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DOMINGO

Recife, 15 de dezembro de 2013

Recife, 15 de dezembro de 2013

O

VÁRIOS submarinos alemães
U-boats aterrorizaram o
Atlântico Sul

JORNAL
da Tarde dá
destaque à
vitória dos
tricolores
sobre o Remo

janelas fechadas, com luzes apagadas
à noite, e informavam quais medidas
adotar em caso de ataques nazistas.
Foi neste clima que, na madrugada
do dia 2 de janeiro de 1943, a delegação do Santa Cruz embarcou no Vapor
Pará, no Porto do Recife, para o que
viria a ser chamada de “Embaixada
Suicida”.
“Embaixada” era o mesmo que excursão e feita normalmente entre as
disputas dos campeonatos a fim de ar-

1934
O início da terceira década coral foi atropelando os adversários. No Campeonato Pernambucano, os jogadores do Santa Cruz fizeram história. Em 15 de agosto
daquela temporada, o Tricolor alcançou a maior goleada da história dos Clássicos
das Multidões. O Mais Querido aplicou 7x0 no Sport.
Em outubro, a Seleção Brasileira fez excursão a Pernambuco. E o Santa Cruz
conseguiu algo que ninguém imaginava ser possível. No Campo da Malaquias, em
10 de outubro, o Mais Querido venceu a temida equipe comandada por Leônidas
da Silva. O placar foi 3x2, com dois gols de Zezé Fernandes e um de Sidinho.

recadar dinheiro. O Santa devia salários e luvas aos jogadores e, mais do
que nunca, precisava arrecadar os 25
contos de réis contratados pelo Tranviário, de Belém do Pará, por cinco
jogos.
De acordo com o relato do jornalista
Aristófanes da Trindade, que chefiava
a delegação coral, o Vapor Pará, de
luzes apagadas e comboiado por dois
navios da Marinha, chegou a Natal em
dois dias. A parada abriu a brecha para

1935
Depois de deixar escapar o tetra na temporada anterior, os tricolores voltaram a ser campeões. Na primeira fase do Pernambucano, o
Santa disputou 13 jogos. Foram nove vitórias,
dois empates e duas derrotas. Com destaque
para o grande jogo diante do Náutico, no dia 4
de agosto. O time coral venceu por 5x3.

que o Santa realizasse o primeiro
amistoso. Os jogadores deixaram o
navio já uniformizados e foram direto
para o estádio Juvenal Lamartine,
abarrotado de torcedores que queriam
ver o time pernambucano que desafiara a guerra. Os tricolores não decepcionaram e meteram 6x0 num
combinado potiguar.
O medo de um ataque alemão fazia
com que os integrantes da delegação
não dormissem nas respectivas cabines, mas no convés da embarcação,
devidamente armados de facas e foices, afinal, era guerra. A delegação do
Santa chegava ao Pará festejada no
cais. Nos gramados, duas vitórias,
dois empates e uma derrota. 21 gols
marcados, 12 sofridos. Saldo positivo
dentro de campo e nas finanças ao
final da temporada contratada.

1938
Em 8 de dezembro de 1938, o Santa Cruz deu mais
uma prova de força. Na ocasião, os tricolores venceram a
Seleção Pernambucana, ou seja, o que havia de melhor
de todos os adversários juntos. E não foi apenas uma
simples vitória. O placar de 4x1 não deixava dúvida do
grau de superioridade da equipe tricolor.

O problema foi que a fama da Embaixada Suicida se estendeu até o extremo Norte e o clube tricolor recebeu
convite para fazer uma temporada em
Manaus. A delegação embarcou num
vapor-gaiola e subiu o rio Amazonas.
Foram seis dias de viagem. Mais uma
vez, festa e homenagens na chegada
do time, que perdeu uma e ganhou
duas diante dos amazonenses.
Mas antes da despedida contra o Rio
Negro, cinco atletas adoeceram, com
disenteria. Entre eles, King e Papeira,
que não seguiram a dieta médica e
exageram nas comemorações após o
3x2. Ambos embarcaram para Belém
de volta com muita febre e foram internados assim que chegaram. King
não resistiu e faleceu no dia 4 de
março. Seis dias depois, foi a vez de Papeira. Uma espécie de tifo, comum na

