1. Minha cabeça doía. Meu corpo inteiro doía. Minha visão
estava horrível. Após muito tempo consegui enxergar alguma
coisa. Demorou horas, dias, ou talvez minutos, para que eu
conseguisse me levantar. A dor já me fizera perder a noção do
tempo.
Não estava conseguindo pensar direito. Caminhei zonzo até
algo que me parecia água e bebi um pouco. Só então percebi que
estava em uma praia. Aquela água era salgada, mas mesmo assim
bebi. Uma desidratação seria o menor dos meus problemas.
Pouco a pouco recuperei todos meus sentidos. Fui à busca
de frutas e passei algum tempo explorando o local. Havia uma
grande floresta além da areia. Adentrei-a e catei algumas maçãs.
Foi nesse momento que enxerguei alguma coisa em cima de
uma das árvores. Parecia ser um animal. Faminto e feroz. Ele se
aproximou mais. Tentei fugir, regressando a areia e correndo para
o lado contrário ao bicho. Porém, ele era muito mais rápido.
2. Quando percebi, eu já estava caído no chão. Ele me derrubara
com um só golpe. Posicionou-se em cima de mim.
Então, vi que se tratava de uma criatura humanoide. Seu
corpo não era peludo, mas tinha longos cabelos cobrindo o rosto.
Não usava roupas. Suas garras eram muito afiadas. Ele arranhou,
fortemente, o meu rosto. A dor foi enorme. A maior que já senti.
Minha pele ardia. Como se eu estivesse sendo incinerado. O
sofrimento fazia o tempo correr cada vez mais devagar. A minha
mente parecia tentar maximizar aquela dor.
Percebi que o monstro me daria mais um arranhão.
Consegui por um dos braços na frente, com o objetivo de
bloquear o ataque. Em um piscar de olhos ele o quebrou.
Com a mão, retirou os cabelos da frente do rosto. Foi a face
mais tenebrosa que já vi. Seus dentes eram afiadíssimos. Tentou
morder meu pescoço.
Subitamente, escutei um barulho semelhante a um tiro. A
besta tombou para o lado. Achei que havia morrido, porém logo
se levantou e fugiu. Acocorando-me, avistei uma pessoa a alguns
metros. Ela segurava uma espingarda