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“Quem recebe vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Mt 10, 40).




Todos nós sentimo-nos bem quando somos bem recebidos. Como é importante acolher bem as
pessoas! A prática da vida do dia-a-dia, no entanto, nos mostra que nem sempre isso acontece: ou
porque as pessoas são importunas, senão até agressivas, ou porque estamos muito atarefados, ou
porque nosso astral não está bom.

É por demais sabido que não poucos católicos bandeiam para outras igrejas ou seitas só porque lá se
sentem bem acolhidos. Em nossas igrejas ou comunidades falta, com freqüência, a preocupação de
tratamento personalizado.

A razão principal, no entanto, para acolhermos bem a todos é o fato de sermos todos irmãos, filhos
do Pai que está nos céus.




                                                                                Rogério Gomes
                                                                                PASCOM SJO
I - O QUE É MINISTÉRIO DA ACOLHIDA?

O Ministério da Acolhida é um serviço da Igreja que se destina a “receber bem” e “ir ao encontro”
das pessoas, com o objetivo de integrá-las na celebração, na comunidade, na paróquia ou na
diocese, para que sejam membros vivos e atuantes do povo de Deus, através de uma vivência de
comunhão e participação, em vista da missão.

Ao falarmos de “Ministério da Acolhida” queremos dizer que, quando se assume o serviço de
acolher as pessoas, isso deve ser feito de forma constante e partilhada e a sua realização fica
confiada a um grupo que tem a incumbência de gerenciar esse atendimento comunitário. Na
comunidade cristã todos são acolhedores, mas a algumas pessoas cabe coordenar e exercer esse
ministério de modo exemplar e significativo.

O Ministério da Acolhida não se resume a um grupo de pessoas que fica à porta da Igreja
entregando folhetos e/ou dizendo “Bom dia”. Talvez se possa começar com esses pequenos gestos.
Mas depois a acolhida deve deitar suas raízes em todas as pastorais e setores da comunidade onde é
requerida a sua presença.

O Ministério da Acolhida é um verdadeiro “Ide”, para marcar presença ali onde a vida merece
cuidados especiais. O Ministério da Acolhida deve contar com um grupo de pessoas que comecem a
repensar a sua vida cristã e a vida de toda a comunidade, no sentido de fazer a hospitalidade e o
acolhimento acontecerem em suas vidas.

II – FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA

Aprender com Jesus é o método melhor e mais eficaz para a ação pastoral e para um acolhimento
mais amadurecido e sem falsas ilusões.

Um primeiro dado desse gesto encontramos no acolhimento de Jesus ao centurião de Cafarnaum
(Mt 8,5-13). Foi um fato inusitado que impressionou Jesus. O centurião suplica por um dos seus
servos, e ao perceber a atenção de Jesus e sua decisão em ir a sua casa, ele faz aquela confissão que
todos conhecemos: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa; dize uma só palavra e
meu servo será curado” (v.8). Foi uma troca de acolhida, uma reciprocidade de impressionante
beleza. Gestos alternados: de quem acolhe e de quem foi acolhido e se sente infinitamente satisfeito.
Duas atitudes que se completaram.

Mas vamos recorrer a Escritura Sagrada buscando o sentido mais amplo e profundo da acolhida,
especialmente nos gestos bíblicos de: “visita”, “hospitalidade” e “acolhida”.

1. Visita: Na Palavra de Deus, encontramos muitas vezes a prática e o sentido de visita.
Deus visita seu povo: “Quando vejo teus céus, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste,
quem é o homem, para que nele penses (para que o visites) e o ser humano, para que dele te
ocupes?” (Sl 8, 4-5). “Visitaste a terra e a regaste; tu a cumulas de riquezas” (Sl 65, 10 s). O cântico
sálmico e profético de Zacarias lembra a visita de Deus: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
porque visitou o seu povo e realizou a libertação” (Lc l, 68s).

Quando Jesus se refere à visita aos enfermos, nos diz que os mesmos devem ser acolhidos como a
ele (Mt, 25, 36s).

2. Hospitalidade: A hospitalidade é uma virtude importante no mundo nômade (Gn 18, 1-8; 19, 1-
8; Jz 19, 9-34), um verdadeiro mandamento (Dt 10, 18s; Is 58, 7; Mt 10, 40-42).

Um dos mais belos textos encontramos na acolhida de Abraão, com sua solicitude em atender os
hóspedes (Gn 18, 3-8). Aí põe-se em realce o valor da hospitalidade, tão apreciada no oriente e
recomendada por Cristo.

Jesus também foi acolhido e rejeitado. Cristo experimentou a hospitalidade humana na casa de
Simão (Lc 4, 38), em Caná (Jo 2, 2), na casa de Zaqueu (Lc19, 1-10), na casa de Lázaro, Marta e
Maria (Jo12, 2-3), na casa de Simão (Mt 26, 6-7), na casa dos discípulos de Emaús (Lc 24, 29-30).
Foi também rejeitado pelo seu povo (Jo1, 11), pelos habitantes de Belém (Lc 2, 7), pelos seus
conterrâneos (Lc 4, 16-29; Mt. 13, 57s) e pelos samaritanos (Lc.9, 53-56).

A hospitalidade é um gesto de caridade cristã (Rm 12, 13; 1 Tm 3, 2; Tt 1, 8; 1 Pd 4, 9; 3 Jo 5-8). O
Ministério da Acolhida encontra seu fundamento em Mt 25, 35ss e Rm 12, 13, onde se convida a
hospedar nossos irmãos e irmãs em nossas próprias vidas.

A hospitalidade não tem cor nem religião. “Não vos esqueçais da hospitalidade pela qual alguns,
sem saber, hospedaram os anjos” (Hb 13, 2). E São Pedro nos aconselha a “exercer a hospitalidade
uns com os outros sem murmuração” (1Pd 4, 9).

O gesto hospitaleiro ainda se faz ver na comunidade dos pobres. São muito ilustrativos certos
encontros de comunidades, onde os pobres hospedam os participantes vindos de lugares distantes.
As pessoas são hospedadas em casas de famílias das comunidades.

Francisco de Assis recomenda com muita insistência a hospitalidade, afirmando que ela é uma
“graça do Senhor”.

3. Acolhida: A Bíblia traz dezenas de informações sobre essa atitude, tão cheia de sentido teológico
e pastoral.
Uma primeira passagem poderá ser a de Isaías 58, 1-12. O que conta para Deus não são os ritos ou
atitudes externas, mas a atitude interna e especialmente o espírito-social comunitário: soltar os
presos inocentes, dar de comer aos famintos, acolher os desabrigados e migrantes, vestir os nus.
Quem procede assim, pode contar com o auxílio de Deus, e suas desventuras se converterão em
felicidade. “O temor do Senhor é o princípio do bom acolhimento e a sabedoria consegue o seu
amor” (Eclo 1918).

O salmo 23 (22) tem essa característica e exprime a experiência pessoal de segurança e acolhimento
na relação com Deus. A imagem do Pastor solícito pelo sustento e pela proteção do rebanho, e a do
anfitrião generoso no acolhimento do hóspede, encontram sua explicação no relacionamento de
Deus com os seres humanos e tem sua realização na liturgia, que celebra a solicitude do Bom Pastor
para com os fiéis e a participação do Banquete Sagrado.

Na vida de Jesus encontramos a má acolhida em Samaria (Lc 9, 51-53). Esse texto nos orienta para
entendermos que muitas vezes também não seremos bem recebidos.

Na Parábola do Semeador (Mt 13, 1-9) vemos as várias sementes que foram lançadas e os terrenos
incapazes de acolhê-las e de produzirem frutos à altura da qualidade dos dons (sementes) recebidos.
Uma pessoa que soube acolher com muita expressão, vida e opção essa Palavra foi Maria de
Nazaré. Lucas 1, 26-38 narra o anúncio do nascimento de Jesus. Por causa de sua acolhida à Palavra
de Deus, Maria se tornou a Mãe do Salvador. Tornou-se mãe porque acolheu a Palavra. A Palavra
sempre está aberta a todos e é um caminho plural oferecido a todos.

Não há como querer ser cristão de braços cruzados e inativos. Há necessidade de se agir de forma a
não desprezar ninguém. Exemplo dessa atitude é o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19, 1-10). A
acolhida que Zaqueu proporciona a Jesus não é apenas formal: envolve toda a sua pessoa.
Converter-se não significa só chegar a uma confissão oral dos primeiros erros, mas requer uma
retratação efetiva dos mesmos. Zaqueu faz a sua confissão a Jesus, que agora se torna o seu
“Senhor” no lugar de todos os “senhores” aos quais tinha servido.




