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MORFOLOGIA E BIOLOGIA DAS ABELHAS MELÍFERAS
2.1 Morfologia da abelha
A abelha adulta apresenta três regiões que formam seu corpo: cabeça, tórax e
abdômen.
Na cabeça encontram-se o aparelho bucal, os olhos, os ocelos, as antenas, os
gânglios nervosos.
No tórax são encontrados os apêndices locomotores, as patas e as asas. É
formado por três segmentos: protórax, mesotórax e metatórax.
O abdômen é a terceira e última parte do corpo da abelha, sendo formado por
sete segmentos.
2.1.1 Cabeça
Aparelho bucal
Na cabeça localiza-se o aparelho bucal onde a peça principal é a língua. Esta
varia de comprimento conforme a raça. Abelhas com língua mais longa
conseguem retirar o néctar das flores com nectários mais profundos, o que
resulta em maior coleta de néctar.
Glândulas hipofaringeanas
Estão localizadas na cabeça e têm por finalidade transformar o alimento
comum em geléia real. Atingem seu desenvolvimento normal no quinto dia de
vida adulta, podendo exercer suas funções até o décimo segundo dia.
Glândulas salivares
Têm a função de auxiliar a transformação do néctar em mel.
Glândulas mandibulares
Têm a função de dissolver a cera e também produzir geléia real para a rainha.
Faringe
O alimento passa pela faringe para chega à vesícula melífera.
2.1.2 Abdômen
Glândulas cerígenas
As glândulas de cera são formadas por massas de células gordurosas e
cenócitos. A cera é expelida pelas glândulas e solidifica-se em contato com o
ar.
Vesícula melífera
É o órgão responsável pela transformação do néctar em mel. O alimento que
passa para o ventrículo é o que será usado para alimentação da abelha. O
néctar que não é aproveitado pela abelha é depositado nos alvéolos na forma
de mel.
Ventrículo
É o estômago da abelha, que recebe o alimento da vesícula e é onde
processa-se a digestão.
Tubos de Malpighi
São filamentos longos ligados ao ventrículo. São órgãos secretores.
Sistema digestivo
Tem por finalidade o processo de nutrição das abelhas, transporte do alimento
e elaboração do mel.
Na abelha, o canal alimentar inicia-se pela faringe, localizada na cabeça,
esôfago no tórax, papo, proventrículo, intestino delgado e ampola retal no
abdômen.
As abelhas preparam, nas glândulas hipofaringeanas a geléia real necessária
para as larvas com menos de três dias e para a rainha.
Larvas com mais de três dias recebem alimento mais pobre em proteínas,
sendo produzido pela abelhas nutrizes.
2.2 Produtos elaborados pelas abelhas
2.2.1 Mel
Além do agradável sabor e do valor nutritivo do mel em estado natural, são
infinitas as suas aplicações na culinária, nas confeitarias, fábricas de balas,
licores e farmácias.
2.2.1.1 Elaboração do mel
As abelhas coletoras recolhem o néctar e voltam à colméia, transferindo-o para
o papo de outra abelha laboratorista, que repete a manobra com outra
companheira mais nova.
A elaboração do mel resulta de duas modificações sofridas pelo néctar: uma
física pela desidratação e outra química pela inversão do açúcar composto de
açúcar simples.
A desidratação do néctar, cujo teor de água varia de 30 a 80% ocorre de duas
maneiras: absorção pela própria abelha e evaporação.
Quando o néctar passa de papo em papo, vai tornando-se cada vez mais
denso porque o organismo da abelha já absorve grande parte da água. O mel é
então regurgitado nos alvéolos.
A modificação química ocorre da seguinte forma: a abelha recebe e engole o
néctar e o sistema enzimático do aparelho digestivo composto de invertase e
que transforma a sacarose em frutose e glicose, e a amilase que transforma o
amido em maltose. A seguir o mel é regurgitado nos alvéolos para amadurecer.
2.2.1.2 Maturação do mel
Mel verde é o mel que apresenta água em excesso e que ainda não recebeu
suficiente inversão dos açúcares por ação das enzimas.
