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Primeiro volume




     Vaivém
       do
      riso
                  (trovas)

  Ímpares – A. A. de Assis

Pares – Elisabeth Souza Cruz


   --------------------------------------------
    Conversa iniciada em 22-7-11
   --------------------------------------------
1.
Quando moço, acesa a chama
  despia-se ante a gatona,
    agora veste o pijama
  deita de lado... e ronrona.

               2.
   O meu vizinho se poupa
 já que o cansaço é normal...
 Quando fala: "Tira a roupa!",
     tira a roupa do varal!

               3.
Em que aperto o bom velhinho,
   de assanhado, se enfiou:
 chamou pra cama o brotinho,
   e ela, malvada, aceitou...

              4.
 Brotinho assanhado inventa
   mil jogadas para o amor
  e o velhinho até que tenta,
 mas sai sempre perdedor!!!

              5.
   Deu desespero no Adão
 por ser um “ele” sem “ela”...
  Ganhando a dita, o chorão
  perdeu a paz... e a costela!

            6.
   Pode quem quiser falar
pois ninguém sabe o que diz,
 tendo a mulher para amar
  o homem ficou foi... feliz!

              7.
   Jamais se viu nesta vida
  marido preso em gaiola...
   A mulher é mais sabida:
 põe-lhe no dedo uma argola!

             8.
O homem de argola, também,
 ao machismo não se furta:
 – faz da mulher seu refém
 e a mantém na rédea curta!
9.
  De um homem para a mulher
    que pede ajuda na pista:
  – Desculpe... Se ajuda eu der,
  vão me chamar de machista...

                10.
     A coisa é séria, querido,
tem mulher que é mulher macho...
    quando manda no marido
     faz dele gato e capacho!

               11.
     Porém chiar é bobeira...
Quem manda mesmo é a mulher;
  tanto é que desde a primeira
   faz do marido o que quer...

               12.
   Bobeira?!... Maior bobeira
    é o salário do operário
   que trabalha a vida inteira
     e não fica milionário!
               13.
   Também na fauna a justiça
    é às vezes discricionária:
   dá mole ao bicho-preguiça,
   explora a abelha operária...

              14.
    Falando em exploração,
    nunca vi maior babado...
      a mulher do capitão,
   como explora o rebolado!!!

              15.
     Lá vai o siri-patola,
   todo prosa, a rebolar...
 Num puçá se enreda e enrola:
     vira petisco de bar!

             16.
  Falando num bom petisco,
quem não se arrisca, não prova,
  como é bom correr o risco
   de preparar uma trova!!!
17.
  Cinquentão já sou na trova;
   na idade, quase oitentão...
  Evito, pois, pôr-me à prova:
  em museu não entro não!...

              18.
  Eu também tô quase nessa
    e em loja de raridade,
  se eu entro, saio depressa
   pois pareço antiguidade!

               19.
    Essa tal de antiguidade
 a mim me causa estranheza:
   quando perde a utilidade,
     é aí que vira riqueza...

              20.
    Estranheza, caro Assis,
é o que a gente vê "na praça"....
    tem gente que pede bis
 se uma injeção for de graça!!!

               21.
 “Ah, que surpresa gostosa!”,
      diz a velhinha, feliz,
 quando o velho, todo prosa,
  dá no couro... e pede bis!...

             22.
    Buzinando o caminhão,
  surpresa boa é a do otário
   que dá tempo ao ricardão
 para se esconder no armário!

               23
     Otário simples, legal;
   nada faz que prejudique.
    O duro é aguentar o tal
  do otário metido a chique!...

              24.
   Com a trova vinte e quatro
   me ocorreu agora a ideia:
 – ninguém vai mais ao teatro,
pois perde o "acento" a plateia!
25.
 Problemas há no momento
 em que muda a acentuação.
   – De tudo tirem o acento,
  porém do “cágado” não!...

              26.
   O hífen de vice-prefeito,
   por certo, não caiu, não,
  pois logo depois do pleito
    sempre dá separação!

               27.
   Se acaso se visse o vice
      futricando o titular,
   um baita disse-me-disse
    logo iria se espalhar...

               28.
     Nunca vi maior tolice
     futricar a vida alheia,
 pois quem faz disse-me-disse
    vai cair na própria teia!

               29.
Você sabe o que é que é “teia”?
 Não sabe?... Deixo explicado:
  – E’ a casca de barro e areia
 com que se cobre o “teiado”...

