de Angola. Há um outro aspecto que está relacionado com o resgate da autoestima. Quando outros jovens da mesma comunidade testemunham a transformação de um amigo, um parente, um vizinho em médico, engenheiro ou jurista, passam a acreditar mais nas suas capacidades e a vislumbrar horizontes que até então podiam parecer impossíveis. Qual é a importância de instituições como o IDS? O terceiro setor é tradicionalmente um importante parceiro do Estado (primeiro setor), que tem como objetivo prestar serviços de populações. Desta for- ma – considerando o histórico de guerra de Angola e a necessidade de desenvolver o País –, instituições como o IDS são de grande importância para ofere- cer oportunidades e encurtar distâncias. “As instituições do terceiro setor são como uma via alternativa e mais célere no processo de melhorar a vida das populações. Desta forma – considerando o histórico de guerra de Angola e a necessidade de desenvolver o País –, instituições como o IDS são de grande importância para oferecer oportunidades e encurtar distâncias.”
  • 25. O Novo Homem Angolano Confira como a história de Aldo Fragas mudou depois do IDS-Estudantes DEPOIMENTO Formado em sistemas de informação, Aldo Fragas é auditor lider de sistemas de gestão pela ABS QE. Possui experiência de oito anos em auditorias de sistemas de gestão. Também já atuou em planejamento da cadeia de abastecimento de produtos derivados de petróleo refinado. É analista de processos de negócio em BPM e professor universitário com experiência em gestão de conflitos e pessoas. Membro do Grande Comitê do IDS, se formou por meio do IDS-Estudantes, de 2004 a 2009. Amante de leitura e pesquisa histórica, é escritor no tempo livre, assinando artigos publicados em plataformas de gestão empresarial. Confira a seguir, conforme as palavras de Aldo, como foi a experiêcnia dele no IDS. Conheci o IDS em 2004, por meio do desejo legítimo dos meus pais de me proporcionar uma educação institucional baseada em valores e que me permitisse uma formação que vai além da ciência e da academia, mas que passa, também, pelos princípios de cidadania. A intenção desse direcionamento é que eu fosse a materialização do sonho do nosso povo e do IDS: O HOMEM NOVO. O tempo que vivi no internato foi nivelador para a minha indisciplina doméstica e comportamental, tendo sido suficiente para aprender lições de altruísmo, obediência e persistência. As atividades ali desenvolvidas serviram de ‘argamassa’ para solidificar a minha base moral e cívica recebida na infância. Embora jovem, aceitei o desafio de dedicar-me exclusivamente aos assuntos escolares e não demorou para que os resultados começassem a aparecer. No ensino superior, minha trajetória teve momentos bons, com boas notas, participação em congressos científicos e com o reconhecimento do corpo docente do curso sobre o meu potencial para ser um bom profissional. Mas essa fase teve, também, momentos ruins, como quando existiu pressão externa para que eu cedesse a práticas não tão boas para os meus objetivos, práticas que me levariam à margem das minhas metas, isto é, propostas de distrações excessivas. Não teria conseguido superar isso se não tivesse a carga educacional religiosa recebida no seio familiar e no Instituto Adventista Brasil Central (IABC) e, com certeza, a oportunidade singular concedida pelo patrono do IDS, o Dr. Ismael Diogo da Silva. Hoje, após ter concluído o meu percurso acadêmico como membro do IDS na terra verde e amarela – que aprendi a amar como minha –, dou o meu melhor como filho, pai, irmão, esposo, amigo, profissional e cidadão e sinto-me, ainda, responsável por passar o que aprendi no IDS àqueles que desfrutam do mesmo desejo que um dia tive e visam a mesma oportunidade, da qual tirei o melhor proveito. Portanto, o IDS representa para mim um canal seguro para que jovens angolanos tenham a chance de ver as suas vidas serem transformadas pelas experiências adquiridas no grupo. Mais do que isso, jovens que sirvam de lamparinas constantemente acessas, a mostrar aos sucessores qual é o caminho, sem atalhos, que aponta para o sucesso e para a concretização do ideal do IDS, O HOMEM NOVO.” “ 25 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org F o to : D iv u lg a ç ã o
