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Leite
REVISTA




   Integral
   Revista Técnica da Bovinocultura de Leite - Número 25 - Ano 5 | Fevereiro/Março 2010




  FIQUE POR DENTRO
 A pecuária leiteira e as redes
 sociais




                                                                                               NUTRIÇÃO
                                                                                          Fontes de fósforo para
                                                                                            uso na alimentação
                                                                                                         animal




                                                  ENERGIA ELÉTRICA
                                              Saiba como minimizar esse importante
                                                           custo da fazenda leiteira
NFT Alliance

                                                         Programação
                                                         de eventos
                      Novo conceito
                      estratégico                                      Nova linha de
                      mundial                                          produtos



                                                                                  Programa de controle
                                                                                  de micotoxinas




                            O amanhã                                                         Palestras
                                                                                             on-line
                            está nascendo.
                            www.nutron.com.br
                                                                                       Revista
                                                                                       on-line




                                                                                        E-books




Para comemorar seus 15 anos de história, a Nutron está passando por um alinhamento estratégico
mundial de marca e lançando seu novo site, que vai oferecer a você informações e ferramentas com
tecnologia de alta performance.


Você está convidado a participar desta evolução que está começando e que vai ajudar a moldar a
nutrição do amanhã.


                                  Acesse: www.nutron.com.br
Compromisso com a qualidade da informação

                                 Acredito, sinceramente, que a informação                           sas que estão se benefici-
editorial
                            deveria ser tratada e consumida, tal qual os                            ando, e muito, com essas
                            itens mais básicos para a sobrevivência huma-                           ferramentas.
                            na. Faço aqui uma comparação com as nossas                                   Nessa       edição      apresenta-
                            escolhas diárias, de alimentos, por exemplo,                            mos, ainda, vários outros assuntos
                            e com as prescrições médicas de medicamen-                              de grande interesse para o dia-a-dia de téc-
                            tos para restabelecer a nossa saúde. Qualquer                           nicos e produtores. Exemplo disso é o artigo
                            falha nessas “escolhas” pode representar,                               do Dr. Eduardo Carvalhaes Nobre, da Eficiên-
                            em curto ou longo prazo, riscos potenciais                              cia Máxima Consultoria, que traz dicas valio-
                            à nossa sobrevivência.               Assim também fun-                  sas de como economizar energia elétrica em
                            ciona a informação. Se idéias equivocadas e                             fazendas leiteiras.
                            amplamente refutadas pelas pesquisas são                                     Na sessão Nutrição, apresentamos um ar-
                            lançadas, sem um respaldo técnico, corre-se                             tigo sobre a etiologia do baixo pH ruminal e
                            o risco de gerar sérios prejuízos econômicos                            possíveis medidas para reduzir a incidência de
                            para uma determinada atividade. Nesse con-                              acidose ruminal subaguda (ASAR). A segunda
                            texto, convidamos o Dr. Marcos Baruselli, ge-                           parte do artigo sobre mastite em novilhas
                            rente de assuntos regulatórios da Tortuga,                              enfoca os impactos econômicos e as formas
                            para esclarecer alguns pontos acerca da uti-                            de controle e prevenção, visando minimizar
                            lização de fontes de fósforo na alimentação                             impactos na vida produtiva futura desses ani-
                            animal. Como ele diz, com muita proprie-                                mais. Na sessão Mercado de Trabalho apre-
                            dade, trata-se de um assunto técnico, e que                             sentamos dicas para ajudar aqueles que são
                            deve ser abordado como tal.                                             tímidos, mas que querem ou precisam falar
                                 Essa edição traz um assunto inovador e                             em público. Não deixe de ler!
                            polêmico para a pecuária leiteira – as redes                                 Além desses, muitos outros assuntos de
                            sociais. Para aqueles que pensam que elas são                           extrema relevância são apresentados nessa
                            passa-tempo de quem não tem o que fazer,                                edição. Esperamos que gostem e desejamos a
                            apresentamos exemplos de pessoas e empre-                               todos uma ótima leitura!
                                                                                                                                                  Flávia Fontes
                                                                                                                                                  Editora Chefe




                   expediente
Editora Chefe
Flávia Adriana Pereira Vieira Fontes
                                                    Álan Maia Borges - UFMG
                                                    Ana Luíza da Costa Cruz Borges - UFMG
                                                                                                            Diagramação
                                                                                                            Alessandra Alves                                        SIGA-NOS
DSc. Ciência Animal - CRMV-MG 5741                  Angela Maria Quintão Lana - UFMG
                                                    Antônio Último de Carvalho - UFMG                       Assinatura Anual (11 edições)
Editora Técnica                                     Elias Jorge Facury Filho - UFMG                         Brasil - R$ 95,00
Nadja Gomes Alves                                   José Luiz Moraes- UNESP/Botucatu                        www.revistaleiteintegral.com.br
Profa. Adjunta do Departamento de Zootecnia,        Marcos Neves Pereira - UFLA
Universidade Federal de Lavras                      Mônica M. O. Pinho Cerqueira - UFMG
                                                    Norberto Mário Rodriguez - UFMG                                                                              twitter.com/LEITE_INTEGRAL
Jornalista Responsável                              Ronaldo Braga Reis - UFMG
Alessandra Alves - MTB 14.298/MG
                                                    Capa                                                    As idéias contidas nos artigos assinados não
Consultoria Técnica                                 Fazenda Leite Verde                                     expressam, necessariamente, a opinião da revista
Adriana de Souza Coutinho - UFLA                    (Jaborandi e Cocos/BA)                                  e são de inteira responsabilidade de seus autores.

                                                                                                                                                                 milkpoint.com.br/mypoint/
                                                                                                                                                                 revistaleiteintegral
                                                                   Administração / Redação
                                       Av. Getúlio Vargas, 874 - sala 607 | Funcionários 30112-020 | Belo Horizonte/MG
                                                             Horário de atendimento: 9h às 17h30
                                                                     Telefax: (31) 3281-5862
06
     reprodução                                  destaque




42
                                                             08

     informes publicitários                       nutrição




50
     resolva, se puder                 mercado de trabalho
                                                             16




52
                                                   manejo
                                                             20




     você sabia?




54
                                                 sanidade
                                                             28




     fique por dentro




56
     aconteceu                                    mercado
                                                             36




62
                              índice
Destaque




                                                                                      Destaque



                                                                  DR. THOMAS OVERTON
                                                                      Professor Associado de Ciência Animal da
                                                                         Universidade de Cornell, Ithaca NY
                                                                            Diretor-Associado PRÓ-DAIRY




                                                                    O Dr. Thomas Overton é uma das maiores autori-
                                                                 dades mundiais em sólidos do leite. Convidado pela
                                                                 Nutron e Novus, ele participou de um Seminário Inter-
                                                                 nacional em Poços de Caldas/MG (veja matéria nesta
                                                                 edição). Veja abaixo os principais conceitos apresenta-
                                                                 dos e discutidos nas suas apresentações:




               Pontos-Chave para se obter maior produtividade          1)   Controle da ingestão de macro-minerais
               e teor de sólidos no leite:                             2)   Controle da ingestão de energia
                                                                       3)   Assegurar que as dietas sejam formuladas
                  •    Adequado manejo, principalmente nutri-      para máximo consumo, por meio do manejo de
               cional, durante o período de transição              fornecimento da alimentação e da minimização da
                  •    Fornecimento de forragens de excelente      seleção no cocho
               qualidade                                               •    No manejo geral o ponto mais importante
                  •    Utilização de modelos para balancear as     seria minimizar o estresse e evitar variações na in-
               exigências de nutrientes, visando à maximização     gestão de matéria seca
               dos sólidos do leite
                  •    Implementação de adequado manejo de         Recomendações para consumo de energia no
               fornecimento da dieta                               período seco:


               Principais fatores de manejo a serem trabalha-          •    Até 3 semanas pré-parto: 15-17 Mcal de
               dos durante o período de transição:                 NEL (energia líquida para lactação) por dia (aproxi-
                                                                   madamente 1,30 Mcal/Kg de NEL)
                  •    No manejo nutricional merecem destaque:         •    De 3 semanas pré-parto até o parto: 16-18
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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




Mcal de NEL por dia (aproximada-        •       O fornecimento de di-           dem representar aumento na in-
mente 1,40 Mcal/Kg de NEL)           etas com mais de 15% de PB não             cidência de retenção de placenta
   •     Variar a densidade ener-    traz vantagens e pode ser até              e cetose, e redução na produção
gética da dieta de acordo com o      prejudicial                                de leite.
consumo de matéria seca:                •       Fornecimento de Lisina:              •       Dosagem de BHB (beta-
   - Se o consumo estiver baixo,     6,4 a 6,8% da PM                           hidroxibutirato), que indica o
aumentar a densidade energética         •       Fornecimento de Metio-          nível de corpos cetônicos no
   - Se o consumo estiver alto,      nina: 2,2 a 2,3% da PM                     sangue. Deve ser menor que 10-
reduzir a densidade energética                                                  12 mg/dL. Valores superiores a
   •     A única forma de mini-      Aspectos relacionados ao am-               esses, em mais de 15% das vacas,
mizar variações entre vacas, no      biente que têm maior impacto               indicam necessidade de revisão
consumo de alimentos, causadas       no sucesso do período de tran-             no manejo da transição, pois po-
por problemas no manejo ou nas       sição:                                     dem representar aumento na in-
instalações, é assegurar que to-                                                cidência de retenção de placenta
das as vacas do grupo estejam           •       Evitar a superlotação           e cetose, e redução na produção
“completamente       alimentadas”,      •       Separar novilhas e vacas        de leite.
ou seja, atinjam seu consumo            •       Evitar as constantes mu-             •       Variações na produção
máximo de matéria seca               danças de lotes                            diária de leite no início da lacta-
                                        •       Minimizar   o   estresse        ção
Recomendações para consumo           calórico
de proteína e aminoácidos no            •       Promover conforto e hi-         Principais estratégias nutricio-
período seco:                        giene do ambiente                          nais para maximizar o desem-
                                                                                penho de vacas em lactação:
   •     A recomendação do NRC       Como monitorar a adequação
(2001)    de    aproximadamente      do manejo de vacas de tran-                     •       Otimizar o uso de forra-
900g/dia de proteína metabo-         sição:                                     gens
lizável (PM) não inclui as exigên-                                                   •       Balancear            adequada-
cias para a mamogênese                  •       Dosagem de NEFA (ácidos         mente os carboidratos:
   •     A inclusão das exigências   graxos     não-esterificados),     que          -Efetividade da FDN
para mamogênese aumenta para         são os principais sinalizadores                 -Digestibilidade da FDN
aproximadamente 1100g/dia o          do balanço energético negativo.                 -Amidos e açúcares
consumo recomendado de PM (se        Deve ser menor que 0.3 mEq/L no                 •       Balancear            adequada-
a formulação em termos de car-       pré-parto e de 0.6 - 0.7 mEq/L no          mente os teores de proteína me-
boidratos estiver adequada, esta     pós-parto. Valores superiores a            tabolizável (PM)
exigência pode ser suprida por       esses, em mais de 15% das vacas,                •       Balancear            adequada-
uma dieta contendo 13 a 15% de       indicam necessidade de revisão             mente os aminoácidos. •
proteína bruta-PB)                   no manejo da transição, pois po-

                                                                                                                              7
Nutrição




              FONTES DE FÓSFORO PARA USO
                NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL:
                 UMA QUESTÃO TÉCNICA, E NÃO POLÍTICA
           Marcos Baruselli
           Gerente de Assuntos Regulatórios da Tortuga




               Nós, latino-americanos, talvez por influência      comportamento peculiar.
           dos nossos colonizadores, temos a tendência de            Volta e meia assistimos ao lançamento de “novas
           buscar soluções para problemas técnicos por meio       opções” de fósforo para uso na alimentação animal
           de caminhos exclusivamente políticos. A questão        como se fossem a “salvação da lavoura”, ou como
           referente às fontes de fósforo para uso na alimenta-   se fossem a última novidade em tecnologia voltada
           ção animal é apenas mais um exemplo desse nosso        para o campo.

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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




   Essas “novas opções” normal-      se elas são tecnicamente viáveis       do sal”.
mente estão acompanhadas por         ou não e, nesta hora, devemos
um pacote de soluções mirabo-        refletir com total imparcialidade,     2. Nível de biodisponibilidade
lantes que incluem, por exemplo,     focados apenas em aspectos téc-        do fósforo na fonte:
argumentos como “a salvação do       nicos, e não políticos.
pequeno produtor”, “a luta pelo         Os aspectos a serem consi-               Quanto mais biodiponível o
barateamento do sal mineral”,        derados na hora da escolha da          fósforo contido na fonte, maior o
ou então “a solução definitiva       fonte de fósforo para uso na ali-      aproveitamento deste por parte
para o problema da deficiência       mentação animal são, resumida-         do organismo do animal, sendo
de fósforo dos nossos rebanhos”.     mente, os seguintes:                   o contrário também verdadeiro.
   Para os menos avisados e                                                 Formular suplementos minerais
desprovidos    de   conhecimento     1. Custo de fósforo biologica-         com fontes de fósforo de baixo
técnico, tais argumentos podem       mente ativo na fonte:                  nível de biodisponibilidade não
agir como premissas para liberar                                            representa uma correta suple-
e propagar a utilização de fontes       Em uma análise técnica crite-       mentação mineral, em função da
de fósforo não tradicionais em       riosa, faz-se necessário conside-      baixa taxa de absorção e reten-
nossa pecuária, como fosfato de      rar não apenas o preço por kg da       ção do fósforo presente nestas
rocha, o superfosfato triplo, en-    fonte de fósforo ou do suplemen-       fontes. É preciso deixar claro que
tre outros fosfatos agrícolas. Por   to mineral, mas também o valor         suplementos minerais formulados
oportuno, informamos ao leitor       biológico do fósforo contido na        com fontes de fósforo de baixa
que o fosfato de rocha nada mais     fonte, isto é, o quanto de fósforo     biodisponibilidade             expõem         os
é do que a rocha fosfática bruta,    será efetivamente disponibiliza-       animais às deficiências minerais,
meramente moída e ensacada           do para o animal. Este é um as-        com consequentes quedas na
e que, portanto, não sofreu ne-      pecto muito importante, e revela       produtividade.
nhum tipo de tratamento químico      o clássico exemplo do barato que
com o objetivo de purificá-la e/     sai caro. Ou seja, no momento de       3. Nível de flúor na fonte:
ou de torná-la mais biodiponível     formular um suplemento mineral,
aos animais.                         aquele que analisar meramente o             Elevados teores de flúor na
   Na verdade, as fontes não         preço da fonte de fósforo, sem         fonte de fósforo podem ocasionar
tradicionais de fósforo para uso     levar em conta o valor biológico       intoxicação, denominada de fluo-
na alimentação animal, e que         ativo deste macroelemento con-         rose, que traz uma série de con-
voltaram a ser chamadas de “no-      tido nesta fonte, estará come-         sequencias negativas sobre a bio-
vas fontes”, não são tão novas as-   tendo um erro técnico primário         química do organismo animal. Os
sim, pois este tema já vem sendo     que poderá comprometer a cor-          efeitos negativos da fluorose são
discutido no Brasil há pelo menos    reta   suplementação      mineral,     irreversíveis, o que desperta uma
quatro décadas. O que precisa-       simplesmente com base na alega-        grande preocupação na produção
mos verdadeiramente saber é          ção unilateral de “barateamento        animal, em especial na bovino-

                                                                                                                               9
Nutrição



            cultura, pelo fato de os bovinos    aspecto prático da suplementa-          Dentro   desse   contexto,   a
            serem os animais domésticos de      ção mineral. Na bovinocultura,       fonte de fósforo mundialmente
            maior sensibilidade à toxicidade    em especial a de corte, os suple-    reconhecida como sendo de alto
            do flúor. Entre os sintomas de      mentos minerais são fornecidos       valor biológico e livre de im-
            intoxicação por flúor incluem-se    ad libitum, isto é, são fornecidos   purezas continua sendo o fosfato
            anomalias dentárias (manchas,       à vontade aos animais, por meio      bicálcico. Seu uso na alimenta-
            desgaste acelerado, destruição      de cochos estrategicamente posi-     ção animal é capaz de proporcio-
            do esmalte dos dentes, quebra e     cionados nas pastagens. Neste        nar uma relação custo/benefício
            queda dos dentes), manqueiras,      caso, o uso de fontes de fósforo     positiva, gerando lucros para o
            calos ósseos nas arcadas costais,   não palatáveis e/ou que empe-        produtor rural em função, basica-
            fraturas e diminuição do consumo    dram, e inviabilizam o consumo       mente, do aumento da produção
            de alimentos. Portanto, deve-se     do suplemento por parte dos ani-     animal e do estado de saúde dos
            analisar com muito critério téc-    mais, deve ser evitado para não      rebanhos.
            nico o nível de flúor contido na    comprometer a suplementação             Um artigo publicado na Folha
            fonte de fósforo. A AAFCO – As-     mineral de qualidade e a produ-      de São Paulo em 1999, assinado
            sociation of American Officials     tividade animal.                     pelo professor Felix Ribeiro, da
            Publication, 2004 estabelece que       A presença de certos metais       USP de Pirassununga, com o título
            todas as fontes de fósforo para a   indesejáveis nas fontes alternati-   “o melhor fosfato para o gado”,
            alimentação animal devem con-       vas de fósforo também deve ser       já ressaltava, naquela época, que
            ter no máximo 1% de flúor em        avaliada com muito critério para     o fosfato bicálcico é o suplemen-
            relação ao teor de fósforo, o que   não prejudicar, nem o desem-         to alimentar de fósforo mais no-
            equivale a uma relação fósforo/     penho, nem a saúde animal. Nas       bre e mais amplamente usado no
            flúor de no mínimo 100/1. Tra-      análises técnicas mencionadas        mundo para fornecer aos animais
            balhos de pesquisa realizados na    acima, citamos apenas o caso do      teores de fósforo de alta quali-
            USP – Universidade de São Paulo,    flúor, mas outros metais indese-     dade. Também ressaltava que,
            e também na UEL – Universidade      jáveis, como cádmio e vanádio,       embora seja grande a tentação
            Estadual de Londrina, demons-       chumbo e arsênio também devem        de uso das fontes alternativas,
            tram que fosfatos de rocha po-      ter seu uso evitado na alimen-       como os fosfatos de rocha e os
            dem apresentar relação fósforo/     tação animal. O uso das fontes       fosfatos agrícolas, o uso destes
            flúor menor que 8/1, o que põe      alternativas de fósforo pode ser     deve ser restrito às plantas em
            em risco à saúde dos animais.       uma via de contaminação de me-       função dos seus altos níveis de
                                                tais pesados, como demonstram        impureza e da sua menor biodis-
            4. Palatabilidade da fonte para     estudos realizados na UEL em         ponibilidade. •
            os animais:                         2003, que observaram níveis e-
                                                levados de vanádio e cádmio em
               A questão da palatabilidade      amostras de fosfato de rocha e
            está diretamente relacionada ao     superfosfato triplo.

