O texto descreve a paixão e intimidade entre dois corpos que dançam tango. Os corações se atraem fortemente e os amantes sentem como se apenas eles existissem no mundo. O autor fala sobre o amor puro que une as almas e é capaz de superar qualquer barreira.
1. Texto: Os corpos e o tango
Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro
Música: Perfume de mulher
2. Quem poderá descrever com fidelidade o
sentimento de dois corpos que se amam
levados por um tango?
3. Os corações se imantam e parecem querer
penetrarem um no outro; o rubor surge na face e
os lábios se procuram como se há séculos não se
tocassem.
4. O perfume que emana dos corpos entontece
o Espírito; o mundo fica pequeno, como se
existisse apenas o casal a habitá-lo; é
inevitável não pensar em eternizar o
momento.
5. Os olhos brilham como faróis; as mãos se
agarram trêmulas; cada célula de um corpo
busca a do outro como puxada por forças
gravitacionais invencíveis.
6. A respiração junto ao ouvido faz levitar; a
gota de suor é repartida; o desejo é o senhor
dos destinos nesse momento, pois nada existe
antes nem depois dele.
7. Milhões de pensamentos passam pelo
cérebro, mas o que mais insiste é o que pede
para que o casal procure um lugar solitário,
pois sente necessidade de se doar um o outro.
8. Notem que não estou falando de sexo, embora
ele seja um complemento neste caso. Falo de
amor, aquele amor que só se encontra uma
vez na vida e que uma vez encontrado e
vivido passa a presidir cada gesto que se
faz.
9. Falo da magia da música, da poesia dos corpos,
da beleza do sentimento e da pureza que
existe em momentos assim.
10. Falo da grandiosidade do Espírito, que se
deixa conduzir pela delicadeza, força tão
leve, mas que é capaz de reprimir e isolar
toda a agressividade, antes livre e sem
amarras.
11. Falo da grandeza divina que dotou o Espírito
de sentimento tão nobre e capaz de vencer a
distância, o sofrimento, o tempo ou qualquer
barreira que ouse desafiá-lo.
12. Falo do amor entre um homem e uma mulher.
Dessa força que faz o mundo girar, crescer, ser
melhor a cada dia, pois mesmo na guerra, o
amor sendo o que mais sofre é, também,
o que mais se doa.
13. Falo do amor de Lívia por Emmanuel, do
Betinho por Maria, do “João sem nada” por
“Tereza catadora de lixo”.
14. Esse amor, ou qualquer outro, mesmo
acanhado, discriminado, ignorado, maltratado,
mas jamais derrotado, é o reflexo do amor de
Deus.
15. E o que vem de Deus é sempre bom e eterno.
Sofre mudanças, mas é eterno em sua
essência.