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Apresentação: “Pioneirismo, perseverança, confiança” .................4
Diretores do IEN..............................................................................6
História em cinco décadas: introdução...........................................7
1962 a 1971............................................................................... 8
1972 a 1981............................................................................. 13
1982 a 1991............................................................................. 18
1992 a 2001............................................................................. 23
2002 a 2012............................................................................. 26
Expediente.....................................................................................34
Temas
Cada cor corresponde a uma das principais áreas de pesquisas e serviços
realizados pelo IEN em 50 anos de a vidade. Os textos em cinza destacam fatos
importantes do setor nuclear que veram influência na história do Ins tuto.
Engenharia Nuclear
Reatores Rápidos
Instrumentação e Controle
Química e Materiais Nucleares
Física Nuclear e Radiofármacos
Radioproteção e Rejeitos
Técnicas Nucleares
Energia Nuclear no Brasil e no Mundo
Índice
4
Há pouco mais de 60 anos, logo após o término da 2ª Guerra Mundial,
o Brasil inicia a tomada de ações concretas para o desenvolvimento da
Ciência e da Tecnologia. Naquele momento foram razões de Estado e de Se-
gurança Nacional que mo varam tais ações. No entanto, estavam ali colo-
cados os alicerces para o crescimento econômico e melhoria social do País.
Em 1951 houve a fundação do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cien fico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A criação da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN) seguiu-se em 1956.
A fundação do nosso Ins tuto de Engenharia Nuclear (IEN), em maio de
1962, também é parte do processo histórico da construção das bases de
Ciência e Tecnologia no Brasil.
Esta edição comemora va dos 50 anos do IEN apresenta a linha do tem-
po dos principais trabalhos desenvolvidos no Ins tuto, desde a construção
do Reator Argonauta, nosso marco inicial, até nossa atual par cipação no
projeto do Reator Mul propósito Brasileiro (RMB), des nado a produzir ra-
diofármacos, desenvolver a tecnologia dos materiais usados na energia nu-
clear e prover feixes de nêutrons para estudos em Ciências Básicas.
Pensar o futuro, como requer o desenvolvimento de Ciência e Tecnologia,
é sempre um desafio maior em um País onde ainda há tantas urgências a
resolver. A área de energia nuclear, tendo em vista razões de natureza ge-
opolí ca e os obstáculos daí decorrentes, apresenta dificuldades adicionais
para o desenvolvimento de tecnologia própria. Também, ao longo de nossa
existência, o desenvolvimento do setor nuclear, fundamentalmente financia-
do pelo Estado, sofreu com as crises econômicas pelas quais passou o Brasil.
Pioneirismo, perseverança, confiança
5
Assim, o leitor atento perceberá que, além dos casos de sucesso, houve pro-
jetos que não veram con nuidade. Faz parte da nossa história. E nossa
história contém exemplos que são tão visionários quanto, ainda nos anos
70, ao sul do Equador, buscar o desenvolvimento da tecnologia de reatores
nucleares regeneradores rápidos.
Esta ousadia nos empolga!
Por isso esta edição comemora va dos 50 anos do IEN é também um tribu-
to àqueles que construíram este Ins tuto. Mais que os êxitos ob dos, seu
maior legado é a perseverança. A capacidade de colocar trabalho, estudo e
empenho no desenvolvimento da energia nuclear a serviço do Brasil, a des-
peito de toda sorte de dificuldades.
E a energia nuclear tem muito a oferecer. A escassez energé ca vivida em
2002 apontou para a revisão da matriz energé ca nacional, onde a geração
de energia elétrica de origem nuclear surge como opção economicamente
viável e de baixo impacto ambiental. Na área da saúde, técnicas e exames
de medicina nuclear, além dos óbvios bene cios diretos para os pacientes,
resultam também em economia de gastos públicos em razão da possibilida-
de de diagnós cos precoces e de tratamentos menos dispendiosos.
O IEN é hoje uma ins tuição detentora e produtora de conhecimento. Aten-
de a demandas diretas do Estado, bem como forma recursos humanos e
promove a transferência de tecnologia e a inovação para a Sociedade.
Inspirado pelos nossos pioneiros e confiante na juventude, aquela de nossos
alunos e a dos nossos outros jovens de todas as idades, o Ins tuto de Enge-
nharia Nuclear segue em frente em sua missão de traduzir conhecimento em
qualidade de vida para os brasileiros.
Paulo Augusto Berquó de Sampaio
Diretor do IEN
6
Diretores do IEN desde sua criação:
 1962 a 1965 - Jonas Correia Santos
 1965 a 1969 - Mário Donato Amoroso Anastácio
 1970 a 1973 - Roberto Gomes de Oliveira
 1973 a 1977 - Luiz Osório de Brito Aghina
 1977 a 1978 - Leonel Eduardo de Montandon Braga
 1978 a 1982 - Silvério Carlos Belo Lisboa
 03/82 a 10/82 - Sérgio Gorreta Mundim
 1982 a 1990 - Alcyr Maurício
 1990 a 1991 - Luiz Alberto Ilha Arrieta
 1991 a 1992 - Hilton Andrade de Mello
 1992 a 1993 - Zelinda Carneiro Gonçalves
 1993 a 1999 - Luiz Alberto Ilha Arrieta
 1999 a 2003 - Sérgio Chaves Cabral
 2003 a 2011 - Julio Cezar Suita
 2012 - Paulo Augusto Berquó de Sampaio
7
A Era Nuclear teve seu início marcado por vários eventos, como a descoberta da fissão nucle-
ar, na Alemanha, em 1938, e a primeira reação nuclear em cadeia, no reator da Universidade
de Chicago, a “Pilha de Chicago”, em 1942. Se não há consenso sobre seu marco fundamental,
há concordância sobre quando e onde foi anunciada ao mundo: em 1945, com a explosão das
bombas em Hiroshima e Nagasaki.
O poder que assustou também fascinou, e virou ob-
jeto de pesquisa mundial. Outros usos da energia nu-
clear foram desenvolvidos: em geração de eletricida-
de, medicina, indústria, agricultura. Na corrida pelo
domínio da nova tecnologia, o Brasil nha o papel
de fornecedor de recursos minerais estratégicos: as
areias monazí cas, exploradas desde os anos 40 por
empresas estrangeiras por conterem minerais de in-
teresse comercial (terras-raras) e nuclear (urânio e
tório). Nos anos 50, o país decidiu inves r na forma-
ção de especialistas em engenharia e sica nuclear.
Em 1956, o esforço de cien stas do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), presidido pelo
almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, levou à criação da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN). Neste mesmo ano, o governo americano lançou o programa Átomos para a
Paz, que permi a a exportação de serviços, equipamentos e materiais para aplicações pacífi-
cas da energia nuclear.
O Brasil não deixou passar a oportunidade e,
com apoio do programa, adquiriu dois rea-
tores de pesquisa para unidades da CNEN: o
IEA-R1, instalado em 1958 no Ins tuto de Pes-
quisas Energé cas Nucleares (Ipen), em São
Paulo; e o Triga, instalado em 1960 no Centro
de Desenvolvimento de Técnicas Nucleares
(CDTN), em Belo Horizonte.
O terceiro reator de pesquisa do país, o Argo-
nauta, instalado no Rio de Janeiro, foi constru-
ído pela indústria nacional com apoio de um
grupo de engenheiros, ex-bolsistas do Átomos
para a Paz nos Estados Unidos. Assim começa
a história do Ins tuto de Engenharia Nuclear.
História em cinco décadas: introdução
8
1962-1971
1962 O IEN é criado por convênio entre a Comis-
são Nacional de Energia Nuclear e a Uni-
versidade do Brasil (atual Universidade
Federal do Rio de Janeiro) para abrigar o
reator Argonauta e desenvolver tecnolo-
gia nuclear. Foi a realização da 30ª meta
do governo Juscelino Kubitschek: dotar o
Rio de Janeiro de um reator experimental.
1963  O presidente João Goulart
visita as instalações da CBV
Mecânica, no bairro carioca
de Bonsucesso, onde foram
fabricadas as peças do reator.
Marco da engenharia nuclear no país, o Argonauta foi constru-
ído por engenheiros e técnicos da CNEN e das empresas CBV
Mecânica e Microlab, a par r de um projeto adquirido do Ar-
gonne Na onal Laboratory (EUA). Os elementos combus veis
do reator foram fabricados pelo Ipen, em São Paulo. Foram im-
portados apenas o urânio enriquecido do combus vel, a grafi-
te moderadora de nêutrons e poucos componentes eletrônicos.
9
 A colina da Sapucaia, na Ilha do Fundão, é o local escolhido para a instalação do IEN (ao fundo, o
edi cio da Reitoria da UFRJ). Enquanto os prédios eram construídos, engenheiros, pesquisadores
e técnicos trabalhavam em áreas cedidas na Escola Nacional de Engenharia, no Centro Brasileiro
de Pesquisas Físicas e na CBV.
1965  Em 20 de fevereiro o reator a nge
sua primeira cri calidade (reação
nuclear em cadeia controlada).
10
 No dia 7 de maio o Argonau-
ta é oficialmente inaugurado,
com a presença do presidente
Humberto de Alencar Castello
Branco. Nos meses seguintes
são criados os setores de en-
genharia nuclear, sica nucle-
ar e instrumentação do IEN.
