Este artigo analisa os efeitos da reforma da lei de falências italiana de 2005-2006 na taxa de juro dos empréstimos bancários e no investimento das empresas. Os resultados mostram que a reforma da reorganização aumentou o custo do crédito e reduziu o investimento, enquanto a reforma da liquidação teve efeitos opostos. Além disso, a reestruturação da dívida foi facilitada para empresas com tribunais mais eficientes.
1. Bankruptcy law
and bank financing
Giacomo Rodano, Nicolas Serrano-Velarde,
Emanuele Tarantino
2016
Nome: Cláudia Martins
N.º Aluno: 202000866
Disciplina: Finanças II
Docentes: Professor Elísio Brandão
Professor Vitorino Martins
2. Bankruptcy law and bank financing
02 | Cláudia Martins
Tema Artigo
Importância do Tema
Revisão Literatura
Contributos do Artigo
Metodologia
Resultados
Conclusão
Índice
3. Bankruptcy law and bank financing
03 | Cláudia Martins
Tema Artigo
Exploração cronológica da
reforma na Lei de
Falências Italiana de 2005 -
2006.
Análise dos efeitos da
reorganização e liquidação
no financiamento bancário
e no investimento das
empresas.
4. Bankruptcy law and bank financing
04 | Cláudia Martins
Importância do Tema
Salientar a importância da identificação dos
diferentes efeitos da liquidação e reorganização,
dado que estes procedimentos abordam de forma
diferente a tensão existente na lei das falências
sobre a continuação de um negócio viável e a
preservação dos incentivos de reembolso.
5. Bankruptcy law and bank financing
05 | Cláudia Martins
Revisão Literatura
• Estudam a importância da dívida e sua
utilidade para as empresas com capitais
próprios inexistentes ou insuficientes que
pretendem fazer investimento. No entanto,
considerando que é necessário assegurar os
direitos dos credores e o cumprimento da
dívida propõem três procedimentos: o
encerramento pelo maior credor, recorrendo
ou não a um tribunal, a liquidação ou a
reorganização.
Djankov,
Hart,
McLiesh, and
Shleifer
(2008)
• Defende a necessidade de se estabelecerem
procedimentos de falência que não
inviabilizem a empresa e promovam o
pagamento aos credores.
Hart (1995)
6. Bankruptcy law and bank financing
06 | Cláudia Martins
Revisão Literatura
• Defende que a eficiência do tribunal é
determinante para a obtenção de
crédito com melhores condições.
Jappelli,
Pagano, and
Bianco
(2005)
• Defendem que se a dívida estiver
concentrada num único credor o
processo de resolução de dificuldades
no pagamento será mais eficiente.
Gennaioli
and Rossi
(2013)
7. Bankruptcy law and bank financing
07 | Cláudia Martins
Contributos do Artigo
Salienta a importância de
identificar os diferentes
efeitos da Reforma da
Reorganização e
Liquidação.
Complementa a literatura
através da investigação dos
custos diretos e indiretos da
falência.
Suporta e expande a
literatura sobre restruturação
de dívida demonstrando que
os custos de financiamento
podem aumentar para
empresas que tenham
relações com vários bancos.
Suporta e expande a
literatura sobre restruturação
de dívida demonstrando que
a restruturação da dívida é
mais fácil quando os
tribunais são mais eficientes.
8. Bankruptcy law and bank financing
08 | Cláudia Martins
Metodologia
Base de Dados
• Registo Central de
Crédito e Taxia,
administrados pelo
Banco de Itália.
• Base de dados
Grupo Cerved.
• Instituto Nacional de
Estatística Italiano.
Série Temporal
• Série Trimestral
desde o 2.º trimestre
de 2004 até ao 4.º
trimestre de 2007.
Amostra
• 226 462 contratos de
empréstimo.
• 100 000 linhas de
crédito.
• 94 bancos
• 35 041 pequenas e
médias empresas de
produção.
