Feudalismo: organização social e econômica da Idade Média

Feudalismo
Prof.º Tiago R. Silva
Componente Curricular: História

IDADE MÉDIA
FEUDALISMO - Prof.º Tiago R. Silva 2
• ALTA IDADE MÉDIA (V – X) – Surgimento dos
reinos bárbaros e formação do feudalismo;
• BAIXA IDADE MÉDIA (XI – XV) – crise do
feudalismo e intensificação das relações
comerciais.

ALTA IDADE
MÉDIA
Formação do Feudalismo
Elementos Romanos:
• Colonato: sistema de trabalho servil que se
desenvolveu com a crise do Império Romano, quando
escravos e plebeus empobrecidos passaram a
trabalhar como colonos em terras de um grande
senhor (patrício). O proprietário oferecia terra e
proteção ao colono, recebendo deste um rendimento
do seu trabalho.
• Enfraquecimento do poder centralizado: no final do
período imperial, a administração romana não tinha
condições de impor sua autoridade a todas as
regiões. Este enfraquecimento do poder central
conduziu a ampliação do poder local dos grandes
proprietários de terra.

ALTA IDADE
MÉDIA
Formação do Feudalismo
Elementos Germânicos:
• Comitatus: instituição que estabelecia laços de
fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros;
• Economia agropastoril: a base da economia
germânica era a agricultura e a criação de animais,
sem a preocupação de produzir excedentes para a
comercialização (agricultura de subsistência);
• Beneficium: instituição pela qual os chefes militares
concediam a seus guerreiros, como recompensa, a
posse de terras. Essas terras foram chamadas mais
tardes de feudos. Em troca, o beneficiado oferecia
fidelidade, seu trabalho e ajuda militar ao senhor.

ALTA IDADE MÉDIA
Definição de Feudalismo:
“É um sistema de organização
econômica, social e política, no qual
uma camada de guerreiros
especializados – os senhores -,
subordinados uns aos outros por uma
hierarquia de vínculos de dependência,
domina uma massa campesina que
trabalha na terra e lhes fornece com o
que viver” (LE GOFF, 1983).

ALTA IDADE MÉDIA
Feudalismo:
• A terra tinha importância fundamental na sociedade
feudal, ela era símbolo de poder e riqueza;
• A propriedade da terra era conhecida por feudo;
• Feudo: Direito concedido pelo rei de ocupar
terras cedidas por ele;
• O senhor feudal tinha o poder de comandar todas as
pessoas que moravam no feudo;
• A base da economia dessa sociedade era a
agricultura. Os camponeses cultivavam as terras do
senhor feudal e viviam na condição de servos.
Iluminura do século XV mostrando os camponeses
cuidando da terra e o castelo ao fundo.

ALTA IDADE MÉDIA
Feudo:
• O feudo era concedido por meio de um
juramento de fidelidade.
suserano concede o
feudo
vassalo jura
fidelidade

ALTA IDADE MÉDIA
Feudo:
• Aquele que doava um feudo era chamado suserano ou senhor, e o que
recebia era denominado vassalo;
• Suserano – devia proteger militarmente seus vassalos e dar-lhes assistência
jurídica. Tinha direito de reaver o feudo do vassalo que morresse sem deixar
herdeiros, de proibir o casamento do vassalo com pessoa que lhe fosse infiel;
• Vassalo – devia prestar serviço militar ao suserano, libertá-lo (caso fosse
aprisionado por inimigos), comparecer ao tribunal presidido pelo suserano
toda vez que fosse convocado etc. Recebia proteção militar do suserano.

Suseraniae Vassalagem

ALTA IDADE
MÉDIA
Características do Sistema Feudal:
• O feudalismo não foi idêntico em todas as regiões da
Europa ocidental;
• Houve um enfraquecimento do poder real (ou
central) e fortalecimento dos poderes dos senhores
locais (senhores feudais) - descentralização do
poder;
• Existência de vínculos pessoais de obediência e
proteção entre os mais poderosos e os mais fracos
(fidelidade);
• Declínio das atividades comerciais urbanas e
fortalecimento da vida rural (atividades de
subsistência);
• Uso generalizado de trabalho servil no campo;
• Predomínio do cristianismo.

