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O TERCEIRO LUGAR
THE GREAT GOOD PLACE
RAY OLDENBURG, 1989
CAFÉS, COFFE SHOPS, BOOKSTORES, BARS, HAIR SALONS AND OTHER
HANGOUTS AT THE HEART OF COMMUNITY
“Grandes civilizações, assim como as grandes
cidades, compartilham uma característica comum:
o desenvolvimento de distintivos locais informais
de encontro público que são cruciais para seu
crescimento e refinamento. Estes locais se tornam
tanto parte da paisagem urbana quanto da vida
cotidiana do cidadão e, invariavelmente, eles vêm
a dominar a imagem da cidade.”
(OLDENBURG, 1989, P. 25)
Nas cidades abençoadas com seus próprios Terceiros
Lugares (Great Good Places), o estranho se sente em casa
- ele de fato está em casa - e em uma cidades sem estes
lugares, mesmo o nativo não se sente em casa. Onde o
crescimento urbano prossegue sem a presença de uma
versão local de um espaço de encontro público que seja
parte integrante do vidas do povo, a promessa da cidade é
negada. Sem tais lugares, o espaço da cidade não nutre os
tipos de relacionamentos e a diversidade do contato
humano que são a essência da cidade. Privadas desses
ambientes, as pessoas continuam solitárias dentro de suas
multidões."
“
O termo TERCEIRO ESPAÇO (third places, tier lieux)
vem da separação da experiência social e cotidiana em
três espaços:
1) O lar é o “primeiro espaço”, caracterizado por ser um local doméstico e privado.
2) O “segundo espaço” é o ambiente de trabalho, local dedicado a realização de
uma atividade produtiva e/ou remunerada.
3) Já o terceiro espaço, é um ambientes propício para a a conversação e a
sociabilização inclusiva e informal e, onde “a vida em sociedade pode florescer”
e proporcionar o desenvolvimento de um sentimento de comunidade
(OLDENBURG, 1999).
Como são os terceiros lugares?
• Lares fora de casa: os ocupantes, muitas vezes, podem se sentir acolhidos e pertencentes ao ambiente,
sentimento comparável com o aconchego que sentem em suas próprias casas;
• Espaços neutros e democráticos: o espaço deve permitir aos ocupantes a capacidade de entrar e sair,
quando quiserem, sem qualquer obrigação ou compromisso, seja ele financeiro, político, legal ou de
qualquer ordem. Não pode haver importância sobre o status social ou econômico dos indivíduos, nem
pré-requisitos ou exigências que impeçam a participação ou aceitação em um terceiro espaço. São
lugares em que a diversidade, a mistura e o contato com pessoas diferentes são possíveis e valorizados;
• Ambientes simples e acessíveis: sem extravagâncias ou grandiosidades na arquitetura e decoração,
oferecem um ambiente acolhedor para todos os tipos de pessoas e classes sociais e com acesso fácil e
acomodações confortáveis para que seus ocupantes possam se sentir à vontade;
• Espaços descontraídos: distante de hierarquias, tensões ou hostilidades, são lugares em que o tom da
conversa é informal e sempre marcado por relações mais horizontais e descontraídas;
• Espaços de uso regular: o local possui frequentadores regulares e constantes, que ajudam a definir as
características do espaço e facilitam a acomodação de novos frequentadores, fazendo com que eles se
sintam bem-vindos;
• Lugares onde o maior objetivo dos frequentadores são as interações e a conversa descontraída e bem-
humorada, embora não sejam estas as únicas atividades lá exercidas.
O terceiro lugar é um gerador de capital social [...] onde as pessoas se
conhecem e aprendem a confiar umas nas outra, e quanto mais
abrangente o conhecimento e a confiança construídos, maior o capital
social, mais aquela comunidade progredirá economicamente [...]