  • 26. 26 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Fotos: Divulgação ESPECIAL Momentos especiais Além de ser um ponto de encontro, Casa de Férias do IDS-Estudantes revitaliza as forças, propicia a apresentação de atividades realizadas e renova os mandatos da equipe gestora da Instituição A educação acadêmica é, sim, fundamental para a formação de uma sociedade sólida. Contudo, é, também, um dos únicos meios de crescimento pessoal, seja pelo conhecimento adquirido, seja pela posição social e no mercado de trabalho. Contudo, para que os estudos sejam efetivamente proveitosos, é preciso ter muita dedicação. E essa barreira nem sempre é facilmente transposta, sobretudo quando estamos longe de casa e da nossa família, como é o caso dos estudantes angolanos que o IDS-Estudantes traz para o Brasil. Mas, felizmente, o IDS possui um lado humano muito fortificado. Por isso, desde 1994 existe o programa Casa de Férias do IDS-Estudantes. Trata-se de um programa que acontece sempre em alguma casa, em regiões serranas (geralmente no Estado do Rio de Janeiro, como é o caso deste ano), e que tem diversos objetivos, que serão abordados neste texto. As casas escolhidas, que podem ser repetidas, são locadas de dezembro a janeiro e possuem infraestrutura de chácara, podendo comportar cerca de 100 pessoas. Para receberem os programas, as casas precisam ter uma ótima condição de acomodação, espaços para palestras, espaços para convivência e, claro, espaços para esportes e lazer. Interação e lazer O período no qual o programa acontece, de dezembro a janeiro de todos os anos, não é a toa. Como os estudantes do IDS-Estudantes vêm para o Brasil para estudar no regime de internato, esse é o período de férias deles, ou seja, as férias escolares de verão. Emocionalmente falando, é um período no qual as pessoas tendem a ficar mais afetivas, sobretudo depois de um ano de batalha nos estudos e, claro, de saudade da terra natal e da família. E esse é o primeiro objetivo do programa: receber os alunos em um ambiente agradável para que eles se sintam acolhidos e parte de uma sociedade. É justamente nessa época que acontecem as festas Casa de Férias em 2012
  • 27. de final de ano e, com a folga nos estudos, a tendência é de que os alunos sintam falta de casa. Na Casa de Férias, contudo, eles têm contato com angolanos que estão na mesma situação, fazem amizades e trocam experiências. É fato, também, que por mais que Angola e Brasil tenham muitas coisas em comum, o dia a dia tem as suas diferenças culturais. Por meio dessa interação, essas experiências podem ser trocadas, fazendo com que a adaptação seja mais fácil. Embora isso pareça subjetivo, certamente está à margem de ações práticas e efetivas que mantém os estudantes focados, animados e motivados para seguir com o programa. Vale destacar que toda essa interação acontece em um ambiente de férias, em espaços agradáveis, em meio à natureza, e em atividades de esporte e lazer, o que tende a fortalecer muito mais os laços entre as pessoas, principalmente se levarmos em conta que ao longo dos outros meses do ano os alunos vivem em ambientes acadêmicos e focados principalmente no aprendizado. Motivação Como dito anteriormente, estudar longe de casa e da família pode ser algo que pode atrapalhar os estudos. Por isso, a Casa de Férias serve, também, como uma oportunidade de engajar os alunos nos estudos. E, para que isso aconteça, é importante que eles percebam a razão de estarem estudando, bem como as boas coisas que podem vir no futuro. Por isso, a casa sempre recebe ex-estudantes do programa que servem como casos de sucesso, mostrando que os investimentos do instituto e pessoais valem muito a pena. Ao conversar com qualquer ex-estudante, fica claro que eles têm a satisfação de ter participado do programa, assim como fica claro que o engajamento deles não acaba quando eles se formam. É evidente que eles são gratos, e sempre serão, pela oportunidade que tiveram. E é justamente esse o sentimento que eles passam nas palestras que realizam na Casa de Férias. Além de ser um espaço para diversão, esportes e lazer, a Casa de Férias é importante para a avaliação e para o apoio dos alunos