região, foi a causa da morte da dupla.
À espera pela formação de um
comboio que pudesse deixar o porto
de Belém, os jogadores do Santa tiveram que superar a morte dos companheiros disputando amistosos a
fim de garantir alimentação e hospedagem. O grupo coral havia encolhido. Além dos óbitos, Sidinho, Pelado
e Omar haviam recebido proposta
para ficar em Manaus, que vivia o auge
do ciclo da borracha e os seus clubes
nadavam em dinheiro.
Por pouco o time do Santa não perdeu também Pedrinho, que chegou a
ser preso pelo chefe da polícia local
pouco depois da delegação desembarcar em terra firme sob alegação de
que o zagueiro pernambucano havia
feito mal a uma de menor. Dias depois
se chegou à conclusão de que tudo
não passava de uma armação a fim de
fazer com que Pedrinho, que não
havia aceito proposta como os seus
companheiros, ficasse num clube
amazonense.
Finalmente, o Santa pôde deixar
Belém. Mas longe de não ter de enfrentar problemas. Os jogadores haviam solicitado a troca das suas passagens de primeira para terceira clas-

1941
Após cinco anos, o Tricolor pernambucano
reencontrou o caminho dos títulos. No dia 4 de
maio, a equipe derrotou o Sport por 2x1, no
Campo da Jaqueira, e faturou mais um troféu
para a sua coleção. A conquista veio depois de
duas vitórias sobre os rubro-negros, em uma decisão de melhor de três partidas.

se, para que pudessem ficar com a diferença em dinheiro. A mudança, no
entanto, fez com que eles viajassem
ao lado de um grupo de presos que a
polícia paraense estava deportando
para São Luís, próxima parada do
navio. Desta vez, os facões ficaram em
punhos durante todo o trajeto por
outro motivo.
Em São Luís, o mesmo problema de
Belém. Mais dias de espera por um
novo comboio e amistosos marcados
de última hora. Na véspera de um
deles, a chefia da delegação foi avisada que naquela noite aconteceria a
partida do cais. E a delegação do
Santa embarcou e deixou o porto
juntamente com duas embarcações
mercantis e duas da Armada.
Isso por volta das 23h. Poucas horas
depois, em meio a uma tempestade,
passageiros e tripulantes perceberam
que o barco parecia deslizar em zingue-zague sobre o mar. No começo da
manhã, a embarcação estava de volta
ao porto de São Luís com a informação de que o radar do navio da Marinha havia detectado a presença de um
submarino alemão.
Em pânico, a delegação decidiu
não mais desafiar os U-boats alemães e voltar por via terrestre. De trem
até Teresina, com dois descarrilhamentos de vagões, e de ônibus para
Fortaleza e Recife. Esfacelados física
e emocionalmente, mas com dinheiro no bolso, os integrantes da Embaixada estavam de volta para casa.

1943
No dia 2 de janeiro, o Santa embarcou rumo a
Belém para uma excursão que ficaria conhecida
como Embaixada Suicida. Em plena Segunda Guerra, os tricolores encararam o medo de um mar coalhado de submarinos alemães. Mas as vítimas fatais
viriam a ser em função de um tipo de tifo: King e Papeira não voltaram com a delegação.

E o Santa metia
7x0 no Sport
Com 14
minutos, Carlos
cruzou e Lauro
meteu a
cabeça na
bola para
balançar a
rede do Sport
pela primeira
vez naquela
tarde do dia 15 de
agosto. Não demorou
e o artilheiro Tará fez o
segundo. O terceiro ficou a cargo de
Carlos. E ainda deu tempo para que
Limoeiro marcasse o quarto antes
do apito final do primeiro tempo.
Os tricolores não aliviaram no
segundo e o massacre continuou.
Com assistências de Estevam,
novamente Lauro e Tará voltaram a
balançar a rede de um atordoado
Leão. Quem fechou o caixão foi o
garçom Estevam.
Jogando na casa do adversário, na
época o Campo da Malaquias, o
tricampeão pernambucano metia
7x0 no seu rival e estabelecia a
maior goleada na história dos
confrontos entre o Santa e o Sport.
A bola (foto), a mesma que entrou
sete vezes no gol rubro-negro, foi
guardada como um souvenir
daquele clássico.

