Jornal Proibido Pinguim no CAPS i - n.º 01 - Apucarana
1. Uma publicação do CAPSi de Apucarana Maio de 2012
Nº 1
PROIBIDO PINGUIM
NO CAPSi
Saiba mais….
Notícias Dia a dia do CAPSi ......... …….………………...2
O que é a luta antimanicomial…...............3
Vem aí o 1º Encontro da Rede de Atenção à
O mundo das crianças ... ……………………....4
Saúde Mental: “A Loucura em Pauta”
……………………………………..………………...Página 2 Eu só quero é ser feliz.... ……………............5
Culinária da tia Márcia……………................6
Ministério da Saúde lança o Consultório de
Rua…………………………………………………Página 2
CAPSi de Apucarana tem horário especial para
crianças e adolescentes usuários de dro-
gas……………………………………………..Página 2
Reflexões de um ex-usuário
CAPSi………………………………………………Página 2
Desenho de um usuário do CAPS Infantil (A., 17 anos)
2. DIA - A -DIA DO CAPSi
Evento Destaque Consultório de Rua
O cenário epidemiológico atual do consumo prejudi-
1º Encontro da Rede de Atenção à Saúde Men-
cial de substâncias psicoativas, e a infrequente pro-
tal: “A Loucura em Pauta”
cura por ajuda e o baixo acesso aos serviços da rede
de saúde por parte da população usuária de álcool e
Dia 18 de Maio de 2012 outras drogas em situação de rua, em especial as
“Dia da Luta Antimanicomial” crianças, adolescentes e jovens, e ainda o predomí-
nio de ofertas de cuidado baseadas na abstinência
Local: Universidade Aberta do Brasil (UAB) como objetivo exclusivo e de abordagens terapêuti-
cas como a saúde sendo central faz com que esse
Endereço: Praça Rui Barbosa, nº 12 público necessite de políticas especiais como o Con-
Horário: das 8:30h às 17:00h sultório de Rua.
Este por sua vez faz abordagens na rua, com o intui-
to de prevenir e reduzir danos potenciais do uso de
Debate, filmes, rodas de conversa, apresenta-
substâncias psicoativas, bem como de promover cui-
ções culturais. dados, e passa a ser uma ponte entre a rua e o CAPS
AD. Faz parte do Plano Nacional de Enfrentamento
ao CRACK e inicialmente foi pensado para crianças e
adolescentes, e obviamente que adultos também
podem ser beneficiados.
*Texto Baseado no Manual do Consultório de Rua do
CAPSi de Apucarana atende cri- Ministério da Saúde
anças e adolescents usuários de
drogas Reflexões de um ex usuário do CAPSi
Para propiciar um atendimento mais O que posso fazer todos os dias para mudar esta situação
integral e direcionado às demandas Compreender eu mesma.
psicossociais de crianças e adolescen- Quando começarei a fazer este exercício de compreender eu mesmo
tes usuárias de drogas, o CAPSi de A- Não tenho previsão do dia para começar.
pucarana baseado na portaria 3080 de O que estou fazendo para melhorar e conviver com o meu distúrbio
2011, está implantando o acolhimento Tomando remédios
para este grupo específico. A triagem é Tomo na hora certa
agendada e o atendimento é realizado Não
conforme plano terapêutico individual. Então como quero ficar bom senão tomo o remédio na hora certa como
o médico recomenda
Não Sei
Só o remédio é suficiente para me ajudar
Não!
Minhas qualidades ou capacidade de trabalhos que posso desenvolver:
limpar a casa, lavar louça, lavar roupa, lavar calçada.
Qual outro trabalho que eu desejaria
Gostaria de ser um promotor
2
O quê devo fazer para ser um promotor
Estudar
3. O QUE É A LUTA ANTIMANICOMIAL?
Sobre a Luta Antimanicomial
As bases do Movimento da Luta Antimanicomial surgiram em 1987, na cidade de Bauru, quando trabalhadores de
saúde mental se reuniram para defender publicamente o fim dos manicômios. Com o lema “Por uma sociedade
sem manicômios”, estes trabalhadores tinham como objetivo problematizar os impasses vividos na política de saú-
de mental brasileira, que até aquele momento estava baseada quase exclusivamente na internação hospitalar co-
mo recurso para atender os portadores de transtorno mental. No decorrer dos anos esta “luta” se ampliou e pas-
sou a contar, além dos trabalhadores de saúde mental, com a participação ativa dos próprios portadores de trans-
tornos mentais e seus familiares assim como estudantes e outros simpatizantes. Uma conquista importante desse
processo foi a criação e aprovação da Lei 10.216 em abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência em saúde mental. Atualmente, busca-se
consolidar este novo modelo de assistência com a criação de uma rede de serviços (CAPS, CAPSad, CAPSi, UBS, lei-
tos psiquiátricos em hospitais gerais, Centros de convivência, consultórios de rua, residências terapêuticas entre
outros) cuja finalidade é a substituir o atendimento via internação em hospitais psiquiátricos. Vale destacar que
este processo não consiste em uma mera transposição de lugares (do hospital psiquiátrico para os serviços substi-
tutivos), mas em mudar também a forma de perceber, de compreender o sofrimento psíquico e a relação que esta
pessoa tem com o mundo e com os outros, é lutar para que eles tenham os seus direitos de cidadania assegurados
e construir as condições para uma existência livre.
Fonte: Conselho Federal de Psicologia
“O quê adianta ficar num Manicômio se ele não te cura? O quê adianta ficar numa prisão se ela não te ajuda? A
liberdade é justa!” - Ricardo de La Vega
*pseudônimo de um usuário do CAPSi de Apucarana
CAPSi “Dr. José Pazelo” – O que somos?
