6. Tempo perdido
Certo homem era marceneiro de profissão e possuía extraordinária facilidade para
trabalhar com madeira. Era um verdadeiro mestre em seu ofício e todos admiravam seus
trabalhos.
Esse homem tinha um sonho.
Desejava esculpir na madeira uma imagem de Jesus, a quem ele amava
profundamente, em tamanho natural.
Conversando com um amigo, o marceneiro falou do sonho que acalentava em seu
íntimo e o companheiro o incentivou:
- Então por que você não começa? Com seu talento e habilidade nas mãos, tenho
certeza que a escultura será uma obra prima!
Ao que o marceneiro respondeu:
- Ah! Meu amigo! Desejo não me falta. Contudo, o trabalho deverá ser perfeito e
ainda não resolvi qual a madeira que irei utilizar.
Sempre em dúvida, o artesão deixava o tempo passar. Uma madeira porque era
muito rija; a outra porque não era resistente o suficiente; outra era macia e de fácil
manejo, porém a tonalidade não o agradava.
7. E assim o tempo foi passando e o marceneiro não se dava conta.
Alguns anos depois reencontrou o amigo que tinha retornado à cidade e, curioso,
perguntou sobre a obra.
- Já resolvi o tipo de madeira que irei trabalhar. Entretanto, ainda não iniciei
porque não estou nas minhas melhores condições íntimas. Creio que para esculpir a
figura do Mestre preciso estar bem comigo mesmo e com o mundo. Sabe como é, os
fregueses exigem muito da minha atenção e, não raro me irrito, perdendo a paciência.
Além disso, não podendo dispensar o serviço da marcenaria, onde ganho o sustento
para minha família, só posso dedicar-me ao sonho acalentado pela minha alma nos
momentos de folga. E aí, grande parte das vezes, eu sinto-me exausto e sonolento.
Contudo — completava tentando aparentar entusiasmo —, pretendo começar minha
obra prima dentro em breve.
Algum tempo depois, voltaram a se encontrar e, questionado pelo amigo que
demonstrava interesse pelo assunto, o artesão argumentava:
- Infelizmente, ainda não iniciei o trabalho porque as condições não permitem. A
família exige muito da minha atenção e os filhos requisitam meus carinhos. Você
compreende, ainda são pequenos e dependentes. Porém, quando que eles crescerem
um pouco mais, poderei trabalhar em paz.
E assim o tempo foi passando. Muitos anos depois, em visita à cidade, o amigo foi
procurar o marceneiro. Encontrou-o velho e doente.
8. Após os cumprimentos e a troca de notícias, felizes com o reencontro, o visitante
interrogou, curioso:
- E daí? Estou ansioso para ver o trabalho que você tanto desejava executar. Com
certeza deve ter ficado soberbo!
Os olhos do artesão se apagaram e uma tristeza infinita vibrou em sua voz já
trêmula pela idade:
- Ah, meu amigo! Infelizmente, nem cheguei a iniciar o trabalho que
representava o sonho de toda uma vida. As dificuldades foram muito grandes e a
necessidade de prover o sustento da família me absorveu. Agora, encontro-me doente
e sem forças. A vista está fraca e já não enxergo mais como antes, e as mãos,
trêmulas, não me permitem mais trabalhar.
Penalizado, o visitante amigo viu-o puxar um lenço e enxugar uma lágrima,
cheio de arrependimento e amargura.
- É tarde, meu amigo. Tive todas as condições e não soube aproveitar. Perdi a
oportunidade que o Senhor me concedeu.
Tentando animá-lo, o visitante considerou:
- Quem sabe? Não desanime. Talvez ainda seja possível.
9. O marceneiro fitou o amigo, demonstrando que compreendia toda a extensão da sua
inutilidade e da sua cegueira, e respondeu convicto:
- Não agora; só se for em outra existência!
Tia Célia
Célia Xavier Camargo
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita
10. Nesse momento podemos solicitar a
magnetização da água.
Magnetizar a água é colocar um pouco de água
em um recipiente e solicitar, durante as
vibrações que os bons Espíritos coloquem
naquela água os remédios e os bons fluídos que
os participantes necessitam nesse momento.