ALTA IDADE MÉDIA
Sociedade Feudal:
• Estamental - não havia mobilidade de classes.
Existiam dois tipos de relação social na sociedade feudal, ambas
legitimadas pela Igreja:
• Suserania e vassalagem: que uniam os nobres cavaleiros por compromissos
de lealdade pessoal;
• Servidão: que asseguravam a exploração dos camponeses.

ALTA IDADE MÉDIA
1
2
Sociedade das três ordens
FEUDALISMO - Prof.º Tiago R. Silva

ALTA IDADE MÉDIA
Sociedade das três ordens

ALTA IDADE MÉDIA
Sociedade
Servos
Nobreza
leiga
Clero
Papa, cardeais, bispos e
nobreza eclesiástica
Monarcas, demais senhores
feudais e cavaleiros
Camponeses,
artesãos,
comerciantes,
homens livres,
soldados a pé

ALTA IDADE MÉDIA
Feudalismo: Economia

ALTA IDADE
MÉDIA
Obrigações
Feudais
Corveia – obrigação servil de
trabalhar alguns dias da semana
nas reservas senhoriais;
Talha – obrigação servil de entregar
parte da produção agrícola ou pecuária
ao senhor feudal;
Banalidades – taxa devida ao senhor
pela utilização de equipamentos e
instalações do senhorio (celeiros,
fornos, moinhos etc.);
Mão Morta – taxa sobre transferência
de herança;
Dízimo – 10% de sua produção
deveria ser entregue à Igreja.

ALTA IDADE MÉDIA
Feudalismo: O papel da Igreja Católica
• A Igreja Católica desempenhou um papel articulador entre as sociedades medievais,
conferindo-lhes certa unidade cultural. Esse papel manifestou-se pela transmissão
da religião católica, dos valores éticos cristãos e do idioma latino (utilizado pelos
representantes da igreja e pelas pessoas letradas);
• Por meio da difusão do cristianismo, a Igreja marcou presença em grande parte das
expressões culturais das sociedades europeias ocidentais da época: arte, política,
literatura, educação, costumes, filosofia, ciências etc.

ALTA IDADE MÉDIA
Feudalismo: Igreja Católica
Os sacerdotes da Igreja dividiam-se em duas grandes categorias: clero secular e clero regular.
• Clero secular: era formado pelos sacerdotes que viviam fora dos mosteiros. Para controlá-los foi criado uma hierarquia de cargos e funções que ia do
pároco ao papa.
• Clero regular: era formado por monges, isto é, sacerdotes que viviam dentro dos mosteiros ou conventos e obedeciam a uma regra de vida
estabelecida por sua ordem religiosa.
Coube a muitos monges o papel de copiar e conservar manuscritos gregos e latinos. Preservando a cultura da Antiguidade Clássica, os
mosteiros transformaram-se em centros de ensino, mantendo a maioria das escolas e bibliotecas da época medieval.

As Universidades Medievais
• Durante a idade Média, a educação formal foi controlada pelo clero católico.
Havia escolas nos mosteiros e, depois, junto às catedrais. A partir do final do
século XII, a Igreja também esteve ligada ao surgimento, em várias cidades
europérias, das primeiras Universidades;
• As universidades medievais eram corporações que reuniam mestres e estudantes
para o estudo de determinadas áreas do conhecimento. Uma universidade tinha,
por exemplo, faculdades nas áreas de teologia (filosofia), artes (ciências e letras)
direito e medicina;
• As universidades mantiveram, desde o início um vínculo estreito com o Papado,
responsável por confirmar seus privilégios e conceder licenças. Era o papa quem
protegia mestres e alunos das autoridades locais, em troca de fidelidade e
disciplina na defesa da doutrica cristã.
ALTA IDADE MÉDIA

