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UNIVERSIDADE XXXXXXXXXXXXXXX
          CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
                            CURSO DE PSICOLOGIA




TEMA: TRANSTORNOS DE COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL
ALUNO: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
ORIENTADORA: XXXXXXXXXXXXXXXXX




      1. INTRODUÇÃO
        O transtorno de personalidade anti-social (TPAS) é um diagnóstico operacional
        proposto pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
        (DSM-IV, APA, 1994), com a finalidade de melhorar sua confiabilidade
        diagnóstica por meio da definição de comportamentos observáveis e da
        personalidade subjacente inferida. O desenvolvimento do Psychopathy Check
        List Revised (PCL-R; Hare, 1991) foi um passo importante para a identificação
        de características-chave do TPAS. A análise fatorial dos itens do PCL-R
        sugere a ocorrência de dois grupos principais de sintomas. Os itens agrupados
        no fator I refletem as anormalidades de relacionamentos interpessoais,
        incluindo falta de empatia e de sentimentos de culpa e outros comportamentos
        relacionados, como mentir, trapacear e manipular. Os itens componentes do
        fator II referem-se à dificuldade em adaptar-se às normas sociais e à
        impulsividade (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
           Uma característica essencial do TPAS é a impulsividade, que poderia ser
        definida como uma tendência para escolhas de comportamentos que são
        arriscados, mal adaptados, pobremente planejados e prematuramente
        executados (Evenden, 1999; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A
        impulsividade pode se expressar de diferentes maneiras, que vão desde a
        incapacidade de planejar o futuro, com o favorecimento de escolhas que
        proporcionem satisfação imediata e sem levar em conta as conseqüências



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para si e para os outros, até a ocorrência de comportamento violento ou
    agressivo (Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
        Com relação ao comportamento agressivo freqüentemente observado em
    pacientes com TPAS, tem sido proposta uma distinção em duas categorias,
    baseadas na sua forma de apresentação. A agressividade poderia ser
    classificada como afetiva versus predatória (Raine e colaboradores, 1998;
    Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005), ou reativa versus operativa (Blair e
    colaboradores, 2001; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).              A
    agressividade afetiva ou reativa se manifestaria em resposta a eventos ou
    situações que provocassem sentimentos de frustração, raiva ou medo no
    indivíduo. Já a agressividade operativa ou predatória seria planejada e
    executada de maneira calculada para se atingir um objetivo claramente
    específico. A justificativa para a diferenciação do comportamento agressivo em
    duas categorias é a hipótese de que essas manifestações comportamentais
    seriam processadas por substratos neurais distintos (Raine e colaboradores,
    1998; Blair e colaboradores, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta,
    2005).
    Os estudos epidemiológicos mostram que o TPAS é comum, com 2% a 3% de
    risco durante a vida, causando sofrimento social significativo, como
    desagregação familiar, criminalidade e violência (Robins e colaboradores,
    1991; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Como seria de se esperar,
    a prevalência é significativamente maior em instituições destinadas a infratores
    que em estudos à comunidade. Cerca de metade dos prisioneiros nos EUA
    preenche os critérios do DSM-IV para TPAS (Singleton e colaboradores, 1998;
    Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005),    e a prevalência entre pacientes
    de hospital psiquiátrico de segurança máxima ficaria em torno de 40% (Coid e
    Cordess, 1992; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
       A comorbidade com outros transtornos de personalidade, especialmente o
    transtorno de personalidade borderline (TPB), é bastante comum. A
    apresentação clínica do TPB, baseada em critérios diagnósticos politéticos
    (DSM-IV, APA, 1994) é bastante heterogênea, mas as suas dimensões



2
centrais seriam refletidas por três fatores: dificuldades de relacionamento
interpessoal, instabilidade afetiva ou emocional e impulsividade (Clarkin e
colaboradores, 1993; Sanislow e colaboradores, 2000; Revistos por Del-Bem,
Cristina Marta, 2005).    A falta de controle de impulso é um componente
compartilhado pelos dois transtornos de personalidade em questão, o que
pode dificultar ainda mais o diagnóstico diferencial (Del-Bem, Cristina Marta,
2005).
     Sabe-se pouco a respeito das causas do TPAS, mas seria ingenuidade
negligenciar a influência de fatores psicossociais no desenvolvimento de
comportamento anti-social. A ocorrência de eventos estressores nos primeiros
anos de vida, como conflitos entre os pais, abuso físico ou sexual e
institucionalização, tem sido associada ao TPAS (O'Connell, 1998; Cadoret,
1991; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).          Em uma revisão a
respeito dos fatores de risco para o desenvolvimento de transtorno de conduta
ou de personalidade anti-social, Homes e colaboradores (2001), concluem que
nenhum fator isolado pode ser identificado como agente causal de TPAS, mas
alguns    específicos,   quando     combinados,     poderiam     predispor   ao
desenvolvimento de comportamento anti-social na vida adulta. Entre eles,
estariam incluídos: predisposição genética, exposição intra-uterina a álcool e
drogas, exposição durante a infância à violência, negligência e cuidados
parentais inconsistentes e dificuldades de aprendizagem e desempenho
escolar insatisfatório (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
    Desde o famoso caso de Phineas Gage, lesões do lobo frontal têm sido
associadas ao desenvolvimento de comportamento anti-social impulsivo. Este
caso é ilustrativo a ponto de justificar uma breve descrição da sua
apresentação clínica: Phineas Gage trabalhava na construção de estradas de
ferro nos Estados Unidos, em meados do século XIX. Era descrito como
equilibrado, meticuloso e persistente quanto aos seus objetivos, além de
profissional responsável e habilidoso. Em um acidente nas explosões de rotina
para abertura de túneis nas rochas da região, Phineas Gage foi atingido por
uma barra de ferro que transpassou seu cérebro, entrando pela face esquerda,



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abaixo da órbita, e saindo pelo topo da cabeça. Surpreendentemente, Phineas
    Gage permaneceu consciente após o acidente, sobreviveu às esperadas
    infecções no seu ferimento e dois meses após o acidente estava recuperado,
    sem déficits motores e com linguagem e memória preservadas. A sua
    personalidade, no entanto, havia se modificado completamente. Phineas Gage
    transformou-se em uma pessoa impaciente, com baixo limiar à frustração,
    desrespeitoso com as outras pessoas, incapaz de adequar-se às normais
    sociais e de planejar o futuro. Não conseguiu estabelecer vínculos afetivos e
    sociais duradouros novamente ou fixar-se em empregos (Damásio, 1994;
    Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A partir do infortúnio de Phineas
    Gage, relatos de casos e estudos retrospectivos de veteranos de guerra vêm
    mostrando a associação entre lesões pré-frontais - mais especificamente
    lesões nas porções ventromediais do córtex frontal - e a observação clínica de
    comportamento impulsivo, agressividade, jocosidade e inadequação social
    (Brower e Price, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
    "Sociopatia adquirida" é o termo que tem sido freqüentemente utilizado para
    descrever a mudança de personalidade observada em decorrência de danos
    cerebrais em regiões pré-frontais. Esses dados levaram à sugestão de que um
    comprometimento do funcionamento do lobo frontal ventromedial poderia
    contribuir para problemas relacionados ao controle de impulso e personalidade
    anti-social (Damásio, 2000; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A
    variedade de déficits neuropsicológicos descritos em anti-sociais (Morgan e
    Lilienfeld, 2000), estaria em consonância com esta hipótese (Revistos por Del-
    Bem, Cristina Marta, 2005).
      Os estudos de neuroimagem estrutural com ressonância nuclear magnética
    apontam alterações volumétricas do lobo frontal no TPAS. Comparando
    pacientes com diagnóstico de TPAS com controles não clínicos, pacientes com
    dependência de substâncias psicoativas e pacientes com outros diagnósticos
    psiquiátricos, Raine e colaboradores (2000), verificaram que os pacientes com
    TPAS apresentavam uma redução do volume da matéria cinzenta pré-frontal e
    que esta redução correlacionava-se com uma diminuição da resposta



4
autonômica a um evento estressor provocado experimentalmente – no caso, a
realização de um discurso ( Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
    A amígdala é outra estrutura que estudos volumétricos tem implicado na
fisiopatogenia do TPAS. Tiihonen e colaboradores (2001), verificaram que o
volume da amígdala correlacionou-se negativamente com os escores do PCL-
R em criminosos violentos. Também foi descrita uma associação entre escores
elevados no PCL-R e reduções bilaterais do volume de hipocampo posterior
em criminosos violentos (Laasko et al., 2001). Esses últimos resultados devem
ser tomados com cuidado, por se tratarem de amostra pequena, com
comorbidade com dependência ao álcool e sem grupo-controle (Revistos por
Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
Há ainda indícios do envolvimento de outras estruturas cerebrais na ocorrência
de TPAS. Em um estudo publicado mais recentemente, verificou-se que
pacientes anti-sociais, comparados com controles saudáveis, apresentavam
várias anormalidades no corpo caloso, o que poderia ser considerado como
sugestivo de alterações no neurodesenvolvimento (Raine e colaboradores,
2003; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
   Os avanços em técnicas de neuroimagem funcional, como tomografia por
emissão de pósitrons (PET), tomografia computadorizada por emissão de fóton
único (SPECT) e ressonância magnética funcional (fMRI), permitiram que as
relações entre região cerebral e diagnóstico específico e/ou processos mentais
específicos fossem exploradas de maneira mais minuciosa (Del-Bem, Cristina
Marta, 2005).
 Os estudos com PET (Goyer e colaboradores, 1994; Wong e colaboradores,
1997; Raine e colaboradores, 1994; 1998) e SPECT (Amen e colaboradores,
1996),   também    indicam   o    envolvimento      de   córtex   pré-frontal   no
comportamento anti-social, com vários estudos demonstrando redução do
metabolismo em regiões frontais (Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
Em artigo de revisão considerando os artigos publicados de 1966 a 2000,
Bassarath (2001), concluiu que estudos funcionais realizados até aquele
momento (PET e SPECT), permitiam classificar como "robusto" o envolvimento



