Este documento apresenta cinco obras de arte de diferentes épocas e lugares que retratam animais fantásticos. As obras incluem uma escultura assíria do século 8 a.C., uma escultura egípcia de 1928, um desenho brasileiro de 1960, uma escultura coreana de 2007 e uma instalação brasileira de 2011. Cada obra é analisada em termos de seu contexto histórico e cultural, assim como os artistas e técnicas envolvidas.
1. Coordenadora: Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva Responsáveis pelos Conteúdos: Adriane C. Kirst, Cristiane H. Simó, Milka L. Plaza, Rodrigo Born, Maria Cristina da Rosa F. da Silva
Revisão Gramatical: Miriam C. C. M. Mattos Projeto Gráfico e Diagramação: Luiza C. Magajewski
Universidade Federal
do Rio GrandeFURG
OS ANIMAIS FANTÁSTICOS
DO MUNDO DA ARTE
2. Durante a história, nas mais diversas culturas, em sua exuberante criatividade, o homem inventou
criaturas fascinantes que rechearam as histórias de mitos e fantasias.
Criaturas mágicas, repletas de mistérios, aparecem desde os mitos do Egito, da Grécia, da Mesopo-
tâmia, da Idade Média e em vários outros períodos e lugares e até mesmo nos dias de hoje.
Dragões, Quimeras, Pégasos, Esfinges, Ogros, Gigantes, Anjos ou até mesmo o Boitatá... A imagina-
ção parece uma fonte inesgotável. Talvez surjam da mistura de vários animais já conhecidos, quem sabe
até tenham existido de verdade, mas uma coisa é certa: os animais fantásticos estão presentes tanto nas
histórias, como em muitas obras de arte.
Os animais fantásticos não são um gênero de arte, mas frequentemente surgem, trazendo para nós
como tema a fantasia e o imaginário, que nos fazem entender melhor a história e as diferentes culturas.
3. 1 - Lamassu,
Assíria do século 8 a.C.
Escultura em calcário
2- Mahmoud Mukhtar,
O Despertar do Egito, 1928
Escultura
3- Franklin Cascaes
Boitatá , 1960
Nanquim sobre papel e colagem
5 - Walmor Corrêa
Você que faz versos, 2011
Taxidermia e técnicas diversas
4– Ji Yong Ho
Lion Woman 1 (Mulher leão 1), 2007
Escultura com tiras de pneus e resina
4. 1 - Lamassu,
Assíria do século 8 a.C.
Escultura em calcário
O Lamassu é um enorme animal alado e
com cabeça humana, que era utilizado aos pares
nas portas dos palácios. Estas estátuas foram
produzidas pelos assírios. Acredita-se que sua
civilização tenha terminado com a captura da capi-
tal Nínive, pelos babilônios em meados de 612
a.C.. A técnica desta obra especificamente,
refere-se às técnicas tradicionais de escultura.
Nesta região, as esculturas mais comuns eram em
alto-relevos.
O Lamassu (escultura da imagem) estava
localizado logo na entrada dos palácios. Em sua
opinião por que foi escolhida essa localização?
Para você, qual é a finalidade dos animais fantásti-
cos? Qual sua importância para estas culturas anti-
gas?
2- Mahmoud Mukhtar
O Despertar do Egito, 1928
Escultura
O despertar do Egito (Egypt Awakening)
mostra a famosa esfinge espreguiçando-se como
um gato e saindo de sua posição de passividade,
como se antes estivesse adormecida. A escultura
possui, segundo Chika Okeke (2005) um forte
aspecto político.
Considere que o povo Egípcio apresentava
uma cultura determinada por um regime político
autoritário se comparado aos dias atuais. Que diálo-
gos podem ser estabelecidos pela obra de Mukhtar
neste contexto?
4– Ji Yong Ho
Lion Woman 1 (Mulher leão 1), 2007
Escultura com tiras de pneus e resina
“Lion Woman 1” é uma escultura formada
com tiras de pneus recicláveis e resina sintética. Esta
escultura explora um material pouco nobre (o pneu)
que representa as possibilidades de diversidade de
materiais utilizadas na contemporaneidade. Esta
obra pode ser uma representação da figura mitológica
da Esfinge, história antiga escrita por Sófocles, conhe-
cida por dar um enigma aos viajantes que passavam
por onde ela morava. Caso errassem a resposta, a
Esfinge matava o viajante.
