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A UA U L A
     L A

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             O globo em jornal


                                            N   esta aula vamos aprender que existem
             muitas diferenças e semelhanças entre as nações que formam o mundo atual
                                                                                 atual.
                 Vamos verificar que a expansão do mercado mundial e o desenvolvi-
             mento de novas tecnologias levou à substituição do conflito entre as
             economias centralmente planificadas do Leste e as economias de mercado
             do Oeste pelo grande fosso que separa os países industrializados do Norte
             dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos do Sul.




                 Ana trabalha na editoria internacional de um grande jornal de circulação
             nacional. Todos os dias, centenas de informações são enviadas por agências
             de notícias e devem ser selecionadas para compor as matérias que sairão
             no jornal.
                 Ana atua em conjunto com Rosa, que é a editora responsável pelo fecha-
             mento da pauta de notícias internacionais.
                 Todos os dias, elas devem processar as informações recebidas, decidir
             quais serão publicadas e, em alguns casos, realizar pesquisas para fazer
             reportagens mais detalhadas sobre problemas que afetam o mundo atual.
                 Hoje elas estão discutindo uma reportagem que vai avaliar as mudanças
             acontecidas na Europa Oriental desde a queda do muro de Berlim, em 1989.
                 Ana comenta com Rosa:
                 - O mundo mudou muito, nesses últimos anos. Quem diria que a União
             Soviética deixaria de existir como potência mundial! Quem diria que, da noite
             para o dia, as economias do Leste europeu passariam a se orientar pelas regras
             do mercado mundial!
                 - É verdade - responde Rosa. - A queda do muro de Berlim produziu
             uma reviravolta tão grande que muitos dizem que o século XX acabou naquela
             noite. A União Soviética, que durante mais de oitenta anos representou o
             planejamento estatal centralizado, desmoronou diante do mercado mundial
             em expansão.
A Guerra Fria foi uma disputa entre as duas grandes potências mundiais            A U L A
- os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) - pela expansão de suas respectivas áreas de influência
                                                                influência.
    Esse conflito, iniciado ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, marcou         41
a geografia do mundo contemporâneo.
    No período, a Europa foi dividida em duas grandes zonas: de um lado, a
Europa Ocidental alinhada com os EUA e composta por países como a
          Ocidental,
Inglaterra, França, Alemanha Ocidental e Itália, entre outros.
    Do outro lado estava a Europa Oriental alinhada com a URSS e formada,
                                      Oriental,
entre outros países, pela Polônia, Tchecoslováquia, Hungria ou da Alemanha
Oriental.




    Durante o período da Guerra Fria, ocorreram conflitos localizados em várias
partes do mundo - a guerra da Coréia, a guerra do Vietnã e as guerras de libertação
nacional nos países africanos, como Argélia e Angola. Entretanto, jamais houve
um enfrentamento direto entre as duas grandes potências, que dispunham de um
arsenal nuclear capaz de destruir muitas vezes o planeta Terra.
    No mesmo período, muitas nações novas apareceram no cenário mundial.
São países conhecidos e muito presentes nas páginas de jornal, como Israel,
Vietnã, Moçambique, Afeganistão ou as Coréias do Norte e do Sul, ou desconhe-
cidos para a maioria das pessoas, como Burkina Fasso, Ilhas Comores, Vonuatu
e Zimbábue, entre outros.
    Se, de um lado, o planeta assistia ao nascimento de muitas pequenas
nações, de outro assistiu à expansão das trocas internacionais em escala
jamais atingida em toda a história da humanidade. Boa parte dessa impressi-
onante expansão do comércio entre os países deve-se ao crescimento do papel
desempenhado pelas empresas multinacionais isto é, aquelas que operam
                                  multinacionais,
em diversos mercados nacionais.
A U L A       São exemplos de empresas multinacionais as grandes montadoras de auto-
                 móveis e caminhões que operam no Brasil. A Ford, a General Motors, a Volkswagen

