O documento descreve a história e o processo de fabricação de tinturas de cabelo. Começando com o uso de corantes naturais por egípcios há mais de 3 mil anos, evoluiu para o uso de corantes sintéticos a partir do século 19. Atualmente, as tinturas contêm precursores de cor, peróxido de hidrogênio e outros agentes que reagem no cabelo para produzir a coloração desejada de forma temporária, semipermanente ou permanente.
2. HISTÓRICO
Há mais de três mil anos os
egípcios foram os primeiros a
desenvolver a técnica de tintura
de tecidos e de cabelo.
Utilizaram corantes extraídos
da matéria animal e vegetal.
Estes mesmos corantes foram
utilizados por muitas
civilizações no decorrer dos
séculos, e mesmo na
atualidade.
Na antiguidade, as tinturas de
cabelo eram feitas com amoras
esmagadas e extratos de
plantas, e aplicadas nos cabelos
com um creme rinse.
Nos séculos 17 e 18 as mulheres
aplicavam óleo e pó aos
cabelos para clarear.
3. O químico alemão August
Hoffmann descobriu em 1836
a propriedade que a p-
fenilenodiamina (PPD) tem de colorir a
queratina do cabelo, o que passou a
constituir a base dos colorantes.
Os colorantes sintéticos usados
atualmente em larga escala pelos
profissionais são: metatoluilendiamina
(MTD), a dimetil-para-fenileno-diamina e
outros amino-fenóis.
H2N NH2
4. Em 1907, o francês Eugène Schueller
inventou a primeira tintura de cabelo e,
alguns anos mais tarde, fundou a L'Oréal.
Começou a estudar produtos químicos e,
baseando sua fórmula em PPD, criou o
produto que até hoje é base das
colorações.
Produtos com chumbo, eram utilizados
em alta concentração, irritando o couro
cabeludo.
Após, descobriu-se o peróxido de
hidrogênio, um produto mais suave e
seguro para clareamento de cabelo.
5. O processo para tingir os cabelos de loiro
veio logo em seguida.
Em 1932 a tintura foi refinada por
Lawrence Gelb, que criou um corante que
realmente penetrava as raízes do cabelo.
Em 1950, ele introduzia a primeira tintura
em uma etapa que clareava o cabelo sem
H2O2.
Isso abriu a possibilidade dos cabelos
serem tingidos em casa.
6. FABRICAÇÃO
Tem início com o aplique do
H2O2, que redefine a cor.
A maioria também contém PPD,
e até acetato de chumbo.
O creme de base é uma
emulsão de componente à base
de óleos com um componente à
base de água.
São frequentemente utilizados dois tipos:
– a emulsão óleo-em-água tem o
componente de água na fase
exterior;
– a emulsão água-em-óleo tem o
componente de óleo na fase
exterior.
Os álcoois gordos, agentes e
emulsificação e tensoativos são
ingredientes típicos.
7. PRECURSORES DE COR
São pequenas moléculas
incolores que podem penetrar
no cabelo de forma a construir
moléculas de cor maiores.
Existe uma distinção entre os
precursores de desenvolvimento,
que por vezes são designados
por para-componentes, e os
precursores de alteração, como
meta-componentes.
Os exemplos típicos são para-
sulfato de diaminotolueno,
resorcinol e meta-aminofenol.
8. CORANTES
São moléculas de cor
previamente desenvolvidas.
São principalmente
utilizados em coloração
permanente e também em
algumas tintas permanentes,
de forma a permitir uma
coloração com um reflexo
vibrante.
AGENTES ALCALINOS
É responsável por abrir a
camada da cutícula do cabelo
para que os ingredientes ativos
possam penetrar nele.
A segunda função é catalisar a
reação oxidante entre os
precursores de cor e o peróxido
de hidrogénio.
9. AGENTES DE TRATAMENTO
Integrar agentes de
tratamento em produtos com
elevado pH pode ser difícil.
Os tradicionais ingredientes
não são ativos a este nível de
pH.
Alguns ingredientes
poliméricos ou com base em
silicone, podem ser
efetivamente integrados nas
fórmulas.
ANTIOXIDANTES
Ajudam a prevenir a pré-
oxidação dos precursores de
cor durante o
armazenamento.
Os sulfitos de sódio e o
ditionato de sódio são
agentes de redução aplicados.
O ácido ascórbico também
têm características
antioxidantes.
10. AGENTES COMPLEXANTES
“Envolvem" as potenciais
impurezas metálicas no creme
de coloração, prevenindo uma
reação indesejada com o
peróxido de hidrogénio.
PERFUME
É adicionado para disfarçar o
cheiro do amoníaco.
11. CLASSIFICAÇÃO
NATURAIS
A base de hena, índigo ou
cassia.
Ou são extraídas das folhas de
arbustos, como da Lawsonia
inermis, ou manufaturadas
com produto purificado, como
a 2-hidroxi-1,4-naftoquinona.
Os corantes à base de sais
metálicos, em geral acetato de
chumbo, são utilizados para
cobrir os fios brancos ou
cinza.
SINTÉTICOS
Podem ser classificados de acordo
com o tempo de fixação no cabelo:
– temporário;
– semipermanente;
– permanente.
Pelo mecanismo de reação com o
fio de cabelo:
– corantes oxidativos
(permanentes);
– corantes diretos (temporários e
semipermanentes).
12. CORANTES TEMPORÁRIOS
→ Corantes básicos ou
ácidos de alta massa
molecular.
→ Altamente solúveis em
meio aquoso.
→ Capazes de reagir
preferencialmente com
as fibras proteicas
presentes na cutícula do
fio de cabelo.
