Uma sociedade incluída pode ser mais facilmente "literacizada" informacionalm...
Os media nos percursos vivenciais dos seniores
1. Projeto
Inclusão
e
Participação
Digital
(Programa
UTAustin
|
Portugal)
4
de
Novembro
de
20011,
Fundação
Calouste
Gulbenkian
Os
Seniores
na
Sociedade
da
Informação
e
da
Comunicação
–
Inquérito
sobre
a
Utilização
da
Internet
por
indivíduos
com
idade
igual
ou
superior
a
55
anos
Lídia
Oliveira
(lidia@ua.pt)
Departamento
de
Comunicação
e
Arte
–
Universidade
de
Aveiro
CETAC.MEDIA
-‐
Communication Sciences and Technologies Centre -
http://www.cetacmedia.org/
2. Projeto
Inclusão
e
Participação
Digital
Conferência
–
4
de
Novembro
de
20011,
Fundação
Calouste
Gulbenkian
Os
Seniores
na
Sociedade
da
Informação
e
da
Comunicação
–
Inquérito
sobre
a
Utilização
da
Internet
por
indivíduos
com
idade
igual
ou
superior
a
55
anos
No
contexto
do
Projeto
Inclusão
Digital
foi
realizado
um
inquérito
por
questionário
(aplicado
com
colaboração
de
entrevistador)
em
Lisboa
e
no
Porto
ao
qual
responderam
756
indivíduos,
sendo
50,3%
masculinos
e
49,7%
femininos.
O
presente
documento
apresenta
os
resultados
dos
respondentes
com
idade
igual
ou
superior
a
55
anos
(entre
55
e
88
anos,
com
idade
média
de
64,55
anos),
que
responderam
ao
referido
inquérito
por
questionário.
Interessa
compreender
os
resultados
obtidos,
nomeadamente,
no
contexto
dos
dados
relativo
ao
contexto
nacional,
que
têm
vindo
a
ser
publicados
pelo
Obercom.
Caracterização
da
Amostra
Quanto
à
caracterização
da
amostra
dos
Seniores,
consideram-‐se
as
variáveis
género
e
escolaridade,
para
além
da
idade:
Género
Cumulative
Frequency
Percent
Valid
Percent
Percent
Valid
Masculino
42
51,2
51,2
51,2
Feminino
40
48,8
48,8
100,0
Total
82
100,0
100,0
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
2
4. No
que
diz
respeito
à
formação
a
amostra
apresenta
a
seguinte
distribuição:
Escolaridade
Cumulative
Frequency
Percent
Valid
Percent
Percent
Valid
1º
Ciclo
17
20,7
20,7
20,7
2º
Ciclo
6
7,3
7,3
28,0
3º
Ciclo
15
18,3
18,3
46,3
Secundário
24
29,3
29,3
75,6
Superior
20
24,4
24,4
100,0
Total
82
100,0
100,0
Ainda
no
sentido
de
compreender
o
contexto
familiar,
doméstico,
dos
respondentes
será
interessante
observar
com
quem
vivem
e
qual
a
influência
dos
diversos
atores
presentes
na
rede
ego-‐centrada
de
cada
um.
Neste
sentido
foi
solicitado
ao
respondente
que
indicasse
quantas
pessoas
com
mais
de
18
anos
(incluindo
o
próprio)
e
quantas
pessoas
com
menos
de
18
anos
vivem
em
sua
casa.
Os
resultados
mostram
que:
Pessoas em casa com mais de 18 anos
Cumulative
Frequency Percent Valid Percent Percent
Valid 1 38 46,3 46,3 46,3
2 28 34,1 34,1 80,5
3 13 15,9 15,9 96,3
4 3 3,7 3,7 100,0
Total 82 100,0 100,0
Pessoas em casa com menos de 18 anos
Cumulative
Frequency Percent Valid Percent Percent
Valid 0 78 95,1 95,1 95,1
1 2 2,4 2,4 97,6
2 2 2,4 2,4 100,0
Total 82 100,0 100,0
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
4
5. Verifica-‐se
que
são
agregados
familiares
envelhecidos,
dos
quais
95%
não
tem
nenhum
elemento
com
menos
de
18
anos,
apenas
dois
respondentes
vivem
com
uma
pessoa
com
idade
inferior
a
18
anos
e
outros
dois
com
duas
pessoas
jovens.