1967 Primeiras pesquisas em físi-
ca de reatores e aplicações
industriais de técnicas nucle-
ares como gamagrafia.
Aquisição de um gerador de nêutrons, u -
lizado principalmente em análise de mate-
riais por a vação com nêutrons rápidos.
11
1967/68
São inaugurados o prédio central (administração,
biblioteca e laboratórios) e o auditório.
12
Tratados de paz nuclear
O Brasil assina, em 1968, o Tratado de Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e Caribe.
No mesmo ano a ONU propõe o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que visa
impedir a proliferação da tecnologia de produção de armas nucleares e promover o desarmamento
nuclear. O governo brasileiro recusou-se a assiná-lo na época, por considerá-lo discriminatório com
as nações não nucleares, e só seria seu signatário 30 anos depois, em 1998.
1969 O IEN é encarregado pela CNEN de estruturar um programa nacional de reatores regeneradores
rápidos, para estudo da tecnologia desse po de reator.
Reatores rápidos
Entre os modelos de reator estudados no mundo desde os anos 50, diferenciados principalmente pe-
los tipos de combustível e de sistemas de refrigeração utilizados, o reator regenerador rápido era um
dos mais promissores. Enquanto os reatores térmicos convencionais consomem apenas combustível
físsil(urânio235),oreatorrápidousatambémmaterialfértil(urânio238)eotransformaemmaterial
físsil (plutônio), que é reutilizado. O aproveitamento energético aumenta em até 70%, uma grande
vantagem quando se acreditava que as jazidas de urânio estariam esgotadas em poucas décadas. No-
vas prospecções, nos anos 70, mostraram que a reserva mundial é muito maior.
1970 Outras técnicas nucleares começam a ser desenvolvidas
com o uso do reator Argonauta: aplicações industriais
com radiotraçadores, análise por a vação com nêutrons
térmicos e neutrongrafia.
Canal de
nêuntrons do
Argonauta
13
Primeira usina
O Brasil inicia em 1972 a construção de sua primeira usina nuclear, Angra 1. O reator, escolhido
por concorrência internacional, é um modelo PWR (refrigerado a água pressurizada) da empresa
americana Westinghouse/GE.
1972-1981
1972 Em junho, o IEN é transferido para a Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear (CBTN),
transformada em 1974 na empresa estatal Nuclebrás. Criada para gerir o desenvolvimento
nacional do ciclo do combus vel nuclear, a Nuclebrás deu origem às Indústrias Nucleares do
Brasil (INB) em 1988.
1972 Montagem do Circuito Térmico a Sódio (CTS-1), para estudo de sistemas de refrigeração a metal
líquido u lizados nos reatores rápidos. O CTS-1 foi construído pela empresa nacional CBV.
1973 Inauguração do Laborató-
rio de Materiais Nucleares
(Laman), onde são insta-
lados os laboratórios de
ensaios e desenvolvimento
de materiais, de análises
químicas e de processos
químicos nucleares.
14
1974 Instalação do acelerador de
par culas de energia variável
Cíclotron CV-28, para pesqui-
sas em sica nuclear e apli-
cações de técnicas nucleares.
Em 1980 são instaladas as
primeiras células de processa-
mento de radioisótopos para
diagnós co médico com o uso
de aceleradores. Com meia-
-vida em geral mais curta que
os radioisótopos produzidos
em reator, eles geram doses
menores de radiação para os
pacientes. Foram desenvolvi-
dos métodos de produção de
iodo-123, gálio-67, tálio-201,
índio-111 e bromo-77.
Radioatividade e Medicina
OusomédicodaradiaçãocomeçouquasejuntocomadescobertadoraioX,porWilhelmRoentgen,
em 1895, da radioatividade natural, por Antoine Becquerel, em 1896, e do elemento rádio, por Marie
e Pierre Curie, em 1898. Um dos primeiros experimentos de Roentgen em sua pesquisa foi radiogra-
far uma das mãos da esposa. A nova técnica teve enorme repercussão e difundiu-se rapidamente. Em
1897 já era utilizada no Brasil para estudo dos ossos e localização de cálculos e corpos estranhos nos
órgãos humanos internos.
Nos anos seguintes foram realizadas as primeiras radioterapias para tratamento de câncer, com feixes
de raios X ou fontes de rádio. No século XX, a Radiologia evoluiu com a criação de novas técnicas.
Nos anos 40 surgiu mais uma especialidade: a medicina nuclear, na qual elementos químicos radioa-
tivos, os radioisótopos, são administrados ao paciente para fins de terapia ou diagnóstico. Na década
seguinteforamdesenvolvidasascâmarascintilográficas,equipamentosquetransformamemimagens
a passagem dos radioisótopos pelo corpo humano.
15
Novas usinas
Em 1976 é assinado o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, para a aquisição de oito reatores nucleares
de potência fabricados pela Siemens. Fazem parte desse contrato as usinas Angra 2, que entrou em
operação em 2000, e Angra 3, com inauguração prevista para 2016.
1975 A CNEN assina contrato com a França para a construção de um reator de pesquisa térmico-rápi-
do. O chamado Projeto Cobra (Coopéracion Brésil Rapide) é interrompido em 1979, depois que
o governo dos Estados Unidos, contrário ao Acordo Brasil-Alemanha, que incluía transferência
de tecnologia, recusa-se a liberar o combus vel, de origem americana.
As usinas Angra 2 (à esquerda) e Angra 1
Uma das mais importantes contribuições da energia nuclear para a humanidade, a medicina nuclear
chegou ao Brasil em meados da década de 50, com a inauguração dos serviços de aplicações médicas
deradioisótoposnaSantaCasadoRiodeJaneiro,em1956,enaUniversidadedeSãoPaulo,em1959,
precursoresdaespecialidadenaAméricaLatina.Aproduçãonacionalderadiofármacosfoiiniciadaem
meados da década de 60, pelo Ipen. Atualmente mais de dois milhões de procedimentos médicos são
realizados por ano, no país, com radioisótopos produzidos ou processados por unidades da CNEN.
16
Tecnologia nuclear nacional
Em 1979 inicia-se o Programa Nuclear Paralelo, liderado pela Marinha do Brasil, com o objetivo
de criar tecnologia nacional para a construção de um submarino com propulsão nuclear. Para isso
era preciso desenvolver tanto o ciclo do combustível quanto o projeto de um reator PWR para
propulsão naval. O programa teve apoio técnico do Ipen/CNEN e foi mantido fora do conheci-
mento público até 1987, quando o então presidente José Sarney anunciou o domínio nacional do
enriquecimento do urânio (uma das etapas mais complexas do ciclo do combustível), pelo Centro
Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), com apoio do Ipen. No ano seguinte, o progra-
ma paralelo seria incorporado às pesquisas oficiais.
1979 O IEN volta a ser uma unidade da CNEN.
Restrições estimulam pesquisa nacional
Nadécadade80,osEstadosUnidosimpõemrestriçõesàexportaçãodequaisquermateriaiseequi-
pamentos relacionados ao ciclo do combustível nuclear. Em reação, a CNEN determina a suas
unidades a nacionalização de vários processos. Ao IEN coube projetar e fabricar equipamentos
eletrônicos de instrumentação nuclear e desenvolver tecnologias de obtenção de materiais usados
no enriquecimento químico do urânio. A medida estimulou a expansão dessas atividades e a cons-
trução de novas instalações.
Aprendizado
Em 1979, o acidente no reator de Three Mile Island (EUA) deixou o mundo em alerta, mas foi tam-
bém uma lição para os engenheiros nucleares. Mostrou a eficiência da cúpula de contenção, que evita
a dispersão da radiação no ambiente (inexistente em Chernobyl, cujo acidente ocorreria alguns anos
depois), e revelou o mecanismo da circulação passiva, quando a água de refrigeração circula natural-
mente, sem interferência humana.
Estemecanismopassivofoiincorporadoemprojetosdereatoresdeterceirageração.Nenhumtrabalha-
dorouvizinhodausinafoimortoouferidonoacidenteque,noentanto,provocouprofundarevisãoem
questõescomoplanosderespostaaemergências,engenhariadefatoreshumanoseproteçãoradiológica.
17
1980  Com o incen vo à nacionalização de equipamentos, a área
de instrumentação desenvolve, nos 30 anos seguintes, mais
de 60 protó pos de instrumentos eletrônicos para reatores,
radioproteção, laboratórios e medicina nuclear. Alguns foram
fabricados no IEN sob demanda, outros veram a tecnologia
transferida para a indústria nacional.
 É criado um setor de materiais e metalurgia, para o estudo e desenvolvimento de materiais
para a área nuclear. Reúne laboratórios divididos em três áreas: Ensaios (mecânicos, metalúr-
gicos, não destru vos e térmicos), Corrosão e Soldagem.
 A doação de um circuito de água
pela Alemanha foi a origem da
criação do Laboratório de Termo-
-Hidráulica Experimental (LTE). O
circuito é u lizado na pesquisa de
técnicas de medição de escoamen-
to, como suporte experimental ao
desenvolvimento de programas de
simulação termo-hidráulica com-
putacional e na formação de alunos
de graduação e pós-graduação.
1981  O IEN assina acordo com a Itália para a instalação de três circuitos experimentais de refrige-
ração a sódio e transferência de tecnologia do sódio para reatores rápidos.
