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Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
  Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas – ESAG
  Curso de Administração Pública
  Projeto de pesquisa: Uma investigação do capital social na comunidade da Costa da Lagoa


Data: 03/09/2010

PUTNAM, Robert D. Capital social e desempenho institucional. Comunidade e
Democracia: a experiência da Itália moderna. 5º edição. Rio de Janeiro: Fundação
Getulio Vargas Editora, 2006. Cap. 6, p. 173 – 194.


1) Resumo:

No capítulo VI, Putnam tem como objetivo relacionar a presença do capital social das
diferentes regiões da Itália, ao bom funcionamento das instituições. Inicialmente, Putnam
recorre à parábola de Hume que representa claramente o dilema central entre o espírito
cívico e a racionalidade. Putnam propõe que, a incapacidade de cooperação mútua pode
ocasionar resultados irracionais, e sugere existir um incentivo de ação individual que
corrompe o ideal coletivo em todas as demais situações hipotéticas apresentadas por ele,
assim, a falta de cooperação estaria ligada a ausência de confiança e a incerteza de que
o ato de cooperação seria retribuído.
        Segundo Putnam, o bom rendimento de todas as instituições da vida social
depende da solução de problemas relacionados com a falta de confiança. Por este
motivo, os indivíduos não são capazes de exercer uma ação coletiva, um compromisso
mútuo confiável e colocam a perder situações nas quais teriam benefícios caso houvesse
cooperação mútua. Putnam critica a solução proposta por Hobbes e Kropotkin, onde a
coerção de um terceiro seria a solução mais adequada. Contudo, para Putnam, a
imposição coercitiva tem um custo elevado, que seria a confiança da sociedade no uso da
força, que é sempre menos eficiente, mais custosa.
        O autor sugere que a cooperação e a confiança efetivam-se facilmente quando os
indivíduos se envolvem em práticas de convivência cívica, nas quais as regras que são
infringidas resultam em punições. A convivência cívica é a responsável pelo surgimento
de tradições e de instituições formais e Putnam preocupa-se em conhecer as condições
que fundamentam instituições formais capazes de superar o dilema da ação coletiva.
        Segundo Putnam, “Capital social diz respeito a características da organização
social, como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da
sociedade” (p.177). Capital social, em suma, é o conceito dado a relação baseada em
confiança e cooperação. Quanto maior a confiança e a conseqüente cooperação existente
entre os atores sociais, maior será o desenvolvimento econômico do local. Para Putnam,
a superação dos dilemas da ação coletiva depende das características do contexto social
em que está inserido, sendo a cooperação voluntária é mais provável em uma sociedade
onde há um bom estoque de capital social na forma de normas de reciprocidade e
empenho cívico.
        Em síntese, Putnam conclui que, a confiança que norteia a cooperação voluntária
na ação coletiva depende do capital social. A reciprocidade, redes de associativismo e
empenho cívico incentivam a confiança na sociedade e a colaboração, desde que
reduzem os incentivos às transgressões. Outra conclusão é que “o contexto social e
história condicionam profundamente o funcionamento das instituições. Quando o solo
regional é fértil, as regiões sustentam-se das tradições regionais, mas quando o solo é
ruim, as novas instituições definham.” (p.191). Ou seja, se a terra é fértil, as regiões
extraem sustentação das suas tradições, mas se a terra é pobre, as novas instituições

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são sufocadas ao nascer. A eficácia das instituições e a sua abertura aos cidadãos
dependem, na linguagem do humanismo civil, das virtudes e tradições republicanas.
Putnam afirma que, os governos democráticos e eficientes são reforçados e não
debilitados quando se confrontam com uma vigorosa comunidade cívica. Neste tipo de
comunidade, o consenso e as expectativas desenvolvem um papel essencial.

Palavras-chave:     Capital   social;   confiança;   reciprocidade;   engajamento     cívico;
democracia.