Nesses lugares em que as pessoas se encontram e tomam um café ou
uma cerveja, as pessoas passam a se conhecer mais e a construir e
ampliar o capital social. [...] O terceiro lugar também ajuda a
construção de sociedades de ajuda mútua. Neles as pessoas se
conhecem e experimentam diversidade e uma mistura de ocupações,
de níveis de educação, e nessa diversidade podem acumular uma
grande quantidade de conhecimento. E como em um grande círculo,
conforme você aproveita a diversidade, dá boas vindas e acolhe novas
pessoas de diferentes perfis, mais você aprende, aprende, aprende.”
Ray Oldemburg
“
FRANCE TIER LIEUX
Iniciativa de 2018 promovida a partir do Ministério da Coesão Territorial
da França que tinha como objetivo fazer um balanço dos coworking
existentes na França.
A missão identificou naquele ano mais 1800 terceiros lugares na França
que, além de espaços compartilhados de trabalho, esses lugares estavam
estimulando uma profunda transformação da sociedade em torno da ideia
de trabalhar junto a outras pessoas, compartilhar conhecimento e da
abertura à co-criação, constituindo lugares dinamizadores dos territórios.
A partir desse trabalho, iniciou-se a formação de uma rede de diversos
atores representantes de terceiros lugares, pesquisadores, especialistas e
técnicos chamada Conselho Nacional de Terceiros Lugares com o objetivo
de promover a criação de ecossistemas de terceiros lugares.
O terceiros lugares reúnem atores empenhados em fornecer
respostas concretas para os desafios enfrentados pelos territórios.
Os terceiros lugares facilitam e promovem a troca e transferência
de conhecimento e o desenvolvimento de habilidades; possibilitam
a integração profissional à força de trabalho; favorecem a inclusão
digital; permitem relocalizar a produção; promovem o acesso à
cultura e sobretudo dinamizam os territórios.
O terceiros lugares estão no coração de transições em curso, reunindo pessoas dispostas a desenvolver ideias
de novas formas de trabalho em hiperproximidade e de soluções para questões ambientais, para a luta contra a
obsolescência programada, reciclagem e reparos e a buscar meios para tornar mais acessíveis a produção,
distribuição e oferta de alimentos saudáveis e sustentáveis.
A criação de
terceiros
lugares:
A criação de um terceiro lugar é um processo
coletivo, que é parte da cooperação territorial
desde sua concepção. Os terceiros lugares são,
por natureza, únicos e não podem ser
reproduzidos. Eles emergem de um grupo de
atores que juntos desejam criar novas
dinâmicas econômicas ou sociais para dar novas
respostas aos desafios de seu território.
Para que o projeto se enraíze, é necessário
também se engajar numa abordagem de
parceria com associações, empresas locais,
escolas, autoridades locais, etc. para que todos
possam encontrar seu lugar, sem ameaçar o
equilíbrio pré-existente.
Fábricas de territórios:
Uma Fábrica de Território é um espaço aberto que inclui uma
comunidade de moradores e habitantes envolvidos na
governança do local. Ela está ancorada em seu território e tem
vínculos com atores locais públicos e privados. Suas atividades
atendem a uma necessidade territorial de qualquer tipo: acesso à
cultura, tecnologia digital, vínculos sociais, teletrabalho, etc.
O Projeto é apoiado pelo programa nacional francês de apoio da
ANCT para terceiros lugares “Novos lugares, novos laços” que
viabilizaram até 2021 o financiamento 300 “recursos de terceiros
lugares” .
Manufaturas de Proximidade:
O programa Manufaturas de Proximidade, tem como objetivo apoiar artesãos, empresáriose
empreendedores nos territórios. Estes terceiros lugares dedicados à produção inovam e
incentivam o surgimento de novas atividades econômicas através do agrupamento de espaços e
máquinas, permitindo que as atividades, ofícios e profissionais se encontrem e colaborem.
O programa visa oferecer acesso a máquinas compartilhadas, para a criação de um ecossistema de
habilidades e um ambiente dinâmico, propício à criação e ao desenvolvimento de sua atividade.
O programa funciona por meio de editais em que os projetos escolhidos recebem apoio para o seu
desenvolvimento (4 meses de incubação e apoio personalizado), uma subvenção de investimento
dedicada a equipamentos técnicos e profissionais, e uma subvenção de capital para ajudar a
consolidar seus modelos ounegócios.