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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010
Nutrição




            ETIOLOGIA DO BAIXO PH RUMINAL E POSSÍVEIS
              MEDIDAS PARA REDUZIR A INCIDÊNCIA DE
                ACIDOSE RUMINAL SUBAGUDA (ASAR)
                                                                   PARTE I

            Alex Bach
            ICREA (Institució Catalana de Recerca i Estudis Avançats), Barcelona, Espanha
            Unitat de Remugants, IRTA (Institut de Recerca i Tecnologia Agroalimentàries), Caldes de Montbui, Espanha




                O adequado funcionamento do rúmen é essen-                          muito comum nos sistemas intensivos ou semi-in-
            cial para assegurar a saúde e a produtividade das                       tensivos de produção de leite e de acometer gru-
            vacas leiteiras. A acidose subaguda (ASAR) é uma                        pos de animais, a ASAR, normalmente, passa des-
            desordem da fermentação, caracterizada por lon-                         percebida pelos produtores. Neste artigo, serão
            gos períodos de baixo pH no rúmen. Apesar de ser                        identificadas as causas mais comuns de ASAR.
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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




Introdução                          15 fazendas em Wisconsin (EUA)          sendo que os diferentes tipos de
                                    revelaram a presença de acidose         ácidos diferem em sua habilidade
   O rúmen contém uma popu-         ruminal em 19% e 26% de vacas           de reduzir o pH. Por exemplo,
lação de bactérias, fungos e pro-   no início e no meio da lactação,        dentre os AGV, o acetato é mais
tozoários que pode fermentar        respectivamente. Outro estudo,          potente do que o propionato e o
alimentos de valor nutritivo re-    na mesma região, revelou uma            butirato. Entretanto, estas dife-
lativamente baixo, suprindo o a-    incidência de acidose em 20,1%          renças tornam-se relativamente
nimal com os produtos finais des-   das vacas no início e no pico de        pequenas quando consideramos a
sa fermentação. O produto final     lactação.                               altíssima capacidade acidogênica
mais importante da fermentação                                              do ácido láctico. A implicação
microbiana são os ácidos graxos                                             destas diferenças é que, quando
voláteis (AGV), que podem re-       Etiologia da acidose ruminal            a fermentação ruminal produz
presentar uma proporção signifi-                                            muito ácido láctico, as probabi-
cativa das exigências de energia        Devido à maior densidade            lidades de reduzir o pH do rúmen
da vaca, dependendo do nível de     nutricional, em relação às forra-       são muito maiores do que quando
produção de leite. Além disso, a    gens, a quantidade de leite pro-        os produtos finais da fermentação
digestão dos microrganismos ru-     duzida, por unidade de massa di-        são principalmente AGV.
minais no intestino delgado provê   etética, é maior com a utilização            O rúmen, no entanto, pode
uma valiosa fonte de proteína       de concentrados.                        compensar a redução do pH, au-
para os ruminantes.                     Entretanto, na medida em            mentando a absorção de ácidos
   A acidose ruminal subaguda       que fornecem mais energia ao            orgânicos. À medida que o pH
(ASAR) é o resultado da produção    animal, os concentrados igual-          ruminal diminui, a absorção de
excessiva de AGV, que excede a      mente fornecem mais substra-            AGV aumenta, pois os mesmos
capacidade da parede ruminal        tos para a fermentação ruminal.         se tornam mais indissociáveis.
para absorvê-los, e caracteriza-    Conseqüentemente, na tentativa          Entretanto,          a     proporção          de
se por longos períodos de pH        de suprir energia suficiente às va-     ácido láctico indissociável, em
baixo (entre 5,2 e 5,6) no rúmen.   cas de alta produção, a propor-         qualquer valor de pH ruminal,
   Em adição aos distúrbios de      ção dos concentrados na dieta é         será mais baixa que aquela dos
saúde, a acidose ruminal pode       freqüentemente aumentada em             AGV. Assim, mesmo com a ab-
causar redução na digestão da       detrimento da fibra proveniente         sorção aumentada, se a fermen-
fibra e da proteína, acarretando    da forragem. Este tipo de dieta,        tação ruminal produzir excesso
queda no consumo de alimentos       rapidamente fermentável no rú-          de ácido láctico, a ASAR poderá
e alterações na composição do       men e com baixo índice de fibra,        ocorrer.
leite.                              é   considerado    potencialmente            Como ocorre em muitos pro-
   Períodos de baixo pH rumi-       acidogênico.                            cessos biológicos, a ASAR não é
nal são comuns em vacas lei-            A causa principal de ASAR é         somente uma conseqüência de
teiras. Um estudo conduzido em      o acúmulo de ácidos no rúmen,           um desequilíbrio na proporção

                                                                                                                               13
Nutrição



                  dos tipos de ácidos produzidos          minui, algumas bactérias sen-          consumo levaria a uma recupe-
                  durante a fermentação, mas da           síveis sofrem um rompimento            ração progressiva do ambiente
                  combinação dos efeitos do tipo          e expõem seus conteúdos no             ruminal, com retorno do pH aos
                  e da quantidade total de ácidos         fluído ruminal. Esse conteúdo,         valores normais, redução da os-
                  produzidos no rúmen. Quando o           em combinação com o acúmulo            molaridade e da inflamação e,
                  consumo diário total de carboi-         de produtos finais da fermenta-        posteriormente, recuperação do
                  dratos não fibrosos (CNF) é con-        ção (responsáveis pela diminu-         apetite. Entretanto, a diminuição
                  siderado (figura 1), as diferenças      ição do pH no rúmen), causam           na biodiversidade microbiana no
                  no pH podem facilmente ser ex-          um aumento da osmolaridade do          rúmen, associada com a morte
                  plicadas, mostrando que a causa         fluido ruminal, com conseqüente        de diversas espécies de microrga-
                  principal de ASAR é o consumo           redução do apetite. Além disso,        nismos, aumenta a instabilidade
                  total de CNF que apresentam             o baixo pH pode propiciar o sur-       da flora ruminal, e assim, o rú-
                  altas taxas de fermentação, con-        gimento de lesões no epitélio do       men torna-se mais susceptível a
                  duzindo a um acúmulo de ácidos          rúmen, induzindo uma resposta          distúrbios ou a novos episódios de
                  no rúmen.                               inflamatória local que pode igual-     acidose, em caso de alterações
                                                          mente afetar o apetite.                súbitas na dieta.
                  Conseqüências da acidose rumi-             Com a redução no consumo                Em relação aos microrganis-
                  nal                                     de alimentos, menos energia es-        mos do rúmen, os protozoários
                                                          tará disponível para a produção        ciliados são mais sensíveis do que
                        A acidose ruminal está, geral-    de leite, podendo ainda ocorrer        as bactérias à redução no pH. Es-
                  mente, associada com a redução          alterações nos teores de proteína      tes microrganismos são capazes
                  no consumo de alimentos.                e gordura.                             de reduzir a taxa e a extensão da
                        Quando o pH do rúmen di-             Teoricamente, a redução do          fermentação do amido no rúmen,


            Figura 1. Relação entre o pH médio do rúmen e o consumo de CNF (expressados como porcentagem do PC ou kg/d) medido no gado
            de corte (quadrados) e leiteiro (círculos) consumindo diferentes rações.




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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




uma vez que consomem açúcares,        excede a capacidade de proces-        nas papilas do rúmen, afetando a
reduzindo a disponibilidade para      samento pelas bactérias e o pH        absorção dos AGV. Períodos pro-
as bactérias produtoras de ácido      do rúmen começa a cair. Com a         longados de baixo pH podem re-
lático.                               queda do pH, as bactérias que         sultar na formação de ulcerações
   Algumas bactérias, como a          degradam as fibras (celulolíti-       e de tecido cicatricial, prejudi-
Megasphera elsdenii e a Sele-         cas), assim como os protozoários      cando ainda mais a absorção de
nomonas      ruminatium,      podem   ciliados, são fortemente inibidas     AGV.
processar o ácido lático produ-       e a população de lactobacilos              A ocorrência de abscessos no
zido,     evitando   quedas   muito   (produtores de ácido lático) au-      fígado, o aumento na incidência
acentuadas      no   pH    ruminal.   menta. Com isso, o pH cai ainda       de mastite ambiental e de pro-
Porém, quando ocorre um for-          mais e ocorre uma redução na          blemas de casco, e a baixa
necimento excessivo de grãos na       fermentação da fibra.                 eficiência do sistema imune tam-
dieta (ricos em CNF), a taxa na          A queda do pH pode também          bém têm sido associados aos
qual o ácido lático é produzido       ser responsável por alterações        quadros de ASAR. •




                                                                                                     Na próxima edição
                                                                                                     apresentaremos as formas
                                                                                                     de controle da ASAR.
Rúmen com aspecto normal                             Rúmen com lesões causadas pela acidose




                                                                                                                                13
Mercado de Trabalho




                                              FALAR EM PÚBLICO
                         Dicas para pessoas tímidas que querem ou precisam falar em público

                                                                                                     Marcelo Pereira de Carvalho
                                                                                                          Diretor Executivo da AgriPoint




                                                                                 Não sou daqueles palestrantes que têm o
                                                                              dom da comunicação. Pelo contrário: minha
                                                                             timidez praticamente me impedia de falar ao
                                                                            público. Há uns 8-9 anos (ou seja, eu já era bem
                                                                           crescido), tive que pedir emprestado um lenço ao
                                                                          participar de um programa de TV ao vivo, de tanto
                                                                      que suava. Eu simplesmente travava.
                                                                          Porém, com o tempo, pela necessidade ou desafio,
                                                                    não sei, fui controlando o processo, a ponto de hoje ser
                                                                 bem razoável. Apresento entre 20 e 30 palestras por ano,
                                                            sendo que, no último ano , três delas foram no exterior, em
                                                          outra língua.
                                                          Outro dia estava pensando o que havia mudado para que passasse
                       de um desastre total para alguém que dá conta do recado e, nessas divagações, pensei que talvez
                       pudesse dar umas dicas que funcionaram para mim e que talvez funcionem para pessoas como
                       eu que não são comunicadores natos. Vamos lá então:

                          1.   Domine o assunto: não aceite falar sobre       preparando. Dentro disso, nunca inclua slides com
                       aquilo que você não sabe. Ou você fará feio, ou        tópicos feitos por terceiros, porque cada um tem
                       acabará por ignorar o tema e falar sobre o que sabe    seu estilo de raciocinar. É comum, no meio da pa-
                       (o que implica em fazer feio de qualquer forma).       lestra, você parar para pensar: mas o que mesmo
                       Dentro do seu tema, evite incluir itens sobre os       ele queria dizer com isso? Não pode.
                       quais você não tem muito conhecimento. Conhe-             3.   Encontre seu estilo: se você não é daqueles
                       cendo o tema, a auto-confiança melhora e a chance      que fazem piadas e todo mundo ri, não tente fazer
                       da palestra ser boa é bem maior.                       piadas. Você provavelmente se sairá melhor dentro
                          2.   Conheça a seqüência de slides: se você es-     do seu estilo do que tentando imitar um suposto
                       tiver usando o Powerpoint, precisa conhecer bem a      padrão que simplesmente não é o seu jeito.
                       seqüência de slides de forma a criar uma transição        4.   Não corra: é fundamental saber a duração
                       lógica entre eles, um encadeamento que seja com-       da apresentação e se nesse tempo eventuais per-
                       preensível para a platéia. Não economize tempo se      guntas já estarão incluídas. Como você sabe a du-
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Mercado de Trabalho



                       ração da palestra e conhece seu       claro que cabe, mas metade do       as pessoas falarem como se não
                       ritmo, não coloque slides a mais      tempo, não dá).                     houvesse ninguém na sala. É pre-
                       do que conseguirá abordar. A pior        8.     Conheça o evento, os      ciso criar a conexão, olhando as
                       coisa é ter que correr ou ficar pu-   parceiros, as empresas: são mui-    expressões, vendo se tem gente
                       lando slides por falta de tempo.      to comuns gafes do tipo falar mal   dormindo, percebendo se o nível
                       Isso demonstra amadorismo e           de um patrocinador do evento,       de impaciência aumentou. Acho
                       despreparo. Se você não conhece       ou até do cliente (sim, isso e-     que hoje, de certa forma, con-
                       seu ritmo ou o tempo que cada         xiste!), sem perceber na hora.      sigo imaginar se as coisas estão
                       quadro irá gastar, simule antes.      Ok, se você quiser falar mal, vá    indo bem ou não. Nem sempre
                          5.   Use slides sem excesso        em frente, mas se não é sua in-     você acerta, nem sempre cria
                       de informação: slide não é livro;     tenção se indispor, vale a pena     uma química com a platéia. Mas,
                       o ideal é ter apenas tópicos e o      dar uma pesquisada. Às vezes        cabe a você tentar sentir isso em
                       restante, você fala. Se você ti-      você consegue passar o recado       tempo para procurar corrigir.
                       ver que ler todos os slides, não      de uma outra forma e evita saias-      12. Esteja descansado: nem
                       precisa da palestra, é só enviar o    justas.                             sempre isso é possível, mas mui-
                       PDF. Palestra boa é aquela que só        9.     Tenha seu material atu-   tas vezes o cansaço pode ser
                       com o PDF a pessoa não entende        alizado: se você fala de temas      minimizado. Hoje, eu não faço
                       muita coisa. Isso vale para grá-      dinâmicos (como tendências de       mais coisas como chegar às 03:00
                       ficos e tabelas: não inclua dados     mercado), não dá para utilizar      da manhã no aeroporto, ou diri-
                       que não serão discutidos na hora.     dados defasados. Quando alguém      gir 6 horas até chegar ao local da
                          6.   Conheça a platéia: cada       coloca um gráfico cujo último       palestra. Chego de véspera, com
                       público tem conhecimentos e in-       dado, digamos, é de 2006, causa     calma. Com meu notebook, tele-
                       teresses distintos. Não use o mes-    uma tremenda má impressão.          fone e internet, tanto faz onde
                       mo conteúdo e a mesma forma           Dependendo da situação, um mês      estou.
                       independentemente da platéia.         ou até uma semana já é consi-          13. Mantenha exigência e-
                          7.   Evite ao máximo mudan-        derado defasado.                    levada em relação ao mate-
                       ças de última hora: Certa vez,           10. Cuidado com o português      rial que preparou e ao formato
                       minutos antes de entrar para          e a formatação: evite ao máximo     da apresentação:     se você for
                       dar uma palestra de 1 hora, me        os erros de português, letras       exigente e gostar do que apre-
                       foi avisado que eu teria apenas       muito pequenas e cores que não      senta, provavelmente o cliente
                       30 minutos por causa de atrasos       permitem boa leitura. A apresen-    e ouvintes também gostarão.
                       na programação. Se você tem           tação não é só conteúdo. A forma    Seja crítico quando as coisas não
                       alta capacidade de improvisa-         importa bastante e pode jogar       forem tão bem, mas não desa-
                       ção, pode até achar razoável a        por terra um bom conteúdo.          nime. Comemore quando seu
                       mudança. No meu caso, ou é o             11. Tente se ver do outro        desempenho for bom e receber
                       tempo previsto (e cabe a você         lado: hoje, eu procuro, à medida    elogios. Seja melhor da próxima
                       também respeitar esse tempo),         que falo, imaginar como a platéia   vez. •
                       ou nada feito (um ou outro ajuste     está acompanhando. É comum
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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010
Manejo




           Como economizar energia
          elétrica em fazendas leiteiras
                     Parte I




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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




Eduardo Carvalhaes Nobre
Engº Eletricista
Eficiência Máxima Consultoria
Soluções para Redução de Custos




Em tempos nos quais a sustentabilidade tornou-se uma necessidade em todos os setores
produtivos, a gestão da energia elétrica assume importância primordial. Comparati-
vamente a algumas outras atividades da agropecuária, a bovinocultura de leite exige
grandes quantidades de energia elétrica em suas operações. Aprenda nesse artigo como
ler o medidor de energia, como calcular o consumo exibido na fatura e o de cada equi-
pamento individualmente, e como evitar os desperdícios.