18
1982-1991
Angra 1 em operação
Em1982entraemoperaçãoausinaAngra1,daCentralNuclearAlmiranteÁlvaroAlberto,emAngra
dos Reis, Rio de Janeiro. Trinta anos depois, as usinas Angra 1 e Angra 2 contribuem com cerca de
30% da geração de eletricidade no Rio de Janeiro e 3% da matriz energética brasileira.
1983  É instalado o primeiro laboratório de
proteção radiológica, com a u lização
de técnicas como espectrometria gama,
para análise das águas de refrigeração do
reator Argonauta, e testes de esfregaço,
para análise de contaminação radioa va
de super cies. Também são instalados os
laboratórios de calibração de fontes ra-
dioa vas e de tratamento de rejeitos.
 É criado o Projeto Reator Produtor de Radioisótopos (RPR), para construção de um reator na-
cional dedicado à produção de radioisótopos, atendendo às demandas nas áreas de medicina
e agricultura. O projeto é paralisado em 1988.
Espectrometria
gama (2001).
Teste de esfregaço (2012).
19
1984 Construção do Galpão Tecnológico de Sódio, para abrigar os circuitos adquiridos da Itália,
mas devido a circunstâncias polí cas e econômicas, apenas um circuito auxiliar chegou a ser
montado. Em 1987, é assinado acordo com a Argen na para a fabricação do primeiro reator
a nêutrons rápidos da América La na, que não seguiu adiante. O Programa de Reatores Rá-
pidos foi paralisado em 2000.
Efeito Chernobyl
O acidente na central nuclear de Chernobyl, em 1986, provocou uma retração na indústria nuclear
emtodoomundo.AItália,porexemplo,parceiradoBrasilnoprojetodeTecnologiadoSódio,encer-
rou suas atividades nucleares após um referendo popular ocorrido em 1987. A crise afetou também o
Programa Nuclear Brasileiro em diversos projetos, entre eles o estudo de reatores rápidos.
20
1985  Inauguração do prédio que abriga os laboratórios de instrumentação e controle.
Neste ano é instalada a nova mesa de instrumentação e controle do reator Argonauta, proje-
tada pelo IEN com um sistema que atende às necessidades de um reator de potência. Com a
experiência adquirida, são desenvolvidas também as mesas de instrumentação do reator IPEN/
MB-01, do Centro Tecnológico da Marinha, instalado em 1988; e do reator Triga, do Centro de
Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN), instalado em 1996.
Na década seguinte são
projetados diversos módu-
los de instrumentação para
as usinas da central nuclear
de Angra dos Reis.
1986  Início do fornecimento dos radiofármacos iodo-123 e gálio-67 para exames por imagem em
hospitais do Rio de Janeiro.
 Construção de novos laboratórios de química nuclear, para a nacionalização de tecnologias
de materiais estratégicos. Foram desenvolvidos métodos de produção do solvente TBP (usado
no processamento do urânio), de enriquecimento do boro e de obtenção de berílio metálico
(materiais usados como absorvedores de nêutrons em reatores nucleares). Todos esses pro-
cessos foram paralisados em 1990, por determinação do Governo Federal.
ia Nuclear (CDTN/CNEN), instalado em 1996.
Mesa do Argonauta Mesa do Triga
21
Brasil domina ciclo do urânio
Com a sétima maior reserva mundial conhecida de urânio, o Brasil conquistou em 1987 o domínio
tecnológico de todo o Ciclo do Combustível Nuclear, composto de seis etapas: mineração e concen-
tração (yellow cake)→conversão (gás) →enriquecimento→reconversão (pó) →pastilhas→elementos
combustíveis. Apenas outros dez países no mundo detêm a tecnologia completa do ciclo.
AINB(entãoNuclebrás)inaugurouem1982aprimeirausinadeurâniodopaís,emPoçosdeCaldas
(MG), e a fábrica de elementos combustíveis, em Resende (RJ). Em 1985 foi entregue a primeira
recarga de elementos
combustíveis para a usi-
na Angra 1, montados
com urânio brasileiro
processado no exterior.
No final da década se-
guinte foram inaugura-
das as fábricas de pó e de
pastilhas, em Resende, e
a unidade de yellow cake
em Caitité (BA).
Em 2006 foi implantada
ausinadeenriquecimen-
todaINB,queoperaain-
da em escala-piloto, com
uma cascata de ultracen-
trífugas desenvolvidas e
fornecidaspeloCTMSP.
Goiânia 1987
O acidente radiológico em Goiânia (GO) com uma cápsula de césio-137 (usada para radiotera-
pia), ocorrido em setembro de 1987, acelera ações da CNEN na regulamentação e gerenciamento
de rejeitos de baixa e média radioatividade. Além da construção do depósito definitivo em Abadia
de Goiás, para armazenar os rejeitos do acidente, são ampliadas as instalações intermediárias de
rejeitos no IEN, Ipen e CDTN.
22
1988 Transferência, para a indústria na-
cional, da tecnologia de três equi-
pamentos desenvolvidos no IEN: o
Monitor Portá l de Radiação 7013, a
Placa Analisadora Mul canal e a Ca-
deia de Medidas Nucleares.
1989 O laboratório de manutenção eletrô-
nica é designado pela AIEA centro de
treinamento e referência na América
La na e Caribe. Até 2002, quando o
programa foi encerrado, 34 técnicos
la no-americanos em instrumenta-
ção fizeram treinamento no IEN.
Paz no Cone Sul
1991-BrasileArgentinaassinamacordoecriamaAbacc–AgênciaBrasileiro-ArgentinadeContabi-
lidade e Controle de Materiais Nucleares. O objetivo é garantir, nos dois países e para a comunidade
internacional, o uso de materiais nucleares com fins exclusivamente pacíficos.
1987 O acidente em Goiânia mobiliza por
alguns meses quase todos os servido-
res do IEN: no recolhimento e armaze-
namento do material contaminado e
no acompanhamento das ví mas do
Hospital Naval Marcílio Dias (RJ). Os
rejeitos hospitalares foram recolhidos
e armazenados pelo Ins tuto em seu
depósito intermediário.
23
1992-2001
1992 É transferido para o IEN o Laboratório de
Extração por Solventes, antes instalado
em outra unidade da CNEN, o Ins tuto de
Radioproteção e Dosimetria (IRD). Nesse
laboratório, com cem estágios de separa-
ção em cascata, são desenvolvidas técni-
cas de obtenção de urânio, tório, tântalo,
nióbio, tânio e terras-raras (lantanídeos)
com grau de pureza acima de 99,9%.
1993  O IEN desenvolve uma planta-piloto para separação de terras-raras, instalada na unidade da
INB em Buena, distrito de São Francisco de Itabapoana (RJ) com grandes reservas de monazita.
 Início de nova linha de pesquisa em técnica nuclear aplicada: a tomografia com nêutrons.
Neste ano é desenvolvido um protó po de tomógrafo de primeira geração para uso na in-
dústria. Nos anos 2000 mais dois protó pos são desenvolvidos. O mais recente, de quinta
geração, produz imagens de processos dinâmicos em tempo real.
1994  Início das pesquisas sobre radônio, pelo setor de proteção radiológica. O radônio é um gás ra-
dioa vo emi do por minérios que contêm urânio e tório, presentes em minas, solos, material
de construção. A pesquisa visa medir os efeitos da concentração do gás no ambiente.
Em defesa do ambiente: Rio 92
Oalertadecientistaseambientalistaseraantigo:aaçãodohomemestáesgotandoosrecursosnaturais
doplanetaeprovocandooaquecimentodoclimaglobal.AtéqueaECO-92,a2ªConferênciadasNa-
çõesUnidassobreMeioAmbienteeDesenvolvimento,realizadanoRiodeJaneiroem1992,assinalou
o compromisso de 179 países com a redução das emissões de gases de efeito estufa e com o desen-
volvimento sustentável. A repercussão mundial da ECO-92, também chamada de Rio-92, abriu mais
espaçoparapesquisasrelacionadasàproteçãoambientaleminstituiçõescientíficas,inclusivenoBrasil.
24
 Inauguração do Sistema Kipros para pro-
dução do radioisótopo iodo-123 com alto
grau de pureza, adquirido do Laboratório
de Karlshue, na Alemanha, com apoio da
AIEA. Com o sistema é iniciada a produção
comercial regular e ro neira dos radiofár-
macos iodeto de sódio, para exames de
reoide, e MIGB (metaiodobenzilguanidi-
na), para exames cardiológicos.
1999  Entra em operação o Circuito de
Circulação Natural (CCN) do labo-
ratório de termo-hidráulica, intei-
ramente projetado e construído no
IEN, em escala reduzida de 1:10. O
sistema é u lizado em estudos so-
bre reatores PWR de terceira gera-
ção, cujos circuitos de remoção de
calor são passivos, ou seja, atuam
por gravidade, sem necessidade de
acionamento mecânico.
1998  Início de novas pesquisas
sobre aplicações de radio-
traçadores, produzidos em
reator ou cíclotron. Foram
desenvolvidas diversas apli-
cações, como avaliação de
processos industriais, con-
trole de estações de trata-
mento de rejeitos e medidas
de poluição ambiental.