       41        e a Fiat estão presentes em vários países, não apenas com seus produtos, mas
                 também com suas fábricas e escritórios de representação e vendas.
                     Dividindo as diversas fases da produção entre diferentes países, transpor-
                 tando as peças e os componentes entre eles, as grandes empresas multinacionais
                 contribuíram decisivamente para aumentar a circulação internacional de mer-
                 cadorias e para ampliar as dimensões do mercado mundialmundial.
                     Esse mercado foi muito abalado com
                 os choques do petróleo durante a dé-
                                  petróleo,
                 cada de 70. Isso acelerou o processo de
                 mudança dos tipos de mercadorias em
                 circulação. Passaram a predominar no
                 mercado mundial as mercadorias que
                 tinham maior participação de tecno -
                                                   tecno-
                 logias avançadas em seu custo, o que
                 diminuiu a importância relativa das
                 matérias-primas e da energia
                                        energia.
                     Todas essas mudanças deflagraram
                 uma verdadeira corrida entre as gran-
                 des empresas multinacionais dos Esta-
                 dos Unidos, da Alemanha e do Japão,
                 que buscavam manter e ampliar suas
                 posições no mercado mundial. Isso des-
                 locou a Guerra Fria do campo militar
                 para o campo tecnológico. Nesse caso, os “exércitos” seriam formados por
                 funcionários das grandes corporações espalhados pelo mundo.
                     A corrida tecnológica revelou as fragilidades da economia da URSS e de seus
                 aliados do Leste europeu. Sua estrutura de planejamento estatal centralizado
                 ficou obsoleta e não foi capaz de acompanhar o desenvolvimento de novas
                 tecnologias - principalmente as tecnologias de telecomunicações e de aplicação
                 de computadores em todas as fases da produção e da administração.
Queda do muro        Por que o planejamento estatal centralizado fracassou, enquanto o mercado
de Berlim        mundial ampliou sua orbita de influência no planeta? Essa é uma questão
                                                         complicada.Um ponto de partida que
                                                         nos ajuda a compreender essas mudan-
                                                         ças é o fato de que a URSS e os países do
                                                         Leste europeu foram incapazes de solu-
                                                         cionar os seus conflitos internos - por
                                                         exemplo, as disputas de nacionalidade
                                                         entre os diferentes povos que os compu-
                                                         nham, e também os conflitos entre os
                                                         que foram favorecidos pelo Estado, isto
                                                         é, os altos funcionários, e o povo, que era
                                                         obrigado a fazer longas filas para adqui-
                                                         rir os produtos mais elementares.
                                                              O certo é que o sistema soviético
                                                         desmoronou do dia para noite por seus
                                                         problemas internos. Isso fez vir à tona a
                                                         ineficácia dos burocratas e o ódio acu-
                                                         mulado pelas nacionalidades que bus-
                                                         cavam autonomia.
Exemplo desse ódio é a guerra de extermínio entre sérvios, croatas e        A U L A
bósnios depois da dissolução da Iugoslávia. Sérvios, croatas e bósnios são os
povos que formavam aquele país, junto com os macedônios e eslovênios.
      O final da URSS e da Guerra Fria não acabou com as tensões intenacionais    41
nesta virada para o século XXI. O desenvolvimento de novas tecnologias,
com novos produtos e de novas maneiras de produzi-los, cada vez mais
dependentes do conhecimento técnico, ampliou o fosso que separava as
nações industrializadas do Norte dos países em desenvolvimento e subde-
senvolvidos do Sul.
      O conflito Norte-Sul nasce da brutal desigualdade que existe entre os
níveis de desenvolvimento humano apresentados pelos países industrializa-
dos e o restante das nações do planeta. Isso aparece na esperança média de
vida. Nas economias avançadas, essa esperança está em torno de 76 anos; nos
países subdesenvolvidos, não atinge 60 anos.
      Também aparece nos níveis de alfabetização, que no Norte estão próximos
dos 100% e, no Sul, sequer atingem 75% dos habitantes. O acesso da população
em idade escolar ao ensino secundário é de 80% nos países industrializados e
sequer atinge 25% nas nações subdesenvolvidas.
      O problema central é que a distância que separa o Norte do Sul está
aumentando rapidamente. Os países industrializados já detêm cerca de dois
terços do comércio internacional de produtos de alta tecnologia, que repre-
senta a parcela que mais cresce do mercado mundial. Cabe aos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento o papel de fornecedores de maté-
rias-primas e energia, cujos preços e a participação, nesse mesmo mercado,
são declinantes.
      A formação dos novos blocos geopolíticos e de suas respectivas áreas de
influência - os Estados Unidos e o Nafta, a União Européia e a Europa do leste,
o Japão e os chamados Tigres
Asiáticos - está contribuíndo
para dividir o mercado mundial
em zonas comerciais privilegi-
adas.
adas
      Só alguns países têm acesso
a elas: os demais ocupam posi-
ção secundária ou ficam sumari-
amente excluídos das trocas in-
ternacionais.
      Essa enorme diferença nos ní-
veis de desenvolvimento é o que
explica as novas migrações inter-
nacionais, por meio das quais os
pobres do Sul tentam encontrar o
caminho de sua sobrevivência nos
países do Norte.
      É isso o que explica as levas de
brasileiros que partem para traba-
lhar nos EUA, na Europa Ociden-
tal e no Japão, assim como as levas
de africanos, asiáticos e latino-
americanos que também buscam
alternativas de trabalho nas zonas
comerciais privilegiadas.
A U L A       Neste módulo que estamos iniciando agora, vamos estudar o mapa do
          mundo depois da queda do muro de Berlim. Vamos verificar que a globalização