               30.
 Ra! Ra! Ra! Falando em barro
  lembrei da antiga moringa...
água fresquinha! Eu me amarro
  e a minha saudade vinga!!!
                .
               31.
     Era uma era inocente,
     e a vida era pitoresca:
– um tempo em que toda gente
 mantinha a moringa fresca...

              32.
  Sem juntar alho e bugalho,
 quando se fala em moringa,
   já me lembrei do baralho,
 pois és Assis... meu curinga!
33.
    Curinga eu sei que não sou,
  mas tenho uns truques sagazes...
    – Em meu nome o pai botou
    o “aaa”, isto é, três “ases”..


                 34.
    Três "ases"... assim eu digo:
    – Um "A" dizendo Alquimia;
   O "A" seguinte que é de Amigo
    e mais outro "A" de alegria!

                 35.
     Chega manso, pede abrigo,
    pede grana... e eu vejo claro:
     esse é o tal de caro amigo
   que em verdade é amigo caro!...

                  36.
         O tipo acima descrito
     custa caro e é um desacato...
      Mas amigo "Assis", bendito
      é simplesmente um barato!

                  37.
       Certos tipos importantes
     parecem Marte – um deserto:
      vistos de longe, brilhantes;
     cascalho apenas, de perto!...

                   38.
  Brilhantes?!! - Pois sem trabalho,
        sem ramo profissional,
      a moça arranjou um galho
      no "distrito" e... é federal!!

                  39.
     Troca o sábio a esposa culta
       pela moça apimentada...
– No instante em que a ardência avulta,
        cultura não conta nada!

                 40.
        Numa troca de "mulé",
       o "mané" ficou na mão,
      que a moça que dava "pé"
       tinha um baita sapatão!
41.
  Nervoso e agressivo quando
     alguém lhe pisa no pé,
  diz ele: – Estarás pensando
que eu não sou burro, ó mané?...

                42.
     Na trova há constatação:
   - Assim como o português,
    que traz muita inspiração,
   o "mané" sempre tem vez!

               43.
     Súbito um rato matreiro
     fungou no pé do Mané.
 – Supôs ser de queijo o cheiro...
     Quis provar... era chulé!

                44.
  Do teu queijo eu tiro um naco
   pois a minha ideia logra...
    mudo de pau pra cavaco,
  que tal falarmos de... sogra?

                 45.
      Na hora do desespero,
 vale tudo, oh Deus, que horror...
      Vale até, sem exagero,
   chamar a sogra de “amor”!

                46.
  Sei também de um desespero,
    pois o genro, de mutreta,
     pôs pimenta no tempero
      e a sogra ficou zureta!


                47.
Faltam-lhe os “tchans” da “zelite”,
     talvez escola e que-tais...
   Mas no “tempero”, acredite,
       a danadinha é demais!

                48.
     Tempero lembra cozinha
    e a tua trova... "a penosa",
       aquela da tal galinha
   que no garfo era bem prosa!
49.
  Diz ao garfo, humilde, a faca:
    – Rema, rema, remarré...
   Eu sou fraca, fraca, fraca,
  mas corto mais que a cuié...

               50.
    Quando tem panela cheia
     no fogão da cozinheira
  sempre acaba em briga feia
que o patrão quer dar "rasteira" !!

                51.
    Felizardo é o cara esperto
     que vai no mato morar.
   Lá não tem patrão por perto
    nem sogra no calcanhar...

               52.
     É verdade! Uma mamata
     morar longe de patrão...
    só não se pode é na mata
    ficar na moita.... sem cão.

               53.
    Bem pior é um menestrel,
   quando lhe apura a barriga,
     na moitinha, sem papel,
  ter que usar folha de urtiga...

               54.
  Querido.. eu não faço intriga,
     mas veja a situação:
  na moita, anda dando briga,
   por dinheiro em cuecão!!

               55.
   Tudo o mais é mera intriga,
      fabulazinha bizarra...
    – O chato é ser a formiga
     “cantada” pela cigarra!

              56.
    E por falar em cantada
 quem canta seu mal espanta?
     Eu sou tão desafinada
   que nem galo se levanta!!!
57.
    Quando o galo nega raça
   e precoce o caldo entorna,
     a frangona, por pirraça,
  dá-lhe um ovo... de codorna!

               58.
   Eu falo e tenho respaldo,
   pois em canja de galinha,
  para aumentar mais o caldo,
   pegue a sopa da vizinha!.

               59.
      Alarme no galinheiro.
– Será que há gambá na granja?...
– Bem mais grave: é o cozinheiro
 que avisa: “Hoje vai ter canja!”...