Mel maduro é o mel pronto, denso, assimilado e desidratado. Quando os favos
estiverem lacrados com cera o mel está pronto.
2.2.1.3 Composição do mel
Água 17,7%; glicose 34%; levulose 40,5%; sacarose 1,9%; cinzas 0,18%. O
restante é constituído de ácidos, grãos de pólen e partículas de cera, proteína,
pigmentos, compostos aromáticos, álcoois, enzimas e goma.
Os méis escuros são mais ricos em minerais, ferro, cobre e manganês do que
os claros.
Possuem variáveis porções de algumas vitaminas como B1, B2, C, B6, ácido
pantotênico e ácido nicotínico.
2.2.1.4 Sabor, aroma e coloração
O gosto do mel varia desde o doce até o amargo. O sabor, o aroma e a
coloração dependem da florada em que foi colhido. O mel doce de flor de
macieira tem perfume, cor e gosto característico da planta.
A cor resume-se em duas: mel claro ou escuro.
2.2.1.5 Cristalização do mel
A cristalização do mel consiste na separação da glicose que é menos solúvel
que a frutose e a consequente formação de hidratos de glicose. Normalmente
no mel o teor de frutose é maior que o de glicose. Por esta razão a maioria dos
méis é mais resistente à cristalização.
A temperatura também influencia na cristalização do mel. A temperatura mais
favorável à cristalização está entre 23 e 25 o
C.
2.2.1.6 Classificação do mel
Ver polígrafo
2.2.2 Cera
Existem plantas que segregam matérias cerosas de grande valor comercial e
que são muito aproveitadas pela indústria. O mesmo ocorre no reino mineral.
A cera de origem animal é produto das abelhas. A cera tem sua origem no
próprio mel. Aplica-se na apicultura na forma de alvéolos artificiais, em velas,
cremes, etc.
As abelhas cerieiras são aquelas que tem entre 12 e 18 dias. Produzem cera
para fazer os favos que servem para abrigar as larvas e também para colocar o
mel. Estas abelhas engolem e digerem o mel e o transformam em gordura, e
em 24 horas já estão fornecendo cera que é composta de ácidos graxos. Para
que se realize a função orgânica é preciso que as cerieiras tenham enchido o
papo de mel e pólen e que tenham número suficiente de abelhas para ter o
calor necessário (33 a 35 o
C).
A secreção é feita por quatro pares de glândulas cerígenas localizadas no
abdômen. A cera é segregada em forma de líquido e se solidifica em contato
com o ar. A abelha então pega com as patas e leva à boca para fazer o
amassamento. Durante a mastigação a cera é amassada e misturada com a
saliva especial e transformada em um material plasticidade adequada para
construção dos favos.
São necessários de 6 a 7 kg de mel para obter-se 1 kg de cera.
Os favos de mel são fechados com cera. Os favos de crias são abertos onde
se pode vê-las. Os favos de pólen ficam abertos onde pode-se observar pólen
de várias cores.
2.2.3 Geléia real
É a dieta das larvas jovens até o terceiro dia e o alimento da rainha durante
todo o ciclo de vida. É uma substância alimentar secretada pelas abelhas
jovens de 4 a 14 dias de idade – as abelhas nutrizes.
A matéria-prima é pólen, água e mel, que quando ingerido pela abelhas sofre
transformação nas glândulas hipofaringeanas.
A geléia real é um complexo alimentar composto de vitamina B, riboflavina,
ácido pantotêncio, piridoxina, tiamina, ´[acido nicotímico, biotina, ácido fólico e
outras.
Aplicações da geléia real para as abelhas:
- Alimentação das larvas de abelhas operárias até seu terceiro dia;
- Alimentação da rainha durante toda a vida;
- Alimentação das larvas de zangões durante toda a vida larvária;
Aplicações da geléia real para o homem:
- Estimulante do apetite e vitalização dos órgãos;
- Tratamento da pele para fins de beleza;
- Aumento da resistência contra resfriados.
