Este documento discute as diferenças entre lateritas e ironstones. Embora ambos sejam ricos em ferro, lateritas se formam sob condições tropicais a partir da alteração de diversas rochas, enquanto ironstones são depósitos ferruginosos não-lateríticos encontrados globalmente. Ironstones podem ocorrer dentro de perfis lateríticos, mas não compartilham as mesmas características. O documento conclui que uma laterita rica em ferro pode ser considerada um ironstone.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - IGEO
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
PETROLOGIA SEDIMENTAR – GEO501
PROFESSOR: JACKSON DOUGLAS DA SILVA PAZ
EZEQUIAS GUIMARÃES
LATERITOS E IRONSTONES
Boa Vista, RR.
2018
2. TODA LATERITA É UM IRONSTONE?
O conjunto de rochas ricas em ferro, as quais envolvem laterita, ferricrete, ironstone,
entre outros se denomina canga (SUGUIO, 2003). Esse material constitui substrato com
características particulares em relação à formação de solos e desenvolvimento de plantas.
Apesar de o conceito supracitado definir laterita como rocha, ainda há muita discussão em
torno de esse assunto, sendo que muitas vezes a laterita é definida simplesmente como um
tipo de solo muito alterado com grande concentração de hidróxidos de ferro e alumínio.
Segundo Costa (2007) formações ferruginosas de natureza não-laterítica são muito
frequentes na Amazônia. São compostas essencialmente de oxi-hidroxidos de ferro e alumínio
(hematita e goethita), formando camadas, pseudoveios e bolsões isolados, sem apresentar as
características dos perfis lateríticos. Embora não sejam de origem laterítica, estas formações
podem ser encontradas dentro dos próprios perfis lateríticos.
São vários os tipos desses depósitos, porém as formações ferríferas bandadas e os
ironstones são, economicamente, os mais importantes. As primeiras formações restringem-se
ao Pré-cambriano e constituem as maiores reservas de ferro do globo terrestre. Os ironstones,
por sua vez, desenvolveram-se durante o Fanerozoico e foram expressivas fontes de ferro
(TUCKER, 2014).
Rochas ferruginosas (ironstones) não-lateríticas são encontradas no mundo inteiro, e
estas recebem o nome de pseudolateritos ou Grés do Pará / Pedra do Pará quando ocorrem na
Amazônia. As rochas ferruginosas não-lateríticas, tipo Grés do Pará, são normalmente
compostas de grânulos de quartzo na faixa de silte a seixos, em cimento marrom epigenético
de goethita e hematita. Essa rocha é consequentemente, densa e escura, representando siltitos,
arenitos, conglomerados, brechas, brechas de falhas, vênulas etc, ferruginizados (COSTA,
2007).
Outra diferença reside no fato que os processos intempéricos que deram origem aos
lateritos existentes hoje se iniciaram por volta de 35 Ma. atrás. Observa-se para essa faixa de
tempo geológico (Pleistoceno) uma transição nos níveis de oxigênio. Além disso, lateritos
podem ser formados a partir da lixiviação de rochas sedimentares (arenitos, argilas, calcários
etc), ou metamórficas (xistos, gnaisses, migmatitos etc), ou rochas ígneas (granitos, basaltos,
gabros, peridotites etc) sob condições tropicais, ou equivalentes (COSTA, 2007).
Outro problema que pode advim dessa conceituação é referente à tradução do termo
anglo-saxônico “ironstone” que em tradução literal poderia se referia a qualquer rocha que
3. contenha ferro, enquanto nem todo tipo de laterita possui essencialmente um alto teor de
ferro. Dessa forma pode-se concluir que uma laterita rica em ferro pode ser um ironstone.
REFERÊNCIAS
CONCEIÇÃO, D. A. Intemperismo na região da Serra do Tucano-RR. 2011. 27p.
Dissertação (Mestrado em Geociências) –– Universidade Federal do Amazonas - UFAM,
Manaus: 2011.
COSTA, M. L. Introdução ao intemperismo laterítico e a lateritização. In: Bandeira et al
(2007) (orgs) -Prospecção Geoquímica-Sociedade Brasileira de Geoquímica-SBGq, Rio de
Janeiro.
NICHOLS, G. Sedimentology and Stratigraphy. 2ª Ed. Reino Unido. Editora Wiley-
Blackwell, 2009. 419 p.
SGARBI, G. N. C. Petrografia macroscópica de rochas ígneas, sedimentares e
metamórficas. 2ª Ed. Belo Horizonte. Editora da UFMG, 2012. 632 p.
SUGUIO, K. Geologia Sedimentar. 1ª Ed. São Paulo. Editora Blucher, 2003. 400 p.
TUCKER, M. E. Rochas sedimentares: guia geológico de campo. Tradução: Rualdo
Menegat. 4ª Ed. Porto Alegre. Editora Bookman, 2014. 324 p.