                60.
    E foi tamanho o brigueiro,
   pois dona "Gala" se zanga,
 já que o galo, que é frangueiro,
   logo quis salvar a "franga"!

                 61.
   Fui à feira a fim de frango;
    frango fresco ali faltava.
 Fiquei fulo e ao fim meu rango
     foi farofa, alfafa e fava.

              62.
   A minha ideia não míngua,
 e eu lhe mando "plantar fava",
pois compondo um trava língua,
   minha própria língua trava!

               63.
   Calma aí, não fique brava
   com a minha brincadeira...
   Se quiser, eu planto fava,
    batatas, a horta inteira...

                64.
   Assis... eu não me detenho
     e agora pego carreira:
  – quero ver teu desempenho
   se "plantares bananeira"!!!
65.
     Nada há que mais atraia
      a molecadinha arteira
     que moça de minissaia
    quando planta bananeira...

               66.
    Tu és um sujeito esperto,
  (mas só peço que não caias)
   quando estiveres bem perto
 das moças perdendo as saias!!!


                67.
    Disse o esperto garotinho
      na forçada confissão:
    – Olhei pelo buraquinho...
   mas não vi “o” da moça não!

                 68.
      Por falar em confissão,
   confessa a moça (e reclama):
   - Tão pesado é o meu patrão
    que quebrou a minha cama!

               69.
     O funcionário e a patroa
  a um baile foram... “ficaram”.
    O patrão soube: largou-a,
  e os pôs na rua: “dançaram”!

               70.
   Com duplo sentido, a "dança"
     é palavra que marcou:
– nem sempre quem dança, cansa...
   mas quem se cansa... dançou!

               71.
     Até pra fazer pecados
    é necessário ser jovem.
    Adões e Evas cansados,
nem mesmo as maçãs os movem...

               72.
   As maçãs, "na velha idade",
     lembram uvas, e o idoso,
  olhando as "boas" (maldade!),
    – Acançá-las?! É penoso!!!
73.
     Conhaque no aperitivo,
   conhaque na sobremesa...
– E’ assim que o velhinho, ativo,
    mantém a velinha acesa!

               74.
  "Sopre a velinha , sem dó!"
    e, na festinha animada,
    sopraram tanto a vovó
    que ela ficou resfriada!

              75.
 – Sopre o trombone sem DÓ,
  diz a velhinha ao regente...
   – Se mande pra LÁ, vovó,
  e cuide de SI... SOL-mente!

              76.
    Assis, neste DÓ RÉ MI,
    a trova pede uma pala:
– como é que eu estando aqui,
    ouço tanto a sua fala?


               77.
    Se no dorré não faz sol,
    nem também no lami si,
       no remi lá do fá-rol
      faz redó relá solmi...

              78.
 No dó ré que a gente inventa,
  Antonio Augusto, tem dó!!!
   Já vamos para as oitenta
     numa brincadeira só!

              79.
     Enquanto você topar,
  sigamos, então, sem medo.
   Vamos brincar de brincar,
   até cansar do brinquedo...

              80.
    O desafio me empolga,
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    E não preciso de folga
  porque eu ando eletrizada!

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Primeiro volume de trovas de Assis e Souza Cruz