III – FUNDAMENTAÇÃO PASTORAL

Precisamos rever nossas atitudes em relação à acolhida das pessoas nas celebrações e na secretaria
paroquial, bem como na acolhida de novos moradores da comunidade. Trata-se de rever a pastoral
como um todo. Para       ter qualidade no atendimento, um Ministério não deve dispensar uma
excelente acolhida aos fiéis.
1. Motivações: O Projeto Rumo ao Novo Milênio insistia sobre a necessidade e o sentido de “rever
nossas atitudes” (CNBB, Doc. 56, 20s). O questionamento que o Papa fez a respeito da consciência
cristã na passagem de milênio, vai no sentido de questionarmos nossas atitudes e nos perguntar: Por
que uma parte tão grande da humanidade está longe de Cristo e, mais ainda, das comunidades
cristãs?

Também somos questionados quando olhamos nossas comunidades e vemos a quantidade de
pessoas que freqüentam nossas celebrações. É muito provável que nem dez por cento dos católicos
estão indo à missa nos finais de semana. Esse fato deve fazer-nos refletir.

O Papa não hesita em admitir, olhando especialmente para o segundo milênio cristão, que erros e
pecados dos cristãos têm dificultado o anúncio do Evangelho e sua difusão. Ele confessa que os
filhos da Igreja “se afastaram do espírito de Cristo (...) oferecendo ao mundo (...) o espetáculo de
modos de pensar e agir que eram verdadeiras formas de antitestemunho e de escândalo” (Advento
do Terceiro Milênio, 33).

2. Atualidade do Ministério da Acolhida: Alguns elementos próprios da fé cristã e/ou presentes
na cultura moderna nos levam a perceber a atualidade desse ministério: a) o valor de cada pessoa
em sua subjetividade e individualidade; b) o respeito cristão à dignidade da pessoa humana; c) a
presença de Jesus Cristo e do Espírito Santo em cada irmão/ã (Mt 25, 40 e 1Cor 6, 19); d) o respeito
à liberdade e à consciência individual; e) o sentido da Igreja não mais como instituição, muito
menos como empresa, mas como grande família de Deus, Povo santo de Deus, comunhão e
participação; f) a visão da paróquia não mais como divisão territorial ou estrutura, mas como
pequena família de Deus, comunidade de fiéis, comunidade eucarística, com identidade teológica
própria (DBAEIB 279); g) o entendimento do batismo como sacramento da cidadania cristã, pelo
qual todos são iguais diante de Deus, com direitos e deveres.

3. Algumas constatações: Há muitos males na vida da Igreja e das pessoas, que são exemplo de
como a ausência de acolhida é perigosa para todos: a) divisões entre os cristãos; b) divisão entre os
agentes de pastoral; c) escândalos nas formas de fazer a pastoral acontecer na base; d) dificuldade
em manter os fiéis na Igreja; d) missas mal preparadas, com precária participação dos fiéis e liturgia
distante do povo; e) celebrações sem acolhida; f) Igreja fria, onde cada um “fica na sua”.

O Papa, por sua vez, na carta de preparação para o terceiro milênio, elenca algumas dificuldades
que são universais, a saber: a) indiferença religiosa; b) perda do sentido de transcendência; c)
extravios no campo ético; d) graves injustiças e formas de marginalização social (Advento do
Terceiro Milênio, 36). O Papa, então, citando o Concílio Vaticano II, pergunta se os cristãos não
teriam contribuído para o alastramento desses fenômenos, pelas deficiências de sua vida religiosa,
moral e social (cf. GS 19).

Nesse caminhar, o Ministério da Acolhida quer fazer-nos refletir e buscar novas alternativas, no
sentido de congregar em Cristo o povo de Deus, evitando que ele se disperse.

Ademais, vivemos num mundo que propõe a necessidade do “serviço personalizado” e que se afana
na busca da “qualidade total”. Com certeza, uma pastoral de acolhida bem articulada será elemento
fundamental para uma ação evangelizadora com “qualidade total”.

Muito bem nos recorda a CNBB: “Hoje a religião é mais acolhida do que herdada. O espaço que a
Igreja pode ocupar na vida das pessoas depende da qualidade do acolhimento e do testemunho, e
não mais do prestígio da instituição” (CNBB, Estudos 73, nn. 25 e 28). “A pessoa precisa ser
acolhida na Comunidade com abertura e sensibilidade para os diversos aspectos e dimensões de sua
identidade e existência”. (CNBB, Documento 45, n. 80).

4. A Pastoral Urbana: Com relação à Pastoral Urbana: “A cidade pode ser uma fábrica de
frustrações e de sofrimentos para aqueles que ficam à margem do que ela tem para oferecer. Há
muita gente perdida, sem espaço, exposta ao anonimato solitário de um ambiente onde cada um
cuida de si. Catadores de lixo, mendigos, desempregados, prostitutas, meninos e meninas de rua,
migrantes sem teto são alguns dos “sobrantes” que a cidade exibe sem conseguir integrar” (CNBB,
Estudos 75, n. 38).

Há campo de sobra para o Ministro da Acolhida e para os demais ministérios e pastorais, para
construir o Reino de Deus.

No mundo urbano em que vivemos, parece que todas as relações humanas são muito “desumanas”,
estão “contaminadas”, pois estão fortemente marcadas por um sentido “comercial” fundamentado
no “interesse”: te dou isto e tu me dás aquilo.

As empresas gastam fortunas para capacitar seus funcionários a fim de que sejam o máximo
eficientes em tratar bem seus clientes de modo a “vender mais” e “ganhar mais”




5. A resposta da Igreja: Diante dessa realidade, é de suma importância o modo como fazemos
pastoral. Faz-se necessário um objetivo “diferente” no relacionamento humano. Este objetivo deve
ser baseado na “gratuidade” que nasce do exemplo e do mandamento do Senhor.
Uma forma gratuita e fraterna de acolher as pessoas é, sem dúvida,             um forte testemunho
evangélico. Se é importante o conteúdo da evangelização, não menos importante será o “modo”
como evangelizamos. Aliás, o conteúdo pode ser aceito ou não, dependendo da forma como o
apresentamos. “Mais que palavras, o homem de hoje quer testemunhos” dizia Paulo VI.

É neste marco que se enquadra a Pastoral da Acolhida na Igreja, e que justifica o Ministério da
Acolhida em nossas comunidades. Além do mais, sabemos quanto o povo brasileiro é sensível às
atitudes de acolhimento ou de rejeição!

6. Diretrizes da Igreja: Os documentos da Igreja mencionam a Pastoral da Acolhida como: a)
“genérica” – para que a Paróquia possa “renovar sua capacidade de acolhida e seu dinamismo
missionário com os fiéis marginalizados” (Documento de Santo Domingo, 60); b) “específica” –
indicando que a Igreja precisa “programar uma pastoral ambiental e funcional, diferenciada
segundo os espaços da cidade. Uma pastoral de acolhida dado o fenômeno das migrações”
(Documento de Santo Domingo, 260).

As Diretrizes da Igreja no Brasil (1995-1998) recordam: “Importância especial seja dada ao
acolhimento às pessoas. Para isso algumas medidas podem ser postas em prática: „ministério da
acolhida‟, visitas às famílias que chegam; visitas domiciliares nos momentos marcantes pela alegria
ou pela tristeza; postura acolhedora, alegre e disponível, por parte do presbítero e demais agentes de
pastoral” (n. 266).

Na mesma direção a CNBB, no documento sobre a “Missão e ministérios dos cristãos leigos e
leigas”, nos fala: “A grande mobilidade de pessoas e famílias e, por outro lado, a solidão e o
isolamento de que sofrem muitas pessoas no meio urbano tem incentivado recentemente as
comunidades a criar e valorizar o Ministério da acolhida, que visa a receber pessoas novas na
comunidade ou a oferecer oportunidades de escuta e de aconselhamento para as pessoas que se
sentem sozinhas ou desorientadas”.

O Documento de Santo Domingo nos recorda também a necessidade de acolhida às pessoas que
estão de férias (n. 260).