A pergunta era: Qual animal anda sobre quatro
patas pela manhã, sobre duas pela tarde e sobre três
pela noite?
Você sabe que animal é este?
3- Franklin Cascaes
Boitatá ,1960
Nanquim sobre papel e colagem
As imagens do Boitatá sao representadas
como um boi com asas ou na forma de uma
serpente flamejante. O boitatá é um animal
fantástico do imaginário da Ilha de Santa Cata-
rina. De origem indígena, acreditava-se que ele
era o defensor das florestas e da natureza. Neste
trabalho são utilizadas técnicas de colagem
(sobreposição de imagens), e desenho em nan-
quim.
Pense nas relações entre o trabalho de
Walmor Corrêa e de Franklin Cascaes. Quais são
as semelhanças e diferenças entre os trabalhos
de ambos artistas?
5 - Walmor Corrêa
Você que faz versos, 2011
Taxidermia e técnicas diversas
O trabalho de Walmor Corrêa é feito em
Taxidermia. Nesta técnica, retiram-se as partes do
animal morto que podem causar o apodrecimento
e a pele do animal é preservada, dando a impressão
de que ainda está vivo. Nele há a mistura de partes
de dois animais distintos, que formam um novo
animal fantástico. Neste trabalho surge um animal
estranho com corpo de pássaro e cabeça de rato.
O que você acha da utilização de técnicas,
como a taxidermia, para a produção de objetos
escultóricos?
5.
6. 1 – Artista(s) desconhecido(s)
Lamassu
Assíria do século 8 a.c.
Escultura em calcário.
A Mesopotâmia é uma região localizada entre os rios Tigre e Eufrates (por isso é chamada assim,
o nome significa “entre rios”). Este lugar é significativo para a história da arte, pois abrigou a cultura
de diversos povos como os Sumérios, Assírios e Babilônios. Foram descobertos nessa região, trabalhos
de pintura e escultura (principalmente em baixo relevo). Muito da arquitetura foi perdido, pois a locali-
dade praticamente não possuía pedreiras, sendo comum a utilização de um material de qualidade infe-
rior chamado Adobe ("tijolos" de argila queimados diretamente em exposição ao Sol).
Neste período da história, o nome dos artistas não era muito importante. A finalidade da obra,
seu tema e para quem eram feitas, eram mais significativos do que a autoria. Assim a figura do artista
era inexistente figurando o papel do artesão.
7.
8. 2- Mahmoud Mukhtar
O Despertar do Egito, 1928
Escultura
O Escultor egípcio Mahmoud Mukhtar (1891-1934) foi um dos primeiros artistas modernos do Egito
que, de acordo com o curador Salwa Mikdali (www.artinfo.com), foi impulsionado por uma nova valori-
zação da cultura e patrimônio nacional, buscando a arte faraônica antiga.
Ele viveu em um período de entre guerras e atuou na política, defendendo o movimento da inde-
pendência do Egito. Isto influenciou sua arte, que propunha uma revitalização e despertar de algo como a
consciência de seu país adormecido.
Mukhtar estudou Belas Artes no Egito no início do sec. XX e posteriormente na França (muitos artistas
africanos foram e vão estudar na Europa). Seus trabalhos serviram de inspiração para artistas africanos da
contemporaneidade e Mukhtar ficou conhecido como padrinho da escultura Egípcia moderna, pelo seu pio-
neirismo.
9.
10. 3- Franklin Cascaes
Boitatá, 1960
Nanquim sobre papel e colagem
Nascido em São José - SC, Franklin Cascaes (1908 – 1983) foi um grande pesquisador da cultura aço-
riana na ilha de Santa Catarina.
Teve seu trabalho reconhecido somente aos 66 anos. São ilustrações, peças de cerâmica, gravuras e
textos que retratam as lendas e superstições da cultura local. As produções de imagens e textos expressam
um imaginário rico, que envolvem histórias de pescadores, de bruxas e também de animais fantásticos
como o Boitatá e a Mula-sem-cabeça.
Pode-se dizer que o trabalho de registro e pesquisa de Franklin Cascaes, possibilitou o seu reconheci-
mento como artista regional.
11.
