O documento discute vários tópicos relacionados ao álcool e saúde pública, incluindo:
1) O consumo de álcool está associado a mais de 60 doenças de saúde e é responsável por cerca de 4% da carga global de doenças;
2) Intervenções como aumento de preços, restrições de disponibilidade e blitzes de trânsito podem ser efetivas para reduzir problemas relacionados ao álcool, como acidentes e violência;
3) Embora o tratamento seja importante, mudan
2. Uso de Álcool na Sociedade
Álcool é consumido desde
o início do registro da
história da humanidade
Fermentadas, depois,
novas formas
De produção caseira à
industrialização
Aumento do acesso
3. Os problemas acompanham…
Religião - Movimentos para abstinência na maioria dos
países protestantes no século XIX – desde promessa
individual até a pressão para proibição nacional
Após este momento, álcool deixa de ser visto como
uma ameaça à todos, mas apenas à uma subclasse:
os dependentes
4. Epidemiologia – o papel do álcool na saúde e
doença
Tratamento dos distúrbios relacionados ao uso
de álcool
Pesquisas para Prevenção e Políticas Públicas
Subtópicos da discussão:
5. Epidemiologia
Álcool e consequências na saúde
Relação com mais de 60 condições médicas diferentes,
na maioria dos casos, de forma nociva.
Determinadas por:
volume de consumo,
padrão de consumo (especialmente, uso
pesado irregular)
6. Epidemiologia
Para a maioria das doenças há uma relação quanto
à quantidade consumida, sendo que, maior o risco
quanto maior o volume consumido.
As exceções encontram-se na área cardiovascular
(especialmente doenças coronarianas e AVC),
diabetes mellitus e prejuízos onde outras dimensões
de consumo, além de volume médio, têm papel
crucial para determinar as consequências
7. Homens Mulheres Ambos
Malignant neoplasms
Mouth and oropharynx cancers 22% 9% 19%
Oesophageal cancer 37% 15% 29%
Liver cancer 30% 13% 25%
Breast cancer n/a 7% 7%
Neuropsychiatric disorders
Unipolar depressive disorders 3% 1% 2%
Epilepsy 23% 12% 18%
Alcohol use disorders: alcohol 100% 100% 100%
dependence and harmful use
Diabetes mellitus –1% –1% –1%
Cardiovascular disorders
Ischaemic heart disease 4% –1% 2%
Haemorrhagic stroke 18% 1% 10%
Ischaemic stroke 3% –6% –1%
Gastrointestinal diseases
Cirrhosis of the liver 39% 18% 32%
Unintentional injury
Motor vehicle accidents 25% 8% 20%
Drownings 12% 6% 10%
Falls 9% 3% 7%
Poisonings 23% 9% 18%
Intentional injury
Self-inflicted injuries 15% 5% 11%
Homicide 26% 16% 24%
Tabela 1: Maiores prejuízos e doenças relacionadas ao álcool e proporções
atribuíveis ao álcool mundialmente
8. Epidemiologia
Recentes avanços sobre associação álcool e os itens
abaixo:
Câncer de mama
consumo de 10g por dia de álcool aumenta o risco em 9%;
e o consumo de 30-60g dia, risco sobe para 41%
Reposição de estrogênio após menopausa aumenta o risco de CM, associação com álcool ainda
mais.
Doenças coronarianas (incidência e mortalidade)
consumo baixo para moderado – protetor / menor índice risco 20g dia
Para consumo alto – relação de risco se inverte 70g dia maior risco do que quem não bebe
Atenção para padrão de consumo! Consumo regular, sem “binge drinking” ou
consumo pesado irregular
9. Epidemiologia
Violência – constantemente associado porém, a relação nem sempre é causal.
Álcool altera os receptores e neurotransmissores e vários efeitos
farmacológicos do álcool podem aumentar a probabilidade de
comportamento agressivo.
O efeito nos receptores de serotonina e GABA são similares aos
produzidos pelos benzodiazepínicos e a experiência subjetiva deste efeito
pode ser de redução do medo e da ansiedade sobre as consequencias
sociais, físicas e legais das próprias atitudes.
Álcool também afeta o funcionamento cognitivo, levando à prejuizos
na solução de problemas em situações de conflito e respostas emocionais
demais ou labilidade emocional.
São categorias que causam danos substanciais, porém não são as
maiores contribuidoras para os prejuízos na saúde advindos do
consumo de álcool.