A conservação da geléia real deve ocorrer em frasco escuro, em geladeira, ou
misturada com o mel, que é excelente conservador.
Outro método é a sua liofilização.
2.2.4 Própolis
É o produto coletado pelas abelhas e corresponde a uma resina segregada por
certos vegetais (Ex: pinheiro), sendo levada para dentro da colméia pelas
abelhas campeiras, transportada nas patas posteriores. Tem consistência
pegajosa e é coletada pelas abelhas com certa dificuldade.
Finalidades:
- Fechar frestas para evitar a entrada de vento;
- Soldar peças e componentes da colméia;
- Envernizar partes da colméia;
- Lacrar abelhas mortas que não podem ser removidas da colméia.
O própolis tem importantes aplicações como remédio curativo, para cicatrizar
feridas, como analgésico e tratamento de doenças da pele.
Composição química do própolis:
- 50% de resina com bálsamo;
- 30 a 40% de cera;
- 5 a 10% de pólen, além de gordura, ácidos orgânicos e cinzas.
Foram encontrados também ferro, cobre, manganês e zinco, vitaminas do
complexo B, vitamina E, vitamina C e flavonóides.
As abelhas africanas coletam mais própolis do que as italianas.
2.3 Povoamento de apiários
Dois fatores importantes e fundamentais estão ligados: a reprodução das
abelhas (conservação da espécie) e sua expansão (propagação pela natureza).
Toda a colméia é social, unida e coesa. Um fato porém pode causar mudanças
na colméia que resultam na formação de enxames: a rainha produz em suas
glândulas mandibulares, uma substância que as operárias sugam com avidez e
distribuem de boca em boca para toda a população. Esta substância
representa um elo de ligação (união) que conserva magnetizados todos os
indivíduos da colméia. Quando a rainha envelhece, diminui a produção desta
substância, cuja falta imprime uma distonia no ambiente. Inicia então uma
operação de salvamento, semelhante ao que ocorre quando começa a faltar
espaço na colméia. As abelhas aumentam então exageradamente a produção
de geléia real, e providenciam a construção de uma ou mais células reais, onde
a rainha não tardará a depositar alguns ovos. Nasce então uma nova rainha.
Uma parte da população abandona a colméia com a velha rainha, formando um
enxame.
Causas e sinais de enxameação natural
- Falta de ventilação;
- Envelhecimento da rainha;
- Excesso de zangões;
- Falta de alimentos.
Vantagens e desvantagens da enxameação:
Sob o ponto de vista biológico a maior vantagem é a perpetuação da espécie e
propagação pelo mundo, cumprindo sua finalidade de produção de mel, cera,
geléia real, polinização de plantas e mesmo a venda de enxames por criadores.
Controle e contenção dos enxames:
- Substituir as rainhas velhas por novas (2 anos);
- Colocar um segundo ninho sobre o primeiro;
- Abrir uma segunda entrada no segundo ninho;
- Reduzir o número de zangões;
- Ventilar bem a colméia;
- Italianizar o apiário.
2.4 Instalações e equipamentos em apicultura
Os trabalhadores devem conhecer os instrumentos de sua profissão e saber
maneja-los com precisão.
2.4.1 Fumigadores
O fumigador é o aparelho mais importante no trato direto com as abelhas. É
indispensável na manipulação das colméias. Esses aparelhos servem para
ampliar a intensidade da fumaça e mantê-la em jato contínuo, para assim
dominar mais facilmente a agressividade maciça e quase ininterrupta da abelha
africana.
Fumigador manual – compõe-se de duas partes principais: o fole e uma
fornalha provida de grelha.
Fumigador automático – dotado do chamado “bico de pato” por onde a fumaça
sai constantemente e se espraia em sentido horizontal por sobre os caixilhos.
Finalidade da fumaça – serve para iludir as abelhas, provocando impressão de
incêndio, bstando uma fumaça, lenta, fria, limpa e constante. Três ou quatro
baforadas bastam para que as abelhas protejam-se engulindo todo o mel
possível para uma suposta fuga, permitindo ao apicultor trabalhar com
segurança.