  • 1. Primeiro volume Vaivém do riso (trovas) Ímpares – A. A. de Assis Pares – Elisabeth Souza Cruz -------------------------------------------- Conversa iniciada em 22-7-11 --------------------------------------------
  • 2. 1. Quando moço, acesa a chama despia-se ante a gatona, agora veste o pijama deita de lado... e ronrona. 2. O meu vizinho se poupa já que o cansaço é normal... Quando fala: "Tira a roupa!", tira a roupa do varal! 3. Em que aperto o bom velhinho, de assanhado, se enfiou: chamou pra cama o brotinho, e ela, malvada, aceitou... 4. Brotinho assanhado inventa mil jogadas para o amor e o velhinho até que tenta, mas sai sempre perdedor!!! 5. Deu desespero no Adão por ser um “ele” sem “ela”... Ganhando a dita, o chorão perdeu a paz... e a costela! 6. Pode quem quiser falar pois ninguém sabe o que diz, tendo a mulher para amar o homem ficou foi... feliz! 7. Jamais se viu nesta vida marido preso em gaiola... A mulher é mais sabida: põe-lhe no dedo uma argola! 8. O homem de argola, também, ao machismo não se furta: – faz da mulher seu refém e a mantém na rédea curta!
  • 3. 9. De um homem para a mulher que pede ajuda na pista: – Desculpe... Se ajuda eu der, vão me chamar de machista... 10. A coisa é séria, querido, tem mulher que é mulher macho... quando manda no marido faz dele gato e capacho! 11. Porém chiar é bobeira... Quem manda mesmo é a mulher; tanto é que desde a primeira faz do marido o que quer... 12. Bobeira?!... Maior bobeira é o salário do operário que trabalha a vida inteira e não fica milionário! 13. Também na fauna a justiça é às vezes discricionária: dá mole ao bicho-preguiça, explora a abelha operária... 14. Falando em exploração, nunca vi maior babado... a mulher do capitão, como explora o rebolado!!! 15. Lá vai o siri-patola, todo prosa, a rebolar... Num puçá se enreda e enrola: vira petisco de bar! 16. Falando num bom petisco, quem não se arrisca, não prova, como é bom correr o risco de preparar uma trova!!!
  • 4. 17. Cinquentão já sou na trova; na idade, quase oitentão... Evito, pois, pôr-me à prova: em museu não entro não!... 18. Eu também tô quase nessa e em loja de raridade, se eu entro, saio depressa pois pareço antiguidade! 19. Essa tal de antiguidade a mim me causa estranheza: quando perde a utilidade, é aí que vira riqueza... 20. Estranheza, caro Assis, é o que a gente vê "na praça".... tem gente que pede bis se uma injeção for de graça!!! 21. “Ah, que surpresa gostosa!”, diz a velhinha, feliz, quando o velho, todo prosa, dá no couro... e pede bis!... 22. Buzinando o caminhão, surpresa boa é a do otário que dá tempo ao ricardão para se esconder no armário! 23 Otário simples, legal; nada faz que prejudique. O duro é aguentar o tal do otário metido a chique!... 24. Com a trova vinte e quatro me ocorreu agora a ideia: – ninguém vai mais ao teatro, pois perde o "acento" a plateia!
  • 5. 25. Problemas há no momento em que muda a acentuação. – De tudo tirem o acento, porém do “cágado” não!... 26. O hífen de vice-prefeito, por certo, não caiu, não, pois logo depois do pleito sempre dá separação! 27. Se acaso se visse o vice futricando o titular, um baita disse-me-disse logo iria se espalhar... 28. Nunca vi maior tolice futricar a vida alheia, pois quem faz disse-me-disse vai cair na própria teia! 29. Você sabe o que é que é “teia”? Não sabe?... Deixo explicado: – E’ a casca de barro e areia com que se cobre o “teiado”... 30. Ra! Ra! Ra! Falando em barro lembrei da antiga moringa... água fresquinha! Eu me amarro e a minha saudade vinga!!! . 31. Era uma era inocente, e a vida era pitoresca: – um tempo em que toda gente mantinha a moringa fresca... 32. Sem juntar alho e bugalho, quando se fala em moringa, já me lembrei do baralho, pois és Assis... meu curinga!
  • 6. 33. Curinga eu sei que não sou, mas tenho uns truques sagazes... – Em meu nome o pai botou o “aaa”, isto é, três “ases”.. 34. Três "ases"... assim eu digo: – Um "A" dizendo Alquimia; O "A" seguinte que é de Amigo e mais outro "A" de alegria! 35. Chega manso, pede abrigo, pede grana... e eu vejo claro: esse é o tal de caro amigo que em verdade é amigo caro!... 36. O tipo acima descrito custa caro e é um desacato... Mas amigo "Assis", bendito é simplesmente um barato! 37. Certos tipos importantes parecem Marte – um deserto: vistos de longe, brilhantes; cascalho apenas, de perto!... 38. Brilhantes?!! - Pois sem trabalho, sem ramo profissional, a moça arranjou um galho no "distrito" e... é federal!! 39. Troca o sábio a esposa culta pela moça apimentada... – No instante em que a ardência avulta, cultura não conta nada! 40. Numa troca de "mulé", o "mané" ficou na mão, que a moça que dava "pé" tinha um baita sapatão!