10. Álcool e “Global Burden of Disease”
2 tipos de informações são necessários para estimar
variações:
1. Volume médio de consumo de álcool
(per capita)
2. Padrões predominantes de uso
(Índice de beber perigoso no país – indicador de risco por
litro de álcool consumido, composto por vários indicadores
de ocasiões de beber pesado mais a frequência de beber em
lugares públicos e não beber às refeições)
11. Álcool e “Global Burden of Disease”
Efeito do álcool varia entre:
1-3% de BD nos países em desenvolvimento mais pobres com baixo consumo
12.1% nos antigos países socialistas
No geral – do Global Burden of Disease:
4% álcool
4.1% tabaco
4.4% Hipertensão
6.3% Sexo sem proteção
9.5% desnutrição
Como cada vez mais atenção tem sido dada à prevenção e
manejamento de problemas relacionados ao álcool, é muito
importante que se olhe além da questão da dependência.
12. Implicações para Política e Tratamento
Com todos os achados nos últimos tempos, é possível
constatar que o consumo de álcool traz prejuízos não só
para o bebedor mas também para os demais.
Estudos como Global Burden of Disease aumentam a oportunidade de
comparação entre consumo, problemas e práticas de diferentes povos.
Ex. Ingleses, Dinamarqueses e Irlandeses 15 anos – maior proporção
de embriaguez nos últimos 30 dias que outros países da Europa.
(Paulínia – 11.5%)
13. Custo Social Relacionado ao Álcool
15% da população adulta bebe de forma abusiva
20% das famílias têm ou tiveram problemas
50% dos acidentes automobilísticos
20% das internações em clínica geral
60% dos casos de violência doméstica
50% das faltas no trabalho
90% das internações por Dependência Química
11,2% dependência ao álcool (17,1%Homens e 5,7% mulheres) –
Cebrid (2001).
14. Tratamento
Quando há diagnóstico de distúrbio relacionado ao álcool decisões
importantes devem ser tomadas a respeito de tipo, lugar e
intensidade da intervenção.
Sem evidência de dependência grave – intervenção em rede primária
procura reduzir padrão de consumo.
Dependentes crônicos, por outro lado, e outros bebedores com alto
consumo provavelmente tem prejuízos e precisam de mais
atenção. (Intervenção procura - abstinência completa, manejo das
condições médicas e psiquiátricas agudas, assistência
ocupacional, interpessoal e de moradia, além de promoção de
longo prazo de recuperação
Presença de complicações médicas ou psiquiátricas é importante
determinante se a reabilitação será iniciada em ambulatório ou
com internação do paciente.
Outras considerações importantes são as condições atuais de
moradia e, existência ou não, de rede de apoio social.
15. Figure: Algorithm for identification and management of
harmful drinking and alcohol dependence
Adapted from reference 52.
Screening
AUDIT score <8 No intervention needed
AUDIT score 8–15 Brief intervention and
Periodic re-assessment
AUDIT score 16–19 Brief intervention regular
monitoring
AUDIT score 20–40 Diagnostic assessment -
Evaluate presence and severity of physical
dependence
16. Figure: Algorithm for identification and
management of harmful drinking and alcohol
dependence
Adapted from reference 52. continuação
Physical dependence is Physical dependence is
absent or mild moderate or severe
Outpatient Treatment Outpatient detoxification- Inpatient detox
Management in psychiatrist's
office or referral to outpatient
or inpatient rehabilitation Inpatient
rehabilitation
Aftercare including mutual help
organisations
17. Tipos de gerenciamento
Intervenções em 3 categorias:
Intervenção breve (profilaxia. Motivar bebedores
de alto risco a moderar consumo)
Programas de tratamento especializado
(dirigidas ao tratamento dos sintomas de
abstinência – alívio dos sintomas, prevenção de
recaída e reabilitação psicossocial )
Grupo de auto-ajuda (não é considerado como
“tratamento formal”, é geralmente usado como
substituto, alternativo ou complementar)
18. Implicações para Prática e Política
Quem consegue ajuda para o problema de beber, tem melhores resultados que os
que não tiveram ajuda; mas o tipo de ajuda, faz pouca diferença a longo prazo
A intensidade e duração do tratamento não está associada a melhoras pronunciadas
nos resultados
Tratamento em regime de internação médica, apesar de mais caras não são mais
efetivas que internação não médica e tratamento ambulatorial
Pequena evidência existe sobre o que é melhor: psicoterapia ou tratamento
farmacológico.
Os pacientes apresentam melhora significativa no primeiro ano após tratamento,
mas estudos de follow-up de longos períodos mostram que tratamento tem
pouco efeito no resultado a longo prazo.