Além do mais, sabemos que acolher é também estar ao lado daqueles que irão partir em busca de
melhores condições de vida: “Este é um momento de envio à missão. Deixar sua terra é sempre uma
decisão difícil e incerta e deve envolver o carinho e o compromisso da comunidade para os que
partem.” (SPM-Pastoral dos Migrantes, p. 25).
IV – ESPIRITUALIDADE DOS MINISTROS DA ACOLHIDA

1. Uma Espiritualidade da Comunhão: Para o Ministro da Acolhida, vale de modo especial o que
o Papa diz sobre a necessidade de uma espiritualidade de comunhão, a fim de que a Igreja seja
verdadeiramente evangelizadora no novo milênio. Em sua Carta Apostólica sobre o início do novo
milênio, diz o Papa:

“Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milênio que
começa, se quisermos ser fiéis aos desígnios de Deus e corresponder às expectativas mais profundas
do mundo. Que isso significa em concreto? Também aqui nosso pensamento poderia fixar-se
imediatamente na ação, mas seria errado deixar-se levar por tal impulso. Antes de programar
iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade de comunhão, elevando ao nível de
princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os
ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as
comunidades. Espiritualidade de comunhão significa, em primeiro lugar, ter o olhar do coração
voltado para o ministério da Trindade, que habita em nós e cuja luz deve ser percebida também no
rosto dos irmãos que estão em nosso redor. Espiritualidade de comunhão significa também a
capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como “um que faz
parte de mim”, para saber partilhar suas alegrias e seus sofrimentos, para intuir seus anseios, e dar
remédios às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade.
Espiritualidade da comunhão e ainda a capacidade de ver, acima de tudo, o que há de positivo no
outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: “um dom para mim”, como o é para o irmão
que diretamente o recebeu. Por fim, espiritualidade da comunhão é saber “criar espaço” para o
irmão, carregando “os fardos uns dos outros” (Gl 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre
nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúme. Sem ilusões! Sem essa caminhada
espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores de comunhão. Revelar-se-iam mais como
estruturas sem alma, máscaras de comunhão, que como vias para sua expressão e crescimento” (O
início do novo milênio, n. 43).




2. Gestos evangélicos de acolhida: A espiritualidade do Ministro da Acolhida tem sua marca na
prática concreta da acolhida, a exemplo de Jesus e dos demais personagens bíblicos. Sua
espiritualidade nasce da ação e fortalece a própria ação.

Por isso, o Ministro da Acolhida deve: amar como Deus nos ama; ser e agir como se fosse hoje o
próprio Jesus; alimentar-se do Pão da Palavra e da Eucaristia; reconhecer-se como servidor do Povo
de Deus e, portanto, como construtor do Reino de Deus; dar razões e testemunho da própria
esperança e da própria fé; manifestar vibração pela pessoa de Jesus, pela causa do Reino e pela vida
da Igreja; ter profunda caridade apostólica, feita de atenção, ternura, compaixão e disponibilidade
para com os irmãos e irmãs; ter tolerância e respeito pelas idéias diferentes das outras pessoas;
alegrar-se com quem se alegra, sofrer com quem sofre; amar os pobres como os preferidos de Deus;
valorizar as pessoas em sua individualidade (nome, necessidades, situação...); ser cordial e
hospitaleiro; não fazer distinção de pessoas (Tg 2, 1-4), pois todos somos iguais e irmãos em Cristo
(Gal 3, 28); receber cada irmão e irmã como se recebesse o próprio Jesus (Mt 25, 35); acolher as
pessoas como se fosse o próprio Jesus que estivesse acolhendo alguém (Mc 1, 29-34; Lc 19; 1-10;
18, 15-17; 24, 13-35; Jo 4; Rm 15, 7); seguir o exemplo da Virgem Maria, que acolheu em si a
palavra do próprio Deus (Lc 1, 38); imitar as irmãs Marta e Maria, que receberam Jesus em sua casa
(Lc 10, 38-39); ir em busca da ovelha desgarrada, da moeda perdida e do filho pródigo (Lc 15, 1-
32).

3. Testemunhos de Ministros da Acolhida: Os próprios Ministros da Acolhida sentem
necessidade de espiritualidade e assim se manifestam:

“Nós, os Ministros da Acolhida, precisamos cultivar uma espiritualidade muito forte para exercer
bem o nosso ministério. Por isso precisamos iluminar a nossa vida com a Palavra de Deus, buscar
em Jesus o exemplo inspirador e deixar-nos guiar pelo Espírito Santo, sempre em comunhão com a
Igreja”.

“Quando acolhemos alguém, estamos vivendo nossa fé que nos leva a ver um irmão naquele que
acolhemos e a ver Jesus que vem nele”.

“Além disso, sabemos que o nosso coração tem muita força nesse assunto de acolhida pois acolher
- é receber as pessoas com um movimento afetivo para com elas – a fim de fazer que possam
sentir-se bem na comunidade”.

“Para nós é importante saber também que, como Ministros da Acolhida, temos a missão de
perpetuar o Pentecostes nos tempos de hoje pois, agindo sob o impulso do Espírito Santo, nos
dedicamos a formar de todos os povos, raças e culturas a grande comunhão em Cristo”.

“Somos bem conscientes que Deus renova as nossas comunidades através das pessoas que
acolhemos e integramos num clima de comunhão e participação. Cada nova pessoa ou família bem
acolhida torna-se uma nova “pedra viva” para a construção do Reino de Deus conforme nos fala o
Apóstolo Pedro em (1Pd.2, 4-10): “Vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação
santa, um povo adquirido por Deus”.
V- ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A PRÁTICA DESTE MINISTÉRIO

1. Atribuições e requisitos: As atribuições e requisitos propostos pela Escola de Ministérios EMAR,
para os Ministros da Acolhida, nos levam para a prática do Ministério:

1 - “Integrar a Equipe de Liturgia da comunidade, preparando em conjunto as celebrações, com a
responsabilidade específica de acolher as pessoas e favorecer um clima de bem-estar nas
celebrações”.

2 – Estar atento para descobrir, acolher e integrar na comunidade os novos moradores e os
visitantes.

3 – Estar atento às despedidas de paroquianos que forem morar em outra paróquia/cidade.

4 – Promover na comunidade um clima familiar de acolhida.

5 – Formar na comunidade a Equipe de Pastoral da Acolhida.

6 – Ter espírito ecumênico e de “diálogo religioso”.

2. Características do Ministro da Acolhida: A esta altura, já se deve ter percebido a diferença
entre o “recepcionista” e o Ministro da Acolhida. O primeiro pode até cumprir uma função, o
segundo deve exercer uma missão, uma vocação de caráter permanente e necessário para a
comunidade.

Nesse sentido, são importantes algumas características do Ministro da Acolhida:

        O Ministro da Acolhida cultiva uma maneira criativa de acolher.
        O Ministro da Acolhida é uma presença atenciosa e disponível, seja numa reunião ou
        celebração, seja no dia-a-dia da vida da comunidade.
        O Ministro da Acolhida não espera, mas vai ao encontro das pessoas.
        O Ministro da Acolhida exerce uma tarefa de caráter profético: seja para evitar e/ou
        contornar situações incômodas, seja para favorecer às pessoas um “clima familiar de
        acolhida” agradável de se viver.
        O Ministro da Acolhida não pode atuar sozinho e isolado. Ele precisa organizar a Equipe de
        Pastoral de Acolhida, em sua comunidade.
3. A necessidade de uma Equipe de Acolhida: A Equipe necessita ter qualidade no atendimento
às pessoas. Todo esse trabalho requer sensibilidade no trato com o ser-Igreja. Podemos destacar
quatro aspectos nessa organização da Equipe de acolhedores, como:

       Elaborar um Plano de Ação para a comunidade paroquial.
       Promover a formação de agentes (equipes).
       Preparar e adquirir subsídios para a formação do grupo.
       Formar equipes, aproveitando aquelas pessoas que tem vocação para este trabalho
       específico.

4. Sintonia pastoral: Uma vez que a boa acolhida é requisito essencial de qualquer pastoral
eficiente, o Ministro da Acolhida precisa atuar junto a todas as pastorais e em sintonia com os
demais ministérios para impregnar todas as lideranças da comunidade do espírito de acolhida.

Acolher é uma questão de espiritualidade cristã. Somos todos peregrinos nesta terra (cf. Hb 11,13;
13,14). É a partir disso que nos colocamos a serviço. O acolhimento é um trabalho interminável.
Aqui aparecem os grande desafios para a Pastoral da Acolhida. É preciso começar sempre. As
pessoas que participam dessa modalidade de atendimento devem ter sensibilidade e persistência.
Cada caso é sempre um caso diferente.

A Pastoral da Acolhida é o primeiro passo da evangelização. Diz o Catecismo da Igreja Católica:
“A preparação do homem para acolher a graça já é obra da graça” (n. 2001). Entendemos que a boa
acolhida das pessoas lhes facilita o encontro com Deus e com as demais pessoas.