  • 28. 28 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org ESPECIAL ESPECIAL
  • 29. 29 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Além disso, esses ex-estudantes falam sobre as suas trajetórias e abordam as suas boas posições no mercado de trabalho. Com isso, os estudantes se sentem mais motivados para seguir em frente e para assumirem papéis importantes na reconstrução de Angola. Reforço Outra forte frente de atuação na Casa de Férias é o reforço nos estudos. Obviamente, esse conteúdo não ocupa 100% do tempo, uma vez que o programa tem como um dos objetivos o entretenimento. Contudo, as dificuldades nos estudos são normais e os alunos do IDS-Estudantes têm uma oportunidade singular ,durante os dias de Casa de Férias, de obterem ajuda especializada para os entraves que encontram. A cada ano os organizadores analisam como está a média de desempenho dos alunos nos seus respectivos cursos. Com base nessa análise, o programa prevê mais ou menos horas de conteúdo de estudo, segundo a necessidade observada. Com essas informações em mãos, os organizadores definem quais serão os conteúdos de estudos, por vezes dividindo os estudantes em grupos segundo o tema e o direcionamento do curso que eles fazem. Depois, os ex-estudantes especialistas em suas áreas são chamados para ajudar no reforço dos estudos, fazendo palestras e se disponibilizando para ajudar, efetivamente, todo e qualquer aluno que apresente problemas no estudo. Com isso, eles voltam para os seus cursos com muito mais conhecimento do que saíram antes das férias. E é importante destacar que o estudo que acontece na Casa de Férias acontece de uma forma bem diferente, mais descontraída e em um local de descompressão. Humanização, cidadania e apoio Hoje, a Casa de Férias é fundamental para o programa IDS-Estudantes, não somente pelos reforços e pela ajuda, mas pelo conjunto de tudo o que ela representa. Certamente, a estadia na casa é algo esperado o ano todo pelos alunos. Além de todo esse conteúdo, na Casa de Férias são feitos os balanços anuais do IDS-Estudantes, tanto em relação à parte acadêmica – relacionada aos alunos – quanto da parte financeira. Outro destaque é que os estudantes têm a oportunidade de conhecer o patrono do IDS-Estudantes e interagir com ele, resultando em mais motivação. O resultado de todos os esforços realizados são notáveis e tangíveis, na medida em que colaboram para a formaçõa de melhores profissionais, em consciência sobre a atuação de cada indivíduo em uma sociedade, e, claro, em melhores cidadãos para Angola e para o mundo. A própria participação ativa dos ex-alunos é uma prova viva da efetividade do IDS-Estudantes e, claro, do programa Casa de Férias. Esta matéria foi escrita com a colaboração de Hélio Aldemir Pereira André. Hélio se formou do ensino fundamental (desde a 5ª série) até a faculdade por meio do auxílio do IDS-Estudantes e, hoje, é engenheiro civil e sócio proprietário da HFM Engenharia, empresa instalada em Maringá, na Região Sul do Brasil. Atualmente, realiza palestras na Casa de Férias, com o intuito de ajudar os alunos atuais da instituição. do IDS-Estudantes têm uma oportunidade singular ,durante os dias de Casa de Férias, de obterem ajuda especializada para os entraves que encontram. A cada ano os organizadores analisam como está a média de desempenho dos alunos nos seus respectivos cursos. Com base nessa análise, o programa prevê mais ou menos horas de conteúdo de estudo, segundo a necessidade observada. Com essas informações em mãos, os organizadores definem quais serão os conteúdos de estudos, por vezes dividindo os estudantes em grupos segundo o tema e o direcionamento do curso que eles fazem. Depois, os ex-estudantes especialistas em suas áreas são chamados para ajudar no reforço dos estudos, fazendo palestras e se disponibilizando