Promover tratamento é essencial na sociedade, mas apenas isso não basta
para reduzir as taxas de problemas associados ao álcool
19. Pesquisa e Opções
Estudos na área incluem agora ensaios bem desenhados
não apenas pra programas focados no indivíduo, como
também voltados para a comunidade
Formadores de Políticas em sociedades onde o trabalho
científico é forte, têm agora, um conhecimento do que
funciona, em quais circunstâncias, para quem e quão bem.
Ou seja, os princípios gerais baseados nos resultados
encontrados podem ser aplicados em outros países desde
que sejam respeitadas as devidas adaptações para cada
cultura específica.
20. Educação e Informação Pública:
Popular mas ineficaz
Um dos primeiros recursos é campanha de informação pública
e prevenção nas escolas. Pesquisas mostram que as
medidas não são eficazes.
Apesar de aumentar conhecimento e poder mudar algumas
atitudes, afetar comportamento de beber através de
programs nas escolas é uma tarefa difícil. Não conseguem
efeitos duradouros.
As experiências de campanhas para informar a população
também se mostraram negativas.
O ideal é concentrar os esforços para formar alicerces de
suporte para implementar estratégias comprovadas de
prevenção.
21. Controlando Preço e Disponibilidade
Consumo de álcool, assim como de outros produtos, reage a
preço. É uma medida eficaz para redução de problemas
relacionados ao álcool em todo lugar.
Há evidências de que bebedores pesados, assim como
outros bebedores, são afetados pelos aumentos da taxa e do
preço do álcool. (Aumento de preço/imposto afeta também
taxa de mortalidade por cirrose, mortes por dirigir
embriagado e crimes violentos)
Beber e os problemas relacionados também são afetados
pela restrição de horas e dias para compra e pelo número e
tipos de lugares que vendem álcool.
Aumentar idade limite para compra e consumo também
diminui uso e vítimas de trânsito nesta faixa etária.
22. Reduzindo vítimas de acidentes de trânsito
Em alguns países, houve redução com adoção
de um limite de BAC e subsequente diminuição
do nível aceitável.
Eficiência dessas leis depende bastante da
percepção de poder ser pego pela polícia por
estar dirigindo acima do nível permitido.
Há clara evidência que atenção constante
da polícia no beber e dirigir tem um efeito em
reduzir o número de vítimas de acidentes
relacionados ao álcool.
23. Reduzindo vítimas de acidentes de trânsito
Check points (Austrália – redução de 15% em acidentes
fatais)
Melhores resultados em check points de amostra
randomizada do que em “sobriety check points” onde só so
que os policiais julgam ter bebido são testados
Licença gradual, tolerância zero para jovens e novos
motoristas também mostraram redução beber embriagado,
acidentes e danos e ferimentos para esta população.
Apesar de estudos escassos, tentativa para reduzir números
de vítimas de acidentes de outros meios de transporte, ex:
barcos, iates.
24. Reduzindo Violência e Vítimas do
Beber em Público
Danos/Ferimentos intencionais ou não somam uma fração
considerável de custo de prejuízo relacionado ao álcool
29% das mortes relacionadas ao álcool no Reino Unido
estão ligadas a ferimentos.
Recentemente estratégias de prevenção tem sido focadas
em lugares públicos de consumo (bares e restaurantes) onde
70% da cerveja consumida no país foi consumida em pubs.
Sistema de licença e mecanismos de fiscalização do álcool
servido no local, onde o dono ou gerente do estabelecimento
pode ser responsável pelas políticas implementadas.
Outra estratégia : não vender a quem já está intoxicado ou a
menor de idade
25. Reduzindo Violência e Vítimas do
Beber em Público
Treinamento de quem serve/vende e de todos os
funcionários para controlar violência dentro do
bar e arredores.
Fiscalização de responsabilidade civil de quem
serve, gerencia, ou é dono do estabelecimento
caso algo ocorra
Regra geral para situações que é mais fácil e mais
efetivo para o estado influenciar comportamento
ocupacional do estabelecimento licenciado do
que infuenciar o comportamento de clientes
particulares.
26. Criando Políticas do Álcool Efetivas
Discrepância entre resultados de pesquisas e opções de política
consideradas pela maioria dos governantes
Em vários lugares, os interesses da indústria têm, efetivamente,
vetado políticas, deixando claro que a principal ênfase é dada às
estratégias ineficazes como educação. Exemplo disso “Alcohol
Harm Reduction Strategy for England” que enfatizou a co-
operação com a indústria do álcool e se esquivou das
estratégias efetivas.
