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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
      DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV
             LICENCIATURA EM HISTÓRIA



        AURINÉIA CARNEIRO DE ALMEIDA




MULHER, FAMÍLIA E TRABALHO EM JUAZEIRINHO




                 Conceição do Coité. BA
                    AGOSTO, 2010
AURINÉIA CARNEIRO DE ALMEIDA




MULHER, FAMÍLIA E TRABALHO EM JUAZEIRINHO




                    Trabalho de conclusão de curso apresentado como
                    requisito parcial para obtenção do título de
                    Licenciada em História, pelo Departamento de
                    Educação, Campus XIV, da Universidade do Estado
                    da Bahia.
                    Orientador: Eduardo Borges




               Conceição do Coité, BA
                  AGOSTO, 2010
MULHER, FAMÍLIA E TRABALHO EM JUAZEIRINHO


                                                                           Aurinéia Carneiro de Almeida




RESUMO

Este estudo objetivou conhecer a estrutura de famílias em que a mulher é a principal responsável pela
manutenção econômica do lar. Realizou-se o estudo de caso no Distrito de Juazeirinho, através da análise de
quinze entrevistas, nas quais as mulheres sustentam a família com ou sem a presença do companheiro, somado
com os dados do IBGE sobre o local, para poder contrapor as fontes e perceber que a garantia de subsistência
mostrou-se mais importante para o ajuntamento familiar do que o fato de a mulher ser o membro da família que
garante tal sustento e, por causa disso, o marido se abstém da função de pai, de orientador dos filhos, o que
dificulta a criação destes.


Palavras-chave: chefia familiar, trabalho, relações de gênero, sociedade e filhos.




ABSTRACT
This study investigated the structure of families in which the woman is primarily responsible for the economic
home. The survey is a case study in the district of Juazeirinho through the analysis of fifteen interviews where
women supporting their families with or without the presence of the companion, together with the IBGE data on
the site in order to counter sources and realize that the guarantee of subsistence was more important to the family
gathering, than the fact that women are the family member who provides the support, and because of the
husband refrains from guiding role of father of the children makes it difficult to create these . Since it does not
impose his authority on a day-to-day making the children do not comply, or anyone else, automatically giving
you permission to break the rules of the family, society, unpunished and without limits.


Word-key: it commands familiar, work, relations of sort, society and children.
INTRODUÇÃO: O Papel da Mulher na Família


       Quando escolhi o curso de História para me especializar, a minha maior motivação era
falar sobre Juazeirinho, este lugar tão rico em cultura, tradição e vivência. Então, comecei a
delimitar os campos de estudos possíveis, em busca de uma área que me identificasse. Foi
quando decidi abordar relações de gênero, para escrever a história das mulheres de
Juazeirinho, por admirar o trabalho e o papel de destaque que a mulher ocupa dentro dessa
sociedade e pela grande quantidade de mulheres sendo chefes de família. Passei a pesquisar
mais sobre o tema Chefia Familiar, a observar o comportamento feminino nessa sociedade,
como também a aproximar-me das minhas inspirações, para ver o seu dia a dia, com as suas
lutas cotidianas.
       Por outro lado, a grande satisfação e a experiência que este trabalho me concedeu foi o
momento em que tive de ir a campo em busca dos depoimentos destas mulheres. Neste
momento, em paralelo, tive que manter diálogos informais com as entrevistadas, antes de
realizar as entrevistas, para que estas tivessem o devido esclarecimento do que iria se tratar
nossa conversa. A princípio, fui buscando entender o papel real que estas mulheres exercem
dentro do seu cotidiano doméstico. Nas conversas que tivemos, achei necessário ter com elas
um diálogo que me permitisse questioná-las sobre assuntos vinculados a filhos, sustento da
casa, centralidade das decisões sem, entretanto, causar nenhum tipo de constrangimento.
       No mais, quando me predispus a estudar este tema, em nenhum momento queria uma
análise superficial e quantitativa, pelo contrário, sempre quis buscar o interior das relações
familiares, ou seja, tudo que cerca o dia a dia de uma família, suas lutas, desafios e
conquistas. Entender as limitações e as dificuldades de cada uma e as manobras de
sobrevivência que utilizaram para vencê-las. Foi por esse motivo escolhi a história oral como
metodologia de pesquisa, pois as entrevistas dariam conta de todo o objeto analisado, ao
relatar a realidade diária da família na fala da entrevistada. Daí, consegui 60 voluntárias para
serem meu “objeto” de estudo, mas entrevistei apenas 30 mulheres e, de fato, fiz todo o
processo de gravação, transcrição e análise, com 15 mulheres. Pois percebi que o tempo era
muito curto para analisar um material tão rico, e ver que algumas situações se repetiam.
       Quero dizer ainda que tive o cuidado apenas para que todas as entrevistadas fossem de
fato as responsáveis pelo sustento do lar. E que não tive nenhum critério de escolha para
utilizar as entrevistas, por não ter nem a melhor nem a pior fala; todas foram importantes na
sua individualidade, utilizadas na ordem de gravação e de transcrição. Não tive muito trabalho
para obter nem para realizar as entrevistas, pois fiz de tudo para elas se sentirem à vontade, e
sempre deixei bem claro que só falassem o que desejavam falar e que os assuntos que as
constrangiam eram para ficar no seu íntimo.
       Traçando um rápido perfil de minhas personagens, posso dizer que são mulheres
muito diferentes entre si. A mais nova tem 30 anos e a mais velha 71 anos; existem solteiras,
casadas, separadas e viúvas; no aspecto escolar, umas possuem o nível médio completo
(Magistério), enquanto outras não concluíram o Fundamental, vindo a ser alfabetizadas
recentemente. São fatores que, por sua vez, acabam por refletir na ocupação que exercem
nessa sociedade, pois, em todos os lugares, elas se encontram. Uma enfermeira, três
domésticas, duas professoras, uma costureira industrial, uma cabeleireira, duas merendeiras,
duas lavradoras, uma lavadeira e uma cozinheira autônoma. Só quando se fala em religião é
que se dividem em dois grupos: católicas e evangélicas. Em relação a filhos, algumas
demonstraram interesse em ter uma família grande (6) e, outras, uma família pequena (1).
Sendo que o tamanho da família varia de acordo com o nível escolar das mulheres, onde a
mulher que possui um nível de escolaridade maior tem uma família pequena e a mulher que
tem um nível de escolaridade baixo tem uma família grande. Mas, em um aspecto, todas se
igualam: são responsáveis pela casa e pelos filhos, que colocaram no mundo por motivos
diversos, sem deixar se abater pelas muitas dificuldades que enfrentaram.


       Mas para que pudesse escrever sobre este tema acadêmicos e estudiosos tiveram, no
início do século XIX, que se rebelar contra a historiografia iluminista e provocar a abertura do
campo de pesquisa com a proposta de se escrever uma história total, através do diálogo com
as outras áreas de conhecimento. E foi num desses diálogos com a antropologia, que a mulher
foi alçada ao papel de objeto da história, podendo assim escrever sua história. Mas se as
discussões acadêmicas provocaram mudanças no campo de pesquisa e metodológico, não
poderiam as feministas continuar reproduzindo o discurso determinista que reserva a mulher o
âmbito privado como condição natural. Então as feministas propõem a substituição do
substantivo mulher pela categoria de analise gênero, por este compreender as relações sociais
construídas entre os sexos. Analisando as relações econômicas mundiais para desconstruir o
discurso de separação entre publico e privado, e a progressiva inserção da mulher no mercado
de trabalho, que influenciaram e determinaram as relações de poder entre homens e mulheres
na sociedade juazeirense, marcando este coletivo com as diversas experiências de auto-
afirmação feminina e suas manobras de sobrevivência como a “pessoa de referencia do lar”.
História social


       Para pesquisar o tema Mulher Chefe de Família, é preciso antes situá-lo no campo da
história social. Quando, no início do século XIX, a crise do sujeito leva historiadores,
sociólogos, filósofos e geógrafos a discutirem sobre o melhor método a ser utilizado pela
historiografia para dar continuidade às pesquisas, uma vez que não aceitavam o método
tradicional e iluminista no qual via o homem como sujeito, consciência e produtor da história,
pois isso, significava narrar os eventos políticos, recolhidos nos próprios documentos escritos
por homens específicos, em sua ordem cronológica, ou seja, em sua evolução linear e
irreversível “tal como se passaram” (REIS, 1996).
       Segundo REIS (1996), é na Escola dos Annales que nasce a “nouvelle hístoire”,
traduzindo uma nova história, onde o homem deixa de ser considerado pelo pensamento como
sujeito e torna-se objeto, inconsciência e produto da história; levando os novos historiadores a
ampliarem tanto o campo de análise como as ferramentas de pesquisa e o objeto, para dar
conta dessa nova abordagem. Para alcançar tal objetivo, adotaram o método da “história-total
ou global”, onde os estudos se baseavam na compreensão do todo, “tudo” no sentido de que
as relações sociais e humanas podem ser tematizadas no passado, em que a história política
não seria mais a dimensão privilegiada, e a História deve tratar de todas as dimensões do
social e humano, como: o econômico, o social, o cultural, o religioso, o técnico, o imaginário,
o artístico, etc. E do “todo”, que seria a ambição de apreender uma época em sua totalidade,
sua estruturação em torno de um princípio unificador.
       Segundo este, a ampliação do campo de análise, das contribuições recíprocas
decorrentes da explosão do feminismo e das transformações na historiografia, a partir da
década de 1960, foi fundamental na emergência da história das mulheres. E a história social
passa a ter um papel decisivo nesse processo, em que as mulheres são elevadas à condição de
objeto e sujeito da história, uma vez que a historiografia dominante diferenciava a
participação dos dois sexos na construção da história ao polarizar num sujeito humano
universal.
       De acordo com REIS (1996), essa trajetória se constitui da seguinte forma: nas
décadas de 30 e 40, a designação história social aparecia vinculada a uma abordagem
culturalista com ênfase nos costumes e tradições, tendo como objeto de estudo o domínio
privado numa relação/oposição entre individual e coletivo, distinguindo a história social as
abordagens anteriores.
Depois, nas décadas de 50 e 60, a história social tendeu a constituir-se no interior desta
nova postura historiográfica. Foram décadas marcadas pelo uso da quantificação nas ciências
sociais, pelos primeiros avanços da informática e pela explosão de tensões sociais que
dificilmente a comunidade dos historiadores poderia continuar ignorando. Dentro desse
contexto, o movimento feminista contribuiu para a aparição do objeto “mulher” nessa nova
perspectiva histórica.
       Nesse sentido, a história social buscava formular problemas específicos quanto ao
comportamento e às relações entre os diversos grupos sociais. Como também recolocava o
papel da ação humana no auge das abordagens estruturalistas, a história em questão.
       Entretanto, no ponto de vista metodológico, a historia social, nas décadas de 60 e 70
esteve fortemente marcada por uma crescente sofisticação de métodos quantitativos para a
análise das fontes históricas, tendo por base trabalhos com fontes eleitorais, fiscais,
demográficas e principalmente cartoriais e judiciais. Essas novas fontes abriram portas para a
aparição das mulheres nos relatos históricos.
       Depois, entre os anos 70 e 80, houve uma aproximação da história social com a
Antropologia, passando, assim, a privilegiar as abordagens socioculturais. Essa aproximação
implicou profundas reavaliações metodológicas. Adotando esse caminho, muitas historiadoras
e historiadores seguiram a trajetória antropológica para chegar à história das mulheres.




História das Mulheres


       Como vimos anteriormente, em 1960, a hegemonia da história tradicional sobre a
historiografia, que excluiu e colocou a mulher à margem da história ao longo dos tempos, teve
fim. De acordo com Juliana Rodrigues de Lima Lucena, graças às contribuições da história
social e da história das mentalidades, articuladas ao crescimento da antropologia que as
mulheres foram alçadas à condição de objeto e sujeito da história.
       Segundo a autora, essa mudança foi influenciada pelo crescimento da participação
política e pública das categorias de análise: gênero, classe e raça, através dos movimentos
sociais da década de 60, particularmente os movimentos feministas, de gays e lésbiscas,
juntamente com o surgimento da pílula anticoncepcional, novas tecnologias de prevenção à
AIDS, causaram grande impacto sobre o discurso dominante.
       Assim, segundo LUCENA (2008), a história das mulheres dentro da análise da
categoria de gênero é um estudo intrinsecamente político, e não há jeito de se evitar a política
do conhecimento e dos processos que o produzem. Por essa razão, a história das mulheres é
um campo inevitavelmente político, ocupando o papel de construtora das práticas
socioculturais. Pois, tem consciência de que gênero é uma construção cultural, levando as
feministas a questionarem e se posicionarem contra os discursos e as relações de poder de
uma sociedade androcêntrica, baseado no determinismo biológico, que tem como base a
adversidade entre homem e mulher, no qual o primeiro sexo seria o dominante e o segundo o
dominado na lógica binária de teoria/prática, público/privado, razão/sentimento, levando-as a
produzir novas formas de saber e poder que desconstruam essa visão tradicional. Em que o
“ele”, usado no discurso público para se dirigir a um público composto por homens e
mulheres, estaria representando a mulher, através do cumprimento “boa noite a todos”.
       Sendo assim, esta ainda acredita que a história das mulheres no Brasil esteve
diretamente ligada à sua participação na vida pública através dos movimentos de mulheres e
feministas que aqui se desenvolveram. Por um longo período, ela foi escrita a partir de
convicções feministas. Certamente toda a história é herdeira de um contexto político, mas,
relativamente, poucas histórias têm uma ligação tão forte com um programa de transformação
e de ação como a história das mulheres. Mesmo que historiadores e historiadoras tenham sido
ou não membros de organizações feministas ou de grupos de conscientização em que eles ou
elas se definissem ou não como feministas, seus trabalhos não foram menos marcados pelo
movimento feminista de 70 e 80.