  • 30. 30 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org visão científica iII Energia inteligente e sustentável Dissertação de mestrado de estudante do IDS propõe análise de planta industrial para a geração de energia por meio de biomassa Depois de concluir o ensino médio técnico, no Instituto Médio Industrial de Luanda - curso de Eletrônica Industrial e Automação – Etiene Dundão – atual vice-presidente do IDS – começou uma jornada – que ainda não pode ser dada como finalizada - com foco na sua formação como destaque profissional. Primeiramente, foi a graduação em engenharia de controle e automação mecatrônica. Depois, uma pós-graduação em engenharia de produção. Mas não para por aí. Atualmente, Etiene toca dois cursos, simultaneamente, uma pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho e um mestrado em Energias Sustentáveis. É justamente sobre a tese de mestrado de Etiene que vamos falar aqui. Sabemos que a sus- tentabilidade é importante para qualquer sociedade. Para Angola, especificamente, trata-se de mais uma frente de trabalho para fazer com que o país seja reconstruído corretamente, garantindo um futu- ro com qualidade e com acesso a todos os recursos naturais ne- cessários para os cidadãos, bem como respeito à natureza. “Não somente tenho a intenção de fa- zer projetos que não degradam a natureza, mas também quero tra- balhar com algo que não tenha a ver com combustíveis fósseis, uma vez que trata- -se de um recurso que deve acabar”, explica. Dentro desse contexto, o tema escolhido por Etiene para a dissertação do mestrado não podia ser mais conveniente: avaliação dos impactos ambientais e economicos para a utilização de biomassa para a geração de energia elétrica. O grande desafio da geração de energia é justamente trabalhar com algum recurso que não seja finito. A biomassa, por sua vez, pode ser obtida por meio de material orgânico, com frutas e vegetais, o que garante a constância na disponibilidade, por possibilitar a regeneração. Etiene explica que a geração de energia por meio da biomassa acontece por ciclos de vapor, depois da queima. Ou seja, a queima gera calor e o calor gera o vapor que, por sua vez, aciona turbinas para a geração de energia elétrica. Contudo, a eficiência desses procedimentos é o que garante, ainda mais, a sustentabilidade do processo. Por exemplo: o vapor excedente que seria liberado na atmosfera pode voltar para o processo de produção. Etiene lembra que para que uma planta do tipo seja eficiente, é preciso ter muito conhecimento sobre todos os processos. Por fim, é fácil entender que trata-se de um processo multidisciplinar. Com isso, a tese de Etiene visou analisar os impactos econômicos e ambientais de uma planta do tipo, com base no trabalho com bagaço de cana-de-açúcar e em um pro- cesso industrial, considerando os gastos para a implantação, a ga- rantia de sustentabilidade, os impac- tos no entorno e, claro, os impactos econômicos que essa alternativa em geração de energia pode causar. O estudante explica que os estu- dos estão sendo feitos com base em muita pesquisa e em busca de solu- ções, por meio de uma investigação incansável. As pesquisas laborato- riais estão sendo feitas no laborató- rio da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná – onde o estudante está – e na COCAMAR – Coopera- tiva Agroindustrial. Segundo ele, os resultados estão sendo bem positivos e estão mostrando competitivi- dade, com a vantagem de se tratar de uma energia mais sustentável, mesmo considerando os custos de implantação e operação de uma planta fabril. Com 60% da dissertação pronta, Etiene afirma que as avaliações que foram feitas até agora revelaram 100% de aprovação. Ele explica, ainda, que visualiza a continuidade do projeto, por meio da empresa Siemens, que tem grandes projetos na área de energias renováveis. Etiene Dundão, Presidente para Assuntos Econômicos e Financeiros e estudante do IDS-Estudantes Foto: Divulgação