    Introdução                                         mesmo tinha controle de tudo e de todos”. Era mais
                                                       uma pessoa relutante a novos métodos de gestão,
    Durante vários anos tive a oportunidade de mi-     e que não admitia que em qualquer setor da ativi-
nistrar treinamentos sobre esse tema a centenas de     dade produtiva existe desperdício. Na hora, sem ter
profissionais de diversos ramos de atividade. Em to-   argumentos mais convincentes tracei a seguinte es-
dos estes eventos percebia que as pessoas tinham       tratégia: propus ao gerente que toda economia que
uma imensa boa vontade em aprender a economizar        nós obtivéssemos à partir daquela data, até o fim
energia elétrica. Entretanto, nunca faziam o “dever    do ano, fosse revertida na compra de um carro zero
de casa” com resultados razoáveis, muitas vezes        quilometro, que seria sorteado entre seus emprega-
por desconhecimento técnico, outras por acharem        dos na festa de Natal. Ele, obviamente espantado,
que em casa, no trabalho ou na fazenda não existia     começou a perceber com o desenrolar da conversa
possibilidade de reduzir as despesas com a fatura      que o desperdício existe em qualquer lugar e que
de energia.                                            precisa ser identificado, e os resultados podem ser
    No decorrer do treinamento ensinava a estas        significativos, podendo representar um ganho para
pessoas que economizar energia não era um “bicho       todos.
de sete cabeças”, e sim um método de identifica-          Este fato mostra as seguintes verdades: as pes-
ção, ação e avaliação, contínuo e persistente, que     soas não sabem mensurar (e não é por culpa de-
deve fazer parte do dia-a-dia de todos nós.            las!) o quanto de energia que se pode economizar,
    Em certa ocasião, realizando uma consultoria       e acreditam que em suas propriedades não existe
em uma fazenda produtora de leite, o gerente in-       desperdício de energia elétrica, ou de outro insu-
formou que ali não havia desperdício e que “ele        mo qualquer. Todos nós somos muito imediatistas,

                                                                                                                       21
Manejo



          porque pensamos sempre nos           retas do seu medidor de energia,        Na Figura 1, a leitura do medi-
          ganhos e despesas do mês e não       anotá-las a lápis, em papel de       dor em 10/06/2001 é 3366. Veja
          fazemos o cálculo anual.             pão, do que ter a mais alta tecno-   que no 1° número o ponteiro está
              Estas dificuldades, técnicas     logia de medição sem saber como      entre os números 3 e 4. Considere
          ou gerenciais, podem ser contor-     usá-la.                              sempre o menor valor, ou seja, o
          nadas. É só entender que energia        Para avaliar o desperdício        número 3. O mesmo raciocínio
          elétrica é um insumo caro, finito    não é necessário ser um grande       deve ser feito para os demais
          e   perfeitamente     gerenciável.   matemático, e sim um bom ob-         ponteiros: quando o ponteiro es-
          Basta que todos abram suas men-      servador.                            tiver entre 2 números considere
          tes e descubram um novo mundo:          Vamos começar pelo medidor        sempre o menor número. Agora,
          a geração de recursos a partir do    de energia elétrica, mais co-        leia as informações de consumo
          desperdício.                         nhecido como “relógio de luz”. O     da segunda leitura.
              Este artigo vai orientá-lo so-   modelo mais comum é o que pos-          Para calcular o consumo de
          bre como obter resultados ex-        sui quatro ou cinco mostradores      energia entre as duas datas faça
          pressivos de redução de despesas     de ponteiros, que giram uns no       a seguinte conta:
          com energia elétrica. Siga-nos...    sentido horário, e outros no sen-
                                               tido anti-horário, conforme as se-   Consumo de energia medido =
          Ler o medidor é fundamental          tas indicativas. As leituras devem   Consumo do dia 10/06/2001 –
                                               ser feitas sempre no sentido do      Consumo do dia 10/05/2001
              Existe uma máxima na gestão      menor para o maior algarismo, e
          energética que diz: quem não         do mostrador da esquerda para        O resultado é:
          mede não gerencia. Isto é um         o mostrador da direita, conside-     Consumo = 3860 kWh – 3366 kWh
          fato. Para gerenciar qualquer        rando-se que você está de frente     = 494 kWh
          negócio temos que ter números,       para o medidor.
          e saber lidar com eles. É impor-
          tante transformar números em
          informações úteis para que pos-
          samos avaliar se nossas ações es-
          tão sendo eficazes.
              Em linhas gerais temos que
          aprender a obter estes números
          da maneira mais fácil possível.
          Não adianta termos sistemas de
          monitoramento de energia de
          última geração, se não sabemos
          interpretar as informações obti-
          das. É melhor fazer leituras cor-

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Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




   Este valor pode ser influen-       de leite no período, quantidade         Aprenda a calcular o consumo
ciado pela quantidade e potência      de pessoas que trabalham na pro-        de cada equipamento
dos equipamentos que você tem         priedade, quantidade de dias de
em sua propriedade, o tempo de        produção, etc. A utilização deste            Todo      equipamento            elétrico
uso por dia, a época do ano, sua      índice de controle determina se         possui uma potência, que nor-
produção, etc.                        você esta economizando energia          malmente está apresentada em
   O medidor de energia regis-        elétrica ou não. Se de um mês           Watts cujo símbolo é W. Esta
tra o consumo em determinado          para outro este valor diminui,          informação vem estampada no
período de leitura, que é a quan-     você está economizando energia;         produto ou na embalagem. Para
tidade de dias que uma conces-        se aumenta está havendo aumen-          calcular o consumo de um equi-
sionária faz uma leitura, e pode      to de consumo ou desperdício.           pamento elétrico você necessita
variar de acordo com o planeja-          Veja este exemplo:                   desta potência e do tempo de
mento de cada empresa. Em mé-            •     A leitura realizada no         funcionamento do equipamento.
dia este período de leitura varia     mês passado foi de 494 kWh/28                Depois é só fazer este cálculo:
entre 28 e 32 dias. Na Figura 1 o     dias. O cálculo do consumo espe-        Consumo = Potência x Tempo
período de leitura é de 30 dias,      cífico é 17,6 kWh/dia (é só dividir                Veja este exemplo
por isso falamos que este medi-       494 por 28);
dor registrou o consumo de 494           •     A leitura realizada neste      Um determinado equipamento
kWh por mês. O certo seria con-       mês foi de 463 kWh/28 dias. O           tem a potência de 200 W e tra-
siderar 494 kWh pelo período de       cálculo do consumo específico é         balha 15 horas por dia, durante o
leitura. Se o período de leitura de   16,5 kWh/dia;                           período de 32 dias.
uma fatura for de 28 dias, então         •     Logo, houve economia
o consumo de energia é igual a        de energia neste mês porque o           Consumo = 200 W x 15 h/dia x 32
494 kWh por 28 dias e deve ser        consumo específico foi menor,                 dias = 90.000 Wh/32 dias.
escrito assim: 494 kWh/28 dias.       porque houve uma diminuição do
Este período de leitura vem es-       consumo no mesmo período de             Aqui temos que fazer uma peque-
crito na fatura e pode ser visto no   tempo.                                  na conta que é transformar Wh
box “Datas de Leitura”, campos           Não considere o valor do con-        (Watts hora) em kWh (quilo Watts
Anterior e Atual.                     sumo mensal (kWh/mês) ou o va-          hora). É só dividir o resultado
   Outro importante conceito é o      lor pago (R$) no mês para verificar     por 1000, similar ao cálculo que
índice de controle que chamamos       se você está economizando, pois         fazemos quando queremos trans-
de “Consumo Específico”, que          se houver aumento da produção           formar 1 km que é igual a 1000
pode ser definido como a relação      ou da tarifa de energia elétrica        metros ou 1 kg que é igual a 1000
entre o consumo de um determi-        seu controle ficará comprometi-         gramas.
nado equipamento ou de uma ins-       do. Faça os cálculos considerando            No nosso exemplo, a geladeira
talação por determinados parâ-        o consumo específico.                   consome 90.000 Wh/32 dias que
metros que podem ser: produção                                                é equivalente a 90 kWh/32 dias.

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             Este é o consumo de um e-          necessita de um motor de 3 CV,       anualmente
          quipamento elétrico em um de-         trabalhando com um de 5 CV?          aos     produtos
          terminado período de tempo.           Avaliando sobre outra ótica, re-     que apresen-
                                                duzir a potência de um equipa-       tam os me-
          A aritmética do desperdício de        mento é uma ação tecnológica,        lhores índices
          energia                               enquanto reduzir o seu tempo         de      eficiência
                                                de funcionamento é uma ação de       energética
             Para economizar energia você       gestão.                              dentro        das
          tem que reduzir o consumo dos            Ações tecnológicas, muitas        suas      catego-
          equipamentos elétricos, porque        vezes, requerem investimentos.       rias.
          o medidor de energia registra         Para trocar um motor por outro             Conheça
          esta grandeza. Lembra-se do cál-      mais moderno, ou para trocar         a         relação
          culo Consumo = Potência x Tem-        lâmpadas de alta potência por        completa dos equipamentos que
          po? Desta forma, você tem dois        outras de menor potência, mas        têm esta garantia no site da Ele-
          caminhos: ou reduz a Potência do      com alta luminosidade, é ne-         trobrás no endereço eletrônico
          equipamento ou o seu Tempo de         cessário investir. Aqui vai uma      www.eletrobras.gov.br/procel
          funcionamento.                        orientação: equipamentos elé-              Lembre-se que, se você não
             Para reduzir a potência você       tricos não devem ser adquiridos      levar em consideração a quanti-
          deve verificar se os seus equi-       pelo seu custo inicial, e sim pelo   dade de energia que um aparelho
          pamentos   estão     corretamente     seu valor, acrescido da quanti-      consome em determinado período
          dimensionados. Se estiverem su-       dade de energia elétrica que ele     de tempo, você pode economizar
          perdimensionados, com valores         vai consumir durante sua vida        na hora da compra porém, com
          acima do necessário, você estará      útil.                                certeza, vai gastar muito mais
          desperdiçando      energia.   Neste           Veja neste exemplo           em energia elétrica durante anos
          caso, você necessita de um es-        Uma geladeira com Selo Pro-          e anos. Por isso, dizemos que na
          pecialista para determinar o e-       cel Classe “A” custa R$1.500,00      aritmética do desperdício temos
          quipamento correto. Se o equipa-      e consume 26,9 kWh por mês e         que pensar em dimensionar os
          mento está correto, mas você o        outra, modelo Classe “E” custa       equipamentos elétricos correta-
          deixa ligado desnecessariamente,      R$1.300,00, porém consome 63,7       mente e usá-los no tempo estrita-
          também ocorrerá desperdício de        kWh por mês. Veja que a gela-        mente necessário. E se pudermos
          energia. Desta forma, a correta       deira Classe “A” consome menos       reduzir a potência do equipamen-
          especificação de uma máquina,         da metade da energia consumida       to e ao mesmo tempo reduzir o
          aliada ao seu tempo de funcio-        pela geladeira Classe “E”.           seu tempo de uso? Neste caso es-
          namento, é que vai determinar a          Quando for adquirir eletrodo-     taremos reduzindo ainda mais o
          quantidade de energia gasta em        mésticos ou outros equipamentos      consumo e, conseqüentemente, o
          sua propriedade.                      escolha os que têm o Selo Procel     gasto com energia elétrica. Vire
             Imagine uma picadeira que          (Figura 2). Este Selo é concedido    a chave do chuveiro elétrico da

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          posição inverno para verão e você vai reduzir sua        de energia local e faça os mesmos cálculos, conside-
          potência em 30%. Se você reduzir o tempo de banho        rando as tarifas praticadas, no mês da simulação.
          em alguns minutos, vai economizar ainda mais.               Este cálculo também vale para avaliar o quanto
                                                                   custa o desperdício. É só conhecer o valor a ser
          Calcule o custo da energia e do desperdício              economizado por mês e multiplicar pela tarifa de
                                                                   energia elétrica vigente. Como exercício, vamos
             Para calcular quanto custa o consumo de equi-         ver um exemplo:
          pamentos elétricos é necessário conhecer as tarifas         Na residência, um chuveiro elétrico de 5 kW fun-
          em sua região. Na Cemig (Companhia Energética de         ciona 60 minutos por dia (3 banhos de 20 minutos
          Minas Gerais), considerando as tarifas de BT (Baixa      cada um, totalizando 1 hora de banho por dia), du-
          Tensão), em dezembro de 2009, sem impostos e             rante o período de 30 dias.
          taxas os valores são:
             •    Tarifa residencial (normal) é R$ 0,37652/        Consumo = Potência x Tempo = 5 kW x 1 hora x 30
          kWh                                                      dias = 150 kWh/30 dias
             •    Tarifa industrial, comercial e serviços é R$
          0,36859/kWh                                              Custo (antes) = Consumo x Tarifa = 150 kWh/30 dias
             •    Tarifa rural é R$ 0,22033/kWh                    x R$ 0,37652/kWh= R$ 55,00/30 dias


          Se um equipamento que consome 62 kWh/período                Qual o valor em reais da economia se mudar a
          for ligado na residência, seu custo mensal será:         chave da posição inverno para posição verão e o
             Custo = Consumo x Tarifa residencial                  tempo de cada banho for reduzido em 5 minutos?
             Custo = 62 kWh/ período x R$ 0,37652 =
             R$ 23,34/ período                                     Potência = 3,5 kWh (redução de 30%)
                                                                   Tempo = 45 minutos (3 banhos de 15 minutos cada
          Se este equipamento for ligado na indústria o seu        um totalizando 45 minutos ou ¾ de hora)
          custo mensal será:                                       Novo Consumo = 3,5 kW x 3/4 hora x 30 dias = 78
             Custo = 62 kWh/ período x R$ 0,36859 =                kWh/30 dias
             R$ 22,85/ período                                     Custo (depois) = Consumo x Tarifa = 78 kWh/30 dias
                                                                   x R$ 0,37652/kWh = R$ 28,00/30 dias
          E se for ligado na área rural o seu custo mensal será:   Economia = Custo (antes) – Custo (depois)
             Custo = 62 kWh/ período x R$ 0,22033 =                Economia = R$ 55,00 – R$ 28,00 = R$ 27,00
             R$ 13,66/ período
                                                                      Com esta economia você pode comprar 9 quilos
             Analisando os resultados concluímos que o custo       de feijão a cada 30 dias (em 12/11/2009).
          do funcionamento de equipamentos é mais caro na
          residência e mais barato no campo. Se você estiver
          em outra região do País, consulte a concessionária

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Identifique quem mais consome energia               consumo. Logo, vamos nos preocupar somente com
                                                    estes dois itens. Na indústria, os motores elétricos
   Para se fazer um programa de economia, é ne-     representam de 50% a 80% do consumo , por isto
cessário saber quais são os equipamentos que mais   devemos dedicar bastante tempo em conhecê-los
                                                    bem, porque é aí que possivelmente existe o des-
            Gráfico Consumo Residencial
                                                    perdício e, conseqüentemente, as oportunidades
                                                    para reduzi-lo.
                                                       No agronegócio, especificamente na pecuária
                                                    leiteira, a utilização de motores elétricos é um fa-
                                                    tor preocupante, pois os equipamentos de várias
                                                    áreas desta atividade são acionados por estas má-
                                                    quinas. Isto não quer dizer que motores são os
                                                    vilões do desperdício, pois eles são fundamentais
                                                    para qualquer setor. Podemos e devemos tratá-los
                                                    com muito carinho, fazendo freqüentemente ma-
consomem energia. Veja no gráfico a seguir os va-   nutenções preventivas e corretivas. Temos que nos
lores aproximados de consumo em uma residência.     preocupar também com sua instalação, sua pro-
   Em valores aproximados, o aquecimento de         teção elétrica, os acoplamentos, a partida, etc.
água representa 30% da conta de energia, a refri-   Vários procedimentos são fundamentais para que o
geração outros 30%, e a iluminação mais 20%. De-    motor elétrico trabalhe sem desperdiçar energia.
vemos nos preocupar basicamente com estes três      Além disso, a operação dos equipamentos de apoio
itens e esquecer o ferro elétrico que consome só    de uma fazenda leiteira são muito importantes para
5%. Nas áreas comercial e de serviços, a ilumina-   se economizar energia e aumentar a vida útil das
ção e o ar condicionado representam quase 80% do    máquinas. •
Sanidade




                                 MASTITE EM NOVILHAS
                                         PARTE II: IMPACTO ECONÔMICO,
                                           CONTROLE E PREVENÇÃO
            Mônica Maria Oliveira Pinho Cerqueira1; Renison Teles Vargas2; Adriano França da Cunha3;
            Arianna Drumond Lage3; Leorges Moraes da Fonseca1; Ronon Rodrigues1; Mônica de Oliveira
            Leite1; Cláudia Freire de Andrade Morais Penna1; Marcelo Resende de Souza1
            1
                Professores da Escola de Veterinária – UFMG
            2
                Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica-Bambuí
            3
                Estudante do Curso de Pós-Graduação da Escola de Veterinária – UFMG.



