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De Michael Bonadio
Personagens:
           Miguel
           Tasira Jahi
           Ana
           Senhor Dest.
           Cena I
           Nota do autor:
           Toda a peça é passada em dois planos fixos e um terceiro rotativo, mais o proscênio
em algumas cenas de rua.
           (Pátio da escola no Plano três Miguel e Tasira em direção oposta tombam)
           Miguel: Desculpe-me! Eu estava distraído, pensei ter ouvido alguém me chamar.
           Tasira: Não! A culpa foi minha.
           Miguel: Vai parecer uma dessas cantadas baratas, mas... Eu não te conheço de algum
lugar?
           Tasira: É com certeza, é uma cantada barata.
           Miguel: Desculpe, não era a minha intenção, mesmo porquê... Já sei! Você freqüenta
o Punk-rock-bar!
           Tasira: Ás vezes.
           Miguel: Eu vou sempre.
                                                                       (entra amigo de Tasira)
           Amigo T: Tasira venha, a professora está chamando.
           Tasira (a Miguel): Tenho que ir.
           Miguel: Espera! Eu sei seu nome, mas você não sabe o meu.
           Tasira: É mesmo. Tchau!
                                                                    (Tasira e seu amigo saem)
           Miguel: Que moça esnobe.
              (Miguel vai até o proscênio. Enquanto for ocorrendo a próxima cena, o plano três
                                                                           vai se modificando)
           Cena II

                                                                                            1
(No proscênio já esta Miguel, entra um amigo dele. Tem que se passar à idéia de que
o proscênio é uma rua)
           Amigo M: Fala garoto! Eu vi você falando com uma gatinha no intervalo.
           Miguel: Bonita, gostosa, porém uma mala, chata e esnobe.
                           (entra Ana saindo do Plano três, ou de uma das pontas do proscênio).
           Ana: Não é mais fácil falar dos outros pela frente?
           Miguel: E você acha mesmo que iria gastar o meu latim com você? Mesmo porque o
que acabei de falar agora pra você soa mais como um elogio do que uma ofensa.
           Ana: Olha aqui seu cretino...
                                                                      (Amigo M., separa os dois)
           Amigo M: Vocês não vão começar de novo.
           Miguel: Na verdade, eu quero é terminar, eu vou esganar ela!
           Ana: Então, vem filho da puta!
           Amigo M: Ninguém vai esganar ninguém. E a mãe dele a “Tia Maria”, só deu pro
marido e depois do casamento (reação dos dois). Agora se acalmem e Ana, vai embora, por
favor.
           Ana: Tudo bem, eu vou, mas a gente ainda resolve este problema.
           Miguel: É vai embora sua vaca ordinária.
                                                                             (Ana sai revoltada)
           Amigo M: E aí vamos ao PRB
           Miguel: Vamos!
                                                                                 (Amigo M. Sai)
           Cena III
           (Enquanto Amigo M. sai, toca uma música de preferência Iron Maiden. Enquanto
toca, Plano três vai acendendo em resistência. Amigo M. entra)
           Miguel: Porra meu! Faz mais de mais de meia hora que eu tô esperando!
           Amigo M: Foi mal.




                                                                                              2
(Eles vão ao plano três. Começa a tocar outra música, eles dançam. Devagar o
             Amigo M., vai saindo de cena, ao mesmo tempo em que Tasira vai entrando. Trombam
                                                                                        novamente)
             Miguel: Você de novo! Desse jeito vou achar que é perseguição.
             Tasira: Se você disser mais uma besteira dessas, eu juro que te dou um chute na
bunda.
             Miguel: Que violência!
              (Começa a tocar uma música mais calma, “para se dançar agarradinha”. – Ta bom,
 eu sei que tocar uma música dessas num bar de punk rock é forçar a barra, mas você consegue.)
             Miguel: Quer dançar?
             Tasira: E tem jeito?
                                                                                       (Dançando)
             Miguel: Sem querer me meter, mas já me metendo, o que aconteceu para você estar
tão brava?
             Tasira: Desculpe, mas... (ela tira um cigarro), tem fogo?
             Miguel: Eu sempre tenho fogo.
                                           (Tasira olha com cara de que quer chutar a bunda dele)
             Tasira: Sabe aquele cara lá da escola? Então, a gente ia ficar, ele até falou que o pai
era empresário...
             Miguel: E não era?
             Tasira: Catador de lixo.
             Miguel: Peraí! Você ia ficar com ele, por causa do pai rico?
             Tasira: Não!
             Miguel: Mas, então, porque não ficou com ele?
             Tasira: Ele mentiu...
             Miguel: Não exatamente.
             Tasira: Não me faça rir.
                      (Ela joga a bituca de cigarro. BLACK-OUT. Ouve-se alguém dizer: FOGO!)
             Cena IV

                                                                                                  3
(A luz vai entrando em resistência nos dois planos principais. Nestes planos deve-se
passar a idéia de Kitchenetes, não muito mobiliadas, mas com rádio e telefone. Entram Miguel e
Tasira, um em cada plano. A cena deve ser sincronizada, eles ligam o rádio)
           Locutor: Noticia 2000. Uma seguradora levou um golpe de R$ 10.000,00 há suspeita
de que a executora do golpe seja a namorada do dono.
                 (No fim da noticia começa tocar a MSMQS – Música de sucesso do momento de
qualidade suspeita – eles não gostam da música, trocam duas, três vezes de estação, mas acabam
                                                                            voltando à primeira.)
           Miguel (Plano um): Saco! Não tem outra coisa pior não hein?
           Tasira (Plano dois): E chamam isto de Rock.
                                                             (A música acaba e entra um locutor)
           Locutor: Essa foi MSMQS, mais um sucesso dos caras...
                        (Enquanto o locutor fala alguma coisa, que pode ser o comercial do seu
                                patrocinador, se você conseguir um. Tasira e Miguel comentam)
           Miguel: Sucesso?
           Tasira: Só se for no país do jabá.
                                                       (Ao final do comercial do locutor continua)
           Locutor: Uma super novidade pra você que gosta de rock! Está de volta depois de um
incêndio provocado por uma bituca de cigarro há sete anos, o Punk-Rock-Bar, com todo gás.
            (Reação dos dois, do tipo “o culpado fui eu”. Quando o locutor acaba, Miguel disca
                                                                          um numero no telefone)
           Miguel: Alô! Você estava ouvindo a 2000?
           Tasira: Sim, o PRB vai voltar.
           Miguel: Depois do que aconteceu aquela noite.
           Tasira: É, mas não tive culpa.
           Miguel: Tubo bem vai... Vamos lá.
           Tasira: Demorou.
           Miguel: Falo João, ás 20:00h, “nóis cola lá”.
           Tasira: Às 20h. Não Clara, às 21h é melhor.