  • 31. DIPLOMA BRASILEIRO E AMERICANO SEM SAIR DO PAÍS CONHECIMENTO, CULTURA E EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL. ALÉM DE PREPARAR VOCÊ PARA ESTUDAR NAS MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO. GRIGGS AMERICAN HIGH SCHOOL 19 3858 9374 19 3858 9375 lucas.azevedo@unasp.edu.br unasp.br/ec/sites/highschool
  • 32. 32 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Freepik/chaay_tee infraestrutura Construindo sociedades Entenda como devem ser as atividades da engenharia civil para a construção social Por Tiago Martinelli Empiricamente falando, não é possível estabe- lecer uma data para a criação da engenha- ria civil. Veja: desde que o homem criou uma necessidade de juntar apenas duas peças para a criação de um terceiro objeto, ou desde que ele aprendeu a manipular pedras para criar melhores condições de abrigo, já existe algo relacionado à engenharia. Obviamente, trata-se de uma visão sim- plista, mas que não pode ser totalmente ignorada. Um pouco mais para a frente, quem pode negar que as ocas em aldeias indígenas são obras de enge- nharia civil, na medida em que nem os seus forma- tos e nem os materiais escolhidos para a construção estão ali por acaso? Por isso, não conseguimos datar a atividade. Além disso, para falar sobre o tema, precisamos entender que a palavra “engenharia”, isoladamente, representa a atividade de entender à fundo certo tema a ser descriminado na palavra seguinte, como eletrônica, de alimentos, sonora, ambiental, aeronáutica, da computação entre tantas outras. Em resumo, a atividade trata de entender do começo ao fim as formas de fazer, os cálculos, o funcionamento detalhado... enfim, é o que dá segurança e viabiliza as diversas frentes. Neste texto, vamos tratar justamente sobre a engenharia civil. Segundo Kurt Amann, coordenador do curso de engenharia civil do Centro Universitário FEI (Brasil), historicamente o termo “engenharia civil” surgiu como uma diferenciação do termo “engenharia militar”, que tinha como objetivo as ações militares mais eficientes. A troca de “militar” por “civil” justifica a construção de obras sem fins militares. Apenas essa explicação já coloca a atividade como a principal base para a construção de uma sociedade. Kurt segue explicando que foi na Europa que a parte artística dos projetos começou a ser separada da parte técnica e de execução. E foi desta forma que ficou estabelecido que os arquitetos são os responsáveis pelos desenho, enquanto o engenheiro civil deve tocar a obra no que diz respeito aos cálculos e à gestão. Embora não seja possível datar a criação da engenharia, Dickran Berberian, professor da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Infrasolo Engenharia, lembra que podemos ter uma noção de quando a atividade de engenheiro civil passou a ser reconhecida, ainda que não fosse chamada de tal nome. Ele explica que no ano de 1770, com os trabalhos de Galileu Galilei e Cristóvão
  • 33. 33 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org Colombo, entre outros, esse papel começou a existir, a partir do momento em que a atividade começou a contar com mais racionalização. Contudo, ele recorda, também, dos chineses, que já construíam pontes e outras obras que mostram conhecimento. “Foi nessa época que surgiu, também, o concreto armado”, completa o professor. Formação social Desde os primórdios, de uma forma ou de outra, os seres humanos possuem suas posições sociais, que dizem respeito à sua colaboração dentro de um todo, bem como os direitos que eles têm dentro deste mesmo universo. De forma simplista, podemos mencionar um pequeno produtor agrícola: ele produz alimento e, para escoar a sua produção, precisa de meios de transporte, incluindo estradas e ruas. Apenas nesse modelo simples, a engenharia civil já aparece. Ainda que hoje fique claro que a engenharia civil faz parte de toda a sociedade, não podemos esquecer que o seu surgimento está ligado diretamente à construção de moradias seguras, o que já demostra um ideal de transformar as pessoas em cidadãos. Depois disso, podemos mencionar, ainda, princípios que atualmente