Relações de Gênero


       Em função da influência dos debates norte-americanos e franceses sobre a construção
social do sexo e do gênero, no final dos anos 80, nos estudos historiográficos, as academias
feministas brasileiras começaram a substituir o substantivo mulher pela categoria gênero, por
se constituir um meio útil de distinguir a prática sexual dos papéis atribuídos às mulheres e
aos homens, na medida em que os (as) historiadores (as) sociais se voltaram para novos temas
como as mulheres, as crianças, as famílias, e as ideologias de gênero.
       A principal referência para os estudos sobre gênero no Brasil advém do trabalho da
historiadora e feminista americana SCOTT (1988), especialmente seu artigo intitulado:
Gênero: uma categoria útil de análise histórica, p.2, no qual formula sua definição de gênero:
Gênero é a organização social da diferença sexual. Mas isso não significa que o
                       gênero reflita ou produza diferenças físicas fixas e naturais entre mulheres e
                       homens; mais propriamente, o gênero é o conhecimento que estabelece significados
                       para diferenças corporais. (...) não podemos ver as diferenças sexuais a não ser como
                       uma função de nosso conhecimento sobre o corpo, e esse conhecimento não é puro,
                       não pode ser isolado de sua implicação num amplo espectro de contextos
                       discursivos.


       Como pode ser visualizado na citação anterior, as palavras de SCOTT (1988) são
esclarecedoras quando afirmam que gênero é uma construção social e histórica das diferenças
percebidas entre os sexos e uma forma primária de dar significado às relações de poder. Para
isso, apoia-se no conceito de poder utilizado por Foulcault, para quem o poder não é algo que
se possa possuir, o poder circula. Portanto não existe em nenhuma sociedade divisão entre os
que têm e os que não têm poder. Pode-se dizer que poder se exerce ou se pratica. O poder,
segundo Foucault, não existe. O que há são relações, práticas de poder. Em função da
relevância desse conceito para a inserção da mulher no campo do estudo, esta pesquisa utiliza-
o como principal referência a cerca da discussão de gênero.
       No entanto este artigo não desconsidera a teoria em que o “gênero” foi desenvolvido e
é sempre usado em oposição a “sexo”, para descrever o que é socialmente construído em
oposição ao que é biologicamente dado. Aqui, gênero é tipicamente pensado como referência
à personalidade e ao comportamento, não ao corpo. Visão que sobrevive até hoje nas teorias
feministas.
       Segundo SCOTT (1988), no processo de construção da história da mulher, o gênero
foi inicialmente utilizado pelos (as) historiadores (as) nos estudos feministas apenas na
abordagem descritiva, como: sinônimo de mulher, sem haver mudança conceitual. Esse termo
foi utilizado apenas para buscar a legitimidade acadêmica, mas não problematizava, não
sugeria desconstruções e nem pretendia abalar os pilares de sustentação das verdades
científicas, só depois que o gênero passou a ser usado como uma categoria mais ampla para
compreender as relações sociais mantidas entre o sujeito masculino e feminino.
       Para SCOTT (1988), a sociedade é como um palco de conflitos onde o sujeito é o ser
ativo. As condições estruturais e simbólicas são concebidas como constituintes e construtoras
da sociedade. Aqui, a historiadora questiona a naturalização das relações desiguais de gênero,
representando-as como construções sociais.
       A autora ainda aponta para a necessidade de reinterpretação das relações desiguais do
poder social construída hierarquicamente, que trata a questão da dominação como natural,
algo inaceitável, uma vez que no interior de cada situação social e histórica podem-se
identificar resistências. Surge, então, o compromisso de rever a noção de uma sociedade
engessada, que imobiliza qualquer tentativa inovadora e com qualquer possibilidade
reinterpretativa.
         Assim, ao propor o uso do conceito de gênero, SCOTT (1988) denuncia que este
esteve ausente como categoria de análise das principais abordagens da teoria social,
formuladas desde o século XVIII até o início do século XX. Além disso, afirma que o gênero
só foi incorporado como conceito pelas feministas americanas na busca de enfatizar o caráter
fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo, em detrimento das propostas
determinísticas biologizantes.
         Nesse sentido, REIS (1996) mostra que, ao perceber que as teorias existentes não
davam conta de explicar as diferenças apresentadas entre homens e mulheres, as feministas da
época procuraram mudar os paradigmas disciplinares como forma de abrir caminhos para se
escrever uma nova história, ou seja, a história das mulheres, impondo um novo exame crítico
das conclusões e dos critérios do trabalho científicos existentes. Propondo a utilização das
categorias classe, raça e gênero como categoria de análise com o intuito de ampliar e
diversificar o campo observatório e preencher as lacunas da história.
         No entanto SCOTT (1988) adverte que esses três eixos ainda que sugiram uma
paridade, eles não possuem regras semelhantes, o que dificultaria seus estudos como
processos dissociados. Engrossando o coro da crítica feminista, a autora argumenta que os
estudos teóricos desenvolveram-se a partir de uma estruturação do mundo baseada em uma
lógica binária, estruturada nas diferenças percebidas entre os sexos e nas desigualdades de
gênero. Assim, os conceitos de sujeito, mente, razão, dentre outros, se estruturam nos estudos
modernos, como sendo característicos do substantivo “masculino”, enquanto que os demais
termos dicotômicos como: objeto, corpo, emoção, subjetividade, dentre outros, são
característicos do substantivo feminino.
         A autora finaliza propondo sua definição de gênero como categoria analítica. O núcleo
da definição tem por sustentação a conexão integral entre duas proposições: a primeira
“gênero” é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas
entre os sexos; a segunda “gênero” é uma forma primaria de dar significação das relações de
poder.
         Para a primeira proposição, SCOTT (1988) destaca quatro elementos que se inter-
relacionam e fazem parte do processo de construção do gênero na sociedade: as
representações simbólicas (às vezes contraditórios) que são invocados sobre as mulheres, por
exemplo, na tradição cristã ocidental, a santa e a devassa, que são, ao mesmo tempo, mitos de
luz e escuridão, inocência e corrupção. Os conceitos normativos que interpretam os
significados dos símbolos, sendo expressas nas áreas religiosas, educativas, científicas ou
jurídicas, e que contribuem para fixar a oposição binária do significado do homem e da
mulher NICHOLSON (1999). A permanência intemporal na representação binária e fixa do
gênero masculino e feminino nas várias esferas sociais. E a identidade subjetiva que sinaliza
para a busca de como as identidades se constroem, relacionando-as com toda uma série de
atividades, de organização e representações sociais historicamente específicas.
       Em relação à segunda proposição, SCOTT (1988) conceitua gênero como um campo
primário no interior do qual, ou por meio do qual, o poder é articulado. O gênero torna-se
implicado na concepção e na construção do próprio poder.
       Desta forma, o conceito de gênero auxilia na interpretação das relações sociais
baseadas na diferença sexual e fornece um meio de decodificar o significado e de
compreender as complexas conexões entre várias formas de interação humana. Em sua
discussão, a autora complementa a argumentação, referindo-se à conexão implícita entre
gênero e poder como compreensão crucial da igualdade e da desigualdade das relações tidas
como naturais entre homem e mulher, que possibilite o convívio de “indivíduos sociais”, que
sejam diferentes, mas não desiguais.




Mulher e Trabalho


       Mais um ponto fundamental a ser discutido neste trabalho é a divisão do espaço social
entre o âmbito público e o privado palco das relações de gênero. Atrelado a isso, LERGUIA
(1971), ressaltam que não foi por determinação da natureza que a mulher realiza as tarefas
domésticas, mas em detrimento das ambições capitalistas. Pois, na comunidade primitiva, o
trabalho e as demais atividades sociais realizavam-se em comum e tanto a propriedade como
as relações de parentesco reforçavam estes laços coletivos na realização do trabalho sem
separação entre os sexos. Como afirma Valeri Yakovlevich Briusov e colaboradores, no
ensaio História da URSS, em que se pode ler: Nos aglomerados neolíticos do Transbaikal,
encontram-se armas de caça – arcos e flechas – tanto em sepulturas de homens como de
mulheres, o que é característico do regime matriarcal.
       LARGUIA (1971) ainda acreditam que esta dicotomia só ocorreu com o aparecimento
da família patriarcal, que dividiu a vida social em duas esferas nitidamente distintas: a esfera
pública e a esfera privada. Ou seja, com o desenvolvimento da troca e da divisão da sociedade
em classes, todas as mudanças econômicas, políticas e culturais tiveram o seu centro na esfera
pública, enquanto no lar se consolida a família individual como conhecemos, relegando à
mulher a esfera privada pela divisão do trabalho entre os sexos, ao mesmo tempo em que se ia
desenvolvendo, através de milênios, uma poderosíssima ideologia que permaneceu por vários
séculos, na qual a imagem da mulher e o seu papel na vida social restringem–se à reprodução
estritamente biológica, à educação e aos cuidados dos filhos, doentes e velhos e à reprodução
da força de trabalho consumida diariamente na manutenção da casa.
       Sendo assim, estes acreditam que a posição igualitária ocupada pela mulher na
comunidade primitiva foi determinada pelo valor do seu trabalho produtivo, que se realizava
coletivamente. No entanto, com a dissolução das estruturas comunitárias e sua substituição
pela família patriarcal, o trabalho da mulher individualizou-se progressivamente e ficou
limitado “à elaboração de valores de uso para o consumo direto e privado”. A mulher, então,
ficou segregada ao mundo do sobreproduto, e passou a constituir o cimento econômico
invisível da sociedade de classes.
       Onde o homem, pelo contrário, seja como proprietário dos meios de produção ou
como operador dos mesmos, por meio da venda da sua força de trabalho, define-se como a
parte visivelmente econômica da sociedade. Portanto, responsável pelos diferentes modos de
produção destinados a criar riqueza ao entrar no processo de troca.
          E a mulher, expulsa do universo econômico criador de subproduto, cumpriu, apesar
disso, uma função econômica fundamental. A tarefa de repor a maior parte da força de
trabalho que move a economia, e transformou matérias-primas em valores de uso para seu
consumo direto, como alimentação, vestuário, manutenção da casa, assim como a educação
dos filhos. Tarefa fundamental para a sobrevivência de uma família, porque o trabalhador e a
sua família não se sustentam só com o que se compra com o salário, mas também com o que
resulta do trabalho realizado pela dona de casa ao transformar muitas horas de lazer em
trabalho doméstico e outras tarefas de subsistência, que no final das contas, se constitui em
milhões de horas não remuneradas.
       Por outro lado, ao analisar o capitalismo, LARGUIA (1971) alega que o produto
invisível da dona de casa e a sua força de trabalho adquirem a categoria de mercadoria, ao
criar a classe trabalhadora, mas ela não se torna a proprietária da força de trabalho que
produz, pois é ele quem a vende. Continuando tão invisível como antes. Logo, a força de
trabalho da dona de casa e seus produtos lhes são confiscados por meio do contrato
matrimonial, ao aceitar a obrigação de cuidar da família, fazer as compras, orientar e servir
em troca de sua manutenção e da aquisição de um status social determinado pela posição do
marido.
E que, para estes, toda essa ideologia de superioridade e poder do homem sobre a
mulher foi construída por psicanalistas, biólogos, médicos, sociólogos e antropólogos,
resultando num número impressionante de teorias destinadas a manter a mulher “no seu
lugar”, ou seja, responsável pela continuidade da espécie e dos afazeres domésticos. Educação
que começa desde a infância, quando o primeiro e inevitável presente que recebe uma menina
é a tradicional boneca e o habitual conjunto de tachinhos, cadeirinhas, caixinhas de costura,
escovinhas, espelhos e fogão.
       Como também acredita que essa ideologia imprime-lhe a crença de que é incapaz de
realizar tarefas pesadas, perigosas ou de responsabilidade. Inibe-a de realizar jogos e
competições violentos, prejudicando o seu desenvolvimento físico e psicológico, através da
imagem de que é um ser frágil, sensível e delicada. Criando nela, desde cedo, a convicção de
que nasceu para agradar por meio do sexo e não por atuar no mercado de trabalho. Deste
modo, a secreta divisão do trabalho fica assegurada, e o cimento da sociedade de classes
inalterado pelo recrutamento antecipado e implícito da força de trabalho.
       LARGIA (1971) ainda diz que essas teorias de inferioridade feminina foram
divulgadas através da poesia, da novela, da música popular, nos meios de comunicação de
massa, hábitos e costumes, que exigem da mulher clássica a docilidade, a passividade, a
abnegação e aversão ao serviço da propriedade privada, ideologia romântica que a história
criou para ocultar a exploração da força de trabalho escravo, e fazer do cupido o mais efetivo
guarda do serviço da propriedade privada.
       Por outro lado, esta crê que, com o desenvolvimento do capitalismo, a família
começou a sofrer importantes transformações, como: o direito de homens e mulheres se
casarem por amor, através do contrato social, mas a exploração da mulher no seu interior
continuou a mesma, pois o trabalho doméstico das mulheres ainda é propriedade do homem,
continuando a ser tão invisível para essa sociedade como antes.
       Para a autora, a incorporação da mulher no trabalho proletário veio a modificar
substancialmente a situação das massas femininas. Pois, proporcionou à formação da classe
operária um grupo de trabalhadores livres que não possuíam bens materiais de importância, na
qual a herança e a paternidade, pilares da família classista, perderam importância econômica
para grande parte da população.
       Segundo LARGUIA (1971), a revolução industrial tornou necessária a incorporação
maciça da mulher na produção fabril, o que contribuiu para a criação de um proletariado
feminino, força nova de trabalho na história que teve um peso enorme no desenvolvimento da
sociedade. Além disso, sua inserção no ensino básico concedeu pela primeira vez às jovens a
oportunidade de invadir o mundo exterior, compartilhando-o com os rapazes. Porém, os
modelos sexuais tradicionais continuavam a influenciar fortemente a seleção das ocupações
abertas à mulher. E não é por acaso que as mulheres são levadas a incorporar-se na indústria
têxtil, na indústria alimentar e farmacêutica, como também nos serviços de professoras,
enfermeiras, secretarias, ascensoristas, telefonistas e criadas.
       No entanto, para a autora, sua ocupação na indústria é alterada, com exceção dos
perigos de guerra, em que a necessidade obriga a incorporação da mulher na indústria pesada,
ela tende a ser sistematicamente marginalizada de todos os ramos de maior desenvolvimento
das forças produtivas. Refletida na desigualdade salarial, para um posto equivalente e com a
mesma qualificação que os homens; no qual o pagamento de salários baixos se justifica, ao
determinar a mulher, na realização de tarefas classificadas como leve, à obrigação, da
operária, de continuar a repor a força de trabalho no lar ao voltar da fábrica.
       E, assim, para estes, a mulher arca com ambos os trabalhos, com um fardo de sobre-
exploração que a priva de conquistas que a classe operária conseguiu, como: a redução da
carga horária de trabalho. Pois, o trabalho doméstico continua sendo considerado como uma
característica sexual secundária. E lhe conferir uma qualidade biológica fez com que se
considere natural que a mulher trabalhadora arque com a segunda jornada sozinha. Em outras
palavras, esta trabalha oito horas numa fábrica recebendo um salário e, ao voltar para casa,
exerce uma segunda jornada de trabalho não remunerado, que lhe tira da mente toda e
qualquer ilusão acerca da sua igualdade com o homem e da sua flamante independência
social. Jornada de trabalho doméstico que tende a ser maior que o seu horário de trabalho
social, chegando a limitá-lo e que para solucionar este impasse leva-a a dispor de parte do seu
salário para socializar parte desta segunda jornada, custeando lavadeiras, refeições e outros
serviços. Uma vez que o homem considera degradante participar dela e, com isso, dá ao
patrão o direito de arrancar de sua mulher, por seu intermédio, parte da mais-valia que
capitaliza.
       Segundo LARGUIA (1971), outra manobra para manter a mulher sob a influência das
teorias classistas é mantê-la prisioneira da sociedade de consumo. Esta é alvo fácil da
publicidade, do cinema, da imprensa e da televisão, para o consumo das mercadorias
produzidas pelas indústrias. Teoria introduzida pelo neocapitalismo ao criar uma sociedade de
consumo em que a publicidade se converte no motor da continuada expansão econômica e a
indústria ligeira, dirigida ao consumo final, se transforma no seu setor mais dinâmico. A
procura passa a ser o produto último do rádio, da televisão e das publicações para a massa,
que provocam a criação contínua de novas necessidades, garantindo um estado de permanente
insatisfação de apetências materiais, pois cada produto anunciado terá sempre mais funções
que o outro, e sinônimo de última tecnologia.
       Na visão destes, a chave da questão está no desejo de prestígio emergente desta
sociedade, perpetrada pela competição entre famílias e indivíduos, refletida no aumento das
vendas. A nova função econômica da mulher nessa sociedade de consumo empola as suas
responsabilidades como proprietária do seu sexo comparticipando do prestigio da família e
detendo cada vez mais a função de compradora. E a ela se dirige grande parte da publicidade,
dignificando-a em função do homem, estimulando-a a comprar mercadorias que criam uma
mística esfera de atração e usufruto masculino. Ou seja, enquanto dona do seu sexo, a mulher,
como toda propriedade no neocapitalismo tem caráter de mercadoria e implica a busca
permanente de um comprador para estabelecer o contrato matrimonial devendo ser foco
permanente de atração sexual. Pois sua ascensão social se dá, neste momento, por meio do
sutil emprego do sexo, para conquistar seu pretendente, utilizando o encanto, a beleza e a
feminilidade, como armas de conquista. A mulher ideal proposta pelos meios de comunicação
massificante, pela literatura e pelas canções comerciais da sociedade burguesa pertence
inconfundivelmente às classes dominantes: esbelta, de cútis aveludada e membros finos, sem
qualquer manifestação muscular.
       Na opinião destes, essa imagem de mulher doce e delicada, divulgada como padrão de
beleza da época, era considerado moda, com o objetivo de evitar a dificuldade da circulação
de mercadorias, mas fundamentalmente devido à necessidade de criar uma terra de ninguém.
Onde possam sobreviver do individualismo e da livre troca, que constituem a base originária
de concepção do mundo burguês e levam à criação de uma desenfreada cultura do sexo. E,
assim, a guerra da conquista se instala na sociedade, sendo jogada tanto por homens como por
mulheres. Que a mulher cansada dos altos e baixos desta pequena guerra crônica cairá
prisioneira do lar individual, onde se ocupará calmamente a repor a força de trabalho do
conquistador definitivo, o homem. Por não compreender que a sua opressão provém da
divisão do trabalho e dos interesses econômicos classistas.