                                                                                 5
do    córtex   pré-frontal,     especialmente    regiões    mediais    e    laterais,    no
    comportamento anti-social. Além do lobo frontal, também têm sido descritas
    reduções do metabolismo em estruturas subcorticais do sistema límbico (Amen
    e colaboradores, 1996), amígdala (Raine e colaboradores, 1997), hipocampo e
    núcleo caudado (Soderstrom e colaboradores, 2002; Revistos por Del-Bem,
    Cristina Marta, 2005).
    Estudos mais recentes, utilizando-se de técnicas de fMRI, também apontam na
    direção do envolvimento de regiões pré-frontais e do sistema límbico no TPAS.
    Kiehl e colaboradores (2001), demonstraram que criminosos psicopatas,
    comparados com criminosos não-psicopatas e controles sãos, apresentavam
    uma    atenuação     da       ativação   do    complexo    amígdala-hipocampo,          giro
    paraipocampal, estriado ventral e giro do cíngulo posterior e anterior durante o
    processamento de palavras de valência negativa (Revisto por Del-Bem,
    Cristina Marta, 2005).
          O comprometimento dos mecanismos envolvidos na aquisição de medo
    condicionado também tem sido implicado na fisiopatogenia do TPAS.
    Utilizando-se de uma tarefa baseada em teorias do condicionamento clássico
    (faces neutras pareadas com odor aversivo), Schneider e colaboradores (2000)
    verificaram que pacientes com TPAS não diferiam de controles saudáveis
    quanto à aquisição de condicionamento, inferido a partir da observação do
    comportamento e medidas subjetivas. No entanto, observou-se que os
    pacientes apresentavam um aumento da intensidade de sinal na amígdala e
    no córtex pré-frontal dorsolateral, indo em direção oposta aos controles. Os
    autores    explicaram     este     resultado    argumentando     que       os   pacientes
    necessitariam de um esforço adicional para o processamento de emoções
    negativas (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
          A possível necessidade de esforço adicional também foi observada em
    pacientes com TPAS e TPB, durante a realização de um paradigma de inibição
    de comportamento estabelecido, denominado Go/No-Go. Ativações de córtex
    dorsolateral e orbitofrontal, especialmente à direita, durante a inibição
    comportamental têm sido consistentemente replicadas em voluntários



6
saudáveis com esse paradigma. Pacientes com TPAS não diferiram de
controles quanto ao desempenho na tarefa, mas apresentaram ativações mais
extensas, envolvendo inclusive hemisfério esquerdo de córtex frontal medial e
inferior, cíngulo anterior e regiões temporais (Vollm e colaboradores, 2004).
Estes resultados foram explicados como uma estratégia compensatória, ou
seja, o sucesso no desempenho da tarefa dependeria do recrutamento de
áreas cerebrais adicionais (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
 Alguns resultados, no entanto, não confirmam a hipótese da necessidade de
esforços compensatórios. Veit e colaboradores (2002), utilizando um
paradigma de condicionamento aversivo bastante semelhante ao descrito
anteriormente (faces pareadas com pressão dolorosa ao invés de odor
aversivo), obtiveram resultados opostos ao previsto pela hipótese. Psicopatas
apresentavam ativações menos pronunciadas e mais breves em córtex
orbitofrontal, ínsula, cíngulo anterior e amígdala, em comparação com
controles saudáveis durante a execução da tarefa (Revisto por Del-Bem,
Cristina Marta, 2005).
 Especificamente no TPAS, vários estudos também têm sugerido a ocorrência
de anormalidades no funcionamento serotonérgico, especialmente no caso de
criminosos violentos. A associação entre redução da função serotonérgica (5-
HT) e comportamento agressivo e impulsivo, tem sido demonstrada tanto em
animais (Cherek e Lane, 1999), como em populações com diagnóstico de
personalidade anti-social (Fairbanks e colaboradores, 2001; Dolan e
colaboradores, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).
        Criminosos anti-sociais e violentos apresentaram níveis plasmáticos
significativamente mais elevados de triptofano livre que controles saudáveis,
sugerindo um distúrbio do metabolismo de triptofano na fisiopatogenia da
sociopatia (Tiihonen e colaboradores, 2001). Este mesmo grupo de
pesquisadores sugeriu, a partir do estudo do caso de um jovem de 15 anos
com diagnóstico de transtorno de conduta, que os níveis elevados de triptofano
poderiam ser um indicador precoce de comportamento criminoso no futuro
(Virkkunen e colaboradores, 2003; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta,



                                                                             7
2005). Outra medida da associação entre prejuízo do funcionamento das vias
    serotonérgicas e comportamento anti-social é a diminuição das concentrações
    do 5-HIAA no LCR de criminosos impulsivos, demonstrada em diferentes
    estudos (Brown e colaboradores, 1982, Soderstrom e colaboradores, 2003;
    Constantino e colaboradores, 1997; Coccaro e colaboradores, 1990; Revistos
    por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).      Os baixos níveis de 5-HIAA no LCR
    sugeririam que o déficit estaria na liberação de serotonina, mas, por outro lado,
    a estimulação direta de receptores pós-sinápticos do tipo 5-HT2, por meio de
    desafios farmacológicos, também mostraram respostas alteradas (Del-Bem,
    Cristina Marta, 2005).
             Recentemente, aplicando o conceito mais amplo de psicopatia e seus
    diferentes componentes combinados com um desafio farmacológico com d-
    fenfluramina em criminosos violentos, Dolan e Anderson (2003), verificaram
    que traços impulsivos de personalidade correlacionavam-se negativamente
    com a função serotonérgica, enquanto traços de arrogância correlacionavam-
    se positivamente, sendo este último dado interpretado como um possível
    componente adaptativo da psicopatia (Revistos por Del-Bem, Cristina Marta,
    2005).
             No tocante ao estudo de populações forenses heterogêneas, como é,
    evidentemente, o caso de "homicidas", considerou-se que instrumentos de
    avaliação de personalidade como o HARE PCL-R18, representam necessidade
    e também importante avanço, na medida em que esse instrumento foi
    desenvolvido, especificamente, para emprego em tais populações (forenses),
    ao contrário de outros, como o MMPI, permitindo efetuar uma "depuração"
    eficaz nesses grupos.
    Uma questão controversa diz respeito à região cerebral onde se localizaram as
    disfunções constatadas em populações violentas. Inicialmente, talvez em
    função do peso da epilepsia de lobo temporal (ELT) e sua correspondente em
    comportamento violento, houve uma tendência a associar violência à disfunção
    dos lobos temporais e sistema límbico (Mark VK e Erwin FR,1970; Revistos por
    JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e



8
colaboradores, 2000). Em 1974, em revisão da literatura, Goldstein concluiu
pela fragilidade dessa relação. Posteriormente, inclusive, foi indicada uma
maior associação entre crime violento e epilepsia generalizada, comparando-
se com a ELT (Volavka J., 1995; Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge
Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). Em fase
posterior, Spellacy, em 1977, e Yeudall, em 1982, preferiram falar em "perfis
neuropsicológicos anormais" ou "comprometimento na função cerebral",
respectivamente, referindo-se assim às alterações detectadas nas populações
violentas que estudaram, evidenciando uma tendência a apontar a presença
de disfunção cerebral difusa em indivíduos violentos (Revistos por JOZEF,
Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores,
2000).
Na década de 90 os estudos tenderam, de forma crescente, a se voltar para o
lobo frontal e hemisfério cerebral esquerdo e para a correlação de suas
disfunções com comportamento violento (JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino
R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000).
         A atividade dos lobos frontais envolve o controle e a regulação do
comportamento, bem como a aptidão para formar e manter um plano de ação
ou, ainda, alterá-lo de forma adequada quando já em execução. Pontius &
Yudowitz, em 1980, postularam que criminosos violentos sofreriam de
comprometimento na capacidade de alterar ações já iniciadas, o que os levaria
a situações de risco no tocante à violência. No estudo que efetuaram com
"adultos jovens criminosos", empregando o Trail Making Test-B (TMT-B),
encontraram indicações de disfunção frontal em 33% dos indivíduos. Volkow &
Tancredi, em 1987, avaliaram a atividade cerebral de quatro "pacientes
psiquiátricos violentos", empregando o PET, TCC e EEG; apontando a
presença de disfunção em córtex frontal em dois e temporal em todos.
Yeudall,1982, referiu sinais de comprometimento em região fronto-temporal
anterior de hemisfério cerebral não-dominante, chamando a atenção para as
marcantes   diferenças   entre   delinqüentes   e   grupo-controle.   Raine   e
colaboradores descreveram, em 1996, a presença de hipometabolismo em



