Maria Flor, aos 30 anos, estreia como diretora da série Só Garotas depois de ter se destacado como atriz. Ela explica que a série surgiu de uma ideia sua e de amigas para escreverem histórias sobre mulheres cariocas. Como diretora, seu maior desafio foi gravar 13 episódios em 4 semanas, e ela descobriu gostar de olhar para todos os aspectos da produção, não só a atuação.
1. FOTO:FABIOCORDEIRO/ED.GLOBO
Aos 30 anos, ela se aventura pela primeira vez como
diretora da série Só Garotas, depois de ter se consagrado
como atriz na televisão e no cinema
Mil e uma
facetas
Comosurgiuaideiadefazeressasérie?
Na verdade, a série foi uma ideia minha
com mais duas amigas. Começamos a
nos encontrar uma vez por semana para
escrever histórias engraçadas sobre nós
e sobre nossas amigas, e conversar um
pouco sobre o mundo feminino carioca.
A gente começou a escrever e um dia
apresentei o projeto ao canal.
Porqueaescolhade,destavez,ficar
atrásdascâmeras?
Estou envolvida mais na parte de criação
do programa e senti que poderia acres-
ILHA DE UMA ROTEIRISTA
e de um técnico de som de
cinema, Maria Flor desde ce-
do se acostumou às câmeras.
Não é à toa que em pouco
mais de dez anos de carreira,
ela tenha conseguido papéis de desta-
que, como a protagonista da série Aline
e a participação no longa 360 (2011), de
Fernando Meirelles, no qual contrace-
nou com o galês Anthony Hopkins.
Hoje, a carioca se arrisca em mais
um importante papel: o de diretora.
Atrás das câmeras,
ela comanda a série
Só Garotas, sobre as
situações cômicas e
dramáticas da vida de
quatro jovens do Rio de
Janeiro, que conta no elenco com Flora
Diegues, Vitória Frate, Julia Stockler e
Liliana Castro. Em entrevista exclusi-
va à MONET, a artista contou como
amadureceu como profissional e o que
espera da carreira.
de serem quatro meninas, cada uma
com a sua questão na vida, cada uma
com o seu romance. Acho também que
o humor da gente é inspirado muito em
Girls, mas Só Garotas é uma produção
menor, muito mais familiar, e tem a
cara das atrizes que a fizeram, tem a
minha cara, tem a cara das roteiristas.
Temalgumdiretordetelevisãoou
cinemanoqualvocêseinspirououse
espelhouparadirigirasérie?
Todos os diretores com quem trabalhei
me inspiraram muito. Mas há dois
que não conheço, só assisti aos seus
trabalhos, que brinco que são quem eu
gostaria de ser. A Sofia Coppola por um
lado, e o [John] Cassavetes por outro.
Vocêfezcinema,novelasnaTVaberta,
protagonizouasérieAlineeagoraé
diretoradeSóGarotas.Entretodoses-
sespapéisquejáassumiu,qualéoseu
preferidoequaléomaisdifícil?
São funções muito diferentes. A função
de diretora é muito diplomata e, ao
mesmo tempo, carismática para fazer
com que as pessoas briguem pelo seu
projeto. Porque o cinema é, na verdade,
uma função muito solitária, você preci-
sa fazer com que as pessoas estejam do
seu lado e comprem a sua briga, façam
aquilo porque gostam do projeto. É uma
coisa muito diferente de ser atriz. Ser
atriz é uma função ao mesmo tempo
solitária e muito criativa, muito sonha-
dora. São coisas muito diferentes. Não
tenho como dizer do que eu gosto mais.
Gosto de tudo. Gosto de estar traba-
lhando, de estar criando, essa é a minha
motivação. Gosto do processo de fazer,
porque você aprende fazendo.
Quaissãoosprojetosparaesteano,
alémdeSóGarotas?
Tem O Rebu [próxima novela do diretor
José Luiz Villamarim], e vou fazer o filme
do José Eduardo Belmonte [chamado A
Magia do Mundo Quebrado], que já era
um diretor com quem eu queria muito
trabalhar, corri muito atrás dele.
Qualéoseuobjetivonacarreira?Para
ondevocêestáselevando?
Não faço a menor ideia. Gostaria de di-
rigir um longa nos próximos dois anos.
É uma coisa que gostaria muito de fazer.
Acho que, como atriz, graças a Deus, e
graças a um investimento meu também,
sempre fui muito feliz, sempre trabalhei
com diretores que queria trabalhar.
centar muito mais como criadora, como
diretora, como roteirista, do que como
atriz. Também acho que as personagens
tinham que ser um pouco mais jovens.
Qualfoiomaiordesafiodessetrabalho?
Foram tantos desafios. Acho que dirigir
é um conjunto de coisas. Tem que ter
firmeza das suas decisões, delicadeza
com as pessoas, clareza de fazer as
pessoas entenderem o que você quer e o
que você espera delas. O processo todo
foi um grande desafio. Mas acho que
cumpri o plano: consegui fazer em qua-
tro semanas 13 episódios de 24 minu-
tos. Acho que esse foi o maior desafio.
Você se surpreendeu consigo mesma
durante as gravações? Descobriu
alguma habilidade que não imaginava
possuir depois de estrear na direção?
Você cria uma visão do processo todo
que é muito interessante. Porque, como
ator, você decora o texto, pensa no seu
personagem, nos personagens com os
quais você se relaciona em cena, e na
história. Acaba dando o seu depoimento
como ator e servindo à história. E quan-
do você é diretor, tem que olhar não só
para os atores, não só para cada perso-
nagem, como também para a direção de
arte, para o figurino, se a coreografia é
aquilo que você esperava, se o plano é
aquele que você gostaria que fosse. Você
é o responsável pelo todo, pelo conjun-
to da obra e não só por uma parcela.
Descobri que tenho essa visão.
Só Garotas é muito parecida com
Girls,sérieamericanacriadaporLena
Dunham. Foiumainspiração?
Girls é nossa grande inspiração. Tem
muita coisa que a gente traz de lá; o fato
por RaquelTemistocles
[ MARIA FLOR ]
F
SÓ GAROTAS
I A PARTIR DO DIA
9,QUARTAS,21H30,
MULTISHOW,42 E
542 (HD)
32+Mo net+ABRIL
133PingMariaFlor.indd 32 18/03/2014 18:19:59
2. GOSTO DE ESTAR
TRABALHANDO,DE
ESTAR CRIANDO,
ESSA É A MINHA
MOTIVAÇÃO.
GOSTO DO
PROCESSO DE
FAZER,PORQUE
VOCÊ APRENDE
FAZENDO”
ABR IL+ Mon et+ 3 3
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