O documento descreve o sistema de tolerâncias e ajustes ISO, definindo termos como dimensão nominal, tolerância, classes de tolerância e tipos de ajustes. Explica como representar graficamente as tolerâncias através de campos de tolerância e como cotar as peças indicando os valores dos desvios. Fornece tabelas com valores dos graus de tolerância padrão e afastamentos fundamentais.
1. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
TOLERÂNCIAS E AJUSTES (SISTEMA ISO)
NBR 6158
GENERALIDADES
O sistema ISO de tolerâncias e ajustes é
relativo às tolerâncias para dimensões de peças
uniformes e os ajustes correspondem a sua
montagem.
Para simplificar, somente as peças de seção
circular são previstas explicitamente.
No entanto tudo que se diz a respeito deste tipo
de peças aplica-se integralmente a todas peças
uniformes.
Em particular “furo” e “eixo” são termos
convencionalmente utilizados para designar
características internas ou externas de uma peça
qualquer: largura de um rasgo, espessura de uma
chaveta, etc.
TOLERÂNCIA
Pela inevitável imprecisão dos processos de
fabricação, uma peça não pode ser executada
rigorosamente a um dimensão fixa, mas para que
ela cumpra a sua função, é suficiente que ela
esteja entre dois limites admissíveis e a diferença
entre eles constitui a tolerância.
DEFINIÇÕES
Dimensão
Número que expressa em uma unidade
particular o valor numérico de uma dimensão
linear.
Dimensão nominal
Dimensão a partir da qual são derivadas as
dimensões limites pela aplicação dos afastamentos
superior e inferior.
Dimensão efetiva
Dimensão de um elemento obtido pela medição.
Dimensões limites
Dimensões máxima e mínima admissíveis de
um elemento dentre as quais se encontra a
dimensão efetiva.
Elemento
Parte em observação de uma peça.
Afastamentos fundamentais
Diferença algébrica entre uma dimensão
(dimensão efetiva, dimensão limite, etc.) e a
correspondente dimensão nominal.
Afastamento superior
Furo: ES = Dmax - Dnom
Eixo: es = Dmax - Dnom
Afastamento inferior
Furo: EI = Dmin - Dnom
Eixo: ei = Dmin - Dnom
Afastamento fundamental
Afastamento que define a posição do campo de
tolerância com base na linha zero.
Linha zero
Na representação gráfica é a materialização da
cota nominal.
Por convenção, já que a linha zero é uma reta
desenhada horizontalmente, os afastamentos
positivos são mostrados acima e os negativos
abaixo da mesma.
Campos de tolerância
Em uma representação gráfica das tolerâncias,
é o campo compreendido entre as duas linhas,
representando as dimensões máxima e mínima, é
definido pela magnitude da tolerância e sua
posição relativa à linha zero.
38
2. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
TOLERÂNCIAS E AJUSTES (SISTEMA ISO)
NBR 6158
TOLERÂNCIA
Diferença entre a dimensão máxima e a mínima,
ou seja, diferença entre o afastamento superior e o
afastamento inferior.
A tolerância é um valor absoluto, sem sinal.
Tolerância padrão (IT)
Qualquer tolerância pertencente a este sistema.
O símbolo IT significa International Tolerance
Graus de tolerância padrão (IT)
Grupo de tolerâncias considerado como
correspondente ao mesmo nível de precisão para
todas as dimensões nominais. Os graus de
tolerância padrão são designados pelas letras IT e
por um número.
O sistema prevê um total de 20 graus de
tolerância padrão, IT1, IT2, ..., IT18 são de uso
geral. IT01 e IT0 são dadas para fim de
informação.
Valores dos graus de tolerância padrão.
Para furos e eixos, ver tabela 1.
Posição dos campos de tolerância
A posição é definida pelo valor normalizado dos
afastamentos fundamentais e é função da
dimensão nominal, mas na maioria dos casos a
posição do campo de tolerância é independente do
grau de tolerância padrão.