2.4.2 Espanadores
É feito de crina animal ou sintética, destinando-se a varrer as abelhas sem feri-
las, quando estiverem aglomeradas aos favos.
Outro método é o uso de um pequeno compressor, instalado à distância,
usando uma extensa mangueira, direciona-se o ar expulsando as abelhas.
2.4.3 Apanhadores de zangões
Armadilha destinada a dar caça aos zangões, para eliminá-los quando em
excesso.
2.4.4 Alimentadores
Há dois processos para alimentar as abelhas: individual, quando se dá alimento
a cada colméia e coletivo, quando se dá alimento a todas as colméias ao
mesmo tempo. No segundo caso o alimento é colocado a uma distância de 50
a 100 metros do apiário, servindo a toda colônia.
2.4.5 Protetores de realeiras
Proteção para separar a rainha da colméia.
2.4.6 Gaiolas de transporte
Usadas para o transporte das abelhas, que podem durar até 10 dias.
Apresentam dois compartimentos: um para a alimentação e outro para a rainha
e suas operárias.
2.4.7 Formão do apicultor
Usado para desgrudar as peças da colméia e para raspar as resinas e própolis.
2.4.8 Facas desoperculadoras
Usadas para desopercular os favos quando maduros.
2.4.9 Centrífugas
Destinadas a fazer a extração do mel sem prejuízo dos favos que depois
podem voltar à colméia.
Apresentam a vantagem de permitir um trabalho rápido, escoamento do mel,
um mel higiênico, límpido e aproveitamento dos favos.
2.4.10 Prensas extratoras de mel e cera
O resultado é líquido e bagaço que depois deverá passar por processos de
purificação.
Existem prensas aquecidas a vapor.
2.4.11 Pasteurizador de mel
Quem produz mel em grande quantidade não deve armazená-lo sem garantir a
sua qualidade. O equipamento consta de uma caldeira para 50 litros, com
medidor de tempo e válvula de segurança.
2.4.12 Outros equipamentos
Mesa desoperculadora, torneiras para mel, coadores de mel, purificadores de
cera, transportador de colméia e tanques decantadores.
2.5 Apiários
Assim como os homens deixaram de viver isolados, as abelhas também
passaram a viver em apiários. Alguns rústicos e primitivos, feios e deficientes.
2.5.1 Apiários fixos
Na sua grande maioria são instalados em local definitivo com suas colméias
reunidas em abrigos coletivos ou individuais, protegidos por cercas vivas ou
aramados. São reservas apícolas auto suficientes com reserva de néctar de
hortos florestais e árvores frutíferas, com rodízio perfeito de florada mensal,
resguardados por quebra ventos naturais.
2.5.2 Apiários migratórios
São ótimos pois desempenham duas funções: coleta de mel e polinização das
flores. São transportados em cada florada, devendo-se cuidar a forma e a
distância de transporte das abelhas.
2.5.3 Localização dos apiários
Ao fixar-se um apiário comercial estável, deve-se observar cinco pontos
fundamentais: as fontes de néctar, a presença de água, corrente de ventos,
facilidade de transporte e segurança dos transeuntes.
O néctar é fundamental, devendo haver muitas flores e pomares ao redor.
A água deve ser limpa e corrente.
O apiário deve ser colocado em local baixo ou em meia encosta, assim as
abelhas sobem leves e descem carregadas. O local deve ser abrigado do
vento, devendo-se atentar para a segurança de pessoas e animais.
2.5.4 Instalação dos apiários
Época apropriada – de setembro a janeiro porque as árvores estão floridas e as
rainhas a plena postura.
Cotejo de distâncias – o apiário deve estar a 500 metros da casa e ter água de
100 a 500 metros. A distância entre os demais apiários deve ser de 1 a 2 km.
Posição e capacidade do local – locais descampados resguardados por cercas
vivas ou quebraventos como também clareiras abertas em matas são os
lugares ideais.
Número de colméias – varia de 20 a 60 caixas.
Disposição das colméias – devem ser protegidas contra o vento e malfeitores,
agrupadas em linhas.
