O mundo corporativo carrega suas incoerências e é mutante por natureza. Se você não evoluir junto com ele poderá se frustrar à toa.
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1. Reflexões sobre o mundo do trabalho
O mundo corporativo carrega suas incoerências e é mutante por natureza. Se você não evoluir
junto com ele poderá se frustrar à toa.
Ainda hoje muita gente associa o ato de trabalhar a
sofrimento ou mal necessário inevitável e não é raro
encontrar aqueles que acordam na segunda-feira
pela manhã com semblante de quem está pronto
para enfrentar seu calvário particular. O mesmo tipo
de gente que sabe de cor a data de todos os
feriados do ano esperando um refresco e sofre em
dobro quando algum deles cai no final de semana.
Mas isto não vem de hoje. Até mesmo o vocábulo
trabalho é oriundo do latim tripalium, um instrumento de tortura utilizado pelos romanos. Ou seja,
séculos atrás muita gente já padecia ao desempenhar o ofício que lhe dava sustento e também não
via graça nenhuma em ter de ralar de sol a sol.
Como justificativa alguns dizem que não fazem aquilo que gostam, mas será que pelo menos se
esforçam para gostar daquilo que fazem? Afinal, poucos são os afortunados que têm a oportunidade
de atuar na profissão de seus sonhos e até mesmo estes têm de lidar com algumas fontes de
desprazer que viabilizam aquilo que lhes agrada.
Por outro lado, há pessoas que exageram na devoção ao trabalho, submetendo-se a jornadas
estafantes dia após dia, meses a fio. Workaholics, que justificam as tarefas continuadas do final de
semana como inevitáveis por causa da correria que enfrentam no dia a dia e que sustenta sua ética
do trabalho em responsabilidades excessivas ou no falso comprometimento. Aquelas que não
trabalham para viver e sim vivem para trabalhar.
Gente que sempre diz sim a qualquer pedido feito pelo chefe ou cliente, vive pensando na próxima
pós-graduação que irá cursar – mesmo antes de finalizar a atual –, cujos melhores amigos só
podiam ser os colegas da empresa e está disposta a aceitar qualquer nova proposta profissional
sem pesar aquilo que pode lhe custar nas demais esferas da vida. Cuja identidade se confunde com
o trabalho que realiza.
Se você se assemelha com algum destes dois perfis apresentados é melhor rever seus conceitos o
quanto antes para evitar arrependimentos futuros e ainda aproveitar as oportunidades que o
mercado oferece, pois ele passou a ser valorizar como nunca pessoas equilibradas, consistentes e
de bom senso.
Por quê? Vivemos tempos contraditórios. A idade média na qual as pessoas estão assumindo o
primeiro cargo de liderança já é de aproximadamente 35 anos e não é raro encontrarmos quem
tenha assumido posições importantes ainda mais cedo. Contudo, no outro extremo, por
consequência da baixa qualificação, 50% das pessoas desempregadas tem entre 16 e 24 anos,
segundo o IPEA, angustiando a Geração Y como um todo.
Só que não podemos esquecer que alguns empregadores têm exigido tantos predicados das
pessoas que só contando com um cinto de utilidades do Batman para atender os requisitos mínimos
exigidos. E o pior: como os salários oferecidos geralmente não acompanham os anseios das
pessoas que atendem o perfil – já que investiram muito tempo e dinheiro em sua formação –, é cada
vez mais comum que permaneçam desempregadas até que surja alguma oportunidade melhor.
Portanto, se muitos dos jovens não têm a qualificação exigida e outros que a possuem nem sempre
aceitam as ofertas disponíveis, quem estava pronto para pendurar as chuteiras e enfrentava o temor
da aposentadoria precoce e forçada voltou a ter papel de destaque. Aproximadamente 5 milhões de
brasileiros com mais de 60 anos estão compartilhando suas experiências, aprendendo coisas novas
e tendo de lidar com gente que tem um terço da sua idade nas empresas. É por isto que só se fala
em conflito de gerações.
2. Nesta semana na qual comemoramos o Dia do Trabalhador destaco estes exemplos apenas para
lembrar que o mundo corporativo carrega suas incoerências e é mutante por natureza. Se você não
evoluir junto com ele ou viver de ideias preconcebidas sobre o trabalho como um todo poderá se
frustrar à toa.
Wellington Moreira
Palestrante e consultor empresarial
wellington@caputconsultoria.com.br