No
que
respeita
a
coabitar
com
pessoas
com
idades
superior
a
18
anos
verifica-‐se
que
quase
metade
vive
apenas
uma
pessoa,
como
a
questão
pedia
para
o
respondente
se
considerar
a
si
próprio,
conclui-‐se
que
quase
metade
dos
respondentes
vive
sozinho,
o
que
traça
bem
o
cenário
da
potencial
solidão.
Se
analisarmos
os
resultados
para
um
agregado
de
duas
pessoas
maiores
de
18
anos,
verifica-‐se
que
isso
ocorre
em
34,1%
dos
casos,
que
se
poderá
inferir
ser
o
companheiro(a).
Apenas
aproximadamente
um
quinto
(19,6%)
dos
respondentes
partilha
a
casa
com
maior
número
de
pessoas,
sendo
agregados
com
três
ou
quatro
membros,
incluindo
o
respondente.
Logo,
estamos
face
agregados
onde
predomina
o
isolamento
ou
um
número
mínimo
de
membros
tendencialmente
envelhecido.
Neste
contexto
doméstico
a
questão
relativa
aos
relacionamento
inter-‐geracionais
e
à
potencialização
dessas
relações
no
sentido
de
fluxos
mutuamente
estimulantes,
se
coloca
de
forma
residual.
Ainda
assim,
poderemos
olhar
para
os
resultados
da
questão:
Quem
o
ensinou
a
usar
a
Internet?,
-‐
em
que
se
procurava
compreender
a
influência
educativa
da
rede
familiar,
de
amizade,
da
escola,
-‐
verifica-‐se
que:
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
O
autodidatismo
é
a
situação
dominante.
As
pessoas
tendencialmente
vivem
sozinhas
e
aprendem
sozinhas.
Mesmo
as
que
vivem
acompanhadas
demonstram
não
usar
essa
rede
para
a
promoção
de
interajuda
na
aprendizagem.
Contudo,
as
rede
social
funciona
em
11%
dos
casos
com
os
amigos
ou
colegas
e
9,8%
com
os
filhos
e/ou
netos,
ou
seja,
há
ainda
assim
um
grupo
que
usufruí
da
dinâmica
interpares
e
outro
da
dinâmica
inter-‐geracional.
No
que
concerne
à
aprendizagem
num
contexto
formal
com
ajuda
de
um
professor
apenas
em
2,4%
dos
casos
se
verifica.
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
5
6. Ecologia
Social
de
Utilização
da
Internet
Equipamento
existente
no
agregado
familiar
Os
usos,
ou
os
não-‐usos,
ocorrem
em
contexto.
Um
dos
contextos
determinantes
do
perfil
caracterizador
dessa
dinâmica,
é
o
contexto
doméstico.
Este
é
tanto
mais
o
contexto
quanto
mais
a
população
que
estamos
a
observar
é
uma
população
que
vai
progressivamente
ficando
desvinculada
de
um
contexto
profissional,
quer
porque
se
aposenta,
quer
porque
fica
em
situação
de
desemprego.
É
importante,
portanto,
saber
que
tipo
de
dispositivos
estas
pessoas
dispõem
das
suas
casas
independentemente
de
fazerem
ou
não
uso
deles,
ou
seja,
trata-‐se
de
compreender
o
ecossistema
ou
ecologia
social,
na
qual
os
seus
processos
cognitivos
e
sociais
ocorrem.
Os
resultados,
que
se
sistematizam
no
gráfico
que
se
segue
evidenciam
que
a
ecologia
tecno-‐social
partilhada
por
todos
é
tecida
pela
presença
e
dinâmica
comunicacional
da
TV
generalista
de
sinal
aberto
e
do
telefone
móvel,
sendo
que
a
televisão
por
cabo
ou
satélite
está
presente
em
66%
dos
casos.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
No
que
respeita
a
tecnologias
mais
características
das
dinâmicas
comunicacionais
contemporâneas,
como
computadores
portáteis
e
dispositivos
com
ligação
à
Internet
a
percentagem
diminui
de
forma
considerável,
o
que
expressa
que
a
velocidade
de
adopção
destas
ferramentas
não
chegou
ainda
à
geração
sénior.