                                                                                                4
(Desligam o telefone)
          Cena V
          (Ainda em seus planos começam a se arrumar, quando terminam vão ao Plano três,
ao mesmo tempo)
          Tasira: Você por aqui
          Miguel: Pelo menos não trombamos.
          Tasira: O autor deve ter achado que ficaria desgastante.
          Miguel: É mesmo (Pausa. Observa ela), não fuma mais?
          Tasira: Não! Faz mal para os pulmões.
          Miguel: Pros pulmões e para os barzinhos de rock, né...
          Tasira: Eu não tive culpa.
          Miguel: Não! Então, quando parou de fumar?
          Tasira: Um dia depois do incidente, mas não tem nada a ver.
          Miguel: Claro que não.
                                          (Começa a tocar a MSMQS, tocada na cena anterior)
          Miguel: Que música chata!
          Tasira: Insuportável!
          Miguel: Sabe, estava ouvindo esta música, quando ouvi que a PRB iria reabrir.
          Tasira: Coincidência... Eu também.
          Miguel: O universo deve estar conspirando a nosso favor. Vamos dançar?
          Tasira: Cantada medíocre... Mas aceito.
          Miguel: Ufa! Pensei que ia levar um chute na bunda.
          Tasira: Você ainda lembra?
          Miguel: Cada detalhe daquela noite.
          Tasira: Eu não sei seu nome.
          Miguel: É mesmo. Meu nome é Miguel Ângelo Peres.
          Tasira: E precisa dessa pose toda pra falar o nome?
           (A luz vai saindo em resistência no plano três, enquanto vai entrando nos planos um
                                                                                          e dois)

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Cena VI
           (Miguel está no Plano um e Tasira no dois. Esta cena terá poucas falas e muito
movimento, mais uma vez sincronizados. Ligam o rádio)
           Locutor: Noticia quente da 2000 fm. Um velhinho de 89 anos acaba de levar um
golpe de R$ 30.000,00. Ele comprou um carro de luxo de sua namorada, é, mas o carro não
apareceu e a namorada desapareceu.
                                                           (começa a tocar uma música qualquer)
           Miguel: Já se passaram três dias... Será que eu ligo?
           Tasira: três dias e nada dele ligar...
                 (Ele ameaça ligar. Ela vai para o banho. Quando ele liga, ela está no banho. O
                      telefone toca algumas vezes, no instante em que ela vai atender, ele desiste)
           Miguel: É, depois eu tento de novo. (sai)
           Tasira: Será que era ele?... Não deve ser a Clara.
                                           (Ela começa a se vestir. Quando termina, Miguel entra)
           Miguel: Já faz dias que estou tentando e nada. Tasira meu bem, é a sua ultima chance
comigo... Por favor, não desperdice!
                   (Quando Miguel termina a fala ela sai. Ele liga, toca algumas vezes e desiste)
           Miguel: Quer saber de uma coisa, chega! (Muda o tom), mas droga... Eu gosto dela...
Gosto tanto que tô até falando sozinho... (Muda o tom), Já sei! Quando tocar a MSMQS, eu ligo
pra ela.
           BLACK-OUT
           Cena VII
           (Luz entra em resistência nos planos um e dois. Tasira está limpando a casa e Miguel
escrevendo algo. Ambos ouvindo rádio)
           Miguel: Já faz um mês que estou ouvindo esta porra de rádio e nada.
                      (Começa a tocar a MSMQS, rapidamente ele pega o telefone e liga pra ela)
           Miguel: Alô! Tasira? Que sorte, até que enfim.
           Tasira: Eu é quem digo.
           Miguel: faz mais de um mês que ligo e nada!


                                                                                                 6
Tasira: Desculpe, estava meio atarefada.
                                                              (Miguel abaixa o volume do rádio)
           Miguel: Você também esta ouvindo a 2000?
           Tasira: Estou. Está tocando aquela música insuportável.
           Miguel: Nem tanto... Estou mudando meus conceitos sobre ela...
           Tasira: Começou a comer merda?
           Miguel: Não! Depois te conto a história. Agora vamos ao que interessa. Gostaria de
tomar um sorvete neste fim de semana?
           Tasira: Adoraria. Encontra-me lá na Doce Paixão, sábado às 20h.
           Miguel: Combinado. Até lá.
           Cena VIII
           (Em seqüência da outra cena, começam a se aprontar. Miguel caminha pelo seu
canto do proscênio, até o centro e espera. Tasira faz o mesmo movimento do seu lado do plano.
A luz sai em resistência nos dois planos e no Plano três acende, neste tem uma mesa e duas
cadeiras representando uma sorveteria)
           Miguel: Vamos entrar?
           Tasira: Claro
           Miguel: Que tal esta mesa? (Sentam-se na mesa) Será que ninguém vem nos atender?
           Tasira: Calma. Vamos conversar enquanto isso.
           Miguel: O que você tem feito?
           Tasira: Nada de interessante. Uns trabalhinhos aqui, outros ali... E você?
           Miguel: Trabalho com consultoria, ganho um dinheiro legal. Consegui até comprar
um ap., bem pequeno, mas é meu.
           Tasira: Que bom!
           Miguel: Sabe, uma coisa que me lembra você é aquele seu pretendente.
           Tasira: Qual?
           Miguel: O filho do sucateiro.
           Tasira: Por que você tá lembrando disso?