25
 É montado um conjunto de labora-
tórios químicos na área de tecno-
logia ambiental, para desenvolvi-
mento de métodos de tratamento
de efluentes industriais e de mine-
ração contendo metais pesados.
2001  Instalação de um alvo no cíclo-
tron CV-28 para produção de
flúor-18, radioisótopo emissor
de pósitrons u lizado na síntese
do radiofármaco flúor-desoxigli-
cose (FDG). Com o FDG são re-
alizados os avançados exames
por imagem PET (sigla em in-
glês para tomografia por emis-
são de pósitrons), para diagnós-
cos em oncologia, neurologia,
neuropsiquiatria e cardiologia.
2000  É instalado o Laboratório de Ultras-
som, com apoio da AIEA. Nele são
desenvolvidas técnicas não conven-
cionais de análise de materiais por ul-
trassom, linha de pesquisa na qual o
IEN foi precursor no país, desde 1994.
Os principais projetos são: avaliação
de tensões em estruturas metálicas
(como vasos de pressão, dutos e tu-
bulações) e, a par r de 2006, caracte-
rização de combus vel nuclear.
26
2002-2012
Energia nuclear é opção limpa
No início do século 21 já estava claro que a principal causa do efeito estufa e do aquecimento global é
aqueimadecombustíveisfósseis,comocarvãoepetróleo.Paraatenderàdemandafuturaporenergia,
a saída é o uso de fontes limpas e renováveis: energia eólica ou solar, gás natural, biocombustíveis,
hidrelétricas, usinas nucleares.
As discussões coincidiram com o momento em que a maior parte das usinas em operação no mun-
do, instaladas nos anos 70, estavam próximas do fim de sua vida útil. Por ser uma tecnologia dispo-
nível e segura, economicamente viável e sem impacto ambiental, cientistas e mesmo algumas orga-
nizações ambientais passaram a defender uma nova geração de reatores como opção para conter as
emissões de gases do efeito estufa.
 Criação do Laboratório de Computação Paralela, um sistema computacional (cluster) do
po Beowulf, atualmente com 144 núcleos de processamento e 144 gigabytes de memória.
É u lizado em pesquisas de mecânica dos fluidos computacional, o mização e neutrônica.
Evolução na medicina nuclear
Desenvolvidas na década de 70, duas novas técnicas trouxeram grandes avanços no diagnóstico por
imagem: a tomografia por emissão de fóton único (Spect) e a tomografia por emissão de pósitrons
(PET). Capazes de detectar, em imagens acuradas do metabolismo do corpo humano, anormali-
dades em estágio muito precoce, os dois exames iriam revolucionar o planejamento terapêutico em
áreas como oncologia, neuropsiquiatria e cardiologia.
EnquantoosaparelhosSpect foramrapidamentedisseminados,osequipamentosPET sóteriamuso
comercial nos anos 90, quando a instalação de novos cíclotrons permitiu o fornecimento regional,
uma vez que os emissores de pósitrons têm meia-via extremamente curta. O flúor-18, produzido pela
CNEN desde 1999, é o radioisótopo mais utilizado nesse tipo de exame.
Em 2006, uma emenda constitucional flexibilizou o monopólio da CNEN na produção nacional de
radioisótopos e radiofármacos, autorizando instituições privadas a produzir e comercializar radioisó-
topos de meia-vida curta para uso médico, agrícola e industrial.
27
2002 É criado o Laboratório de Tecnologia de Membranas Poliméricas, com apoio da Petrobras, para
desenvolvimento de tecnologia nacional de produção de membranas de nanofiltração. Princi-
pais linhas de pesquisa: dessulfatação da água do mar usada na exploração do petróleo em
alto-mar e tratamento de rejeitos radioa vos líquidos.
Atualmentehámaisde60usinasemconstruçãonomundo,entreelasAngra3.OProgramaNucle-
arBrasileiro,retomadoem2007,prevêaimplantaçãodemaisusinasaté2030.Pesquisasnaáreade
engenharia de reatores ganham novos incentivos.
28
2003  É instalado o segundo acelerador
de par culas do IEN, um cíclotron
compacto modelo RDS-111 dedica-
do à produção de flúor-18.
29
 Inauguração do Laboratório de Interfaces Homem/Sistema (Labihs), um simulador do sistema
de controle e operações de um reator PWR similar ao de Angra 1. Seu principal obje vo é o
estudo de fatores humanos e o desenvolvimento de interfaces avançadas para salas de con-
trole de centrais nucleares e instalações industriais com alto grau de complexidade, visando
melhorar sua eficiência, confiabilidade e segurança. O sistema do Labihs foi adquirido do
Ins tuto Kaeri, da Coreia do Sul.
 Contrato de transferência, para a empresa nacional MRA, da tecnologia de fabricação de cinco
detectores de radiação: os monitores MRA 7027 (para ambientes), MIR 7028 (para super cies)
e MRH 7029 (para rejeitos hospitalares); e as sondas Geiger-Müller 7027 e cin lométrica 7026.
Laboratório de Interfaces Homem-Sistema.
30
 É implantado o Pro-
grama de Pós-Gra-
duação do IEN, com
mestrado profissio-
nal em Engenharia de
Reatores. Este curso
tornou-se, em 2010,
o mestrado acadêmi-
co em Ciência e Tec-
nologia Nucleares.
2006  Criação do Laboratório de Inteligência Ar ficial Aplicada (LIAA), para reunir e organizar os
estudos realizados no Ins tuto com a aplicação de técnicas de inteligência ar ficial (IA) a
problemas da engenharia nuclear e áreas correlatas. Interdisciplinar, o LIAA par cipa de
diversas linhas de pesquisa do IEN e abrange técnicas como computação evolucionária,
redes neurais e lógica nebulosa.
31
 Criação do Laboratório de
Realidade Virtual (LabRV),
com uma rede de compu-
tadores e uma sala de pro-
jeção para visualização de
imagens em estéreo (3D). O
LabRV desenvolve ambien-
tes virtuais para aplicações
que vão desde o planeja-
mento de evacuação de pré-
dios em situações de emer-
gência até a u lização de
realidade virtual no projeto
de interfaces de operação de
instalações industriais. É u -
lizado também em a vida-
des de divulgação e ensino.
 As pesquisas sobre aplicações nucleares na indústria incluem novas técnicas: neutrongrafia
digital com uso de tela de fósforo e gamagrafia digital com radioisótopos.
2009  O IEN integra o Ins tuto Nacional de Ciência e Tecnologia em Reatores Nucleares Inova-
dores. Os INCTs são redes de pesquisa criadas pelo MCTI para agregar em áreas temá cas
os estudos de pesquisadores de diferentes ins tuições. O INCT de reatores inovadores é
coordenado pela Coppe/UFRJ e tem o IEN na vice-coordenação.
 O IEN par cipa da concepção do projeto do Reator Mul propósito Brasileiro (RMB), um
reator de 20 megawa s planejado para suprir as necessidades do país em radioisótopos
para uso médico, além de servir para testes de combus vel nuclear e materiais estruturais
de reatores de potência e para a realização de pesquisas com feixes de nêutrons em apoio
a várias áreas de conhecimento.
Cinco ins tuições de ciência e tecnologia par cipam do projeto do RMB. O IEN coordena as
áreas de projeto dos sistemas de refrigeração e de instrumentação e controle do reator.
2008  É criado o Laboratório de Usabilidade e Confiabilidade Humana (Labuch), para análise de
fatores humanos na operação de equipamentos e salas de controle de instalações industriais.
32
Nova lição: Fukushima
OacidentenausinanucleardeFukushima,noJapão,em2011,causadoportsunamidegrandeinten-
sidade, trouxe novamente ao debate o uso seguro da geração nucleoelétrica. As análises do acidente
ainda estão em curso, mas certamente, como em Three Mile Island e Chernobyl, conduzirão ao apri-
moramento da segurança da operação e do projeto de novas centrais nucleares.
2011
2012
Maquete: novo laboratório de radiofármacos (à frente)
2010 Os Laboratórios de
Medidas Radiológi-
cas ganham novas
instalações, reunindo
as áreas de pesquisas
e serviços em radio-
metria, espectrome-
tria gama, dosimetria
termoluminescente e
medidas de radônio.
Têm início as obras de am-
pliação e modernização do
setor de produção de radio-
fármacos do IEN. O projeto,
alinhado aos princípios de
boas prá cas de fabricação
(BPF) para produtos farma-
cêu cos, vai propiciar um
aumento significa vo na
capacidade de atendimento
a uma demanda que cresce,
em média, 10% ao ano.
33
A atual gestão do IEN tem como propósito
atender às demandas do Estado brasileiro e
aprofundarasrelaçõescomasociedadenasáreas
de ensino e de transferência de tecnologia.
34
Expediente:
O Ins tuto de Engenharia Nuclear é uma
unidade da Comissão Nacional de Energia
Nuclear, órgão do Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovação.
Presidente da República
Dilma Vana Roussef
Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação
Marco Antônio Raupp
Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear
Ângelo Fernando Padilha
Diretor do Ins tuto de Engenharia Nuclear
Paulo Augusto Berquó de Sampaio
Revista IEN 50 anos
Pesquisa, redação e edição:
Valéria Campelo (Assessoria de Comunicação do IEN)
Projeto gráfico:
MMDemby Comunicação
Fotos:
Acervos IEN, CNEN, Eletronuclear e INB
Principais referências da pesquisa:
Publicações ins tucionais:
O Argonauta (1980-1990)
Informa vo IEN/CNEN (1980-1982)
O Jornal do IEN (2001-2007)
Livro:
A opção nuclear: 50 anos rumo à autonomia.