Mas,
para
compreendermos
melhor
o
índice
de
inclusão
na
sociedade
em
rede,
onde
a
ligação
à
Internet
é
o
indicador
principal
para
se
compreender
o
potencial
de
inclusão
e
participação
teremos
de
centrar
a
atenção
nos
resultados
à
questão
sobre
o
uso,
ou
não
usos,
que
estes
indivíduos
fazem
da
rede.
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
6
7. Para
complementar
o
contexto
de
uso
da
tecnologia
importa
compreender
em
que
percentagem
são
utilizadores
da
Internet
e
em
que
contextos
fazem
esse
acesso.
A
questão
colocada
era:
“Que
frase
descreve
melhor
o
seu
uso
da
Internet?”
Que
frase
descreve
melhor
o
seu
uso
da
Internet?
Eu
nunca
quis
usar
a
internet
Já
fui
utilizador
da
internet
mas
agora
não
sou
Eu
nunca
usei
a
internet
Eu
uso
muito
frequentemente
a
internet
Existem
períodos
que
uso
frequentemente
e
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Com
estes
resultados
a
nossa
amostra
passa
a
estar
divida
em
duas
subamostras:
os
utilizadores
da
Internet
(quem
usa
frequentemente
(26,8%)
e
os
que
umas
vezes
usam
frequentemente
e
noutros
períodos
usam
pouco
(43,9%))
e
os
não
utilizadores
da
Internet.
Estes
últimos
serão
tratados
em
tópicos
específico.
No
que
diz
respeito
aos
dados
daqui
para
a
frente
apresentado
e
tratados,
opta-‐se
por
considerar
os
70,7%
dos
utilizadores
como
a
amostra
e
não
se
incluem
as
não
respostas
nos
resultados
(tabelas,
gráficos),
por
efetivamente
dizerem
respeito
aos
não
utilizadores,
que
em
números
absolutos
são:
vinte
que
afirmaram
nunca
ter
usado
a
Internet,
um
nunca
ter
querido
usar
e
um
já
ter
sido
utilizador,
mas
agora
já
não
ser
e
um
que
não
responde.
Locais
de
conexão
rizomática
Como
se
pode
verificar
no
gráfico
que
se
segue
o
lar
é
o
lugar
com
maior
expressão
quando
se
trata
de
aceder
à
Internet,
seguido
das
bibliotecas:
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
7
8. Acesso
no
telemóvel
Acesso
na
escola
ou
na
Acesso
em
casa
de
um
amigo
ou
Acesso
num
cibercafé
Acesso
no
trabalho
Acesso
na
biblioteca
Acesso
em
casa
0
10
20
30
40
50
Em
que
locais
tem
acesso/utiliza
a
Internet
(navegar,
chat,
e-‐mail)
Dinâmicas
de
utilização
e
respetiva
frequência
Quais
as
tarefas
que
os
maiores
de
55
anos
fazem
usando
a
Internet
como
mediador
e
com
que
intensidade
o
fazem?
Estão
criadas
novas
rotinas
cognitivas
e
sociais?
Participar
em
fóruns
Publicar
informação
(blogs,
comentários
Pagar
compras
(livros,
viagens,
etc.)
Fazer
downlods
de
música
ou
_ilmes
Fazer
chamadas
telefónicas
pelo
Produzir
conteúdos
para
divulgação
pela
Frequentemente
Participar
em
redes
sociais
(Facebook,
Regularmente
Jogar
online
Raramente
Ver
vídeos
(por
ex.
Youtube)
Nunca
Utilizar
programas
de
mensagens
Ver
informação
sobre
desporto,
música,
Pagar
serviços/formulários
Aceder
a
informação
para
elaborar
Ver
informação
sobre
política,
economia
Consultar
e-‐mail
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Utilização
da
Internet
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
8
9. Da
análise
do
gráfico
verifica-‐se
que
os
serviços
que
são
utilizados
com
maior
frequência
são
serviços
miméticos
de
serviços
pré-‐Internet,
ou
seja,
o
e-‐mail
mimetiza
o
correio
postal,
ver
informação
sobre
política,
economia,
etc.
mimetiza
a
consulta
de
jornais,
aceder
a
material
para
elaborar
trabalhos
mimetiza
o
acesso
a
livros
e
enciclopédias
para
a
elaboração
dos
referidos
trabalhos.
