O documento discute como as bibliotecas podem adotar características da Web 2.0 para se tornarem "Bibliotecas 2.0", centrando-se no usuário e na interação social. Ele descreve quatro características-chave de uma Biblioteca 2.0 e argumenta que as bibliotecas escolares precisam preparar os alunos para as literacias digitais necessárias para acessar e usar informação online.
Web Social e os novos ambientes de comunicação, informação e aprendizagem [b...
Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas para se aproximarem de um modelo de biblioteca 2.0?
1. 16 a 25 de Fevereiro A WEB 2.0 E A BIBLIOTECA 2.0
Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas para se aproximarem de um
modelo de biblioteca 2.0?
A melhor concepção da BE 2.0 neste momento será uma interface de rede social
que o usuário desenha. Isto é realidade virtual da biblioteca, um lugar onde alguém pode
não apenas procurar por livros e revistas, mas interagir com uma comunidade, com um
bibliotecário e compartilhar conhecimento e entendimento com eles.
A biblioteca 1.0 levou coleções e serviços dispersos para um ambiente online, e a
biblioteca 2.0 irá levar o pacote completo de serviços de biblioteca para um meio
eletrónico, possibilitando o acesso à informação para a sociedade, o compartilhamento
dessa informação e a sua utilização para o progresso da sociedade.
Com o desenvolvimento das redes, a leitura de documentos faz-se cada vez mais
por intermédio da tecnologia digital. Às bibliotecas colocou-se rapidamente não só a
questão da “digitalização” dos documentos impressos, mas também a da transformação
de filmes ou de registos sonoros, a fim de facilitar a sua divulgação.
Encontra-se, assim, uma concepção social da informação e do conhecimento que
constrói ao mesmo tempo um património (as obras do passado) e um acesso às
informações mais atuais (as publicações científicas). Relativizamos as visões
estritamente comerciais da produção de cultura e de conhecimento colocando-nos do
ponto de vista dos bens comuns da informação e de seus efeitos sobre o
desenvolvimento das pessoas e dos países.
Atualmente, a noção de biblioteca escolar é indissociável das bibliotecas virtuais,
da Internet, da cooperação com as bibliotecas públicas e com a comunidade educativa.
Como há cada vez mais notícias sobre o uso de tecnologias da web 2.0 entre
jovens, não é surpreendente ver que o uso geral da Internet nesta faixa etária é cada vez
maior. Os jovens usam blogs, redes sociais, sites de compartilhamento de fotos e vídeos
num ritmo nunca visto antes, por isso é inquestionável, hoje, que o paradigma
tecnológico leve a biblioteca escolar a assumir um novo papel no seio da comunidade
escolar/educativa. Neste contexto, procurando responder às múltiplas solicitações desta
sociedade da informação e do conhecimento as bibliotecas têm vindo a consciencializar-
se da necessidade de mudança e adaptação a esta nova realidade. Sendo este um
processo dinâmico e evolutivo, julgo que nos encontramos ainda numa primeira fase, a
de exploração dos recursos e ferramentas que a web 2.0 nos oferece. Aproximamo-nos
Maria José Domingues
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do conceito da biblioteca 2.0, mas para este ser pleno é necessário que as bibliotecas se
centrem no utilizador, como parceiro na construção de conhecimento, participando na
criação de conteúdos, partilhando-os e interagindo com outros elementos de uma mesma
comunidade virtual por isso também consideradas, socialmente ricas.
Maness (2006) aponta 4 características que definem a Biblioteca 2.0:
• Centrada no utilizador. O utilizador participa na criação de conteúdos e
serviços disponibilizados na Web pela biblioteca.
• Disponibiliza uma experiência multimédia. Tanto as coleções como os
serviços da biblioteca 2.0 contêm componentes, vídeo, áudio, realidade virtual.
• Socialmente rica. Interage com os utilizadores, quer de forma síncrona (por ex.
IM – mensagens instantâneas), quer de forma assíncrona (por ex. wikis).
• Inovadora ao serviço da comunidade. Procura constantemente a inovação e
acompanha as mudanças que ocorrem na comunidade, adaptando os seus serviços para
permitir aos utilizadores procurar, encontrar e utilizar a informação.
Considerando a atual importância dada à informação como fator estratégico de
decisão, e atendendo ao grande desenvolvimento das tecnologias da informação e
comunicação de que é exemplo a Internet, as bibliotecas digitais são um importante e
decisivo aplicativo, nesta nova era, incorporando materiais, produtos e serviços
eletrónicos, digitais e virtuais nas bibliotecas tradicionais.
Uma biblioteca digital de serviço completo, terá de alcançar todos os serviços das
bibliotecas tradicionais e também de explorar as conhecidas vantagens do
armazenamento digital, pesquisa e comunicação”. Segundo Leiner, 1998 “Uma
biblioteca digital é a colecção de serviços e a colecção de objectos de informação, sua
organização, estrutura e apresentação, que suporta o relacionamento dos utilizadores
com os objectos de informação, disponíveis directa ou indirectamente via meio
electrónico/ digital”.
O desafio tecnológico apresenta-se tanto ao nível da coleção que agora se estende
a recursos online, como ao nível da gestão onde a web disponibiliza instrumentos que
permitem uma maior interação com os utilizadores.
Para Carlos Pinheiro e João Paulo Proença, “À biblioteca escolar, mais do que
criar repositórios de informação com ligações à leitura, ao entretenimento ou aos vários
domínios curriculares e das interacções que no âmbito da Web consiga estabelecer com
os utilizadores, cabe uma enorme tarefa: a de preparar os seus públicos para as literacias
Maria José Domingues
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necessárias ao acesso e uso da informação em ambientes digitais. Literacias de natureza
operacional, mas também e acima de tudo de natureza crítica”.
É minha convicção que os desafios - tecnológico e de agente de formação - são os
mais difíceis de operacionalizar, mas vitais para o tempo presente.
A biblioteca 2.0 tem de melhorar os serviços atuais para responder às
necessidades dos utilizadores, devendo ser vista como uma oportunidade que temos
para mudar o sistema educativo e ajudar a transformar a forma como se processa o
ensino aprendizagem.
Maria José Domingues