2) Citações principais do texto:

“A incapacidade de cooperar para o mútuo proveito não significa necessariamente
ignorância ou irracionalidade”. (p.173)

“indivíduos perfeitamente racionais podem produzir, sob certas circunstâncias, resultados
que não são ‘racionais’ do ponto de vista de todos os que estão envolvidos”. (p.174)

“Para haver cooperação é preciso não só confiar nos outros, mas também acreditar que
se goza da confiança dos outros”. (p.174)

“A cooperação voluntária é mais fácil numa comunidade que tenha herdado um bom
estoque de capital social sob a forma de regras de reciprocidade e sistemas de
participação cívica”. (p.177)

“O capital social facilita a cooperação espontânea”. (p177)

“A cadeia de relações sociais permite transmitir e disseminar confiança: confio em você
porque confio nela, e ela me garante que confia em você”. (p.178)

“Por ser um atributo da estrutura social em que se insere o indivíduo, o capital social não
é propriedade particular de nenhuma das pessoas que dele se beneficiam”. (p.180)

“Os sistemas de participação cívica são uma forma essencial de capital social: quanto
mais desenvolvidos forem esses sistemas numa comunidade, maior será a probabilidade
de que seus cidadãos sejam capazes de cooperar em benefício mútuo”. (p.183)
“quanto mais horizontalizada for a estrutura de uma organização, mais ela favorecerá o
desempenho institucional na comunidade em geral”. (p.185)

“Os estoques de capital social, como confiança, normas e sistemas de participação,
tendem a ser cumulativos e a reforçar-se mutuamente”. (p.186)

“A consciência que cada um tem de seu papel e de seus deveres como cidadão, aliada ao
compromisso com a igualdade política, constitui o cimento cultural da comunidade cívica”.
(p.192)

“Criar capital social não será fácil, mas é fundamental para fazer a democracia funcionar.”
(p.194)



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  Projeto de pesquisa: Uma investigação do capital social na comunidade da Costa da Lagoa

3) Contribuições que a obra pode oferecer à pesquisa da Costa da Lagoa:

       Devido às mudanças que vem ocorrendo na comunidade Costa da Lagoa, o estudo
que Putnam realizou nas regiões italianas, pode servir de parâmetro para analisar a
existência do capital social da comunidade Costa da Lagoa. De acordo com a pesquisa de
Putnam, a confiança, as regras de reciprocidade e o associativismo são reforçadores
responsáveis pelo bem estar coletivo e contribuem para a prosperidade política e
econômica da comunidade. Através dessas constatações torna-se necessário a
averiguação do engajamento cívico dos moradores da comunidade, para então avaliar o
crescimento ou declínio do teor de capital social presente na comunidade Costa da
Lagoa.




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Fichamento do capítulo 6 da obra "Comunidade e Democracia" de Putnam