Querelas das Investiduras
Gregório VII
• O Imperador do Sacro Império Germânico, reclamava o controle
sobre os bispos, alegando que estes adminstravam senhorios
inseridos nos seus domínios. O papa (Gregório VII) ressaltava
que os bispos eram membros da Igreja e sua nomeção e
obediência cabiam unicamente a Roma;
• Gregório VII proclamou a excomunhão do Imperador e isentou
seus súditos da lealdade à Coroa Imperial;
• O que estava em jogo, não era a questão da investidura dos
bispos, mas a hegemonia política sobre as populações da
Europa cristã: quem deveria governar a cristandade? O papa ou
o imperador?
• Esse conflito só foi resolvido em 1122 pela Concordata de
Worns, que adotou uma solução de meio termo: caberia ao
papa a investidura espiritual dos bispos, cabendo ao imperador
a investidura temporal.

Cultura Medieval
O pensamento Medieval – Santo Agostinho
• Ao refletir sobre as diferenças entre a fé cristã e a razão, Agostinho defendia que a
fé nos leva a crer em coisas nem sempre entendidas pela razão. Assim, muitas
vezes era necessário crer para compreender, pois a fé ilumina os caminhos da
razão.

Cultura Medieval
A Escolástica de São Tomás de Aquino
• Frei Tomás de Aquino elaborou uma síntese entre o cristianismo e o pensamento
do filósofo grego Aristóteles. Empenhou-se em demonstrar racionalmente a
existência de Deus e os fundamentos lógicos da fé cristã; defendia que o uso da
razão era um instrumento para aperfeiçoar a fé, e não o contrário;
• Segundo Tomás de Aquino, Deus era a força que impulsionava todas as demais,
desde o princípio do mundo. Como o efeito tinha uma causa, a primeira das
causas só poderia ser Deus, origem de todas as coisas. Em outras palavras, para
Tomás de Aquino, quanto mais o homem fizesse uso da razão ou do intelecto,
mais se aproximaria de Deus;
• Tomás de Aquino resumiu sua filosofia religiosa em uma obra intitulada Suma
Teológica. Seu pesamento ficou conhecido como Escolástica e serviu de base ao
ensino teológico nas universidades medievais, marcado pela busca de uma
conciliação entre a fé e razão.

Cultura Medieval
Arquitetura das Catedrais
• Foi na Idade Média que surgiram as primeiras catedrais. A catedral era uma
construção grandiosa, destinada a ser a principal igreja de uma diocese. Dois
grandes estilos dominaram a arquitetura medieval:
• Românico – floreceu entre os séculos XI e XIII. Caracterizava-se por traços simples
e austeros: pilares grosso, tetos e arcos em forma de simicírculo, janelas estreitas
e muros reforçados. Entre as obras representativas desse estilo, detacam-se a
Igreja de São Miguel, em Lucca e a Catedral de Pisa (Itália).

Cultura Medieval
• Gótico – desenvolveu-se entre os séculos XII e XVI e predominou em países como
França, Inglaterra, e Alemanha. Distingue-se do românnico por sua levesa,
elegância e traços verticais. Nas construções góticas, as janelas, ornamentadas
com vitrais coloridos, permetiam boa iluminação interior, peredes tornaram-se
mais finas e as altas e angulosas abóbodas eram apoidas em longos pilires. A
rosácea, que consistia num grande vitral sobre a porta principalda igreja, era
outro elemento característico de quase todas as catedrais góticas.

Cultura Medieval

Fim

• O papa Gregório VII instiuiu uma reforma no qual
definiu que a castidade, a vida comunitária e o serviço
liturgico como as bases da vida sacerdotal.
• Gregorio VII condenou o cuncubinato dos padres
(nicolaísmo), isto é, o costume que muitos tinham de
viver com mulheres, como se fossem casados; condenou
também a venda de cargos eclesiasticos (simonia) e a
nomeção de bispos e abades pelos senhores feudais,
reis e imperadores (Querela das Investiduras).
• Ordem de São Bento – A vida monástica foi difundida na
Europa a partir desta ordens. A valorização da Regra de
São Bento (Oração e Trabalho) e a busca pelos ideais do
cristianismo primitivo como a humildade, castidade, a
obediência ao evangelho e a propagação da fé
marcaram profundamente esta ordem;
A Igreja na Idade Média - Mosteiros