                                                                                             7
Miguel: Esses dias, pouco tempo depois de ver você no PRB, eu vi uma reportagem
de três páginas sobre eles.
            Tasira: Três paginas para dois sucateiros...
            Miguel: É. Três páginas para dois sucateiros que ficaram ricos com o negócio.
            Tasira: Ricos? Não acredito!
                                                                     (Entra Ana como garçonete)
            Ana: O que vocês desejam?
            Miguel: Eu quero... Você aqui? Que decadência tá esta sorveteria.
            Ana: Minha vida estava boa demais...
            Tasira: O que está acontecendo?
            Miguel: Nada não... Eu quero ser atendido por outra pessoa
            Ana: Eu também gostaria de atender outro, principalmente gente de verdade, mas não
tem outro atendente.
            Tasira: Com licença, eu quero um cascão de duas bolas. Morango e creme com calda
de baunilha.
            Miguel: E eu, de chocolate com coco e calda de morango.
            Ana: Vou buscar
                                                                                            (sai)
            Tasira: Quem é ela pra você ficar tão alterado?
            Miguel: É uma vaca que eu não suporto e graças a deus, ela também não me suporta.
            Tasira: O que aconteceu?
            Miguel: Briga antiga.
            Tasira: Calma, não deixe que nada estrague esta noite.
            Miguel: Você tem razão.
                       (Ana chega meio transtornada com os pedidos, tropeça e derruba no casa).
            Ana: Desculpe... tropecei
            Miguel: Tropeçou nada! Foi de propósito.
            Tasira: O que é isso, Miguel! A moça tropeçou.
            Ana: Deixa que eu limpo.


                                                                                               8
Miguel: Não Põe a mão em mim, vou chamar o gerente!
           Ana: Quer saber? Foda-se! Não foi por querer, mas foi bom.
           Miguel: Gerente!!!
           Tasira: Calma Miguel!
                                                                                 (Entra gerente)
           Gerente: Pois não...
           Miguel: Esta incompetente derrubou sorvete em cima da gente.
           Gerente: Você esta demitida, pegue suas coisas e fora!
           Ana: Vão todos vocês tomar no cu seus porcos!
                                                                                            (sai)
           Gerente: Vocês me desculpem, receberão seus pedidos por conta da casa.
                                                                                            (sai)
           Tasira: Miguel, a moça foi demitida.
           Miguel: É, não era minha intenção, mas fiquei com raiva.
           Tasira: Com o escândalo que você fez, queria o que?...
           Miguel: Sei lá, não sabia que o gerente era tão severo. Pensei que fosse descontar do
salário dela. Também não importa, agora já foi, já acabou.
           Tasira: Melhor irmos.
                       (Começam a sair para rua – proscênio – quando chega amigo de Miguel)
           Amigo M: Ainda bem que esta aqui.
           Miguel: Fala cara! Tasira, ele trabalha na 2000 e eu pedi pra ele descobrir quem pediu
a MSMQS naquele dia.
           Tasira: E conseguiu?
           Amigo M: É claro! Você nem imagina quem é... Lembra da Ana Cristina Glauber?
           Miguel: Não!
           Amigo M: Aquela que você tinha rincha (neste momento Ana passa por eles em
disparada) É esta aí mesmo.
           Tasira: Eu não acredito. A moça que nos uniu, você prejudicou.
           Miguel: Pra você ver como é a vida...


                                                                                               9
BLACK-OUT.
           Cena IX
           (Luz acende em resistência nos dois planos. Entra Miguel e Tasira, cada um em seus
planos o, rádio está ligado)
           Locutor: Notícia 2000 fm! “A namoradinha da cidade”, como a estelionatária está
sendo chamada, ataca novamente. Desta vez foi um jovem de 16 anos filho de mega empresário,
que roubou os cartões e senhas do banco do pai e da empresa. Ele entregou para ela na esperança
de fugirem. O prejuízo ainda não foi calculado mais pode chegar a R$ 100.000,00. Há suspeita de
que ela tenha um cúmplice.
                                                     (Miguel abaixa o rádio e liga paraTtasira)
           Miguel: Tasi! Tenho uma novidade.
           Tasira: Qual?
           Miguel: O corretor ligou e uma pessoa vira ver o apartamento.
           Tasira: Que bom. Mas será que você deve vender? Você conseguiu com tanta
dificuldade.
           Miguel: Meu amor, vendendo o meu e o seu apartamento, nós podemos comprar um
melhor.
           Tasira: Fico com medo de não dar certo.
                                                                (Toca campainha no Plano um)
           Miguel: Tenho que desligar (Desliga e atende a porta. Entra Ana) O que você esta
fazendo aqui?
           Ana: Eu vim ver um apartamento.
           Miguel: Mas para você eu não vendo.
           Ana: Eu até brigaria com você, mas tenho coisa melhor para fazer.
           Miguel: O que?
           Ana: Ver o apartamento... Não que eu goste de comprar de você, mas...
           Miguel: Vendo minha alma para o diabo, mas não vendo o apartamento para você.
           Ana: Olha aqui seu “mané”, você me faz perder meu emprego, não me reconhece
como cupido e ainda não quer vender o apartamento. Vai tomar no cu.


                                                                                            10
Miguel: Você não me ofenda em minha casa! E pode xingar, espernear, mas pra você
eu não vendo.
                (Os dois se olham com raiva e começam a se beijar. No outro plano Tasira esta se
  arrumando e sai. Quando começam a transar a luz vai caindo em resistência, quando se apaga
                   de vez, ouve-se um grande gemido dos dois. A luz acende com os dois seminus)
           Miguel: Eu não acredito.
           Ana: Sinto-me suja.
           Miguel: Bem que estava gostando.
           Ana: Devia estar possuída.
                                                                         (Tasira entra no quarto)
           Tasira: Seus filhos da puta!
                                                                                             (sai)
           Miguel: Calma!
                                                      (A luz apaga em resistência nos dois planos)
           Cena X
           (Enquanto as luzes dos dois planos saem, a do plano três e do proscênio vai
acendendo. Miguel e Tasira fazem o mesmo movimento da cena VIII, só que juntos)
           Tasira: Tá com o dinheiro?
           Miguel: Sim. E apareceu alguém para comprar o seu apartamento?
           Tasira: (sem jeito) Não.
           Miguel: Estou começando a ficar com receio.
           Tasira: Fica tranqüilo. Você mesmo diz que vendendo os dois poderemos comprar
um melhor. E até vender o meu, poderemos morar lá. É pequeno, mas é só pra nós dois.
           Miguel: Você tem razão.
           Tasira: Então, vamos.
                                      (Vão para o plano central, onde tem uma mesa, com alguém)
           Miguel: Boa tarde, o senhor é o gerente?
           Gerente: Sim senhor.
           Miguel: Eu e minha futura esposa queremos abrir uma conta conjunta.