Ana Maria Ribeiro de Andrade, MAST, 2006
Depoimentos de servidores e ex-servidores do IEN.
Contatos
Rua Hélio de Almeida, 75
Cidade Universitária - Ilha do Fundão
CEP: 21941-906 - Rio de Janeiro, RJ
(21) 2173-3700
www.ien.gov.br
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História do IEN em 50 anos de pesquisa nuclear

  • 1.
  • 2. 2
  • 3. 3 Apresentação: “Pioneirismo, perseverança, confiança” .................4 Diretores do IEN..............................................................................6 História em cinco décadas: introdução...........................................7 1962 a 1971............................................................................... 8 1972 a 1981............................................................................. 13 1982 a 1991............................................................................. 18 1992 a 2001............................................................................. 23 2002 a 2012............................................................................. 26 Expediente.....................................................................................34 Temas Cada cor corresponde a uma das principais áreas de pesquisas e serviços realizados pelo IEN em 50 anos de a vidade. Os textos em cinza destacam fatos importantes do setor nuclear que veram influência na história do Ins tuto. Engenharia Nuclear Reatores Rápidos Instrumentação e Controle Química e Materiais Nucleares Física Nuclear e Radiofármacos Radioproteção e Rejeitos Técnicas Nucleares Energia Nuclear no Brasil e no Mundo Índice
  • 4. 4 Há pouco mais de 60 anos, logo após o término da 2ª Guerra Mundial, o Brasil inicia a tomada de ações concretas para o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia. Naquele momento foram razões de Estado e de Se- gurança Nacional que mo varam tais ações. No entanto, estavam ali colo- cados os alicerces para o crescimento econômico e melhoria social do País. Em 1951 houve a fundação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien fico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) seguiu-se em 1956. A fundação do nosso Ins tuto de Engenharia Nuclear (IEN), em maio de 1962, também é parte do processo histórico da construção das bases de Ciência e Tecnologia no Brasil. Esta edição comemora va dos 50 anos do IEN apresenta a linha do tem- po dos principais trabalhos desenvolvidos no Ins tuto, desde a construção do Reator Argonauta, nosso marco inicial, até nossa atual par cipação no projeto do Reator Mul propósito Brasileiro (RMB), des nado a produzir ra- diofármacos, desenvolver a tecnologia dos materiais usados na energia nu- clear e prover feixes de nêutrons para estudos em Ciências Básicas. Pensar o futuro, como requer o desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, é sempre um desafio maior em um País onde ainda há tantas urgências a resolver. A área de energia nuclear, tendo em vista razões de natureza ge- opolí ca e os obstáculos daí decorrentes, apresenta dificuldades adicionais para o desenvolvimento de tecnologia própria. Também, ao longo de nossa existência, o desenvolvimento do setor nuclear, fundamentalmente financia- do pelo Estado, sofreu com as crises econômicas pelas quais passou o Brasil. Pioneirismo, perseverança, confiança
  • 5. 5 Assim, o leitor atento perceberá que, além dos casos de sucesso, houve pro- jetos que não veram con nuidade. Faz parte da nossa história. E nossa história contém exemplos que são tão visionários quanto, ainda nos anos 70, ao sul do Equador, buscar o desenvolvimento da tecnologia de reatores nucleares regeneradores rápidos. Esta ousadia nos empolga! Por isso esta edição comemora va dos 50 anos do IEN é também um tribu- to àqueles que construíram este Ins tuto. Mais que os êxitos ob dos, seu maior legado é a perseverança. A capacidade de colocar trabalho, estudo e empenho no desenvolvimento da energia nuclear a serviço do Brasil, a des- peito de toda sorte de dificuldades. E a energia nuclear tem muito a oferecer. A escassez energé ca vivida em 2002 apontou para a revisão da matriz energé ca nacional, onde a geração de energia elétrica de origem nuclear surge como opção economicamente viável e de baixo impacto ambiental. Na área da saúde, técnicas e exames de medicina nuclear, além dos óbvios bene cios diretos para os pacientes, resultam também em economia de gastos públicos em razão da possibilida- de de diagnós cos precoces e de tratamentos menos dispendiosos. O IEN é hoje uma ins tuição detentora e produtora de conhecimento. Aten- de a demandas diretas do Estado, bem como forma recursos humanos e promove a transferência de tecnologia e a inovação para a Sociedade. Inspirado pelos nossos pioneiros e confiante na juventude, aquela de nossos alunos e a dos nossos outros jovens de todas as idades, o Ins tuto de Enge- nharia Nuclear segue em frente em sua missão de traduzir conhecimento em qualidade de vida para os brasileiros. Paulo Augusto Berquó de Sampaio Diretor do IEN
  • 6. 6 Diretores do IEN desde sua criação:  1962 a 1965 - Jonas Correia Santos  1965 a 1969 - Mário Donato Amoroso Anastácio  1970 a 1973 - Roberto Gomes de Oliveira  1973 a 1977 - Luiz Osório de Brito Aghina  1977 a 1978 - Leonel Eduardo de Montandon Braga  1978 a 1982 - Silvério Carlos Belo Lisboa  03/82 a 10/82 - Sérgio Gorreta Mundim  1982 a 1990 - Alcyr Maurício  1990 a 1991 - Luiz Alberto Ilha Arrieta  1991 a 1992 - Hilton Andrade de Mello  1992 a 1993 - Zelinda Carneiro Gonçalves  1993 a 1999 - Luiz Alberto Ilha Arrieta  1999 a 2003 - Sérgio Chaves Cabral  2003 a 2011 - Julio Cezar Suita  2012 - Paulo Augusto Berquó de Sampaio
  • 7. 7 A Era Nuclear teve seu início marcado por vários eventos, como a descoberta da fissão nucle- ar, na Alemanha, em 1938, e a primeira reação nuclear em cadeia, no reator da Universidade de Chicago, a “Pilha de Chicago”, em 1942. Se não há consenso sobre seu marco fundamental, há concordância sobre quando e onde foi anunciada ao mundo: em 1945, com a explosão das bombas em Hiroshima e Nagasaki. O poder que assustou também fascinou, e virou ob- jeto de pesquisa mundial. Outros usos da energia nu- clear foram desenvolvidos: em geração de eletricida- de, medicina, indústria, agricultura. Na corrida pelo domínio da nova tecnologia, o Brasil nha o papel de fornecedor de recursos minerais estratégicos: as areias monazí cas, exploradas desde os anos 40 por empresas estrangeiras por conterem minerais de in- teresse comercial (terras-raras) e nuclear (urânio e tório). Nos anos 50, o país decidiu inves r na forma- ção de especialistas em engenharia e sica nuclear. Em 1956, o esforço de cien stas do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), presidido pelo almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, levou à criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Neste mesmo ano, o governo americano lançou o programa Átomos para a Paz, que permi a a exportação de serviços, equipamentos e materiais para aplicações pacífi- cas da energia nuclear. O Brasil não deixou passar a oportunidade e, com apoio do programa, adquiriu dois rea- tores de pesquisa para unidades da CNEN: o IEA-R1, instalado em 1958 no Ins tuto de Pes- quisas Energé cas Nucleares (Ipen), em São Paulo; e o Triga, instalado em 1960 no Centro de Desenvolvimento de Técnicas Nucleares (CDTN), em Belo Horizonte. O terceiro reator de pesquisa do país, o Argo- nauta, instalado no Rio de Janeiro, foi constru- ído pela indústria nacional com apoio de um grupo de engenheiros, ex-bolsistas do Átomos para a Paz nos Estados Unidos. Assim começa a história do Ins tuto de Engenharia Nuclear. História em cinco décadas: introdução
  • 8. 8 1962-1971 1962 O IEN é criado por convênio entre a Comis- são Nacional de Energia Nuclear e a Uni- versidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) para abrigar o reator Argonauta e desenvolver tecnolo- gia nuclear. Foi a realização da 30ª meta do governo Juscelino Kubitschek: dotar o Rio de Janeiro de um reator experimental. 1963  O presidente João Goulart visita as instalações da CBV Mecânica, no bairro carioca de Bonsucesso, onde foram fabricadas as peças do reator. Marco da engenharia nuclear no país, o Argonauta foi constru- ído por engenheiros e técnicos da CNEN e das empresas CBV Mecânica e Microlab, a par r de um projeto adquirido do Ar- gonne Na onal Laboratory (EUA). Os elementos combus veis do reator foram fabricados pelo Ipen, em São Paulo. Foram im- portados apenas o urânio enriquecido do combus vel, a grafi- te moderadora de nêutrons e poucos componentes eletrônicos.
  • 9. 9  A colina da Sapucaia, na Ilha do Fundão, é o local escolhido para a instalação do IEN (ao fundo, o edi cio da Reitoria da UFRJ). Enquanto os prédios eram construídos, engenheiros, pesquisadores e técnicos trabalhavam em áreas cedidas na Escola Nacional de Engenharia, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e na CBV. 1965  Em 20 de fevereiro o reator a nge sua primeira cri calidade (reação nuclear em cadeia controlada).