• Ordem de São Francisco – Os franciscanos
consideravam cada pobre um Cristo,
prestando assistência à população
marginalizada;
• O ideal de vida dos monges-camponeses
atraiu um número significativo de devotos, e
a ordem de Cister se espalhou por várias
partes da Europa. Mas, na segunda metade
do século XII, a ordem experimentou os
primeiros sinais de instabilidade. À medida
que aumentava o patrimônio da e as
atividades ecônomicas dos mosteiros, tornou-
se tarefa difícil equilibrar pobreza individual e
riqueza coletiva. A enorme distância entre o
ideal e a realidade acabou por comprometer
a imagem dos cistercienses.
A Igreja na Idade Média - Mosteiros

A Igreja na Idade Média - Heresia
• Para a Igreja católica, herege era todo aquele que
difundia ou praticava uma crença contrária aos dogmas
(princípios e doutrinas inquestionáveis) do catolicismo,
sacramentos e mandamentos da Igreja ou questionava o
poder eclesiástico, sobretudo a autoridade do papa.
• O acúmulo de riquezas pela Igreja e o abandono de
alguns valores pregados pelo Evangelho estimularam a
formação de grupos heréticos. Entre eles, destacaram-se:
• Bogomilismo – surgiu no século XI, na região dos Bálcas
(na atual Bulgária), e sobreviveu até o século XV. Seus
seguidores acreditavam que a Igreja Católica tinha sido
corrompida pela riqueza e que o cristianismo verdadeiro
existia apenas na pobreza e na vida simples. Além disso,
combatiam o culto a Virgem Maria, aos santos e às
imagens que havia nos templos.

• Cátaros – teve início na europa central, (atual Alemanha), no século XII e expandiu-se para a região
francesa de Albi, onde seus praticantes ficaram conhecidos albigenses. Acreditavam em deus do Bem e
outro do Mal. Cristo teria sido enviado pelo deus do bem para libertar as almas humanas. As almas
salvas subiriam ao céu após a morte do corpo, enquanto as almas pecadoras, como castigo,
reencarnariam no corpo de um animal. Eles não consideram válido o Velho Testamento e que seus
princípios derivavam dos evangelhos e das Epistolas. Nada de concreto falaram sobre o batismo,
mas afirmaram que a consagração poderia ser realizada por laicos, provado que fossem bons.
• Valdismo – criado por Pedro Valdês, rico comerciante de Lyon, difundiu-se por algumas regiões da
França, no século XII. Convertido ao cristianismo, Valdês distribuiu sua riqueza aos pobres, reuniu um
grupo de adeptos e saiu pregando as virtudes da pobreza voluntária. Os valdenses passaram a conflitar
com a Igreja ao afirmar que os sacramentos não tinham valor se o padre que os ministrasse fosse
pecador. A Igreja Católica defendia que os sacramentos sempre têm valor, porque os poderes do
sacerdote vêm de Deus e não de si mesmo.
• Patarinismo – difundiu-se no século XII pela região onde se situam as cidades de Milão, Cremona e
Florença. Também questionava a validade dos sacramentos ministrados por sacerdotes pecadores.

As heresias podem ser interpretadas como forma
de resistência e reação de vários grupos religiosos
populares a vários aspectos do cristianismo
católico, como por exemplo:
• O despreparo de grande parte dos sacerdotes
paroquiais, desatentos em relação às
necessidades espirituais dos fiéis;
• A vida luxuosa do alto clero, mais preocupado
com o acúmulo de bens materiais do que com a
pregação do evangelho;
• A aprovação, por parte da Igreja, de um sistema
social que explora a maioria da população.

A Igreja na Idade Média - Inquisição
• A inquisição medieval foi instituida no século XIII para reprimir a heresia cátara.
Em 1235 a inquisição foi conferida aos frades dominicanos;
• Os inquisitores eram nomeados pela Santa Sé, mas trabalhavam em coperação
com o bispo de cada cidade;
• Os condenados pelo tribunal da inquisição eram excomungados e entregues as
autoridades do Estado, que se encarregava de puni-los;

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