                                                                                               11
Gerente: Pois não, o CIC e RG dos dois.
                  (Começa a pegar os documentos, quando Miguel percebe que esta sem os seus)
            Miguel: Droga! Esqueci em casa.
            Tasira: E agora: O banco vai fechar e o casamento é amanhã.
            Miguel: Bem, tem que abrir só no seu nome.
            Tasira: Mas que chato, mas... Fazer o que, né...
            (Ela entrega os documentos. O gerente sai para preparar a papelada. No Plano um a
                                               luz acende em resistência com Ana deitada no sofá)
            Tasira: Ainda bem que você não vendeu o ap. pr’aquela vaca!
            Miguel: (Olhando para o plano um). É, ainda bem.
            Tasira: Quem comprou?
            Miguel: (Ainda olhando para o plano um). Você não conhece.
                                                                               (Chega o gerente)
            Gerente: Agora é só depositar o dinheiro.
            Tasira: Obrigada
                                                                           (pegando a papelada)
            BLACK-OUT.
            Cena XI
            (Tasira vai para o plano dois, pega um smoking e veste Miguel que volta para o
plano três, onde esta o juiz. Tasira começa a se arrumar com um vestido branco. Ana já saiu no
fim da ultima cena de seu plano. Quando Tasira termina de se arrumar, pega um envelope e
beija. Sai. Miguel esta esperando junto ao juiz.).
            Juiz: Meu amigo, eu não posso esperar a tarde toda.
            Miguel: O meritíssimo sabe como são as noivas, sempre se atrasam. (para si) Droga
Tasira, cadê você?
                                                                                     (Entra Ana)
            Ana: Com licença, meritíssimo tenho um envelope para o noivo, Miguel Ângelo
Peres.



                                                                                              12
Miguel: (Sem perceber quem é) Sou eu... Mas até aqui você me persegue? Será que
nem no meu casamento eu estou livre de você?
            Ana: Eu trabalho aqui! Quer o envelope?
            Miguel: Me da esta porra!
            Juiz: Eu não permito este tipo de palavreado aqui!
            Miguel: Desculpe meritíssimo. (Enquanto abre)
            Ana: Então, aquela bobinha te perdoou.
            (O conteúdo da carta deve ser lido em voz alta, para que todos ouçam. Pode ser uma
gravação)
            Carta:
            Cidade de preferência de agosto do ano que quiser.
            Miguel meu amor, venho através desta comunicar a sua pessoa, que retirei todo o
dinheiro da venda do seu apartamento do banco. Isso quer dizer, é claro, que não me casarei com
você. É isso mesmo! Sem chance!
            Ah! Espero que tenha lugar para morar, pois o outro ap. Era alugado e nós fomos...
Como eu posso dizer... Despejados por falta de pagamento.
            Sem mais,
            Tasira.
            Ah! Já ia me esquecendo! O pinto do meu amante é maior e mais gostoso que o seu!
            Ana: Isto é uma carta bomba.
            BLACK-OUT.
            Cena XII
            (A luz acende em resistência no plano um com Ana e Miguel. Ele inconformado. O
rádio está ligado)
            Miguel: Agora entendo aqueles sumiços, porque me aceitou de volta tão rápido...
Como eu fui burro!
            Ana: E corno.
            Miguel: Não respeita nem mesmo um momento de dor.
            Ana: Desculpe, mas foi melhor assim. Imagine casar com uma mulher dessas.


                                                                                             13
(A partir das próximas falas de Miguel e Ana, tudo o que eles disserem acontecerá no
                                           plano dois, como se fosse a imaginação deles ao vivo)
            Miguel: Eu estou com tanta raiva, que seria capaz de rogar uma praga nela.
            Ana: Que tipo de praga?
                                                                                (Acende plano dois)
            Miguel: Imagine os dois chegando num quarto de motel de beira de estrada.
            Ana: Que tipo de praga é esta? Erótica?
            Miguel: Quieta! Viaja comigo. Os dois começam a transar, beijo daqui, beijo de lá e
de repente uma surpresa...
            Ana: Já sei! O amante pega uma faca e mata ela.
            Miguel: Não, pior. Ele goza primeiro e deixa ela na mão.
            Ana: Sinistro.
            Miguel: Depois ele a convida para tomar banho, mas fala...
            Amante (no plano dois): Vai primeiro que eu já vou.
            Ana: Aí sim, ele pega uma 9 mm com silenciador e mata ela.
            Miguel: Não! Ele se troca rápido, pega o dinheiro e “sai vazado”.
            Ana: É, legal, mas ela não sai nem um pouco machucada.
            Miguel: Tá bom, sua psicopata. Ela escorrega e se rala toda. Está bom assim?
            Ana: É melhor que nada; e a praga é sua.
            Miguel: E tem mais, a Policia Federal que já estava atrás dela, de repente invade o
quarto e a prende.
            Ana: Até a policia chegar dava até para acreditar na possibilidade de a praga dar
certo.
            Miguel: Como as coisas são engraçadas, nó que nos odiamos, aqui juntos, no meu
ex-apartamento. A propósito, como você comprou meu ap?
            Ana: Lembra daquele dia na sorveteria?
            Miguel: Sim, nunca esqueci, mesmo porque a culpa de sua demissão foi minha.
            Ana: Não foi não. Quando eu fui buscar seu pedido o meu chefe me assediou, por
isso estava transtornada e tropecei.