  • 10. 10  No dia 7 de maio o Argonau- ta é oficialmente inaugurado, com a presença do presidente Humberto de Alencar Castello Branco. Nos meses seguintes são criados os setores de en- genharia nuclear, sica nucle- ar e instrumentação do IEN. 1967 Primeiras pesquisas em físi- ca de reatores e aplicações industriais de técnicas nucle- ares como gamagrafia. Aquisição de um gerador de nêutrons, u - lizado principalmente em análise de mate- riais por a vação com nêutrons rápidos.
  • 11. 11 1967/68 São inaugurados o prédio central (administração, biblioteca e laboratórios) e o auditório.
  • 12. 12 Tratados de paz nuclear O Brasil assina, em 1968, o Tratado de Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e Caribe. No mesmo ano a ONU propõe o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que visa impedir a proliferação da tecnologia de produção de armas nucleares e promover o desarmamento nuclear. O governo brasileiro recusou-se a assiná-lo na época, por considerá-lo discriminatório com as nações não nucleares, e só seria seu signatário 30 anos depois, em 1998. 1969 O IEN é encarregado pela CNEN de estruturar um programa nacional de reatores regeneradores rápidos, para estudo da tecnologia desse po de reator. Reatores rápidos Entre os modelos de reator estudados no mundo desde os anos 50, diferenciados principalmente pe- los tipos de combustível e de sistemas de refrigeração utilizados, o reator regenerador rápido era um dos mais promissores. Enquanto os reatores térmicos convencionais consomem apenas combustível físsil(urânio235),oreatorrápidousatambémmaterialfértil(urânio238)eotransformaemmaterial físsil (plutônio), que é reutilizado. O aproveitamento energético aumenta em até 70%, uma grande vantagem quando se acreditava que as jazidas de urânio estariam esgotadas em poucas décadas. No- vas prospecções, nos anos 70, mostraram que a reserva mundial é muito maior. 1970 Outras técnicas nucleares começam a ser desenvolvidas com o uso do reator Argonauta: aplicações industriais com radiotraçadores, análise por a vação com nêutrons térmicos e neutrongrafia. Canal de nêuntrons do Argonauta
  • 13. 13 Primeira usina O Brasil inicia em 1972 a construção de sua primeira usina nuclear, Angra 1. O reator, escolhido por concorrência internacional, é um modelo PWR (refrigerado a água pressurizada) da empresa americana Westinghouse/GE. 1972-1981 1972 Em junho, o IEN é transferido para a Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear (CBTN), transformada em 1974 na empresa estatal Nuclebrás. Criada para gerir o desenvolvimento nacional do ciclo do combus vel nuclear, a Nuclebrás deu origem às Indústrias Nucleares do Brasil (INB) em 1988. 1972 Montagem do Circuito Térmico a Sódio (CTS-1), para estudo de sistemas de refrigeração a metal líquido u lizados nos reatores rápidos. O CTS-1 foi construído pela empresa nacional CBV. 1973 Inauguração do Laborató- rio de Materiais Nucleares (Laman), onde são insta- lados os laboratórios de ensaios e desenvolvimento de materiais, de análises químicas e de processos químicos nucleares.
  • 14. 14 1974 Instalação do acelerador de par culas de energia variável Cíclotron CV-28, para pesqui- sas em sica nuclear e apli- cações de técnicas nucleares. Em 1980 são instaladas as primeiras células de processa- mento de radioisótopos para diagnós co médico com o uso de aceleradores. Com meia- -vida em geral mais curta que os radioisótopos produzidos em reator, eles geram doses menores de radiação para os pacientes. Foram desenvolvi- dos métodos de produção de iodo-123, gálio-67, tálio-201, índio-111 e bromo-77. Radioatividade e Medicina OusomédicodaradiaçãocomeçouquasejuntocomadescobertadoraioX,porWilhelmRoentgen, em 1895, da radioatividade natural, por Antoine Becquerel, em 1896, e do elemento rádio, por Marie e Pierre Curie, em 1898. Um dos primeiros experimentos de Roentgen em sua pesquisa foi radiogra- far uma das mãos da esposa. A nova técnica teve enorme repercussão e difundiu-se rapidamente. Em 1897 já era utilizada no Brasil para estudo dos ossos e localização de cálculos e corpos estranhos nos órgãos humanos internos. Nos anos seguintes foram realizadas as primeiras radioterapias para tratamento de câncer, com feixes de raios X ou fontes de rádio. No século XX, a Radiologia evoluiu com a criação de novas técnicas. Nos anos 40 surgiu mais uma especialidade: a medicina nuclear, na qual elementos químicos radioa- tivos, os radioisótopos, são administrados ao paciente para fins de terapia ou diagnóstico. Na década seguinteforamdesenvolvidasascâmarascintilográficas,equipamentosquetransformamemimagens a passagem dos radioisótopos pelo corpo humano.
  • 15. 15 Novas usinas Em 1976 é assinado o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, para a aquisição de oito reatores nucleares de potência fabricados pela Siemens. Fazem parte desse contrato as usinas Angra 2, que entrou em operação em 2000, e Angra 3, com inauguração prevista para 2016. 1975 A CNEN assina contrato com a França para a construção de um reator de pesquisa térmico-rápi- do. O chamado Projeto Cobra (Coopéracion Brésil Rapide) é interrompido em 1979, depois que o governo dos Estados Unidos, contrário ao Acordo Brasil-Alemanha, que incluía transferência de tecnologia, recusa-se a liberar o combus vel, de origem americana. As usinas Angra 2 (à esquerda) e Angra 1 Uma das mais importantes contribuições da energia nuclear para a humanidade, a medicina nuclear chegou ao Brasil em meados da década de 50, com a inauguração dos serviços de aplicações médicas deradioisótoposnaSantaCasadoRiodeJaneiro,em1956,enaUniversidadedeSãoPaulo,em1959, precursoresdaespecialidadenaAméricaLatina.Aproduçãonacionalderadiofármacosfoiiniciadaem meados da década de 60, pelo Ipen. Atualmente mais de dois milhões de procedimentos médicos são realizados por ano, no país, com radioisótopos produzidos ou processados por unidades da CNEN.
  • 16. 16 Tecnologia nuclear nacional Em 1979 inicia-se o Programa Nuclear Paralelo, liderado pela Marinha do Brasil, com o objetivo de criar tecnologia nacional para a construção de um submarino com propulsão nuclear. Para isso era preciso desenvolver tanto o ciclo do combustível quanto o projeto de um reator PWR para propulsão naval. O programa teve apoio técnico do Ipen/CNEN e foi mantido fora do conheci- mento público até 1987, quando o então presidente José Sarney anunciou o domínio nacional do enriquecimento do urânio (uma das etapas mais complexas do ciclo do combustível), pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), com apoio do Ipen. No ano seguinte, o progra- ma paralelo seria incorporado às pesquisas oficiais. 1979 O IEN volta a ser uma unidade da CNEN. Restrições estimulam pesquisa nacional Nadécadade80,osEstadosUnidosimpõemrestriçõesàexportaçãodequaisquermateriaiseequi- pamentos relacionados ao ciclo do combustível nuclear. Em reação, a CNEN determina a suas unidades a nacionalização de vários processos. Ao IEN coube projetar e fabricar equipamentos eletrônicos de instrumentação nuclear e desenvolver tecnologias de obtenção de materiais usados no enriquecimento químico do urânio. A medida estimulou a expansão dessas atividades e a cons- trução de novas instalações. Aprendizado Em 1979, o acidente no reator de Three Mile Island (EUA) deixou o mundo em alerta, mas foi tam- bém uma lição para os engenheiros nucleares. Mostrou a eficiência da cúpula de contenção, que evita a dispersão da radiação no ambiente (inexistente em Chernobyl, cujo acidente ocorreria alguns anos depois), e revelou o mecanismo da circulação passiva, quando a água de refrigeração circula natural- mente, sem interferência humana. Estemecanismopassivofoiincorporadoemprojetosdereatoresdeterceirageração.Nenhumtrabalha- dorouvizinhodausinafoimortoouferidonoacidenteque,noentanto,provocouprofundarevisãoem questõescomoplanosderespostaaemergências,engenhariadefatoreshumanoseproteçãoradiológica.
  • 17. 17 1980  Com o incen vo à nacionalização de equipamentos, a área de instrumentação desenvolve, nos 30 anos seguintes, mais de 60 protó pos de instrumentos eletrônicos para reatores, radioproteção, laboratórios e medicina nuclear. Alguns foram fabricados no IEN sob demanda, outros veram a tecnologia transferida para a indústria nacional.  É criado um setor de materiais e metalurgia, para o estudo e desenvolvimento de materiais para a área nuclear. Reúne laboratórios divididos em três áreas: Ensaios (mecânicos, metalúr- gicos, não destru vos e térmicos), Corrosão e Soldagem.  A doação de um circuito de água pela Alemanha foi a origem da criação do Laboratório de Termo- -Hidráulica Experimental (LTE). O circuito é u lizado na pesquisa de técnicas de medição de escoamen- to, como suporte experimental ao desenvolvimento de programas de simulação termo-hidráulica com- putacional e na formação de alunos de graduação e pós-graduação. 1981  O IEN assina acordo com a Itália para a instalação de três circuitos experimentais de refrige- ração a sódio e transferência de tecnologia do sódio para reatores rápidos.