                   A mastite continua sendo uma das mais onerosas enfermidades que acometem os rebanhos leiteiros.
            Embora pouco diagnosticada, a mastite em novilhas pode ter impactos econômicos negativos na atividade
            leiteira. Na primeira parte desse artigo (edição dez/jan) apresentamos a prevalência, fontes de infecção
            e formas de identificação da mastite em novilhas. Nessa edição o enfoque serão os impactos econômicos e
            as formas de controle e prevenção, discutindo os prós e contras de estratégias como terapia da vaca seca,
            vacinação, aplicação de selantes, dentre outras.


            1. Impacto econômico da mastite em novilhas                                autores em todo o mundo. Em novilhas, no entanto,
                                                                                       esta estimativa não é muito freqüente. Pesquisas
                   O impacto econômico da mastite sobre a                              estimaram uma redução na produção de leite de
            produção de leite tem sido descrito por diferentes                         primíparas em 0,4 kg/dia por aumento de duas vezes

28
Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




na CCS acima de 50.000 céls/mL.           carte a principal foi a mastite,                   vacinado com a vacina contra
Na lactação, perdas de aproxima-          responsável por 96% dos casos. O                   Escherichia coli – Cepa J5 - Envi-
damente 80 kg na produção de              isolamento de patógenos primári-                   racor J5® - Pfizer);
leite por aumento de duas vezes           os causadores de mastite entre
da média geométrica da CCS são            o parto e cinco dias de lactação                        G2 (somente tratado com an-
também descritas.                         foi associado com um risco maior                   tibiótico Albadry plus®);
   Estudos sobre a associação             que 60% de remoção dos animais
negativa entre CCS no início da           infectados do rebanho durante a                         G3 (somente vacinado com
lactação e produção de leite são          primeira lactação. Entre as cau-                   Enviracor J5®),
recentes. Uma novilha com CCS             sas mais comuns de descarte,
de 50.000 céls/mL, aos 10 dias            destacaram-se os problemas rela-                        G4 (não vacinado e não tra-
de lactação, produziu de 119 a            cionados à fertilidade.                            tado)
155 kg de leite a mais durante                No Brasil, um estudo realizado
os primeiros 305 dias. Uma maior          para avaliar o efeito da antibioti-                     Embora não tenha sido obser-
CCS entre 5 e 14 dias de lactação         coterapia de vaca seca, associada                  vada diferença significativa na
está associada com maior número           ou não à vacinação contra mas-                     produção média dos animais dos
de casos de mastite sub-clínica.          tite ambiental em novilhas, resul-                 diferentes grupos, economica-
   Pesquisas relatam que a taxa           tou em avaliação custo-benefício                   mente a produção foi menor no
de descarte aumenta 4% no caso            favorável para estas estratégias.                  G4 (não vacinado e não tratado).
de novilhas com mastite clínica           Os animais foram divididos nos                          Em relação aos grupos, o
próximo ao parto. Aproxima-               seguintes grupos:                                  G1 teve um ganho substancial
damente 11% das novilhas que                                                                 em relação aos demais, pois os
foram tratadas contra os patóge-              G1 (tratado com antibiótico                    animais desse grupo produzi-
nos causadores de mastite clínica         específico para vaca seca a base                   ram leite com maior percentual
antes do parto, ou nos primeiros          de penicilina G procaína 200.000                   de       constituintes,apresentaram
14 dias após o parto, foram des-          UI associado à novobiocina sódica                  menor freqüência de mastite
cartadas um mês após o trata-             400 mg, em base de liberação                       clínica e ainda, a maior média de
mento. Entre as causas do des-            lenta - Albadry plus®- Pfizer e                    produção de leite.


Tabela 1. Média da produção de leite (kg de leite, vaca/dia) de primíparas submetidas ou não a antibioticoterapia e
vacinação no pré-parto durante o período de avaliação (191 dias).

                           Grupos                                              Produção de leite (kg de leite/vaca/dia)
                                                                                           (Médias +/- s)
                             G1                                                               30,75+/- 2,90a
                                                                                                                                             Fonte: Vargas (2005)




                             G2                                                               29,61+/- 4,01a
                             G3                                                               27,66+/- 6,24a
                             G4                                                               26,57+/- 5,03a

                                              a
                                                  Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente pelo teste SNK (p > 0,05).


                                                                                                                                                                    29
Sanidade



               Comparando-se os custos dos            leite devem identificar e tratar             rapia de vaca seca em novilhas é
            tratamentos preventivos em cada           a infecção durante o período                 normalmente de 90 a 100%. Esse
            grupo e os custos da mastite              pré-parto. As taxas de cura es-              índice é bem maior que os 25%
            clínica com os ganhos financeiros         pontânea para os principais pató-            observados quando se faz o trata-
            no período do experimento, ob-            genos causadores da mastite são              mento durante a lactação.
            servou-se que o G1 teve um ganho          extremamente baixas. Sem anti-                   Além do maior percentual de
            de R$3.092,67 referente à maior           bioticoterapia, somente 9% das               cura de infecção, diversos pes-
            produção de leite no período,             infecções causadas por Staphy-               quisadores têm observado maior
            quando comparado ao G4. Esse              lococcus e 6% daquelas causadas              produção de leite de novilhas
            ganho correspondeu a um valor             por     Streptococcus       ambientais       submetidas a tratamento com
            igual a R$386,58 por animal. O G2         serão curadas. Desta forma, vári-            infusões intramamárias de an-
            teve um ganho no período de R$            os estudos realizados nos Estados            tibiótico no pré-parto, quando
            2.499,21, equivalente a R$277,69          Unidos têm demonstrado o suces-              comparadas com novilhas não
            por animal. No G3, o ganho to-            so do tratamento de vaca seca                tratadas. Estudos realizados na
            tal do grupo foi de R$542,49 e            para controlar e curar infecções             Universidade de Tennessee (EUA)
            de R$67,81 por animal, quando             intramamárias de novilhas no                 demonstraram       que        novilhas
            comparado ao dos animais do G4            pré-parto.                                   tratadas produziram 10% a mais
            (Tabela 3).                                     Pesquisadores    da      Louisiana     de leite que animais não trata-
                                                      (EUA) observaram que as infusões             dos antes do parto (Tabela 3). O
            2. Controle e prevenção de                intramamárias de antibiótico du-             tratamento com antibiótico no
            mastite em novilhas                       rante a gestação ou 60 dias an-              pré-parto levou a um ganho de
                                                      tes do parto apresentaram uma                US$174,92 por novilha, demons-
            2.1. Tratamento de vaca seca              eficácia superior a 90% na cura              trando que este tratamento é
                                                      das infecções. O índice de cura              economicamente compensador.
               Para     controlar     a   mastite     da mastite causada por Staphylo-                 Outra pesquisa realizada para
            em novilhas, os produtores de             coccus aureus após o uso de te-              avaliar o impacto econômico do


            Tabela 2. Avaliação financeira dos tratamentos preventivos (antibioticoterapia e vacinação) e curativos com uso de antibióti-
            co durante a lactação de primíparas em relação à produção de leite do G4 (191 dias).

             Parâmetros avaliados                              Custos e benefícios/grupos experimentais (R$)
                                                     G1                     G2                         G3                   G4
             Custo do tratamento               (R$ 51,12 x 8)         (R$ 28,02 x 9)             (R$ 23,40 x 8)              -
             preventivo                           408,96                 252,18                     186,40                   0
             Custo dos casos de mas-             (2 casos)               (3 casos)                  (2 casos)           (6 casos)
             tite clínica                         330,61                  384,02                     270,39             1.318,34
             Ganho em produção de             (798,38 Kg x 8)         (580,64 Kg x 9)            (208,19 Kg x 8)             -
             leite em relação ao (G4)            3.832,24                3.135,42                    999,28                  0
             SALDO                                3.092,67               2.499,21                    542,49             - 1.318,34

30
Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010

Está chegando a

Quallydade
 que faltava para o seu leite.

                                                         $$             $$$




                                                                                         DESAFIO




                  www.biovet.com.br
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            Tabela 3. Desempenho de novilhas tratadas com antibiótico no pré-parto e não tratadas (controle) durante a lactação.

             Grupo experimental                                                  Produção de leite (kg)
                                                                      305 dias                             Escore de CCS
             Controle (n = 82)                                          5005                                    2,63
             Tratado (n = 111)                                         5464*                                    2,04*
            *p<0,05



            tratamento de novilhas no pré-           mutantes tais como E. coli J5.            dias após o parto. Os resultados
            parto mostrou que os animais             Essa vacinação tem sido reco-             demonstraram redução da gravi-
            tratados produziram uma média            mendada aos 60 e 30 dias antes            dade e duração dos sinais locais,
            de 2,5 kg de leite a mais nos dois       do parto e 15 dias pós-parto.             baixa contagem bacteriana em
            primeiros meses de lactação do           Resultados economicamente fa-             amostras de leite às 12, 15 e 48
            que os não tratados. Conside-            voráveis foram observados na              horas após o desafio, e maior tí-
            rando o preço do leite naquele           avaliação de uma vacina consti-           tulo de imunoglobulina G ao parto
            momento, a maior produção re-            tuída por E. coli J5 em novilhas de       e imediatamente após o desafio.
            presentou 42 dólares a mais por          uma fazenda comercial de Minas                Tem-se     recomendado          tam-
            animal, compensando muito bem            Gerais. Os animais dos grupos que         bém a utilização de vacina contra
            o custo com o tratamento.                receberam a vacina Enviracor              S. aureus em novilhas. Estudos
                                                     (três doses conforme recomenda-           de pesquisa têm demonstrado
            2.2. Vacinação                           ção do fabricante), associada ou          redução no número de quartos
                                                     não ao antibiótico de vaca seca           com infecção crônica nos animais
               A utilização de vacinas cons-         (Albadry Plus), produziram maior          vacinados, diminuição na taxa de
            titui outra estratégia para o con-       volume de leite e tiveram menor           novas infecções intramamárias
            trole de mastite em novilhas.            percentual de mastite clínica             durante a prenhez e menor taxa
            Os anticorpos representam um             durante os 191 dias de lactação           de novas infecções no período
            mecanismo de resistência mui-            avaliados, quando comparados              pós-parto.
            to importante na imunidade da            às primíparas do grupo controle               Em estudo recente, avaliou-se
            glândula mamária, porque são             (não vacinado e não tratado).             a eficácia de bacterina S. aureus
            dirigidos especificamente contra             Em um estudo realizado nos            em um grupo de novilhas vacina-
            bactérias causadoras de mastite.         Estados Unidos, novilhas foram            das com duas doses da bacterina
            Além disso, as concentrações             imunizadas por meio de injeção            no intervalo de 14 dias. Nenhum
            de anticorpos no soro e no leite         subcutânea de bacterina E. coli           animal apresentou nova infecção
            podem aumentar com a vacina-             J5 aos 60 dias antes do parto, 28         intramamária por S. aureus após
            ção. O maior progresso tem sido          dias depois e dentro de 48 horas          a vacinação, tanto no grupo de
            observado com vacinas contra             após o parto. Elas ainda foram            novilhas vacinadas quanto no
            coliformes     usando     bacterinas     desafiadas pela infusão intrama-          grupo controle. No rebanho com
            constituídas de microorganismos          mária de E. coli entre 23 e 27            baixa prevalência de infecções

32
Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010




intramamárias por S. aureus,            25% na prevalência de infecções          em polímeros que são aplicados,
a vacina não reduziu a taxa de          intramamárias e 55% na incidên-          tal como as soluções de imersão
novas infecções estafilocócicas,        cia de mastite clínica até 135           pré e pós-ordenha, com o intuito
provavelmente pela insuficiente         dias de lactação. Outra conse-           de formar uma camada protetora
vacinação.                              qüência desta ação é a redução           sobre os tetos.
     Apesar    de    alguns   estudos   da contagem de células somáti-                Já os selantes internos são
científicos comprovarem resulta-        cas pós-parto. Esses efeitos são         compostos à base de subnitrato
dos favoráveis, a eficácia da vaci-     possivelmente     causados     pela      de bismuto, contendo antimicro-
nação para prevenção de mastite         redução do edema intramamário.           bianos ou não, que são colocados
em novilhas ainda não é consis-         No entanto, a ordenha pré-parto          no interior dos tetos da mesma
tente. Uma vantagem significa-          aumenta os riscos de problemas           forma que as bisnagas utilizadas
tiva dessa estratégia (vacinação)       relacionados com acidose sub-            para tratamento de mastite. Essa
é a não utilização de antimicro-        clínica e causa maior perda de           alternativa tem a função de re-
bianos. Com isso, minimizam-se          condição corporal. O aumento             duzir a prevalência de infecções
os riscos de resistência antimi-        da produção de leite causado             intramamárias e a incidência de
crobiana e os problemas potenci-        pela ordenha pré-parto resulta           mastite clínica durante a lacta-
ais de contaminação do leite com        em maior demanda de energia              ção subseqüente pela remoção
resíduos desses medicamentos.           e,    conseqüentemente,       maior      de infecções existentes e redução
No entanto, uma         desvantagem     risco da ocorrência de balanço           nos riscos de novas infecções.
é que, em geral, a vacinação é          energético negativo ao longo                  Um estudo desenvolvido na
“patógeno-específico”. Conside-         do período periparto. Portanto,          Nova Zelândia demonstrou a im-
rando que a mastite em novilhas         embora a ordenha pré-parto re-           portância da utilização de se-
é causada por diversos microor-         duza a incidência e prevalência          lantes internos (subnitrato de
ganismos, a vacinação contra um         de mastite, cuidados no manejo           bismuto aos 30 dias pré-parto)
único patógeno não irá eliminar         dos animais são necessários para         em       novilhas.          Observaram-se
novas infecções causadas por            minimizar      quaisquer     efeitos     reduções de 68% na incidência
patógenos que não são alvos da          secundários.                             de mastite clínica e de 84% no
vacina.                                                                          risco de infecções intramamárias
                                        2.4. Selantes                            causadas por Streptococcus ube-
2.3. Ordenha pré-parto                                                           ris nos primeiros 14 dias de lac-
                                             Outra ferramenta para con-          tação.
     Outra estratégia, ainda em es-     trole da mastite em novilhas são              Em outro estudo de campo
tudo, refere-se à ordenha diária        os selantes (barreiras físicas) ex-      realizado nos Estados Unidos, a
de    novilhas      aproximadamente     ternos ou internos de tetos.             aplicação de selante externo em
duas semanas antes da previsão               Os selantes externos são com-       novilhas, 10 dias antes do parto,
do parto. Estudos demonstraram          postos à base de látex não irri-         diminuiu a incidência de todas as
redução       de    aproximadamente     tante, acrílico ou filmes baseados       infecções intramamárias em 19%.

                                                                                                                               33
Sanidade



            Em relação aos principais pató-                 estabelecer medidas de     bem-estar e a saúde desses ani-
            genos causadores da mastite, a        controle de moscas, uma vez que       mais traduz-se em maior produ-
            redução foi de 40%, enquanto que      em rebanhos que não são sub-          tividade e rentabilidade da ativi-
            para Streptococcus ambientais,        metidos a esses controles, as no-     dade leiteira. É importante que o
            foi de 50%. Tais resultados indi-     vilhas apresentam maiores taxas       produtor e o veterinário estejam
            cam que esta prática preventiva       de infecção intramamária;             atentos ao problema da mastite
            de mastite pode ser um potencial                manter programas ade-      em novilhas, uma vez que o per-
            substituto da terapia antimicrobi-    quados de nutrição para novilhas,     centual de animais com infecção
            ana no período seco, diminuindo       incluindo eficiente suporte de        subclínica é elevado, podendo
            ainda os riscos de contaminação       minerais relacionados à melho-        levar a uma redução significativa
            do leite por resíduos no início da    ria da resposta imune, como por       na produção e na qualidade do
            lactação.                             exemplo, selênio, cobre, zinco e      leite.
                                                  vitaminas (principalmente vita-          Identificar o problema na pro-
            2.5. Outras medidas                   mina E);                              priedade é o primeiro passo im-
                                                            monitorar   a   glândula   portante para se implantar um
               Outras medidas importantes         mamária desses animais, visando       programa efetivo de controle de
            de prevenção incluem:                 detectar qualquer sinal de anor-      mastite. Muitas vezes, os pro-
                   monitoramento de CCS          malidade na consistência e/ou na      blemas que ocorrem nos animais
            no leite, 15 dias após o parto:       secreção mamária.                     durante a lactação, reduzindo a
            novilhas não infectadas têm uma                 minimizar a incidência     produção de leite na fazenda,
            CCS menor que 75.000 céls./mL;        de distocias e distúrbios no peri-    podem    estar   relacionados     às
                   novilhas devem parir em       parto, como hipocalcemia, pela        práticas de manejo adotadas na
            locais limpos e secos, separadas      possível associação desses pro-       criação de bezerras e novilhas. É
            de outros animais;                    blemas com alto risco de mastite      preciso rever tais práticas para
                   não fornecer leite de va-     em novilhas.                          que esses animais possam ex-
            cas com mastite e com resíduos                                              pressar seu potencial máximo de
            de antibióticos para bezerras;        3. Conclusões                         produção de leite, na idade certa
                   manter       bezerras    em                                         e com o menor custo. Para que
            “casinhas individuais” para evitar       As novilhas representam o          isso ocorra, a mastite em novi-
            que uma mame na outra;                futuro do rebanho. Garantir o         lhas deve estar sob controle! •




34
O MAIOR EVENTO
                           DO SETOR NAS AMÉRICAS
                           Venha participar do 11º Congresso Pan-Americano do Leite, o evento que vai debater e
                           planejar os rumos da cadeia produtiva do leite, reunindo os maiores especialistas da área.
                           Além disso, serão realizadas diversas atividades simultâneas, com destaque para a Exposição
                           Industrial e Comercial. Faça sua inscrição e construa um setor cada vez mais forte e saudável.