são básicos para que exista dignidade, como saneamento básico, água encanada e energia elétrica. Com a organização das cidades atuais, sobretudo quando consideramos a densidade demográfica dos grandes centros e capitais, é impossível conceber essas frentes de trabalho sem a colaboração fundamental da engenharia civil. Além dessas explicação básica, o professor Kurt lembra de outro ponto importante, ligado, também, à evolução da sociedade e, consequentemente, dos indivíduos: “Em relação aos transportes, a engenharia civil é algo que interfere diretamente na competitividade, pois um transporte eficiente aumenta a produtividade diária das pessoas, por causa da redução de tempo de viagem para o trabalho, bem como reduz custo de transporte de matéria-prima, produtos agrícolas e minerais produzidos no país para torná-lo mais competitivo no mercado internacional.” Responsabilidade Os ideais sociais da engenharia civil são bem claros. Contudo, para que seja algo que realmente colabora para a construção ou para a reconstrução de uma sociedade, é preciso abordar as responsabilidades que regem as ações dos engenheiros civis, assim como de qualquer empresa – privada ou estatal. Como primeiro ponto, deve-se entender que as obras devem ser estudadas de forma a chegar em valores que não prejudiquem os cofres públicos e o engenheiro têm, sim, responsabilidade nisso, na medida em que atua para otimizar os gastos e o uso de materiais. Trata-se de gestão da obra, que deve ser, claramente, responsabilidade de tal profissional. O superfaturamento ou os custos desnecessários causam uma deficiência administrativa que funciona como âncora para o desenvolvimento social. Não é admissível que um engenheiro colabore para que o custo da construção de um hospital público seja equivalente à construção de dois, seja por escolha de materiais, por falta de estudo do terreno ou por qualquer outro motivo. O professor Dickran lembra, ainda, que é fundamental que o engenheiro civil tenha bom senso e muito conhecimento técnico, já que somente desta forma ele pode orientar a utilização dos melhores materiais e trabalhar em conjunto com os arquitetos para respeitar certas frentes, como a preservação de áreas verdes. Note, também, que toda a responsabilidade relacionada à segurança é, também, responsabilidade deste profissional. Toda e qualquer obra deve suportar as atividades para Kurt Amann, coordenador do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário FEI Em relação aos transportes, a engenharia civil é algo que interfere diretamente na competitividade, pois um transporte eficiente aumenta a produtividade diária das pessoas, por causa da redução de tempo de viagem para o trabalho, bem como reduz custo de transporte de matéria-prima, produtos agrícolas e minerais produzidos no país para torná-lo mais competitivo no mercado internacional.” “
  • 34. 34 Revista IDS-Estudantes | www.idsestudantes.org infraestrutura as quais foi projetada e deve ser durável, evitando gastos com manutenções frequentes e dispendiosas. Reconstrução A função da engenharia civil na construção de uma sociedade já ficou clara. Contudo, precisamos enten- der a importância da atividade em relação à re- construção de um país como Angola, que passou por um longo período de guerra. Historicamente falando, temos casos bem-sucedidos de reconstrução social, como a que ocorreu na Alemanha. Atualmente, o país representa uma das referências mundiais de organi- zação social e de infraestrutura sendo, inclusive, um dos países pioneiros em construção civil sustentável. No caso de Angola, é importante, primeiramente, que os profissionais sejam bons conhecedores das atividades e se aprofundem em cada projeto. Na sequência, é preciso entender quais são as obras que devem ser feitas, traçando o paralelo fundamental de sua função social: obras de saneamento básico e hospitais, para cuidar da saúde da população; obras de infraestrutura viária, para possibilitar o transporte de pessoas, produtos e matérias-primas, bem como para escoar produções industriais ou