41        está aumentando a distância entre países ricos e países pobres, ao mesmo
          tempo em que fecha as possibilidades de acesso do Sul aos frutos do desenvol-
          vimento - seja criando zonas econômicas privilegiadas, seja bloqueando o
          acesso da população que busca nas migrações internacionais uma alternativa
          de sobrevivência.




            Nova ordem mundial cria Império do
              Norte contra “bárbaros” do Sul
           Apesar dos conflitos entre os novos blocos ricos, todos se unem contra a invasão da miséria

           Cai o Muro de Berlim. Acaba o comunismo.        Cabe ao império manter sua identidade defenden-
           Uma nova ordem mundial, mais “doce e gen-       do-se deles. Entre “civilizados” e “bárbaros” cria-
           til”, se abre para os países desenvolvidos do   se, então, um abismo que separa tudo: o “lime”.
           Norte. Mas todo império não consegue encarar    Esta idéia é fundamental para o império. É ela
           o vazio. (...)                                  que define seus limites. Os valores não são os
           Em silêncio, um novo período surge no paraíso   mesmos de um lado e de outro dos “limes”.
           ocidental: os “novos bárbaros”. (...)           Dentro, a lei, o direito, a ordem. Fora, o perigo.

              Folha de S. Paulo, 28 de outubro de 1991




              Nesta aula vimos que a Guerra Fria marcou a geografia do mundo contem-
          porâneo e que, durante esse conflito, muitas nações novas apareceram no
          cenário mundial.
              Vimos também que, na mesma época, o mundo assistiu à expansão das
          trocas internacionais em escala jamais vista na história da humanidade, devido
                                                                     multinacionais.
          ao crescimento do papel desempenhado pelas empresas multinacionais
              A incapacidade de acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias
                                                                            tecnologias,
          principalmente as de telecomunicações e de aplicação de computadores, acele-
          rou o fim da URSS e da Guerra Fria. Mas isso não acabou com as tensões
          internacionais nesta virada para o século XXI.
              O desenvolvimento de novas tecnologias amplia o fosso que separava as
          nações industrializadas do Norte dos países em desenvolvimento e subdesen-
          volvidos do Sul.
              O conflito Norte-Sul nasce da brutal desigualdade que existe entre os níveis
          de desenvolvimento humano apresentados pelos países industrializados e o
          restante das nações do planeta. A distância que separa o Norte do Sul está
          aumentando rapidamente.
Exercício 1                                                                                               A U L A
   Complete o quadro abaixo, indicando:
   a) a que continente pertence cada país mencionado na coluna à esquerda;
   b) a que nível de desenvolvimento (países industrializados, países em                                  41
      vias de desenvolvimento ou países subdesenvolvidos) pertencem hoje.

             PAÍS                          CONTINENTE                     BLOCO ECONÔMICO
         Coréia do Sul
         Moçambique
         África do Sul
          Austrália



Exercício 2
   Pense no quadro acima e responda: a que bloco econômico pertence o Brasil?


Exercício 3
   a) Com a ajuda de um mapa, localize e cite os novos Estados da extinta
      Iugoslávia.
   b) Localize os seguintes países: Ucrânia, Cazaquistão e Rússia. Responda: a
      que Estado pertenciam?