                                                                                                14
Miguel: Ainda não entendi.
            Ana: Eu processei meu chefe por assédio e a sorveteria por demissão injusta e ganhei
uma bolada no acordo.
            Miguel: Legal! Sabe que eu não lembro porque a gente briga tanto...
            Ana: Você quem começou.
            Miguel: Eu?
            Ana: É! Lembra que você puxou meu cabelo no prezinho.
            Miguel: Puxei porque você quebrou meu lápis.
            Ana: Eu quebrei teu lápis porque você xingou meu cachorro.
             (Enquanto eles brigam o rádio aumenta uma música que está no fim. Eles continuam
   discutindo em off. As cortinas começam a se fechar, mas o locutor do rádio começa a falar. As
                                     cortinas se abrem novamente, fazendo com que os dois escutem)
            Locutor: Noticia urgente na 2000 FM. A estelionatária Tasira Jahi de Souza, “A
namoradinha da cidade” foi presa esta tarde pela Policia Federal. Ela já deu vários golpes em
empresas, idosos, etc. Sua última vitima foi Miguel Ângelo Peres, que se casaria com ela. Ele
vendeu seu apartamento, ficando o dinheiro com a estelionatária. Quer dizer, deveria ter ficado. A
suspeita é que seu amante e cúmplice fugiu com o dinheiro, pois não foi encontrado com ela.
                                                                         (Fecham-se as cortinas.).
            Outra nota do autor:
            Você deve estar se perguntando quem é o Senhor Dest. Este personagem é todos
aqueles que não Ana, Tasira e Miguel. O nome Senhor Dest, veio da ideia de Destino, pois ele é
responsável pela ligação das cenas mais importantes. Ele obrigatoriamente é o Locutor, o Amigo
de Miguel, o Juiz, o Gerente, etc.
            Outra coisa que você não deve ter entendido, é o que significa exatamente MSMQS.
Como está definido na cena IV: “Música de Sucesso Momentâneo de Qualidade Suspeita”, eu
quero dizer, que é aquela música, geralmente de pop-rock popular, que é uma merda, mas que
faz sucesso (nem que seja por uma semana). Não será difícil para você encontrar uma.