                                                                              9
lobo frontal nos "homicidas insanos" que estudaram com emprego do PET.
     Lishman, 1968, examinando pacientes com história de TCE e lesões cerebrais,
     encontrou   comportamento     criminal   ou   anormalidades    sexuais   apenas
     associados a lesões frontais. Heinrichs, em 1989, examinando pacientes
     neuropsiquiátricos crônicos com comportamento violento, com o emprego de
     TCC, referiu a presença de lesões focais frontais (Revistos por JOZEF, Flavio,
     SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000).
      Blake e colaboradores, em 1995, estudaram 31 homicidas empregando EEG,
     exame neurológico, MRI, TCC e testagem neuropsicológica, relatando a
     presença de disfunção frontal em 64,5% dos indivíduos. Sreenivasan e
     colaboradores, em 1997, estudando pacientes psiquiátricos "violentos de forma
     criminosa", vis a vis não-violentos, com emprego de testagem neuropsicológica
     e do HARE PCL-R, concluíram que se constituíam em importantes preditores
     de recidividade violenta a "insuficiência de freios morais", avaliada pelo PCL-R,
     bem como a "inflexibilidade cognitiva", além de "função espacial inadequada",
     sendo, essas últimas, deficiências neurológicas ligadas à patologia pré-frontal
     (lateral-dorso-frontal) e avaliadas pelo TMT-B, Mosaico e Wisconsin Card
     Sorting Test (Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da,
     GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000).
     Assim, toda uma série recente de estudos tem correlacionado comportamento
     violento grave a alterações neuropsiquiátricas, especialmente no que se refere
     aos lobos frontais e também ao hemisfério cerebral esquerdo.
          Os estudos com populações violentas freqüentemente se ressentem da
     dificuldade em selecionar adequadamente a população violenta, mercê da
     dificuldade em definir o comportamento violento a ser estudado, estabelecendo
     critérios uniformes para toda amostra. Essa é uma importante vantagem do
     estudo de populações de homicidas. Também os instrumentos de avaliação
     psicológica tradicional, de auto-relato, como o MMPI, revelaram-se estéreis
     quando empregados com populações forenses, por não discriminarem entre
     populações sabidamente diversas. Assim, na pesquisa empírica em psiquiatria
     forense, especialmente no estudo de populações violentas, considera-se como



10
recomendável o amplo emprego de instrumentos como o PCL-R, assim como
a testagem neuropsicológica, privilegiando-se o subteste Mosaico (JOZEF,
Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores,
2000).
     Estudos americanos revelaram que prisões prévias, idade precoce, sexo
masculino, indivíduos de minorias raciais, abuso de álcool e drogas, foram
fatores predisponentes à recidiva criminal em pacientes psiquiátricos (DRAINE,
J, SOLOMON, P, MEVERSON, A, 1994; Revistos por MOSCATELLO,
Roberto, 2001).
   Transtornos de personalidade e retardo mental foram os diagnósticos que
seguiram     em   freqüência    nos      que   cometeram   mais   de   um   crime
(MOSCATELLO, Roberto, 2001).
    Muitos profissionais são céticos quanto ao tratamento dos Transtornos de
Personalidade (TP), por considerá-lo prolongado e insatisfatório (CAWTHRA
R, GIBB R, 1998; Revistos por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura
Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004).
         A refratariedade terapêutica dos TP não pode ser deduzida do rótulo
diagnóstico em si, mas da avaliação do conjunto dos fatores da personalidade
e do funcionamento global do indivíduo. A identificação de aspectos
psicopatológicos relacionados com a excitabilidade, o padrão do humor, a
labilidade emocional e a tolerância às frustrações, são importantes na questão
do tratamento, podendo ser acessíveis à abordagem medicamentosa,
psicoterapêutica e à reabilitação psicossocial. O adequado desenvolvimento
dos sentimentos sociais, como capacidade de considerar o outro e consciência
ética, são fatores decisivos para tal.
   O ambulatório especializado em TP no Instituto de Psiquiatria HC-FMUSP
(IPq), teve início em 1999     com o objetivo de tentar intervir precocemente
sobre estes pacientes, buscando a prevenção do comportamento infrator,
comum na história de vida de tais sujeitos. No período de junho de 2002 a
junho de 2003, foram contabilizados 137 pacientes portadores de TP atendidos




                                                                               11
nos ambulatórios do IPq. Deste total de pacientes, 40 (29,19%) foram
     atendidos no ambulatório especializado em TP.
       Observou-se que muitos deles tinham uma longa história de atendimentos e
     internações      psiquiátricas,   sem   melhora       do   comportamento,      além    de
     representarem ônus à família e à sociedade.
      As principais queixas referiam-se à agressividade, hostilidade, impulsividade,
     imediatismo, irresponsabilidade, sugestionabilidade, falta de prospecção,
     instabilidade afetiva e laborativa, tendência a mentir com freqüência, uso de
     drogas (sem dependência), comportamento voluntarioso e insensibilidade ao
     outro. Alguns já haviam praticado crimes contra pessoas, como tentativa de
     homicídio, roubo, estupro e lesão corporal, raramente com conseqüências
     legais, por não terem sido delatados (MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura
     Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004).
       Vários estudos em neuropsicofarmacologia sugerem um substrato biológico
     para   o   TP,     o   que    poderia   ser    amenizado      por       uma   intervenção
     psicofarmacológica (BLOOM, FE, DAVID, MD, KUPFER, J, 2002; Revistos por
     MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane
     Salles, 2004).
        Fez-se opção pela gabapentina, devido ao seu provável efeito inibitório na
     neurotransmissão cerebral, reduzindo a hiper-excitabilidade psíquica, distinta
     daquela vista no Transtorno do Humor (HERRANZ JL, 2003; Revisto por
     MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane
     Salles, 2004).
     O diagnóstico foi firmado através dos critérios internacionais (CID-10; DSM-IV)
     e, em alguns casos, utilizando-se de instrumentos de avaliação da
     personalidade      (Prova    de    Rorschach      e    PCL-R).      A    intervenção   foi
     psicoterapêutica e medicamentosa (SILVEIRA, A, 1985 e MORANA, H, 2004;
     Revistos por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO,
     Claudiane Salles, 2004).
       Foram tratados 29 pacientes (8 com TP anti-social; 13 tipo impulsivo; 7 tipo
     histriônica e 1 tipo narcisista), na dose máxima de 1.200 mg/dia de



12
gabapentina, isoladamente ou em concomitância com outras drogas
(neurolépticos, estabilizadores do humor e benzodiazepínicos). Em 23 (79,9%)
constatou-se, através de relatos dos próprios pacientes e de seus
responsáveis, melhora do quadro inicial após 6 semanas de tratamento, com
diminuição da agressividade, da impulsividade, do comportamento anti-social e
do abuso de drogas. Houve, também, melhora da capacidade de concentração
e prospecção, e maior interesse por atividades produtivas (MORANA, Hilda C
P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004).
  O Transtorno de Personalidade Borderline ocorre em 2 a 3% da população
geral, e é de longe o transtorno de personalidade mais comum. Entre os
pacientes psiquiátricos estima-se que ocorra em 11% das populações não
hospitalizadas, 19% das populações hospitalizadas e 27 a 63% das
populações clínicas com transtorno de personalidade (GUNDERSON, JG e
PHILLIPS, KA, 1999; Revistos por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de,
FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).
     O termo borderline foi inicialmente usado para identificar pacientes que
evocavam fortes reações de contratransferência em seus terapeutas e que
pareciam regredir na ausência das estruturas externas que eles tentavam
evitar. Foram descritos pela primeira vez por Stern ( Kernberg, 1995), que os
identificou no exercício da psicoterapia, e posteriormente por Robert Knight,
que os identificou em pacientes hospitalizados. O interesse nesses pacientes
aumentou no final da década de 60, quando Kernberg e James Masterson,
sugeriram que eles podiam ser curados por psicoterapia intensiva de longo
prazo ou tratamento hospitalar. O aumento do empenho terapêutico foi
acompanhado por pesquisas de fenomenologia, cujo pioneiro foi Roy Grinker,
seguido de John Gunderson, as quais permitiram a identificação de
características discriminantes. Estas características tornaram-se critérios
diagnósticos após um grande estudo realizado por Robert Spitzer e seus
colegas, e que demonstrou sua ampla aplicabilidade a pacientes na prática
psiquiátrica. As teorias modernas sobre o constructo, falam de fatores
genéticos inespecíficos, mas, talvez mais específicos, sejam os problemas do



                                                                          13
desenvolvimento associados com negligência emocional e, freqüentemente,
     abuso na infância.
       Os pacientes com transtorno borderline de personalidade, são severamente
     disfuncionais. Seu quadro clínico está intimamente ligado ao contexto
     interpessoal no qual eles são observados. A maioria dos aspectos observáveis
     do transtorno,é altamente sensível ao estresse da realidade externa e
     interpessoal. Por exemplo, do contexto de uma relação de apoio (ou dentro de
     um ambiente de suporte estruturado), os aspectos de sedução, carência e
     distimia são evidentes. Contudo, a percepção da perda iminente de tal relação
     ou estrutura, pode provocar raiva súbita, acusações depreciativas ou
     paranóides e atos autodestrutivos a provocar respostas protetoras. Na
     ausência de um relacionamento, episódios dissociativos, abuso de substâncias
     e comportamento impulsivo, desesperado, pode ocorrer.
         A psicoterapia individual de longo prazo pode ser útil para pacientes com
     transtorno de personalidade borderline, mas a maioria das psicoterapias é
     interrompida tempestuosa e impulsivamente. A psicoterapia de curto prazo
     pode ser útil para manejar crises ou para introduzir formas de terapia de longo
     prazo. A psicanálise algumas vezes pode ser contra-indicada, porque os
     pacientes regridem facilmente em resposta à sua falta de estrutura. Uma
     ampla variedade de tratamentos coadjuvantes é freqüentemente necessária
     para manter e aumentar os benefícios da terapia individual. Hospitalizações
     intermitentes, em geral breves, são comuns.
      O tratamento farmacológico é variado e seus efeitos são inconsistentes e, às
     vezes, modestos e deve ser considerada a probabilidade de abuso e efeitos
     colaterais, devendo se ter cautela em sua prescrição.
     Para atender às diversas demandas do paciente com Transtorno Borderline de
     Personalidade, o qual apresenta alterações em diversas áreas de suas vidas,
     faz-se necessário estabelecer uma abordagem terapêutica que contemple as
     diversas dimensões desses sujeitos. Aqui, enfoca-se o conceito de
     integralidade. Este seria o fundamento epistemológico refletido em uma prática
     interdisciplinar.