Exercício 4
   Complete a segunda coluna de acordo com a primeira:

    a)   Potências mundiais                              ( ) Estados Unidos da América
    b)   EUA                                             ( ) União das Repúblicas Socia-
    c)   Planejamento estatal centralizado                   listas Soviéticas
    d)   Empresas multinacionais                         ( ) Poderio econômico e militar
    e)   URSS                                            ( ) Operam em diferentes mer-
                                                             cados em diversos países
                                                         ( ) Organização econômica da
                                                             extinta URSS e do leste euro-
                                                             peu


Exercício 5
   Complete as frases:

    A queda do (a) ........................... de (b) ........................... marca o início de uma
    série de mudanças político-econômicas de ordem mundial.
    Denomina-se (c) ........................... a disputa entre as duas grandes potências
    mundiais a partir do final da Segunda Guerra Mundial.
    A abertura do (d) ........................... mundial e o desenvolvimento de novas
    tecnologias acentuaram as grandes desigualdades de (e) ...........................
    entre os países industrializados do (f) ........................... e as demais nações do
    planeta.

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  • 1. A UA U L A L A 41 41 O globo em jornal N esta aula vamos aprender que existem muitas diferenças e semelhanças entre as nações que formam o mundo atual atual. Vamos verificar que a expansão do mercado mundial e o desenvolvi- mento de novas tecnologias levou à substituição do conflito entre as economias centralmente planificadas do Leste e as economias de mercado do Oeste pelo grande fosso que separa os países industrializados do Norte dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos do Sul. Ana trabalha na editoria internacional de um grande jornal de circulação nacional. Todos os dias, centenas de informações são enviadas por agências de notícias e devem ser selecionadas para compor as matérias que sairão no jornal. Ana atua em conjunto com Rosa, que é a editora responsável pelo fecha- mento da pauta de notícias internacionais. Todos os dias, elas devem processar as informações recebidas, decidir quais serão publicadas e, em alguns casos, realizar pesquisas para fazer reportagens mais detalhadas sobre problemas que afetam o mundo atual. Hoje elas estão discutindo uma reportagem que vai avaliar as mudanças acontecidas na Europa Oriental desde a queda do muro de Berlim, em 1989. Ana comenta com Rosa: - O mundo mudou muito, nesses últimos anos. Quem diria que a União Soviética deixaria de existir como potência mundial! Quem diria que, da noite para o dia, as economias do Leste europeu passariam a se orientar pelas regras do mercado mundial! - É verdade - responde Rosa. - A queda do muro de Berlim produziu uma reviravolta tão grande que muitos dizem que o século XX acabou naquela noite. A União Soviética, que durante mais de oitenta anos representou o planejamento estatal centralizado, desmoronou diante do mercado mundial em expansão.
  • 2. A Guerra Fria foi uma disputa entre as duas grandes potências mundiais A U L A - os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) - pela expansão de suas respectivas áreas de influência influência. Esse conflito, iniciado ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, marcou 41 a geografia do mundo contemporâneo. No período, a Europa foi dividida em duas grandes zonas: de um lado, a Europa Ocidental alinhada com os EUA e composta por países como a Ocidental, Inglaterra, França, Alemanha Ocidental e Itália, entre outros. Do outro lado estava a Europa Oriental alinhada com a URSS e formada, Oriental, entre outros países, pela Polônia, Tchecoslováquia, Hungria ou da Alemanha Oriental. Durante o período da Guerra Fria, ocorreram conflitos localizados em várias partes do mundo - a guerra da Coréia, a guerra do Vietnã e as guerras de libertação nacional nos países africanos, como Argélia e Angola. Entretanto, jamais houve um enfrentamento direto entre as duas grandes potências, que dispunham de um arsenal nuclear capaz de destruir muitas vezes o planeta Terra. No mesmo período, muitas nações novas apareceram no cenário mundial. São países conhecidos e muito presentes nas páginas de jornal, como Israel, Vietnã, Moçambique, Afeganistão ou as Coréias do Norte e do Sul, ou desconhe- cidos para a maioria das pessoas, como Burkina Fasso, Ilhas Comores, Vonuatu e Zimbábue, entre outros. Se, de um lado, o planeta assistia ao nascimento de muitas pequenas nações, de outro assistiu à expansão das trocas internacionais em escala jamais atingida em toda a história da humanidade. Boa parte dessa impressi- onante expansão do comércio entre os países deve-se ao crescimento do papel desempenhado pelas empresas multinacionais isto é, aquelas que operam multinacionais, em diversos mercados nacionais.