Furos
O valor do afastamento fundamental é
representado por letras maiúsculas (uma, ou por
vezes duas) A, B, C, CD, ..., Z, ZA, ZB, ZC.
Eixos
O valor do afastamento fundamental é
representado por letras minúsculas (uma, ou por
vezes duas) a, b, c, cd, ..., z, za, zb, zc.
Observações:
ƒ O afastamento fundamental é nulo para as
posições H e h.
ƒ As letras I, i, L, l, O, o, Q, q, não são usados
para evitar confusão com 1 ou 0 (zero).
ƒ Para JS e js : afastamentos limites ( ES e EI ou
es e ei ) são iguais ao grau de tolerância
padrão dividido por dois, ou seja, + ITn/2
ƒ O quadro ao lado apresenta a representação
esquemática dos afastamentos fundamentais.
Valores dos afastamentos fundamentais.
Para eixos, ver tabela 2.
Para furos, ver tabela 3.
39
3. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
TOLERÂNCIAS E AJUSTES (SISTEMA ISO)
NBR 6158
Classe de tolerância
Combinação de letras representando o afastamento fundamental, seguida por um número
representando o grau de tolerância padrão. Exemplo: H7 (furos), h7 (eixos).
Valores dos afastamentos superior e inferior
Ver tabelas das páginas 8 e 9.
Eixos Furos
ei = es – IT ou es = ei + IT ES = EI + IT ou EI = ES – IT
AJUSTES
Relação resultante da diferença, antes da montagem, entre as dimensões de dois elementos a serem
montados.
Ajuste com folga
Ajuste no qual sempre ocorre uma folga entre o
furo e o eixo quando montados, isto é, a dimensão
mínima do furo é sempre maior ou, em caso
extremo, igual à dimensão máxima do eixo.
Ajuste com interferência
Ajuste no qual ocorre uma interferência entre o
furo e o eixo quando montados, isto é, a dimensão
máxima do furo é sempre menor ou, em caso
extremo, igual à dimensão mínima do eixo.
Ajuste incerto
Ajuste no qual pode ocorrer uma interferência ou
uma folga entre o furo e o eixo quando montados,
dependendo das dimensões efetivas do furo e do
eixo, isto é, os campos de tolerância do furo e do
eixo se sobrepõem parcialmente ou totalmente.
SISTEMA DE AJUSTES
Sistema compreendendo eixos e furos
pertencentes a um sistema de tolerâncias.
Eixo-base
Sistema de ajustes no qual as folgas ou
interferências exigidas são obtidas pela associação
de furos de várias classes de tolerâncias com eixos
de uma única classe de tolerância. Neste sistema a
dimensão do eixo é idêntica à dimensão nominal,
isto é, o afastamento superior é zero.
Furo-base
Sistema de ajustes no qual as folgas ou
interferências exigidas são obtidas pela associação
de eixos de várias classes de tolerâncias com furos
de uma única classe de tolerância. Neste sistema a
dimensão mínima do furo é idêntica à dimensão
nominal, isto é, o afastamento inferior é zero.
40
4. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
41
COTAÇÃO
As tolerâncias devem ser escritas imediatamente após a cota nominal, acima e levemente
destacadas da linha de cota, disposta de modo a serem lida pela base ou pelo lado direito do desenho e com
caracteres de altura menor que os da cota. No desenho as folgas jamais são representadas.
Se as tolerâncias são indicadas por símbolos ISO os
elementos da cota devem ser escritos na seguinte ordem: cota
nominal - símbolo ISO - valores dos desvios, entre parênteses, se
necessário.
Os desvios devem ser escritos um sobre o outro, levando
em consideração que se deve escrever o desvio superior acima e o
desvio inferior abaixo, seja para os furos como para os eixos.
Nos desenhos de fabricação é conveniente indicar, além do
símbolo ISO da tolerância, também o valor dos desvios.
Se as tolerâncias são indicadas mediante valores
numéricos os elementos da cota devem ser escritos na seguinte
ordem: cota nominal - valores dos desvios.
