1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Coordenação de Engenharia Mecânica – COEME
Curso de Engenharia Mecânica
LUÍS CARLOS DA ROCHA
ENGENHARIA E O SEXO FEMININO
Pato Branco, 2010.
2. LUÍS CARLOS DA ROCHA
ENGENHARIA E O SEXO FEMININO
Trabalho Apresentado à Disciplina de Introdução à
o
Engenharia, como parte da avaliação do 1 período
letivo do Curso de Engenharia Mecânica da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná -
UTFPR – Campus Pato Branco.
Prof Dr Jean-Marc Stephane Lafay
Pato Branco, 2010
4. LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Resultados do Questionário Aplicado no Campo de Pesquisa..............09
5. 5
1 INTRODUÇÃO
O aumento das mulheres entre os profissionais de engenharia é um
movimento esperado, uma vez que cresce a proporção de mulheres no final dos
cursos de engenharia. Porém ainda é pequena a participação feminina destes
cursos, elas estão mais presentes em áreas como letras, artes e ciências humanas,
por exemplo. Sendo como fatores a desigualdade e discriminação, diferenças de
oportunidades e salários.
A educação tecnológica deve ser construída para o bem de todos,
respeitando valores masculinos e femininos, sendo isso uma reabilitação ética a
partir de um compromisso social.
A pesquisa tem como objetivo avaliar o crescimento de mulheres nos cursos
de engenharia, bem como os principais fatores que dificultam a atuação dessas no
mercado de trabalho.
2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada em sites da Internet e em campo, na cidade de Pato
Branco – Pr. Foram entrevistadas três pessoas, sendo uma Doutora em Engenheira
Química e dois estudantes de Engenheira, Elétrica e Mecânica, para uma
comparação com artigos existentes nos sites.
3 HIPÓTESES
- O peso da escolha da mulher entre família e a engenharia.
- Questão cultural: discriminação.
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4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Avaliar o crescimento do sexo feminino nas engenharias.
4.2 Objetivos específicos
• Aplicar um questionário que envolva engenharia x sexo feminino.
• Determinar teoricamente o crescimento do sexo feminino nos cursos de
Engenharia.
• Apresentar as dificuldades que estas possuem em cursar engenharia.
• Apresentar as dificuldades que a mulher possui no campo de atuação.
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5 REFERENCIAL TEÓRICO
Com base no raciocínio sociológico mundial, existe uma bifurcação em
relação a trabalhos já pré-determinados pela sociedade: o trabalho para o sexo
feminino e o trabalho para o sexo masculino.
Mesmo com pressões sociais e das mudanças culturais, a mulher ainda
garante um ingresso e amplo acesso ao meio acadêmico e profissional nas áreas
ligadas ao “cuidar”. Sendo estas, majoritariamente ocupadas pela força feminina,
enquanto as que exigem raciocínio rápido e preciso permanecem atreladas ao sexo
masculino (BONILLA, 2010; CABRAL & BAZZO, 2005).
Existe ainda, uma divisão sexual do trabalho que estabelece a ordem de
gênero na profissão, atribuindo ocupações para cada sexo, vendo na maioria das
vezes, que o feminino seja subordinado ao masculino. Sendo essa ordem construída
socialmente (LOMBARDI, 2007).
Segundo estudos sociológicos apresentados no site Comciência (2010),
mesmo que as mulheres possuam índices de escolaridade e produtividade
semelhantes ou superiores à do homem, suas funções são postas em plano
secundário, sendo nas engenharias mais visto esse assunto.
No Brasil, a década de 90 apresentou grandes transformações no mercado de
trabalho, com repercussões particularmente importantes sobre o emprego industrial,
principalmente para o sexo feminino (LOMBARDI, 2007).
Estudos na área de exatas confirmam que as mulheres, atualmente,
ingressam na engenharia com força e, ao contrário do que se diz, levam muito jeito
para a área. Possuem dedicação e persistência. Em boa parte dos casos, se saem
até melhor do que os homens (BONILLA, 2007).
A uma tendência natural de superação das barreiras à medida que aumenta o
número de mulheres na engenharia. Porém há vários fatores para essa ação:
políticas educativas, jogo de forças, transformações internas que vão auxiliar no
campo de atuação.
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6 MATERIAIS E MÉTODOS
6.1 Materiais
A pesquisa em campo foi realizada por meio de um questionário, o qual
apresentava os seguintes questionamentos:
- Quais motivos levaram o pesquisado a procurar o curso de engenharia?