                                                                                               15

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Coincidência

  • 2. Personagens: Miguel Tasira Jahi Ana Senhor Dest. Cena I Nota do autor: Toda a peça é passada em dois planos fixos e um terceiro rotativo, mais o proscênio em algumas cenas de rua. (Pátio da escola no Plano três Miguel e Tasira em direção oposta tombam) Miguel: Desculpe-me! Eu estava distraído, pensei ter ouvido alguém me chamar. Tasira: Não! A culpa foi minha. Miguel: Vai parecer uma dessas cantadas baratas, mas... Eu não te conheço de algum lugar? Tasira: É com certeza, é uma cantada barata. Miguel: Desculpe, não era a minha intenção, mesmo porquê... Já sei! Você freqüenta o Punk-rock-bar! Tasira: Ás vezes. Miguel: Eu vou sempre. (entra amigo de Tasira) Amigo T: Tasira venha, a professora está chamando. Tasira (a Miguel): Tenho que ir. Miguel: Espera! Eu sei seu nome, mas você não sabe o meu. Tasira: É mesmo. Tchau! (Tasira e seu amigo saem) Miguel: Que moça esnobe. (Miguel vai até o proscênio. Enquanto for ocorrendo a próxima cena, o plano três vai se modificando) Cena II 1
  • 3. (No proscênio já esta Miguel, entra um amigo dele. Tem que se passar à idéia de que o proscênio é uma rua) Amigo M: Fala garoto! Eu vi você falando com uma gatinha no intervalo. Miguel: Bonita, gostosa, porém uma mala, chata e esnobe. (entra Ana saindo do Plano três, ou de uma das pontas do proscênio). Ana: Não é mais fácil falar dos outros pela frente? Miguel: E você acha mesmo que iria gastar o meu latim com você? Mesmo porque o que acabei de falar agora pra você soa mais como um elogio do que uma ofensa. Ana: Olha aqui seu cretino... (Amigo M., separa os dois) Amigo M: Vocês não vão começar de novo. Miguel: Na verdade, eu quero é terminar, eu vou esganar ela! Ana: Então, vem filho da puta! Amigo M: Ninguém vai esganar ninguém. E a mãe dele a “Tia Maria”, só deu pro marido e depois do casamento (reação dos dois). Agora se acalmem e Ana, vai embora, por favor. Ana: Tudo bem, eu vou, mas a gente ainda resolve este problema. Miguel: É vai embora sua vaca ordinária. (Ana sai revoltada) Amigo M: E aí vamos ao PRB Miguel: Vamos! (Amigo M. Sai) Cena III (Enquanto Amigo M. sai, toca uma música de preferência Iron Maiden. Enquanto toca, Plano três vai acendendo em resistência. Amigo M. entra) Miguel: Porra meu! Faz mais de mais de meia hora que eu tô esperando! Amigo M: Foi mal. 2
  • 4. (Eles vão ao plano três. Começa a tocar outra música, eles dançam. Devagar o Amigo M., vai saindo de cena, ao mesmo tempo em que Tasira vai entrando. Trombam novamente) Miguel: Você de novo! Desse jeito vou achar que é perseguição. Tasira: Se você disser mais uma besteira dessas, eu juro que te dou um chute na bunda. Miguel: Que violência! (Começa a tocar uma música mais calma, “para se dançar agarradinha”. – Ta bom, eu sei que tocar uma música dessas num bar de punk rock é forçar a barra, mas você consegue.) Miguel: Quer dançar? Tasira: E tem jeito? (Dançando) Miguel: Sem querer me meter, mas já me metendo, o que aconteceu para você estar tão brava? Tasira: Desculpe, mas... (ela tira um cigarro), tem fogo? Miguel: Eu sempre tenho fogo. (Tasira olha com cara de que quer chutar a bunda dele) Tasira: Sabe aquele cara lá da escola? Então, a gente ia ficar, ele até falou que o pai era empresário... Miguel: E não era? Tasira: Catador de lixo. Miguel: Peraí! Você ia ficar com ele, por causa do pai rico? Tasira: Não! Miguel: Mas, então, porque não ficou com ele? Tasira: Ele mentiu... Miguel: Não exatamente. Tasira: Não me faça rir. (Ela joga a bituca de cigarro. BLACK-OUT. Ouve-se alguém dizer: FOGO!) Cena IV 3
  • 5. (A luz vai entrando em resistência nos dois planos principais. Nestes planos deve-se passar a idéia de Kitchenetes, não muito mobiliadas, mas com rádio e telefone. Entram Miguel e Tasira, um em cada plano. A cena deve ser sincronizada, eles ligam o rádio) Locutor: Noticia 2000. Uma seguradora levou um golpe de R$ 10.000,00 há suspeita de que a executora do golpe seja a namorada do dono. (No fim da noticia começa tocar a MSMQS – Música de sucesso do momento de qualidade suspeita – eles não gostam da música, trocam duas, três vezes de estação, mas acabam voltando à primeira.) Miguel (Plano um): Saco! Não tem outra coisa pior não hein? Tasira (Plano dois): E chamam isto de Rock. (A música acaba e entra um locutor) Locutor: Essa foi MSMQS, mais um sucesso dos caras... (Enquanto o locutor fala alguma coisa, que pode ser o comercial do seu patrocinador, se você conseguir um. Tasira e Miguel comentam) Miguel: Sucesso? Tasira: Só se for no país do jabá. (Ao final do comercial do locutor continua) Locutor: Uma super novidade pra você que gosta de rock! Está de volta depois de um incêndio provocado por uma bituca de cigarro há sete anos, o Punk-Rock-Bar, com todo gás. (Reação dos dois, do tipo “o culpado fui eu”. Quando o locutor acaba, Miguel disca um numero no telefone) Miguel: Alô! Você estava ouvindo a 2000? Tasira: Sim, o PRB vai voltar. Miguel: Depois do que aconteceu aquela noite. Tasira: É, mas não tive culpa. Miguel: Tubo bem vai... Vamos lá. Tasira: Demorou. Miguel: Falo João, ás 20:00h, “nóis cola lá”. Tasira: Às 20h. Não Clara, às 21h é melhor. 4
  • 6. (Desligam o telefone) Cena V (Ainda em seus planos começam a se arrumar, quando terminam vão ao Plano três, ao mesmo tempo) Tasira: Você por aqui Miguel: Pelo menos não trombamos. Tasira: O autor deve ter achado que ficaria desgastante. Miguel: É mesmo (Pausa. Observa ela), não fuma mais? Tasira: Não! Faz mal para os pulmões. Miguel: Pros pulmões e para os barzinhos de rock, né... Tasira: Eu não tive culpa. Miguel: Não! Então, quando parou de fumar? Tasira: Um dia depois do incidente, mas não tem nada a ver. Miguel: Claro que não. (Começa a tocar a MSMQS, tocada na cena anterior) Miguel: Que música chata! Tasira: Insuportável! Miguel: Sabe, estava ouvindo esta música, quando ouvi que a PRB iria reabrir. Tasira: Coincidência... Eu também. Miguel: O universo deve estar conspirando a nosso favor. Vamos dançar? Tasira: Cantada medíocre... Mas aceito. Miguel: Ufa! Pensei que ia levar um chute na bunda. Tasira: Você ainda lembra? Miguel: Cada detalhe daquela noite. Tasira: Eu não sei seu nome. Miguel: É mesmo. Meu nome é Miguel Ângelo Peres. Tasira: E precisa dessa pose toda pra falar o nome? (A luz vai saindo em resistência no plano três, enquanto vai entrando nos planos um e dois) 5