Todos
os
serviços
que
implicam
uma
mudança
na
lógica
de
uso
e/ou
na
linguagem
têm
um
índice
de
frequência
de
utilização
baixíssima.
Ou
seja,
quando
se
salta
de
uma
lógica
de
recepção/consumo
para
uma
lógica
de
produção
e
participação,
bem
como
da
linguagem
escrita,
para
a
linguagem
multimédia
interativa
o
cenário
de
adesão
altera-‐se
radicalmente.
De
fato,
usar
serviços
que
implicam
que
o
utilizador
passe
de
consumidor
a
produtor
de
conteúdos
e
dinamizador
de
relacionamentos
envolve
o
domínio
de
competências
info-‐
comunicacionais
que
precisam
de
ser
apreendida/aprendidas
e
que
não
se
transferem
por
efeito
mimético
para
o
ciberespaço.
Outra
competência
que
é
necessário
ter
e
exercer
quando
se
navega
na
Internet
é
a
noção
que
nem
toda
a
informação
disponível
é
credível
e
que,
ao
contrário
das
fontes
editoriais
pré-‐Internet
que
tinham
um
editor,
alguém
responsável
pelos
critérios
de
seleção
e
ordenação
da
informação
publicada,
na
Internet
desaparece
o
editor
e
o
receptor
assume
o
estatuto
de
autor.
Logo,
o
esquema
de
filtragem
e
construção
de
uma
visão
global
e
coerente
dos
assuntos
desaparece.
Como
diria
Edgar
Morin
a
necessidade
do
exercício
crítico
e
higiene
do
espírito
crescem
exponencialmente.
Que
tipo
de
preocupação
têm
os
maiores
de
55
anos
face
à
informação
que
consultam
na
Internet?
Não
me
preocupo
com
a
origem
da
informação
Sim,
preocupo-‐me,
e
procuro
identi_icar
o
autor
do
conteúdo
ou
site
e
comparo
os
sites
Os
resultados
globais
evidenciam
que
há
ainda
quase
metade
dos
utilizadores
(49,2%)
que
não
se
preocupam
com
a
origem
da
informação,
contra
um
pouco
mais
de
metade
(50,8%)
que
demonstra
uma
atitude
crítica
e
analítica
face
à
informação
que
encontra
na
Internet.
Será
importante
cruzar
estes
resultados
com
outras
variáveis,
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
9
10. como
a
escolaridade
para
compreender
se
há
fatores
que
potenciam
esta
atitude
mais
preocupada.
Será
que
esta
informação
recolhida
na
Internet,
com
mais
ou
menos
filtragem
crítica
é
usada
apenas
para
consumo
imediato
ou
acaba
por
ser
guardada
e
fazer
parte
dos
referenciais,
dos
favoritos,
e
reutilizada
para
construir
outros
conteúdos?
Consulto
e
faço
copy/paste
directamente
para
o
trabalho
que
estou
a
fazer
Consulto
e
habitualmente
guardo
nos
favoritos
Consulto
e
habitualmente
guardo
para
analisar
posteriormente
Consulto,
e
habitualmente
não
preciso
de
guardar
0
10
20
30
40
50
60
A
maioria
faz
um
consumo
imediato
sem
registo
para
uso
futuro.
Talvez
também
aqui
se
verifique
o
mimetismo
da
estratégia
de
consumo
dos
meios
de
comunicação
de
massa
(mass
media)
em
que
impera
o
efémero.
Considerando
ainda
a
problemática
da
literacia
info-‐comunicacional,
com
as
diferentes
competências
necessárias
a
sobreviver
e
usufruir
de
forma
protegida
do
ciberespaço,
é
importante
compreender
o
que
é
que
efetivamente
os
seniores
consideram
que
sabem
fazer.
A
questão
era:
Que
coisas
destas
sabe
fazer
na
Internet?
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
10
11. Alterar
as
de_inições
de
privacidade
no
per_il
de
uma
rede
social
Comparar
sites
diferentes
para
veri_icar
se
a
informação
é
verdadeira
Bloquear
publicidade
indesejada
ou
lixo
sim
Não
electrónico
Apagar
o
registo
dos
sites
que
visitou
Marcar
um
site,
ou
seja,
adicioná-‐la
aos
"Favoritos"
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Os
resultados
evidenciam
que
à
medida
que
o
grau
de
complexidade
na
proteção
dos
dados
pessoais
aumenta,
menor
é
o
número
de
utilizadores
que
assume
saber
manusear
essas
funções.
Apenas
20,4%
sabe
alterar
as
definições
de
privacidade
no
perfil
da
rede
social
e
apenas
40,4%
sabe
bloquear
publicidade
indesejada
ou
lixo
electrónico.
Estes
resultados
demonstram
existir
uma
grande
fragilidade
desta
camada
populacional
face
às
ameaças
que
sempre
espreitam
em
cada
esquina
on-‐line.
Percepção
da
utilidade
da
Internet
Do
trabalho
ao
entretenimento,
da
máxima
concordância
ao
uma
não
apropriação
para
fruição
social
e
lúdica.
Grau
de
concordância
/
discordância
face
às
afirmações
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
11
12. Há
percepção
de
utilidade
da
Internet
para
a
atividade/trabalho
que
se
exerce,
mas
contrariamente
às
dinâmicas
juvenis
em
que
a
Internet
é
apropriada
como
uma
plataforma
social
e
de
entretenimento,
neste
caso
essas
componentes
são
desvalorizadas.
Este
fato
é
tanto
mais
considerável
na
presente
amostra
quanto
uma
percentagem
significativa
vive
sozinha
ou
apenas
com
o(a)
companheiro(a).
Logo,
num
contexto
propenso
a
solidões
seria
expectável,
ou
talvez
não,
a
potenciação
da
dimensão
social
e
lúdica
da
rede.
Para
dar
uma
leitura
mais
completa
a
estes
dados
é
pertinente
observar
os
resultados
obtidos
na
questão:
“Desde
que
começou
a
usar
a
internet
aumentou,
manteve
ou
diminuiu
o
seu
contacto
com
as
seguintes
pessoas?”
Pessoas
com
quem
partilho
os
mesmos
interesses
pessoais
e
passatempos
Aumentou
Amigos
e
família
que
vive
perto
Manteve
Diminuiu
Amigos
e
família
que
vive
longe
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Destaca-‐se
a
ausência
de
efeito
negativo
da
Internet
nos
relacionamento
familiar
e
na
rede
de
pares.
Tendo
para
um
pouco
mais
de
um
quarto
dos
respondentes
tido
um
efeito
de
aumento
dos
contatos,
32,1%
para
familiares
que
estão
longe,
25,9%
para
familiares
que
vivem
perto
e
31%
com
as
pessoas
com
quem
partilham
interesse
e
passatempos,
o
que
revela
a
dimensão
agregação
social
que
está
na
sua
matriz
essencial.
De
consumidor
a
prosumidor
Qual
será
a
experiência
e
o
interesse
de
criação
de
conteúdos
das
pessoas
cujo
percurso
de
vida
já
entrou
numa
fase
de
maturidade,
com
experiências,
histórias,
conhecimentos
e
tudo
o
mais
para
partilhar,
para
que
não
ocorra
o
que
Boaventura
de
Sousa
Santos
denomina
como
desperdício
da
experiência
que
pode
ser
um
desperdício
por
falta
de
atenção
e
conhecimento
de
culturas
diferentes
e
cosmovisões
diferenciadas,
mas
também
desperdício
intergeracional.
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
12
13. Construir
o
meu
próprio
blog
Contribuir
para
um
site
colaborativo
Fiz
Contatar
um
político
on-‐line
Interesse
em
fazer
Construir
o
meu
próprio
site
Sem
interesse
Criar
a
minha
própria
página/per_il
Fazer
comentários
que
contribuam
Assinar
uma
petição
on-‐line
Carregar
fotos,
vídeo,
música
num
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Destacam-‐se
por
terem
sido
menos
feitas
a
construção
do
próprio
blog,
com
apenas
5,6%,
o
que
surpreende,
numa
sociedade
em
que
os
blogs
pela
sua
facilidade
de
construção
passaram
a
ser
o
espaço
de
expressão
do
eu,
mais
do
que
fazer
um
site
pessoal,
que
neste
caso
teve
13,2%
que
já
o
fizeram.
O
carregar
fotos,
vídeos
e
música
num
site
foi
a
atividade
que
maior
número
dos
respondentes
já
fez,
com
36,8%.
Segue-‐se
a
assinatura
de
petições
on-‐line,
com
31,6%,
o
que
denota
uma
oportunidade
de
participação
cívica
e
democrática
aberta
pelo
uso
da
Internet.
Os
não
utilizadores
da
Internet
Razões
para
não
usar
a
Internet
A
principal
a
razão
para
não
usar
a
Internet
é
não
ter
efetivamente
acesso
a
esse
bem/serviço
(60,9%),
seguida
pela
percepção
de
ausência
de
necessidade
quer
do
ponto
de
vista
profissional
que
pessoal.
Rejeito
tudo
o
que
está
relacionado
com
a
Faz
mal
à
saúde
Acho
que
não
consigo
funcionar
com
a
Internet
O
equipamento
que
tenhoo
no
emprego/escola
É
demasiado
cara
Não
tenho
tempo
/não
gosto
Não
preciso
nem
para
o
emprego
nem
Não
tenho
acesso
0
10
20
30
40
50
60
70
Principais
motivos
apresentados
pelos
não
utilizadores
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
13
14. O
argumento
de
ser
demasiado
cara,
com
17,4%,
reforça
a
ideia
de
não
acesso
por
privação
de
meios.
Há
ainda
a
sublinhar
que
17,4%
alega
não
ter
tempo
e/ou
não
gostar.
No
que
respeita
aos
dois
utilizadores
que
declararam
que
tinham
sido
utilizadores
da
Internet,
mas
tinham
deixado
ser,
um
apresentou
como
razão
o
fato
de
ter
perdido
o
interesse
e
outro
que
a
Internet
é
demasiado
cara.
O
que
desperta
o
interesse
em
usar
aos
não
utilizadores
–
quais
as
finalidades
desejadas
Apesar
de
não
utilizadores
estes
indivíduos
estão
mergulhados
numa
dinâmica
social
em
que
as
tecnologias
de
informação
e
comunicação
digitais
e
a
Internet
estão
disseminadas
e
naturalizadas
na
grande
maioria
dos
processos.
Sendo
assim,
é
natural
que
criem
uma
expectativa,
um
desejo
de
uso
de
algumas
funcionalidades
e
serviços.
Os
resultados
evidenciam
que
o
que
é
mais
desejado
é
a
consulta
de
informação
sobre
doenças
e
questões
de
saúde
com
73,9%
dos
respondentes
a
afirmar
ter
interesse
nesta
possibilidade.
Considerando
a
idade
que
traz
novos
desafios
ao
nível
da
saúde
é
natural
esta
escolha,
mas
não
deixa
de
ser
interessante
que
tenham
a
percepção
que
a
Internet
pode
ser
um
mediador
no
acesso
a
esse
tipo
de
informação.
Comprar
coisas
pela
Internet
e
usar
Consultar
serviços
locais
(cinema,
Preencher
documentos
on-‐line
(IRS,
Sim
Transferir
fotogra_ia
de
uma
câmara
Não
Consultar
informações
sobre
serviços
Usar
a
Internet
para
telefonar
a
amigos
Consultar
informação
sobre
doenças
e
0
20
40
60
80
100
Motivos
de
interesse
para
usar
a
Internet,
por
parte
dos
não
utilizadores
Uma
percentagem
significativa
mostra
interesse
pelas
várias
possibilidades,
a
única
que
ficam
com
um
valor
abaixo
dos
50%
é
o
interesse
por
comprar
pela
Internet
e
usar
os
serviços
do
seu
banco.
Talvez
aqui
exista
uma
percepção
de
insegurança
e
perigos
não
controlados,
nomeadamente,
pelo
fato
de
por
serem
não
utilizadores,
e
a
sensação
de
domínio
ser
ainda
menor.
Enfim,
utilizadores
(e
não
utilizadores)
ainda
em
processo
de
apropriação
de
uma
dinâmica
que
cada
vez
menos
podem
ignorar,
porque
os
pressiona,
e
os
chega
mesmo
a
violentar,
aliás,
como
qualquer
processo
de
inclusão!
A
inclusão
digital
não
deixa
de
ter
também
duas
faces
a
considerar
na
reflexão.
Lídia
Oliveira
–
lidia@ua.pt
14