- Qual engenharia cursa/cursou?
- No decorrer do curso é possível observar o aumento do sexo feminino nas
salas de aula?
- E no mercado de trabalho pode ser constatado um crescente aumento de
mulheres?
- Existe uma discriminação do sexo na engenharia?
- Qual sua opinião a respeito da mulher na engenharia?
- Como elas poderiam conciliar engenharia com a maternidade, família e
responsabilidade com o lar?
- Existe uma divisão entre masculino e feminino no campo de trabalho?
6.2 Método
O questionário foi aplicado informalmente. Foram entrevistados uma Doutora
em Engenharia Química e dois estudantes de Engenharia Elétrica e Mecânica.
A pesquisa não contou com o parecer do Comitê de Ética, dessa maneira não
será possível à publicação desses resultados em artigos, sendo esse somente um
trabalho apresentado para a avaliação da disciplina de Introdução à Engenharia do
curso de Engenharia Mecânica – UTFPR – Campus Pato Branco.
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após as entrevistas realizadas, as respostas do questionário estão
apresentadas na Tabela 1.
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Tabela 1 – Resultados do Questionário Aplicado no Campo de Pesquisa
Questionário Entrevistado 1 Entrevistado 2 Entrevistado 3
Quais motivos levaram o Tinha afinidade com Estou fazendo o curso Escolhi o curso porque eu
pesquisado a procurar o química, porém sempre para aumento de carreira, sempre quis cursar
curso de engenharia? quis trabalhar na parte de pois trabalho na copel. engenharia mecânica.
processos.
Qual engenharia Cursei Engenharia Cursando Engenharia Cursando Engenharia
cursa/cursou? Química na UNIOESTE e Elétrica na UTFPR Mecânica na UTFPR
Mestrado/Doutorado na
UEM
No decorrer do curso é Houve um aumento, Sim, mas bem poucas, Sim, na minha sala tem
possível observar o começamos o curso com observo mais que existe mulheres cursando, além de
aumento do sexo feminino 12 mulheres (de 40 uma procura maior na que podem ser vista em
nas salas de aulas? alunos), observando os engenharia civil. outros períodos do curso. O
períodos notou-se um que antigamente não se via.
aumento, porém não
chegou a 50% das vagas,
até a minha saída da
graduação.
E no mercado de trabalho Existe sim um aumento no Pouquíssima, acho que é o Sim, mas o aumento maior
pode ser constatado um campo de trabalho, mas é medo de levar choque. se vê nos cursos de civil, de
crescente aumento de lento, a maioria optou em Pelo menos é o que alimentos, esses tipos de
mulheres? docência, porém as que se sempre me perguntam engenharia.
formaram comigo, todas quando digo que faço
estão empregadas, seja na engenharia elétrica.
indústria, como na
docência.
Existe uma discriminação Um pouco, acho que é Talvez tenha, mas as Um pouco ainda. Mas acho
do sexo na engenharia? mais dos antigos, tanto de mulheres que eu conheço que é machismo.
outras profissões como de que fazem engenharia
professores de impõem respeito.
engenharia. Era sempre a
mesma pergunta “Porque
Engenharia?”; lembro-me
que tive um professor da
Líbia que não admitia
mulher na engenharia, ele
comentava que o mais
próximo que uma mulher
deveria chegar da
engenharia seria
cozinhando com uma
panela de pressão, mas
creio que era da cultura do
país dele.
Qual sua opinião a respeito Acredito que somos mais Acho que elas estão É muito agradável, pois além
da mulher na engenharia? determinadas nas coisas tomando seu lugar, mas de serem muito competentes
que fizemos, não conheci não vejo muitas cursando no que fazem dão um
nenhuma mulher que fez engenharia elétrica. charme à essa profissão.
engenharia por fazer,
todas já sabiam o que
queriam desde o primeiro
período, diferente com os
jovens masculinos que
entram no curso, claro que
existem exceções.
Como elas poderiam Posso dizer por conta Conciliar quatro empregos Não conciliam muito,
conciliar engenharia com a própria, é dificílimo, pois (família, lar, maternidade e geralmente elas são
maternidade, família e deixo os filhos e família engenharia) deve ser independentes, solteiras e
responsabilidade com o quase sempre em 2o difícil, por isso que eu acho sem filhos, pelo menos as
lar? plano. Sei que sou ausente que tem mais homens que eu conheço, portanto
em muitos casos. Só no fazendo engenharia. não tem muita carga de
futuro que saberei se estou tarefas no lar.
fazendo o certo ou não.