12. 4 – Ji Yong Ho,
Lion Woman 1 (Mulher leão 1), 2007
Escultura com tiras de pneus e resina
Nascido em 1978, começou a trabalhar com arte em 2004. Formou-se em Escultura na cidade de Seoul
(no sul da Coréia) e Belas Artes em Nova York no ano de 2008.
Seu trabalho é voltado para a escultura com materiais reciclados. As tiras de pneus servem para dar
forma aos animais e criaturas híbridas: misturas de animais com outros animais ou com humanos.
O trabalho de Ji Young Ho possui um caráter mitológico em alguns aspectos. A união de animais com
homens e mistura de animais distintos é recorrente em muitas mitologias, é o caso do minotauro ou das
sereias (na mitologia grega). No caso do minotauro, trata-se de um animal fantástico, que é metade
homem e metade touro, e as sereias são uma mistura de mulher e peixe, somente da cintura para baixo.
13.
14. 5- Walmor Corrêa
Você que faz versos, 2011
Taxidermia e técnicas diversas
Nascido em Florianópolis, radicado em Porto Alegre, Walmor é um artista contemporâneo em ativi-
dade a partir de 2004. Seu trabalho reflete um rico imaginário de flora e fauna fantásticas. Walmor se
coloca em posição de um descobridor em uma terra desconhecida (como um imigrante na época das
grandes navegações) e tenta registrar estas “descobertas”, simulando e imitando registros científicos.
Walmor fez obras de vários animais do imaginário popular, mostrando detalhes dignos de livros de
anatomia para cada uma destas criaturas. De acordo com o próprio artista, quando criança, era incentivado
a procurar por criaturas que seu pai inventava. Possivelmente isto influenciou seu processo artístico.
O trabalho de Walmor vem tendo grande repercussão: Johnny Raymond (diretor da Warner Bros.)
entrou em contato para que seu trabalho aparecesse na série americana ‘Supernatural’ (sobrenatural).
15. CAMINHOS POSSÍVEIS
Objetivos
- Comparar as diversas manifestações culturais na construção de animais fantásticos presentes nas imagens
do material didático.
- Refletir sobre os animais fantásticos, relacionando-os com o contexto dos alunos. Exemplo: a existência
desses seres nos desenhos animados e nas histórias em quadrinhos.
- Elaborar animais fantásticos que tenham ligações com sua história de vida e sua personalidade.
- Produzir, registrar e pesquisar imagens e conteúdos nos programas de computador.
Estratégias
- Apresentar os artistas e o contexto em que eles viveram ou vivem, os aspectos sociais e políticos da época em
que criaram as obras, fazendo pontes com o contexto dos alunos.
- Pensar quais animais fantásticos aparecem nos vídeo-games, propagandas, filmes, histórias e imagens. Pedir
que os alunos tragam estas imagens quando reconhecerem estas figuras.
- Procurar as diferenças e semelhanças entre os animais fantásticos de culturas da antiguidade e suas manifesta-
ções na arte contemporânea.
- Trabalhar a citação e apropriação na arte contemporânea e pensar em como os artistas de hoje ressignificam
estas imagens.
- Construção dos animais fantásticos através de desenhos ou recorte de imagens. Este exercício pode ser
aproveitado na construção de personagens de histórias em quadrinhos, buscando suas características, sua história, etc...
- A mesma atividade pode ser elaborada no programa Office desenho com imagens, encontradas na internet e
desenhos produzidos pelos próprios alunos.
- Produção de vídeo ou de fotografias das atividades artísticas dos alunos. Editar no Office apresentação Im-
press ou no Gerenciador de fotos Shotwell, ou no Reprodutor de filmes. A edição pode ser realizada pelo professor
ou pelos alunos.
16. Temas relacionados
Animais, meio ambiente, cidade.
Temas articuladores
- Histórias em quadrinhos. Português
- As relações do homem com os animais. Estas relações podem ser observadas também na
arte pré-histórica. História e Ciências.
- O imaginário nas grandes navegações em terras desconhecidas . Como pensavam os pri-
meiros homens que chegaram em um “novo-mundo”? História
- Genética, mistura de espécies animais. Ciências e Biologia
- Rios Tigre e Eufrates. Geografia
Para refletir
A importância do Mito.
Disponível em: <http://artedartes.blogspot.com/2009/11/importancia-do-mito.html>
Acesso em: jan. 2012.