VI – PRÁTICAS CONCRETAS DO MINISTÉRIO DA ACOLHIDA

1. Nas celebrações, encontros e reuniões: Lugar por excelência para o exercício do Ministério da
Acolhida são os momentos em que o povo de Deus se reúne, para celebrar, estudar, programar e
avaliar a caminhada pastoral, etc. Ao Ministro da Acolhida cabe:

A) Convite: Ir ao encontro dos irmãos e irmãs com um convite verbal ou por escrito; se possível
telefonar.

B) Acolhida fraterna na entrada: na porta da casa, da igreja, do templo, da sala de reunião...

C) Lugares adequados: Pôr as crianças, idosos, pessoas com crianças ao colo, de preferência na
beirada do banco. Estar atento para a entrada de pedintes, dar-lhes atenção especial, mas com calma
e firmeza, dizendo-lhes que todos são bem vindos, mas que a celebração ou reunião não pode ser
tumultuada. Prover meios adequados para atender a alguém que tenha um ataque epilético ou que
desmaie.

D) Instalações sanitárias: Devem estar limpas e bem indicadas.

E) Água e copos: Provê-los, para o caso de alguém precisar.

F) Local próprio para crianças: Onde for possível, prever lugar apropriado, onde possam receber
atenção especial, durante as celebrações e encontros (assim os pais poderão vir com mais freqüência
e participar ativamente).

G) Atenção ao local da celebração e encontro: Cuidar que as janelas sejam ventiladas
adequadamente: nem frio, nem calor; de acordo com a época. Preparar bem o ambiente, de forma
adequada, se possível com cartazes próprios. Prever decoração sóbria, com flores.

H) Na saída após os encontros ou celebrações: Estar na porta; despedir-se, desejando boa semana
e agradecer pela presença.

I) Na própria celebração: Os comentaristas ou motivadores das celebrações devem ser bem
preparados e ter em mente o sentido fraterno da celebração ou do encontro, e acolher bem a todos,
no início. Fazer referência a pessoas ou grupos que vêm de outras cidades, estados ou países.

2. Na Comunidade: O Ministro da Acolhida é também responsável pela acolhida de novos
moradores e pela despedida de pessoas e famílias que se mudam para outro lugar. Para isso, deve:

A) Estar atento aos novos moradores: Acolhê-las, visitando-as em sua casa. Convidá-las para as
celebrações e encontros da comunidade. Informar-lhes sobre os serviços pastorais, tais como:
catequese, horários de missas, grupos de reflexão, capelinhas de Nossa Senhora, pastorais
existentes, ação social, etc. Oferecer-lhes informações sobre os serviços que existem no bairro:
escolas, mercado, farmácia, centro social, associação de moradores, coleta de lixo, etc.

B) Estar atento aos que se mudam: Despedir-se deles; oferecer-lhes uma carta de apresentação,
assinada pelo Pároco, a fim de que a apresentem na comunidade para onde estão indo.

3. Na Secretaria Paroquial: Lugar por excelência para o exercício da acolhida é a secretaria
paroquial. Seria importante que todo/a secretário/a paroquial fosse também Ministro da Acolhida.
Se isso não acontecer, que pelo menos pertença à Equipe de Acolhida da paróquia ou comunidade.
Cabe, contudo, ao Ministro da Acolhida preparar o/a secretário/a paroquial, para as seguintes
atitudes:
A) Tipos de Acolhida: É preciso oferecer acolhida diferenciada, conforme a situação das pessoas
que vêm à secretaria paroquial:

• a todos que chegam; aos que estão de luto ou tristes (morte, exéquias, sétimo dia...); aos que estão
em festa ou alegres (batizados, casamentos...); aos membros da comunidade (dizimistas, agentes de
pastoral...); aos afastados (ocasionais, desconhecidos...);

B) Gestos e virtudes a exercer: São imprescindíveis algumas atitudes, a fim de que se oferecerá
uma boa acolhida aos fiéis que vêm à secretaria paroquial:

• dar boas vindas; atender com naturalidade; sar uma tonalidade afetuosa; mostrar interesse pelas
pessoas e suas situações (família, trabalho, saúde...); ser amável ao dar informações;     ouvir
primeiro para falar depois; atender aos que chegaram primeiro; não fazer distinção de pessoas,
com exceção de idosos e doentes; ter calma e educação, paciência e ponderação; ter             postura
acolhedora, alegre e disponível; ser pontual; atender de pé.

C) Comportamentos a evitar: A pessoa que atua na secretaria paroquial deve evitar, a todo custo,
no exercício de sua atividade:

• gargalhadas; falar alto; gírias; chicletes;   cigarro; óculos escuros; roupas sumárias; conversas
inconvenientes sobre agenda ou a vida particular do/s padre/s e de agentes de pastoral; fofocas;
conversas sobre dinheiro; intimidades falsas (uso do “tu” ou do “você”) com pessoas estranhas.

D) Atendimento geral:

• ser um/a evangelizador/a, não apenas um/a profissional; reconhecer que para muitas pessoas, o/a
secretário/a é a primeira e às vezes a única pessoa com quem um fiel entra em contato na Igreja; não
dizer só o extremamente necessário, mas explicar e motivar; para isso, é preciso conhecer as
Orientações Pastorais da Arquidiocese; dar as fundamentações bíblicas, teológicas e pastorais das
orientações; atender uma pessoa por vez, até o fim; entregar as informações por escrito; ouvir com
paciência as críticas à Igreja e responder com equilíbrio e ponderação.

E) No pedido de Batismo:

• manifestar alegria pelo Batismo da criança; se a criança estiver presente, fazer-lhe uma carícia;
pedir os documentos com jeito e calma; explicar o porquê dos documentos;          evitar     conflitos
quando falta algum documento; procurar algum modo de solucionar o problema; instruir sobre o
local, data e horário do batizado, de preferência entregando esses dados por escrito.
F) No pedido de Casamento:

• parabenizar os noivos pela decisão do casamento; instruir-lhes sobre o andamento do processo;
explicar-lhes o porquê da certidão nova de batismo, dos proclamas, da entrevista com o Pároco;
incentivá-los à preparação espiritual para o casamento; oferecer-lhes uma lista de telefones de
Padres e Diáconos que tenham possibilidades de oficiar o casamento;       entregar-lhes   uma       lista
com as orientações da Igreja sobre decoração, canto, fotografias e filmagens.

G) No pedido de Missa de Sétimo Dia ou de Exéquias:

• manifestar pesar pelo falecimento do ente querido, com algumas palavras de esperança cristã.

H) No pedido de Bênção, Confissão, Aconselhamento ou Orientação com o Padre:

• encaminhar imediatamente ao Padre ou pedir que aguarde, informando sobre o tempo razoável de
espera; se o Padre não estiver em casa ou não puder atender no memento, informar o dia e a hora
possível de atendimento, ou, pedir o número de telefone, para dar um retorno posterior; explicar as
motivações da ausência do Padre; se for segunda-feira, explicar as razões de seu dia semanal de
descanso.

I) Diante de um membro da Comunidade:

• gravar o nome dos agentes de pastoral; reconhecer o importante serviço que prestam à
comunidade; ter sempre à mão uma lista dos telefones dos agentes de pastoral;     não     definir      a
quantia da contribuição de um dizimista, deixando à cargo de sua consciência;     procurar entender
o sentido bíblico, teológico e pastoral do dízimo.

J) Ao telefone:

• atender ao primeiro toque; evitar o “alô”, usar “Paróquia..., bom dia”; anotar recados por escrito;
oferecer ajuda e assistência a quem liga; evitar conversas demoradas, falando só o necessário; usar
termos fáceis de serem entendidos, evitando termos técnicos; evitar demonstrações demasiadas de
simpatia; não cortar bruscamente a conversa; não deixar esperando; encerrar cordialmente a
conversa.

K) No ambiente:

• placa de indicação do local e horário de atendimento; bancos ou cadeiras para quem tiver que
esperar; decoração discreta: flores, cartaz de boas vindas; crachá de identificação.
BIBLIOGRAFIA




BÍBLIA SAGRADA.

DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA.

JOÃO PAULO II: Tertio Millennio Adveniente.

JOÃO PAULO II: Novo Millennio Ineunte.

DOCUMENTO DE SANTO DOMINGO.

CNBB: Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 1991-1994, Documentos 45 –
Paulinas.

CNBB: Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 1995-1998, Documentos 54 –
Paulinas.

CNBB: Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 1999-2002, Documentos 61 –
Paulinas.

CNBB: Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas, Documentos 62 – Paulinas.

