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Otabaco arruínaoteu fôlego!”
Dentro da cabana,oporquinhoria -se a bomrir, porquejá não
precisava dese refugiarnacasa doirmão do meio.
Etoda a floresta desatoua rir daqueleloboridículoque,para
seconsolarda humilhação,acendeumais umcigarro…
SophieCarquain
Petiteshistoires pour devenirgrand (2)
Paris, AlbinMichel, 2005
(Traduçãoeadaptação)
ASAVENTURASEDESVENTURAS
DOLOBOFUMADOR
Um dia, no recreio, o canzarrão malvado tirou um maço de
cigarros dobolsodoblusãonegroepropôs aolobomau:
— Queresum?
— Claro! — respondeu o lobão, que não queria fumar, mas tinha
medode queo canzarrão deixasse de ser seu amigo.
E foi assim que o lobão, com umcerto mal -estar (sobretudo ao
pensar na mãe), experimentou o seu primeiro ciga rro, que o fez tossir
ecuspir.
— Olha o pateta! — troçou o canzarrão. — Come galinhas mas
nãosabe fumar!
Atroça durou uns bons minutos, como canzarrão a mostrar os
dentestodos a marelados epodres.
Este canídeo era bemestúpido, diga -se de passagem. Não é um
cigarro que nos torna super -fantásticos ou super-fixes. A amizade
nãotem nada a vercom cigarros.
Mas olobão achava quefumar fazia parte dos hábitos de todos
os lobõesque se prezem.
— Seeufosse umpintainho, umpatinhoouuma princesinha,
não teria de gramar este horror que me dá von tade de vomitar —
suspirouentre dentes.
Efoi assim queolobão,quedetestava otabaco,sepôs a
fumar. Segurava ocigarro entre oindicador eopolegar, semicerrava os
olhos eexpelia círculos de fumo, enquanto cruzava as pernas peludas.
Contemplando-se no espelho, dizia para si mesmo: “Olha para esta
classe!”
Depois de fumar 5 cigarros, tinha deixado de tossir e cuspir.
Depoisde15,já adorava o cheiro do tabaco. Depoisde42, já não podia
passar sem fumar. Tudo o que no início lhe desagradara (aspirar o
fumo, senti -lo descer pelos pulmões, ter a cabeça à roda, sentir um
formigueiro nos dedos) , tinha-se transformado num verdadeiro
prazer.
Começava logoa fumar pelamanhã, antes decomer oprimeiro
frango.Continuavaaoalmoço:depoisdoborregorecheado,acendia
outro enquantoesperavapara comer ogalo,eacabavaomaço antes
da chegadada cabrinha montês. Fumartornara -se indispensável
para ele.Até os gestos setinhamtornado indispensáveis.Chegavaa
fumar 40 cigarros por dia,ouseja, dois maços.
Fumavaquandoestava alegreequandoestava triste, quando
tinha fome e quando tinha o estômago cheio, quando tinha sono e
quando estava excitado. Gastava nisso todo o dinheiro que tinha.
Preferia comprar tabaco a comprar um jogo de vídeo. Quando lhe
diziamqueotabaco provocacancro, queescureceos pulmões, ou
impede de respirar, ria-se. Durante meio minuto ainda hesitava, mas
logoacendiaumnovo cigarro.
Numamanhã dePrimavera,olobãoouviunarádio queos três
porquinhos tinham-se instalado nas suas casinhas feitas de tijolo,
palha e madeira. Como coração aos saltos, fumou logo uma dúzia de
cigarros, para ver se lhe surgia alguma ideia. “Já sei”, pensou, “vou
soprar como se fosse um tornado e deitar as casas deles abaixo.
Depois,ésó comer.”
Nodia seguinte, olobo maufoi à floresta. Pelocaminho, acendeu
mais umcigarro.Logoumpardal protestou:
— Quecheirete! Oqueéisto? Umabombanuclear?
— Não— respondeuocorvo.— Éumcigarro.
— Que idiota poluidor! E a lei anti -tabaco? — protestou a
toupeira, comos dedosa apertar o nariz.
— Não viste o painel? Não sabes ler? — indignou-se o coelho, que
comiauma cenoura.
O lobão ouviu, indiferente, todos estes protestos e atirou a
beatapara ochão,semsequera ter apagado. Quefoleiro…
Dirigiu-se à cabana de palha, em primeiro lugar. Contou até três
esoprou comforça, na esperança de derrubar as paredes ede comer
oporquinhoali mesmo.
Mas, quando abriu a bocarra, apenas um soprozinho
microscópico lhe saiu da boca. Uma mosca morreu ali mesmo, devido
ao hálito que saiu da bocarra do lobo. E quem caiu ao chão não foi o
porquinhomais novo,mas o lobão.