  • 7. Cena VI (Miguel está no Plano um e Tasira no dois. Esta cena terá poucas falas e muito movimento, mais uma vez sincronizados. Ligam o rádio) Locutor: Noticia quente da 2000 fm. Um velhinho de 89 anos acaba de levar um golpe de R$ 30.000,00. Ele comprou um carro de luxo de sua namorada, é, mas o carro não apareceu e a namorada desapareceu. (começa a tocar uma música qualquer) Miguel: Já se passaram três dias... Será que eu ligo? Tasira: três dias e nada dele ligar... (Ele ameaça ligar. Ela vai para o banho. Quando ele liga, ela está no banho. O telefone toca algumas vezes, no instante em que ela vai atender, ele desiste) Miguel: É, depois eu tento de novo. (sai) Tasira: Será que era ele?... Não deve ser a Clara. (Ela começa a se vestir. Quando termina, Miguel entra) Miguel: Já faz dias que estou tentando e nada. Tasira meu bem, é a sua ultima chance comigo... Por favor, não desperdice! (Quando Miguel termina a fala ela sai. Ele liga, toca algumas vezes e desiste) Miguel: Quer saber de uma coisa, chega! (Muda o tom), mas droga... Eu gosto dela... Gosto tanto que tô até falando sozinho... (Muda o tom), Já sei! Quando tocar a MSMQS, eu ligo pra ela. BLACK-OUT Cena VII (Luz entra em resistência nos planos um e dois. Tasira está limpando a casa e Miguel escrevendo algo. Ambos ouvindo rádio) Miguel: Já faz um mês que estou ouvindo esta porra de rádio e nada. (Começa a tocar a MSMQS, rapidamente ele pega o telefone e liga pra ela) Miguel: Alô! Tasira? Que sorte, até que enfim. Tasira: Eu é quem digo. Miguel: faz mais de um mês que ligo e nada! 6
  • 8. Tasira: Desculpe, estava meio atarefada. (Miguel abaixa o volume do rádio) Miguel: Você também esta ouvindo a 2000? Tasira: Estou. Está tocando aquela música insuportável. Miguel: Nem tanto... Estou mudando meus conceitos sobre ela... Tasira: Começou a comer merda? Miguel: Não! Depois te conto a história. Agora vamos ao que interessa. Gostaria de tomar um sorvete neste fim de semana? Tasira: Adoraria. Encontra-me lá na Doce Paixão, sábado às 20h. Miguel: Combinado. Até lá. Cena VIII (Em seqüência da outra cena, começam a se aprontar. Miguel caminha pelo seu canto do proscênio, até o centro e espera. Tasira faz o mesmo movimento do seu lado do plano. A luz sai em resistência nos dois planos e no Plano três acende, neste tem uma mesa e duas cadeiras representando uma sorveteria) Miguel: Vamos entrar? Tasira: Claro Miguel: Que tal esta mesa? (Sentam-se na mesa) Será que ninguém vem nos atender? Tasira: Calma. Vamos conversar enquanto isso. Miguel: O que você tem feito? Tasira: Nada de interessante. Uns trabalhinhos aqui, outros ali... E você? Miguel: Trabalho com consultoria, ganho um dinheiro legal. Consegui até comprar um ap., bem pequeno, mas é meu. Tasira: Que bom! Miguel: Sabe, uma coisa que me lembra você é aquele seu pretendente. Tasira: Qual? Miguel: O filho do sucateiro. Tasira: Por que você tá lembrando disso? 7
  • 9. Miguel: Esses dias, pouco tempo depois de ver você no PRB, eu vi uma reportagem de três páginas sobre eles. Tasira: Três paginas para dois sucateiros... Miguel: É. Três páginas para dois sucateiros que ficaram ricos com o negócio. Tasira: Ricos? Não acredito! (Entra Ana como garçonete) Ana: O que vocês desejam? Miguel: Eu quero... Você aqui? Que decadência tá esta sorveteria. Ana: Minha vida estava boa demais... Tasira: O que está acontecendo? Miguel: Nada não... Eu quero ser atendido por outra pessoa Ana: Eu também gostaria de atender outro, principalmente gente de verdade, mas não tem outro atendente. Tasira: Com licença, eu quero um cascão de duas bolas. Morango e creme com calda de baunilha. Miguel: E eu, de chocolate com coco e calda de morango. Ana: Vou buscar (sai) Tasira: Quem é ela pra você ficar tão alterado? Miguel: É uma vaca que eu não suporto e graças a deus, ela também não me suporta. Tasira: O que aconteceu? Miguel: Briga antiga. Tasira: Calma, não deixe que nada estrague esta noite. Miguel: Você tem razão. (Ana chega meio transtornada com os pedidos, tropeça e derruba no casa). Ana: Desculpe... tropecei Miguel: Tropeçou nada! Foi de propósito. Tasira: O que é isso, Miguel! A moça tropeçou. Ana: Deixa que eu limpo. 8
  • 10. Miguel: Não Põe a mão em mim, vou chamar o gerente! Ana: Quer saber? Foda-se! Não foi por querer, mas foi bom. Miguel: Gerente!!! Tasira: Calma Miguel! (Entra gerente) Gerente: Pois não... Miguel: Esta incompetente derrubou sorvete em cima da gente. Gerente: Você esta demitida, pegue suas coisas e fora! Ana: Vão todos vocês tomar no cu seus porcos! (sai) Gerente: Vocês me desculpem, receberão seus pedidos por conta da casa. (sai) Tasira: Miguel, a moça foi demitida. Miguel: É, não era minha intenção, mas fiquei com raiva. Tasira: Com o escândalo que você fez, queria o que?... Miguel: Sei lá, não sabia que o gerente era tão severo. Pensei que fosse descontar do salário dela. Também não importa, agora já foi, já acabou. Tasira: Melhor irmos. (Começam a sair para rua – proscênio – quando chega amigo de Miguel) Amigo M: Ainda bem que esta aqui. Miguel: Fala cara! Tasira, ele trabalha na 2000 e eu pedi pra ele descobrir quem pediu a MSMQS naquele dia. Tasira: E conseguiu? Amigo M: É claro! Você nem imagina quem é... Lembra da Ana Cristina Glauber? Miguel: Não! Amigo M: Aquela que você tinha rincha (neste momento Ana passa por eles em disparada) É esta aí mesmo. Tasira: Eu não acredito. A moça que nos uniu, você prejudicou. Miguel: Pra você ver como é a vida... 9
  • 11. BLACK-OUT. Cena IX (Luz acende em resistência nos dois planos. Entra Miguel e Tasira, cada um em seus planos o, rádio está ligado) Locutor: Notícia 2000 fm! “A namoradinha da cidade”, como a estelionatária está sendo chamada, ataca novamente. Desta vez foi um jovem de 16 anos filho de mega empresário, que roubou os cartões e senhas do banco do pai e da empresa. Ele entregou para ela na esperança de fugirem. O prejuízo ainda não foi calculado mais pode chegar a R$ 100.000,00. Há suspeita de que ela tenha um cúmplice. (Miguel abaixa o rádio e liga paraTtasira) Miguel: Tasi! Tenho uma novidade. Tasira: Qual? Miguel: O corretor ligou e uma pessoa vira ver o apartamento. Tasira: Que bom. Mas será que você deve vender? Você conseguiu com tanta dificuldade. Miguel: Meu amor, vendendo o meu e o seu apartamento, nós podemos comprar um melhor. Tasira: Fico com medo de não dar certo. (Toca campainha no Plano um) Miguel: Tenho que desligar (Desliga e atende a porta. Entra Ana) O que você esta fazendo aqui? Ana: Eu vim ver um apartamento. Miguel: Mas para você eu não vendo. Ana: Eu até brigaria com você, mas tenho coisa melhor para fazer. Miguel: O que? Ana: Ver o apartamento... Não que eu goste de comprar de você, mas... Miguel: Vendo minha alma para o diabo, mas não vendo o apartamento para você. Ana: Olha aqui seu “mané”, você me faz perder meu emprego, não me reconhece como cupido e ainda não quer vender o apartamento. Vai tomar no cu. 10