CNBB: Estudos 73 – Paulinas.

SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES: Pastoral dos Migrantes – Paulinas.

SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES: Migrantes Latino-americanos no Brasil – Loyola.

CADERNOS DE LITURGIA: Ministérios litúrgicos leigos nas comunidades, nº 5 – Paulus.

GASQUES, Jerônimo: Pastoral da Acolhida – Vozes.

GASQUES, Jerônimo: Diaconia do Acolhimento – Paulus.

ALVES, Vicente Paulo: Acolher é Evangelizar – Editora Santuário.

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A importância do acolhimento

  • 1. _____________________________ “Quem recebe vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Mt 10, 40). Todos nós sentimo-nos bem quando somos bem recebidos. Como é importante acolher bem as pessoas! A prática da vida do dia-a-dia, no entanto, nos mostra que nem sempre isso acontece: ou porque as pessoas são importunas, senão até agressivas, ou porque estamos muito atarefados, ou porque nosso astral não está bom. É por demais sabido que não poucos católicos bandeiam para outras igrejas ou seitas só porque lá se sentem bem acolhidos. Em nossas igrejas ou comunidades falta, com freqüência, a preocupação de tratamento personalizado. A razão principal, no entanto, para acolhermos bem a todos é o fato de sermos todos irmãos, filhos do Pai que está nos céus. Rogério Gomes PASCOM SJO
  • 2. I - O QUE É MINISTÉRIO DA ACOLHIDA? O Ministério da Acolhida é um serviço da Igreja que se destina a “receber bem” e “ir ao encontro” das pessoas, com o objetivo de integrá-las na celebração, na comunidade, na paróquia ou na diocese, para que sejam membros vivos e atuantes do povo de Deus, através de uma vivência de comunhão e participação, em vista da missão. Ao falarmos de “Ministério da Acolhida” queremos dizer que, quando se assume o serviço de acolher as pessoas, isso deve ser feito de forma constante e partilhada e a sua realização fica confiada a um grupo que tem a incumbência de gerenciar esse atendimento comunitário. Na comunidade cristã todos são acolhedores, mas a algumas pessoas cabe coordenar e exercer esse ministério de modo exemplar e significativo. O Ministério da Acolhida não se resume a um grupo de pessoas que fica à porta da Igreja entregando folhetos e/ou dizendo “Bom dia”. Talvez se possa começar com esses pequenos gestos. Mas depois a acolhida deve deitar suas raízes em todas as pastorais e setores da comunidade onde é requerida a sua presença. O Ministério da Acolhida é um verdadeiro “Ide”, para marcar presença ali onde a vida merece cuidados especiais. O Ministério da Acolhida deve contar com um grupo de pessoas que comecem a repensar a sua vida cristã e a vida de toda a comunidade, no sentido de fazer a hospitalidade e o acolhimento acontecerem em suas vidas. II – FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA Aprender com Jesus é o método melhor e mais eficaz para a ação pastoral e para um acolhimento mais amadurecido e sem falsas ilusões. Um primeiro dado desse gesto encontramos no acolhimento de Jesus ao centurião de Cafarnaum (Mt 8,5-13). Foi um fato inusitado que impressionou Jesus. O centurião suplica por um dos seus servos, e ao perceber a atenção de Jesus e sua decisão em ir a sua casa, ele faz aquela confissão que todos conhecemos: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa; dize uma só palavra e meu servo será curado” (v.8). Foi uma troca de acolhida, uma reciprocidade de impressionante beleza. Gestos alternados: de quem acolhe e de quem foi acolhido e se sente infinitamente satisfeito. Duas atitudes que se completaram. Mas vamos recorrer a Escritura Sagrada buscando o sentido mais amplo e profundo da acolhida, especialmente nos gestos bíblicos de: “visita”, “hospitalidade” e “acolhida”. 1. Visita: Na Palavra de Deus, encontramos muitas vezes a prática e o sentido de visita.
  • 3. Deus visita seu povo: “Quando vejo teus céus, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, quem é o homem, para que nele penses (para que o visites) e o ser humano, para que dele te ocupes?” (Sl 8, 4-5). “Visitaste a terra e a regaste; tu a cumulas de riquezas” (Sl 65, 10 s). O cântico sálmico e profético de Zacarias lembra a visita de Deus: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou o seu povo e realizou a libertação” (Lc l, 68s). Quando Jesus se refere à visita aos enfermos, nos diz que os mesmos devem ser acolhidos como a ele (Mt, 25, 36s). 2. Hospitalidade: A hospitalidade é uma virtude importante no mundo nômade (Gn 18, 1-8; 19, 1- 8; Jz 19, 9-34), um verdadeiro mandamento (Dt 10, 18s; Is 58, 7; Mt 10, 40-42). Um dos mais belos textos encontramos na acolhida de Abraão, com sua solicitude em atender os hóspedes (Gn 18, 3-8). Aí põe-se em realce o valor da hospitalidade, tão apreciada no oriente e recomendada por Cristo. Jesus também foi acolhido e rejeitado. Cristo experimentou a hospitalidade humana na casa de Simão (Lc 4, 38), em Caná (Jo 2, 2), na casa de Zaqueu (Lc19, 1-10), na casa de Lázaro, Marta e Maria (Jo12, 2-3), na casa de Simão (Mt 26, 6-7), na casa dos discípulos de Emaús (Lc 24, 29-30). Foi também rejeitado pelo seu povo (Jo1, 11), pelos habitantes de Belém (Lc 2, 7), pelos seus conterrâneos (Lc 4, 16-29; Mt. 13, 57s) e pelos samaritanos (Lc.9, 53-56). A hospitalidade é um gesto de caridade cristã (Rm 12, 13; 1 Tm 3, 2; Tt 1, 8; 1 Pd 4, 9; 3 Jo 5-8). O Ministério da Acolhida encontra seu fundamento em Mt 25, 35ss e Rm 12, 13, onde se convida a hospedar nossos irmãos e irmãs em nossas próprias vidas. A hospitalidade não tem cor nem religião. “Não vos esqueçais da hospitalidade pela qual alguns, sem saber, hospedaram os anjos” (Hb 13, 2). E São Pedro nos aconselha a “exercer a hospitalidade uns com os outros sem murmuração” (1Pd 4, 9). O gesto hospitaleiro ainda se faz ver na comunidade dos pobres. São muito ilustrativos certos encontros de comunidades, onde os pobres hospedam os participantes vindos de lugares distantes. As pessoas são hospedadas em casas de famílias das comunidades. Francisco de Assis recomenda com muita insistência a hospitalidade, afirmando que ela é uma “graça do Senhor”. 3. Acolhida: A Bíblia traz dezenas de informações sobre essa atitude, tão cheia de sentido teológico e pastoral.
  • 4. Uma primeira passagem poderá ser a de Isaías 58, 1-12. O que conta para Deus não são os ritos ou atitudes externas, mas a atitude interna e especialmente o espírito-social comunitário: soltar os presos inocentes, dar de comer aos famintos, acolher os desabrigados e migrantes, vestir os nus. Quem procede assim, pode contar com o auxílio de Deus, e suas desventuras se converterão em felicidade. “O temor do Senhor é o princípio do bom acolhimento e a sabedoria consegue o seu amor” (Eclo 1918). O salmo 23 (22) tem essa característica e exprime a experiência pessoal de segurança e acolhimento na relação com Deus. A imagem do Pastor solícito pelo sustento e pela proteção do rebanho, e a do anfitrião generoso no acolhimento do hóspede, encontram sua explicação no relacionamento de Deus com os seres humanos e tem sua realização na liturgia, que celebra a solicitude do Bom Pastor para com os fiéis e a participação do Banquete Sagrado. Na vida de Jesus encontramos a má acolhida em Samaria (Lc 9, 51-53). Esse texto nos orienta para entendermos que muitas vezes também não seremos bem recebidos. Na Parábola do Semeador (Mt 13, 1-9) vemos as várias sementes que foram lançadas e os terrenos incapazes de acolhê-las e de produzirem frutos à altura da qualidade dos dons (sementes) recebidos. Uma pessoa que soube acolher com muita expressão, vida e opção essa Palavra foi Maria de Nazaré. Lucas 1, 26-38 narra o anúncio do nascimento de Jesus. Por causa de sua acolhida à Palavra de Deus, Maria se tornou a Mãe do Salvador. Tornou-se mãe porque acolheu a Palavra. A Palavra sempre está aberta a todos e é um caminho plural oferecido a todos. Não há como querer ser cristão de braços cruzados e inativos. Há necessidade de se agir de forma a não desprezar ninguém. Exemplo dessa atitude é o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19, 1-10). A acolhida que Zaqueu proporciona a Jesus não é apenas formal: envolve toda a sua pessoa. Converter-se não significa só chegar a uma confissão oral dos primeiros erros, mas requer uma retratação efetiva dos mesmos. Zaqueu faz a sua confissão a Jesus, que agora se torna o seu “Senhor” no lugar de todos os “senhores” aos quais tinha servido. III – FUNDAMENTAÇÃO PASTORAL Precisamos rever nossas atitudes em relação à acolhida das pessoas nas celebrações e na secretaria paroquial, bem como na acolhida de novos moradores da comunidade. Trata-se de rever a pastoral como um todo. Para ter qualidade no atendimento, um Ministério não deve dispensar uma excelente acolhida aos fiéis.