Quanto mais olhava para a cabana intacta, mais ouvia a
vozinhainterior quelhedizia:“Foi otabaco quete pôsneste estado!

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  • 1. Otabaco arruínaoteu fôlego!” Dentro da cabana,oporquinhoria -se a bomrir, porquejá não precisava dese refugiarnacasa doirmão do meio. Etoda a floresta desatoua rir daqueleloboridículoque,para seconsolarda humilhação,acendeumais umcigarro… SophieCarquain Petiteshistoires pour devenirgrand (2) Paris, AlbinMichel, 2005 (Traduçãoeadaptação) ASAVENTURASEDESVENTURAS DOLOBOFUMADOR Um dia, no recreio, o canzarrão malvado tirou um maço de cigarros dobolsodoblusãonegroepropôs aolobomau: — Queresum? — Claro! — respondeu o lobão, que não queria fumar, mas tinha medode queo canzarrão deixasse de ser seu amigo. E foi assim que o lobão, com umcerto mal -estar (sobretudo ao pensar na mãe), experimentou o seu primeiro ciga rro, que o fez tossir ecuspir. — Olha o pateta! — troçou o canzarrão. — Come galinhas mas nãosabe fumar! Atroça durou uns bons minutos, como canzarrão a mostrar os dentestodos a marelados epodres. Este canídeo era bemestúpido, diga -se de passagem. Não é um cigarro que nos torna super -fantásticos ou super-fixes. A amizade nãotem nada a vercom cigarros.
  • 2. Mas olobão achava quefumar fazia parte dos hábitos de todos os lobõesque se prezem. — Seeufosse umpintainho, umpatinhoouuma princesinha, não teria de gramar este horror que me dá von tade de vomitar — suspirouentre dentes. Efoi assim queolobão,quedetestava otabaco,sepôs a fumar. Segurava ocigarro entre oindicador eopolegar, semicerrava os olhos eexpelia círculos de fumo, enquanto cruzava as pernas peludas. Contemplando-se no espelho, dizia para si mesmo: “Olha para esta classe!” Depois de fumar 5 cigarros, tinha deixado de tossir e cuspir. Depoisde15,já adorava o cheiro do tabaco. Depoisde42, já não podia passar sem fumar. Tudo o que no início lhe desagradara (aspirar o fumo, senti -lo descer pelos pulmões, ter a cabeça à roda, sentir um formigueiro nos dedos) , tinha-se transformado num verdadeiro prazer. Começava logoa fumar pelamanhã, antes decomer oprimeiro frango.Continuavaaoalmoço:depoisdoborregorecheado,acendia outro enquantoesperavapara comer ogalo,eacabavaomaço antes da chegadada cabrinha montês. Fumartornara -se indispensável para ele.Até os gestos setinhamtornado indispensáveis.Chegavaa fumar 40 cigarros por dia,ouseja, dois maços. Fumavaquandoestava alegreequandoestava triste, quando tinha fome e quando tinha o estômago cheio, quando tinha sono e quando estava excitado. Gastava nisso todo o dinheiro que tinha. Preferia comprar tabaco a comprar um jogo de vídeo. Quando lhe diziamqueotabaco provocacancro, queescureceos pulmões, ou impede de respirar, ria-se. Durante meio minuto ainda hesitava, mas logoacendiaumnovo cigarro. Numamanhã dePrimavera,olobãoouviunarádio queos três porquinhos tinham-se instalado nas suas casinhas feitas de tijolo, palha e madeira. Como coração aos saltos, fumou logo uma dúzia de cigarros, para ver se lhe surgia alguma ideia. “Já sei”, pensou, “vou soprar como se fosse um tornado e deitar as casas deles abaixo. Depois,ésó comer.” Nodia seguinte, olobo maufoi à floresta. Pelocaminho, acendeu mais umcigarro.Logoumpardal protestou: — Quecheirete! Oqueéisto? Umabombanuclear? — Não— respondeuocorvo.— Éumcigarro. — Que idiota poluidor! E a lei anti -tabaco? — protestou a toupeira, comos dedosa apertar o nariz. — Não viste o painel? Não sabes ler? — indignou-se o coelho, que comiauma cenoura. O lobão ouviu, indiferente, todos estes protestos e atirou a beatapara ochão,semsequera ter apagado. Quefoleiro… Dirigiu-se à cabana de palha, em primeiro lugar. Contou até três esoprou comforça, na esperança de derrubar as paredes ede comer oporquinhoali mesmo. Mas, quando abriu a bocarra, apenas um soprozinho microscópico lhe saiu da boca. Uma mosca morreu ali mesmo, devido ao hálito que saiu da bocarra do lobo. E quem caiu ao chão não foi o porquinhomais novo,mas o lobão. Quanto mais olhava para a cabana intacta, mais ouvia a vozinhainterior quelhedizia:“Foi otabaco quete pôsneste estado!