A tendência é tratar bebidas alcoólicas mais e mais como um
produto qualquer negligenciando os sérios problemas sociais e
de saúde relacionados ao consumo de álcool.
27. Bases das Políticas
Princípio Básico:
Intervenções No Meio Ambiente
São Mais Poderosas Do Que Nos Indivíduos.
Price
Place
Product
Promotion
28. Política Global do Álcool
Devido à globalização, políticas do álcool não podem mais ser
de interesse nacional ou regional
É necessário um consenso internacional para o controle do
álcool, assim como foi feito com o tabaco. (Framework
Convention on Tobacco Control)
A necessidade crucial sob a perspectiva da saúde pública é
que por meios regulares de coordenação através dos quais a
prevenção dos problemas relacionados ao álcool seja levada
em conta nas decisões de política sobre o controle do álcool e
outras regulamentações de mercado das bebidas alcoólicas.
29. Pesquisa Escolar – Paulínia 2004
2037 estudantes de 5a EF a 3a EM
45.7% meninos
54.3% meninas
Idade de 10-27 anos sendo 88% 17 ou menor
70.0% moram com os pais
24% trabalha
30. Pesquisa Escolar – Paulínia 2004
Uso na vida 59.5%
30 dias 40%
Idade primeiro uso – 47.6% 12 anos (aos 17anos - 99.1%)
Embriaguez na vida 23.9 – nos 30 dias 11.6%
17.6% relataram ter bebido 5 ou mais doses últimos 30 dias
8.3% beberam na escola nos últimos 30 dias
57% já compraram bebida e apenas 1% tentou e não conseguiu
21.3% acham que nenhum lugar que eles conhecem que vende álcool,
venderia bebida sem pedir identidade
Acesso cerveja fácil 87.2%, vinho 75.8%, alcopops 56.3 e destilados
50.8%
5% compraram bebida alcoólica na escola nos últimos 6 meses
31. Pesquisa Escolar – Paulínia 2004
Propaganda –
95% relataram terem visto atores bebendo na TV
nos últimos 30 dias
90% viram marca/logo de bebida em programas
de TV (incluindo esportivos)
82.7% viram propaganda em revistas e jornais
21.5% têm algum produto com logo de marca de
bebida alcoólica
32. Pesquisa Escolar – Paulínia 2004
5.2% perderam aula devido ao álcool
3.5% estavam bêbados na escola
18% passaram mal por ter bebido
10% não se lembram do que aconteceu no período em que beberam
4.1% desmaiaram devido uso de álcool
18.5% ficaram de ressaca
10.6% ficaram preocupados por terem bebido demais
5.1% entraram em briga depois de terem bebido
5.8% transaram devido ao álcool
3.7% transaram sem camisinha devido ao uso de álcool
55% conhecem alguém que sofreu acidente causado por motorista
embriagado
64.3 % acham que as pessoas ficam mais agressivas depois que bebem
40% acham que as pessoas ficam mais descontroladas sexualmente
33. Campanha Propaganda Sem
Bebida
A UNIAD estará colhendo assinaturas para o Movimento
Propaganda Sem Bebida e precisamos de uma equipe para coleta
conforma dados abaixo:
Datas: 28, 29 e 30 de junho
Horários: Divididos em 3 períodos –
8 às12hs;
12 às 16hs;
16 às 20hs
Obs.: Os voluntários poderão escolher um período ou mais.
www.propagandasembebida.org.br
34. Referências
Room, R, Babor, T, Rehm, J. Alcohol and
Public Health. Lancet 2005; 365: 519-30.
Galduróz, J.C.F.; Noto, A.R.; Carlini, E. A. IV
Levantamento Sobre o Uso de Drogas entre
Estudantes de 1º e 2º graus em 10
Capitais Brasileiras, no ano de 1997 CEBRID
WHO– Public Health Problems Caused by
Harmful Use of Alcohol. Fifth-Eighth World
Health Assembly 7 Abril 2005
deni@psiquiatria.epm.br
35. Álcool e Saúde Pública
Obrigada pela atenção.
Denise Leite Vieira
deni@psiquiatria.epm.br
36. Bases Das Políticas
Vantagens Das Intervenções LOCAIS:
1. Mais Flexíveis
2. Maior Mobilização E Apoio Social
3. Mais Fácil De Visualizar Benefícios
4. Mais Fácil De Serem Ampliadas
5. Mais Fácil De Serem Avaliadas