Padronização dos apiários – deverá se padronizado, adotando um só sistema,
um só tipo de colméia e seus pertences.
Nenhum apiário deve ser instalado sem o devido registro que lhe garanta
assistência, orientação e auxílio.

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  • 1. MORFOLOGIA E BIOLOGIA DAS ABELHAS MELÍFERAS 2.1 Morfologia da abelha A abelha adulta apresenta três regiões que formam seu corpo: cabeça, tórax e abdômen. Na cabeça encontram-se o aparelho bucal, os olhos, os ocelos, as antenas, os gânglios nervosos. No tórax são encontrados os apêndices locomotores, as patas e as asas. É formado por três segmentos: protórax, mesotórax e metatórax. O abdômen é a terceira e última parte do corpo da abelha, sendo formado por sete segmentos. 2.1.1 Cabeça Aparelho bucal Na cabeça localiza-se o aparelho bucal onde a peça principal é a língua. Esta varia de comprimento conforme a raça. Abelhas com língua mais longa conseguem retirar o néctar das flores com nectários mais profundos, o que resulta em maior coleta de néctar. Glândulas hipofaringeanas Estão localizadas na cabeça e têm por finalidade transformar o alimento comum em geléia real. Atingem seu desenvolvimento normal no quinto dia de vida adulta, podendo exercer suas funções até o décimo segundo dia. Glândulas salivares Têm a função de auxiliar a transformação do néctar em mel. Glândulas mandibulares Têm a função de dissolver a cera e também produzir geléia real para a rainha. Faringe
  • 2. O alimento passa pela faringe para chega à vesícula melífera. 2.1.2 Abdômen Glândulas cerígenas As glândulas de cera são formadas por massas de células gordurosas e cenócitos. A cera é expelida pelas glândulas e solidifica-se em contato com o ar. Vesícula melífera É o órgão responsável pela transformação do néctar em mel. O alimento que passa para o ventrículo é o que será usado para alimentação da abelha. O néctar que não é aproveitado pela abelha é depositado nos alvéolos na forma de mel. Ventrículo É o estômago da abelha, que recebe o alimento da vesícula e é onde processa-se a digestão. Tubos de Malpighi São filamentos longos ligados ao ventrículo. São órgãos secretores. Sistema digestivo Tem por finalidade o processo de nutrição das abelhas, transporte do alimento e elaboração do mel. Na abelha, o canal alimentar inicia-se pela faringe, localizada na cabeça, esôfago no tórax, papo, proventrículo, intestino delgado e ampola retal no abdômen. As abelhas preparam, nas glândulas hipofaringeanas a geléia real necessária para as larvas com menos de três dias e para a rainha. Larvas com mais de três dias recebem alimento mais pobre em proteínas, sendo produzido pela abelhas nutrizes.
  • 3. 2.2 Produtos elaborados pelas abelhas 2.2.1 Mel Além do agradável sabor e do valor nutritivo do mel em estado natural, são infinitas as suas aplicações na culinária, nas confeitarias, fábricas de balas, licores e farmácias. 2.2.1.1 Elaboração do mel As abelhas coletoras recolhem o néctar e voltam à colméia, transferindo-o para o papo de outra abelha laboratorista, que repete a manobra com outra companheira mais nova. A elaboração do mel resulta de duas modificações sofridas pelo néctar: uma física pela desidratação e outra química pela inversão do açúcar composto de açúcar simples. A desidratação do néctar, cujo teor de água varia de 30 a 80% ocorre de duas maneiras: absorção pela própria abelha e evaporação. Quando o néctar passa de papo em papo, vai tornando-se cada vez mais denso porque o organismo da abelha já absorve grande parte da água. O mel é então regurgitado nos alvéolos. A modificação química ocorre da seguinte forma: a abelha recebe e engole o néctar e o sistema enzimático do aparelho digestivo composto de invertase e que transforma a sacarose em frutose e glicose, e a amilase que transforma o amido em maltose. A seguir o mel é regurgitado nos alvéolos para amadurecer. 2.2.1.2 Maturação do mel Mel verde é o mel que apresenta água em excesso e que ainda não recebeu suficiente inversão dos açúcares por ação das enzimas. Mel maduro é o mel pronto, denso, assimilado e desidratado. Quando os favos estiverem lacrados com cera o mel está pronto. 2.2.1.3 Composição do mel