→ Não se difundem na estrutura interna do
cabelo, não requerem amônia nem agentes
oxidantes e não atingem o córtex.
→ São depositados temporariamente na
estrutura externa do cabelo por interação
fraca.
→ Produzem maior brilho, apresentam-se em
várias tonalidades e são facilmente
removidos por lavagem.
13. CORANTES ÁCIDOS
São corantes aniônicos solúveis
em água.
A fixação é atribuída à formação
de ligações iônicas entre grupos
aniônicos no corante e grupos
catiônicos da fibra.
CORANTES BÁSICOS
Por serem catiônicos, se ligam às
fibras a serem tingidas por
interação eletrostática com sítios
aniônicos.
Usualmente contêm grupos
cromóforos carregados
positivamente.
Embora sejam prioritariamente sintetizados para outros usos, algumas das
suas propriedades químicas e baixa toxicidade os fazem potenciais
candidatos ao uso em tintura de cabelo.
14. CORANTES SEMIPERMANENTES
Possuem baixa massa molar e são
derivados de nitro compostos,
principalmente nitrobenzeno.
Contêm grupos auxocrômicos que
acentuam a cor.
São caracterizados principalmente por
nitroanilinas, nitrofenilenodiaminas e
nitroaminofenóis.
A aplicação sobre de cabelo ocorre por
interação polar fraca e interação de Van
der Waals.
Não é possível clarear, já que a
formulação não contém peróxido de
hidrogênio, mas é possível escurecer.
Em geral, produzem um efeito com
duração de 6 a 12 lavagens.
São usados por quem quer:
– mudar a tonalidade do cabelo
sem interferir na alteração
permanente da cor;
– não utilizar H2O2, resultando em
menores danos permanentes ao
cabelo.
15. CORANTES PERMANENTES
A tintura permanente requer basicamente 3
componentes:
– o agente precursor, aminas aromáticas
orto e para substituídas com grupos
amino e/ou hidróxidos;
– o agente acoplador, formado por
compostos aromáticos m-substituídos
com grupos doadores de elétrons;
– o oxidante em meio alcalino,
preponderantemente H2O2 na
presença de amônia.
São baseados na reação entre
dois componentes misturados
antes do uso, em meio
oxidativo e pH alcalino.
O corante é formado no
próprio cabelo.
Estrutura química básica do 2-
nitro-1,4-diaminobenzeno,
onde os substituintes são
combinações de: H, NH2, OH,
OCH3.
16. CORANTES PERMANENTES
A mistura contendo o intermediário primário e o agente acoplador em meio
alcalino (amônia) é misturado a uma solução de H2O2 formando uma pasta
básica.
A mistura é aplicada no cabelo e os precursores e o H2O2 difundem para
dentro do fio de cabelo.
Após reações forma-se um composto colorido com alta massa molar.
A oxidação dessas substâncias e o acoplamento com outros modificadores
permite a alteração da coloração final.
O agente oxidante em meio alcalino tem a função de oxidar o agente
precursor gerando o intermediário diimina, um composto altamente reativo.
17. APLICAÇÕES
São aplicadas no cabelo e também
em outras partes do corpo onde há
pelos.
Podem ser aplicadas em salões,
mas também na própria casa.
18. As tintas de cada marca tem numerações específicas para cada
coloração e tom.
19. PROPRIEDADES
Para a coloração as propriedades ideais:
– colorir o fio, sem lesá-lo, mantendo brilho e a textura;
– não causar irritação ao couro cabeludo;
– não produzir nenhum efeito tóxico no contato com a pele;
– ter estabilidade física e química do cabelo e do produto;
– ter compatibilidade com outros produtos capilares;
– ter uniformidade do produto, para agir de forma igual pelo fio
do cabelo;
– ter afinidade com a queratina do cabelo.
20. REFERÊNCIAS
AFFONSO, Victor. Entenda a química das tintas para cabelo: Debaixo dos caracóis dos seus cabelos... tem muita amônia,
hidrogênio e queratina. 2015. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/08/entenda-quimica-
das-tintas-para-cabelo.html>. Acesso em: 6 nov. 2019.
ASK EDUCATION. Conhece os componentes básicos nos produtos de coloração? Disponível em: <http://www.schwarzkopf-
professional.com.br/skp/br/pt/home/educacao/ask/competencias-essenciais/0415/conhece-os-componentes-basicos-nos-
produtos-de-coloracao.html>. Acesso em: 6 nov. 2019.
BELEZA VERDE (São Paulo). Conheça os benefícios da tinta orgânica para o cabelo. 2019. Disponível em:
<http://www.belezaverde.com/blog/conheca-os-beneficios-da-tinta-organica-para-o-cabelo/>. Acesso em: 11 nov. 2019.
MILIAUSKAS, Rosemary. Princípios básicos da coloração e suas aplicações. [s.l.]: Rosemary Miliauskas, 2017. 85 slides, color.
Disponível em: <http://www.fatecdiadema.com.br/wp-content/uploads/2017/11/unnamed-file-3.pdf>. Acesso em: 11 nov.
2019.
OLIVEIRA, Ricardo A. G. de et al. A QUÍMICA E TOXICIDADE DOS CORANTES DE CABELO. Química Nova, [s.l.], v. 37, n. 6,
p.1037-1046, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5935/0100-4042.20140143>. Acesso em: 6 nov. 2019.
PORTAL EDUCAÇÃO (São Paulo). Colorações Capilares. Disponível em:
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/coloracoes-capilares/7869>. Acesso em: 6 nov. 2019.