  • 7. 41. Nervoso e agressivo quando alguém lhe pisa no pé, diz ele: – Estarás pensando que eu não sou burro, ó mané?... 42. Na trova há constatação: - Assim como o português, que traz muita inspiração, o "mané" sempre tem vez! 43. Súbito um rato matreiro fungou no pé do Mané. – Supôs ser de queijo o cheiro... Quis provar... era chulé! 44. Do teu queijo eu tiro um naco pois a minha ideia logra... mudo de pau pra cavaco, que tal falarmos de... sogra? 45. Na hora do desespero, vale tudo, oh Deus, que horror... Vale até, sem exagero, chamar a sogra de “amor”! 46. Sei também de um desespero, pois o genro, de mutreta, pôs pimenta no tempero e a sogra ficou zureta! 47. Faltam-lhe os “tchans” da “zelite”, talvez escola e que-tais... Mas no “tempero”, acredite, a danadinha é demais! 48. Tempero lembra cozinha e a tua trova... "a penosa", aquela da tal galinha que no garfo era bem prosa!
  • 8. 49. Diz ao garfo, humilde, a faca: – Rema, rema, remarré... Eu sou fraca, fraca, fraca, mas corto mais que a cuié... 50. Quando tem panela cheia no fogão da cozinheira sempre acaba em briga feia que o patrão quer dar "rasteira" !! 51. Felizardo é o cara esperto que vai no mato morar. Lá não tem patrão por perto nem sogra no calcanhar... 52. É verdade! Uma mamata morar longe de patrão... só não se pode é na mata ficar na moita.... sem cão. 53. Bem pior é um menestrel, quando lhe apura a barriga, na moitinha, sem papel, ter que usar folha de urtiga... 54. Querido.. eu não faço intriga, mas veja a situação: na moita, anda dando briga, por dinheiro em cuecão!! 55. Tudo o mais é mera intriga, fabulazinha bizarra... – O chato é ser a formiga “cantada” pela cigarra! 56. E por falar em cantada quem canta seu mal espanta? Eu sou tão desafinada que nem galo se levanta!!!
  • 9. 57. Quando o galo nega raça e precoce o caldo entorna, a frangona, por pirraça, dá-lhe um ovo... de codorna! 58. Eu falo e tenho respaldo, pois em canja de galinha, para aumentar mais o caldo, pegue a sopa da vizinha!. 59. Alarme no galinheiro. – Será que há gambá na granja?... – Bem mais grave: é o cozinheiro que avisa: “Hoje vai ter canja!”... 60. E foi tamanho o brigueiro, pois dona "Gala" se zanga, já que o galo, que é frangueiro, logo quis salvar a "franga"! 61. Fui à feira a fim de frango; frango fresco ali faltava. Fiquei fulo e ao fim meu rango foi farofa, alfafa e fava. 62. A minha ideia não míngua, e eu lhe mando "plantar fava", pois compondo um trava língua, minha própria língua trava! 63. Calma aí, não fique brava com a minha brincadeira... Se quiser, eu planto fava, batatas, a horta inteira... 64. Assis... eu não me detenho e agora pego carreira: – quero ver teu desempenho se "plantares bananeira"!!!
  • 10. 65. Nada há que mais atraia a molecadinha arteira que moça de minissaia quando planta bananeira... 66. Tu és um sujeito esperto, (mas só peço que não caias) quando estiveres bem perto das moças perdendo as saias!!! 67. Disse o esperto garotinho na forçada confissão: – Olhei pelo buraquinho... mas não vi “o” da moça não! 68. Por falar em confissão, confessa a moça (e reclama): - Tão pesado é o meu patrão que quebrou a minha cama! 69. O funcionário e a patroa a um baile foram... “ficaram”. O patrão soube: largou-a, e os pôs na rua: “dançaram”! 70. Com duplo sentido, a "dança" é palavra que marcou: – nem sempre quem dança, cansa... mas quem se cansa... dançou! 71. Até pra fazer pecados é necessário ser jovem. Adões e Evas cansados, nem mesmo as maçãs os movem... 72. As maçãs, "na velha idade", lembram uvas, e o idoso, olhando as "boas" (maldade!), – Acançá-las?! É penoso!!!
  • 11. 73. Conhaque no aperitivo, conhaque na sobremesa... – E’ assim que o velhinho, ativo, mantém a velinha acesa! 74. "Sopre a velinha , sem dó!" e, na festinha animada, sopraram tanto a vovó que ela ficou resfriada! 75. – Sopre o trombone sem DÓ, diz a velhinha ao regente... – Se mande pra LÁ, vovó, e cuide de SI... SOL-mente! 76. Assis, neste DÓ RÉ MI, a trova pede uma pala: – como é que eu estando aqui, ouço tanto a sua fala? 77. Se no dorré não faz sol, nem também no lami si, no remi lá do fá-rol faz redó relá solmi... 78. No dó ré que a gente inventa, Antonio Augusto, tem dó!!! Já vamos para as oitenta numa brincadeira só! 79. Enquanto você topar, sigamos, então, sem medo. Vamos brincar de brincar, até cansar do brinquedo... 80. O desafio me empolga, eu topo qualquer parada.... E não preciso de folga porque eu ando eletrizada!