Os desvios devem ser escritos um sobre o outro, levando-
se em consideração que se deve escrever o desvio superior acima
e o desvio inferior abaixo, tanto para furos como para eixos.
Se os desvios da tolerância estão dispostos simetricamente
em relação à cota nominal, escreve-se uma só vez o valor absoluto
dos dois desvios precedidos pelo sinal ±.
Os desvios são, em regra, indicados na mesma unidade de
medida da cota nominal.
Se os desvios são indicados com unidade de medida
diferente da adotada para a cota nominal, deve ser escrita em
seguida aos valores dos desvios a unidade supra e indicar a
unidade de medida também após a dimensão nominal.
5. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
AJUSTES USUALMENTE UTILIZADOS
Furos
H6 H7 H8 H9 H11Casos para emprego
Eixos
(afastamento)
Eixos (IT)
c 9 11Peça onde o funcionamento necessite de uma
grande folga. (dilatação, mau alinhamento, etc) d 9 11
e 7 8 9Casos comuns de peças que giraram ou
deslizam em anéis ou guias. (deve-se assegurar
boa lubrificação) f 6 6-7 7
Peçasmóveisumaem
relaçãoàoutra
Peças com guia precisa para movimentos de
pequena amplitude
g 5 6
h 5 6 7 8Montagem
possível à
mão js 5 6
k 5
Desmontagem
e remontagem
possível sem
danificar as
peças
O acoplamento
não pode
transmitir
esforços Montagem
por golpe m 6
Montagem
com prensa
p 6
s 7
u 7
x 7
Peçasimóveisumaemrelaçãoàoutra
Desmontagem
impossível sem
danificar as
peças
O acoplamento
pode transmitir
esforços
Montagem
com prensa
ou por
dilatação
z 7
Graus de tolerância padrão mais utilizados
42
7. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
44
TABELA 2 – Afastamentos fundamentais para eixos
8. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
45
TABELA 3 – Afastamentos fundamentais para furos
9. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
TOLERÂNCIAS E AJUSTES (SISTEMA ISO)
NBR 6158
EXEMPLOS DE CÁLCULO DE AJUSTES
Acoplamento 45 H8/g7
Dimensão nominal: D = d = 45 mm
Furo:45 H8
Grau de tolerância padrão: IT8 = 39 Pm = 0,039 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = ES-EI
Afastamento inferior: EI = 0 (Tab. 3)
Afastamento Superior: ES = 38 Pm = 0,038 mm
Eixo:45 g7
Grau de tolerância padrão: IT7 = 25 Pm = 0,025 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = es-ei
Afastamento Superior: es = -9 Pm = 0,009 mm (Tab. 2)
Afastamento inferior: ei = -34 Pm = 0,034 mm
Ajuste 45 H8/g7 - Ajuste com folga
Fmax = ES – ei = 39 – (-34)= 73 Pm = 0,073 mm
Fmin = EI – es = 0 – (-9)= 9 Pm = 0,009 mm
Acoplamento 30 G7/k6
Dimensão nominal: D = d = 30 mm
Furo:30 G7
Grau de tolerância padrão: IT7 = 21 Pm = 0,021 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = ES-EI
Afastamento inferior: EI = 7 (Tab. 3)
Afastamento Superior: ES = 28 Pm = 0,028 mm
Eixo:30 k6
Grau de tolerância padrão: IT6 = 13 Pm = 0,013 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = es-ei
Afastamento Superior: es = 15 Pm = 0,015 mm
Afastamento inferior: ei = 2 Pm = 0,002 mm (Tab. 2)
Ajuste 30 G7/k6 – Ajuste Incerto
Fmax = ES – ei = 28-2 = 26 Pm = 0,026 mm
Imax = es – EI = 15 – 7= 8 Pm = 0,008 mm