9. Bankruptcy law and bank financing
09 | Cláudia Martins
Metodologia
Hipótese 1
• Uma reforma de reorganização de procedimentos
que reforce os direitos dos devedores na
renegociação da dívida aumenta os custos de
financiamento e reduz o investimento.
Hipótese 2
• Uma reforma de procedimentos de liquidação que
reforce os direitos dos devedores reduz os custos
de financiamento e incentiva o investimento.
Hipótese 3
• Uma reforma de reorganização comprime as
restrições de crédito e reduz os investimentos e
uma reforma de liquidação flexibiliza as restrições
de crédito e incentiva os investimentos.
10. Bankruptcy law and bank financing
10 | Cláudia Martins
Metodologia
Modelo de
Previsão Differences-in-Diferences (DID)
Modelo de
Estimação
Ordinary Least Squares (OLS)
Estrutura
11. Bankruptcy law and bank financing
11 | Cláudia Martins
Metodologia
Variáveis
• Yijt representa a taxa de juro do empréstimo emitido pelo
banco j, para a empresa i, no momento t;
• Exposedi é um indicador estático, definido com base numa
pontuação estabelecida antes de 2004;
• After Reorganizationt e After Liquidationt são variáveis
binárias, que assumem um valor de 0 antes das reformas e
1, posteriormente às alterações;
• Interim Periodt, que assume o valor de 1 a partir do terceiro
trimestre de 2005;
12. Bankruptcy law and bank financing
12 | Cláudia Martins
Metodologia
Variáveis
• Exposedi X Ciclet é um indicador que capta a exposição
dos ciclos de crédito face às reformas;
• Xijt representa as características dos empréstimos ou linhas
de crédito;
• Firmi X Bankj permite-nos identificar as alterações das
reformas no que diz respeito aos efeitos fixos do banco;
• β mede o impacto da reforma da reorganização sobre a
nossa variável dependente;
• δ é o coeficiente que mede o comportamento da taxa de
juro do crédito / custo do financiamento.
13. Bankruptcy law and bank financing
13 | Cláudia Martins
Resultados
Análise das taxas de juro dos empréstimos e linhas de crédito
14. Bankruptcy law and bank financing
14 | Cláudia Martins
Resultados
Análise da estrutura financeira das empresas em observação:
15. Bankruptcy law and bank financing
15 | Cláudia Martins
Resultados
Estimação do impacto das reformas nas taxas de juro dos empréstimos:
16. Bankruptcy law and bank financing
16 | Cláudia Martins
Resultados
Estimação do impacto das reformas nas taxas de juro das linhas de crédito:
17. Bankruptcy law and bank financing
17 | Cláudia Martins
Resultados
Estimação da relação entre estruturação da dívida e a eficiência dos tribunais:
18. Bankruptcy law and bank financing
18 | Cláudia Martins
Resultados
Estimação do impacto das reformas nas taxas de juro usado medidas de eficiência
do tribunal:
19. Bankruptcy law and bank financing
19 | Cláudia Martins
Resultados
Estimação do impacto das reformas nas restrições de crédito e no investimento:
20. Bankruptcy law and bank financing
20 | Cláudia Martins
Conclusão
• Confirmação das hipóteses iniciais:
a reforma da reorganização aumenta a taxa de juro e o
custo do financiamento e reduz o investimento;
a reforma da liquidação tem um efeito contrário, reduz a
taxa de juro e o custo do financiamento e aumenta o
investimento.
• A reestruturação da divida é mais fácil para empresas em tribunais
mais eficientes.
21. Faculdade de Economia
da Universidade do Porto
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Notas do Editor
O artigo está relacionado com a reforma na lei de falências Italiana que ocorreu entre 2005 e 2006. Esta reforma foi despoletada pelo escândalo da Parmalat de Dezembro de 2003.