Mulher, família e trabalho em Juazeirinho


       Juazeirinho é um distrito que pertence ao município de Conceição do Coité, Bahia,
Brasil, localizado a 12 quilômetros da sede, mais especificamente na via que liga as cidades
de Ichu a Conceição do Coité. Segundo os dados do recenseamento do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) 2007, possui uma população de 3.624 mil habitantes, desse
total há 976 famílias, em que 362 são de responsabilidade da mulher.
       Segundo os mais velhos, sua origem é datada do final do século XIX, como
conseqüência do processo de ocupação e povoamento do sertão brasileiro, através do
comércio dos tropeiros, que foram se estabelecendo pelo interior de todo o país e responsáveis
por estabelecer a comunicação entre esses espaços. Tendo como primeiro fazendeiro o senhor
Luiz Fagundes.
       Nessa época, a sociedade era formada basicamente por fazendeiros vivendo os
costumes deterministas em que o trabalho era dividido entre homens e mulheres. Desde já, a
mulher arcava com uma dupla jornada de trabalho, em que cuidava da casa e ajudava na lida
do campo, junto com os homens, também responsáveis pela produção dos produtos agrícolas.
       Era dever de o patriarca preparar sua filha desde criança para o casamento. Ao
presenteá-la com bonecas, colocá-la em instituições criadas pelo governo, denominadas
Ancarba, encarregadas de dar cursos de prendas domésticas, além de pagar aulas particulares
para a filha aprender bordados e costuras, destinadas a preparar seu enxoval e para
manutenção do vestuário de sua futura família. Ainda tinha o dote, que era pago pelo pai da
moça ao noivo, em cabeça de gado, com o objetivo de ajudar na sobrevivência e
desenvolvimento econômico da família. Pois, a mulher não tinha status social por si só, mas
assumia a posição social a que seu marido pertencia. Desta forma, em função do dote, muitos
homens se tornaram fazendeiros muito importantes nessa comunidade.
       O distrito originou-se estruturalmente de uma fazenda que tinha como referência uma
árvore de juazeiro, que dará futuramente nome ao Distrito. Seu segundo dono, o senhor
Joaquim Carneiro de Oliveira, foi o responsável pelo povoamento e expansão do povoado, ao
contratar professores para cuidar da educação das crianças, atraindo famílias da região para
sua fazenda, levando-o a lotear suas terras para facilitar o acesso à educação e desenvolver
também o comércio local. Onde a primeira professora foi Dª. Maria Benedita.
       Relata MARIELZA (1993), que no final do século XIX, os moradores começaram a se
preocupar em construir um local destinado a educação. Então foi construída pelo senhor
Joaquim de Oliveira, um casarão “Casa Nova” que serviu de sala de aula durante o dia e de
salão de festa durante a noite. Já em 1939 o senhor Augusto Carlos de Oliveira veio morar em
juazeirinho e construiu uma casa para a professora Francisca morar em que a ampla sala de
jantar era sua sala de aula, onde as crianças aprendiam as prendas domésticas e as regras de
civilidade. Nessa casa-escola sucederam-se sete professores que em sua maioria foram
mulheres.
Depois, em 1978 a Escola Rio Branco (1ª a 4ª series), foi fundada e teve em sua
direção uma mulher, a então professora Nadja Lopes Carneiro. E em 1986, quando fundou-se
o Colégio Estadual Rio Branco e a professora Vandecy Oliveira Brandão era a diretora,
oferecendo o ensino fundamental e o médio que se constituía no curso de magistério. Assim a
posição de professora e principalmente de diretora coloca a mulher em posição de destaque e
mesmo na posição de autoridade diante da população. A exemplo, da professora Bertila que
estudou com as irmãs franciscanas no Colégio São José em Salvador, por ser detentora de
conhecimento destacável, era conselheira de toda a comunidade, para resolver assuntos
jurídicos, políticos e econômicos, dos que a procuravam. Área em que a mulher nesta
sociedade sempre teve papel de destaque e prestígio.
       Entre as décadas de 30 e 50, os primeiros estabelecimentos comerciais foram um
armazém de secos e molhados, lojas de tecidos, mercearia, uma panificadora e uma fábrica de
laticínio. Em que as mulheres não teve participação.
       A independência da mulher se deu a passos lentos, mas foram significantes para a
posição que ela ocupa nessa sociedade atualmente. Com a formação do povoado, a preparação
que esta recebeu para o casamento, ainda que não necessariamente lhe desse algum tipo de
independência, acabou por provocar mudanças no interior das relações familiares. Pois, a
partir de 1938, mulheres como: Dª. Edite Ribeiro, Dª. Dasdores Mendes e Dª. Zizuina
passaram a comercializar seus doces, bolos e mingaus, na feira livre, aos domingos, que se
realizavam neste povoado e no povoado de Lagoa do Meio, para ajudar seu marido a manter a
casa e criar os filhos. Levando mulheres a arcarem com uma tripla jornada de trabalho, pois
os afazeres domésticos e agrícolas ainda são realizados por elas.
       Uma nova posição passava esta mulher a assumir na sociedade. Entretanto não se
tratava necessariamente de algo que a deixasse em igualdade com o mundo masculino. A
tripla jornada passou a ser a realidade destas mulheres. Por outro lado, foi possível, através da
capacidade de produzir, certa ascensão, ainda que alguns espaços do setor produtivo
continuassem reproduzindo o que a definição de gênero legitimava. Mulheres como: Dª.
Lurdes e Dª. Nita aperfeiçoaram suas habilidades nas técnicas de costura para oferecer as
famílias locais seus serviços, ao confeccionar roupas para o dia a dia, festas e as peças de
cama, mesa e banho para complementar o enxoval das moças. Exemplos concretos de
“espaços” ditos femininos no mercado remunerado que não necessariamente vão lhes dar uma
condição emancipadora, pois seu trabalho permaneceu sendo visto como periférico no
sustento familiar e estar ligado ao âmbito do privado, ao seja a manutenção da casa.
Essa sociedade sempre teve participação efetiva na política, lançando quatorze
vereadores e uma vereadora, três prefeitos em Riachão do Jacuípe e um em Coité, um
deputado federal e um vice-prefeito até o ano de 1993. E é aqui que a mulher começa
efetivamente a ocupar o espaço tido como masculino pelo pensamento iluminista, quando em
1993 Maria Neuza Moraes Carneiro se candidatou para concorrer ao cargo de vereadora local,
na eleição que elegeu Deovando Carneiro como prefeito de Conceição do Coité. Vindo a se
eleger vereadora local em 1996, permanecendo neste cargo por quatro mandatos consecutivos,
até o ano de 2008. Com um numero de quatro mandatos consecutivos.
       Para observar as vivências e dificuldades que as mulheres enfrentam após assumir a
posição de chefe de família nesta sociedade, assim como as profissões, os preconceitos
vivenciados que se vêem ao assumir este papel, dentre outros, segue abaixo uma série de
relatos que foram conseguidos através de entrevistas com estas mulheres juazeirenses, que
conseguem, ao mesmo tempo, realizar uma longa jornada de trabalho remunerado e exercer
seu duplo papel dentro de casa. Adotando estratégias de sobrevivência que incluem a inserção
prematuramente de seus filhos no mercado de trabalho e ajuda solidária de vizinhos.
       O objetivo destas entrevistas, mais do que constituir elementos para uma analise
profunda das relações familiares em Juazeirinho, visa a dar voz a estas mulheres é,
principalmente, criar um mosaico de pequenos desabafos que estão nas entrelinhas destes
discursos.
       A entrevistada M. D. S. H. afirma que começou a trabalhar como enfermeira no
hospital e no posto de saúde, quando engravidou do primeiro filho, para ajudar nos gastos
com alimentação, educação e vestuário, pois seu marido trabalhava na roça e sua renda era
baixa, levando-os a enfrentar algumas dificuldades, como relata:


                       Ah! Enfrentamos umas dificuldadezinhas aí na parte... A maior dificuldade que eu
                       enfrentei foi quando eu coloquei um filho na faculdade ai sim (foi) ai eu tive que me
                       rebolar pra ter o dinheiro pra dar a ele pra chegar onde chegou... Graças a Deus eu
                       hoje estou agradecida mesmo por ter alcançado está graça ai. (ENTREVISTADA
                       02, p. 3)


       Em outra entrevista, M. A. S. S. ressalta que começou a trabalhar como professora
municipal assim que se formou. Independente, mãe de dois filhos de pais diferentes, uma com
vinte anos foi registrada e recebe pensão alimentícia. O segundo, com cinco anos, foi apenas
registrado pelo pai. Sendo responsável por criá-los. Ela afirma que sua condição de mãe
solteira lhe frustra um pouco, porque:
Na minha profissão mesmo... Ai eu me ponho na situação dos meus alunos, por que
                       eu tenho bastante alunos nessa situação. Agora mesmo como é a promotora na
                       escola que eu trabalho nem só os meus alunos, mas 17 mães tá nessa situação... nem
                       só que os pai não ajudem, mas também com a certidão ignorada, com o pai
                       ignorado. Pelo menos os meus assumiu rapidinho, Rafael foi registrado, quando eu
                       percebi Rafael já tinha sido registrado... (Rafael interrompe) no outro dia com o
                       nome de Rafael que nem eu mesmo sabia o nome. E Lai pelo contrário certidão e
                       alimentação. Um pai não visita os filhos, ai eu fico triste quando eu vejo que a
                       situação dos meus alunos a dos meus filhos são iguais. (ENTREVISTADA 01, p. 5)


       A entrevistada conclui dizendo que os pais não têm consideração pelos filhos, pois não
comparecem às reuniões de pais e mestres na escola, acreditando que a participação destes na
vida dos filhos é mais importante do que a ajuda financeira. E que na ata de reuniões não tem
nenhuma assinatura dos responsáveis pelo seu filho mais novo, pois trabalha quarenta horas e
o pai nunca compareceu.
       Já V. S. sustenta a família desde sua convivência com o marido, pois, com seis filhos,
ele não tinha condições de sustentá-los, permanecendo sozinha nesta tarefa, depois da
separação por motivos de agressões, trabalhando como doméstica e colocando os filhos para
trabalharem de acordo com a idade, ou seja, do mais velho ao mais novo. Com essa realidade,
a entrevistada passou muita dificuldade, mas não lhe privou de ajudar ao irmão, como relata:


                       Ah! Dificuldade eu passei muita, muita! Eu já passei tanta dificuldade na minha
                       vida, que já tive momento deu o que ter dentro de casa pra os filhos comer, não
                       sobrar pra mim, eu dar aos filhos e ficar sem ela, eu dormir sem um copo de café na
                       boca, beber um copo de água e deitar pra dormir e dá aos filhos pra comer. Por isso
                       ai eu já passei muitas vezes, muita, muita, muita. Mas eu pedia a Deus hoje não tem,
                       mas amanhã Jesus vai me amostrar. Teve uma época mesmo que eu passei por uma
                       fase tão ruim Neia, ainda, dando mama ainda, que me doeu tanto, tanto, eu senti
                       tanta dor ai foi que eu tive uma vizinha, que não foi uma vizinha não foi uma mãe.
                       Ela fez uma panela de comida e trouxe pra mim, eu dei a minha filha comer, depois
                       que ela comeu, o que sobrou eu ainda dividi comigo e um irmão meu. Ai agora... eu
                       disse a ele... Não coma você primeiro que você vai trabalhar. Ele foi comeu e
                       perguntou pra mim: e tu vai comer o que? Eu disse: não, mas você vai trabalhar e eu
                       vou ficar dentro de casa. E eu dando mama. Ali que foi sufoco e depois disso eu já
                       passei por um bocado também. Mas graças a Deus, cada momento que eu passava
                       por essa, eu pedia a Deus: hoje não dá pra mim, mas dá pros meus filhos, então é a
                       mesma coisa de dá pra mim, eu to com minha barriga cheia como se tivesse comido
                       junto com eles. Mas graças a Deus eu passei por essas, mas graças a Deus eu
                       consegui vencer. (ENTREVISTADA 03, p. 11 - 12)


       J. S. L. trabalha como doméstica desde que os filhos nasceram. Divide as despesas da
casa com o marido. Ficando responsável pela alimentação, vestuário, medicamento, material
escola e ele com a carne e a feira de supermercado. Às vezes, ajuda o marido a cumprir suas
obrigações para não ver seus filhos passar necessidade. Como descreve: “ele compra mais a
feira e eu as roupas dos meninos e o material escolar... e o medicamento também comigo...
Sempre dando uma mãozinha”. (entrevistada 04, p. 4)
A entrevistada M. C. O. C. sempre trabalhou em atividades remuneradas, mas quando
se casou exercia a profissão de cabeleireira para manter sua independência econômica e
sustentar sua filha, pois seu marido só ajudava em algumas coisas. Quando se separou passou
a arcar com tudo sozinha, uma vez que este não dava nada a sua filha, não deixando de sentir
falta do pai, ressaltando que...


                         ...ela gosta muito do pai, nessa semana nossa... Era uma cobrança comigo. Ela
                         sempre cobrava por que eu não tava com o pai. Ela chamava o pai pra dormir aqui,
                         eu cansava de ver ela chamar, entendeu. Ai eu fui... Conversava com ela que não
                         deu certo, não dá certo. Ela às vezes acha porque ela veve comigo, acha que ele é
                         melhor que eu às vezes. A dificuldade que eu acho maior é essa, mas agora ela ta
                         entendendo por que ela passou uns dias com ele. Uns quinze dias agora nas férias.
                         Ai ela chegou e disse: olha mainha como é que só me dava doce lá. Do mesmo jeito
                         que foi às coisinhas dela veio, nada mais. Então ela ta percebendo, entendeu, agora
                         com oito anos agora em dezembro, dia 5 de dezembro ela já ta percebendo que não é
                         tudo. (ENTREVISTADA 08, p. 4)


       Este trecho da entrevista exprime uma realidade crua e de difícil adaptação por que
passam estas mulheres quando já não têm mais o companheiro ao seu lado. Apesar da
separação ou mesmo do simples abandono do lar por parte do marido e pai ser cada vez mais
uma prática comum, ainda é algo de difícil assimilação por parte destas mulheres.
         M. E. A. S. trabalha como enfermeira no Hospital Regional de Conceição do Coité
para sustentar seus dois filhos, desde que seu marido viajou para São Paulo, quando ainda
estava grávida do primeiro filho, em busca de trabalho, e nunca mandou dinheiro. Sua vida foi
muito sacrificada, por não receber ajuda da família, tendo, pelo contrário, que sustentar seus
pais. Como se pode ler: “... nessa época eu ajudava os meus pais também por que eles não
tinham como, eles foram embora daqui, eu também ajudava, fazia feira de supermercado pra
mim e pra eles”. (ENTREVISTADA 07, P. 2)
       Já a entrevistada V. M. O. tornou-se chefe de família e passou a arcar com as despesas
da casa quando se separou do marido e tinha uma filha para criar. Passou a arcar com todas as
despesas como: vestuário, alimentação, educação e atendimento médico. Pois seu ex-marido
colabora com cem reais por mês, quantia irrisória, se comparada aos gastos que ela tem com a
criança. Desta forma, ela se considera como chefe de família e o ex-marido como
colaborador. Atrelado a isso, a entrevistada afirma que ser chefe de família...


                         Com certeza pra mim é um orgulho por que já pensou se a gente depender de tudo
                         de alguma pessoa como marido. De a gente precisar, um exemplo: de um doce a
                         gente chegar lá e pedir dez centavos pra comprar uma bala. Não tem coisa melhor do
                         que a gente ser independente entendeu, quando a gente quiser comprar uma coisa,
                         entendeu nosso bolso é nosso guia. É só chegar lá meter a mão no nosso bolso, não
precisar da explicação pra que a gente quer esse dinheiro. O que a gente quer
                       comprar... Traz o troco... Não! Queria eu ter um trabalho fixo, pena que o meu é
                       contrato entendeu, pra eu ter o meu dinheiro, ser independente, pra quando eu quiser
                       o meu tá ali ó pra eu pegar e não ter que dá satisfação a ninguém. É um orgulho e
                       tanto, né. Quem é que não tem orgulho de ser uma chefe de família, pra mim não é
                       vergonha e eu ter que ficar dependendo do marido o tempo todo até pra uma bala.
                       (ENTREVISTADA 06, P. 5)


       Percebemos um embrião de certa atitude emancipadora e ruptora de uma personagem
que mesmo sem se dar conta avança em direção à construção de uma existência que talvez
não dialogue com a maioria dos que a cercam.
       Em outra entrevista E. C. S. G., ressalta que passou a ser chefe de família depois que
seu marido ficou desempregado em ocasião da seca de 92, que ocorreu nessa região, e até
hoje não conseguiu encontrar trabalho. Para sustentar seus três filhos, trabalha como
merendeira numa escola municipal e recebe ajuda financeira de seus pais até hoje. Ao falar
sobre esse assunto com o marido, ela afirma que ele se justifica da seguinte forma: “... se
tivesse que dava tudo, se achasse trabalho que ele fazia era tudo, tem vez que... Ele chora
ainda... Que faço pouco que tô fazendo caso”. (ENTREVISTADA 10, p. 6)
       Como se pode ver, o campo de trabalho local se constitui numa forma razoável de
sobrevivência para as famílias da região. Mas, por outro lado, exige que os chefes de família
de ambos os sexos busquem desenvolver mais de uma atividade remunerada para garantir o
sustento completo do lar. E aqui as famílias matriarcais se destacam das patriarcais e se
proliferam cada vez mais, mesmo com o fato de o mercado de trabalho favorecer ao homem,
ao se desdobrarem na realização de atividades artesanais, motoristas, diretoras escolares,
vereadora, dentre outros. Ou seja, mantêm suas atividades primárias e inserem-se em campos
antes tidos como masculinos.


Considerações Finais


       A análise histórica sobre a divisão do trabalho entre os sexos em Juazeirinho nos fez
compreender que esta sociedade sofreu todas as influências econômicas, políticas, sociais, e
culturais de ordem mundial. Pois, percebe-se que desde sua origem até meados dos anos
cinqüenta os patriarcas seguiam o pensamento iluminista e determinava que a mulher devesse
cuidar dos filhos, sendo sua propriedade através do casamento e em alguns casos
enriquecendo à custa do dote recebido. Nesta comunidade também, a mulher não se
conformou com esse pensamento e graças as suas lutas e as transformações econômicas
chegaram ao mercado de trabalho remunerado com uma tripla jornada de trabalho, como: o
afazer doméstico, o trabalho agrícola e quituteira no povoado.
       Nessa luta afirmativa de sua presença na economia familiar, as mulheres se
encaixaram em todos os setores antes tidos como masculinos. Estas estavam e estão nas
escolas como: professoras, zeladoras, cozinheiras, vice-diretoras, secretarias e diretoras. No
comércio local, são: lojistas, e recepcionistas. Na saúde são enfermeiras de longa e curta data.
Na política se elegeram vereadoras. No setor rural, estão presentes na agricultura, pecuária e
horticultura. Ou seja, uma vez inseridas no mercado de trabalho estas encontraram forças para
desenvolver estratégias de sobrevivência perante sua realidade sofrida e com sua
independência escrever uma história de vitória e muita, mas muita luta, construída a passos
lentos e com muita solidez.
       Por outro lado, o encontro com estas mulheres permitiu-nos aproximarmos de um
universo que ainda se mostra desconhecido. Encontramos mulheres que nos ofereceram em
seus discursos uma lição de sabedoria e que se mostraram à frente de seu próprio tempo.
Apesar de não percebermos certa consciência efetiva por trás dos discursos, na prática, estas
mulheres vêm rompendo com uma dinâmica social que sempre fez questão de definir por
antecipação o lugar delas na sociedade.
        Ainda que de forma embrionária, adentrar o espaço familiar destas mulheres,
conhecê-las no íntimo de suas confidências, permitiu-nos refletir sobre o funcionamento de
uma sociedade que sempre se impôs enquanto definidora dos espaços e comportamentos do
elemento feminino. São desbravadoras, são pioneiras, ainda que não saibam disso, mas são,
principalmente, mulheres da vida real.