  • 18. 18 1982-1991 Angra 1 em operação Em1982entraemoperaçãoausinaAngra1,daCentralNuclearAlmiranteÁlvaroAlberto,emAngra dos Reis, Rio de Janeiro. Trinta anos depois, as usinas Angra 1 e Angra 2 contribuem com cerca de 30% da geração de eletricidade no Rio de Janeiro e 3% da matriz energética brasileira. 1983  É instalado o primeiro laboratório de proteção radiológica, com a u lização de técnicas como espectrometria gama, para análise das águas de refrigeração do reator Argonauta, e testes de esfregaço, para análise de contaminação radioa va de super cies. Também são instalados os laboratórios de calibração de fontes ra- dioa vas e de tratamento de rejeitos.  É criado o Projeto Reator Produtor de Radioisótopos (RPR), para construção de um reator na- cional dedicado à produção de radioisótopos, atendendo às demandas nas áreas de medicina e agricultura. O projeto é paralisado em 1988. Espectrometria gama (2001). Teste de esfregaço (2012).
  • 19. 19 1984 Construção do Galpão Tecnológico de Sódio, para abrigar os circuitos adquiridos da Itália, mas devido a circunstâncias polí cas e econômicas, apenas um circuito auxiliar chegou a ser montado. Em 1987, é assinado acordo com a Argen na para a fabricação do primeiro reator a nêutrons rápidos da América La na, que não seguiu adiante. O Programa de Reatores Rá- pidos foi paralisado em 2000. Efeito Chernobyl O acidente na central nuclear de Chernobyl, em 1986, provocou uma retração na indústria nuclear emtodoomundo.AItália,porexemplo,parceiradoBrasilnoprojetodeTecnologiadoSódio,encer- rou suas atividades nucleares após um referendo popular ocorrido em 1987. A crise afetou também o Programa Nuclear Brasileiro em diversos projetos, entre eles o estudo de reatores rápidos.
  • 20. 20 1985  Inauguração do prédio que abriga os laboratórios de instrumentação e controle. Neste ano é instalada a nova mesa de instrumentação e controle do reator Argonauta, proje- tada pelo IEN com um sistema que atende às necessidades de um reator de potência. Com a experiência adquirida, são desenvolvidas também as mesas de instrumentação do reator IPEN/ MB-01, do Centro Tecnológico da Marinha, instalado em 1988; e do reator Triga, do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN), instalado em 1996. Na década seguinte são projetados diversos módu- los de instrumentação para as usinas da central nuclear de Angra dos Reis. 1986  Início do fornecimento dos radiofármacos iodo-123 e gálio-67 para exames por imagem em hospitais do Rio de Janeiro.  Construção de novos laboratórios de química nuclear, para a nacionalização de tecnologias de materiais estratégicos. Foram desenvolvidos métodos de produção do solvente TBP (usado no processamento do urânio), de enriquecimento do boro e de obtenção de berílio metálico (materiais usados como absorvedores de nêutrons em reatores nucleares). Todos esses pro- cessos foram paralisados em 1990, por determinação do Governo Federal. ia Nuclear (CDTN/CNEN), instalado em 1996. Mesa do Argonauta Mesa do Triga
  • 21. 21 Brasil domina ciclo do urânio Com a sétima maior reserva mundial conhecida de urânio, o Brasil conquistou em 1987 o domínio tecnológico de todo o Ciclo do Combustível Nuclear, composto de seis etapas: mineração e concen- tração (yellow cake)→conversão (gás) →enriquecimento→reconversão (pó) →pastilhas→elementos combustíveis. Apenas outros dez países no mundo detêm a tecnologia completa do ciclo. AINB(entãoNuclebrás)inaugurouem1982aprimeirausinadeurâniodopaís,emPoçosdeCaldas (MG), e a fábrica de elementos combustíveis, em Resende (RJ). Em 1985 foi entregue a primeira recarga de elementos combustíveis para a usi- na Angra 1, montados com urânio brasileiro processado no exterior. No final da década se- guinte foram inaugura- das as fábricas de pó e de pastilhas, em Resende, e a unidade de yellow cake em Caitité (BA). Em 2006 foi implantada ausinadeenriquecimen- todaINB,queoperaain- da em escala-piloto, com uma cascata de ultracen- trífugas desenvolvidas e fornecidaspeloCTMSP. Goiânia 1987 O acidente radiológico em Goiânia (GO) com uma cápsula de césio-137 (usada para radiotera- pia), ocorrido em setembro de 1987, acelera ações da CNEN na regulamentação e gerenciamento de rejeitos de baixa e média radioatividade. Além da construção do depósito definitivo em Abadia de Goiás, para armazenar os rejeitos do acidente, são ampliadas as instalações intermediárias de rejeitos no IEN, Ipen e CDTN.
  • 22. 22 1988 Transferência, para a indústria na- cional, da tecnologia de três equi- pamentos desenvolvidos no IEN: o Monitor Portá l de Radiação 7013, a Placa Analisadora Mul canal e a Ca- deia de Medidas Nucleares. 1989 O laboratório de manutenção eletrô- nica é designado pela AIEA centro de treinamento e referência na América La na e Caribe. Até 2002, quando o programa foi encerrado, 34 técnicos la no-americanos em instrumenta- ção fizeram treinamento no IEN. Paz no Cone Sul 1991-BrasileArgentinaassinamacordoecriamaAbacc–AgênciaBrasileiro-ArgentinadeContabi- lidade e Controle de Materiais Nucleares. O objetivo é garantir, nos dois países e para a comunidade internacional, o uso de materiais nucleares com fins exclusivamente pacíficos. 1987 O acidente em Goiânia mobiliza por alguns meses quase todos os servido- res do IEN: no recolhimento e armaze- namento do material contaminado e no acompanhamento das ví mas do Hospital Naval Marcílio Dias (RJ). Os rejeitos hospitalares foram recolhidos e armazenados pelo Ins tuto em seu depósito intermediário.
  • 23. 23 1992-2001 1992 É transferido para o IEN o Laboratório de Extração por Solventes, antes instalado em outra unidade da CNEN, o Ins tuto de Radioproteção e Dosimetria (IRD). Nesse laboratório, com cem estágios de separa- ção em cascata, são desenvolvidas técni- cas de obtenção de urânio, tório, tântalo, nióbio, tânio e terras-raras (lantanídeos) com grau de pureza acima de 99,9%. 1993  O IEN desenvolve uma planta-piloto para separação de terras-raras, instalada na unidade da INB em Buena, distrito de São Francisco de Itabapoana (RJ) com grandes reservas de monazita.  Início de nova linha de pesquisa em técnica nuclear aplicada: a tomografia com nêutrons. Neste ano é desenvolvido um protó po de tomógrafo de primeira geração para uso na in- dústria. Nos anos 2000 mais dois protó pos são desenvolvidos. O mais recente, de quinta geração, produz imagens de processos dinâmicos em tempo real. 1994  Início das pesquisas sobre radônio, pelo setor de proteção radiológica. O radônio é um gás ra- dioa vo emi do por minérios que contêm urânio e tório, presentes em minas, solos, material de construção. A pesquisa visa medir os efeitos da concentração do gás no ambiente. Em defesa do ambiente: Rio 92 Oalertadecientistaseambientalistaseraantigo:aaçãodohomemestáesgotandoosrecursosnaturais doplanetaeprovocandooaquecimentodoclimaglobal.AtéqueaECO-92,a2ªConferênciadasNa- çõesUnidassobreMeioAmbienteeDesenvolvimento,realizadanoRiodeJaneiroem1992,assinalou o compromisso de 179 países com a redução das emissões de gases de efeito estufa e com o desen- volvimento sustentável. A repercussão mundial da ECO-92, também chamada de Rio-92, abriu mais espaçoparapesquisasrelacionadasàproteçãoambientaleminstituiçõescientíficas,inclusivenoBrasil.
  • 24. 24  Inauguração do Sistema Kipros para pro- dução do radioisótopo iodo-123 com alto grau de pureza, adquirido do Laboratório de Karlshue, na Alemanha, com apoio da AIEA. Com o sistema é iniciada a produção comercial regular e ro neira dos radiofár- macos iodeto de sódio, para exames de reoide, e MIGB (metaiodobenzilguanidi- na), para exames cardiológicos. 1999  Entra em operação o Circuito de Circulação Natural (CCN) do labo- ratório de termo-hidráulica, intei- ramente projetado e construído no IEN, em escala reduzida de 1:10. O sistema é u lizado em estudos so- bre reatores PWR de terceira gera- ção, cujos circuitos de remoção de calor são passivos, ou seja, atuam por gravidade, sem necessidade de acionamento mecânico. 1998  Início de novas pesquisas sobre aplicações de radio- traçadores, produzidos em reator ou cíclotron. Foram desenvolvidas diversas apli- cações, como avaliação de processos industriais, con- trole de estações de trata- mento de rejeitos e medidas de poluição ambiental.