A Parmalat foi uma das maiores empresas europeias de lacticínios, que foi declarada falida em Dezembro de 2003 devido a um buraco nas contas de 14 biliões de euros. Nessa altura, Itália já tinha sido repreendida 2 vezes pelo Tribunal de Justiça da Comissão Europeia, que considerou a regulamentação de falência de 1942 para as grandes empresas em dificuldades, como uma forma ilegal de auxílio estatal, uma vez que se tratava de um sistema de resgate. Para reestruturar a Parmalat sem violar o direito europeu, o governo italiano reformou então toda a legislação que rege a reorganização, incluindo o regulamento destinado às PME, definindo-as como empresas com menos de 500 trabalhadores.
Assim este artigo explora a cronologia da reforma na lei de falências Italiana, analisando os efeitos da reorganização e liquidação no financiamento bancário e no investimento das empresas.
Beta e sigma
Em termos de resultados, a seguinte tabela apresenta estatísticas descritivas sobre as taxas de juros aplicadas a empréstimos e a linhas de crédito concedidas entre o segundo trimestre de 2004 e o último trimestre de 2007.
Pela sua análise verificamos que, a taxa de juros média cobrada por um empréstimo durante o período da amostra é de 5,15%, com um desvio padrão de 1,43 pontos percentuais, e o empréstimo médio é de cerca de 383 mil euros.
A Tabela relata ainda que a taxa média de juros cobrada em linhas de crédito é 9,03%, o que é significativamente maior do que a taxa média dos empréstimos. Além disso, a quantidade média das linhas de crédito concedidas às empresas em observação ascende aos 123.000 euros
A tabela seguinte apresenta estatísticas descritivas sobre a estrutura das empresas em observação.
Pela sua análise verificamos que os empréstimos e as linhas de crédito respondem pela maior parte do financiamento bancário total e que esse financiamento bancário total representa 57% do valor contabilístico dos ativos de uma empresa.
Verificamos também que o valor médio do Score está no limiar de existência de risco de incumprimento – 5,06.
Notem p.f. que o Score vai de 1 a 9, sendo que as empresas com score 1 são as empresas mais seguras e as com um score de 9 são as com maior probabilidade de não cumprir.
Por ultimo, relativamente à duração dos processos de falência das empresas em observação, podemos verificar que estes tem em media uma duração de 8,22 anos.
A seguinte tabela relata as estimativas da especificação Difference in Difference para taxas de juros de empréstimos.
Os resultados indicam que o custo do financiamento bancário sobe significativamente entre as empresas mais expostas à reforma da reorganização.
A estimativa de After Reorganization × Exposed é positiva, indicando que a taxa de juros para empresas numa categoria Score mais elevada, aumenta nos seis meses após a introdução dos novos procedimentos de reorganização (Previsão 1).
A estimativa negativa sobre a After Liquidation x Exposed na coluna 1, indica que a reforma da liquidação diminui o custo do financiamento de empréstimos para as empresas (Previsão 2). Estes resultados sugerem que o reforço dos direitos dos credores devido à reforma induz os bancos a reduzir os custos de financiamento das empresas.
A reforma da liquidação reduz as taxas de juro médias de empréstimo em sete pontos de base e os juros relativos aos pagamentos aos bancos em 45 milhões de euros por ano.
Os resultados mostram também que a Reorganização e a Liquidação após a Reforma podem ter efeitos opostos sobre o custo de financiamento bancário.
As colunas 2-7 da Tabela fornecem uma bateria de verificações de robustez para os principais resultados.
A tabela seguinte estima o impacto das reformas nas taxas de juro das linhas de credito e pela sua analise podemos verificar que:
O custo do financiamento bancário aumenta significativamente entre as empresas mais expostas à reforma reorganização. As taxas de juro das linhas de crédito são usadas como variável dependente e a exposição diferenciada às reformas depende do valor individual do Score em 2004.
Os autores confirmam que as reformas influenciam o custo do financiamento bancário em direcções opostas.
A magnitude do aumento das taxas de juro na sequência da reforma da reorganização é significativamente maior do que a diminuição das taxas de juros na sequência da reforma da liquidação, sendo que a reforma da reorganização aumenta o custo médio total de financiamento bancário de 11,6 pontos base, o que corresponde a um aumento de 3%.