Cerca de vinte setores estão representados: madeira, metal, têxteis, manufatura digital,
artesanato, construção ecológica, agroalimentares, cerâmica, mobilidade sustentável, perfumaria,
etc.
Laboratório de Terceiros Lugares:
Consórcio com cerca de trinta parceiros, incluindo 12 pesquisadores, 6 redes
regionais, 2 redes nacionais (RFFLabs e a Cooperativa Oasis), jornalistas e
profissionais de terceiros lugares.
Os consorciados do movimento de Terceiro Lugar de trabalham para a o
desenvolvimento de meios e recursos que possam ampliar o conhecimento
existente , produzir novos conteúdos e relatar as experiências e pesquisas
atuais em benefício dos atores envolvidos em terceiros lugares nos seus
territórios e locais .
O trabalho dos especialistas do Labo são orientados a partir de uma lógica
transdisciplinar para estabelecer uma abordagem multi-setorial de terceiros
lugares, abarcando temas como trabalho, comuns, práticas democráticas,
produção de alimentos, práticas de aprendizagem, produção artesanal, etc...
FERREIRA, V. A. R. USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
PARA PROMOVER SOCIALIZAÇÃO: REVISANDO O CONCEITO DE TERCEIROS
ESPAÇOS. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. São Carlos, p. 106. 2015.
FRANCE TIERS LEUX. https://francetierslieux.fr/. France Tiers Leux, 2019. Disponivel
em: <https://francetierslieux.fr/>. Acesso em: 30 setembro 2022.
OLDENBURG, R. The Great Good Place. Cafés, coffee shops, bookstores, bars, hair
salon and other hangouts at the heart of a community. Philadelphia: Da Capo Press,
1997.
TIERS-LIEUX, LA COOPÉRATIVE. La Coopérative Tiers-Lieux. La copérative tiers-
lieu(x), 2017. Disponivel em: <https://coop.tierslieux.net/la-cooperative/presentation/>.
Acesso em: 29 setembro 2022.
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  • 2. THE GREAT GOOD PLACE RAY OLDENBURG, 1989 CAFÉS, COFFE SHOPS, BOOKSTORES, BARS, HAIR SALONS AND OTHER HANGOUTS AT THE HEART OF COMMUNITY “Grandes civilizações, assim como as grandes cidades, compartilham uma característica comum: o desenvolvimento de distintivos locais informais de encontro público que são cruciais para seu crescimento e refinamento. Estes locais se tornam tanto parte da paisagem urbana quanto da vida cotidiana do cidadão e, invariavelmente, eles vêm a dominar a imagem da cidade.” (OLDENBURG, 1989, P. 25)
  • 3. Nas cidades abençoadas com seus próprios Terceiros Lugares (Great Good Places), o estranho se sente em casa - ele de fato está em casa - e em uma cidades sem estes lugares, mesmo o nativo não se sente em casa. Onde o crescimento urbano prossegue sem a presença de uma versão local de um espaço de encontro público que seja parte integrante do vidas do povo, a promessa da cidade é negada. Sem tais lugares, o espaço da cidade não nutre os tipos de relacionamentos e a diversidade do contato humano que são a essência da cidade. Privadas desses ambientes, as pessoas continuam solitárias dentro de suas multidões." “
  • 4. O termo TERCEIRO ESPAÇO (third places, tier lieux) vem da separação da experiência social e cotidiana em três espaços: 1) O lar é o “primeiro espaço”, caracterizado por ser um local doméstico e privado. 2) O “segundo espaço” é o ambiente de trabalho, local dedicado a realização de uma atividade produtiva e/ou remunerada. 3) Já o terceiro espaço, é um ambientes propício para a a conversação e a sociabilização inclusiva e informal e, onde “a vida em sociedade pode florescer” e proporcionar o desenvolvimento de um sentimento de comunidade (OLDENBURG, 1999).