  • 1. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas – ESAG Curso de Administração Pública Projeto de pesquisa: Uma investigação do capital social na comunidade da Costa da Lagoa Data: 03/09/2010 PUTNAM, Robert D. Capital social e desempenho institucional. Comunidade e Democracia: a experiência da Itália moderna. 5º edição. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas Editora, 2006. Cap. 6, p. 173 – 194. 1) Resumo: No capítulo VI, Putnam tem como objetivo relacionar a presença do capital social das diferentes regiões da Itália, ao bom funcionamento das instituições. Inicialmente, Putnam recorre à parábola de Hume que representa claramente o dilema central entre o espírito cívico e a racionalidade. Putnam propõe que, a incapacidade de cooperação mútua pode ocasionar resultados irracionais, e sugere existir um incentivo de ação individual que corrompe o ideal coletivo em todas as demais situações hipotéticas apresentadas por ele, assim, a falta de cooperação estaria ligada a ausência de confiança e a incerteza de que o ato de cooperação seria retribuído. Segundo Putnam, o bom rendimento de todas as instituições da vida social depende da solução de problemas relacionados com a falta de confiança. Por este motivo, os indivíduos não são capazes de exercer uma ação coletiva, um compromisso mútuo confiável e colocam a perder situações nas quais teriam benefícios caso houvesse cooperação mútua. Putnam critica a solução proposta por Hobbes e Kropotkin, onde a coerção de um terceiro seria a solução mais adequada. Contudo, para Putnam, a imposição coercitiva tem um custo elevado, que seria a confiança da sociedade no uso da força, que é sempre menos eficiente, mais custosa. O autor sugere que a cooperação e a confiança efetivam-se facilmente quando os indivíduos se envolvem em práticas de convivência cívica, nas quais as regras que são infringidas resultam em punições. A convivência cívica é a responsável pelo surgimento de tradições e de instituições formais e Putnam preocupa-se em conhecer as condições que fundamentam instituições formais capazes de superar o dilema da ação coletiva. Segundo Putnam, “Capital social diz respeito a características da organização social, como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade” (p.177). Capital social, em suma, é o conceito dado a relação baseada em confiança e cooperação. Quanto maior a confiança e a conseqüente cooperação existente entre os atores sociais, maior será o desenvolvimento econômico do local. Para Putnam, a superação dos dilemas da ação coletiva depende das características do contexto social em que está inserido, sendo a cooperação voluntária é mais provável em uma sociedade onde há um bom estoque de capital social na forma de normas de reciprocidade e empenho cívico. Em síntese, Putnam conclui que, a confiança que norteia a cooperação voluntária na ação coletiva depende do capital social. A reciprocidade, redes de associativismo e empenho cívico incentivam a confiança na sociedade e a colaboração, desde que reduzem os incentivos às transgressões. Outra conclusão é que “o contexto social e história condicionam profundamente o funcionamento das instituições. Quando o solo regional é fértil, as regiões sustentam-se das tradições regionais, mas quando o solo é ruim, as novas instituições definham.” (p.191). Ou seja, se a terra é fértil, as regiões extraem sustentação das suas tradições, mas se a terra é pobre, as novas instituições 3
  • 2. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas – ESAG Curso de Administração Pública Projeto de pesquisa: Uma investigação do capital social na comunidade da Costa da Lagoa são sufocadas ao nascer. A eficácia das instituições e a sua abertura aos cidadãos dependem, na linguagem do humanismo civil, das virtudes e tradições republicanas. Putnam afirma que, os governos democráticos e eficientes são reforçados e não debilitados quando se confrontam com uma vigorosa comunidade cívica. Neste tipo de comunidade, o consenso e as expectativas desenvolvem um papel essencial. Palavras-chave: Capital social; confiança; reciprocidade; engajamento cívico; democracia. 2) Citações principais do texto: “A incapacidade de cooperar para o mútuo proveito não significa necessariamente ignorância ou irracionalidade”. (p.173) “indivíduos perfeitamente racionais podem produzir, sob certas circunstâncias, resultados que não são ‘racionais’ do ponto de vista de todos os que estão envolvidos”. (p.174) “Para haver cooperação é preciso não só confiar nos outros, mas também acreditar que se goza da confiança dos outros”. (p.174) “A cooperação voluntária é mais fácil numa comunidade que tenha herdado um bom estoque de capital social sob a forma de regras de reciprocidade e sistemas de participação cívica”. (p.177) “O capital social facilita a cooperação espontânea”. (p177) “A cadeia de relações sociais permite transmitir e disseminar confiança: confio em você porque confio nela, e ela me garante que confia em você”. (p.178) “Por ser um atributo da estrutura social em que se insere o indivíduo, o capital social não é propriedade particular de nenhuma das pessoas que dele se beneficiam”. (p.180) “Os sistemas de participação cívica são uma forma essencial de capital social: quanto mais desenvolvidos forem esses sistemas numa comunidade, maior será a probabilidade de que seus cidadãos sejam capazes de cooperar em benefício mútuo”. (p.183) “quanto mais horizontalizada for a estrutura de uma organização, mais ela favorecerá o desempenho institucional na comunidade em geral”. (p.185) “Os estoques de capital social, como confiança, normas e sistemas de participação, tendem a ser cumulativos e a reforçar-se mutuamente”. (p.186) “A consciência que cada um tem de seu papel e de seus deveres como cidadão, aliada ao compromisso com a igualdade política, constitui o cimento cultural da comunidade cívica”. (p.192) “Criar capital social não será fácil, mas é fundamental para fazer a democracia funcionar.” (p.194) 3
  • 3. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas – ESAG Curso de Administração Pública Projeto de pesquisa: Uma investigação do capital social na comunidade da Costa da Lagoa 3) Contribuições que a obra pode oferecer à pesquisa da Costa da Lagoa: Devido às mudanças que vem ocorrendo na comunidade Costa da Lagoa, o estudo que Putnam realizou nas regiões italianas, pode servir de parâmetro para analisar a existência do capital social da comunidade Costa da Lagoa. De acordo com a pesquisa de Putnam, a confiança, as regras de reciprocidade e o associativismo são reforçadores responsáveis pelo bem estar coletivo e contribuem para a prosperidade política e econômica da comunidade. Através dessas constatações torna-se necessário a averiguação do engajamento cívico dos moradores da comunidade, para então avaliar o crescimento ou declínio do teor de capital social presente na comunidade Costa da Lagoa. 3