  • 4. Água 17,7%; glicose 34%; levulose 40,5%; sacarose 1,9%; cinzas 0,18%. O restante é constituído de ácidos, grãos de pólen e partículas de cera, proteína, pigmentos, compostos aromáticos, álcoois, enzimas e goma. Os méis escuros são mais ricos em minerais, ferro, cobre e manganês do que os claros. Possuem variáveis porções de algumas vitaminas como B1, B2, C, B6, ácido pantotênico e ácido nicotínico. 2.2.1.4 Sabor, aroma e coloração O gosto do mel varia desde o doce até o amargo. O sabor, o aroma e a coloração dependem da florada em que foi colhido. O mel doce de flor de macieira tem perfume, cor e gosto característico da planta. A cor resume-se em duas: mel claro ou escuro. 2.2.1.5 Cristalização do mel A cristalização do mel consiste na separação da glicose que é menos solúvel que a frutose e a consequente formação de hidratos de glicose. Normalmente no mel o teor de frutose é maior que o de glicose. Por esta razão a maioria dos méis é mais resistente à cristalização. A temperatura também influencia na cristalização do mel. A temperatura mais favorável à cristalização está entre 23 e 25 o C. 2.2.1.6 Classificação do mel Ver polígrafo 2.2.2 Cera Existem plantas que segregam matérias cerosas de grande valor comercial e que são muito aproveitadas pela indústria. O mesmo ocorre no reino mineral. A cera de origem animal é produto das abelhas. A cera tem sua origem no próprio mel. Aplica-se na apicultura na forma de alvéolos artificiais, em velas, cremes, etc. As abelhas cerieiras são aquelas que tem entre 12 e 18 dias. Produzem cera para fazer os favos que servem para abrigar as larvas e também para colocar o mel. Estas abelhas engolem e digerem o mel e o transformam em gordura, e
  • 5. em 24 horas já estão fornecendo cera que é composta de ácidos graxos. Para que se realize a função orgânica é preciso que as cerieiras tenham enchido o papo de mel e pólen e que tenham número suficiente de abelhas para ter o calor necessário (33 a 35 o C). A secreção é feita por quatro pares de glândulas cerígenas localizadas no abdômen. A cera é segregada em forma de líquido e se solidifica em contato com o ar. A abelha então pega com as patas e leva à boca para fazer o amassamento. Durante a mastigação a cera é amassada e misturada com a saliva especial e transformada em um material plasticidade adequada para construção dos favos. São necessários de 6 a 7 kg de mel para obter-se 1 kg de cera. Os favos de mel são fechados com cera. Os favos de crias são abertos onde se pode vê-las. Os favos de pólen ficam abertos onde pode-se observar pólen de várias cores. 2.2.3 Geléia real É a dieta das larvas jovens até o terceiro dia e o alimento da rainha durante todo o ciclo de vida. É uma substância alimentar secretada pelas abelhas jovens de 4 a 14 dias de idade – as abelhas nutrizes. A matéria-prima é pólen, água e mel, que quando ingerido pela abelhas sofre transformação nas glândulas hipofaringeanas. A geléia real é um complexo alimentar composto de vitamina B, riboflavina, ácido pantotêncio, piridoxina, tiamina, ´[acido nicotímico, biotina, ácido fólico e outras. Aplicações da geléia real para as abelhas: - Alimentação das larvas de abelhas operárias até seu terceiro dia; - Alimentação da rainha durante toda a vida; - Alimentação das larvas de zangões durante toda a vida larvária; Aplicações da geléia real para o homem: - Estimulante do apetite e vitalização dos órgãos; - Tratamento da pele para fins de beleza; - Aumento da resistência contra resfriados.