  • 3. A U L A São exemplos de empresas multinacionais as grandes montadoras de auto- móveis e caminhões que operam no Brasil. A Ford, a General Motors, a Volkswagen 41 e a Fiat estão presentes em vários países, não apenas com seus produtos, mas também com suas fábricas e escritórios de representação e vendas. Dividindo as diversas fases da produção entre diferentes países, transpor- tando as peças e os componentes entre eles, as grandes empresas multinacionais contribuíram decisivamente para aumentar a circulação internacional de mer- cadorias e para ampliar as dimensões do mercado mundialmundial. Esse mercado foi muito abalado com os choques do petróleo durante a dé- petróleo, cada de 70. Isso acelerou o processo de mudança dos tipos de mercadorias em circulação. Passaram a predominar no mercado mundial as mercadorias que tinham maior participação de tecno - tecno- logias avançadas em seu custo, o que diminuiu a importância relativa das matérias-primas e da energia energia. Todas essas mudanças deflagraram uma verdadeira corrida entre as gran- des empresas multinacionais dos Esta- dos Unidos, da Alemanha e do Japão, que buscavam manter e ampliar suas posições no mercado mundial. Isso des- locou a Guerra Fria do campo militar para o campo tecnológico. Nesse caso, os “exércitos” seriam formados por funcionários das grandes corporações espalhados pelo mundo. A corrida tecnológica revelou as fragilidades da economia da URSS e de seus aliados do Leste europeu. Sua estrutura de planejamento estatal centralizado ficou obsoleta e não foi capaz de acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias - principalmente as tecnologias de telecomunicações e de aplicação de computadores em todas as fases da produção e da administração. Queda do muro Por que o planejamento estatal centralizado fracassou, enquanto o mercado de Berlim mundial ampliou sua orbita de influência no planeta? Essa é uma questão complicada.Um ponto de partida que nos ajuda a compreender essas mudan- ças é o fato de que a URSS e os países do Leste europeu foram incapazes de solu- cionar os seus conflitos internos - por exemplo, as disputas de nacionalidade entre os diferentes povos que os compu- nham, e também os conflitos entre os que foram favorecidos pelo Estado, isto é, os altos funcionários, e o povo, que era obrigado a fazer longas filas para adqui- rir os produtos mais elementares. O certo é que o sistema soviético desmoronou do dia para noite por seus problemas internos. Isso fez vir à tona a ineficácia dos burocratas e o ódio acu- mulado pelas nacionalidades que bus- cavam autonomia.
  • 4. Exemplo desse ódio é a guerra de extermínio entre sérvios, croatas e A U L A bósnios depois da dissolução da Iugoslávia. Sérvios, croatas e bósnios são os povos que formavam aquele país, junto com os macedônios e eslovênios. O final da URSS e da Guerra Fria não acabou com as tensões intenacionais 41 nesta virada para o século XXI. O desenvolvimento de novas tecnologias, com novos produtos e de novas maneiras de produzi-los, cada vez mais dependentes do conhecimento técnico, ampliou o fosso que separava as nações industrializadas do Norte dos países em desenvolvimento e subde- senvolvidos do Sul. O conflito Norte-Sul nasce da brutal desigualdade que existe entre os níveis de desenvolvimento humano apresentados pelos países industrializa- dos e o restante das nações do planeta. Isso aparece na esperança média de vida. Nas economias avançadas, essa esperança está em torno de 76 anos; nos países subdesenvolvidos, não atinge 60 anos. Também aparece nos níveis de alfabetização, que no Norte estão próximos dos 100% e, no Sul, sequer atingem 75% dos habitantes. O acesso da população em idade escolar ao ensino secundário é de 80% nos países industrializados e sequer atinge 25% nas nações subdesenvolvidas. O problema central é que a distância que separa o Norte do Sul está aumentando rapidamente. Os países industrializados já detêm cerca de dois terços do comércio internacional de produtos de alta tecnologia, que repre- senta a parcela que mais cresce do mercado mundial. Cabe aos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento o papel de fornecedores de maté- rias-primas e energia, cujos preços e a participação, nesse mesmo mercado, são declinantes. A formação dos novos blocos geopolíticos e de suas respectivas áreas de influência - os Estados Unidos e o Nafta, a União