  • 5. Como são os terceiros lugares? • Lares fora de casa: os ocupantes, muitas vezes, podem se sentir acolhidos e pertencentes ao ambiente, sentimento comparável com o aconchego que sentem em suas próprias casas; • Espaços neutros e democráticos: o espaço deve permitir aos ocupantes a capacidade de entrar e sair, quando quiserem, sem qualquer obrigação ou compromisso, seja ele financeiro, político, legal ou de qualquer ordem. Não pode haver importância sobre o status social ou econômico dos indivíduos, nem pré-requisitos ou exigências que impeçam a participação ou aceitação em um terceiro espaço. São lugares em que a diversidade, a mistura e o contato com pessoas diferentes são possíveis e valorizados; • Ambientes simples e acessíveis: sem extravagâncias ou grandiosidades na arquitetura e decoração, oferecem um ambiente acolhedor para todos os tipos de pessoas e classes sociais e com acesso fácil e acomodações confortáveis para que seus ocupantes possam se sentir à vontade; • Espaços descontraídos: distante de hierarquias, tensões ou hostilidades, são lugares em que o tom da conversa é informal e sempre marcado por relações mais horizontais e descontraídas; • Espaços de uso regular: o local possui frequentadores regulares e constantes, que ajudam a definir as características do espaço e facilitam a acomodação de novos frequentadores, fazendo com que eles se sintam bem-vindos; • Lugares onde o maior objetivo dos frequentadores são as interações e a conversa descontraída e bem- humorada, embora não sejam estas as únicas atividades lá exercidas.
  • 6. O terceiro lugar é um gerador de capital social [...] onde as pessoas se conhecem e aprendem a confiar umas nas outra, e quanto mais abrangente o conhecimento e a confiança construídos, maior o capital social, mais aquela comunidade progredirá economicamente [...] Nesses lugares em que as pessoas se encontram e tomam um café ou uma cerveja, as pessoas passam a se conhecer mais e a construir e ampliar o capital social. [...] O terceiro lugar também ajuda a construção de sociedades de ajuda mútua. Neles as pessoas se conhecem e experimentam diversidade e uma mistura de ocupações, de níveis de educação, e nessa diversidade podem acumular uma grande quantidade de conhecimento. E como em um grande círculo, conforme você aproveita a diversidade, dá boas vindas e acolhe novas pessoas de diferentes perfis, mais você aprende, aprende, aprende.” Ray Oldemburg “
  • 7. FRANCE TIER LIEUX Iniciativa de 2018 promovida a partir do Ministério da Coesão Territorial da França que tinha como objetivo fazer um balanço dos coworking existentes na França. A missão identificou naquele ano mais 1800 terceiros lugares na França que, além de espaços compartilhados de trabalho, esses lugares estavam estimulando uma profunda transformação da sociedade em torno da ideia de trabalhar junto a outras pessoas, compartilhar conhecimento e da abertura à co-criação, constituindo lugares dinamizadores dos territórios. A partir desse trabalho, iniciou-se a formação de uma rede de diversos atores representantes de terceiros lugares, pesquisadores, especialistas e técnicos chamada Conselho Nacional de Terceiros Lugares com o objetivo de promover a criação de ecossistemas de terceiros lugares.
  • 8. O terceiros lugares reúnem atores empenhados em fornecer respostas concretas para os desafios enfrentados pelos territórios. Os terceiros lugares facilitam e promovem a troca e transferência de conhecimento e o desenvolvimento de habilidades; possibilitam a integração profissional à força de trabalho; favorecem a inclusão digital; permitem relocalizar a produção; promovem o acesso à cultura e sobretudo dinamizam os territórios. O terceiros lugares estão no coração de transições em curso, reunindo pessoas dispostas a desenvolver ideias de novas formas de trabalho em hiperproximidade e de soluções para questões ambientais, para a luta contra a obsolescência programada, reciclagem e reparos e a buscar meios para tornar mais acessíveis a produção, distribuição e oferta de alimentos saudáveis e sustentáveis.