  • 6. A conservação da geléia real deve ocorrer em frasco escuro, em geladeira, ou misturada com o mel, que é excelente conservador. Outro método é a sua liofilização. 2.2.4 Própolis É o produto coletado pelas abelhas e corresponde a uma resina segregada por certos vegetais (Ex: pinheiro), sendo levada para dentro da colméia pelas abelhas campeiras, transportada nas patas posteriores. Tem consistência pegajosa e é coletada pelas abelhas com certa dificuldade. Finalidades: - Fechar frestas para evitar a entrada de vento; - Soldar peças e componentes da colméia; - Envernizar partes da colméia; - Lacrar abelhas mortas que não podem ser removidas da colméia. O própolis tem importantes aplicações como remédio curativo, para cicatrizar feridas, como analgésico e tratamento de doenças da pele. Composição química do própolis: - 50% de resina com bálsamo; - 30 a 40% de cera; - 5 a 10% de pólen, além de gordura, ácidos orgânicos e cinzas. Foram encontrados também ferro, cobre, manganês e zinco, vitaminas do complexo B, vitamina E, vitamina C e flavonóides. As abelhas africanas coletam mais própolis do que as italianas. 2.3 Povoamento de apiários Dois fatores importantes e fundamentais estão ligados: a reprodução das abelhas (conservação da espécie) e sua expansão (propagação pela natureza).
  • 7. Toda a colméia é social, unida e coesa. Um fato porém pode causar mudanças na colméia que resultam na formação de enxames: a rainha produz em suas glândulas mandibulares, uma substância que as operárias sugam com avidez e distribuem de boca em boca para toda a população. Esta substância representa um elo de ligação (união) que conserva magnetizados todos os indivíduos da colméia. Quando a rainha envelhece, diminui a produção desta substância, cuja falta imprime uma distonia no ambiente. Inicia então uma operação de salvamento, semelhante ao que ocorre quando começa a faltar espaço na colméia. As abelhas aumentam então exageradamente a produção de geléia real, e providenciam a construção de uma ou mais células reais, onde a rainha não tardará a depositar alguns ovos. Nasce então uma nova rainha. Uma parte da população abandona a colméia com a velha rainha, formando um enxame. Causas e sinais de enxameação natural - Falta de ventilação; - Envelhecimento da rainha; - Excesso de zangões; - Falta de alimentos. Vantagens e desvantagens da enxameação: Sob o ponto de vista biológico a maior vantagem é a perpetuação da espécie e propagação pelo mundo, cumprindo sua finalidade de produção de mel, cera, geléia real, polinização de plantas e mesmo a venda de enxames por criadores. Controle e contenção dos enxames: - Substituir as rainhas velhas por novas (2 anos); - Colocar um segundo ninho sobre o primeiro; - Abrir uma segunda entrada no segundo ninho; - Reduzir o número de zangões; - Ventilar bem a colméia; - Italianizar o apiário. 2.4 Instalações e equipamentos em apicultura
  • 8. Os trabalhadores devem conhecer os instrumentos de sua profissão e saber maneja-los com precisão. 2.4.1 Fumigadores O fumigador é o aparelho mais importante no trato direto com as abelhas. É indispensável na manipulação das colméias. Esses aparelhos servem para ampliar a intensidade da fumaça e mantê-la em jato contínuo, para assim dominar mais facilmente a agressividade maciça e quase ininterrupta da abelha africana. Fumigador manual – compõe-se de duas partes principais: o fole e uma fornalha provida de grelha. Fumigador automático – dotado do chamado “bico de pato” por onde a fumaça sai constantemente e se espraia em sentido horizontal por sobre os caixilhos. Finalidade da fumaça – serve para iludir as abelhas, provocando impressão de incêndio, bstando uma fumaça, lenta, fria, limpa e constante. Três ou quatro baforadas bastam para que as abelhas protejam-se engulindo todo o mel possível para uma suposta fuga, permitindo ao apicultor trabalhar com segurança. 2.4.2 Espanadores É feito de crina animal ou sintética, destinando-se a varrer as abelhas sem feri- las, quando estiverem aglomeradas aos favos. Outro método é o uso de um pequeno compressor, instalado à distância, usando uma extensa mangueira, direciona-se o ar expulsando as abelhas. 2.4.3 Apanhadores de zangões Armadilha destinada a dar caça aos zangões, para eliminá-los quando em excesso. 2.4.4 Alimentadores Há dois processos para alimentar as abelhas: individual, quando se dá alimento a cada colméia e coletivo, quando se dá alimento a todas as colméias ao