O CAPSi é um serviço do SUS que integra a rede de atenção em saúde mental. Tem como função o atendimento à
crianças e adolescentes portadores de transtornos mentais severos e/ou persistentes como autismo, psicose e
neuroses cujo sofrimento impossibilite ou limite a manutenção dos vínculos familiares e comunitários bem como
os afazeres do dia-a-dia como brincar, estudar, passear, conversar e/ou interagir com os outros. O CAPSi “Dr.
José Pazelo” de Apucarana – PR oferece atendimentos individuais e grupais e deve visar sobretudo a reabilitação
psicossocial do usuário, ou seja, o resgate e manutenção dos vínculos familiares e comunitários e a inserção so-
cial (acesso à educação, cultura, lazer entre outros).
Como funcionamos?
Primeiramente agenda-se uma triagem com a equipe multiprofissional (que ocorre toda sexta-feira no período
da manhã). Após discussão dos casos, aqueles que correspondem a transtornos mentais graves permanecem
para tratamento no serviço; aqueles que não se configuram como público de atendimento do CAPSi recebem
orientações e são redirecionados, quando necessário, a outro serviço da rede de saúde ou à serviços de setores
diversos como escola, conselho tutelar, CRAS, CREAS entre outros.
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4. O MUNDO DAS CRIANÇAS
Arte
POESIA
“Ninguém é tão grande que
Não possa aprender
E ninguém é tão pequeno
Que não posso ensinar” (S., 16 anos)
“Posso não ser ninguém no mundo,
Mas sou o mundo para alguém”
(S., 16 anos)
Imagens do Inconsciente
Arte
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5. EU SÓ QUERO É SER FELIZ...
O uso abusivo e ou dependência de drogas precisa ser encarada com um
processo complexo de determinantes psicossociais do viver e do adoecer de
jovens e adultos, sendo assim merece destaque as práticas humanizadoras,
desinstitucionalizantes e de con-
vívio comunitário. São estas
aquelas desenvolvidas em CAPSi,
CAPS AD, CAPS I, II, III, NASF, Uni-
dades de Acolhimento, Residên-
cias Terapêuticas, Leitos em Hos-
pital Geral, Unidades Básicas de
Saúde, Unidade de Pronto Atendi-
mento, e Consultórios de Rua. E,
para ampliar a rede de atenção
em saúde mental os usuários
também têm que contar com os
CRAS, CREASS, Conselho Tutelar,
Casas Abrigos e todo o apoio social
necessário para sua inserção na
comunidade: escolas, práticas
esportivas e de lazer, entre amigos e
família, sem ter a privação de sua
liberdade.
Os desenhos realizados pelos ado-
lescentes usuários de álcool e dro-
gas que participam do grupo
terapêutico do CAPSi expressaram
por meio da arte seu desejo de
liberdade. A privação não é
terapêutica e não é sensível às suas
demandas psicossociais.
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6. CULINÁRIA
Culinária da Tia Márcia Bola de Mandioca
Como tudo começou... Ingredientes
Tudo começou quando uma adolescente, usuária do
- 1 prato de mandioca ralada
serviço, que até então realizava somente atendimen- - 3 xícaras de açúcar
tos individuais, insistiu para que naquele dia não - 1 prato (raso) de côco ralado
- 1 pacote de queijo ralado
fosse atendida dessa forma, mas que pudesse fazer
- 2 xícaras de leite
um bolo. Isso mesmo, um bolo!!!! E não se tratava - 4 ovos
de um bolo qualquer, mas do “Bolo Formigueiro”. - 1 colher de pó Royal
Sem saber o que responder perante sua solicitação, a
Modo de fazer
psicóloga respondeu que teríamos que conversar
com a tia Márcia para verificar sua disponibilidade. Misturar tudo e colocar em uma assadeira untada.
Apesar de ter gostado da ideia, tia Márcia nos infor-
mou que não haveria possibilidade porque faltavam
alguns ingredientes e utensílios (como a forma, por
exemplo). Não contente com a resposta, a adoles- PIZZA
cente perguntou se poderia trazer o que faltava para
Ingredientes
que seu desejo se concretizasse. Sem conseguir dizer
não ante a tamanha disposição e empenho mani- - 1 Kg de farinha
festados, tia Márcia e a psicóloga cederam, e, no dia - 1 copo e meio de leite
seguinte, logo cedo, lá estava a adolescente para - 1/3 xícara de óleo
- 2 ovos
iniciar a empreitada. Contando com o auxílio da tia
- 3 colheres de açúcar
Márcia, o “Bolo Formigueiro” demorou a ficar pronto - ½ colher de sobremesa de sal
devido a alguns contratempos, mas como toda boa - 1 colher de sopa de fermento
história, o final foi muito feliz: todos que, naquele
Modo de fazer
dia, por algum motivo estiveram no CAPSi, foram
presenteados com um belo e saboroso pedaço de Misturar bem todos os ingredientes. Deixar a mas-
bolo. E assim, teve início a oficina de culinária, reali- sa descansar por 30 minutos, esticar a massa e
rechear a gosto.
zada semanalmente até hoje, na qual além de delici-
Rende três massas grandes.
osos quitutes, são produzidos vínculos de amizade,
muita conversa boa, muita risada (às vezes conflitos
também...), incentivo à autonomia, troca de receitas
entre as famílias dos usuários, e claro, muita ba-
gunça!!!