1. VITÓRIA, ES, DOMINGO, 26 DE JANEIRO DE 2014 ATRIBUNA
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Polícia
Até sandália revela assassino
Com técnicas de
investigação, até
mesmo pegada de
um chinelo já foi
utilizada como prova
para desvendar crime
A ciência contra os crimes Trabalho de peritos associa investigação e tecnologia
EXAME DE DNA
Na busca por evidências, os peritos
podem analisar objetos pessoais
da vítima. Um celular, por exemplo, pode ser inspecionado por especialistas em eletrônica para analisar as últimas ligações da vítima.
Texto: Giordany Bossato
Arte: André Felix
ão é somente nos filmes e
séries de TV que a tecnologia auxilia a resolução de
crimes. Em Guaçuí, Região do Carapaó, o assassinato de um aposentado de 75 anos foi solucionado
graças à identificação do calçado
do criminoso.
O acusado, com 22 anos na época do crime, em 2010, esfaqueou o
aposentado, roubou um DVD da
vítima e depois fugiu.
Ao entrar na casa, o criminoso
deixou pegadas de um chinelo defeituoso no sangue que havia espalhado pelo local –
fato que chamou a atenção
dos peritos criminais.
Entretanto, o assassino fugiu
sem ser visto. No dia seguinte, o
criminoso foi à delegacia prestar
esclarecimentos, pois era suspeito
de ter envolvimento com drogas.
Na delegacia, o perito notou o
chinelo e pediu para fazer um teste comparativo. Para grande surpresa, a pegada tinha o mesmo defeito. Horas depois, o criminoso
confessou o assassinato.
A história reflete bem como é o
trabalho dos peritos criminais, um
jogo de quebra-cabeças que pode
incriminar culpados e
absolver inocentes,
tudo com a ajuda da
tecnologia e inteligência dos
peritos.
Exames de DNA podem ser feitos caso sejam encontrados algum fio de
cabelo, fonte de saliva ou sangue
que não sejam da vítima. Depois,
basta comparar os resultados com
o DNA dos suspeitos.
OBJETOS PESSOAIS
N
LUZ
FORENSE
EQUIPAMENTO
DE PONTA
Uma das tecnologias
que mais facilita o trabalho dos peritos é um
scanner 3D. Ele digitaliza a cena do crime e
permite simulações em
um computador.
PASSO A PASSO DO PERITO
O primeiro dever do perito é
isolar a área do crime, atitude que também pode ser tomada
pelos policiais militares;
No local do crime, deve-se
2 procurar pelo maior número
de evidências: fios de cabelo, sinais de luta corporal, cápsulas
disparadas e a arma do crime.
co3 As evidências devem seranáletadas e enviadas para
lise.
Por fim, o perito elabora o
4 laudo relatando tudo o que
viu e, quando o caso for a julgamento, ele depõe contando o que
foi visto no local.
1
3
5
5
EQUIPAMENTOS
DE TRABALHO
O equipamento emite luzes com diferentes comprimentos de onda, o que
facilita a visualização de impressões
digitais, pelos, sangue, entre outros. É
importante que os
materiais encontrados pela perícia possam ser confrontados com outros materiais. Por isso é importante ter suspeitos para um crime.
2
> TESOURA, para cortar vestes
dos corpos encontrados.
> LUPA, para observar detalhes.
> INSTRUMENTOS de medida,
como trenas, réguas e
paquímetros.
> SACOS PLÁSTICOS, para
coletar o material encontrado.
> PLACAS NUMERADAS, para
identificar onde foram
encontradas as evidências.
> FITA AMARELA, para isolar a
área.
> CÂMERA FOTOGRÁFICA para
coletar imagens.
> PÓ DE CHUMBO E PINCÉIS,
para recolher digitais.
> LUVAS E MÁSCARA, para
proteger o perito de objetos
contaminados.
> REAGENTES QUÍMICOS, para
analisar a presença de drogas
no local.
BALÍSTICA
LUMINOL
O produto reage com o ferro
presente no sangue e ganha
coloração fluorescente. Com o
produto, o sangue aparece
ainda que o local tenha sido
lavado. O luminol foi utilizado
em casos como o do goleiro
Bruno e Isabela Nardoni.
REPERCUSSÃO
O último caso envolvendo peritos que teve grande repercussão foi o do adolescente Marcelo Pesseghini, acusado de
matar os pais, a avó e a tia-avó.
Outros casos famosos são o do
ex-goleiro Bruno, o do casal
Nardoni e o do advogado
Mizael Bispo.
PEGADAS
Marcas deixadas pelos pés
podem ajudar a desvendar
crimes, como o que aconteceu em Guaçuí, solucionado graças à identificação do
calçado do criminoso.
Em cada bala disparada
ficam as marcas provenientes da arma utilizada. No laboratório de balística é possível identificar se uma bala foi mesmo disparada pelo revólver do suspeito.
ANÁLISE
“É muito bom quando o caso é
resolvido com a ajuda da perícia”
“O perito criminal precisa ter isenção em seu trabalho e não sofrer influências externas. Caso contrário,
falhas podem acontecer e toda a in-
vestigação sair prejudicada.
Como todo trabalho, o de perito
apresenta dificuldades, mas, apesar
de tudo, o trabalho é gratificante. É
Fonte: Fernanda Silveira, presidente da Associação Espírito-Santense de Peritos em Criminalística, e Eduardo Ribeiro Paradela, especialista em Genética Forense.
Fernanda Silveira,
presidente da Associação
Espírito-Santense de
Peritos em Criminalística
muito bom quando o caso é resolvido com a ajuda de peritos — incriminando um culpado ou absolvendo
um inocente.”