Acoplamento 120 K8/js7
Dimensão nominal: D = d = 30 mm
Furo:120 K8 (Regra especial para furos)
Grau de tolerância padrão: IT8 = 54 Pm = 0,054 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = ES-EI
Afastamento Superior: ES = -3 + ' -3+19 = 16 Pm (Tab 3)
Afastamento Inferior: EI = 38 Pm = 0,038 mm
Eixo:120 js7
Grau de tolerância padrão: IT7 = 35 Pm = 0,035 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = es-ei
Afastamento Superior: es = IT7/2= 35/2 = 17Pm = 0,017 mm
Afastamento inferior: ei =- IT7/2= -35/2 = -17Pm =- 0,017 mm
Ajuste 120 K8/js7 – Ajuste Incerto
Fmax = ES – ei = 16-(-17) = 33 Pm = 0,033 mm
Imax = es – EI = 17 –(-38) = 55 Pm = 0,055 mm
46
10. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
TOLERÂNCIAS E AJUSTES (SISTEMA ISO)
NBR 6158
EXEMPLOS DE CÁLCULO DE AJUSTES
Acoplamento 22 E6/k5
Dimensão nominal: D = d = 22 mm
Furo:22 E6
Grau de tolerância padrão: IT6 = 13 Pm = 0,013 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = ES-EI
Afastamento inferior: EI = 40 Pm = 0,040 mm (Tab. 3)
Afastamento Superior: ES = 53 Pm = 0,053 mm
Eixo:22 k5
Grau de tolerância padrão: IT5 = 9 Pm = 0,009 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = es-ei
Afastamento inferior: ei = 2 Pm = 0,002 mm (Tab 2)
Afastamento Superior: es = 11 Pm = 0,011 mm
Ajuste 22 E6/k5 - Ajuste com folga
Fmax = ES – ei = 53 –2 = 51 Pm = 0,051 mm
Fmin = EI – es = 40 – 11= 29 Pm = 0,029 mm
Acoplamento 850 H8/g7
Dimensão nominal: D = d = 850 mm
Furo:850 H8
Grau de tolerância padrão: IT8 = 140 Pm = 0,140 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = ES-EI
Afastamento inferior: EI = 0 (Tab. 3)
Afastamento Superior: ES = 140 Pm = 0,140 mm
Eixo:850 g7
Grau de tolerância padrão: IT7 = 90 Pm = 0,090 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = es-ei
Afastamento Superior: es = -26 Pm = -0,026 mm (Tab. 2)
Afastamento inferior: ei = -116 Pm = 0,116 mm
Ajuste 850 H8/g7 - Ajuste com folga
Fmax = ES – ei = 140 – (-116)= 256 Pm = 0,256 mm
Fmin = EI – es = 0 – (-26)= 26 Pm = 0,026 mm
Acoplamento 1500 G7/k7
Dimensão nominal: D = d = 1500 mm
Furo:1500 G7
Grau de tolerância padrão: IT7 = 125 Pm = 0,125 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = ES-EI
Afastamento Inferior: EI = 30 Pm = 0,030 mm (Tab 3)
Afastamento Superior: ES = 155 Pm = 0,155 mm
Eixo:1500 k7
Grau de tolerância padrão: IT7 = 125 Pm = 0,125 mm (Tab. 1)
Calculo do afastamento: T = es-ei
Afastamento inferior: ei = 0 (Tab 2)
Afastamento Superior: es = 125 Pm = 0,125 mm
Ajuste 1500 G7/k7 – Ajuste Incerto
Fmax = ES – ei = 155-0 = 155 Pm = 0,155 mm
Imax = es – EI = 125 –30 = 95 Pm = 0,095 mm
47
11. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
EXERCÍCIOS
Cavilha de centragem
Referencia com pino
Cavilha de centragem
48
12. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
EXERCÍCIOS
Ajuste Biela-bronzina
Chave e cabeça parafuso
Ponteiro
49
13. DESENHO TÉCNICO II Cláudio da Silva Andretta
Rosangela De Sordi Afonso
Valdemir Alves Junior
50
EXERCÍCIOS
Engrenagem motriz
Engrenagem louca
Polia lisa