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SCOTT, John. Gênero: Uma categoria útil para a análise histórica. Disponível em:
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TILLY, Louise A. Gênero, história da mulheres e história social. Disponível em:
www.scielo.br


__________________. Observatório social. Em revista. Ano 2. Nº 5. Março de 2004.
Disponível em: www.observatoriosocial.org.br

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Mulheres Sustentam Famílias em Juazeirinho

  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV LICENCIATURA EM HISTÓRIA AURINÉIA CARNEIRO DE ALMEIDA MULHER, FAMÍLIA E TRABALHO EM JUAZEIRINHO Conceição do Coité. BA AGOSTO, 2010
  • 2. AURINÉIA CARNEIRO DE ALMEIDA MULHER, FAMÍLIA E TRABALHO EM JUAZEIRINHO Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em História, pelo Departamento de Educação, Campus XIV, da Universidade do Estado da Bahia. Orientador: Eduardo Borges Conceição do Coité, BA AGOSTO, 2010
  • 3. MULHER, FAMÍLIA E TRABALHO EM JUAZEIRINHO Aurinéia Carneiro de Almeida RESUMO Este estudo objetivou conhecer a estrutura de famílias em que a mulher é a principal responsável pela manutenção econômica do lar. Realizou-se o estudo de caso no Distrito de Juazeirinho, através da análise de quinze entrevistas, nas quais as mulheres sustentam a família com ou sem a presença do companheiro, somado com os dados do IBGE sobre o local, para poder contrapor as fontes e perceber que a garantia de subsistência mostrou-se mais importante para o ajuntamento familiar do que o fato de a mulher ser o membro da família que garante tal sustento e, por causa disso, o marido se abstém da função de pai, de orientador dos filhos, o que dificulta a criação destes. Palavras-chave: chefia familiar, trabalho, relações de gênero, sociedade e filhos. ABSTRACT This study investigated the structure of families in which the woman is primarily responsible for the economic home. The survey is a case study in the district of Juazeirinho through the analysis of fifteen interviews where women supporting their families with or without the presence of the companion, together with the IBGE data on the site in order to counter sources and realize that the guarantee of subsistence was more important to the family gathering, than the fact that women are the family member who provides the support, and because of the husband refrains from guiding role of father of the children makes it difficult to create these . Since it does not impose his authority on a day-to-day making the children do not comply, or anyone else, automatically giving you permission to break the rules of the family, society, unpunished and without limits. Word-key: it commands familiar, work, relations of sort, society and children.
  • 4. INTRODUÇÃO: O Papel da Mulher na Família Quando escolhi o curso de História para me especializar, a minha maior motivação era falar sobre Juazeirinho, este lugar tão rico em cultura, tradição e vivência. Então, comecei a delimitar os campos de estudos possíveis, em busca de uma área que me identificasse. Foi quando decidi abordar relações de gênero, para escrever a história das mulheres de Juazeirinho, por admirar o trabalho e o papel de destaque que a mulher ocupa dentro dessa sociedade e pela grande quantidade de mulheres sendo chefes de família. Passei a pesquisar mais sobre o tema Chefia Familiar, a observar o comportamento feminino nessa sociedade, como também a aproximar-me das minhas inspirações, para ver o seu dia a dia, com as suas lutas cotidianas. Por outro lado, a grande satisfação e a experiência que este trabalho me concedeu foi o momento em que tive de ir a campo em busca dos depoimentos destas mulheres. Neste momento, em paralelo, tive que manter diálogos informais com as entrevistadas, antes de realizar as entrevistas, para que estas tivessem o devido esclarecimento do que iria se tratar nossa conversa. A princípio, fui buscando entender o papel real que estas mulheres exercem dentro do seu cotidiano doméstico. Nas conversas que tivemos, achei necessário ter com elas um diálogo que me permitisse questioná-las sobre assuntos vinculados a filhos, sustento da casa, centralidade das decisões sem, entretanto, causar nenhum tipo de constrangimento. No mais, quando me predispus a estudar este tema, em nenhum momento queria uma análise superficial e quantitativa, pelo contrário, sempre quis buscar o interior das relações familiares, ou seja, tudo que cerca o dia a dia de uma família, suas lutas, desafios e conquistas. Entender as limitações e as dificuldades de cada uma e as manobras de sobrevivência que utilizaram para vencê-las. Foi por esse motivo escolhi a história oral como metodologia de pesquisa, pois as entrevistas dariam conta de todo o objeto analisado, ao relatar a realidade diária da família na fala da entrevistada. Daí, consegui 60 voluntárias para serem meu “objeto” de estudo, mas entrevistei apenas 30 mulheres e, de fato, fiz todo o processo de gravação, transcrição e análise, com 15 mulheres. Pois percebi que o tempo era muito curto para analisar um material tão rico, e ver que algumas situações se repetiam. Quero dizer ainda que tive o cuidado apenas para que todas as entrevistadas fossem de fato as responsáveis pelo sustento do lar. E que não tive nenhum critério de escolha para utilizar as entrevistas, por não ter nem a melhor nem a pior fala; todas foram importantes na sua individualidade, utilizadas na ordem de gravação e de transcrição. Não tive muito trabalho
  • 5. para obter nem para realizar as entrevistas, pois fiz de tudo para elas se sentirem à vontade, e sempre deixei bem claro que só falassem o que desejavam falar e que os assuntos que as constrangiam eram para ficar no seu íntimo. Traçando um rápido perfil de minhas personagens, posso dizer que são mulheres muito diferentes entre si. A mais nova tem 30 anos e a mais velha 71 anos; existem solteiras, casadas, separadas e viúvas; no aspecto escolar, umas possuem o nível médio completo (Magistério), enquanto outras não concluíram o Fundamental, vindo a ser alfabetizadas recentemente. São fatores que, por sua vez, acabam por refletir na ocupação que exercem nessa sociedade, pois, em todos os lugares, elas se encontram. Uma enfermeira, três domésticas, duas professoras, uma costureira industrial, uma cabeleireira, duas merendeiras, duas lavradoras, uma lavadeira e uma cozinheira autônoma. Só quando se fala em religião é que se dividem em dois grupos: católicas e evangélicas. Em relação a filhos, algumas demonstraram interesse em ter uma família grande (6) e, outras, uma família pequena (1). Sendo que o tamanho da família varia de acordo com o nível escolar das mulheres, onde a mulher que possui um nível de escolaridade maior tem uma família pequena e a mulher que tem um nível de escolaridade baixo tem uma família grande. Mas, em um aspecto, todas se igualam: são responsáveis pela casa e pelos filhos, que colocaram no mundo por motivos diversos, sem deixar se abater pelas muitas dificuldades que enfrentaram. Mas para que pudesse escrever sobre este tema acadêmicos e estudiosos tiveram, no início do século XIX, que se rebelar contra a historiografia iluminista e provocar a abertura do campo de pesquisa com a proposta de se escrever uma história total, através do diálogo com as outras áreas de conhecimento. E foi num desses diálogos com a antropologia, que a mulher foi alçada ao papel de objeto da história, podendo assim escrever sua história. Mas se as discussões acadêmicas provocaram mudanças no campo de pesquisa e metodológico, não poderiam as feministas continuar reproduzindo o discurso determinista que reserva a mulher o âmbito privado como condição natural. Então as feministas propõem a substituição do substantivo mulher pela categoria de analise gênero, por este compreender as relações sociais construídas entre os sexos. Analisando as relações econômicas mundiais para desconstruir o discurso de separação entre publico e privado, e a progressiva inserção da mulher no mercado de trabalho, que influenciaram e determinaram as relações de poder entre homens e mulheres na sociedade juazeirense, marcando este coletivo com as diversas experiências de auto- afirmação feminina e suas manobras de sobrevivência como a “pessoa de referencia do lar”.
  • 6. História social Para pesquisar o tema Mulher Chefe de Família, é preciso antes situá-lo no campo da história social. Quando, no início do século XIX, a crise do sujeito leva historiadores, sociólogos, filósofos e geógrafos a discutirem sobre o melhor método a ser utilizado pela historiografia para dar continuidade às pesquisas, uma vez que não aceitavam o método tradicional e iluminista no qual via o homem como sujeito, consciência e produtor da história, pois isso, significava narrar os eventos políticos, recolhidos nos próprios documentos escritos por homens específicos, em sua ordem cronológica, ou seja, em sua evolução linear e irreversível “tal como se passaram” (REIS, 1996). Segundo REIS (1996), é na Escola dos Annales que nasce a “nouvelle hístoire”, traduzindo uma nova história, onde o homem deixa de ser considerado pelo pensamento como sujeito e torna-se objeto, inconsciência e produto da história; levando os novos historiadores a ampliarem tanto o campo de análise como as ferramentas de pesquisa e o objeto, para dar conta dessa nova abordagem. Para alcançar tal objetivo, adotaram o método da “história-total ou global”, onde os estudos se baseavam na compreensão do todo, “tudo” no sentido de que as relações sociais e humanas podem ser tematizadas no passado, em que a história política não seria mais a dimensão privilegiada, e a História deve tratar de todas as dimensões do social e humano, como: o econômico, o social, o cultural, o religioso, o técnico, o imaginário, o artístico, etc. E do “todo”, que seria a ambição de apreender uma época em sua totalidade, sua estruturação em torno de um princípio unificador. Segundo este, a ampliação do campo de análise, das contribuições recíprocas decorrentes da explosão do feminismo e das transformações na historiografia, a partir da década de 1960, foi fundamental na emergência da história das mulheres. E a história social passa a ter um papel decisivo nesse processo, em que as mulheres são elevadas à condição de objeto e sujeito da história, uma vez que a historiografia dominante diferenciava a participação dos dois sexos na construção da história ao polarizar num sujeito humano universal. De acordo com REIS (1996), essa trajetória se constitui da seguinte forma: nas décadas de 30 e 40, a designação história social aparecia vinculada a uma abordagem culturalista com ênfase nos costumes e tradições, tendo como objeto de estudo o domínio privado numa relação/oposição entre individual e coletivo, distinguindo a história social as abordagens anteriores.
  • 7. Depois, nas décadas de 50 e 60, a história social tendeu a constituir-se no interior desta nova postura historiográfica. Foram décadas marcadas pelo uso da quantificação nas ciências sociais, pelos primeiros avanços da informática e pela explosão de tensões sociais que dificilmente a comunidade dos historiadores poderia continuar ignorando. Dentro desse contexto, o movimento feminista contribuiu para a aparição do objeto “mulher” nessa nova perspectiva histórica. Nesse sentido, a história social buscava formular problemas específicos quanto ao comportamento e às relações entre os diversos grupos sociais. Como também recolocava o papel da ação humana no auge das abordagens estruturalistas, a história em questão. Entretanto, no ponto de vista metodológico, a historia social, nas décadas de 60 e 70 esteve fortemente marcada por uma crescente sofisticação de métodos quantitativos para a análise das fontes históricas, tendo por base trabalhos com fontes eleitorais, fiscais, demográficas e principalmente cartoriais e judiciais. Essas novas fontes abriram portas para a aparição das mulheres nos relatos históricos. Depois, entre os anos 70 e 80, houve uma aproximação da história social com a Antropologia, passando, assim, a privilegiar as abordagens socioculturais. Essa aproximação implicou profundas reavaliações metodológicas. Adotando esse caminho, muitas historiadoras e historiadores seguiram a trajetória antropológica para chegar à história das mulheres. História das Mulheres Como vimos anteriormente, em 1960, a hegemonia da história tradicional sobre a historiografia, que excluiu e colocou a mulher à margem da história ao longo dos tempos, teve fim. De acordo com Juliana Rodrigues de Lima Lucena, graças às contribuições da história social e da história das mentalidades, articuladas ao crescimento da antropologia que as mulheres foram alçadas à condição de objeto e sujeito da história. Segundo a autora, essa mudança foi influenciada pelo crescimento da participação política e pública das categorias de análise: gênero, classe e raça, através dos movimentos sociais da década de 60, particularmente os movimentos feministas, de gays e lésbiscas, juntamente com o surgimento da pílula anticoncepcional, novas tecnologias de prevenção à AIDS, causaram grande impacto sobre o discurso dominante. Assim, segundo LUCENA (2008), a história das mulheres dentro da análise da categoria de gênero é um estudo intrinsecamente político, e não há jeito de se evitar a política