  • 5. 1. Motivações: O Projeto Rumo ao Novo Milênio insistia sobre a necessidade e o sentido de “rever nossas atitudes” (CNBB, Doc. 56, 20s). O questionamento que o Papa fez a respeito da consciência cristã na passagem de milênio, vai no sentido de questionarmos nossas atitudes e nos perguntar: Por que uma parte tão grande da humanidade está longe de Cristo e, mais ainda, das comunidades cristãs? Também somos questionados quando olhamos nossas comunidades e vemos a quantidade de pessoas que freqüentam nossas celebrações. É muito provável que nem dez por cento dos católicos estão indo à missa nos finais de semana. Esse fato deve fazer-nos refletir. O Papa não hesita em admitir, olhando especialmente para o segundo milênio cristão, que erros e pecados dos cristãos têm dificultado o anúncio do Evangelho e sua difusão. Ele confessa que os filhos da Igreja “se afastaram do espírito de Cristo (...) oferecendo ao mundo (...) o espetáculo de modos de pensar e agir que eram verdadeiras formas de antitestemunho e de escândalo” (Advento do Terceiro Milênio, 33). 2. Atualidade do Ministério da Acolhida: Alguns elementos próprios da fé cristã e/ou presentes na cultura moderna nos levam a perceber a atualidade desse ministério: a) o valor de cada pessoa em sua subjetividade e individualidade; b) o respeito cristão à dignidade da pessoa humana; c) a presença de Jesus Cristo e do Espírito Santo em cada irmão/ã (Mt 25, 40 e 1Cor 6, 19); d) o respeito à liberdade e à consciência individual; e) o sentido da Igreja não mais como instituição, muito menos como empresa, mas como grande família de Deus, Povo santo de Deus, comunhão e participação; f) a visão da paróquia não mais como divisão territorial ou estrutura, mas como pequena família de Deus, comunidade de fiéis, comunidade eucarística, com identidade teológica própria (DBAEIB 279); g) o entendimento do batismo como sacramento da cidadania cristã, pelo qual todos são iguais diante de Deus, com direitos e deveres. 3. Algumas constatações: Há muitos males na vida da Igreja e das pessoas, que são exemplo de como a ausência de acolhida é perigosa para todos: a) divisões entre os cristãos; b) divisão entre os agentes de pastoral; c) escândalos nas formas de fazer a pastoral acontecer na base; d) dificuldade em manter os fiéis na Igreja; d) missas mal preparadas, com precária participação dos fiéis e liturgia distante do povo; e) celebrações sem acolhida; f) Igreja fria, onde cada um “fica na sua”. O Papa, por sua vez, na carta de preparação para o terceiro milênio, elenca algumas dificuldades que são universais, a saber: a) indiferença religiosa; b) perda do sentido de transcendência; c) extravios no campo ético; d) graves injustiças e formas de marginalização social (Advento do Terceiro Milênio, 36). O Papa, então, citando o Concílio Vaticano II, pergunta se os cristãos não
  • 6. teriam contribuído para o alastramento desses fenômenos, pelas deficiências de sua vida religiosa, moral e social (cf. GS 19). Nesse caminhar, o Ministério da Acolhida quer fazer-nos refletir e buscar novas alternativas, no sentido de congregar em Cristo o povo de Deus, evitando que ele se disperse. Ademais, vivemos num mundo que propõe a necessidade do “serviço personalizado” e que se afana na busca da “qualidade total”. Com certeza, uma pastoral de acolhida bem articulada será elemento fundamental para uma ação evangelizadora com “qualidade total”. Muito bem nos recorda a CNBB: “Hoje a religião é mais acolhida do que herdada. O espaço que a Igreja pode ocupar na vida das pessoas depende da qualidade do acolhimento e do testemunho, e não mais do prestígio da instituição” (CNBB, Estudos 73, nn. 25 e 28). “A pessoa precisa ser acolhida na Comunidade com abertura e sensibilidade para os diversos aspectos e dimensões de sua identidade e existência”. (CNBB, Documento 45, n. 80). 4. A Pastoral Urbana: Com relação à Pastoral Urbana: “A cidade pode ser uma fábrica de frustrações e de sofrimentos para aqueles que ficam à margem do que ela tem para oferecer. Há muita gente perdida, sem espaço, exposta ao anonimato solitário de um ambiente onde cada um cuida de si. Catadores de lixo, mendigos, desempregados, prostitutas, meninos e meninas de rua, migrantes sem teto são alguns dos “sobrantes” que a cidade exibe sem conseguir integrar” (CNBB, Estudos 75, n. 38). Há campo de sobra para o Ministro da Acolhida e para os demais ministérios e pastorais, para construir o Reino de Deus. No mundo urbano em que vivemos, parece que todas as relações humanas são muito “desumanas”, estão “contaminadas”, pois estão fortemente marcadas por um sentido “comercial” fundamentado no “interesse”: te dou isto e tu me dás aquilo. As empresas gastam fortunas para capacitar seus funcionários a fim de que sejam o máximo eficientes em tratar bem seus clientes de modo a “vender mais” e “ganhar mais” 5. A resposta da Igreja: Diante dessa realidade, é de suma importância o modo como fazemos pastoral. Faz-se necessário um objetivo “diferente” no relacionamento humano. Este objetivo deve ser baseado na “gratuidade” que nasce do exemplo e do mandamento do Senhor.
  • 7. Uma forma gratuita e fraterna de acolher as pessoas é, sem dúvida, um forte testemunho evangélico. Se é importante o conteúdo da evangelização, não menos importante será o “modo” como evangelizamos. Aliás, o conteúdo pode ser aceito ou não, dependendo da forma como o apresentamos. “Mais que palavras, o homem de hoje quer testemunhos” dizia Paulo VI. É neste marco que se enquadra a Pastoral da Acolhida na Igreja, e que justifica o Ministério da Acolhida em nossas comunidades. Além do mais, sabemos quanto o povo brasileiro é sensível às atitudes de acolhimento ou de rejeição! 6. Diretrizes da Igreja: Os documentos da Igreja mencionam a Pastoral da Acolhida como: a) “genérica” – para que a Paróquia possa “renovar sua capacidade de acolhida e seu dinamismo missionário com os fiéis marginalizados” (Documento de Santo Domingo, 60); b) “específica” – indicando que a Igreja precisa “programar uma pastoral ambiental e funcional, diferenciada segundo os espaços da cidade. Uma pastoral de acolhida dado o fenômeno das migrações” (Documento de Santo Domingo, 260). As Diretrizes da Igreja no Brasil (1995-1998) recordam: “Importância especial seja dada ao acolhimento às pessoas. Para isso algumas medidas podem ser postas em prática: „ministério da acolhida‟, visitas às famílias que chegam; visitas domiciliares nos momentos marcantes pela alegria ou pela tristeza; postura acolhedora, alegre e disponível, por parte do presbítero e demais agentes de pastoral” (n. 266). Na mesma direção a CNBB, no documento sobre a “Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas”, nos fala: “A grande mobilidade de pessoas e famílias e, por outro lado, a solidão e o isolamento de que sofrem muitas pessoas no meio urbano tem incentivado recentemente as comunidades a criar e valorizar o Ministério da acolhida, que visa a receber pessoas novas na comunidade ou a oferecer oportunidades de escuta e de aconselhamento para as pessoas que se sentem sozinhas ou desorientadas”. O Documento de Santo Domingo nos recorda também a necessidade de acolhida às pessoas que estão de férias (n. 260). Além do mais, sabemos que acolher é também estar ao lado daqueles que irão partir em busca de melhores condições de vida: “Este é um momento de envio à missão. Deixar sua terra é sempre uma decisão difícil e incerta e deve envolver o carinho e o compromisso da comunidade para os que partem.” (SPM-Pastoral dos Migrantes, p. 25).