  • 9. mesmo tempo. No segundo caso o alimento é colocado a uma distância de 50 a 100 metros do apiário, servindo a toda colônia. 2.4.5 Protetores de realeiras Proteção para separar a rainha da colméia. 2.4.6 Gaiolas de transporte Usadas para o transporte das abelhas, que podem durar até 10 dias. Apresentam dois compartimentos: um para a alimentação e outro para a rainha e suas operárias. 2.4.7 Formão do apicultor Usado para desgrudar as peças da colméia e para raspar as resinas e própolis. 2.4.8 Facas desoperculadoras Usadas para desopercular os favos quando maduros. 2.4.9 Centrífugas Destinadas a fazer a extração do mel sem prejuízo dos favos que depois podem voltar à colméia. Apresentam a vantagem de permitir um trabalho rápido, escoamento do mel, um mel higiênico, límpido e aproveitamento dos favos. 2.4.10 Prensas extratoras de mel e cera O resultado é líquido e bagaço que depois deverá passar por processos de purificação. Existem prensas aquecidas a vapor. 2.4.11 Pasteurizador de mel Quem produz mel em grande quantidade não deve armazená-lo sem garantir a sua qualidade. O equipamento consta de uma caldeira para 50 litros, com medidor de tempo e válvula de segurança. 2.4.12 Outros equipamentos
  • 10. Mesa desoperculadora, torneiras para mel, coadores de mel, purificadores de cera, transportador de colméia e tanques decantadores. 2.5 Apiários Assim como os homens deixaram de viver isolados, as abelhas também passaram a viver em apiários. Alguns rústicos e primitivos, feios e deficientes. 2.5.1 Apiários fixos Na sua grande maioria são instalados em local definitivo com suas colméias reunidas em abrigos coletivos ou individuais, protegidos por cercas vivas ou aramados. São reservas apícolas auto suficientes com reserva de néctar de hortos florestais e árvores frutíferas, com rodízio perfeito de florada mensal, resguardados por quebra ventos naturais. 2.5.2 Apiários migratórios São ótimos pois desempenham duas funções: coleta de mel e polinização das flores. São transportados em cada florada, devendo-se cuidar a forma e a distância de transporte das abelhas. 2.5.3 Localização dos apiários Ao fixar-se um apiário comercial estável, deve-se observar cinco pontos fundamentais: as fontes de néctar, a presença de água, corrente de ventos, facilidade de transporte e segurança dos transeuntes. O néctar é fundamental, devendo haver muitas flores e pomares ao redor. A água deve ser limpa e corrente. O apiário deve ser colocado em local baixo ou em meia encosta, assim as abelhas sobem leves e descem carregadas. O local deve ser abrigado do vento, devendo-se atentar para a segurança de pessoas e animais. 2.5.4 Instalação dos apiários Época apropriada – de setembro a janeiro porque as árvores estão floridas e as rainhas a plena postura.
  • 11. Cotejo de distâncias – o apiário deve estar a 500 metros da casa e ter água de 100 a 500 metros. A distância entre os demais apiários deve ser de 1 a 2 km. Posição e capacidade do local – locais descampados resguardados por cercas vivas ou quebraventos como também clareiras abertas em matas são os lugares ideais. Número de colméias – varia de 20 a 60 caixas. Disposição das colméias – devem ser protegidas contra o vento e malfeitores, agrupadas em linhas. Padronização dos apiários – deverá se padronizado, adotando um só sistema, um só tipo de colméia e seus pertences. Nenhum apiário deve ser instalado sem o devido registro que lhe garanta assistência, orientação e auxílio.