  • 8. do conhecimento e dos processos que o produzem. Por essa razão, a história das mulheres é um campo inevitavelmente político, ocupando o papel de construtora das práticas socioculturais. Pois, tem consciência de que gênero é uma construção cultural, levando as feministas a questionarem e se posicionarem contra os discursos e as relações de poder de uma sociedade androcêntrica, baseado no determinismo biológico, que tem como base a adversidade entre homem e mulher, no qual o primeiro sexo seria o dominante e o segundo o dominado na lógica binária de teoria/prática, público/privado, razão/sentimento, levando-as a produzir novas formas de saber e poder que desconstruam essa visão tradicional. Em que o “ele”, usado no discurso público para se dirigir a um público composto por homens e mulheres, estaria representando a mulher, através do cumprimento “boa noite a todos”. Sendo assim, esta ainda acredita que a história das mulheres no Brasil esteve diretamente ligada à sua participação na vida pública através dos movimentos de mulheres e feministas que aqui se desenvolveram. Por um longo período, ela foi escrita a partir de convicções feministas. Certamente toda a história é herdeira de um contexto político, mas, relativamente, poucas histórias têm uma ligação tão forte com um programa de transformação e de ação como a história das mulheres. Mesmo que historiadores e historiadoras tenham sido ou não membros de organizações feministas ou de grupos de conscientização em que eles ou elas se definissem ou não como feministas, seus trabalhos não foram menos marcados pelo movimento feminista de 70 e 80. Relações de Gênero Em função da influência dos debates norte-americanos e franceses sobre a construção social do sexo e do gênero, no final dos anos 80, nos estudos historiográficos, as academias feministas brasileiras começaram a substituir o substantivo mulher pela categoria gênero, por se constituir um meio útil de distinguir a prática sexual dos papéis atribuídos às mulheres e aos homens, na medida em que os (as) historiadores (as) sociais se voltaram para novos temas como as mulheres, as crianças, as famílias, e as ideologias de gênero. A principal referência para os estudos sobre gênero no Brasil advém do trabalho da historiadora e feminista americana SCOTT (1988), especialmente seu artigo intitulado: Gênero: uma categoria útil de análise histórica, p.2, no qual formula sua definição de gênero:
  • 9. Gênero é a organização social da diferença sexual. Mas isso não significa que o gênero reflita ou produza diferenças físicas fixas e naturais entre mulheres e homens; mais propriamente, o gênero é o conhecimento que estabelece significados para diferenças corporais. (...) não podemos ver as diferenças sexuais a não ser como uma função de nosso conhecimento sobre o corpo, e esse conhecimento não é puro, não pode ser isolado de sua implicação num amplo espectro de contextos discursivos. Como pode ser visualizado na citação anterior, as palavras de SCOTT (1988) são esclarecedoras quando afirmam que gênero é uma construção social e histórica das diferenças percebidas entre os sexos e uma forma primária de dar significado às relações de poder. Para isso, apoia-se no conceito de poder utilizado por Foulcault, para quem o poder não é algo que se possa possuir, o poder circula. Portanto não existe em nenhuma sociedade divisão entre os que têm e os que não têm poder. Pode-se dizer que poder se exerce ou se pratica. O poder, segundo Foucault, não existe. O que há são relações, práticas de poder. Em função da relevância desse conceito para a inserção da mulher no campo do estudo, esta pesquisa utiliza- o como principal referência a cerca da discussão de gênero. No entanto este artigo não desconsidera a teoria em que o “gênero” foi desenvolvido e é sempre usado em oposição a “sexo”, para descrever o que é socialmente construído em oposição ao que é biologicamente dado. Aqui, gênero é tipicamente pensado como referência à personalidade e ao comportamento, não ao corpo. Visão que sobrevive até hoje nas teorias feministas. Segundo SCOTT (1988), no processo de construção da história da mulher, o gênero foi inicialmente utilizado pelos (as) historiadores (as) nos estudos feministas apenas na abordagem descritiva, como: sinônimo de mulher, sem haver mudança conceitual. Esse termo foi utilizado apenas para buscar a legitimidade acadêmica, mas não problematizava, não sugeria desconstruções e nem pretendia abalar os pilares de sustentação das verdades científicas, só depois que o gênero passou a ser usado como uma categoria mais ampla para compreender as relações sociais mantidas entre o sujeito masculino e feminino. Para SCOTT (1988), a sociedade é como um palco de conflitos onde o sujeito é o ser ativo. As condições estruturais e simbólicas são concebidas como constituintes e construtoras da sociedade. Aqui, a historiadora questiona a naturalização das relações desiguais de gênero, representando-as como construções sociais. A autora ainda aponta para a necessidade de reinterpretação das relações desiguais do poder social construída hierarquicamente, que trata a questão da dominação como natural, algo inaceitável, uma vez que no interior de cada situação social e histórica podem-se identificar resistências. Surge, então, o compromisso de rever a noção de uma sociedade
  • 10. engessada, que imobiliza qualquer tentativa inovadora e com qualquer possibilidade reinterpretativa. Assim, ao propor o uso do conceito de gênero, SCOTT (1988) denuncia que este esteve ausente como categoria de análise das principais abordagens da teoria social, formuladas desde o século XVIII até o início do século XX. Além disso, afirma que o gênero só foi incorporado como conceito pelas feministas americanas na busca de enfatizar o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo, em detrimento das propostas determinísticas biologizantes. Nesse sentido, REIS (1996) mostra que, ao perceber que as teorias existentes não davam conta de explicar as diferenças apresentadas entre homens e mulheres, as feministas da época procuraram mudar os paradigmas disciplinares como forma de abrir caminhos para se escrever uma nova história, ou seja, a história das mulheres, impondo um novo exame crítico das conclusões e dos critérios do trabalho científicos existentes. Propondo a utilização das categorias classe, raça e gênero como categoria de análise com o intuito de ampliar e diversificar o campo observatório e preencher as lacunas da história. No entanto SCOTT (1988) adverte que esses três eixos ainda que sugiram uma paridade, eles não possuem regras semelhantes, o que dificultaria seus estudos como processos dissociados. Engrossando o coro da crítica feminista, a autora argumenta que os estudos teóricos desenvolveram-se a partir de uma estruturação do mundo baseada em uma lógica binária, estruturada nas diferenças percebidas entre os sexos e nas desigualdades de gênero. Assim, os conceitos de sujeito, mente, razão, dentre outros, se estruturam nos estudos modernos, como sendo característicos do substantivo “masculino”, enquanto que os demais termos dicotômicos como: objeto, corpo, emoção, subjetividade, dentre outros, são característicos do substantivo feminino. A autora finaliza propondo sua definição de gênero como categoria analítica. O núcleo da definição tem por sustentação a conexão integral entre duas proposições: a primeira “gênero” é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos; a segunda “gênero” é uma forma primaria de dar significação das relações de poder. Para a primeira proposição, SCOTT (1988) destaca quatro elementos que se inter- relacionam e fazem parte do processo de construção do gênero na sociedade: as representações simbólicas (às vezes contraditórios) que são invocados sobre as mulheres, por exemplo, na tradição cristã ocidental, a santa e a devassa, que são, ao mesmo tempo, mitos de luz e escuridão, inocência e corrupção. Os conceitos normativos que interpretam os
  • 11. significados dos símbolos, sendo expressas nas áreas religiosas, educativas, científicas ou jurídicas, e que contribuem para fixar a oposição binária do significado do homem e da mulher NICHOLSON (1999). A permanência intemporal na representação binária e fixa do gênero masculino e feminino nas várias esferas sociais. E a identidade subjetiva que sinaliza para a busca de como as identidades se constroem, relacionando-as com toda uma série de atividades, de organização e representações sociais historicamente específicas. Em relação à segunda proposição, SCOTT (1988) conceitua gênero como um campo primário no interior do qual, ou por meio do qual, o poder é articulado. O gênero torna-se implicado na concepção e na construção do próprio poder. Desta forma, o conceito de gênero auxilia na interpretação das relações sociais baseadas na diferença sexual e fornece um meio de decodificar o significado e de compreender as complexas conexões entre várias formas de interação humana. Em sua discussão, a autora complementa a argumentação, referindo-se à conexão implícita entre gênero e poder como compreensão crucial da igualdade e da desigualdade das relações tidas como naturais entre homem e mulher, que possibilite o convívio de “indivíduos sociais”, que sejam diferentes, mas não desiguais. Mulher e Trabalho Mais um ponto fundamental a ser discutido neste trabalho é a divisão do espaço social entre o âmbito público e o privado palco das relações de gênero. Atrelado a isso, LERGUIA (1971), ressaltam que não foi por determinação da natureza que a mulher realiza as tarefas domésticas, mas em detrimento das ambições capitalistas. Pois, na comunidade primitiva, o trabalho e as demais atividades sociais realizavam-se em comum e tanto a propriedade como as relações de parentesco reforçavam estes laços coletivos na realização do trabalho sem separação entre os sexos. Como afirma Valeri Yakovlevich Briusov e colaboradores, no ensaio História da URSS, em que se pode ler: Nos aglomerados neolíticos do Transbaikal, encontram-se armas de caça – arcos e flechas – tanto em sepulturas de homens como de mulheres, o que é característico do regime matriarcal. LARGUIA (1971) ainda acreditam que esta dicotomia só ocorreu com o aparecimento da família patriarcal, que dividiu a vida social em duas esferas nitidamente distintas: a esfera pública e a esfera privada. Ou seja, com o desenvolvimento da troca e da divisão da sociedade em classes, todas as mudanças econômicas, políticas e culturais tiveram o seu centro na esfera
  • 12. pública, enquanto no lar se consolida a família individual como conhecemos, relegando à mulher a esfera privada pela divisão do trabalho entre os sexos, ao mesmo tempo em que se ia desenvolvendo, através de milênios, uma poderosíssima ideologia que permaneceu por vários séculos, na qual a imagem da mulher e o seu papel na vida social restringem–se à reprodução estritamente biológica, à educação e aos cuidados dos filhos, doentes e velhos e à reprodução da força de trabalho consumida diariamente na manutenção da casa. Sendo assim, estes acreditam que a posição igualitária ocupada pela mulher na comunidade primitiva foi determinada pelo valor do seu trabalho produtivo, que se realizava coletivamente. No entanto, com a dissolução das estruturas comunitárias e sua substituição pela família patriarcal, o trabalho da mulher individualizou-se progressivamente e ficou limitado “à elaboração de valores de uso para o consumo direto e privado”. A mulher, então, ficou segregada ao mundo do sobreproduto, e passou a constituir o cimento econômico invisível da sociedade de classes. Onde o homem, pelo contrário, seja como proprietário dos meios de produção ou como operador dos mesmos, por meio da venda da sua força de trabalho, define-se como a parte visivelmente econômica da sociedade. Portanto, responsável pelos diferentes modos de produção destinados a criar riqueza ao entrar no processo de troca. E a mulher, expulsa do universo econômico criador de subproduto, cumpriu, apesar disso, uma função econômica fundamental. A tarefa de repor a maior parte da força de trabalho que move a economia, e transformou matérias-primas em valores de uso para seu consumo direto, como alimentação, vestuário, manutenção da casa, assim como a educação dos filhos. Tarefa fundamental para a sobrevivência de uma família, porque o trabalhador e a sua família não se sustentam só com o que se compra com o salário, mas também com o que resulta do trabalho realizado pela dona de casa ao transformar muitas horas de lazer em trabalho doméstico e outras tarefas de subsistência, que no final das contas, se constitui em milhões de horas não remuneradas. Por outro lado, ao analisar o capitalismo, LARGUIA (1971) alega que o produto invisível da dona de casa e a sua força de trabalho adquirem a categoria de mercadoria, ao criar a classe trabalhadora, mas ela não se torna a proprietária da força de trabalho que produz, pois é ele quem a vende. Continuando tão invisível como antes. Logo, a força de trabalho da dona de casa e seus produtos lhes são confiscados por meio do contrato matrimonial, ao aceitar a obrigação de cuidar da família, fazer as compras, orientar e servir em troca de sua manutenção e da aquisição de um status social determinado pela posição do marido.
  • 13. E que, para estes, toda essa ideologia de superioridade e poder do homem sobre a mulher foi construída por psicanalistas, biólogos, médicos, sociólogos e antropólogos, resultando num número impressionante de teorias destinadas a manter a mulher “no seu lugar”, ou seja, responsável pela continuidade da espécie e dos afazeres domésticos. Educação que começa desde a infância, quando o primeiro e inevitável presente que recebe uma menina é a tradicional boneca e o habitual conjunto de tachinhos, cadeirinhas, caixinhas de costura, escovinhas, espelhos e fogão. Como também acredita que essa ideologia imprime-lhe a crença de que é incapaz de realizar tarefas pesadas, perigosas ou de responsabilidade. Inibe-a de realizar jogos e competições violentos, prejudicando o seu desenvolvimento físico e psicológico, através da imagem de que é um ser frágil, sensível e delicada. Criando nela, desde cedo, a convicção de que nasceu para agradar por meio do sexo e não por atuar no mercado de trabalho. Deste modo, a secreta divisão do trabalho fica assegurada, e o cimento da sociedade de classes inalterado pelo recrutamento antecipado e implícito da força de trabalho. LARGIA (1971) ainda diz que essas teorias de inferioridade feminina foram divulgadas através da poesia, da novela, da música popular, nos meios de comunicação de massa, hábitos e costumes, que exigem da mulher clássica a docilidade, a passividade, a abnegação e aversão ao serviço da propriedade privada, ideologia romântica que a história criou para ocultar a exploração da força de trabalho escravo, e fazer do cupido o mais efetivo guarda do serviço da propriedade privada. Por outro lado, esta crê que, com o desenvolvimento do capitalismo, a família começou a sofrer importantes transformações, como: o direito de homens e mulheres se casarem por amor, através do contrato social, mas a exploração da mulher no seu interior continuou a mesma, pois o trabalho doméstico das mulheres ainda é propriedade do homem, continuando a ser tão invisível para essa sociedade como antes. Para a autora, a incorporação da mulher no trabalho proletário veio a modificar substancialmente a situação das massas femininas. Pois, proporcionou à formação da classe operária um grupo de trabalhadores livres que não possuíam bens materiais de importância, na qual a herança e a paternidade, pilares da família classista, perderam importância econômica para grande parte da população. Segundo LARGUIA (1971), a revolução industrial tornou necessária a incorporação maciça da mulher na produção fabril, o que contribuiu para a criação de um proletariado feminino, força nova de trabalho na história que teve um peso enorme no desenvolvimento da sociedade. Além disso, sua inserção no ensino básico concedeu pela primeira vez às jovens a