te

ano de 1942 marcou a
tomada de posição do
Brasil de Getúlio Vargas
na Segunda Guerra
Mundial. O ataque japonês à base norteamericana de Pearl Harbor, no final do
ano anterior, foi o primeiro passo
para por fim às relações com o Eixo
(Alemanha, Itália e Japão), com quem
o Estado Novo flertava, e abrir caminho
para acordos de cooperação militar
com os Estados Unidos. Foi o bastante para que os alemães retaliassem,
atacando navios mercantes brasileiros
com os temíveis submarinos U-boats
- até 1943, 31 embarcações foram à
pique vítimas de seus torpedos.
A tomada de Dacar, ponto mais
ocidental da África, pelo exército de Hitler fez com que o Brasil, mais especificamente o chamado Saliente Nordestino, se transformasse num ponto
estratégico para entrada na América.
Nunca a Alemanha estivera tão perto
do continente. Isso por terra. Pelo
mar, ou debaixo dele, a aproximação
era cada vez maior. Assim como o interesse, e necessidade, de os governos
de Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas
darem as mãos.
Recife, sede do Comando Militar do
Nordeste, foi uma das cidades que
mais vivenciaram o pânico da guerra
neste período pós-rompimento varguista com o Eixo. “População do Recife vai conhecer o Black out”, chegou
a publicar “O Jornal”. Rádio e jornal
orientavam as pessoas a manterem as

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Excursão que desafiou a Segunda Guerra