                                    22 a 25 de março de 2010                     Belo Horizonte MG
                                                                                 Minascentro


                                                        Inscrições www.congressofepale.com
              REALIZAÇÃO




                                                                    PATROCÍNIO




                                                                                                     PATROCÍNIO
                                                                    MASTER




                                                                                                     PLATINA
ORGANIZAÇÃO




                            APOIO
Mercado




           ÍNDICE DE CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE/
                   EMBRAPA GADO DE LEITE
                                                (ICPLEITE/EMBRAPA)
                                             REFERENTE A JANEIRO/2010
           Alziro Vasconcelos Carneiro
           Lorildo Aldo Stock
           Jacqueline Dias Alves


              No mês de janeiro de 2010, o ICPLeite/Embrapa              para os últimos doze meses. A metodologia com-
           foi 143,85. Este valor é 0,32% maior, em relação ao           pleta está disponível na edição 21 do Panorama do
           mês de dezembro de 2009.                                      Leite em http://www.cileite.com.br/panorama/
              Em relação aos últimos 12 meses houve redução              edicao21.html.
           no custo dos insumos de 0,44% (Figura 1).
              O Índice de Custo de Produção de Leite (IC-                Variação do ICPLeite/Embrapa em janeiro de
           PLeite/Embrapa) mede a variação no custo de ma-               2010
           nutenção de uma empresa de produção de leite lo-
           calizada no Estado de Minas Gerais. A base, igual a               Em janeiro, o ICPLeite/Embrapa foi 143,85 ante
           100, refere-se ao mês de abril de 2006.                       143,30 de dezembro de 2009. A variação foi positiva
                                                                                             de 0,32% em relação aos preços
           Figura 1. Índice de custo de produção de leite - ICPLeite/Embrapa no período de   praticados no mês de dezembro de
           jan/2009 a jan/2010. Base: abr/2006 = 100.
                                                                                             2009.
                                                                                                Os grupos que tiveram alta
                                                                                             foram mão-de-obra, que apresen-
                                                                                             tou elevação de 7,38%; reprodução,
                                                                                             0,72%; qualidade do leite, 0,26%;
                                                                                             e energia e combustível, 0,01%.
                                                                                             O grupo mão-de-obra sofreu in-
                                                                                             fluência, principalmente, da e-
                                                                                             levação do salário mínimo que tem
                                                                                             repercussão no custo do serviço
                                                                                             de ordenha. No grupo reprodução
                                                                                             a elevação foi puxada pelo preço
              A Tabela 1 ilustra a estrutura de ponderação               do sêmen, e no grupo qualidade do leite a alta foi
           para o cálculo do ICPLeite/Embrapa, e as variações            devida à elevação no preço do material de limpeza.
           percentuais calculadas para o mês de janeiro/10 e                 Os grupos dos insumos que tiveram queda nos

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Revista Leite Integral aborda temas da pecuária leiteira