  • 8. IV – ESPIRITUALIDADE DOS MINISTROS DA ACOLHIDA 1. Uma Espiritualidade da Comunhão: Para o Ministro da Acolhida, vale de modo especial o que o Papa diz sobre a necessidade de uma espiritualidade de comunhão, a fim de que a Igreja seja verdadeiramente evangelizadora no novo milênio. Em sua Carta Apostólica sobre o início do novo milênio, diz o Papa: “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milênio que começa, se quisermos ser fiéis aos desígnios de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo. Que isso significa em concreto? Também aqui nosso pensamento poderia fixar-se imediatamente na ação, mas seria errado deixar-se levar por tal impulso. Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade de comunhão, elevando ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades. Espiritualidade de comunhão significa, em primeiro lugar, ter o olhar do coração voltado para o ministério da Trindade, que habita em nós e cuja luz deve ser percebida também no rosto dos irmãos que estão em nosso redor. Espiritualidade de comunhão significa também a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como “um que faz parte de mim”, para saber partilhar suas alegrias e seus sofrimentos, para intuir seus anseios, e dar remédios às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade. Espiritualidade da comunhão e ainda a capacidade de ver, acima de tudo, o que há de positivo no outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: “um dom para mim”, como o é para o irmão que diretamente o recebeu. Por fim, espiritualidade da comunhão é saber “criar espaço” para o irmão, carregando “os fardos uns dos outros” (Gl 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúme. Sem ilusões! Sem essa caminhada espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores de comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, que como vias para sua expressão e crescimento” (O início do novo milênio, n. 43). 2. Gestos evangélicos de acolhida: A espiritualidade do Ministro da Acolhida tem sua marca na prática concreta da acolhida, a exemplo de Jesus e dos demais personagens bíblicos. Sua espiritualidade nasce da ação e fortalece a própria ação. Por isso, o Ministro da Acolhida deve: amar como Deus nos ama; ser e agir como se fosse hoje o próprio Jesus; alimentar-se do Pão da Palavra e da Eucaristia; reconhecer-se como servidor do Povo de Deus e, portanto, como construtor do Reino de Deus; dar razões e testemunho da própria
  • 9. esperança e da própria fé; manifestar vibração pela pessoa de Jesus, pela causa do Reino e pela vida da Igreja; ter profunda caridade apostólica, feita de atenção, ternura, compaixão e disponibilidade para com os irmãos e irmãs; ter tolerância e respeito pelas idéias diferentes das outras pessoas; alegrar-se com quem se alegra, sofrer com quem sofre; amar os pobres como os preferidos de Deus; valorizar as pessoas em sua individualidade (nome, necessidades, situação...); ser cordial e hospitaleiro; não fazer distinção de pessoas (Tg 2, 1-4), pois todos somos iguais e irmãos em Cristo (Gal 3, 28); receber cada irmão e irmã como se recebesse o próprio Jesus (Mt 25, 35); acolher as pessoas como se fosse o próprio Jesus que estivesse acolhendo alguém (Mc 1, 29-34; Lc 19; 1-10; 18, 15-17; 24, 13-35; Jo 4; Rm 15, 7); seguir o exemplo da Virgem Maria, que acolheu em si a palavra do próprio Deus (Lc 1, 38); imitar as irmãs Marta e Maria, que receberam Jesus em sua casa (Lc 10, 38-39); ir em busca da ovelha desgarrada, da moeda perdida e do filho pródigo (Lc 15, 1- 32). 3. Testemunhos de Ministros da Acolhida: Os próprios Ministros da Acolhida sentem necessidade de espiritualidade e assim se manifestam: “Nós, os Ministros da Acolhida, precisamos cultivar uma espiritualidade muito forte para exercer bem o nosso ministério. Por isso precisamos iluminar a nossa vida com a Palavra de Deus, buscar em Jesus o exemplo inspirador e deixar-nos guiar pelo Espírito Santo, sempre em comunhão com a Igreja”. “Quando acolhemos alguém, estamos vivendo nossa fé que nos leva a ver um irmão naquele que acolhemos e a ver Jesus que vem nele”. “Além disso, sabemos que o nosso coração tem muita força nesse assunto de acolhida pois acolher - é receber as pessoas com um movimento afetivo para com elas – a fim de fazer que possam sentir-se bem na comunidade”. “Para nós é importante saber também que, como Ministros da Acolhida, temos a missão de perpetuar o Pentecostes nos tempos de hoje pois, agindo sob o impulso do Espírito Santo, nos dedicamos a formar de todos os povos, raças e culturas a grande comunhão em Cristo”. “Somos bem conscientes que Deus renova as nossas comunidades através das pessoas que acolhemos e integramos num clima de comunhão e participação. Cada nova pessoa ou família bem acolhida torna-se uma nova “pedra viva” para a construção do Reino de Deus conforme nos fala o Apóstolo Pedro em (1Pd.2, 4-10): “Vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido por Deus”.
  • 10. V- ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A PRÁTICA DESTE MINISTÉRIO 1. Atribuições e requisitos: As atribuições e requisitos propostos pela Escola de Ministérios EMAR, para os Ministros da Acolhida, nos levam para a prática do Ministério: 1 - “Integrar a Equipe de Liturgia da comunidade, preparando em conjunto as celebrações, com a responsabilidade específica de acolher as pessoas e favorecer um clima de bem-estar nas celebrações”. 2 – Estar atento para descobrir, acolher e integrar na comunidade os novos moradores e os visitantes. 3 – Estar atento às despedidas de paroquianos que forem morar em outra paróquia/cidade. 4 – Promover na comunidade um clima familiar de acolhida. 5 – Formar na comunidade a Equipe de Pastoral da Acolhida. 6 – Ter espírito ecumênico e de “diálogo religioso”. 2. Características do Ministro da Acolhida: A esta altura, já se deve ter percebido a diferença entre o “recepcionista” e o Ministro da Acolhida. O primeiro pode até cumprir uma função, o segundo deve exercer uma missão, uma vocação de caráter permanente e necessário para a comunidade. Nesse sentido, são importantes algumas características do Ministro da Acolhida: O Ministro da Acolhida cultiva uma maneira criativa de acolher. O Ministro da Acolhida é uma presença atenciosa e disponível, seja numa reunião ou celebração, seja no dia-a-dia da vida da comunidade. O Ministro da Acolhida não espera, mas vai ao encontro das pessoas. O Ministro da Acolhida exerce uma tarefa de caráter profético: seja para evitar e/ou contornar situações incômodas, seja para favorecer às pessoas um “clima familiar de acolhida” agradável de se viver. O Ministro da Acolhida não pode atuar sozinho e isolado. Ele precisa organizar a Equipe de Pastoral de Acolhida, em sua comunidade.
  • 11. 3. A necessidade de uma Equipe de Acolhida: A Equipe necessita ter qualidade no atendimento às pessoas. Todo esse trabalho requer sensibilidade no trato com o ser-Igreja. Podemos destacar quatro aspectos nessa organização da Equipe de acolhedores, como: Elaborar um Plano de Ação para a comunidade paroquial. Promover a formação de agentes (equipes). Preparar e adquirir subsídios para a formação do grupo. Formar equipes, aproveitando aquelas pessoas que tem vocação para este trabalho específico. 4. Sintonia pastoral: Uma vez que a boa acolhida é requisito essencial de qualquer pastoral eficiente, o Ministro da Acolhida precisa atuar junto a todas as pastorais e em sintonia com os demais ministérios para impregnar todas as lideranças da comunidade do espírito de acolhida. Acolher é uma questão de espiritualidade cristã. Somos todos peregrinos nesta terra (cf. Hb 11,13; 13,14). É a partir disso que nos colocamos a serviço. O acolhimento é um trabalho interminável. Aqui aparecem os grande desafios para a Pastoral da Acolhida. É preciso começar sempre. As pessoas que participam dessa modalidade de atendimento devem ter sensibilidade e persistência. Cada caso é sempre um caso diferente. A Pastoral da Acolhida é o primeiro passo da evangelização. Diz o Catecismo da Igreja Católica: “A preparação do homem para acolher a graça já é obra da graça” (n. 2001). Entendemos que a boa acolhida das pessoas lhes facilita o encontro com Deus e com as demais pessoas. VI – PRÁTICAS CONCRETAS DO MINISTÉRIO DA ACOLHIDA 1. Nas celebrações, encontros e reuniões: Lugar por excelência para o exercício do Ministério da Acolhida são os momentos em que o povo de Deus se reúne, para celebrar, estudar, programar e avaliar a caminhada pastoral, etc. Ao Ministro da Acolhida cabe: A) Convite: Ir ao encontro dos irmãos e irmãs com um convite verbal ou por escrito; se possível telefonar. B) Acolhida fraterna na entrada: na porta da casa, da igreja, do templo, da sala de reunião... C) Lugares adequados: Pôr as crianças, idosos, pessoas com crianças ao colo, de preferência na beirada do banco. Estar atento para a entrada de pedintes, dar-lhes atenção especial, mas com calma e firmeza, dizendo-lhes que todos são bem vindos, mas que a celebração ou reunião não pode ser