Já a reforma da liquidação reduz o custo total de financiamento bancário por uma média de 7 pontos base, o que implica que o total programado de reembolsos devidos pelas PME diminui em cerca de 2%, ou seja, 130 milhões de euros por ano.
As estimativas da regressão de limiar (coluna 4) mostram que as condições de financiamento para empresas no limiar alteram após a reforma da reorganização. Empresas marginalmente abaixo do limite (pontuação de 7) experienciam um aumento da taxa de juros de aproximadamente 6 pontos base com em relação às empresas ligeiramente acima do limite (Pontuação de 6).
Para ilustrar a ligação entre a eficiência do tribunal e a exposição à reforma da reorganização, os autores traçaram o valor de crédito total reestruturado para empresas localizadas em tribunais eficientes e ineficientes.
Este gráfico mostra que, após a reforma da reorganização, o aumento do valor do crédito reestruturado é maior nos tribunais mais eficientes.
Em tribunais eficientes, o crédito reestruturado disparou de 123 milhões de euros em 2003 para quase 600 milhões de euros no final de 2007.
Em tribunais ineficientes, crédito reestruturado cresceu de 113 milhões de euros em 2003 para apenas 210 milhões euros no final do período de amostragem. Esta evidência confirma o resultado teórico de que, ao facilitar a renegociação do empréstimo, a eficiência do tribunal torna a empresa mais exposta ao reforma de reorganização
A seguinte tabela olha para as taxas de juros dos o empréstimos e diferenças transversais na duração do processo de falência.
A coluna 1 mede a exposição relativa às reformas pelo inverso da duração (log) da falência procedimentos.
Consistente com a Previsão 1, o impacto estimado da reforma da reorganização é positivo e estatisticamente significativo, indicando que os pagamentos de juros suportados pelas empresas em tribunais eficientes aumentam em relação às empresas localizadas em tribunais ineficientes.
A coluna 2 confirma esta constatação, mostrando que as taxas de juros suportadas pela empresas no lower tercile da distribuição de duração (isto é, os tribunais nos quais o processo de falência dura menos tempo) aumentam 3,7 pontos base em relação àqueles de empresas no upper tercile da distribuição (tribunais em quais procedimentos duram mais).
Além disso, consistente com Previsão 2, as estimativas de DID nas Colunas 1 e 2 confirmam que a reforma da liquidação diminui o custo do empréstimo financiamento para empresas expostas à nova lei de falências.
Colunas 3 e 4 mostram que os principais resultados refletem aqueles da coluna 2 quando controladas as diferenças temporais nas condições de demanda local.
Na coluna 5, os autores incluíram uma correção de pontuação de propensão para empresas em tribunais eficientes e ineficientes.
Na coluna 6, os autores lidam com a possibilidade de que os resultados sejam impulsionados por reações diferenciais a diferenças econômicas iniciais entre as empresas nos grupos de exposição, interagindo com todos os controles (que usam 2004 valores) com os modelos de reforma.
Em termos de resultados adicionais:
As estimativas na coluna 1 sugerem que, após a introdução de regras que facilitam a renegociação, as taxas de investimento diminuem em 0,13 pontos percentuais.
Os direitos dos credores mais fortes instituídos na reforma da liquidação aumentam as taxas de investimento em 0,08 pontos percentuais.
O impacto económico das reformas parece ser significativamente maior quando se olha para as empresas no limiar:
as empresas economicamente semelhantes no limiar diminuem a sua taxa de investimento em 1,8 pontos percentuais após a reorganização, mas aumentam a sua taxa de investimento em 2 pontos percentuais após a reforma da liquidação.
A coluna 3 mostra que a probabilidade de empresas que afirmam estar com restrições de crédito aumenta em 2005, mas diminui nos anos após a reforma da liquidação.
A coluna 4 limita a análise à subamostra de empresas próximas do limite de pontuação entre as categorias 6 e 7. Os resultados da Coluna 4 sugerem que as estimativas obtidas com a especificação na Coluna 3 são limites inferiores, já que o efeito das reformas sobre as restrições de crédito das empresas na Coluna 4 é economicamente maior.