  • 1. Leite REVISTA Integral Revista Técnica da Bovinocultura de Leite - Número 25 - Ano 5 | Fevereiro/Março 2010 FIQUE POR DENTRO A pecuária leiteira e as redes sociais NUTRIÇÃO Fontes de fósforo para uso na alimentação animal ENERGIA ELÉTRICA Saiba como minimizar esse importante custo da fazenda leiteira
  • 2. NFT Alliance Programação de eventos Novo conceito estratégico Nova linha de mundial produtos Programa de controle de micotoxinas O amanhã Palestras on-line está nascendo. www.nutron.com.br Revista on-line E-books Para comemorar seus 15 anos de história, a Nutron está passando por um alinhamento estratégico mundial de marca e lançando seu novo site, que vai oferecer a você informações e ferramentas com tecnologia de alta performance. Você está convidado a participar desta evolução que está começando e que vai ajudar a moldar a nutrição do amanhã. Acesse: www.nutron.com.br
  • 3. Compromisso com a qualidade da informação Acredito, sinceramente, que a informação sas que estão se benefici- editorial deveria ser tratada e consumida, tal qual os ando, e muito, com essas itens mais básicos para a sobrevivência huma- ferramentas. na. Faço aqui uma comparação com as nossas Nessa edição apresenta- escolhas diárias, de alimentos, por exemplo, mos, ainda, vários outros assuntos e com as prescrições médicas de medicamen- de grande interesse para o dia-a-dia de téc- tos para restabelecer a nossa saúde. Qualquer nicos e produtores. Exemplo disso é o artigo falha nessas “escolhas” pode representar, do Dr. Eduardo Carvalhaes Nobre, da Eficiên- em curto ou longo prazo, riscos potenciais cia Máxima Consultoria, que traz dicas valio- à nossa sobrevivência. Assim também fun- sas de como economizar energia elétrica em ciona a informação. Se idéias equivocadas e fazendas leiteiras. amplamente refutadas pelas pesquisas são Na sessão Nutrição, apresentamos um ar- lançadas, sem um respaldo técnico, corre-se tigo sobre a etiologia do baixo pH ruminal e o risco de gerar sérios prejuízos econômicos possíveis medidas para reduzir a incidência de para uma determinada atividade. Nesse con- acidose ruminal subaguda (ASAR). A segunda texto, convidamos o Dr. Marcos Baruselli, ge- parte do artigo sobre mastite em novilhas rente de assuntos regulatórios da Tortuga, enfoca os impactos econômicos e as formas para esclarecer alguns pontos acerca da uti- de controle e prevenção, visando minimizar lização de fontes de fósforo na alimentação impactos na vida produtiva futura desses ani- animal. Como ele diz, com muita proprie- mais. Na sessão Mercado de Trabalho apre- dade, trata-se de um assunto técnico, e que sentamos dicas para ajudar aqueles que são deve ser abordado como tal. tímidos, mas que querem ou precisam falar Essa edição traz um assunto inovador e em público. Não deixe de ler! polêmico para a pecuária leiteira – as redes Além desses, muitos outros assuntos de sociais. Para aqueles que pensam que elas são extrema relevância são apresentados nessa passa-tempo de quem não tem o que fazer, edição. Esperamos que gostem e desejamos a apresentamos exemplos de pessoas e empre- todos uma ótima leitura! Flávia Fontes Editora Chefe expediente Editora Chefe Flávia Adriana Pereira Vieira Fontes Álan Maia Borges - UFMG Ana Luíza da Costa Cruz Borges - UFMG Diagramação Alessandra Alves SIGA-NOS DSc. Ciência Animal - CRMV-MG 5741 Angela Maria Quintão Lana - UFMG Antônio Último de Carvalho - UFMG Assinatura Anual (11 edições) Editora Técnica Elias Jorge Facury Filho - UFMG Brasil - R$ 95,00 Nadja Gomes Alves José Luiz Moraes- UNESP/Botucatu www.revistaleiteintegral.com.br Profa. Adjunta do Departamento de Zootecnia, Marcos Neves Pereira - UFLA Universidade Federal de Lavras Mônica M. O. Pinho Cerqueira - UFMG Norberto Mário Rodriguez - UFMG twitter.com/LEITE_INTEGRAL Jornalista Responsável Ronaldo Braga Reis - UFMG Alessandra Alves - MTB 14.298/MG Capa As idéias contidas nos artigos assinados não Consultoria Técnica Fazenda Leite Verde expressam, necessariamente, a opinião da revista Adriana de Souza Coutinho - UFLA (Jaborandi e Cocos/BA) e são de inteira responsabilidade de seus autores. milkpoint.com.br/mypoint/ revistaleiteintegral Administração / Redação Av. Getúlio Vargas, 874 - sala 607 | Funcionários 30112-020 | Belo Horizonte/MG Horário de atendimento: 9h às 17h30 Telefax: (31) 3281-5862
  • 4. 06 reprodução destaque 42 08 informes publicitários nutrição 50 resolva, se puder mercado de trabalho 16 52 manejo 20 você sabia? 54 sanidade 28 fique por dentro 56 aconteceu mercado 36 62 índice
  • 5.
  • 6. Destaque Destaque DR. THOMAS OVERTON Professor Associado de Ciência Animal da Universidade de Cornell, Ithaca NY Diretor-Associado PRÓ-DAIRY O Dr. Thomas Overton é uma das maiores autori- dades mundiais em sólidos do leite. Convidado pela Nutron e Novus, ele participou de um Seminário Inter- nacional em Poços de Caldas/MG (veja matéria nesta edição). Veja abaixo os principais conceitos apresenta- dos e discutidos nas suas apresentações: Pontos-Chave para se obter maior produtividade 1) Controle da ingestão de macro-minerais e teor de sólidos no leite: 2) Controle da ingestão de energia 3) Assegurar que as dietas sejam formuladas • Adequado manejo, principalmente nutri- para máximo consumo, por meio do manejo de cional, durante o período de transição fornecimento da alimentação e da minimização da • Fornecimento de forragens de excelente seleção no cocho qualidade • No manejo geral o ponto mais importante • Utilização de modelos para balancear as seria minimizar o estresse e evitar variações na in- exigências de nutrientes, visando à maximização gestão de matéria seca dos sólidos do leite • Implementação de adequado manejo de Recomendações para consumo de energia no fornecimento da dieta período seco: Principais fatores de manejo a serem trabalha- • Até 3 semanas pré-parto: 15-17 Mcal de dos durante o período de transição: NEL (energia líquida para lactação) por dia (aproxi- madamente 1,30 Mcal/Kg de NEL) • No manejo nutricional merecem destaque: • De 3 semanas pré-parto até o parto: 16-18 6
  • 7. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 Mcal de NEL por dia (aproximada- • O fornecimento de di- dem representar aumento na in- mente 1,40 Mcal/Kg de NEL) etas com mais de 15% de PB não cidência de retenção de placenta • Variar a densidade ener- traz vantagens e pode ser até e cetose, e redução na produção gética da dieta de acordo com o prejudicial de leite. consumo de matéria seca: • Fornecimento de Lisina: • Dosagem de BHB (beta- - Se o consumo estiver baixo, 6,4 a 6,8% da PM hidroxibutirato), que indica o aumentar a densidade energética • Fornecimento de Metio- nível de corpos cetônicos no - Se o consumo estiver alto, nina: 2,2 a 2,3% da PM sangue. Deve ser menor que 10- reduzir a densidade energética 12 mg/dL. Valores superiores a • A única forma de mini- Aspectos relacionados ao am- esses, em mais de 15% das vacas, mizar variações entre vacas, no biente que têm maior impacto indicam necessidade de revisão consumo de alimentos, causadas no sucesso do período de tran- no manejo da transição, pois po- por problemas no manejo ou nas sição: dem representar aumento na in- instalações, é assegurar que to- cidência de retenção de placenta das as vacas do grupo estejam • Evitar a superlotação e cetose, e redução na produção “completamente alimentadas”, • Separar novilhas e vacas de leite. ou seja, atinjam seu consumo • Evitar as constantes mu- • Variações na produção máximo de matéria seca danças de lotes diária de leite no início da lacta- • Minimizar o estresse ção Recomendações para consumo calórico de proteína e aminoácidos no • Promover conforto e hi- Principais estratégias nutricio- período seco: giene do ambiente nais para maximizar o desem- penho de vacas em lactação: • A recomendação do NRC Como monitorar a adequação (2001) de aproximadamente do manejo de vacas de tran- • Otimizar o uso de forra- 900g/dia de proteína metabo- sição: gens lizável (PM) não inclui as exigên- • Balancear adequada- cias para a mamogênese • Dosagem de NEFA (ácidos mente os carboidratos: • A inclusão das exigências graxos não-esterificados), que -Efetividade da FDN para mamogênese aumenta para são os principais sinalizadores -Digestibilidade da FDN aproximadamente 1100g/dia o do balanço energético negativo. -Amidos e açúcares consumo recomendado de PM (se Deve ser menor que 0.3 mEq/L no • Balancear adequada- a formulação em termos de car- pré-parto e de 0.6 - 0.7 mEq/L no mente os teores de proteína me- boidratos estiver adequada, esta pós-parto. Valores superiores a tabolizável (PM) exigência pode ser suprida por esses, em mais de 15% das vacas, • Balancear adequada- uma dieta contendo 13 a 15% de indicam necessidade de revisão mente os aminoácidos. • proteína bruta-PB) no manejo da transição, pois po- 7
  • 8. Nutrição FONTES DE FÓSFORO PARA USO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL: UMA QUESTÃO TÉCNICA, E NÃO POLÍTICA Marcos Baruselli Gerente de Assuntos Regulatórios da Tortuga Nós, latino-americanos, talvez por influência comportamento peculiar. dos nossos colonizadores, temos a tendência de Volta e meia assistimos ao lançamento de “novas buscar soluções para problemas técnicos por meio opções” de fósforo para uso na alimentação animal de caminhos exclusivamente políticos. A questão como se fossem a “salvação da lavoura”, ou como referente às fontes de fósforo para uso na alimenta- se fossem a última novidade em tecnologia voltada ção animal é apenas mais um exemplo desse nosso para o campo. 8
  • 9. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 Essas “novas opções” normal- se elas são tecnicamente viáveis do sal”. mente estão acompanhadas por ou não e, nesta hora, devemos um pacote de soluções mirabo- refletir com total imparcialidade, 2. Nível de biodisponibilidade lantes que incluem, por exemplo, focados apenas em aspectos téc- do fósforo na fonte: argumentos como “a salvação do nicos, e não políticos. pequeno produtor”, “a luta pelo Os aspectos a serem consi- Quanto mais biodiponível o barateamento do sal mineral”, derados na hora da escolha da fósforo contido na fonte, maior o ou então “a solução definitiva fonte de fósforo para uso na ali- aproveitamento deste por parte para o problema da deficiência mentação animal são, resumida- do organismo do animal, sendo de fósforo dos nossos rebanhos”. mente, os seguintes: o contrário também verdadeiro. Para os menos avisados e Formular suplementos minerais desprovidos de conhecimento 1. Custo de fósforo biologica- com fontes de fósforo de baixo técnico, tais argumentos podem mente ativo na fonte: nível de biodisponibilidade não agir como premissas para liberar representa uma correta suple- e propagar a utilização de fontes Em uma análise técnica crite- mentação mineral, em função da de fósforo não tradicionais em riosa, faz-se necessário conside- baixa taxa de absorção e reten- nossa pecuária, como fosfato de rar não apenas o preço por kg da ção do fósforo presente nestas rocha, o superfosfato triplo, en- fonte de fósforo ou do suplemen- fontes. É preciso deixar claro que tre outros fosfatos agrícolas. Por to mineral, mas também o valor suplementos minerais formulados oportuno, informamos ao leitor biológico do fósforo contido na com fontes de fósforo de baixa que o fosfato de rocha nada mais fonte, isto é, o quanto de fósforo biodisponibilidade expõem os é do que a rocha fosfática bruta, será efetivamente disponibiliza- animais às deficiências minerais, meramente moída e ensacada do para o animal. Este é um as- com consequentes quedas na e que, portanto, não sofreu ne- pecto muito importante, e revela produtividade. nhum tipo de tratamento químico o clássico exemplo do barato que com o objetivo de purificá-la e/ sai caro. Ou seja, no momento de 3. Nível de flúor na fonte: ou de torná-la mais biodiponível formular um suplemento mineral, aos animais. aquele que analisar meramente o Elevados teores de flúor na Na verdade, as fontes não preço da fonte de fósforo, sem fonte de fósforo podem ocasionar tradicionais de fósforo para uso levar em conta o valor biológico intoxicação, denominada de fluo- na alimentação animal, e que ativo deste macroelemento con- rose, que traz uma série de con- voltaram a ser chamadas de “no- tido nesta fonte, estará come- sequencias negativas sobre a bio- vas fontes”, não são tão novas as- tendo um erro técnico primário química do organismo animal. Os sim, pois este tema já vem sendo que poderá comprometer a cor- efeitos negativos da fluorose são discutido no Brasil há pelo menos reta suplementação mineral, irreversíveis, o que desperta uma quatro décadas. O que precisa- simplesmente com base na alega- grande preocupação na produção mos verdadeiramente saber é ção unilateral de “barateamento animal, em especial na bovino- 9
  • 10. Nutrição cultura, pelo fato de os bovinos aspecto prático da suplementa- Dentro desse contexto, a serem os animais domésticos de ção mineral. Na bovinocultura, fonte de fósforo mundialmente maior sensibilidade à toxicidade em especial a de corte, os suple- reconhecida como sendo de alto do flúor. Entre os sintomas de mentos minerais são fornecidos valor biológico e livre de im- intoxicação por flúor incluem-se ad libitum, isto é, são fornecidos purezas continua sendo o fosfato anomalias dentárias (manchas, à vontade aos animais, por meio bicálcico. Seu uso na alimenta- desgaste acelerado, destruição de cochos estrategicamente posi- ção animal é capaz de proporcio- do esmalte dos dentes, quebra e cionados nas pastagens. Neste nar uma relação custo/benefício queda dos dentes), manqueiras, caso, o uso de fontes de fósforo positiva, gerando lucros para o calos ósseos nas arcadas costais, não palatáveis e/ou que empe- produtor rural em função, basica- fraturas e diminuição do consumo dram, e inviabilizam o consumo mente, do aumento da produção de alimentos. Portanto, deve-se do suplemento por parte dos ani- animal e do estado de saúde dos analisar com muito critério téc- mais, deve ser evitado para não rebanhos. nico o nível de flúor contido na comprometer a suplementação Um artigo publicado na Folha fonte de fósforo. A AAFCO – As- mineral de qualidade e a produ- de São Paulo em 1999, assinado sociation of American Officials tividade animal. pelo professor Felix Ribeiro, da Publication, 2004 estabelece que A presença de certos metais USP de Pirassununga, com o título todas as fontes de fósforo para a indesejáveis nas fontes alternati- “o melhor fosfato para o gado”, alimentação animal devem con- vas de fósforo também deve ser já ressaltava, naquela época, que ter no máximo 1% de flúor em avaliada com muito critério para o fosfato bicálcico é o suplemen- relação ao teor de fósforo, o que não prejudicar, nem o desem- to alimentar de fósforo mais no- equivale a uma relação fósforo/ penho, nem a saúde animal. Nas bre e mais amplamente usado no flúor de no mínimo 100/1. Tra- análises técnicas mencionadas mundo para fornecer aos animais balhos de pesquisa realizados na acima, citamos apenas o caso do teores de fósforo de alta quali- USP – Universidade de São Paulo, flúor, mas outros metais indese- dade. Também ressaltava que, e também na UEL – Universidade jáveis, como cádmio e vanádio, embora seja grande a tentação Estadual de Londrina, demons- chumbo e arsênio também devem de uso das fontes alternativas, tram que fosfatos de rocha po- ter seu uso evitado na alimen- como os fosfatos de rocha e os dem apresentar relação fósforo/ tação animal. O uso das fontes fosfatos agrícolas, o uso destes flúor menor que 8/1, o que põe alternativas de fósforo pode ser deve ser restrito às plantas em em risco à saúde dos animais. uma via de contaminação de me- função dos seus altos níveis de tais pesados, como demonstram impureza e da sua menor biodis- 4. Palatabilidade da fonte para estudos realizados na UEL em ponibilidade. • os animais: 2003, que observaram níveis e- levados de vanádio e cádmio em A questão da palatabilidade amostras de fosfato de rocha e está diretamente relacionada ao superfosfato triplo. 10
  • 11. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010
  • 12. Nutrição ETIOLOGIA DO BAIXO PH RUMINAL E POSSÍVEIS MEDIDAS PARA REDUZIR A INCIDÊNCIA DE ACIDOSE RUMINAL SUBAGUDA (ASAR) PARTE I Alex Bach ICREA (Institució Catalana de Recerca i Estudis Avançats), Barcelona, Espanha Unitat de Remugants, IRTA (Institut de Recerca i Tecnologia Agroalimentàries), Caldes de Montbui, Espanha O adequado funcionamento do rúmen é essen- muito comum nos sistemas intensivos ou semi-in- cial para assegurar a saúde e a produtividade das tensivos de produção de leite e de acometer gru- vacas leiteiras. A acidose subaguda (ASAR) é uma pos de animais, a ASAR, normalmente, passa des- desordem da fermentação, caracterizada por lon- percebida pelos produtores. Neste artigo, serão gos períodos de baixo pH no rúmen. Apesar de ser identificadas as causas mais comuns de ASAR. 12
  • 13. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 Introdução 15 fazendas em Wisconsin (EUA) sendo que os diferentes tipos de revelaram a presença de acidose ácidos diferem em sua habilidade O rúmen contém uma popu- ruminal em 19% e 26% de vacas de reduzir o pH. Por exemplo, lação de bactérias, fungos e pro- no início e no meio da lactação, dentre os AGV, o acetato é mais tozoários que pode fermentar respectivamente. Outro estudo, potente do que o propionato e o alimentos de valor nutritivo re- na mesma região, revelou uma butirato. Entretanto, estas dife- lativamente baixo, suprindo o a- incidência de acidose em 20,1% renças tornam-se relativamente nimal com os produtos finais des- das vacas no início e no pico de pequenas quando consideramos a sa fermentação. O produto final lactação. altíssima capacidade acidogênica mais importante da fermentação do ácido láctico. A implicação microbiana são os ácidos graxos destas diferenças é que, quando voláteis (AGV), que podem re- Etiologia da acidose ruminal a fermentação ruminal produz presentar uma proporção signifi- muito ácido láctico, as probabi- cativa das exigências de energia Devido à maior densidade lidades de reduzir o pH do rúmen da vaca, dependendo do nível de nutricional, em relação às forra- são muito maiores do que quando produção de leite. Além disso, a gens, a quantidade de leite pro- os produtos finais da fermentação digestão dos microrganismos ru- duzida, por unidade de massa di- são principalmente AGV. minais no intestino delgado provê etética, é maior com a utilização O rúmen, no entanto, pode uma valiosa fonte de proteína de concentrados. compensar a redução do pH, au- para os ruminantes. Entretanto, na medida em mentando a absorção de ácidos A acidose ruminal subaguda que fornecem mais energia ao orgânicos. À medida que o pH (ASAR) é o resultado da produção animal, os concentrados igual- ruminal diminui, a absorção de excessiva de AGV, que excede a mente fornecem mais substra- AGV aumenta, pois os mesmos capacidade da parede ruminal tos para a fermentação ruminal. se tornam mais indissociáveis. para absorvê-los, e caracteriza- Conseqüentemente, na tentativa Entretanto, a proporção de se por longos períodos de pH de suprir energia suficiente às va- ácido láctico indissociável, em baixo (entre 5,2 e 5,6) no rúmen. cas de alta produção, a propor- qualquer valor de pH ruminal, Em adição aos distúrbios de ção dos concentrados na dieta é será mais baixa que aquela dos saúde, a acidose ruminal pode freqüentemente aumentada em AGV. Assim, mesmo com a ab- causar redução na digestão da detrimento da fibra proveniente sorção aumentada, se a fermen- fibra e da proteína, acarretando da forragem. Este tipo de dieta, tação ruminal produzir excesso queda no consumo de alimentos rapidamente fermentável no rú- de ácido láctico, a ASAR poderá e alterações na composição do men e com baixo índice de fibra, ocorrer. leite. é considerado potencialmente Como ocorre em muitos pro- Períodos de baixo pH rumi- acidogênico. cessos biológicos, a ASAR não é nal são comuns em vacas lei- A causa principal de ASAR é somente uma conseqüência de teiras. Um estudo conduzido em o acúmulo de ácidos no rúmen, um desequilíbrio na proporção 13