  • 25. 25  É montado um conjunto de labora- tórios químicos na área de tecno- logia ambiental, para desenvolvi- mento de métodos de tratamento de efluentes industriais e de mine- ração contendo metais pesados. 2001  Instalação de um alvo no cíclo- tron CV-28 para produção de flúor-18, radioisótopo emissor de pósitrons u lizado na síntese do radiofármaco flúor-desoxigli- cose (FDG). Com o FDG são re- alizados os avançados exames por imagem PET (sigla em in- glês para tomografia por emis- são de pósitrons), para diagnós- cos em oncologia, neurologia, neuropsiquiatria e cardiologia. 2000  É instalado o Laboratório de Ultras- som, com apoio da AIEA. Nele são desenvolvidas técnicas não conven- cionais de análise de materiais por ul- trassom, linha de pesquisa na qual o IEN foi precursor no país, desde 1994. Os principais projetos são: avaliação de tensões em estruturas metálicas (como vasos de pressão, dutos e tu- bulações) e, a par r de 2006, caracte- rização de combus vel nuclear.
  • 26. 26 2002-2012 Energia nuclear é opção limpa No início do século 21 já estava claro que a principal causa do efeito estufa e do aquecimento global é aqueimadecombustíveisfósseis,comocarvãoepetróleo.Paraatenderàdemandafuturaporenergia, a saída é o uso de fontes limpas e renováveis: energia eólica ou solar, gás natural, biocombustíveis, hidrelétricas, usinas nucleares. As discussões coincidiram com o momento em que a maior parte das usinas em operação no mun- do, instaladas nos anos 70, estavam próximas do fim de sua vida útil. Por ser uma tecnologia dispo- nível e segura, economicamente viável e sem impacto ambiental, cientistas e mesmo algumas orga- nizações ambientais passaram a defender uma nova geração de reatores como opção para conter as emissões de gases do efeito estufa.  Criação do Laboratório de Computação Paralela, um sistema computacional (cluster) do po Beowulf, atualmente com 144 núcleos de processamento e 144 gigabytes de memória. É u lizado em pesquisas de mecânica dos fluidos computacional, o mização e neutrônica. Evolução na medicina nuclear Desenvolvidas na década de 70, duas novas técnicas trouxeram grandes avanços no diagnóstico por imagem: a tomografia por emissão de fóton único (Spect) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET). Capazes de detectar, em imagens acuradas do metabolismo do corpo humano, anormali- dades em estágio muito precoce, os dois exames iriam revolucionar o planejamento terapêutico em áreas como oncologia, neuropsiquiatria e cardiologia. EnquantoosaparelhosSpect foramrapidamentedisseminados,osequipamentosPET sóteriamuso comercial nos anos 90, quando a instalação de novos cíclotrons permitiu o fornecimento regional, uma vez que os emissores de pósitrons têm meia-via extremamente curta. O flúor-18, produzido pela CNEN desde 1999, é o radioisótopo mais utilizado nesse tipo de exame. Em 2006, uma emenda constitucional flexibilizou o monopólio da CNEN na produção nacional de radioisótopos e radiofármacos, autorizando instituições privadas a produzir e comercializar radioisó- topos de meia-vida curta para uso médico, agrícola e industrial.
  • 27. 27 2002 É criado o Laboratório de Tecnologia de Membranas Poliméricas, com apoio da Petrobras, para desenvolvimento de tecnologia nacional de produção de membranas de nanofiltração. Princi- pais linhas de pesquisa: dessulfatação da água do mar usada na exploração do petróleo em alto-mar e tratamento de rejeitos radioa vos líquidos. Atualmentehámaisde60usinasemconstruçãonomundo,entreelasAngra3.OProgramaNucle- arBrasileiro,retomadoem2007,prevêaimplantaçãodemaisusinasaté2030.Pesquisasnaáreade engenharia de reatores ganham novos incentivos.
  • 28. 28 2003  É instalado o segundo acelerador de par culas do IEN, um cíclotron compacto modelo RDS-111 dedica- do à produção de flúor-18.
  • 29. 29  Inauguração do Laboratório de Interfaces Homem/Sistema (Labihs), um simulador do sistema de controle e operações de um reator PWR similar ao de Angra 1. Seu principal obje vo é o estudo de fatores humanos e o desenvolvimento de interfaces avançadas para salas de con- trole de centrais nucleares e instalações industriais com alto grau de complexidade, visando melhorar sua eficiência, confiabilidade e segurança. O sistema do Labihs foi adquirido do Ins tuto Kaeri, da Coreia do Sul.  Contrato de transferência, para a empresa nacional MRA, da tecnologia de fabricação de cinco detectores de radiação: os monitores MRA 7027 (para ambientes), MIR 7028 (para super cies) e MRH 7029 (para rejeitos hospitalares); e as sondas Geiger-Müller 7027 e cin lométrica 7026. Laboratório de Interfaces Homem-Sistema.
  • 30. 30  É implantado o Pro- grama de Pós-Gra- duação do IEN, com mestrado profissio- nal em Engenharia de Reatores. Este curso tornou-se, em 2010, o mestrado acadêmi- co em Ciência e Tec- nologia Nucleares. 2006  Criação do Laboratório de Inteligência Ar ficial Aplicada (LIAA), para reunir e organizar os estudos realizados no Ins tuto com a aplicação de técnicas de inteligência ar ficial (IA) a problemas da engenharia nuclear e áreas correlatas. Interdisciplinar, o LIAA par cipa de diversas linhas de pesquisa do IEN e abrange técnicas como computação evolucionária, redes neurais e lógica nebulosa.
  • 31. 31  Criação do Laboratório de Realidade Virtual (LabRV), com uma rede de compu- tadores e uma sala de pro- jeção para visualização de imagens em estéreo (3D). O LabRV desenvolve ambien- tes virtuais para aplicações que vão desde o planeja- mento de evacuação de pré- dios em situações de emer- gência até a u lização de realidade virtual no projeto de interfaces de operação de instalações industriais. É u - lizado também em a vida- des de divulgação e ensino.  As pesquisas sobre aplicações nucleares na indústria incluem novas técnicas: neutrongrafia digital com uso de tela de fósforo e gamagrafia digital com radioisótopos. 2009  O IEN integra o Ins tuto Nacional de Ciência e Tecnologia em Reatores Nucleares Inova- dores. Os INCTs são redes de pesquisa criadas pelo MCTI para agregar em áreas temá cas os estudos de pesquisadores de diferentes ins tuições. O INCT de reatores inovadores é coordenado pela Coppe/UFRJ e tem o IEN na vice-coordenação.  O IEN par cipa da concepção do projeto do Reator Mul propósito Brasileiro (RMB), um reator de 20 megawa s planejado para suprir as necessidades do país em radioisótopos para uso médico, além de servir para testes de combus vel nuclear e materiais estruturais de reatores de potência e para a realização de pesquisas com feixes de nêutrons em apoio a várias áreas de conhecimento. Cinco ins tuições de ciência e tecnologia par cipam do projeto do RMB. O IEN coordena as áreas de projeto dos sistemas de refrigeração e de instrumentação e controle do reator. 2008  É criado o Laboratório de Usabilidade e Confiabilidade Humana (Labuch), para análise de fatores humanos na operação de equipamentos e salas de controle de instalações industriais.
  • 32. 32 Nova lição: Fukushima OacidentenausinanucleardeFukushima,noJapão,em2011,causadoportsunamidegrandeinten- sidade, trouxe novamente ao debate o uso seguro da geração nucleoelétrica. As análises do acidente ainda estão em curso, mas certamente, como em Three Mile Island e Chernobyl, conduzirão ao apri- moramento da segurança da operação e do projeto de novas centrais nucleares. 2011 2012 Maquete: novo laboratório de radiofármacos (à frente) 2010 Os Laboratórios de Medidas Radiológi- cas ganham novas instalações, reunindo as áreas de pesquisas e serviços em radio- metria, espectrome- tria gama, dosimetria termoluminescente e medidas de radônio. Têm início as obras de am- pliação e modernização do setor de produção de radio- fármacos do IEN. O projeto, alinhado aos princípios de boas prá cas de fabricação (BPF) para produtos farma- cêu cos, vai propiciar um aumento significa vo na capacidade de atendimento a uma demanda que cresce, em média, 10% ao ano.
  • 33. 33 A atual gestão do IEN tem como propósito atender às demandas do Estado brasileiro e aprofundarasrelaçõescomasociedadenasáreas de ensino e de transferência de tecnologia.
  • 34. 34 Expediente: O Ins tuto de Engenharia Nuclear é uma unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear, órgão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Presidente da República Dilma Vana Roussef Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação Marco Antônio Raupp Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear Ângelo Fernando Padilha Diretor do Ins tuto de Engenharia Nuclear Paulo Augusto Berquó de Sampaio Revista IEN 50 anos Pesquisa, redação e edição: Valéria Campelo (Assessoria de Comunicação do IEN) Projeto gráfico: MMDemby Comunicação Fotos: Acervos IEN, CNEN, Eletronuclear e INB Principais referências da pesquisa: Publicações ins tucionais: O Argonauta (1980-1990) Informa vo IEN/CNEN (1980-1982) O Jornal do IEN (2001-2007) Livro: A opção nuclear: 50 anos rumo à autonomia. Ana Maria Ribeiro de Andrade, MAST, 2006 Depoimentos de servidores e ex-servidores do IEN. Contatos Rua Hélio de Almeida, 75 Cidade Universitária - Ilha do Fundão CEP: 21941-906 - Rio de Janeiro, RJ (21) 2173-3700 www.ien.gov.br
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