  • 12. tumultuada. Prover meios adequados para atender a alguém que tenha um ataque epilético ou que desmaie. D) Instalações sanitárias: Devem estar limpas e bem indicadas. E) Água e copos: Provê-los, para o caso de alguém precisar. F) Local próprio para crianças: Onde for possível, prever lugar apropriado, onde possam receber atenção especial, durante as celebrações e encontros (assim os pais poderão vir com mais freqüência e participar ativamente). G) Atenção ao local da celebração e encontro: Cuidar que as janelas sejam ventiladas adequadamente: nem frio, nem calor; de acordo com a época. Preparar bem o ambiente, de forma adequada, se possível com cartazes próprios. Prever decoração sóbria, com flores. H) Na saída após os encontros ou celebrações: Estar na porta; despedir-se, desejando boa semana e agradecer pela presença. I) Na própria celebração: Os comentaristas ou motivadores das celebrações devem ser bem preparados e ter em mente o sentido fraterno da celebração ou do encontro, e acolher bem a todos, no início. Fazer referência a pessoas ou grupos que vêm de outras cidades, estados ou países. 2. Na Comunidade: O Ministro da Acolhida é também responsável pela acolhida de novos moradores e pela despedida de pessoas e famílias que se mudam para outro lugar. Para isso, deve: A) Estar atento aos novos moradores: Acolhê-las, visitando-as em sua casa. Convidá-las para as celebrações e encontros da comunidade. Informar-lhes sobre os serviços pastorais, tais como: catequese, horários de missas, grupos de reflexão, capelinhas de Nossa Senhora, pastorais existentes, ação social, etc. Oferecer-lhes informações sobre os serviços que existem no bairro: escolas, mercado, farmácia, centro social, associação de moradores, coleta de lixo, etc. B) Estar atento aos que se mudam: Despedir-se deles; oferecer-lhes uma carta de apresentação, assinada pelo Pároco, a fim de que a apresentem na comunidade para onde estão indo. 3. Na Secretaria Paroquial: Lugar por excelência para o exercício da acolhida é a secretaria paroquial. Seria importante que todo/a secretário/a paroquial fosse também Ministro da Acolhida. Se isso não acontecer, que pelo menos pertença à Equipe de Acolhida da paróquia ou comunidade. Cabe, contudo, ao Ministro da Acolhida preparar o/a secretário/a paroquial, para as seguintes atitudes:
  • 13. A) Tipos de Acolhida: É preciso oferecer acolhida diferenciada, conforme a situação das pessoas que vêm à secretaria paroquial: • a todos que chegam; aos que estão de luto ou tristes (morte, exéquias, sétimo dia...); aos que estão em festa ou alegres (batizados, casamentos...); aos membros da comunidade (dizimistas, agentes de pastoral...); aos afastados (ocasionais, desconhecidos...); B) Gestos e virtudes a exercer: São imprescindíveis algumas atitudes, a fim de que se oferecerá uma boa acolhida aos fiéis que vêm à secretaria paroquial: • dar boas vindas; atender com naturalidade; sar uma tonalidade afetuosa; mostrar interesse pelas pessoas e suas situações (família, trabalho, saúde...); ser amável ao dar informações; ouvir primeiro para falar depois; atender aos que chegaram primeiro; não fazer distinção de pessoas, com exceção de idosos e doentes; ter calma e educação, paciência e ponderação; ter postura acolhedora, alegre e disponível; ser pontual; atender de pé. C) Comportamentos a evitar: A pessoa que atua na secretaria paroquial deve evitar, a todo custo, no exercício de sua atividade: • gargalhadas; falar alto; gírias; chicletes; cigarro; óculos escuros; roupas sumárias; conversas inconvenientes sobre agenda ou a vida particular do/s padre/s e de agentes de pastoral; fofocas; conversas sobre dinheiro; intimidades falsas (uso do “tu” ou do “você”) com pessoas estranhas. D) Atendimento geral: • ser um/a evangelizador/a, não apenas um/a profissional; reconhecer que para muitas pessoas, o/a secretário/a é a primeira e às vezes a única pessoa com quem um fiel entra em contato na Igreja; não dizer só o extremamente necessário, mas explicar e motivar; para isso, é preciso conhecer as Orientações Pastorais da Arquidiocese; dar as fundamentações bíblicas, teológicas e pastorais das orientações; atender uma pessoa por vez, até o fim; entregar as informações por escrito; ouvir com paciência as críticas à Igreja e responder com equilíbrio e ponderação. E) No pedido de Batismo: • manifestar alegria pelo Batismo da criança; se a criança estiver presente, fazer-lhe uma carícia; pedir os documentos com jeito e calma; explicar o porquê dos documentos; evitar conflitos quando falta algum documento; procurar algum modo de solucionar o problema; instruir sobre o local, data e horário do batizado, de preferência entregando esses dados por escrito.
  • 14. F) No pedido de Casamento: • parabenizar os noivos pela decisão do casamento; instruir-lhes sobre o andamento do processo; explicar-lhes o porquê da certidão nova de batismo, dos proclamas, da entrevista com o Pároco; incentivá-los à preparação espiritual para o casamento; oferecer-lhes uma lista de telefones de Padres e Diáconos que tenham possibilidades de oficiar o casamento; entregar-lhes uma lista com as orientações da Igreja sobre decoração, canto, fotografias e filmagens. G) No pedido de Missa de Sétimo Dia ou de Exéquias: • manifestar pesar pelo falecimento do ente querido, com algumas palavras de esperança cristã. H) No pedido de Bênção, Confissão, Aconselhamento ou Orientação com o Padre: • encaminhar imediatamente ao Padre ou pedir que aguarde, informando sobre o tempo razoável de espera; se o Padre não estiver em casa ou não puder atender no memento, informar o dia e a hora possível de atendimento, ou, pedir o número de telefone, para dar um retorno posterior; explicar as motivações da ausência do Padre; se for segunda-feira, explicar as razões de seu dia semanal de descanso. I) Diante de um membro da Comunidade: • gravar o nome dos agentes de pastoral; reconhecer o importante serviço que prestam à comunidade; ter sempre à mão uma lista dos telefones dos agentes de pastoral; não definir a quantia da contribuição de um dizimista, deixando à cargo de sua consciência; procurar entender o sentido bíblico, teológico e pastoral do dízimo. J) Ao telefone: • atender ao primeiro toque; evitar o “alô”, usar “Paróquia..., bom dia”; anotar recados por escrito; oferecer ajuda e assistência a quem liga; evitar conversas demoradas, falando só o necessário; usar termos fáceis de serem entendidos, evitando termos técnicos; evitar demonstrações demasiadas de simpatia; não cortar bruscamente a conversa; não deixar esperando; encerrar cordialmente a conversa. K) No ambiente: • placa de indicação do local e horário de atendimento; bancos ou cadeiras para quem tiver que esperar; decoração discreta: flores, cartaz de boas vindas; crachá de identificação.
  • 15. BIBLIOGRAFIA BÍBLIA SAGRADA. DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. JOÃO PAULO II: Tertio Millennio Adveniente. JOÃO PAULO II: Novo Millennio Ineunte. DOCUMENTO DE SANTO DOMINGO. CNBB: Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 1991-1994, Documentos 45 – Paulinas. CNBB: Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 1995-1998, Documentos 54 – Paulinas. CNBB: Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 1999-2002, Documentos 61 – Paulinas. CNBB: Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas, Documentos 62 – Paulinas. CNBB: Estudos 73 – Paulinas. SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES: Pastoral dos Migrantes – Paulinas. SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES: Migrantes Latino-americanos no Brasil – Loyola. CADERNOS DE LITURGIA: Ministérios litúrgicos leigos nas comunidades, nº 5 – Paulus. GASQUES, Jerônimo: Pastoral da Acolhida – Vozes. GASQUES, Jerônimo: Diaconia do Acolhimento – Paulus. ALVES, Vicente Paulo: Acolher é Evangelizar – Editora Santuário.