  • 14. Nutrição dos tipos de ácidos produzidos minui, algumas bactérias sen- consumo levaria a uma recupe- durante a fermentação, mas da síveis sofrem um rompimento ração progressiva do ambiente combinação dos efeitos do tipo e expõem seus conteúdos no ruminal, com retorno do pH aos e da quantidade total de ácidos fluído ruminal. Esse conteúdo, valores normais, redução da os- produzidos no rúmen. Quando o em combinação com o acúmulo molaridade e da inflamação e, consumo diário total de carboi- de produtos finais da fermenta- posteriormente, recuperação do dratos não fibrosos (CNF) é con- ção (responsáveis pela diminu- apetite. Entretanto, a diminuição siderado (figura 1), as diferenças ição do pH no rúmen), causam na biodiversidade microbiana no no pH podem facilmente ser ex- um aumento da osmolaridade do rúmen, associada com a morte plicadas, mostrando que a causa fluido ruminal, com conseqüente de diversas espécies de microrga- principal de ASAR é o consumo redução do apetite. Além disso, nismos, aumenta a instabilidade total de CNF que apresentam o baixo pH pode propiciar o sur- da flora ruminal, e assim, o rú- altas taxas de fermentação, con- gimento de lesões no epitélio do men torna-se mais susceptível a duzindo a um acúmulo de ácidos rúmen, induzindo uma resposta distúrbios ou a novos episódios de no rúmen. inflamatória local que pode igual- acidose, em caso de alterações mente afetar o apetite. súbitas na dieta. Conseqüências da acidose rumi- Com a redução no consumo Em relação aos microrganis- nal de alimentos, menos energia es- mos do rúmen, os protozoários tará disponível para a produção ciliados são mais sensíveis do que A acidose ruminal está, geral- de leite, podendo ainda ocorrer as bactérias à redução no pH. Es- mente, associada com a redução alterações nos teores de proteína tes microrganismos são capazes no consumo de alimentos. e gordura. de reduzir a taxa e a extensão da Quando o pH do rúmen di- Teoricamente, a redução do fermentação do amido no rúmen, Figura 1. Relação entre o pH médio do rúmen e o consumo de CNF (expressados como porcentagem do PC ou kg/d) medido no gado de corte (quadrados) e leiteiro (círculos) consumindo diferentes rações. 14
  • 15. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 uma vez que consomem açúcares, excede a capacidade de proces- nas papilas do rúmen, afetando a reduzindo a disponibilidade para samento pelas bactérias e o pH absorção dos AGV. Períodos pro- as bactérias produtoras de ácido do rúmen começa a cair. Com a longados de baixo pH podem re- lático. queda do pH, as bactérias que sultar na formação de ulcerações Algumas bactérias, como a degradam as fibras (celulolíti- e de tecido cicatricial, prejudi- Megasphera elsdenii e a Sele- cas), assim como os protozoários cando ainda mais a absorção de nomonas ruminatium, podem ciliados, são fortemente inibidas AGV. processar o ácido lático produ- e a população de lactobacilos A ocorrência de abscessos no zido, evitando quedas muito (produtores de ácido lático) au- fígado, o aumento na incidência acentuadas no pH ruminal. menta. Com isso, o pH cai ainda de mastite ambiental e de pro- Porém, quando ocorre um for- mais e ocorre uma redução na blemas de casco, e a baixa necimento excessivo de grãos na fermentação da fibra. eficiência do sistema imune tam- dieta (ricos em CNF), a taxa na A queda do pH pode também bém têm sido associados aos qual o ácido lático é produzido ser responsável por alterações quadros de ASAR. • Na próxima edição apresentaremos as formas de controle da ASAR. Rúmen com aspecto normal Rúmen com lesões causadas pela acidose 13
  • 16. Mercado de Trabalho FALAR EM PÚBLICO Dicas para pessoas tímidas que querem ou precisam falar em público Marcelo Pereira de Carvalho Diretor Executivo da AgriPoint Não sou daqueles palestrantes que têm o dom da comunicação. Pelo contrário: minha timidez praticamente me impedia de falar ao público. Há uns 8-9 anos (ou seja, eu já era bem crescido), tive que pedir emprestado um lenço ao participar de um programa de TV ao vivo, de tanto que suava. Eu simplesmente travava. Porém, com o tempo, pela necessidade ou desafio, não sei, fui controlando o processo, a ponto de hoje ser bem razoável. Apresento entre 20 e 30 palestras por ano, sendo que, no último ano , três delas foram no exterior, em outra língua. Outro dia estava pensando o que havia mudado para que passasse de um desastre total para alguém que dá conta do recado e, nessas divagações, pensei que talvez pudesse dar umas dicas que funcionaram para mim e que talvez funcionem para pessoas como eu que não são comunicadores natos. Vamos lá então: 1. Domine o assunto: não aceite falar sobre preparando. Dentro disso, nunca inclua slides com aquilo que você não sabe. Ou você fará feio, ou tópicos feitos por terceiros, porque cada um tem acabará por ignorar o tema e falar sobre o que sabe seu estilo de raciocinar. É comum, no meio da pa- (o que implica em fazer feio de qualquer forma). lestra, você parar para pensar: mas o que mesmo Dentro do seu tema, evite incluir itens sobre os ele queria dizer com isso? Não pode. quais você não tem muito conhecimento. Conhe- 3. Encontre seu estilo: se você não é daqueles cendo o tema, a auto-confiança melhora e a chance que fazem piadas e todo mundo ri, não tente fazer da palestra ser boa é bem maior. piadas. Você provavelmente se sairá melhor dentro 2. Conheça a seqüência de slides: se você es- do seu estilo do que tentando imitar um suposto tiver usando o Powerpoint, precisa conhecer bem a padrão que simplesmente não é o seu jeito. seqüência de slides de forma a criar uma transição 4. Não corra: é fundamental saber a duração lógica entre eles, um encadeamento que seja com- da apresentação e se nesse tempo eventuais per- preensível para a platéia. Não economize tempo se guntas já estarão incluídas. Como você sabe a du- 16
  • 17. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 17
  • 18. Mercado de Trabalho ração da palestra e conhece seu claro que cabe, mas metade do as pessoas falarem como se não ritmo, não coloque slides a mais tempo, não dá). houvesse ninguém na sala. É pre- do que conseguirá abordar. A pior 8. Conheça o evento, os ciso criar a conexão, olhando as coisa é ter que correr ou ficar pu- parceiros, as empresas: são mui- expressões, vendo se tem gente lando slides por falta de tempo. to comuns gafes do tipo falar mal dormindo, percebendo se o nível Isso demonstra amadorismo e de um patrocinador do evento, de impaciência aumentou. Acho despreparo. Se você não conhece ou até do cliente (sim, isso e- que hoje, de certa forma, con- seu ritmo ou o tempo que cada xiste!), sem perceber na hora. sigo imaginar se as coisas estão quadro irá gastar, simule antes. Ok, se você quiser falar mal, vá indo bem ou não. Nem sempre 5. Use slides sem excesso em frente, mas se não é sua in- você acerta, nem sempre cria de informação: slide não é livro; tenção se indispor, vale a pena uma química com a platéia. Mas, o ideal é ter apenas tópicos e o dar uma pesquisada. Às vezes cabe a você tentar sentir isso em restante, você fala. Se você ti- você consegue passar o recado tempo para procurar corrigir. ver que ler todos os slides, não de uma outra forma e evita saias- 12. Esteja descansado: nem precisa da palestra, é só enviar o justas. sempre isso é possível, mas mui- PDF. Palestra boa é aquela que só 9. Tenha seu material atu- tas vezes o cansaço pode ser com o PDF a pessoa não entende alizado: se você fala de temas minimizado. Hoje, eu não faço muita coisa. Isso vale para grá- dinâmicos (como tendências de mais coisas como chegar às 03:00 ficos e tabelas: não inclua dados mercado), não dá para utilizar da manhã no aeroporto, ou diri- que não serão discutidos na hora. dados defasados. Quando alguém gir 6 horas até chegar ao local da 6. Conheça a platéia: cada coloca um gráfico cujo último palestra. Chego de véspera, com público tem conhecimentos e in- dado, digamos, é de 2006, causa calma. Com meu notebook, tele- teresses distintos. Não use o mes- uma tremenda má impressão. fone e internet, tanto faz onde mo conteúdo e a mesma forma Dependendo da situação, um mês estou. independentemente da platéia. ou até uma semana já é consi- 13. Mantenha exigência e- 7. Evite ao máximo mudan- derado defasado. levada em relação ao mate- ças de última hora: Certa vez, 10. Cuidado com o português rial que preparou e ao formato minutos antes de entrar para e a formatação: evite ao máximo da apresentação: se você for dar uma palestra de 1 hora, me os erros de português, letras exigente e gostar do que apre- foi avisado que eu teria apenas muito pequenas e cores que não senta, provavelmente o cliente 30 minutos por causa de atrasos permitem boa leitura. A apresen- e ouvintes também gostarão. na programação. Se você tem tação não é só conteúdo. A forma Seja crítico quando as coisas não alta capacidade de improvisa- importa bastante e pode jogar forem tão bem, mas não desa- ção, pode até achar razoável a por terra um bom conteúdo. nime. Comemore quando seu mudança. No meu caso, ou é o 11. Tente se ver do outro desempenho for bom e receber tempo previsto (e cabe a você lado: hoje, eu procuro, à medida elogios. Seja melhor da próxima também respeitar esse tempo), que falo, imaginar como a platéia vez. • ou nada feito (um ou outro ajuste está acompanhando. É comum 18
  • 19. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010
  • 20. Manejo Como economizar energia elétrica em fazendas leiteiras Parte I 20
  • 21. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 Eduardo Carvalhaes Nobre Engº Eletricista Eficiência Máxima Consultoria Soluções para Redução de Custos Em tempos nos quais a sustentabilidade tornou-se uma necessidade em todos os setores produtivos, a gestão da energia elétrica assume importância primordial. Comparati- vamente a algumas outras atividades da agropecuária, a bovinocultura de leite exige grandes quantidades de energia elétrica em suas operações. Aprenda nesse artigo como ler o medidor de energia, como calcular o consumo exibido na fatura e o de cada equi- pamento individualmente, e como evitar os desperdícios. Introdução mesmo tinha controle de tudo e de todos”. Era mais uma pessoa relutante a novos métodos de gestão, Durante vários anos tive a oportunidade de mi- e que não admitia que em qualquer setor da ativi- nistrar treinamentos sobre esse tema a centenas de dade produtiva existe desperdício. Na hora, sem ter profissionais de diversos ramos de atividade. Em to- argumentos mais convincentes tracei a seguinte es- dos estes eventos percebia que as pessoas tinham tratégia: propus ao gerente que toda economia que uma imensa boa vontade em aprender a economizar nós obtivéssemos à partir daquela data, até o fim energia elétrica. Entretanto, nunca faziam o “dever do ano, fosse revertida na compra de um carro zero de casa” com resultados razoáveis, muitas vezes quilometro, que seria sorteado entre seus emprega- por desconhecimento técnico, outras por acharem dos na festa de Natal. Ele, obviamente espantado, que em casa, no trabalho ou na fazenda não existia começou a perceber com o desenrolar da conversa possibilidade de reduzir as despesas com a fatura que o desperdício existe em qualquer lugar e que de energia. precisa ser identificado, e os resultados podem ser No decorrer do treinamento ensinava a estas significativos, podendo representar um ganho para pessoas que economizar energia não era um “bicho todos. de sete cabeças”, e sim um método de identifica- Este fato mostra as seguintes verdades: as pes- ção, ação e avaliação, contínuo e persistente, que soas não sabem mensurar (e não é por culpa de- deve fazer parte do dia-a-dia de todos nós. las!) o quanto de energia que se pode economizar, Em certa ocasião, realizando uma consultoria e acreditam que em suas propriedades não existe em uma fazenda produtora de leite, o gerente in- desperdício de energia elétrica, ou de outro insu- formou que ali não havia desperdício e que “ele mo qualquer. Todos nós somos muito imediatistas, 21
  • 22. Manejo porque pensamos sempre nos retas do seu medidor de energia, Na Figura 1, a leitura do medi- ganhos e despesas do mês e não anotá-las a lápis, em papel de dor em 10/06/2001 é 3366. Veja fazemos o cálculo anual. pão, do que ter a mais alta tecno- que no 1° número o ponteiro está Estas dificuldades, técnicas logia de medição sem saber como entre os números 3 e 4. Considere ou gerenciais, podem ser contor- usá-la. sempre o menor valor, ou seja, o nadas. É só entender que energia Para avaliar o desperdício número 3. O mesmo raciocínio elétrica é um insumo caro, finito não é necessário ser um grande deve ser feito para os demais e perfeitamente gerenciável. matemático, e sim um bom ob- ponteiros: quando o ponteiro es- Basta que todos abram suas men- servador. tiver entre 2 números considere tes e descubram um novo mundo: Vamos começar pelo medidor sempre o menor número. Agora, a geração de recursos a partir do de energia elétrica, mais co- leia as informações de consumo desperdício. nhecido como “relógio de luz”. O da segunda leitura. Este artigo vai orientá-lo so- modelo mais comum é o que pos- Para calcular o consumo de bre como obter resultados ex- sui quatro ou cinco mostradores energia entre as duas datas faça pressivos de redução de despesas de ponteiros, que giram uns no a seguinte conta: com energia elétrica. Siga-nos... sentido horário, e outros no sen- tido anti-horário, conforme as se- Consumo de energia medido = Ler o medidor é fundamental tas indicativas. As leituras devem Consumo do dia 10/06/2001 – ser feitas sempre no sentido do Consumo do dia 10/05/2001 Existe uma máxima na gestão menor para o maior algarismo, e energética que diz: quem não do mostrador da esquerda para O resultado é: mede não gerencia. Isto é um o mostrador da direita, conside- Consumo = 3860 kWh – 3366 kWh fato. Para gerenciar qualquer rando-se que você está de frente = 494 kWh negócio temos que ter números, para o medidor. e saber lidar com eles. É impor- tante transformar números em informações úteis para que pos- samos avaliar se nossas ações es- tão sendo eficazes. Em linhas gerais temos que aprender a obter estes números da maneira mais fácil possível. Não adianta termos sistemas de monitoramento de energia de última geração, se não sabemos interpretar as informações obti- das. É melhor fazer leituras cor- 22 Figura 1. Medidor de Energia
  • 23. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 Este valor pode ser influen- de leite no período, quantidade Aprenda a calcular o consumo ciado pela quantidade e potência de pessoas que trabalham na pro- de cada equipamento dos equipamentos que você tem priedade, quantidade de dias de em sua propriedade, o tempo de produção, etc. A utilização deste Todo equipamento elétrico uso por dia, a época do ano, sua índice de controle determina se possui uma potência, que nor- produção, etc. você esta economizando energia malmente está apresentada em O medidor de energia regis- elétrica ou não. Se de um mês Watts cujo símbolo é W. Esta tra o consumo em determinado para outro este valor diminui, informação vem estampada no período de leitura, que é a quan- você está economizando energia; produto ou na embalagem. Para tidade de dias que uma conces- se aumenta está havendo aumen- calcular o consumo de um equi- sionária faz uma leitura, e pode to de consumo ou desperdício. pamento elétrico você necessita variar de acordo com o planeja- Veja este exemplo: desta potência e do tempo de mento de cada empresa. Em mé- • A leitura realizada no funcionamento do equipamento. dia este período de leitura varia mês passado foi de 494 kWh/28 Depois é só fazer este cálculo: entre 28 e 32 dias. Na Figura 1 o dias. O cálculo do consumo espe- Consumo = Potência x Tempo período de leitura é de 30 dias, cífico é 17,6 kWh/dia (é só dividir Veja este exemplo por isso falamos que este medi- 494 por 28); dor registrou o consumo de 494 • A leitura realizada neste Um determinado equipamento kWh por mês. O certo seria con- mês foi de 463 kWh/28 dias. O tem a potência de 200 W e tra- siderar 494 kWh pelo período de cálculo do consumo específico é balha 15 horas por dia, durante o leitura. Se o período de leitura de 16,5 kWh/dia; período de 32 dias. uma fatura for de 28 dias, então • Logo, houve economia o consumo de energia é igual a de energia neste mês porque o Consumo = 200 W x 15 h/dia x 32 494 kWh por 28 dias e deve ser consumo específico foi menor, dias = 90.000 Wh/32 dias. escrito assim: 494 kWh/28 dias. porque houve uma diminuição do Este período de leitura vem es- consumo no mesmo período de Aqui temos que fazer uma peque- crito na fatura e pode ser visto no tempo. na conta que é transformar Wh box “Datas de Leitura”, campos Não considere o valor do con- (Watts hora) em kWh (quilo Watts Anterior e Atual. sumo mensal (kWh/mês) ou o va- hora). É só dividir o resultado Outro importante conceito é o lor pago (R$) no mês para verificar por 1000, similar ao cálculo que índice de controle que chamamos se você está economizando, pois fazemos quando queremos trans- de “Consumo Específico”, que se houver aumento da produção formar 1 km que é igual a 1000 pode ser definido como a relação ou da tarifa de energia elétrica metros ou 1 kg que é igual a 1000 entre o consumo de um determi- seu controle ficará comprometi- gramas. nado equipamento ou de uma ins- do. Faça os cálculos considerando No nosso exemplo, a geladeira talação por determinados parâ- o consumo específico. consome 90.000 Wh/32 dias que metros que podem ser: produção é equivalente a 90 kWh/32 dias. 23
  • 24. Manejo Figura 2. Selo Procel Este é o consumo de um e- necessita de um motor de 3 CV, anualmente quipamento elétrico em um de- trabalhando com um de 5 CV? aos produtos terminado período de tempo. Avaliando sobre outra ótica, re- que apresen- duzir a potência de um equipa- tam os me- A aritmética do desperdício de mento é uma ação tecnológica, lhores índices energia enquanto reduzir o seu tempo de eficiência de funcionamento é uma ação de energética Para economizar energia você gestão. dentro das tem que reduzir o consumo dos Ações tecnológicas, muitas suas catego- equipamentos elétricos, porque vezes, requerem investimentos. rias. o medidor de energia registra Para trocar um motor por outro Conheça esta grandeza. Lembra-se do cál- mais moderno, ou para trocar a relação culo Consumo = Potência x Tem- lâmpadas de alta potência por completa dos equipamentos que po? Desta forma, você tem dois outras de menor potência, mas têm esta garantia no site da Ele- caminhos: ou reduz a Potência do com alta luminosidade, é ne- trobrás no endereço eletrônico equipamento ou o seu Tempo de cessário investir. Aqui vai uma www.eletrobras.gov.br/procel funcionamento. orientação: equipamentos elé- Lembre-se que, se você não Para reduzir a potência você tricos não devem ser adquiridos levar em consideração a quanti- deve verificar se os seus equi- pelo seu custo inicial, e sim pelo dade de energia que um aparelho pamentos estão corretamente seu valor, acrescido da quanti- consome em determinado período dimensionados. Se estiverem su- dade de energia elétrica que ele de tempo, você pode economizar perdimensionados, com valores vai consumir durante sua vida na hora da compra porém, com acima do necessário, você estará útil. certeza, vai gastar muito mais desperdiçando energia. Neste Veja neste exemplo em energia elétrica durante anos caso, você necessita de um es- Uma geladeira com Selo Pro- e anos. Por isso, dizemos que na pecialista para determinar o e- cel Classe “A” custa R$1.500,00 aritmética do desperdício temos quipamento correto. Se o equipa- e consume 26,9 kWh por mês e que pensar em dimensionar os mento está correto, mas você o outra, modelo Classe “E” custa equipamentos elétricos correta- deixa ligado desnecessariamente, R$1.300,00, porém consome 63,7 mente e usá-los no tempo estrita- também ocorrerá desperdício de kWh por mês. Veja que a gela- mente necessário. E se pudermos energia. Desta forma, a correta deira Classe “A” consome menos reduzir a potência do equipamen- especificação de uma máquina, da metade da energia consumida to e ao mesmo tempo reduzir o aliada ao seu tempo de funcio- pela geladeira Classe “E”. seu tempo de uso? Neste caso es- namento, é que vai determinar a Quando for adquirir eletrodo- taremos reduzindo ainda mais o quantidade de energia gasta em mésticos ou outros equipamentos consumo e, conseqüentemente, o sua propriedade. escolha os que têm o Selo Procel gasto com energia elétrica. Vire Imagine uma picadeira que (Figura 2). Este Selo é concedido a chave do chuveiro elétrico da 24
  • 25. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010
  • 26. Manejo posição inverno para verão e você vai reduzir sua de energia local e faça os mesmos cálculos, conside- potência em 30%. Se você reduzir o tempo de banho rando as tarifas praticadas, no mês da simulação. em alguns minutos, vai economizar ainda mais. Este cálculo também vale para avaliar o quanto custa o desperdício. É só conhecer o valor a ser Calcule o custo da energia e do desperdício economizado por mês e multiplicar pela tarifa de energia elétrica vigente. Como exercício, vamos Para calcular quanto custa o consumo de equi- ver um exemplo: pamentos elétricos é necessário conhecer as tarifas Na residência, um chuveiro elétrico de 5 kW fun- em sua região. Na Cemig (Companhia Energética de ciona 60 minutos por dia (3 banhos de 20 minutos Minas Gerais), considerando as tarifas de BT (Baixa cada um, totalizando 1 hora de banho por dia), du- Tensão), em dezembro de 2009, sem impostos e rante o período de 30 dias. taxas os valores são: • Tarifa residencial (normal) é R$ 0,37652/ Consumo = Potência x Tempo = 5 kW x 1 hora x 30 kWh dias = 150 kWh/30 dias • Tarifa industrial, comercial e serviços é R$ 0,36859/kWh Custo (antes) = Consumo x Tarifa = 150 kWh/30 dias • Tarifa rural é R$ 0,22033/kWh x R$ 0,37652/kWh= R$ 55,00/30 dias Se um equipamento que consome 62 kWh/período Qual o valor em reais da economia se mudar a for ligado na residência, seu custo mensal será: chave da posição inverno para posição verão e o Custo = Consumo x Tarifa residencial tempo de cada banho for reduzido em 5 minutos? Custo = 62 kWh/ período x R$ 0,37652 = R$ 23,34/ período Potência = 3,5 kWh (redução de 30%) Tempo = 45 minutos (3 banhos de 15 minutos cada Se este equipamento for ligado na indústria o seu um totalizando 45 minutos ou ¾ de hora) custo mensal será: Novo Consumo = 3,5 kW x 3/4 hora x 30 dias = 78 Custo = 62 kWh/ período x R$ 0,36859 = kWh/30 dias R$ 22,85/ período Custo (depois) = Consumo x Tarifa = 78 kWh/30 dias x R$ 0,37652/kWh = R$ 28,00/30 dias E se for ligado na área rural o seu custo mensal será: Economia = Custo (antes) – Custo (depois) Custo = 62 kWh/ período x R$ 0,22033 = Economia = R$ 55,00 – R$ 28,00 = R$ 27,00 R$ 13,66/ período Com esta economia você pode comprar 9 quilos Analisando os resultados concluímos que o custo de feijão a cada 30 dias (em 12/11/2009). do funcionamento de equipamentos é mais caro na residência e mais barato no campo. Se você estiver em outra região do País, consulte a concessionária 26