Existe uma divisão entre Na minha atuação Sim existe essa divisão, Acho que não, porque uma
masculino e feminino no (docência) acredito que ainda mais em relação ao mulher pode perfeitamente
campo de trabalho? não, já na indústria talvez salário que para mulher é fazer o serviço de um
tenha. Porém não saberia menor, a menos que sejam homem neste campo de
lhe responder ambos os sexos trabalho.
corretamente. concursados, aí é direito
igual.
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Analisando os resultados pode-se observar que todos afirmam que existe um
aumento de ingressantes mulheres na engenharia, mesmo sendo esse aumento
pequeno. O mesmo crescimento lento pode ser observado pelo censo de Educação
Superior - INEP (BRASIL, 2009), que a representatividade feminina nos cursos de
Engenharia em relação ao total de matriculados teve um aumento em torno de 4%
em relação ao ano anterior - censo de 2008.
Porém a maioria do sexo feminino tende a certos cursos de engenharia como
química, produção, civil ou alimentos. Na engenharia elétrica e na mecânica, a
procura ainda é inferior às citadas acima.
Atualmente as engenheiras se destacam igualmente ou até mais que os
engenheiros, pois quando optam pela engenharia apresentam capacidade de
desenvolvimento das habilidades idênticas ao homem (ROSTEN & RESENDE,
2007).
Muitas vezes é a própria profissional que se limita na atuação, sendo imposta
a ela uma escolha entre a família e a profissão. Mesmo terminando um curso de
engenharia, muitas delas, escolhem uma outra profissão para se adaptar com a vida
familiar.
Segundo pesquisa apresentada no site ComCiência (2010), neste século,
houve um aumento de famílias chefiadas por mulheres. Porém estas sofrem com
penalizações, como salários e ocupações diferentes do sexo masculino, ausência na
educação dos filhos, entre outros.
LOMBARDI (2007) comenta que muitas engenheiras priorizam os filhos,
outras, ao contrário, deixam família e maternidade para mais tarde, priorizando a
carreira profissional.
Em relação à entrevista sobre engenharia elétrica, existe uma falta de
conhecimento sobre a profissão. Segundo reportagem de Rosten & Resende (2007),
a maioria das mulheres acham que engenharia elétrica é um profissional que “mexe”
em fios de luz, e isso não lhes atrai.
Mesmo com as mudanças no mundo – saído dos velhos tempos – as
estatísticas mostram que os salários das mulheres são menores que o salário de um
profissional do sexo masculino (PETERS, 2010).
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CONCLUSÃO
Existe sim um aumento de mulheres nas engenharias, porém ainda pequeno.
Não há uma nenhuma razão específica que faça com que as mulheres não
ingressem na profissão de engenheiro. Qualquer um pode ser o que quiser desde
que se esforce para isso.
REFERÊNCIAS
BONILLA, Cristina. Humanizando a Engenharia. UniversiaScience., São Paulo,
2010. Disponível em: <
http://www.universia.com.br/nextwave/ver_materia.jsp?materia=224>. Acesso em: 22
ago 2010.
BRASIL. Censo de Educação Superior (2009). Sumário. Disponível em:
<http://www.inep.gov.br/>. Acesso em 20 ago 2010.
CABRAL, Carla G.; BAZZO, Walter A. As Mulheres nas Escolas de Engenharia
Brasileiras: História, Educação e Futuro. Rev. de Ens. de Engenharia., Brasília, v.
24, n. 1, p. 3-9, 2005.
COMCIENCIA. Mulheres na Ciência. Revista Eletrônica de Jornalismo Científico.,
Campinas, 2010. Disponível em:
<http://www.comciencia.br/reportagens/mulheres/13.shtml>. Acesso em: 20 ago
2010.
LOMBARDI, Maria R. Mulheres Buscam a Engenharia. Fundação Carlos Chagas:
Difusão de idéias., São Paulo, maio 2007. Disponível em:
<http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/difusao_ideias/pdf/mulheres_buscam_a
_engenharia.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2010.
PETERS, Jan. A mulher na Ciência: o Sexo é Problema para Trabalhar Ciência e
Engenharia? . UniversiaScience., São Paulo, 2007. Disponível em: <