  • 9. A criação de terceiros lugares: A criação de um terceiro lugar é um processo coletivo, que é parte da cooperação territorial desde sua concepção. Os terceiros lugares são, por natureza, únicos e não podem ser reproduzidos. Eles emergem de um grupo de atores que juntos desejam criar novas dinâmicas econômicas ou sociais para dar novas respostas aos desafios de seu território. Para que o projeto se enraíze, é necessário também se engajar numa abordagem de parceria com associações, empresas locais, escolas, autoridades locais, etc. para que todos possam encontrar seu lugar, sem ameaçar o equilíbrio pré-existente.
  • 10. Fábricas de territórios: Uma Fábrica de Território é um espaço aberto que inclui uma comunidade de moradores e habitantes envolvidos na governança do local. Ela está ancorada em seu território e tem vínculos com atores locais públicos e privados. Suas atividades atendem a uma necessidade territorial de qualquer tipo: acesso à cultura, tecnologia digital, vínculos sociais, teletrabalho, etc. O Projeto é apoiado pelo programa nacional francês de apoio da ANCT para terceiros lugares “Novos lugares, novos laços” que viabilizaram até 2021 o financiamento 300 “recursos de terceiros lugares” .
  • 11. Manufaturas de Proximidade: O programa Manufaturas de Proximidade, tem como objetivo apoiar artesãos, empresáriose empreendedores nos territórios. Estes terceiros lugares dedicados à produção inovam e incentivam o surgimento de novas atividades econômicas através do agrupamento de espaços e máquinas, permitindo que as atividades, ofícios e profissionais se encontrem e colaborem. O programa visa oferecer acesso a máquinas compartilhadas, para a criação de um ecossistema de habilidades e um ambiente dinâmico, propício à criação e ao desenvolvimento de sua atividade. O programa funciona por meio de editais em que os projetos escolhidos recebem apoio para o seu desenvolvimento (4 meses de incubação e apoio personalizado), uma subvenção de investimento dedicada a equipamentos técnicos e profissionais, e uma subvenção de capital para ajudar a consolidar seus modelos ounegócios. Cerca de vinte setores estão representados: madeira, metal, têxteis, manufatura digital, artesanato, construção ecológica, agroalimentares, cerâmica, mobilidade sustentável, perfumaria, etc.
  • 12. Laboratório de Terceiros Lugares: Consórcio com cerca de trinta parceiros, incluindo 12 pesquisadores, 6 redes regionais, 2 redes nacionais (RFFLabs e a Cooperativa Oasis), jornalistas e profissionais de terceiros lugares. Os consorciados do movimento de Terceiro Lugar de trabalham para a o desenvolvimento de meios e recursos que possam ampliar o conhecimento existente , produzir novos conteúdos e relatar as experiências e pesquisas atuais em benefício dos atores envolvidos em terceiros lugares nos seus territórios e locais . O trabalho dos especialistas do Labo são orientados a partir de uma lógica transdisciplinar para estabelecer uma abordagem multi-setorial de terceiros lugares, abarcando temas como trabalho, comuns, práticas democráticas, produção de alimentos, práticas de aprendizagem, produção artesanal, etc...
  • 13. FERREIRA, V. A. R. USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA PROMOVER SOCIALIZAÇÃO: REVISANDO O CONCEITO DE TERCEIROS ESPAÇOS. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. São Carlos, p. 106. 2015. FRANCE TIERS LEUX. https://francetierslieux.fr/. France Tiers Leux, 2019. Disponivel em: <https://francetierslieux.fr/>. Acesso em: 30 setembro 2022. OLDENBURG, R. The Great Good Place. Cafés, coffee shops, bookstores, bars, hair salon and other hangouts at the heart of a community. Philadelphia: Da Capo Press, 1997. TIERS-LIEUX, LA COOPÉRATIVE. La Coopérative Tiers-Lieux. La copérative tiers- lieu(x), 2017. Disponivel em: <https://coop.tierslieux.net/la-cooperative/presentation/>. Acesso em: 29 setembro 2022. Bibliografia: