O documento discute os conceitos de ciência, conhecimento e teoria. Apresenta exemplos históricos sobre como expedições científicas mobilizaram e acumularam conhecimento de diversas partes do mundo, construindo redes que permitiram aos centros dominar espacial e temporalmente a periferia. Também aborda como a ciência depende de formas como gráficos e inscrições para dominar a distância.
Breve Abordagem Histórica da Evolução da Ciência.pdf
Teoria e Métodos em Geografia
1. Teoria e Métodos em Geografia I
ALGUMAS REFERÊNCIAS:
BADARÓ, Cláudio Eduardo. Epistemologia e ciência:
reflexão e prática na sala de aula. Bauru: Edusc, 2005,
p. 21-31.
LATOUR, Bruno. Ciência em ação: como seguir
cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo:
Ed. Unesp, 2000, p.348-415.
3. Ciência versus magia
“Um menino bateu o pé num pequeno toco de madeira que
estava no seu caminho - e a ferida doía e incomodava. Ele
afirmou que bateu o dedo no toco por causa da feitiçaria.
Como era meu hábito argumentar com os Azande e criticar
suas declarações, foi o que fiz. Disse que ele havia sido
descuidado e que o toco nascera naturalmente. Ele
concordou que a feitiçaria não era responsável pelo fato do
toco estar no seu caminho, mas disse que ele tinha os
olhos bem abertos para evitar o toco - e que se não tivesse
sido enfeitiçado ele teria visto o toco. Como argumento
final, ele disse que é da natureza dos cortes cicatrizar
rapidamente. Por que sua ferida havia inflamado, se não
houvesse feitiçaria?”
4. O OLHAR E OS CONCEITOS
“As mudanças mais fundamentais em
qualquer ciência comumente resultam, não
tanto da invenção de novas técnicas, mas
antes de novas maneiras de se olhar para os
dados, dados estes que podem ter existido ao
longo do tempo. As mudanças mais
fundamentais são mudanças de teoria e de
esquemas conceituais” (Alvin Goudner)
7. SOBRE A CIÊNCIA
A ciência não é um órgão novo de conhecimento.
Quando maior a visão em profundidade, menor a visão
em extensão. A tendência da especialização é
conhecer cada vez mais de cada vez menos”
“A investigação científica não termina com os seus
dados; ela se inicia com eles . O produto final da
ciência é uma teoria ou hipótese de trabalho e não os
assim chamados fatos”
11. Ciência em Ação
Prólogo: Domesticação da mente selvagem
• 1787- Lapérouse –Sacalina (ilha ou península?).
• relógios para leitura do tempo, bússola (latitude),
botãnicos, mineralogistas etc.
• a Geografia implícita dos nativos “o conhecimento
dos selvagens se transforma em conhecimento
universal do cartógrafos”.
• assimetria: “não há porque falar em diferença
cognitiva”
12. Ciência em Ação
Prólogo: Domesticação da mente selvagem
• O mapa e o desenho têm significados diferentes.
• “O mapa desenhado na areia não tem valor para o
chinês, que não se importa que a maré o apague; é
um tesouro para Lapérouse, seu principal tesouro”.
• “[...] a etnogeografia do Pacífico acumula na
Europa”.
13. Ciência em Ação
Ação a distância:
1. Ciclos de acumulação:
- O conhecimento- o que nos é familiar.
- Se partimos do princípio que conhecemos o que
é familiar então o estrangeiro sempre é o mais
fraco.
- Como se familiarizar com coisas, pessoas e
eventos distantes?
- GRANDE DIVISOR: extraordinário de artifícios.
14. Ciência em Ação
TECNOCIÊNCIA:
• Caráter cumulativo da ciência;
• Esse conhecimento transcende a divisão entre
história, economia, história de ciência, tecnologia
etc.
FORMAÇÃO DO CENTRO:
• “[...] um ciclo de acumulação graças ao qual um
ponto se transforma em centro, agindo a distância
sobre muitos outros pontos”.
• Poder? Capital? Capitalismo?
• ex. Dom João II- navegações.
15. Ciência em Ação
Tecnociência: engenheiros, físicos, projetistas,
economistas, contadores e gente do marketing.
“É nelas que as distinções entre ciência, tecnologia,
economia e sociedade se mostram mais absurdas.
As centrais de cálculos das principais indústrias
construtoras de máquinas concentram na mesma
escrivaninha formulários de todas as origens,
recombinando-os de tal maneira que numa mesma
tira de papel (...) desenhada num espaço codificado;
a tolerância e a calibração necessária à sua
construção (...); as equações físicas da resistência
do material (...), o tempo médio necessário à
realização das operações (...) cálculos
econômicos...”
16. Ciência em Ação
2. A mobilização dos mundos
ex1. o papel da Cartografia. (técnica, tecnologia,
elementos).
• Mudanças de escalas.
Ex.2. Expedições: coleções- botânica, zoólogos –
importância dos elementos.
ELEMENTOS:
• MÓVEIS,
• ESTÁVEIS,
• PERMUTÁVEIS.
17. O CICLO DE ACUMULAÇÃO: de móveis estáveis e
combináveis
ex. petróleo: Conrad Schlumberger, engenheiro
francês, corrente elétrica através do solo para medir a
resistência elétrica dos estratos de rochas em todos os
lugares. Sinais estáveis. “Em vez de simplesmente
extrair petróleo, passou a ser possível acumular traços
em mapas, o que, por cegamente”.
• nexos: entre dinheiro, barris de petróleo, resistência,
calor.Banqueiro de Wall Street, um gerente de
prospecção da Exxon, um técnico da Clamart, um
geofísico.
• uso de gráficos e tabelas.
• móveis imutáveis e combináveis. A importância de
novos métodos.
18. Ciência em Ação
3. Construindo espaço e tempo:
“ O caráter cumulativo da ciência- grande divisor
entre nossa cultura científica e de todos os outros”
-Espaço e tempo- indissociáveis. No interior da
rede- (“construídas para mobilizar, acumular e
recombinar o mundo”
“Não devemos opor o conhecimento local dos
chineses ao conhecimento universal dos europeus,
mas apenas dois conhecimentos locais, só que um
tem forma de rede”
19. Ciência em Ação
-Etnobotânica x taxionomias universais.
- “Parece estranho, à primeira vista, afirmar que
espaço e tempo podem ser construídos localmente”
- ex. modelos de barragem em Roterdã.
- escala reduzida- laboratório de hidráulica “a ordem
do tempo de do espaço foi completamente refeita”
- Então: “Sabemos que eles não se estendem por
toda a parte” como se existisse um Grande Divisor
entre o conhecimento universal dos ocidentais e o
conhecimento local de todo o resto.
20. Ciência em Ação
• rede no interior- aperfeiçoamento a circulação –
material heterogêneo –com inúmeros elementos
(científicas, técnicas, econômicas, políticas e
administrativas).
• isto possibilita o CENTRO a dominar
espacialmente e cronologicamente a periferia.
21. Ciência em Ação
2. Qual é o cerne do formalismo.
a) Acabando com as teorias abstratas.
- ex. dir-se-ia que Lapérouse atua mais
abstratamente que os chineses.
- Teorias – “muito pior quando as teorias são
transformadas em objetos abstratos separados
dos elementos que interligam”
TEORIA- CIÊNCIA EXPERIMENTAL OU
EMPÍRICA.
22. Ciência em Ação
B) Porque as formas importam tanto.
CONSTRUIR O CENTRO- DOMINAR A
DISTÂNCIA- INSCRIÇÕES- INFORMAÇÃO-
FORMA DE ALGUMA COISA.
-Formas de gráficos.
- “os centros acabam por controlar o espaço e
tempo”.
- “quanto mais heterogêneos e dominadores os
centros mais formalismo exigirão, simplesmente
para se manterem coesos e conservar seu império”
23. Ciência em Ação
-Ciências naturais sociais.
- “As máquinas, por exemplo, são desenhadas,
escritas, discutidas e calculadas antes de serem
construídas. Ir da ‘ciência’ para a ‘tecnologia’ não é
ir um de mundo de papel para um mundo
desarrumado, graxento e concreto. É ir de um
trabalho em papel para outro em papel, de uma
central de cálculo para outra que reúne e maneja
mais cálculos de origens mais heterogêneas”