Européia e a Europa do leste, o Japão e os chamados Tigres Asiáticos - está contribuíndo para dividir o mercado mundial em zonas comerciais privilegi- adas. adas Só alguns países têm acesso a elas: os demais ocupam posi- ção secundária ou ficam sumari- amente excluídos das trocas in- ternacionais. Essa enorme diferença nos ní- veis de desenvolvimento é o que explica as novas migrações inter- nacionais, por meio das quais os pobres do Sul tentam encontrar o caminho de sua sobrevivência nos países do Norte. É isso o que explica as levas de brasileiros que partem para traba- lhar nos EUA, na Europa Ociden- tal e no Japão, assim como as levas de africanos, asiáticos e latino- americanos que também buscam alternativas de trabalho nas zonas comerciais privilegiadas.
  • 5. A U L A Neste módulo que estamos iniciando agora, vamos estudar o mapa do mundo depois da queda do muro de Berlim. Vamos verificar que a globalização 41 está aumentando a distância entre países ricos e países pobres, ao mesmo tempo em que fecha as possibilidades de acesso do Sul aos frutos do desenvol- vimento - seja criando zonas econômicas privilegiadas, seja bloqueando o acesso da população que busca nas migrações internacionais uma alternativa de sobrevivência. Nova ordem mundial cria Império do Norte contra “bárbaros” do Sul Apesar dos conflitos entre os novos blocos ricos, todos se unem contra a invasão da miséria Cai o Muro de Berlim. Acaba o comunismo. Cabe ao império manter sua identidade defenden- Uma nova ordem mundial, mais “doce e gen- do-se deles. Entre “civilizados” e “bárbaros” cria- til”, se abre para os países desenvolvidos do se, então, um abismo que separa tudo: o “lime”. Norte. Mas todo império não consegue encarar Esta idéia é fundamental para o império. É ela o vazio. (...) que define seus limites. Os valores não são os Em silêncio, um novo período surge no paraíso mesmos de um lado e de outro dos “limes”. ocidental: os “novos bárbaros”. (...) Dentro, a lei, o direito, a ordem. Fora, o perigo. Folha de S. Paulo, 28 de outubro de 1991 Nesta aula vimos que a Guerra Fria marcou a geografia do mundo contem- porâneo e que, durante esse conflito, muitas nações novas apareceram no cenário mundial. Vimos também que, na mesma época, o mundo assistiu à expansão das trocas internacionais em escala jamais vista na história da humanidade, devido multinacionais. ao crescimento do papel desempenhado pelas empresas multinacionais A incapacidade de acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias tecnologias, principalmente as de telecomunicações e de aplicação de computadores, acele- rou o fim da URSS e da Guerra Fria. Mas isso não acabou com as tensões internacionais nesta virada para o século XXI. O desenvolvimento de novas tecnologias amplia o fosso que separava as nações industrializadas do Norte dos países em desenvolvimento e subdesen- volvidos do Sul. O conflito Norte-Sul nasce da brutal desigualdade que existe entre os níveis de desenvolvimento humano apresentados pelos países industrializados e o restante das nações do planeta. A distância que separa o Norte do Sul está aumentando rapidamente.
  • 6. Exercício 1 A U L A Complete o quadro abaixo, indicando: a) a que continente pertence cada país mencionado na coluna à esquerda; b) a que nível de desenvolvimento (países industrializados, países em 41 vias de desenvolvimento ou países subdesenvolvidos) pertencem hoje. PAÍS CONTINENTE BLOCO ECONÔMICO Coréia do Sul Moçambique África do Sul Austrália Exercício 2 Pense no quadro acima e responda: a que bloco econômico pertence o Brasil? Exercício 3 a) Com a ajuda de um mapa, localize e cite os novos Estados da extinta Iugoslávia. b) Localize os seguintes países: Ucrânia, Cazaquistão e Rússia. Responda: a que Estado pertenciam? Exercício 4 Complete a segunda coluna de acordo com a primeira: a) Potências mundiais ( ) Estados Unidos da América b) EUA ( ) União das Repúblicas Socia- c) Planejamento estatal centralizado listas Soviéticas d) Empresas multinacionais ( ) Poderio econômico e militar e) URSS ( ) Operam em diferentes mer- cados em diversos países ( ) Organização econômica da extinta URSS e do leste euro- peu Exercício 5 Complete as frases: A queda do (a) ........................... de (b) ........................... marca o início de uma série de mudanças político-econômicas de ordem mundial. Denomina-se (c) ........................... a disputa entre as duas grandes potências mundiais a partir do final da Segunda Guerra Mundial. A abertura do (d) ........................... mundial e o desenvolvimento de novas tecnologias acentuaram as grandes desigualdades de (e) ........................... entre os países industrializados do (f) ........................... e as demais nações do planeta.