agrícolas; obras de energia e água, para gerar energia para cidadãos, empresas e fábricas, assim como para levar água própria para utilização e consumo; e obras educacionais, para dar continuidade à educação dos angolanos que vão seguir com o progresso do país. Estas são apenas algumas das principais frentes que devem ser foco. O professor Kurt lembra que o cenário de recons- trução deve ser encarado pela engenharia civil como um campo de estudos, para a aplicação de novas técnicas. Ele lembra, por exemplo, que a reaprovei- tamento de resíduos de construções demolidas pode ser um ponto diferencial, que vai economizar com transporte, com novos materiais e contribuir com a preservação de áreas que seriam utilizadas para descarte. Esse tipo de trabalho é, inclusive, uma das principais frentes de sustentabilidade na construção. Com a necessidade de reconstrução, é evidente que existe a possibilidade de uma evolução social e urbana planejada, o que não é realidade em muitos países. Isso significa que a engenharia civil deve ser praticada de forma a prever o crescimento das cidades, de forma organizada e sustentável, com base em previsões de crescimento econômico e demográfico. Com esse planejamento, é possível, por exemplo, estabelecer regiões pré-determinadas para a construção de hospitais para que, no futuro, toda a população possa ser atendida devidamente. Essa ideia deve ser estendida para instalações de água e energia, vias, etc. Antes mesmo de chegar nessa parte, o professor Dickran lembra que todo esse movimento deve ter início na construção de moradias: “A moradia é uma questão fundamental da engenharia civil dentro de uma sociedade. Além de ser um direito, é importante lembrar que isso ajuda psicologicamente. A pessoa se sente muito melhor quando detém a sua moradia.” E é importante lembrar que, ao fornecer moradia, é preciso oferecer a essa moradia as condições adequadas de água encanada, energia e saneamento básico, além de vias de acesso. Para finalizar, mas não menos importante, é preciso entender dois pontos. Primeiramente, toda sociedade civil deve possuir regulamentações para os profissionais e para as obras de construção civil. Como segundo ponto, é preciso abordar a ética das atividades e, nesse ponto, o leque se abre. Por mais que o termo remeta à algo subjetivo, não é difícil entender quais são os impactos práticos. A redução de custos, o envolvimento social, a necessidade de infraestrutura correta, entre outros pontos, são assuntos que devem ser relacionados à ética. O professor Kurt Amann lembra que as obras de construção civil possuem valores muito altos, ainda que sejam obtidos com toda a atenção à economia. Com isso, é preciso que o engenheiro civil seja ético na sua administração. “A construção civil trabalha com obras de valor muito alto, e boa parte das vezes ligadas ao poder público e aos governos. Há um risco grande de corrupção, o que pode levar a custos elevados para a sociedade com desempenho ruim das obras executadas. As questões éticas fazem parte do dia a dia do engenheiro, que deve tomar decisões diariamente sobre sua atividade”, finaliza o profissional do Centro Universitário FEI. Dickran Berberian, professor da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Infrasolo Engenharia A moradia é uma questão fundamental da engenharia civil dentro de uma sociedade. Além de ser um direito, é importante lembrar que isso ajuda psicologicamente. A pessoa se sente muito melhor quando detém a sua moradia.” “
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  • 36. IDS: Formando o Novo Homem Angolano PROJETO DE F O R M A Ç Ã O DE QUADROS Oferecemos bolsas para os seguintes Cursos: BRASIL: Ensino Médio Engenharia Civil Engenharia da Computação Produção Arquitetura Engenharia Agronómica Engenharia Ambiental Engenharia Elétrica CHINA: Engenharia Civil Engenharia de Telecomunicações Engenharia Eletrônica e informática Engenharia de Eletricidade Engenharia Mecânica Medicina ARGENTINA: Medicina www.idsestudantes.org | canalids@idsestudantes.org @canalids @canalids canalids