  • 27. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 Identifique quem mais consome energia consumo. Logo, vamos nos preocupar somente com estes dois itens. Na indústria, os motores elétricos Para se fazer um programa de economia, é ne- representam de 50% a 80% do consumo , por isto cessário saber quais são os equipamentos que mais devemos dedicar bastante tempo em conhecê-los bem, porque é aí que possivelmente existe o des- Gráfico Consumo Residencial perdício e, conseqüentemente, as oportunidades para reduzi-lo. No agronegócio, especificamente na pecuária leiteira, a utilização de motores elétricos é um fa- tor preocupante, pois os equipamentos de várias áreas desta atividade são acionados por estas má- quinas. Isto não quer dizer que motores são os vilões do desperdício, pois eles são fundamentais para qualquer setor. Podemos e devemos tratá-los com muito carinho, fazendo freqüentemente ma- consomem energia. Veja no gráfico a seguir os va- nutenções preventivas e corretivas. Temos que nos lores aproximados de consumo em uma residência. preocupar também com sua instalação, sua pro- Em valores aproximados, o aquecimento de teção elétrica, os acoplamentos, a partida, etc. água representa 30% da conta de energia, a refri- Vários procedimentos são fundamentais para que o geração outros 30%, e a iluminação mais 20%. De- motor elétrico trabalhe sem desperdiçar energia. vemos nos preocupar basicamente com estes três Além disso, a operação dos equipamentos de apoio itens e esquecer o ferro elétrico que consome só de uma fazenda leiteira são muito importantes para 5%. Nas áreas comercial e de serviços, a ilumina- se economizar energia e aumentar a vida útil das ção e o ar condicionado representam quase 80% do máquinas. •
  • 28. Sanidade MASTITE EM NOVILHAS PARTE II: IMPACTO ECONÔMICO, CONTROLE E PREVENÇÃO Mônica Maria Oliveira Pinho Cerqueira1; Renison Teles Vargas2; Adriano França da Cunha3; Arianna Drumond Lage3; Leorges Moraes da Fonseca1; Ronon Rodrigues1; Mônica de Oliveira Leite1; Cláudia Freire de Andrade Morais Penna1; Marcelo Resende de Souza1 1 Professores da Escola de Veterinária – UFMG 2 Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica-Bambuí 3 Estudante do Curso de Pós-Graduação da Escola de Veterinária – UFMG. A mastite continua sendo uma das mais onerosas enfermidades que acometem os rebanhos leiteiros. Embora pouco diagnosticada, a mastite em novilhas pode ter impactos econômicos negativos na atividade leiteira. Na primeira parte desse artigo (edição dez/jan) apresentamos a prevalência, fontes de infecção e formas de identificação da mastite em novilhas. Nessa edição o enfoque serão os impactos econômicos e as formas de controle e prevenção, discutindo os prós e contras de estratégias como terapia da vaca seca, vacinação, aplicação de selantes, dentre outras. 1. Impacto econômico da mastite em novilhas autores em todo o mundo. Em novilhas, no entanto, esta estimativa não é muito freqüente. Pesquisas O impacto econômico da mastite sobre a estimaram uma redução na produção de leite de produção de leite tem sido descrito por diferentes primíparas em 0,4 kg/dia por aumento de duas vezes 28
  • 29. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 na CCS acima de 50.000 céls/mL. carte a principal foi a mastite, vacinado com a vacina contra Na lactação, perdas de aproxima- responsável por 96% dos casos. O Escherichia coli – Cepa J5 - Envi- damente 80 kg na produção de isolamento de patógenos primári- racor J5® - Pfizer); leite por aumento de duas vezes os causadores de mastite entre da média geométrica da CCS são o parto e cinco dias de lactação G2 (somente tratado com an- também descritas. foi associado com um risco maior tibiótico Albadry plus®); Estudos sobre a associação que 60% de remoção dos animais negativa entre CCS no início da infectados do rebanho durante a G3 (somente vacinado com lactação e produção de leite são primeira lactação. Entre as cau- Enviracor J5®), recentes. Uma novilha com CCS sas mais comuns de descarte, de 50.000 céls/mL, aos 10 dias destacaram-se os problemas rela- G4 (não vacinado e não tra- de lactação, produziu de 119 a cionados à fertilidade. tado) 155 kg de leite a mais durante No Brasil, um estudo realizado os primeiros 305 dias. Uma maior para avaliar o efeito da antibioti- Embora não tenha sido obser- CCS entre 5 e 14 dias de lactação coterapia de vaca seca, associada vada diferença significativa na está associada com maior número ou não à vacinação contra mas- produção média dos animais dos de casos de mastite sub-clínica. tite ambiental em novilhas, resul- diferentes grupos, economica- Pesquisas relatam que a taxa tou em avaliação custo-benefício mente a produção foi menor no de descarte aumenta 4% no caso favorável para estas estratégias. G4 (não vacinado e não tratado). de novilhas com mastite clínica Os animais foram divididos nos Em relação aos grupos, o próximo ao parto. Aproxima- seguintes grupos: G1 teve um ganho substancial damente 11% das novilhas que em relação aos demais, pois os foram tratadas contra os patóge- G1 (tratado com antibiótico animais desse grupo produzi- nos causadores de mastite clínica específico para vaca seca a base ram leite com maior percentual antes do parto, ou nos primeiros de penicilina G procaína 200.000 de constituintes,apresentaram 14 dias após o parto, foram des- UI associado à novobiocina sódica menor freqüência de mastite cartadas um mês após o trata- 400 mg, em base de liberação clínica e ainda, a maior média de mento. Entre as causas do des- lenta - Albadry plus®- Pfizer e produção de leite. Tabela 1. Média da produção de leite (kg de leite, vaca/dia) de primíparas submetidas ou não a antibioticoterapia e vacinação no pré-parto durante o período de avaliação (191 dias). Grupos Produção de leite (kg de leite/vaca/dia) (Médias +/- s) G1 30,75+/- 2,90a Fonte: Vargas (2005) G2 29,61+/- 4,01a G3 27,66+/- 6,24a G4 26,57+/- 5,03a a Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente pelo teste SNK (p > 0,05). 29
  • 30. Sanidade Comparando-se os custos dos leite devem identificar e tratar rapia de vaca seca em novilhas é tratamentos preventivos em cada a infecção durante o período normalmente de 90 a 100%. Esse grupo e os custos da mastite pré-parto. As taxas de cura es- índice é bem maior que os 25% clínica com os ganhos financeiros pontânea para os principais pató- observados quando se faz o trata- no período do experimento, ob- genos causadores da mastite são mento durante a lactação. servou-se que o G1 teve um ganho extremamente baixas. Sem anti- Além do maior percentual de de R$3.092,67 referente à maior bioticoterapia, somente 9% das cura de infecção, diversos pes- produção de leite no período, infecções causadas por Staphy- quisadores têm observado maior quando comparado ao G4. Esse lococcus e 6% daquelas causadas produção de leite de novilhas ganho correspondeu a um valor por Streptococcus ambientais submetidas a tratamento com igual a R$386,58 por animal. O G2 serão curadas. Desta forma, vári- infusões intramamárias de an- teve um ganho no período de R$ os estudos realizados nos Estados tibiótico no pré-parto, quando 2.499,21, equivalente a R$277,69 Unidos têm demonstrado o suces- comparadas com novilhas não por animal. No G3, o ganho to- so do tratamento de vaca seca tratadas. Estudos realizados na tal do grupo foi de R$542,49 e para controlar e curar infecções Universidade de Tennessee (EUA) de R$67,81 por animal, quando intramamárias de novilhas no demonstraram que novilhas comparado ao dos animais do G4 pré-parto. tratadas produziram 10% a mais (Tabela 3). Pesquisadores da Louisiana de leite que animais não trata- (EUA) observaram que as infusões dos antes do parto (Tabela 3). O 2. Controle e prevenção de intramamárias de antibiótico du- tratamento com antibiótico no mastite em novilhas rante a gestação ou 60 dias an- pré-parto levou a um ganho de tes do parto apresentaram uma US$174,92 por novilha, demons- 2.1. Tratamento de vaca seca eficácia superior a 90% na cura trando que este tratamento é das infecções. O índice de cura economicamente compensador. Para controlar a mastite da mastite causada por Staphylo- Outra pesquisa realizada para em novilhas, os produtores de coccus aureus após o uso de te- avaliar o impacto econômico do Tabela 2. Avaliação financeira dos tratamentos preventivos (antibioticoterapia e vacinação) e curativos com uso de antibióti- co durante a lactação de primíparas em relação à produção de leite do G4 (191 dias). Parâmetros avaliados Custos e benefícios/grupos experimentais (R$) G1 G2 G3 G4 Custo do tratamento (R$ 51,12 x 8) (R$ 28,02 x 9) (R$ 23,40 x 8) - preventivo 408,96 252,18 186,40 0 Custo dos casos de mas- (2 casos) (3 casos) (2 casos) (6 casos) tite clínica 330,61 384,02 270,39 1.318,34 Ganho em produção de (798,38 Kg x 8) (580,64 Kg x 9) (208,19 Kg x 8) - leite em relação ao (G4) 3.832,24 3.135,42 999,28 0 SALDO 3.092,67 2.499,21 542,49 - 1.318,34 30
  • 31. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 Está chegando a Quallydade que faltava para o seu leite. $$ $$$ DESAFIO www.biovet.com.br
  • 32. Sanidade Tabela 3. Desempenho de novilhas tratadas com antibiótico no pré-parto e não tratadas (controle) durante a lactação. Grupo experimental Produção de leite (kg) 305 dias Escore de CCS Controle (n = 82) 5005 2,63 Tratado (n = 111) 5464* 2,04* *p<0,05 tratamento de novilhas no pré- mutantes tais como E. coli J5. dias após o parto. Os resultados parto mostrou que os animais Essa vacinação tem sido reco- demonstraram redução da gravi- tratados produziram uma média mendada aos 60 e 30 dias antes dade e duração dos sinais locais, de 2,5 kg de leite a mais nos dois do parto e 15 dias pós-parto. baixa contagem bacteriana em primeiros meses de lactação do Resultados economicamente fa- amostras de leite às 12, 15 e 48 que os não tratados. Conside- voráveis foram observados na horas após o desafio, e maior tí- rando o preço do leite naquele avaliação de uma vacina consti- tulo de imunoglobulina G ao parto momento, a maior produção re- tuída por E. coli J5 em novilhas de e imediatamente após o desafio. presentou 42 dólares a mais por uma fazenda comercial de Minas Tem-se recomendado tam- animal, compensando muito bem Gerais. Os animais dos grupos que bém a utilização de vacina contra o custo com o tratamento. receberam a vacina Enviracor S. aureus em novilhas. Estudos (três doses conforme recomenda- de pesquisa têm demonstrado 2.2. Vacinação ção do fabricante), associada ou redução no número de quartos não ao antibiótico de vaca seca com infecção crônica nos animais A utilização de vacinas cons- (Albadry Plus), produziram maior vacinados, diminuição na taxa de titui outra estratégia para o con- volume de leite e tiveram menor novas infecções intramamárias trole de mastite em novilhas. percentual de mastite clínica durante a prenhez e menor taxa Os anticorpos representam um durante os 191 dias de lactação de novas infecções no período mecanismo de resistência mui- avaliados, quando comparados pós-parto. to importante na imunidade da às primíparas do grupo controle Em estudo recente, avaliou-se glândula mamária, porque são (não vacinado e não tratado). a eficácia de bacterina S. aureus dirigidos especificamente contra Em um estudo realizado nos em um grupo de novilhas vacina- bactérias causadoras de mastite. Estados Unidos, novilhas foram das com duas doses da bacterina Além disso, as concentrações imunizadas por meio de injeção no intervalo de 14 dias. Nenhum de anticorpos no soro e no leite subcutânea de bacterina E. coli animal apresentou nova infecção podem aumentar com a vacina- J5 aos 60 dias antes do parto, 28 intramamária por S. aureus após ção. O maior progresso tem sido dias depois e dentro de 48 horas a vacinação, tanto no grupo de observado com vacinas contra após o parto. Elas ainda foram novilhas vacinadas quanto no coliformes usando bacterinas desafiadas pela infusão intrama- grupo controle. No rebanho com constituídas de microorganismos mária de E. coli entre 23 e 27 baixa prevalência de infecções 32
  • 33. Revista Leite Integral - Fevereiro/Março 2010 intramamárias por S. aureus, 25% na prevalência de infecções em polímeros que são aplicados, a vacina não reduziu a taxa de intramamárias e 55% na incidên- tal como as soluções de imersão novas infecções estafilocócicas, cia de mastite clínica até 135 pré e pós-ordenha, com o intuito provavelmente pela insuficiente dias de lactação. Outra conse- de formar uma camada protetora vacinação. qüência desta ação é a redução sobre os tetos. Apesar de alguns estudos da contagem de células somáti- Já os selantes internos são científicos comprovarem resulta- cas pós-parto. Esses efeitos são compostos à base de subnitrato dos favoráveis, a eficácia da vaci- possivelmente causados pela de bismuto, contendo antimicro- nação para prevenção de mastite redução do edema intramamário. bianos ou não, que são colocados em novilhas ainda não é consis- No entanto, a ordenha pré-parto no interior dos tetos da mesma tente. Uma vantagem significa- aumenta os riscos de problemas forma que as bisnagas utilizadas tiva dessa estratégia (vacinação) relacionados com acidose sub- para tratamento de mastite. Essa é a não utilização de antimicro- clínica e causa maior perda de alternativa tem a função de re- bianos. Com isso, minimizam-se condição corporal. O aumento duzir a prevalência de infecções os riscos de resistência antimi- da produção de leite causado intramamárias e a incidência de crobiana e os problemas potenci- pela ordenha pré-parto resulta mastite clínica durante a lacta- ais de contaminação do leite com em maior demanda de energia ção subseqüente pela remoção resíduos desses medicamentos. e, conseqüentemente, maior de infecções existentes e redução No entanto, uma desvantagem risco da ocorrência de balanço nos riscos de novas infecções. é que, em geral, a vacinação é energético negativo ao longo Um estudo desenvolvido na “patógeno-específico”. Conside- do período periparto. Portanto, Nova Zelândia demonstrou a im- rando que a mastite em novilhas embora a ordenha pré-parto re- portância da utilização de se- é causada por diversos microor- duza a incidência e prevalência lantes internos (subnitrato de ganismos, a vacinação contra um de mastite, cuidados no manejo bismuto aos 30 dias pré-parto) único patógeno não irá eliminar dos animais são necessários para em novilhas. Observaram-se novas infecções causadas por minimizar quaisquer efeitos reduções de 68% na incidência patógenos que não são alvos da secundários. de mastite clínica e de 84% no vacina. risco de infecções intramamárias 2.4. Selantes causadas por Streptococcus ube- 2.3. Ordenha pré-parto ris nos primeiros 14 dias de lac- Outra ferramenta para con- tação. Outra estratégia, ainda em es- trole da mastite em novilhas são Em outro estudo de campo tudo, refere-se à ordenha diária os selantes (barreiras físicas) ex- realizado nos Estados Unidos, a de novilhas aproximadamente ternos ou internos de tetos. aplicação de selante externo em duas semanas antes da previsão Os selantes externos são com- novilhas, 10 dias antes do parto, do parto. Estudos demonstraram postos à base de látex não irri- diminuiu a incidência de todas as redução de aproximadamente tante, acrílico ou filmes baseados infecções intramamárias em 19%. 33
  • 34. Sanidade Em relação aos principais pató-  estabelecer medidas de bem-estar e a saúde desses ani- genos causadores da mastite, a controle de moscas, uma vez que mais traduz-se em maior produ- redução foi de 40%, enquanto que em rebanhos que não são sub- tividade e rentabilidade da ativi- para Streptococcus ambientais, metidos a esses controles, as no- dade leiteira. É importante que o foi de 50%. Tais resultados indi- vilhas apresentam maiores taxas produtor e o veterinário estejam cam que esta prática preventiva de infecção intramamária; atentos ao problema da mastite de mastite pode ser um potencial  manter programas ade- em novilhas, uma vez que o per- substituto da terapia antimicrobi- quados de nutrição para novilhas, centual de animais com infecção ana no período seco, diminuindo incluindo eficiente suporte de subclínica é elevado, podendo ainda os riscos de contaminação minerais relacionados à melho- levar a uma redução significativa do leite por resíduos no início da ria da resposta imune, como por na produção e na qualidade do lactação. exemplo, selênio, cobre, zinco e leite. vitaminas (principalmente vita- Identificar o problema na pro- 2.5. Outras medidas mina E); priedade é o primeiro passo im-  monitorar a glândula portante para se implantar um Outras medidas importantes mamária desses animais, visando programa efetivo de controle de de prevenção incluem: detectar qualquer sinal de anor- mastite. Muitas vezes, os pro-  monitoramento de CCS malidade na consistência e/ou na blemas que ocorrem nos animais no leite, 15 dias após o parto: secreção mamária. durante a lactação, reduzindo a novilhas não infectadas têm uma  minimizar a incidência produção de leite na fazenda, CCS menor que 75.000 céls./mL; de distocias e distúrbios no peri- podem estar relacionados às  novilhas devem parir em parto, como hipocalcemia, pela práticas de manejo adotadas na locais limpos e secos, separadas possível associação desses pro- criação de bezerras e novilhas. É de outros animais; blemas com alto risco de mastite preciso rever tais práticas para  não fornecer leite de va- em novilhas. que esses animais possam ex- cas com mastite e com resíduos pressar seu potencial máximo de de antibióticos para bezerras; 3. Conclusões produção de leite, na idade certa  manter bezerras em e com o menor custo. Para que “casinhas individuais” para evitar As novilhas representam o isso ocorra, a mastite em novi- que uma mame na outra; futuro do rebanho. Garantir o lhas deve estar sob controle! • 34
  • 35. O MAIOR EVENTO DO SETOR NAS AMÉRICAS Venha participar do 11º Congresso Pan-Americano do Leite, o evento que vai debater e planejar os rumos da cadeia produtiva do leite, reunindo os maiores especialistas da área. Além disso, serão realizadas diversas atividades simultâneas, com destaque para a Exposição Industrial e Comercial. Faça sua inscrição e construa um setor cada vez mais forte e saudável. 22 a 25 de março de 2010 Belo Horizonte MG Minascentro Inscrições www.congressofepale.com REALIZAÇÃO PATROCÍNIO PATROCÍNIO MASTER PLATINA ORGANIZAÇÃO APOIO
  • 36. Mercado ÍNDICE DE CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE/ EMBRAPA GADO DE LEITE (ICPLEITE/EMBRAPA) REFERENTE A JANEIRO/2010 Alziro Vasconcelos Carneiro Lorildo Aldo Stock Jacqueline Dias Alves No mês de janeiro de 2010, o ICPLeite/Embrapa para os últimos doze meses. A metodologia com- foi 143,85. Este valor é 0,32% maior, em relação ao pleta está disponível na edição 21 do Panorama do mês de dezembro de 2009. Leite em http://www.cileite.com.br/panorama/ Em relação aos últimos 12 meses houve redução edicao21.html. no custo dos insumos de 0,44% (Figura 1). O Índice de Custo de Produção de Leite (IC- Variação do ICPLeite/Embrapa em janeiro de PLeite/Embrapa) mede a variação no custo de ma- 2010 nutenção de uma empresa de produção de leite lo- calizada no Estado de Minas Gerais. A base, igual a Em janeiro, o ICPLeite/Embrapa foi 143,85 ante 100, refere-se ao mês de abril de 2006. 143,30 de dezembro de 2009. A variação foi positiva de 0,32% em relação aos preços Figura 1. Índice de custo de produção de leite - ICPLeite/Embrapa no período de praticados no mês de dezembro de jan/2009 a jan/2010. Base: abr/2006 = 100. 2009. Os grupos que tiveram alta foram mão-de-obra, que apresen- tou elevação de 7,38%; reprodução, 0,72%; qualidade do leite, 0,26%; e energia e combustível, 0,01%. O grupo mão-de-obra sofreu in- fluência, principalmente, da e- levação do salário mínimo que tem repercussão no custo do serviço de ordenha. No grupo reprodução a elevação foi puxada pelo preço A Tabela 1 ilustra a estrutura de ponderação do sêmen, e no grupo qualidade do leite a alta foi para o cálculo do ICPLeite/Embrapa, e as variações devida à elevação no preço do material de limpeza. percentuais calculadas para o mês de janeiro/10 e Os grupos dos insumos que tiveram queda nos 36