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O time coral venceu por 5x3. que o Santa realizasse o primeiro amistoso. Os jogadores deixaram o navio já uniformizados e foram direto para o estádio Juvenal Lamartine, abarrotado de torcedores que queriam ver o time pernambucano que desafiara a guerra. Os tricolores não decepcionaram e meteram 6x0 num combinado potiguar. O medo de um ataque alemão fazia com que os integrantes da delegação não dormissem nas respectivas cabines, mas no convés da embarcação, devidamente armados de facas e foices, afinal, era guerra. A delegação do Santa chegava ao Pará festejada no cais. Nos gramados, duas vitórias, dois empates e uma derrota. 21 gols marcados, 12 sofridos. Saldo positivo dentro de campo e nas finanças ao final da temporada contratada. 1938 Em 8 de dezembro de 1938, o Santa Cruz deu mais uma prova de força. Na ocasião, os tricolores venceram a Seleção Pernambucana, ou seja, o que havia de melhor de todos os adversários juntos. E não foi apenas uma simples vitória. O placar de 4x1 não deixava dúvida do grau de superioridade da equipe tricolor. O problema foi que a fama da Embaixada Suicida se estendeu até o extremo Norte e o clube tricolor recebeu convite para fazer uma temporada em Manaus. A delegação embarcou num vapor-gaiola e subiu o rio Amazonas. Foram seis dias de viagem. Mais uma vez, festa e homenagens na chegada do time, que perdeu uma e ganhou duas diante dos amazonenses. Mas antes da despedida contra o Rio Negro, cinco atletas adoeceram, com disenteria. Entre eles, King e Papeira, que não seguiram a dieta médica e exageram nas comemorações após o 3x2. Ambos embarcaram para Belém de volta com muita febre e foram internados assim que chegaram. King não resistiu e faleceu no dia 4 de março. Seis dias depois, foi a vez de Papeira. Uma espécie de tifo, comum na região, foi a causa da morte da dupla. À espera pela formação de um comboio que pudesse deixar o porto de Belém, os jogadores do Santa tiveram que superar a morte dos companheiros disputando amistosos a fim de garantir alimentação e hospedagem. O grupo coral havia encolhido. Além dos óbitos, Sidinho, Pelado e Omar haviam recebido proposta para ficar em Manaus, que vivia o auge do ciclo da borracha e os seus clubes nadavam em dinheiro. Por pouco o time do Santa não perdeu também Pedrinho, que chegou a ser preso pelo chefe da polícia local pouco depois da delegação desembarcar em terra firme sob alegação de que o zagueiro pernambucano havia feito mal a uma de menor. Dias depois se chegou à conclusão de que tudo não passava de uma armação a fim de fazer com que Pedrinho, que não havia aceito proposta como os seus companheiros, ficasse num clube amazonense. Finalmente, o Santa pôde deixar Belém. Mas longe de não ter de enfrentar problemas. Os jogadores haviam solicitado a troca das suas passagens de primeira para terceira clas- 1941 Após cinco anos, o Tricolor pernambucano reencontrou o caminho dos títulos. No dia 4 de maio, a equipe derrotou o Sport por 2x1, no Campo da Jaqueira, e faturou mais um troféu para a sua coleção. A conquista veio depois de duas vitórias sobre os rubro-negros, em uma decisão de melhor de três partidas. se, para que pudessem ficar com a diferença em dinheiro. A mudança, no entanto, fez com que eles viajassem ao lado de um grupo de presos que a polícia paraense estava deportando para São Luís, próxima parada do navio. Desta vez, os facões ficaram em punhos durante todo o trajeto por outro motivo. Em São Luís, o mesmo problema de Belém. Mais dias de espera por um novo comboio e amistosos marcados de última hora. Na véspera de um deles, a chefia da delegação foi avisada que naquela noite aconteceria a partida do cais. E a delegação do Santa embarcou e deixou o porto juntamente com duas embarcações mercantis e duas da Armada. Isso por volta das 23h. Poucas horas depois, em meio a uma tempestade, passageiros e tripulantes perceberam que o barco parecia deslizar em zingue-zague sobre o mar. No começo da manhã, a embarcação estava de volta ao porto de São Luís com a informação de que o radar do navio da Marinha havia detectado a presença de um submarino alemão. Em pânico, a delegação decidiu não mais desafiar os U-boats alemães e voltar por via terrestre. De trem até Teresina, com dois descarrilhamentos de vagões, e de ônibus para Fortaleza e Recife. Esfacelados física e emocionalmente, mas com dinheiro no bolso, os integrantes da Embaixada estavam de volta para casa. 1943 No dia 2 de janeiro, o Santa embarcou rumo a Belém para uma excursão que ficaria conhecida como Embaixada Suicida. Em plena Segunda Guerra, os tricolores encararam o medo de um mar coalhado de submarinos alemães. Mas as vítimas fatais viriam a ser em função de um tipo de tifo: King e Papeira não voltaram com a delegação. E o Santa metia 7x0 no Sport Com 14 minutos, Carlos cruzou e Lauro meteu a cabeça na bola para balançar a rede do Sport pela primeira vez naquela tarde do dia 15 de agosto. Não demorou e o artilheiro Tará fez o segundo. O terceiro ficou a cargo de Carlos. E ainda deu tempo para que Limoeiro marcasse o quarto antes do apito final do primeiro tempo. Os tricolores não aliviaram no segundo e o massacre continuou. Com assistências de Estevam, novamente Lauro e Tará voltaram a balançar a rede de um atordoado Leão. Quem fechou o caixão foi o garçom Estevam. Jogando na casa do adversário, na época o Campo da Malaquias, o tricampeão pernambucano metia 7x0 no seu rival e estabelecia a maior goleada na história dos confrontos entre o Santa e o Sport. A bola (foto), a mesma que entrou sete vezes no gol rubro-negro, foi guardada como um souvenir daquele clássico. te ano de 1942 marcou a tomada de posição do Brasil de Getúlio Vargas na Segunda Guerra Mundial. O ataque japonês à base norteamericana de Pearl Harbor, no final do ano anterior, foi o primeiro passo para por fim às relações com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), com quem o Estado Novo flertava, e abrir caminho para acordos de cooperação militar com os Estados Unidos. Foi o bastante para que os alemães retaliassem, atacando navios mercantes brasileiros com os temíveis submarinos U-boats - até 1943, 31 embarcações foram à pique vítimas de seus torpedos. A tomada de Dacar, ponto mais ocidental da África, pelo exército de Hitler fez com que o Brasil, mais especificamente o chamado Saliente Nordestino, se transformasse num ponto estratégico para entrada na América. Nunca a Alemanha estivera tão perto do continente. Isso por terra. Pelo mar, ou debaixo dele, a aproximação era cada vez maior. Assim como o interesse, e necessidade, de os governos de Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas darem as mãos. Recife, sede do Comando Militar do Nordeste, foi uma das cidades que mais vivenciaram o pânico da guerra neste período pós-rompimento varguista com o Eixo. “População do Recife vai conhecer o Black out”, chegou a publicar “O Jornal”. Rádio e jornal orientavam as pessoas a manterem as mi Excursão que desafiou a Segunda Guerra 3 0 li Pa ixã o 10 0 li mi DOMINGO o 10 ixã Pa 2 13/12/2013 te 1512santa23:Layout 1