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Fundação Procafé
Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400
35 – 3214 1411
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USO DE BORO VIA “DRENCH” EM CAFEZAIS
J.B. Matiello e Alysson V. Fagundes – Engs Agrs Fundação Procafé
O sistema de aplicação de produtos via “drench”, ou seja, na forma de um esguicho, sob a
saia do cafeeiro, foi desenvolvido e tem largo uso para a aplicação de fungicidas/inseticidas de
solo, no controle de doenças e pragas da lavoura.
Nos últimos anos, surgiu a ideia de aproveitar o sistema “drench”, para também aplicar, na
mesma calda, outros produtos, visando reduzir o custo operacional. Assim, um dos produtos que
parece mais se adequar a esse tipo de aplicação é o boro. Algumas razões favorecem o seu uso,
sendo – 1- O boro é um micro-nutriente, portanto exigido em pequenas doses, sendo necessárias
6,5 g/saca de café produzida, assim, para 30 sacas/ha, seriam utilizadas cerca de 180 g de B/ha. 2-
O boro responde bem na sua aplicação via solo, se aprofundando rapidamente, com boa absorção
pelas raízes, e, diferentemente do zinco, responde pouco na via foliar. 3- Os produtos usuais à
base de boro possuem reação ácida, facilitando sua compatibilidade com fungicidas/inseticidas.4-
A época de aplicação dos fungicidas/inseticidas, em outubro/novembro, no inicio do período
chuvoso, também coincide com a época adequada para uso do boro.
Na tecnologia de aplicação via drench, com aplicadores manuais ou mecanizados, a
quantidade de calda indicada, para uma boa distribuição dos produtos, é na base de 50 ml por
planta, ou cerca de 150-250 L/ha. Para o boro, como citado anteriormente, a necessidade, apenas
pela retirada, sem computar perdas, seria o equivalente a 180 g de B por ha, dando o equivalente a
cerca de 1 kg de ácido bórico. Talvez pelas perdas, por lixiviação, as doses usuais indicadas via
solo, na forma sólida, são de 2-3 Kg de B por ha, ou 12-20 Kg de ácido bórico, ou fonte similar,
por hectare, observando os níveis pela análise de solo, podendo manter as aplicações foliares
normais. Outras fontes de boro vem sendo indicadas podendo também serem adequadas para a via
drench, algumas já formuladas liquidas.
Como a distribuição em drench não é perfeita, como não se conhece bem a absorção do
boro em aplicações mais localizadas e junto ao tronco das plantas, conforme indicação usual para
os fungicidas/inseticidas, também alguns produtos usados apresentam baixos teores de B e suas
doses recomendadas são também baixas, existem duvidas sobre as melhores condições de uso
desse sistema na aplicação conjunta de boro. Não existem dados de pesquisa suficientes ao bom
esclarecimento de diversos pontos, embora existam relatos de bons resultados no uso prático do
sistema.
Outro problema que pode ocorrer é o da amostra de solo normal não representar a
realidade em relação ao B disponível no solo, pois, a localização do esguicho ou drench, leva a
erros de não encontrar este micro-nutriente, conduzindo a recomendações, pelo Técnico, também
errôneas, podendo, até, provocar intoxicações.
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Carência de boro (esq) ou toxidez(dir.) desse nutriente devem ser corrigidas e evitadas.
Especialmente na aplicação, via drench , com equipamento manual , o esguicho, que
deve ser aplicado dos 2 lados da linha de cafeeiros, pode ficar muito localizado.

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Folha 347 uso de boro via “drench” em cafezais

  • 1. Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400 35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br USO DE BORO VIA “DRENCH” EM CAFEZAIS J.B. Matiello e Alysson V. Fagundes – Engs Agrs Fundação Procafé O sistema de aplicação de produtos via “drench”, ou seja, na forma de um esguicho, sob a saia do cafeeiro, foi desenvolvido e tem largo uso para a aplicação de fungicidas/inseticidas de solo, no controle de doenças e pragas da lavoura. Nos últimos anos, surgiu a ideia de aproveitar o sistema “drench”, para também aplicar, na mesma calda, outros produtos, visando reduzir o custo operacional. Assim, um dos produtos que parece mais se adequar a esse tipo de aplicação é o boro. Algumas razões favorecem o seu uso, sendo – 1- O boro é um micro-nutriente, portanto exigido em pequenas doses, sendo necessárias 6,5 g/saca de café produzida, assim, para 30 sacas/ha, seriam utilizadas cerca de 180 g de B/ha. 2- O boro responde bem na sua aplicação via solo, se aprofundando rapidamente, com boa absorção pelas raízes, e, diferentemente do zinco, responde pouco na via foliar. 3- Os produtos usuais à base de boro possuem reação ácida, facilitando sua compatibilidade com fungicidas/inseticidas.4- A época de aplicação dos fungicidas/inseticidas, em outubro/novembro, no inicio do período chuvoso, também coincide com a época adequada para uso do boro. Na tecnologia de aplicação via drench, com aplicadores manuais ou mecanizados, a quantidade de calda indicada, para uma boa distribuição dos produtos, é na base de 50 ml por planta, ou cerca de 150-250 L/ha. Para o boro, como citado anteriormente, a necessidade, apenas pela retirada, sem computar perdas, seria o equivalente a 180 g de B por ha, dando o equivalente a cerca de 1 kg de ácido bórico. Talvez pelas perdas, por lixiviação, as doses usuais indicadas via solo, na forma sólida, são de 2-3 Kg de B por ha, ou 12-20 Kg de ácido bórico, ou fonte similar, por hectare, observando os níveis pela análise de solo, podendo manter as aplicações foliares normais. Outras fontes de boro vem sendo indicadas podendo também serem adequadas para a via drench, algumas já formuladas liquidas. Como a distribuição em drench não é perfeita, como não se conhece bem a absorção do boro em aplicações mais localizadas e junto ao tronco das plantas, conforme indicação usual para os fungicidas/inseticidas, também alguns produtos usados apresentam baixos teores de B e suas doses recomendadas são também baixas, existem duvidas sobre as melhores condições de uso desse sistema na aplicação conjunta de boro. Não existem dados de pesquisa suficientes ao bom esclarecimento de diversos pontos, embora existam relatos de bons resultados no uso prático do sistema. Outro problema que pode ocorrer é o da amostra de solo normal não representar a realidade em relação ao B disponível no solo, pois, a localização do esguicho ou drench, leva a erros de não encontrar este micro-nutriente, conduzindo a recomendações, pelo Técnico, também errôneas, podendo, até, provocar intoxicações.
  • 2. Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400 35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br Carência de boro (esq) ou toxidez(dir.) desse nutriente devem ser corrigidas e evitadas. Especialmente na aplicação, via drench , com equipamento manual , o esguicho, que deve ser aplicado dos 2 lados da linha de cafeeiros, pode ficar muito localizado.