  • 14. oportunidade de invadir o mundo exterior, compartilhando-o com os rapazes. Porém, os modelos sexuais tradicionais continuavam a influenciar fortemente a seleção das ocupações abertas à mulher. E não é por acaso que as mulheres são levadas a incorporar-se na indústria têxtil, na indústria alimentar e farmacêutica, como também nos serviços de professoras, enfermeiras, secretarias, ascensoristas, telefonistas e criadas. No entanto, para a autora, sua ocupação na indústria é alterada, com exceção dos perigos de guerra, em que a necessidade obriga a incorporação da mulher na indústria pesada, ela tende a ser sistematicamente marginalizada de todos os ramos de maior desenvolvimento das forças produtivas. Refletida na desigualdade salarial, para um posto equivalente e com a mesma qualificação que os homens; no qual o pagamento de salários baixos se justifica, ao determinar a mulher, na realização de tarefas classificadas como leve, à obrigação, da operária, de continuar a repor a força de trabalho no lar ao voltar da fábrica. E, assim, para estes, a mulher arca com ambos os trabalhos, com um fardo de sobre- exploração que a priva de conquistas que a classe operária conseguiu, como: a redução da carga horária de trabalho. Pois, o trabalho doméstico continua sendo considerado como uma característica sexual secundária. E lhe conferir uma qualidade biológica fez com que se considere natural que a mulher trabalhadora arque com a segunda jornada sozinha. Em outras palavras, esta trabalha oito horas numa fábrica recebendo um salário e, ao voltar para casa, exerce uma segunda jornada de trabalho não remunerado, que lhe tira da mente toda e qualquer ilusão acerca da sua igualdade com o homem e da sua flamante independência social. Jornada de trabalho doméstico que tende a ser maior que o seu horário de trabalho social, chegando a limitá-lo e que para solucionar este impasse leva-a a dispor de parte do seu salário para socializar parte desta segunda jornada, custeando lavadeiras, refeições e outros serviços. Uma vez que o homem considera degradante participar dela e, com isso, dá ao patrão o direito de arrancar de sua mulher, por seu intermédio, parte da mais-valia que capitaliza. Segundo LARGUIA (1971), outra manobra para manter a mulher sob a influência das teorias classistas é mantê-la prisioneira da sociedade de consumo. Esta é alvo fácil da publicidade, do cinema, da imprensa e da televisão, para o consumo das mercadorias produzidas pelas indústrias. Teoria introduzida pelo neocapitalismo ao criar uma sociedade de consumo em que a publicidade se converte no motor da continuada expansão econômica e a indústria ligeira, dirigida ao consumo final, se transforma no seu setor mais dinâmico. A procura passa a ser o produto último do rádio, da televisão e das publicações para a massa, que provocam a criação contínua de novas necessidades, garantindo um estado de permanente
  • 15. insatisfação de apetências materiais, pois cada produto anunciado terá sempre mais funções que o outro, e sinônimo de última tecnologia. Na visão destes, a chave da questão está no desejo de prestígio emergente desta sociedade, perpetrada pela competição entre famílias e indivíduos, refletida no aumento das vendas. A nova função econômica da mulher nessa sociedade de consumo empola as suas responsabilidades como proprietária do seu sexo comparticipando do prestigio da família e detendo cada vez mais a função de compradora. E a ela se dirige grande parte da publicidade, dignificando-a em função do homem, estimulando-a a comprar mercadorias que criam uma mística esfera de atração e usufruto masculino. Ou seja, enquanto dona do seu sexo, a mulher, como toda propriedade no neocapitalismo tem caráter de mercadoria e implica a busca permanente de um comprador para estabelecer o contrato matrimonial devendo ser foco permanente de atração sexual. Pois sua ascensão social se dá, neste momento, por meio do sutil emprego do sexo, para conquistar seu pretendente, utilizando o encanto, a beleza e a feminilidade, como armas de conquista. A mulher ideal proposta pelos meios de comunicação massificante, pela literatura e pelas canções comerciais da sociedade burguesa pertence inconfundivelmente às classes dominantes: esbelta, de cútis aveludada e membros finos, sem qualquer manifestação muscular. Na opinião destes, essa imagem de mulher doce e delicada, divulgada como padrão de beleza da época, era considerado moda, com o objetivo de evitar a dificuldade da circulação de mercadorias, mas fundamentalmente devido à necessidade de criar uma terra de ninguém. Onde possam sobreviver do individualismo e da livre troca, que constituem a base originária de concepção do mundo burguês e levam à criação de uma desenfreada cultura do sexo. E, assim, a guerra da conquista se instala na sociedade, sendo jogada tanto por homens como por mulheres. Que a mulher cansada dos altos e baixos desta pequena guerra crônica cairá prisioneira do lar individual, onde se ocupará calmamente a repor a força de trabalho do conquistador definitivo, o homem. Por não compreender que a sua opressão provém da divisão do trabalho e dos interesses econômicos classistas. Mulher, família e trabalho em Juazeirinho Juazeirinho é um distrito que pertence ao município de Conceição do Coité, Bahia, Brasil, localizado a 12 quilômetros da sede, mais especificamente na via que liga as cidades de Ichu a Conceição do Coité. Segundo os dados do recenseamento do Instituto Brasileiro de
  • 16. Geografia e Estatística (IBGE) 2007, possui uma população de 3.624 mil habitantes, desse total há 976 famílias, em que 362 são de responsabilidade da mulher. Segundo os mais velhos, sua origem é datada do final do século XIX, como conseqüência do processo de ocupação e povoamento do sertão brasileiro, através do comércio dos tropeiros, que foram se estabelecendo pelo interior de todo o país e responsáveis por estabelecer a comunicação entre esses espaços. Tendo como primeiro fazendeiro o senhor Luiz Fagundes. Nessa época, a sociedade era formada basicamente por fazendeiros vivendo os costumes deterministas em que o trabalho era dividido entre homens e mulheres. Desde já, a mulher arcava com uma dupla jornada de trabalho, em que cuidava da casa e ajudava na lida do campo, junto com os homens, também responsáveis pela produção dos produtos agrícolas. Era dever de o patriarca preparar sua filha desde criança para o casamento. Ao presenteá-la com bonecas, colocá-la em instituições criadas pelo governo, denominadas Ancarba, encarregadas de dar cursos de prendas domésticas, além de pagar aulas particulares para a filha aprender bordados e costuras, destinadas a preparar seu enxoval e para manutenção do vestuário de sua futura família. Ainda tinha o dote, que era pago pelo pai da moça ao noivo, em cabeça de gado, com o objetivo de ajudar na sobrevivência e desenvolvimento econômico da família. Pois, a mulher não tinha status social por si só, mas assumia a posição social a que seu marido pertencia. Desta forma, em função do dote, muitos homens se tornaram fazendeiros muito importantes nessa comunidade. O distrito originou-se estruturalmente de uma fazenda que tinha como referência uma árvore de juazeiro, que dará futuramente nome ao Distrito. Seu segundo dono, o senhor Joaquim Carneiro de Oliveira, foi o responsável pelo povoamento e expansão do povoado, ao contratar professores para cuidar da educação das crianças, atraindo famílias da região para sua fazenda, levando-o a lotear suas terras para facilitar o acesso à educação e desenvolver também o comércio local. Onde a primeira professora foi Dª. Maria Benedita. Relata MARIELZA (1993), que no final do século XIX, os moradores começaram a se preocupar em construir um local destinado a educação. Então foi construída pelo senhor Joaquim de Oliveira, um casarão “Casa Nova” que serviu de sala de aula durante o dia e de salão de festa durante a noite. Já em 1939 o senhor Augusto Carlos de Oliveira veio morar em juazeirinho e construiu uma casa para a professora Francisca morar em que a ampla sala de jantar era sua sala de aula, onde as crianças aprendiam as prendas domésticas e as regras de civilidade. Nessa casa-escola sucederam-se sete professores que em sua maioria foram mulheres.
  • 17. Depois, em 1978 a Escola Rio Branco (1ª a 4ª series), foi fundada e teve em sua direção uma mulher, a então professora Nadja Lopes Carneiro. E em 1986, quando fundou-se o Colégio Estadual Rio Branco e a professora Vandecy Oliveira Brandão era a diretora, oferecendo o ensino fundamental e o médio que se constituía no curso de magistério. Assim a posição de professora e principalmente de diretora coloca a mulher em posição de destaque e mesmo na posição de autoridade diante da população. A exemplo, da professora Bertila que estudou com as irmãs franciscanas no Colégio São José em Salvador, por ser detentora de conhecimento destacável, era conselheira de toda a comunidade, para resolver assuntos jurídicos, políticos e econômicos, dos que a procuravam. Área em que a mulher nesta sociedade sempre teve papel de destaque e prestígio. Entre as décadas de 30 e 50, os primeiros estabelecimentos comerciais foram um armazém de secos e molhados, lojas de tecidos, mercearia, uma panificadora e uma fábrica de laticínio. Em que as mulheres não teve participação. A independência da mulher se deu a passos lentos, mas foram significantes para a posição que ela ocupa nessa sociedade atualmente. Com a formação do povoado, a preparação que esta recebeu para o casamento, ainda que não necessariamente lhe desse algum tipo de independência, acabou por provocar mudanças no interior das relações familiares. Pois, a partir de 1938, mulheres como: Dª. Edite Ribeiro, Dª. Dasdores Mendes e Dª. Zizuina passaram a comercializar seus doces, bolos e mingaus, na feira livre, aos domingos, que se realizavam neste povoado e no povoado de Lagoa do Meio, para ajudar seu marido a manter a casa e criar os filhos. Levando mulheres a arcarem com uma tripla jornada de trabalho, pois os afazeres domésticos e agrícolas ainda são realizados por elas. Uma nova posição passava esta mulher a assumir na sociedade. Entretanto não se tratava necessariamente de algo que a deixasse em igualdade com o mundo masculino. A tripla jornada passou a ser a realidade destas mulheres. Por outro lado, foi possível, através da capacidade de produzir, certa ascensão, ainda que alguns espaços do setor produtivo continuassem reproduzindo o que a definição de gênero legitimava. Mulheres como: Dª. Lurdes e Dª. Nita aperfeiçoaram suas habilidades nas técnicas de costura para oferecer as famílias locais seus serviços, ao confeccionar roupas para o dia a dia, festas e as peças de cama, mesa e banho para complementar o enxoval das moças. Exemplos concretos de “espaços” ditos femininos no mercado remunerado que não necessariamente vão lhes dar uma condição emancipadora, pois seu trabalho permaneceu sendo visto como periférico no sustento familiar e estar ligado ao âmbito do privado, ao seja a manutenção da casa.
  • 18. Essa sociedade sempre teve participação efetiva na política, lançando quatorze vereadores e uma vereadora, três prefeitos em Riachão do Jacuípe e um em Coité, um deputado federal e um vice-prefeito até o ano de 1993. E é aqui que a mulher começa efetivamente a ocupar o espaço tido como masculino pelo pensamento iluminista, quando em 1993 Maria Neuza Moraes Carneiro se candidatou para concorrer ao cargo de vereadora local, na eleição que elegeu Deovando Carneiro como prefeito de Conceição do Coité. Vindo a se eleger vereadora local em 1996, permanecendo neste cargo por quatro mandatos consecutivos, até o ano de 2008. Com um numero de quatro mandatos consecutivos. Para observar as vivências e dificuldades que as mulheres enfrentam após assumir a posição de chefe de família nesta sociedade, assim como as profissões, os preconceitos vivenciados que se vêem ao assumir este papel, dentre outros, segue abaixo uma série de relatos que foram conseguidos através de entrevistas com estas mulheres juazeirenses, que conseguem, ao mesmo tempo, realizar uma longa jornada de trabalho remunerado e exercer seu duplo papel dentro de casa. Adotando estratégias de sobrevivência que incluem a inserção prematuramente de seus filhos no mercado de trabalho e ajuda solidária de vizinhos. O objetivo destas entrevistas, mais do que constituir elementos para uma analise profunda das relações familiares em Juazeirinho, visa a dar voz a estas mulheres é, principalmente, criar um mosaico de pequenos desabafos que estão nas entrelinhas destes discursos. A entrevistada M. D. S. H. afirma que começou a trabalhar como enfermeira no hospital e no posto de saúde, quando engravidou do primeiro filho, para ajudar nos gastos com alimentação, educação e vestuário, pois seu marido trabalhava na roça e sua renda era baixa, levando-os a enfrentar algumas dificuldades, como relata: Ah! Enfrentamos umas dificuldadezinhas aí na parte... A maior dificuldade que eu enfrentei foi quando eu coloquei um filho na faculdade ai sim (foi) ai eu tive que me rebolar pra ter o dinheiro pra dar a ele pra chegar onde chegou... Graças a Deus eu hoje estou agradecida mesmo por ter alcançado está graça ai. (ENTREVISTADA 02, p. 3) Em outra entrevista, M. A. S. S. ressalta que começou a trabalhar como professora municipal assim que se formou. Independente, mãe de dois filhos de pais diferentes, uma com vinte anos foi registrada e recebe pensão alimentícia. O segundo, com cinco anos, foi apenas registrado pelo pai. Sendo responsável por criá-los. Ela afirma que sua condição de mãe solteira lhe frustra um pouco, porque:
  • 19. Na minha profissão mesmo... Ai eu me ponho na situação dos meus alunos, por que eu tenho bastante alunos nessa situação. Agora mesmo como é a promotora na escola que eu trabalho nem só os meus alunos, mas 17 mães tá nessa situação... nem só que os pai não ajudem, mas também com a certidão ignorada, com o pai ignorado. Pelo menos os meus assumiu rapidinho, Rafael foi registrado, quando eu percebi Rafael já tinha sido registrado... (Rafael interrompe) no outro dia com o nome de Rafael que nem eu mesmo sabia o nome. E Lai pelo contrário certidão e alimentação. Um pai não visita os filhos, ai eu fico triste quando eu vejo que a situação dos meus alunos a dos meus filhos são iguais. (ENTREVISTADA 01, p. 5) A entrevistada conclui dizendo que os pais não têm consideração pelos filhos, pois não comparecem às reuniões de pais e mestres na escola, acreditando que a participação destes na vida dos filhos é mais importante do que a ajuda financeira. E que na ata de reuniões não tem nenhuma assinatura dos responsáveis pelo seu filho mais novo, pois trabalha quarenta horas e o pai nunca compareceu. Já V. S. sustenta a família desde sua convivência com o marido, pois, com seis filhos, ele não tinha condições de sustentá-los, permanecendo sozinha nesta tarefa, depois da separação por motivos de agressões, trabalhando como doméstica e colocando os filhos para trabalharem de acordo com a idade, ou seja, do mais velho ao mais novo. Com essa realidade, a entrevistada passou muita dificuldade, mas não lhe privou de ajudar ao irmão, como relata: Ah! Dificuldade eu passei muita, muita! Eu já passei tanta dificuldade na minha vida, que já tive momento deu o que ter dentro de casa pra os filhos comer, não sobrar pra mim, eu dar aos filhos e ficar sem ela, eu dormir sem um copo de café na boca, beber um copo de água e deitar pra dormir e dá aos filhos pra comer. Por isso ai eu já passei muitas vezes, muita, muita, muita. Mas eu pedia a Deus hoje não tem, mas amanhã Jesus vai me amostrar. Teve uma época mesmo que eu passei por uma fase tão ruim Neia, ainda, dando mama ainda, que me doeu tanto, tanto, eu senti tanta dor ai foi que eu tive uma vizinha, que não foi uma vizinha não foi uma mãe. Ela fez uma panela de comida e trouxe pra mim, eu dei a minha filha comer, depois que ela comeu, o que sobrou eu ainda dividi comigo e um irmão meu. Ai agora... eu disse a ele... Não coma você primeiro que você vai trabalhar. Ele foi comeu e perguntou pra mim: e tu vai comer o que? Eu disse: não, mas você vai trabalhar e eu vou ficar dentro de casa. E eu dando mama. Ali que foi sufoco e depois disso eu já passei por um bocado também. Mas graças a Deus, cada momento que eu passava por essa, eu pedia a Deus: hoje não dá pra mim, mas dá pros meus filhos, então é a mesma coisa de dá pra mim, eu to com minha barriga cheia como se tivesse comido junto com eles. Mas graças a Deus eu passei por essas, mas graças a Deus eu consegui vencer. (ENTREVISTADA 03, p. 11 - 12) J. S. L. trabalha como doméstica desde que os filhos nasceram. Divide as despesas da casa com o marido. Ficando responsável pela alimentação, vestuário, medicamento, material escola e ele com a carne e a feira de supermercado. Às vezes, ajuda o marido a cumprir suas obrigações para não ver seus filhos passar necessidade. Como descreve: “ele compra mais a feira e eu as roupas dos meninos e o material escolar... e o medicamento também comigo... Sempre dando uma mãozinha”. (entrevistada 04, p. 4)
  • 20. A entrevistada M. C. O. C. sempre trabalhou em atividades remuneradas, mas quando se casou exercia a profissão de cabeleireira para manter sua independência econômica e sustentar sua filha, pois seu marido só ajudava em algumas coisas. Quando se separou passou a arcar com tudo sozinha, uma vez que este não dava nada a sua filha, não deixando de sentir falta do pai, ressaltando que... ...ela gosta muito do pai, nessa semana nossa... Era uma cobrança comigo. Ela sempre cobrava por que eu não tava com o pai. Ela chamava o pai pra dormir aqui, eu cansava de ver ela chamar, entendeu. Ai eu fui... Conversava com ela que não deu certo, não dá certo. Ela às vezes acha porque ela veve comigo, acha que ele é melhor que eu às vezes. A dificuldade que eu acho maior é essa, mas agora ela ta entendendo por que ela passou uns dias com ele. Uns quinze dias agora nas férias. Ai ela chegou e disse: olha mainha como é que só me dava doce lá. Do mesmo jeito que foi às coisinhas dela veio, nada mais. Então ela ta percebendo, entendeu, agora com oito anos agora em dezembro, dia 5 de dezembro ela já ta percebendo que não é tudo. (ENTREVISTADA 08, p. 4) Este trecho da entrevista exprime uma realidade crua e de difícil adaptação por que passam estas mulheres quando já não têm mais o companheiro ao seu lado. Apesar da separação ou mesmo do simples abandono do lar por parte do marido e pai ser cada vez mais uma prática comum, ainda é algo de difícil assimilação por parte destas mulheres. M. E. A. S. trabalha como enfermeira no Hospital Regional de Conceição do Coité para sustentar seus dois filhos, desde que seu marido viajou para São Paulo, quando ainda estava grávida do primeiro filho, em busca de trabalho, e nunca mandou dinheiro. Sua vida foi muito sacrificada, por não receber ajuda da família, tendo, pelo contrário, que sustentar seus pais. Como se pode ler: “... nessa época eu ajudava os meus pais também por que eles não tinham como, eles foram embora daqui, eu também ajudava, fazia feira de supermercado pra mim e pra eles”. (ENTREVISTADA 07, P. 2) Já a entrevistada V. M. O. tornou-se chefe de família e passou a arcar com as despesas da casa quando se separou do marido e tinha uma filha para criar. Passou a arcar com todas as despesas como: vestuário, alimentação, educação e atendimento médico. Pois seu ex-marido colabora com cem reais por mês, quantia irrisória, se comparada aos gastos que ela tem com a criança. Desta forma, ela se considera como chefe de família e o ex-marido como colaborador. Atrelado a isso, a entrevistada afirma que ser chefe de família... Com certeza pra mim é um orgulho por que já pensou se a gente depender de tudo de alguma pessoa como marido. De a gente precisar, um exemplo: de um doce a gente chegar lá e pedir dez centavos pra comprar uma bala. Não tem coisa melhor do que a gente ser independente entendeu, quando a gente quiser comprar uma coisa, entendeu nosso bolso é nosso guia. É só chegar lá meter a mão no nosso bolso, não
  • 21. precisar da explicação pra que a gente quer esse dinheiro. O que a gente quer comprar... Traz o troco... Não! Queria eu ter um trabalho fixo, pena que o meu é contrato entendeu, pra eu ter o meu dinheiro, ser independente, pra quando eu quiser o meu tá ali ó pra eu pegar e não ter que dá satisfação a ninguém. É um orgulho e tanto, né. Quem é que não tem orgulho de ser uma chefe de família, pra mim não é vergonha e eu ter que ficar dependendo do marido o tempo todo até pra uma bala. (ENTREVISTADA 06, P. 5) Percebemos um embrião de certa atitude emancipadora e ruptora de uma personagem que mesmo sem se dar conta avança em direção à construção de uma existência que talvez não dialogue com a maioria dos que a cercam. Em outra entrevista E. C. S. G., ressalta que passou a ser chefe de família depois que seu marido ficou desempregado em ocasião da seca de 92, que ocorreu nessa região, e até hoje não conseguiu encontrar trabalho. Para sustentar seus três filhos, trabalha como merendeira numa escola municipal e recebe ajuda financeira de seus pais até hoje. Ao falar sobre esse assunto com o marido, ela afirma que ele se justifica da seguinte forma: “... se tivesse que dava tudo, se achasse trabalho que ele fazia era tudo, tem vez que... Ele chora ainda... Que faço pouco que tô fazendo caso”. (ENTREVISTADA 10, p. 6) Como se pode ver, o campo de trabalho local se constitui numa forma razoável de sobrevivência para as famílias da região. Mas, por outro lado, exige que os chefes de família de ambos os sexos busquem desenvolver mais de uma atividade remunerada para garantir o sustento completo do lar. E aqui as famílias matriarcais se destacam das patriarcais e se proliferam cada vez mais, mesmo com o fato de o mercado de trabalho favorecer ao homem, ao se desdobrarem na realização de atividades artesanais, motoristas, diretoras escolares, vereadora, dentre outros. Ou seja, mantêm suas atividades primárias e inserem-se em campos antes tidos como masculinos. Considerações Finais A análise histórica sobre a divisão do trabalho entre os sexos em Juazeirinho nos fez compreender que esta sociedade sofreu todas as influências econômicas, políticas, sociais, e culturais de ordem mundial. Pois, percebe-se que desde sua origem até meados dos anos cinqüenta os patriarcas seguiam o pensamento iluminista e determinava que a mulher devesse cuidar dos filhos, sendo sua propriedade através do casamento e em alguns casos enriquecendo à custa do dote recebido. Nesta comunidade também, a mulher não se conformou com esse pensamento e graças as suas lutas e as transformações econômicas
  • 22. chegaram ao mercado de trabalho remunerado com uma tripla jornada de trabalho, como: o afazer doméstico, o trabalho agrícola e quituteira no povoado. Nessa luta afirmativa de sua presença na economia familiar, as mulheres se encaixaram em todos os setores antes tidos como masculinos. Estas estavam e estão nas escolas como: professoras, zeladoras, cozinheiras, vice-diretoras, secretarias e diretoras. No comércio local, são: lojistas, e recepcionistas. Na saúde são enfermeiras de longa e curta data. Na política se elegeram vereadoras. No setor rural, estão presentes na agricultura, pecuária e horticultura. Ou seja, uma vez inseridas no mercado de trabalho estas encontraram forças para desenvolver estratégias de sobrevivência perante sua realidade sofrida e com sua independência escrever uma história de vitória e muita, mas muita luta, construída a passos lentos e com muita solidez. Por outro lado, o encontro com estas mulheres permitiu-nos aproximarmos de um universo que ainda se mostra desconhecido. Encontramos mulheres que nos ofereceram em seus discursos uma lição de sabedoria e que se mostraram à frente de seu próprio tempo. Apesar de não percebermos certa consciência efetiva por trás dos discursos, na prática, estas mulheres vêm rompendo com uma dinâmica social que sempre fez questão de definir por antecipação o lugar delas na sociedade. Ainda que de forma embrionária, adentrar o espaço familiar destas mulheres, conhecê-las no íntimo de suas confidências, permitiu-nos refletir sobre o funcionamento de uma sociedade que sempre se impôs enquanto definidora dos espaços e comportamentos do elemento feminino. São desbravadoras, são pioneiras, ainda que não saibam disso, mas são, principalmente, mulheres da vida real. REFERÊNCIAS DUMOULIN e Isabel Larguia, John. Para uma ciência da libertação da mulher. (Nos 65-66 da Revista da CASA DAS AMÉRICAS, Março-Junho de 1971. LA HABANA – CUBA). HAHNER, June E. Mulher no Brasil. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1978.
  • 23. OLIVEIRA, Eleonoro Menicucci. Trabalho, saúde e gênero na era da globalização. Goiânia, GO 1997 REIS, José Carlos. Annales: A Revolução da História: a invenção em história. 1ª Ed. São Paulo, Paz e Terra, 2000 SMÍTH, Bonnie G. Gênero e história: homens e mulheres e a prática histórica. Mulheres Profissionais: um terceiro sexo? EDUSC SAFFIOTI, Heleith Iara Bongiovani. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. 2 ed. Petrópolis. Vozes, 1979 SAFFIOTI. Helieth Iara Bongiovani. Mulher brasileira é assim. Rio de Janeiro: Rosa dos tempos, 1994. ___________. Estudos de gêneros. Goiânia: universidade Católica de Goiás, 1998. ___________. Família e igualdade: na chefia da sociedade conjugal em face da nova constituição. Rio de Janeiro: Renovar, 1992. ___________. Estatuto das famílias: projeto de lei nº 2285/2007. Belo Horizonte: IBDEM, 2008. SITES DE ARTIGOS CARMO, Iris Nery do. Trabalho e emancipação: uma analise acerca do trabalho femi- nino no capitalismo. Disponível em: < http://www.sinaldemenos.org D’VILANOVA, Marielza Carneiro. Origem de Juazeirinho. Juazeirinho, 1993 HIRATA, Helena. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Disponível em: www.scielo.br HIRATA, Helena. Globalização e divisão sexual do trabalho. Disponível em: www.reitoria.ufsc.br
  • 24. HOFFMAAN, Eugênia Troncoso Leone e Rodolfo. Participação da mulher no mercado de trabalho e desigualdade da renda domiciliar per capita no Brasil: 1981-2002. Disponível em: www.face.ufmg.br LUCENA, Juliana Rodrigues de Lima. “NÃO SE NASCE MULHER, TORNA-SE MULHER”: A (RE)CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE GÊNERO E A SUPERAÇÃO DE LIMITAÇÕES TEÓRICAS. In: VI Semana Acadêmica de História da UFRPE, 2008, Recife. VI Semana Acadêmica de História da UFRPE, 2008. Disponível em: www.anpuhpb.org _______________________. Mulheres, Trabalho e família. Disponível em: www.fcc.org.br MELO, Mônica de. Globalização Econômica e Direitos da Mulher. Disponível em: www.ibap.org NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Disponível em: http://www.scribd.com PEIXOTO, Cleudes Pessoa, Jeannette Filomeno Pouchain Ramos e Socorro Letícia Fernandes. Solidaria e feminista: reflexões em torno da autonomia econômica das mulhe- res. Disponível em: www.fbes.org.br RAGO, Margareth. Descobrindo Historicamente o Gênero. Disponível em: www.ifch.unicamp.br SCOTT, John. Gênero: Uma categoria útil para a análise histórica. Disponível em: www.dh. net.org.br TILLY, Louise A. Gênero, história da mulheres e história social. Disponível em: www.scielo.br __________________. Observatório social. Em revista. Ano 2. Nº 5. Março de 2004. Disponível em: www.observatoriosocial.org.br