  • 12. Miguel: Você não me ofenda em minha casa! E pode xingar, espernear, mas pra você eu não vendo. (Os dois se olham com raiva e começam a se beijar. No outro plano Tasira esta se arrumando e sai. Quando começam a transar a luz vai caindo em resistência, quando se apaga de vez, ouve-se um grande gemido dos dois. A luz acende com os dois seminus) Miguel: Eu não acredito. Ana: Sinto-me suja. Miguel: Bem que estava gostando. Ana: Devia estar possuída. (Tasira entra no quarto) Tasira: Seus filhos da puta! (sai) Miguel: Calma! (A luz apaga em resistência nos dois planos) Cena X (Enquanto as luzes dos dois planos saem, a do plano três e do proscênio vai acendendo. Miguel e Tasira fazem o mesmo movimento da cena VIII, só que juntos) Tasira: Tá com o dinheiro? Miguel: Sim. E apareceu alguém para comprar o seu apartamento? Tasira: (sem jeito) Não. Miguel: Estou começando a ficar com receio. Tasira: Fica tranqüilo. Você mesmo diz que vendendo os dois poderemos comprar um melhor. E até vender o meu, poderemos morar lá. É pequeno, mas é só pra nós dois. Miguel: Você tem razão. Tasira: Então, vamos. (Vão para o plano central, onde tem uma mesa, com alguém) Miguel: Boa tarde, o senhor é o gerente? Gerente: Sim senhor. Miguel: Eu e minha futura esposa queremos abrir uma conta conjunta. 11
  • 13. Gerente: Pois não, o CIC e RG dos dois. (Começa a pegar os documentos, quando Miguel percebe que esta sem os seus) Miguel: Droga! Esqueci em casa. Tasira: E agora: O banco vai fechar e o casamento é amanhã. Miguel: Bem, tem que abrir só no seu nome. Tasira: Mas que chato, mas... Fazer o que, né... (Ela entrega os documentos. O gerente sai para preparar a papelada. No Plano um a luz acende em resistência com Ana deitada no sofá) Tasira: Ainda bem que você não vendeu o ap. pr’aquela vaca! Miguel: (Olhando para o plano um). É, ainda bem. Tasira: Quem comprou? Miguel: (Ainda olhando para o plano um). Você não conhece. (Chega o gerente) Gerente: Agora é só depositar o dinheiro. Tasira: Obrigada (pegando a papelada) BLACK-OUT. Cena XI (Tasira vai para o plano dois, pega um smoking e veste Miguel que volta para o plano três, onde esta o juiz. Tasira começa a se arrumar com um vestido branco. Ana já saiu no fim da ultima cena de seu plano. Quando Tasira termina de se arrumar, pega um envelope e beija. Sai. Miguel esta esperando junto ao juiz.). Juiz: Meu amigo, eu não posso esperar a tarde toda. Miguel: O meritíssimo sabe como são as noivas, sempre se atrasam. (para si) Droga Tasira, cadê você? (Entra Ana) Ana: Com licença, meritíssimo tenho um envelope para o noivo, Miguel Ângelo Peres. 12
  • 14. Miguel: (Sem perceber quem é) Sou eu... Mas até aqui você me persegue? Será que nem no meu casamento eu estou livre de você? Ana: Eu trabalho aqui! Quer o envelope? Miguel: Me da esta porra! Juiz: Eu não permito este tipo de palavreado aqui! Miguel: Desculpe meritíssimo. (Enquanto abre) Ana: Então, aquela bobinha te perdoou. (O conteúdo da carta deve ser lido em voz alta, para que todos ouçam. Pode ser uma gravação) Carta: Cidade de preferência de agosto do ano que quiser. Miguel meu amor, venho através desta comunicar a sua pessoa, que retirei todo o dinheiro da venda do seu apartamento do banco. Isso quer dizer, é claro, que não me casarei com você. É isso mesmo! Sem chance! Ah! Espero que tenha lugar para morar, pois o outro ap. Era alugado e nós fomos... Como eu posso dizer... Despejados por falta de pagamento. Sem mais, Tasira. Ah! Já ia me esquecendo! O pinto do meu amante é maior e mais gostoso que o seu! Ana: Isto é uma carta bomba. BLACK-OUT. Cena XII (A luz acende em resistência no plano um com Ana e Miguel. Ele inconformado. O rádio está ligado) Miguel: Agora entendo aqueles sumiços, porque me aceitou de volta tão rápido... Como eu fui burro! Ana: E corno. Miguel: Não respeita nem mesmo um momento de dor. Ana: Desculpe, mas foi melhor assim. Imagine casar com uma mulher dessas. 13
  • 15. (A partir das próximas falas de Miguel e Ana, tudo o que eles disserem acontecerá no plano dois, como se fosse a imaginação deles ao vivo) Miguel: Eu estou com tanta raiva, que seria capaz de rogar uma praga nela. Ana: Que tipo de praga? (Acende plano dois) Miguel: Imagine os dois chegando num quarto de motel de beira de estrada. Ana: Que tipo de praga é esta? Erótica? Miguel: Quieta! Viaja comigo. Os dois começam a transar, beijo daqui, beijo de lá e de repente uma surpresa... Ana: Já sei! O amante pega uma faca e mata ela. Miguel: Não, pior. Ele goza primeiro e deixa ela na mão. Ana: Sinistro. Miguel: Depois ele a convida para tomar banho, mas fala... Amante (no plano dois): Vai primeiro que eu já vou. Ana: Aí sim, ele pega uma 9 mm com silenciador e mata ela. Miguel: Não! Ele se troca rápido, pega o dinheiro e “sai vazado”. Ana: É, legal, mas ela não sai nem um pouco machucada. Miguel: Tá bom, sua psicopata. Ela escorrega e se rala toda. Está bom assim? Ana: É melhor que nada; e a praga é sua. Miguel: E tem mais, a Policia Federal que já estava atrás dela, de repente invade o quarto e a prende. Ana: Até a policia chegar dava até para acreditar na possibilidade de a praga dar certo. Miguel: Como as coisas são engraçadas, nó que nos odiamos, aqui juntos, no meu ex-apartamento. A propósito, como você comprou meu ap? Ana: Lembra daquele dia na sorveteria? Miguel: Sim, nunca esqueci, mesmo porque a culpa de sua demissão foi minha. Ana: Não foi não. Quando eu fui buscar seu pedido o meu chefe me assediou, por isso estava transtornada e tropecei. 14
  • 16. Miguel: Ainda não entendi. Ana: Eu processei meu chefe por assédio e a sorveteria por demissão injusta e ganhei uma bolada no acordo. Miguel: Legal! Sabe que eu não lembro porque a gente briga tanto... Ana: Você quem começou. Miguel: Eu? Ana: É! Lembra que você puxou meu cabelo no prezinho. Miguel: Puxei porque você quebrou meu lápis. Ana: Eu quebrei teu lápis porque você xingou meu cachorro. (Enquanto eles brigam o rádio aumenta uma música que está no fim. Eles continuam discutindo em off. As cortinas começam a se fechar, mas o locutor do rádio começa a falar. As cortinas se abrem novamente, fazendo com que os dois escutem) Locutor: Noticia urgente na 2000 FM. A estelionatária Tasira Jahi de Souza, “A namoradinha da cidade” foi presa esta tarde pela Policia Federal. Ela já deu vários golpes em empresas, idosos, etc. Sua última vitima foi Miguel Ângelo Peres, que se casaria com ela. Ele vendeu seu apartamento, ficando o dinheiro com a estelionatária. Quer dizer, deveria ter ficado. A suspeita é que seu amante e cúmplice fugiu com o dinheiro, pois não foi encontrado com ela. (Fecham-se as cortinas.). Outra nota do autor: Você deve estar se perguntando quem é o Senhor Dest. Este personagem é todos aqueles que não Ana, Tasira e Miguel. O nome Senhor Dest, veio da ideia de Destino, pois ele é responsável pela ligação das cenas mais importantes. Ele obrigatoriamente é o Locutor, o Amigo de Miguel, o Juiz, o Gerente, etc. Outra coisa que você não deve ter entendido, é o que significa exatamente MSMQS. Como está definido na cena IV: “Música de Sucesso Momentâneo de Qualidade Suspeita”, eu quero dizer, que é aquela música, geralmente de pop-rock popular, que é uma merda, mas que faz sucesso (nem que seja por uma semana). Não será difícil para você encontrar uma. 15