14
A interdisciplina nasce na década de 70 como resposta aos vários problemas
surgidos da legitimação do capitalismo. Na época, discutia-se a divisão entre
teoria e prática e o pouco conteúdo social que subsidiava os currículos
universitários. Por estas e outras exigências da situação, que acabou
mobilizando principalmente os estudantes universitários que lançaram mão de
posições anticapitalistas, as instituições acadêmicas tradicionais deram certo
lugar a essa demanda, absorvendo seu potencial crítico de forma a, muito
sutilmente, transformar seu significado. Deste momento em diante, houve
algumas mudanças tanto na estrutura quanto no modo de funcionamento das
Universidades européias e após também na América Latina.
       A interdisciplina seguiu se caracterizando como recurso importante no
planejamento de estratégias. Desse modo, chegou-se à hipótese de que a
interdisciplina poderia superar as excessivas e tradicionais especializações.
Levando em consideração o que é exposto na literatura científica sobre o
Transtorno de Personalidade Borderline, o Programa de Atendimento a
Portadores de Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável do Tipo
Limítrofe do Ambulatório Melanie Klein, localizado no Hospital Psiquiátrio São
Pedro, busca desenvolver uma abordagem terapêutica mais ampla com base
na interdisciplinaridade e na integralidade da atenção ao sujeito (DAL'PIZOL,
Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores,
2003). Este programa constitui-se em torno de quatro eixos, que poderiam ser
assim descritos:
1 – psicoterapia individual de orientação analítica;
2 – grupoterapia de orientação analítica;
3 – tratamento farmacológico;
4 – intervenções sociais.
  A concomitância da terapia individual e de grupo constitui a chamada terapia
combinada. Segundo Porter, "seu valor único reside na capacidade que tem de
coordenar as propriedades terapêuticas da psicoterapia individual e da
psicoterapia de grupo" (PORTER, K, 1996; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana,
LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).



                                                                                15
A psicoterapia individual permite a exploração intrapsíquica profunda e a
     discussão de segredos. Nesta modalidade de tratamento são reativadas as
     relações objetais primitivas, permitindo a integração dos aspectos dissociados
     da personalidade (TRIVIÑOS, ANS, 1987; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana,
     LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).
      A grupoterapia permite a exploração das transferências múltiplas, a resolução
     das resistências interpessoais, proporciona novos modelos de identificação e
     apoio ao ego, bem como fornece um "laboratório" para a vivência de novos
     comportamentos. Para pacientes com este transtorno, "a terapia grupal limita a
     raiva, administra a atuação e impede o abandono prematuro da terapia"
     (PORTER, K, 1996; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de,
     FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).
     O tratamento farmacológico para esse transtorno ainda não está bem definido.
     Ele geralmente tem, como principal objetivo, controlar as manifestações
     clínicas (sintomáticas) , buscando o controle da impulsividade e da
     agressividade e estabilização do humor (DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane
     Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).
     A intervenção social constitui-se de uma estratégia essencial no tratamento do
     paciente Borderline. Segundo Gabbard, intervenções familiares podem ser
     necessárias para que o tratamento tenha sucesso, sendo o primeiro passo a
     identificação do papel das interações familiares na patogênese e manutenção
     da sintomatologia do paciente. Todavia, identificamos a necessidade de
     compreender as interações do paciente Borderline em outros espaços sociais
     como escola, trabalho, comunidade entre outros. Neste sentido, o interventor
     social tem como propósito ajudar familiares, colegas e amigos a lidarem com
     as dificuldades do paciente durante o processo terapêutico, bem como ajudar
     na construção de uma rede social de apoio ao sujeito (GABBARD, GO, 1998;
     Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia
     Medeiros e colaboradores, 2003).
      Mas, será que um sujeito com transtorno borderline de personalidade poderia
     ser beneficiado com a PDB? Fiorini (1999) considera que a psicoterapia breve



16
oferece, embora em grau variável, uma oportunidade de beneficiar
praticamente todos os pacientes que procuram ajuda psicológica (Revisto por
CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001).
 A PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE, no entanto, não pode ser considerada
uma psicanálise abreviada, já que as suas características configuram-lhe uma
estrutura própria (Azevedo, 1983). É uma técnica psicoterápica ativa, de
objetivos e tempo limitados, com a aplicação consciente e planejada de
conceitos psicanalíticos, dentro de uma abordagem flexível e individualizada
(Azevedo, 1985; Revisto por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice
Salvador B. de, 2001).
         Winston e cols. (1994) conduziram uma pesquisa sobre a eficácia da
psicoterapia breve com sujeitos portadores de transtornos de personalidade,
incluindo pacientes borderline, utilizando duas modalidades de atendimento.
Os resultados demonstraram que os pacientes de ambos os grupos
apresentaram melhora significativa em relação aos sujeitos do grupo controle,
que permaneceram na lista de espera sem psicoterapia. Além disso, o
seguimento feito um ano e meio depois revelou que as melhoras persistiam
(Revistos por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de,
2001).
  No Brasil, Romaro (2000) conduziu uma pesquisa com pacientes borderline,
obtendo uma boa resposta dos mesmos à PDB. O resultado revelou uma
melhora adaptativa por parte dos pacientes, constatada, também, no
seguimento realizado seis meses depois (Revisto por CUNHA, Paulo Jannuzzi,
AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001).
Na abordagem psicanalítica, a personalidade estrutura-se em três instâncias: o
id, o ego e o superego. O id busca gratificação dos impulsos a fim de manter o
organismo livre de tensão. O ego é a instância intermediária entre o id e o
mundo externo, que protege o indivíduo dos riscos a que se expõe devido às
tensões entre exigências do id e da realidade. O superego, estrutura mais
relevante para o entendimento da pró-sociabilidade, funciona como o árbitro da
conduta moral e dos valores internalizados do indivíduo, os quais refletem os



                                                                           17
padrões e normas da sociedade. O superego alcança um momento
     significativo em seu desenvolvimento, aos cinco ou seis anos de idade, quando
     se dá a resolução do Complexo de Édipo. Quando isto ocorre, a criança
     identifica-se com o pai ou a mãe, dependendo de seu gênero, e incorpora ou
     internaliza alguns dos complexos padrões de atitudes, traços, motivações,
     normas morais, valores e proibições que regem seus comportamentos. O
     superego contém dois sub-sistemas, o ego ideal e a consciência. O ego ideal
     representa os padrões morais e ideais, enquanto que a consciência julga e
     regula o comportamento do indivíduo, pune transgressões mediante a culpa e
     redireciona a gratificação das pulsões que possam violar os códigos morais
     internalizados pela criança (Freud, 1930/1953; Revisto por KOLLER, Sílvia
     Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
      Segundo a teoria psicanalítica clássica, portanto, o comportamento humano é
     instigado amplamente pela auto-gratificação. As pulsões e a culpa são os
     principais determinantes do pensamento e do comportamento, incluindo-se aí
     a consciência social, o senso de justiça e as ações morais. De modo
     divergente, outros teóricos psicanalistas centralizam no ego, mais do que nas
     pulsões, o desenvolvimento da personalidade e da moralidade (Breger, 1973;
     Flugel, 1945; Setlage, 1972). Esses psicólogos do ego, como são
     denominados, rejeitam a noção de que o comportamento moral e os valores
     representam, apenas, a internalização dos aspectos parentais na infância.
     Enfatizam que a identificação e o desenvolvimento moral são processos
     criativos que ocorrem também na adolescência e na fase adulta. Embora a
     criança identifique-se, primariamente, com seu pai ou com sua mãe, também o
     faz com outros modelos relevantes ao longo da vida. As identificações
     permitem mudanças na orientação moral, nos valores e nas atitudes dos
     indivíduos que são acompanhadas pelo amadurecimento da estrutura egóica
     (Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
      O desenvolvimento moral pró-social do indivíduo diz respeito ao processo de
     aquisição e mudança dos julgamentos e comportamentos de ajuda ou
     benefício dirigidos a outros indivíduos ou grupos. São ações e/ou julgamentos



18
voluntários e definidos em termos de suas conseqüências positivas. A
motivação básica da pró-sociabilidade consiste em beneficiar o outro, sem
influências ou pressões externas ou, ainda, sem expectativas de prêmios ou
recompensas materiais ou sociais. A pró-sociabilidade pode manifestar-se por
meio de intenções, ações ou expressão verbal do raciocínio sobre um dilema
moral (Eisenberg, 1982, 1992, Eisenberg & Miller, 1987, Staub, 1978; Revistos
por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
    Em contraste com a teoria psicanalítica, na qual os aspectos internos da
personalidade são predominantes, a abordagem comportamental enfatiza as
respostas manifestas do indivíduo no desenvolvimento pró-social. A teoria
comportamental tradicional afirma que o comportamento pró-social é
aprendido como qualquer comportamento, por meio de imitação de modelos,
reforçamento e aprendizagem por observação (Branco, 1984, Radke-Yarrow,
Zahn-Waxler, & Chapman, 1983; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e
BERNARDES, Nara M. G., 1997).
 Segundo Skinner (1971), não é em virtude de um sentimento pertencer a um
grupo, que um indivíduo age visando o bem dos outros, ou se recusa a fazê-lo
devido a sentimentos de alienação. Seu comportamento depende do controle
exercido pelo ambiente social (Revisto por KOLLER, Sílvia Helena e
BERNARDES, Nara M. G., 1997).
       Bandura (1977, 1986) revisou aspectos da teoria de comportamental
tradicional e atribuiu à cognição uma posição fundamental neste processo:
intenções e auto-avaliação promovem a auto-regulação do comportamento.
Por meio de representações cognitivas, os indivíduos podem antecipar as
conseqüências    de   seus   comportamentos     e   modificar   suas   ações,
estabelecendo objetivos e se auto-avaliando. De acordo com a teoria sócio-
cognitiva de Bandura, as crianças adquirem regras e padrões internos por
meio da imitação de modelos e da compreensão das explicações dos agentes
socializadores sobre a moralidade e seu significado social. A auto-regulação
do comportamento dos indivíduos, realizada de acordo com regras e padrões
internalizados, consiste na principal influência ao desenvolvimento da



                                                                           19
moralidade. Em suma, o desenvolvimento moral pró-social é visto como
     produto da interação entre forças sociais e capacidades cognitivas dos
     indivíduos (Revisto por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G.,
     1997).
      Os conhecimentos sobre o desenvolvimento moral pró-social não se esgotam
     nessas teorias psicológicas. Em 1975, Wilson, em seu livro Sociobiologia,
     apresentou um novo campo científico dedicado a estudos sistemáticos das
     bases biológicas do comportamento social e descreveu numerosas ações
     desempenhadas por animais que poderiam ser consideradas pró-sociais. Tais
     animais apresentavam ações de auto-sacrifício, colocando-se em risco e
     dividindo seus alimentos com outros. As ações que garantiam a sobrevivência
     daqueles que compartilham seus gens foram denominados por Wilson (1975,
     1978) de ações de seleção de parentesco. Quando estas ações ocorriam com
     não-parentes, Wilson denominou-as de ações de altruísmo recíproco, porque o
     benfeitor ocuparia a posição de receptor de um ato altruístico em algum
     momento futuro. A teoria sociobiológica postula que a sobrevivência da
     espécie baseia-se na transmissão de gens altruístas de uma geração para a
     outra. Assim, mediante ações pró-sociais a espécie transmitiria geneticamente
     os seus gens altruístas intergeracionalmente. Comparando animais com seres
     humanos, Wilson (1975) concluiu que estes últimos também devem possuir
     uma base de transmissão genética e um potencial biológico para desempenhar
     atos     pró-sociais.   Os   comportamentos   pró-sociais   são   favoráveis   à
     sobrevivência da sociedade e da espécie, e não apenas do organismo
     individual. Diferentemente dos animais, o desenvolvimento pró-social humano
     tem por base também à evolução sócio-cultural. Wilson (1975) reconheceu a
     importância da cultura que tende a preservar os comportamentos pró-sociais
     como padrão avançado de manutenção da vida social, sob a forma velada ou
     explícita de normas, valores e princípios. Os trabalhos de Wilson foram
     introduzidos na Psicologia por Campbell (1975), que chamou a atenção para
     as contribuições da Sociobiologia aos estudos psicológicos, salientando o
     papel do convívio social na transmissão do altruísmo, além da evolução



20
meramente genética (Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES,
Nara M. G., 1997).
    Atualmente, no estudo da pró-sociabilidade destaca-se a contribuição de
Nancy Eisenberg, que desenvolveu um modelo teórico e uma metodologia de
avaliação desse aspecto da moralidade. Os estudiosos do desenvolvimento
moral até a proposição de Eisenberg (1979a, 1979b), vinham se dedicando a
investigar, principalmente, o julgamento e o comportamento de transgressão.
Agressão, desonestidade, incapacidade de resistir à tentação e outros
comportamentos considerados socialmente indesejáveis eram o principal foco
da atenção dos teóricos da moralidade. Comportamentos positivos e pró-
sociais foram relativamente ignorados. O modelo teórico de desenvolvimento
moral pró-social de Eisenberg-Berg (1979a) modificou essa situação,
produzindo um novo enfoque no estudo da moralidade. Esse modelo teve
como base empírica entrevistas que incluem questões sobre dilemas morais
concernentes a ações pró-sociais e conflitos entre os desejos de dois
indivíduos - o potencial benfeitor e o potencial receptor de ajuda (Revistos por
KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
   Alguns fatores, como a biologia, a cultura, a socialização, a educação, os
processos cognitivos, a responsividade emocional e as condições situacionais,
também contribuem para o desenvolvimento pró-social. A ação de tais fatores
resulta em peculiaridades individuais e é considerado fundamental para a
expressão e desenvolvimento de julgamentos morais pró-sociais. Estes fatores
apresentam-se de forma interdependente, interagindo e influenciando o
desenvolvimento de maneira complexa:
- Fatores Biológicos: foram apontados principalmente pela teoria sociobiológica
e dizem respeito às bases genéticas do agir pró-social. Bases que são dadas
ao indivíduo que vai ser educado e socializado em uma dada cultura. Em
muitas espécies animais, seus membros prontamente arriscam suas vidas
para defender e para preservar outros membros da família, particularmente os
seus próprios descendentes. Além da base genética, a influência cultural é




                                                                             21
muito importante na expressão dos comportamentos pró-sociais (KOLLER,
     Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
      Lumsden e Wilson (1981) acreditam que os fatores genéticos e culturais não
     podem ser separados totalmente, porque eles são interdependentes. A
     herança genética pode ser entendida como um potencial para aquisição de
     uma ampla variedade de comportamentos sociais e de características de
     personalidade. As situações sociais determinam a ativação de capacidades
     cognitivas, como no processo da informação recebida e na associação delas
     às experiências aprendidas, para utilizar parte do potencial hereditário
     recebido.   Além   disto,   as diferenças   individuais   nos   comportamentos
     adaptativos de cooperação são, em larga escala, produto da evolução social
     da espécie e da aprendizagem social (Eisenberg & Mussen, 1989; Revistos por
     KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
       - Fatores Culturais, Educacionais e Sociais: A cultura na qual uma criança é
     educada exerce forte influência na sua disposição para cooperar, competir e
     assumir atitudes pró-sociais. Para entender essas influências são necessárias
     descrições acuradas das estratégias de socialização às quais esta criança foi
     exposta (Kagan & Knight, 1981). Vários estudos foram realizados com o
     objetivo de verificar a influência da educação no desenvolvimento pró-social de
     crianças. Tais estudos concluíram que a base cultural dos indivíduos pode
     promover ou inibir tal desenvolvimento. Por exemplo, crianças que vivem em
     contextos sócio-culturais, nos quais a responsabilidade de ajudar os outros é
     atribuição rotineira das pessoas, são mais pró-sociais e cooperativas do que
     crianças que vivem em contextos sócio-culturais nos quais isto não acontece
     (Bronfenbrenner, 1970; Roesch, Carlo, Knight, Koller, & Santos, em revisão;
     Mussen & Eisenberg-Berg, 1977; Radke-Yarrow, Zahn-Waxler, & Chapman,
     1983; Whiting & Whiting, 1973, 1975; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e
     BERNARDES, Nara M. G., 1997).
     Moore e Eisenberg (1984) acreditam que as crianças parecem alcançar níveis
     de comportamento pró-social e cooperativo mais altos se são educados em
     culturas nas quais os agentes socializadores afirmam a necessidade de que a



22
opinião dos outros (individualmente ou em grupo) seja tomada em
  consideração. Crianças pequenas mostram-se mais pró-sociais em contextos
  culturais nos quais elas assumam responsabilidades que são importantes para
  o funcionamento do grupo. Por exemplo, crianças de cidades rurais
  tradicionais são mais cooperativas e pró-sociais, tanto em relação aos
  familiares quanto com pessoas desconhecidas do que crianças de cidades
  industriais (Whiting & Whiting, 1975; Whiting & Edwards, 1988; Revistos por
  KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
      A literatura mostra evidências de que a cultura exerce forte influência no
  desenvolvimento pró-social de crianças por meio da apresentação de modelos
  (Moore & Eisenberg, 1984). Crianças que tiveram modelos generosos são
  mais generosas do que crianças que não os tiveram (Branco, 1983; Grusec &
  Skubiski, 1970; Moore & Eisenberg, 1984; Yarrow, Scott, & Waxler, 1973).
  Bandura (1977) afirma que os modelos podem ensinar novos comportamentos
  positivos para crianças, desinibí-las e encorajá-las a exibir comportamentos
  pró-sociais que estas já possuem em seu repertório (Revistos por KOLLER,
  Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
    A pró-sociabilidade pode embasar a Psicologia no auxílio de uma sociedade
  mais humana, menos violenta, com políticas sociais justas, que valorizem os
  indivíduos (KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).
2. OBJETIVO
       Estudar os transtornos de comportamento anti-social, identificando suas
  causas, visando à aplicação da terapia adequada à reestruturação do sujeito.
3. JUSTIFICATIVA
  O Homem é um ser social cujas inter-relações e intra-relação, produzem para
  ele e para o meio, novos significados, novos contextos. Porém, para que suas
  ações possam promover o bem-estar social, necessário se faz que estejam
  baseadas em valores éticos.
        O estudo dos transtornos de comportamento anti-social, suas causas,
  conseqüências e tratamento, constitui importante mecanismo para que se
  estabeleça uma sociedade essencialmente humana.



                                                                             23
4. METODOLOGIA
             O trabalho foi realizado com base em revisão bibliográfica das várias
      abordagens sobre os transtornos de comportamento, e as formas adequadas
      de intervir no sujeito.
     5. RESULTADOS
       5.1 DA ABORDAGEM SOBRE A NEUROBIOLOGIA DO TRANSTORNO DE
         PERSONALIDADE ANTISSOCIAL
         Este estudo através de neuroimagem, aponta o envolvimento de estruturas
      cerebrais frontais na ocorrência de comportamento anti-social, associado a
      prejuízos na função serotonérgica.
       5.2 DA ABORDAGEM SOBRE ATIVAÇÃO DO CÓRTEX FRONTOPOLAR E
         TEMPORAL ANTERIOR EM UMA TAREFA DE JULGAMENTO MORAL:
          RESULTADOS PRELIMINARES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
          FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS NORMAIS
       Chega-se à conclusão que os pólos frontais e o córtex temporal anterior direito
      têm papel crítico na regulação do comportamento social.
     5.3 DA ABORDAGEM SOBRE A RECIDIVA CRIMINAL
          Chega-se à conclusão que os portadores de Transtorno de Personalidade
      tendem a recidivas e a cometerem mais crimes contra o patrimônio.
                5.4 DA ABORDAGEM SOBRE O USO DE GABAPENTINA NOS
         TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO B-DSM-IV
               Intervenção psicofarmacológica, com o uso da Gabapentina, em 29
      portadores de Transtorno da Personalidade (TP), no ambulatório especializado
      em “TP” do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas e Faculdade de
      Medicina da Universidade de São Paulo, sendo constatado melhora do quadro
      em 23 pacientes, após 6 semanas de tratamento.




24
5.5 DA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DO
 TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE: RELATO DA
 EXPERIÊNCIA NO AMBULATÓRIO MELAINIE KLEIN DO HOSPITAL
 PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO
   O estudo propõe um atendimento interdisciplinar integrado aos portadores de
   Transtorno de Personalidade Borderline, através da psicoterapia individual
   de     orientação    analítica,   grupoterapia   de    orientação    analítica,
   psicofarmacoterapia e intervenções sociais, que englobam o paciente em
   seus diversos contextos.
        5.6 DA ABORDAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO PRÓ-SOCIAL: O
    MODELO TEÓRICO DE EISENBERG
        O estudo faz uma revisão crítica da literatura na área do desenvolvimento
    moral pró-social, apresentando os fatores psicológicos que podem ser
    concebidos como determinantes da pró-sociabilidade.
6. CONCLUSÕES
     É através do respeito e análise crítica da subjetividade do próximo, que é
 possível entender os seus conflitos e os fatores que provocam o desequilíbrio.
 Empatia na relação, colocando-se no lugar do outro para melhor entendê-lo,
 olhar atento às influências do meio como modeladores de comportamentos,
 inserções dentro do discurso do próximo, fazendo com que ele se torne
 consciente das suas demandas, enfim, saber ouvir e fazer-se ouvir, são
 práticas que tornam mais amigáveis as relações, gerando melhor qualidade de
 vida e valores éticos, que serão as bases para a formação do cidadão, cuja
 subjetividade buscará sempre a harmonia com o meio.
   Dessa forma, é no meio que ele encontra as condições para a satisfação dos
 seus desejos, num processo dinâmico em busca do equilíbrio, ou de uma
 razoável sensação de felicidade.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Social. Revista de Psiquiatria. Volume 35. Páginas 27-36. Ano 2005.




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Transtornos de comportamento antissocial

  • 1. UNIVERSIDADE XXXXXXXXXXXXXXX CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS CURSO DE PSICOLOGIA TEMA: TRANSTORNOS DE COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL ALUNO: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX ORIENTADORA: XXXXXXXXXXXXXXXXX 1. INTRODUÇÃO O transtorno de personalidade anti-social (TPAS) é um diagnóstico operacional proposto pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV, APA, 1994), com a finalidade de melhorar sua confiabilidade diagnóstica por meio da definição de comportamentos observáveis e da personalidade subjacente inferida. O desenvolvimento do Psychopathy Check List Revised (PCL-R; Hare, 1991) foi um passo importante para a identificação de características-chave do TPAS. A análise fatorial dos itens do PCL-R sugere a ocorrência de dois grupos principais de sintomas. Os itens agrupados no fator I refletem as anormalidades de relacionamentos interpessoais, incluindo falta de empatia e de sentimentos de culpa e outros comportamentos relacionados, como mentir, trapacear e manipular. Os itens componentes do fator II referem-se à dificuldade em adaptar-se às normas sociais e à impulsividade (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Uma característica essencial do TPAS é a impulsividade, que poderia ser definida como uma tendência para escolhas de comportamentos que são arriscados, mal adaptados, pobremente planejados e prematuramente executados (Evenden, 1999; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A impulsividade pode se expressar de diferentes maneiras, que vão desde a incapacidade de planejar o futuro, com o favorecimento de escolhas que proporcionem satisfação imediata e sem levar em conta as conseqüências 1
  • 2. para si e para os outros, até a ocorrência de comportamento violento ou agressivo (Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Com relação ao comportamento agressivo freqüentemente observado em pacientes com TPAS, tem sido proposta uma distinção em duas categorias, baseadas na sua forma de apresentação. A agressividade poderia ser classificada como afetiva versus predatória (Raine e colaboradores, 1998; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005), ou reativa versus operativa (Blair e colaboradores, 2001; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A agressividade afetiva ou reativa se manifestaria em resposta a eventos ou situações que provocassem sentimentos de frustração, raiva ou medo no indivíduo. Já a agressividade operativa ou predatória seria planejada e executada de maneira calculada para se atingir um objetivo claramente específico. A justificativa para a diferenciação do comportamento agressivo em duas categorias é a hipótese de que essas manifestações comportamentais seriam processadas por substratos neurais distintos (Raine e colaboradores, 1998; Blair e colaboradores, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Os estudos epidemiológicos mostram que o TPAS é comum, com 2% a 3% de risco durante a vida, causando sofrimento social significativo, como desagregação familiar, criminalidade e violência (Robins e colaboradores, 1991; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Como seria de se esperar, a prevalência é significativamente maior em instituições destinadas a infratores que em estudos à comunidade. Cerca de metade dos prisioneiros nos EUA preenche os critérios do DSM-IV para TPAS (Singleton e colaboradores, 1998; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005), e a prevalência entre pacientes de hospital psiquiátrico de segurança máxima ficaria em torno de 40% (Coid e Cordess, 1992; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A comorbidade com outros transtornos de personalidade, especialmente o transtorno de personalidade borderline (TPB), é bastante comum. A apresentação clínica do TPB, baseada em critérios diagnósticos politéticos (DSM-IV, APA, 1994) é bastante heterogênea, mas as suas dimensões 2
  • 3. centrais seriam refletidas por três fatores: dificuldades de relacionamento interpessoal, instabilidade afetiva ou emocional e impulsividade (Clarkin e colaboradores, 1993; Sanislow e colaboradores, 2000; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A falta de controle de impulso é um componente compartilhado pelos dois transtornos de personalidade em questão, o que pode dificultar ainda mais o diagnóstico diferencial (Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Sabe-se pouco a respeito das causas do TPAS, mas seria ingenuidade negligenciar a influência de fatores psicossociais no desenvolvimento de comportamento anti-social. A ocorrência de eventos estressores nos primeiros anos de vida, como conflitos entre os pais, abuso físico ou sexual e institucionalização, tem sido associada ao TPAS (O'Connell, 1998; Cadoret, 1991; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Em uma revisão a respeito dos fatores de risco para o desenvolvimento de transtorno de conduta ou de personalidade anti-social, Homes e colaboradores (2001), concluem que nenhum fator isolado pode ser identificado como agente causal de TPAS, mas alguns específicos, quando combinados, poderiam predispor ao desenvolvimento de comportamento anti-social na vida adulta. Entre eles, estariam incluídos: predisposição genética, exposição intra-uterina a álcool e drogas, exposição durante a infância à violência, negligência e cuidados parentais inconsistentes e dificuldades de aprendizagem e desempenho escolar insatisfatório (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Desde o famoso caso de Phineas Gage, lesões do lobo frontal têm sido associadas ao desenvolvimento de comportamento anti-social impulsivo. Este caso é ilustrativo a ponto de justificar uma breve descrição da sua apresentação clínica: Phineas Gage trabalhava na construção de estradas de ferro nos Estados Unidos, em meados do século XIX. Era descrito como equilibrado, meticuloso e persistente quanto aos seus objetivos, além de profissional responsável e habilidoso. Em um acidente nas explosões de rotina para abertura de túneis nas rochas da região, Phineas Gage foi atingido por uma barra de ferro que transpassou seu cérebro, entrando pela face esquerda, 3
  • 4. abaixo da órbita, e saindo pelo topo da cabeça. Surpreendentemente, Phineas Gage permaneceu consciente após o acidente, sobreviveu às esperadas infecções no seu ferimento e dois meses após o acidente estava recuperado, sem déficits motores e com linguagem e memória preservadas. A sua personalidade, no entanto, havia se modificado completamente. Phineas Gage transformou-se em uma pessoa impaciente, com baixo limiar à frustração, desrespeitoso com as outras pessoas, incapaz de adequar-se às normais sociais e de planejar o futuro. Não conseguiu estabelecer vínculos afetivos e sociais duradouros novamente ou fixar-se em empregos (Damásio, 1994; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A partir do infortúnio de Phineas Gage, relatos de casos e estudos retrospectivos de veteranos de guerra vêm mostrando a associação entre lesões pré-frontais - mais especificamente lesões nas porções ventromediais do córtex frontal - e a observação clínica de comportamento impulsivo, agressividade, jocosidade e inadequação social (Brower e Price, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). "Sociopatia adquirida" é o termo que tem sido freqüentemente utilizado para descrever a mudança de personalidade observada em decorrência de danos cerebrais em regiões pré-frontais. Esses dados levaram à sugestão de que um comprometimento do funcionamento do lobo frontal ventromedial poderia contribuir para problemas relacionados ao controle de impulso e personalidade anti-social (Damásio, 2000; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A variedade de déficits neuropsicológicos descritos em anti-sociais (Morgan e Lilienfeld, 2000), estaria em consonância com esta hipótese (Revistos por Del- Bem, Cristina Marta, 2005). Os estudos de neuroimagem estrutural com ressonância nuclear magnética apontam alterações volumétricas do lobo frontal no TPAS. Comparando pacientes com diagnóstico de TPAS com controles não clínicos, pacientes com dependência de substâncias psicoativas e pacientes com outros diagnósticos psiquiátricos, Raine e colaboradores (2000), verificaram que os pacientes com TPAS apresentavam uma redução do volume da matéria cinzenta pré-frontal e que esta redução correlacionava-se com uma diminuição da resposta 4
  • 5. autonômica a um evento estressor provocado experimentalmente – no caso, a realização de um discurso ( Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A amígdala é outra estrutura que estudos volumétricos tem implicado na fisiopatogenia do TPAS. Tiihonen e colaboradores (2001), verificaram que o volume da amígdala correlacionou-se negativamente com os escores do PCL- R em criminosos violentos. Também foi descrita uma associação entre escores elevados no PCL-R e reduções bilaterais do volume de hipocampo posterior em criminosos violentos (Laasko et al., 2001). Esses últimos resultados devem ser tomados com cuidado, por se tratarem de amostra pequena, com comorbidade com dependência ao álcool e sem grupo-controle (Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Há ainda indícios do envolvimento de outras estruturas cerebrais na ocorrência de TPAS. Em um estudo publicado mais recentemente, verificou-se que pacientes anti-sociais, comparados com controles saudáveis, apresentavam várias anormalidades no corpo caloso, o que poderia ser considerado como sugestivo de alterações no neurodesenvolvimento (Raine e colaboradores, 2003; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Os avanços em técnicas de neuroimagem funcional, como tomografia por emissão de pósitrons (PET), tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) e ressonância magnética funcional (fMRI), permitiram que as relações entre região cerebral e diagnóstico específico e/ou processos mentais específicos fossem exploradas de maneira mais minuciosa (Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Os estudos com PET (Goyer e colaboradores, 1994; Wong e colaboradores, 1997; Raine e colaboradores, 1994; 1998) e SPECT (Amen e colaboradores, 1996), também indicam o envolvimento de córtex pré-frontal no comportamento anti-social, com vários estudos demonstrando redução do metabolismo em regiões frontais (Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Em artigo de revisão considerando os artigos publicados de 1966 a 2000, Bassarath (2001), concluiu que estudos funcionais realizados até aquele momento (PET e SPECT), permitiam classificar como "robusto" o envolvimento 5
  • 6. do córtex pré-frontal, especialmente regiões mediais e laterais, no comportamento anti-social. Além do lobo frontal, também têm sido descritas reduções do metabolismo em estruturas subcorticais do sistema límbico (Amen e colaboradores, 1996), amígdala (Raine e colaboradores, 1997), hipocampo e núcleo caudado (Soderstrom e colaboradores, 2002; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Estudos mais recentes, utilizando-se de técnicas de fMRI, também apontam na direção do envolvimento de regiões pré-frontais e do sistema límbico no TPAS. Kiehl e colaboradores (2001), demonstraram que criminosos psicopatas, comparados com criminosos não-psicopatas e controles sãos, apresentavam uma atenuação da ativação do complexo amígdala-hipocampo, giro paraipocampal, estriado ventral e giro do cíngulo posterior e anterior durante o processamento de palavras de valência negativa (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). O comprometimento dos mecanismos envolvidos na aquisição de medo condicionado também tem sido implicado na fisiopatogenia do TPAS. Utilizando-se de uma tarefa baseada em teorias do condicionamento clássico (faces neutras pareadas com odor aversivo), Schneider e colaboradores (2000) verificaram que pacientes com TPAS não diferiam de controles saudáveis quanto à aquisição de condicionamento, inferido a partir da observação do comportamento e medidas subjetivas. No entanto, observou-se que os pacientes apresentavam um aumento da intensidade de sinal na amígdala e no córtex pré-frontal dorsolateral, indo em direção oposta aos controles. Os autores explicaram este resultado argumentando que os pacientes necessitariam de um esforço adicional para o processamento de emoções negativas (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A possível necessidade de esforço adicional também foi observada em pacientes com TPAS e TPB, durante a realização de um paradigma de inibição de comportamento estabelecido, denominado Go/No-Go. Ativações de córtex dorsolateral e orbitofrontal, especialmente à direita, durante a inibição comportamental têm sido consistentemente replicadas em voluntários 6
  • 7. saudáveis com esse paradigma. Pacientes com TPAS não diferiram de controles quanto ao desempenho na tarefa, mas apresentaram ativações mais extensas, envolvendo inclusive hemisfério esquerdo de córtex frontal medial e inferior, cíngulo anterior e regiões temporais (Vollm e colaboradores, 2004). Estes resultados foram explicados como uma estratégia compensatória, ou seja, o sucesso no desempenho da tarefa dependeria do recrutamento de áreas cerebrais adicionais (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Alguns resultados, no entanto, não confirmam a hipótese da necessidade de esforços compensatórios. Veit e colaboradores (2002), utilizando um paradigma de condicionamento aversivo bastante semelhante ao descrito anteriormente (faces pareadas com pressão dolorosa ao invés de odor aversivo), obtiveram resultados opostos ao previsto pela hipótese. Psicopatas apresentavam ativações menos pronunciadas e mais breves em córtex orbitofrontal, ínsula, cíngulo anterior e amígdala, em comparação com controles saudáveis durante a execução da tarefa (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Especificamente no TPAS, vários estudos também têm sugerido a ocorrência de anormalidades no funcionamento serotonérgico, especialmente no caso de criminosos violentos. A associação entre redução da função serotonérgica (5- HT) e comportamento agressivo e impulsivo, tem sido demonstrada tanto em animais (Cherek e Lane, 1999), como em populações com diagnóstico de personalidade anti-social (Fairbanks e colaboradores, 2001; Dolan e colaboradores, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Criminosos anti-sociais e violentos apresentaram níveis plasmáticos significativamente mais elevados de triptofano livre que controles saudáveis, sugerindo um distúrbio do metabolismo de triptofano na fisiopatogenia da sociopatia (Tiihonen e colaboradores, 2001). Este mesmo grupo de pesquisadores sugeriu, a partir do estudo do caso de um jovem de 15 anos com diagnóstico de transtorno de conduta, que os níveis elevados de triptofano poderiam ser um indicador precoce de comportamento criminoso no futuro (Virkkunen e colaboradores, 2003; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 7
  • 8. 2005). Outra medida da associação entre prejuízo do funcionamento das vias serotonérgicas e comportamento anti-social é a diminuição das concentrações do 5-HIAA no LCR de criminosos impulsivos, demonstrada em diferentes estudos (Brown e colaboradores, 1982, Soderstrom e colaboradores, 2003; Constantino e colaboradores, 1997; Coccaro e colaboradores, 1990; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Os baixos níveis de 5-HIAA no LCR sugeririam que o déficit estaria na liberação de serotonina, mas, por outro lado, a estimulação direta de receptores pós-sinápticos do tipo 5-HT2, por meio de desafios farmacológicos, também mostraram respostas alteradas (Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Recentemente, aplicando o conceito mais amplo de psicopatia e seus diferentes componentes combinados com um desafio farmacológico com d- fenfluramina em criminosos violentos, Dolan e Anderson (2003), verificaram que traços impulsivos de personalidade correlacionavam-se negativamente com a função serotonérgica, enquanto traços de arrogância correlacionavam- se positivamente, sendo este último dado interpretado como um possível componente adaptativo da psicopatia (Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). No tocante ao estudo de populações forenses heterogêneas, como é, evidentemente, o caso de "homicidas", considerou-se que instrumentos de avaliação de personalidade como o HARE PCL-R18, representam necessidade e também importante avanço, na medida em que esse instrumento foi desenvolvido, especificamente, para emprego em tais populações (forenses), ao contrário de outros, como o MMPI, permitindo efetuar uma "depuração" eficaz nesses grupos. Uma questão controversa diz respeito à região cerebral onde se localizaram as disfunções constatadas em populações violentas. Inicialmente, talvez em função do peso da epilepsia de lobo temporal (ELT) e sua correspondente em comportamento violento, houve uma tendência a associar violência à disfunção dos lobos temporais e sistema límbico (Mark VK e Erwin FR,1970; Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e 8
  • 9. colaboradores, 2000). Em 1974, em revisão da literatura, Goldstein concluiu pela fragilidade dessa relação. Posteriormente, inclusive, foi indicada uma maior associação entre crime violento e epilepsia generalizada, comparando- se com a ELT (Volavka J., 1995; Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). Em fase posterior, Spellacy, em 1977, e Yeudall, em 1982, preferiram falar em "perfis neuropsicológicos anormais" ou "comprometimento na função cerebral", respectivamente, referindo-se assim às alterações detectadas nas populações violentas que estudaram, evidenciando uma tendência a apontar a presença de disfunção cerebral difusa em indivíduos violentos (Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). Na década de 90 os estudos tenderam, de forma crescente, a se voltar para o lobo frontal e hemisfério cerebral esquerdo e para a correlação de suas disfunções com comportamento violento (JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). A atividade dos lobos frontais envolve o controle e a regulação do comportamento, bem como a aptidão para formar e manter um plano de ação ou, ainda, alterá-lo de forma adequada quando já em execução. Pontius & Yudowitz, em 1980, postularam que criminosos violentos sofreriam de comprometimento na capacidade de alterar ações já iniciadas, o que os levaria a situações de risco no tocante à violência. No estudo que efetuaram com "adultos jovens criminosos", empregando o Trail Making Test-B (TMT-B), encontraram indicações de disfunção frontal em 33% dos indivíduos. Volkow & Tancredi, em 1987, avaliaram a atividade cerebral de quatro "pacientes psiquiátricos violentos", empregando o PET, TCC e EEG; apontando a presença de disfunção em córtex frontal em dois e temporal em todos. Yeudall,1982, referiu sinais de comprometimento em região fronto-temporal anterior de hemisfério cerebral não-dominante, chamando a atenção para as marcantes diferenças entre delinqüentes e grupo-controle. Raine e colaboradores descreveram, em 1996, a presença de hipometabolismo em 9
  • 10. lobo frontal nos "homicidas insanos" que estudaram com emprego do PET. Lishman, 1968, examinando pacientes com história de TCE e lesões cerebrais, encontrou comportamento criminal ou anormalidades sexuais apenas associados a lesões frontais. Heinrichs, em 1989, examinando pacientes neuropsiquiátricos crônicos com comportamento violento, com o emprego de TCC, referiu a presença de lesões focais frontais (Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). Blake e colaboradores, em 1995, estudaram 31 homicidas empregando EEG, exame neurológico, MRI, TCC e testagem neuropsicológica, relatando a presença de disfunção frontal em 64,5% dos indivíduos. Sreenivasan e colaboradores, em 1997, estudando pacientes psiquiátricos "violentos de forma criminosa", vis a vis não-violentos, com emprego de testagem neuropsicológica e do HARE PCL-R, concluíram que se constituíam em importantes preditores de recidividade violenta a "insuficiência de freios morais", avaliada pelo PCL-R, bem como a "inflexibilidade cognitiva", além de "função espacial inadequada", sendo, essas últimas, deficiências neurológicas ligadas à patologia pré-frontal (lateral-dorso-frontal) e avaliadas pelo TMT-B, Mosaico e Wisconsin Card Sorting Test (Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). Assim, toda uma série recente de estudos tem correlacionado comportamento violento grave a alterações neuropsiquiátricas, especialmente no que se refere aos lobos frontais e também ao hemisfério cerebral esquerdo. Os estudos com populações violentas freqüentemente se ressentem da dificuldade em selecionar adequadamente a população violenta, mercê da dificuldade em definir o comportamento violento a ser estudado, estabelecendo critérios uniformes para toda amostra. Essa é uma importante vantagem do estudo de populações de homicidas. Também os instrumentos de avaliação psicológica tradicional, de auto-relato, como o MMPI, revelaram-se estéreis quando empregados com populações forenses, por não discriminarem entre populações sabidamente diversas. Assim, na pesquisa empírica em psiquiatria forense, especialmente no estudo de populações violentas, considera-se como 10
  • 11. recomendável o amplo emprego de instrumentos como o PCL-R, assim como a testagem neuropsicológica, privilegiando-se o subteste Mosaico (JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). Estudos americanos revelaram que prisões prévias, idade precoce, sexo masculino, indivíduos de minorias raciais, abuso de álcool e drogas, foram fatores predisponentes à recidiva criminal em pacientes psiquiátricos (DRAINE, J, SOLOMON, P, MEVERSON, A, 1994; Revistos por MOSCATELLO, Roberto, 2001). Transtornos de personalidade e retardo mental foram os diagnósticos que seguiram em freqüência nos que cometeram mais de um crime (MOSCATELLO, Roberto, 2001). Muitos profissionais são céticos quanto ao tratamento dos Transtornos de Personalidade (TP), por considerá-lo prolongado e insatisfatório (CAWTHRA R, GIBB R, 1998; Revistos por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004). A refratariedade terapêutica dos TP não pode ser deduzida do rótulo diagnóstico em si, mas da avaliação do conjunto dos fatores da personalidade e do funcionamento global do indivíduo. A identificação de aspectos psicopatológicos relacionados com a excitabilidade, o padrão do humor, a labilidade emocional e a tolerância às frustrações, são importantes na questão do tratamento, podendo ser acessíveis à abordagem medicamentosa, psicoterapêutica e à reabilitação psicossocial. O adequado desenvolvimento dos sentimentos sociais, como capacidade de considerar o outro e consciência ética, são fatores decisivos para tal. O ambulatório especializado em TP no Instituto de Psiquiatria HC-FMUSP (IPq), teve início em 1999 com o objetivo de tentar intervir precocemente sobre estes pacientes, buscando a prevenção do comportamento infrator, comum na história de vida de tais sujeitos. No período de junho de 2002 a junho de 2003, foram contabilizados 137 pacientes portadores de TP atendidos 11
  • 12. nos ambulatórios do IPq. Deste total de pacientes, 40 (29,19%) foram atendidos no ambulatório especializado em TP. Observou-se que muitos deles tinham uma longa história de atendimentos e internações psiquiátricas, sem melhora do comportamento, além de representarem ônus à família e à sociedade. As principais queixas referiam-se à agressividade, hostilidade, impulsividade, imediatismo, irresponsabilidade, sugestionabilidade, falta de prospecção, instabilidade afetiva e laborativa, tendência a mentir com freqüência, uso de drogas (sem dependência), comportamento voluntarioso e insensibilidade ao outro. Alguns já haviam praticado crimes contra pessoas, como tentativa de homicídio, roubo, estupro e lesão corporal, raramente com conseqüências legais, por não terem sido delatados (MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004). Vários estudos em neuropsicofarmacologia sugerem um substrato biológico para o TP, o que poderia ser amenizado por uma intervenção psicofarmacológica (BLOOM, FE, DAVID, MD, KUPFER, J, 2002; Revistos por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004). Fez-se opção pela gabapentina, devido ao seu provável efeito inibitório na neurotransmissão cerebral, reduzindo a hiper-excitabilidade psíquica, distinta daquela vista no Transtorno do Humor (HERRANZ JL, 2003; Revisto por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004). O diagnóstico foi firmado através dos critérios internacionais (CID-10; DSM-IV) e, em alguns casos, utilizando-se de instrumentos de avaliação da personalidade (Prova de Rorschach e PCL-R). A intervenção foi psicoterapêutica e medicamentosa (SILVEIRA, A, 1985 e MORANA, H, 2004; Revistos por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004). Foram tratados 29 pacientes (8 com TP anti-social; 13 tipo impulsivo; 7 tipo histriônica e 1 tipo narcisista), na dose máxima de 1.200 mg/dia de 12
  • 13. gabapentina, isoladamente ou em concomitância com outras drogas (neurolépticos, estabilizadores do humor e benzodiazepínicos). Em 23 (79,9%) constatou-se, através de relatos dos próprios pacientes e de seus responsáveis, melhora do quadro inicial após 6 semanas de tratamento, com diminuição da agressividade, da impulsividade, do comportamento anti-social e do abuso de drogas. Houve, também, melhora da capacidade de concentração e prospecção, e maior interesse por atividades produtivas (MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004). O Transtorno de Personalidade Borderline ocorre em 2 a 3% da população geral, e é de longe o transtorno de personalidade mais comum. Entre os pacientes psiquiátricos estima-se que ocorra em 11% das populações não hospitalizadas, 19% das populações hospitalizadas e 27 a 63% das populações clínicas com transtorno de personalidade (GUNDERSON, JG e PHILLIPS, KA, 1999; Revistos por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003). O termo borderline foi inicialmente usado para identificar pacientes que evocavam fortes reações de contratransferência em seus terapeutas e que pareciam regredir na ausência das estruturas externas que eles tentavam evitar. Foram descritos pela primeira vez por Stern ( Kernberg, 1995), que os identificou no exercício da psicoterapia, e posteriormente por Robert Knight, que os identificou em pacientes hospitalizados. O interesse nesses pacientes aumentou no final da década de 60, quando Kernberg e James Masterson, sugeriram que eles podiam ser curados por psicoterapia intensiva de longo prazo ou tratamento hospitalar. O aumento do empenho terapêutico foi acompanhado por pesquisas de fenomenologia, cujo pioneiro foi Roy Grinker, seguido de John Gunderson, as quais permitiram a identificação de características discriminantes. Estas características tornaram-se critérios diagnósticos após um grande estudo realizado por Robert Spitzer e seus colegas, e que demonstrou sua ampla aplicabilidade a pacientes na prática psiquiátrica. As teorias modernas sobre o constructo, falam de fatores genéticos inespecíficos, mas, talvez mais específicos, sejam os problemas do 13
  • 14. desenvolvimento associados com negligência emocional e, freqüentemente, abuso na infância. Os pacientes com transtorno borderline de personalidade, são severamente disfuncionais. Seu quadro clínico está intimamente ligado ao contexto interpessoal no qual eles são observados. A maioria dos aspectos observáveis do transtorno,é altamente sensível ao estresse da realidade externa e interpessoal. Por exemplo, do contexto de uma relação de apoio (ou dentro de um ambiente de suporte estruturado), os aspectos de sedução, carência e distimia são evidentes. Contudo, a percepção da perda iminente de tal relação ou estrutura, pode provocar raiva súbita, acusações depreciativas ou paranóides e atos autodestrutivos a provocar respostas protetoras. Na ausência de um relacionamento, episódios dissociativos, abuso de substâncias e comportamento impulsivo, desesperado, pode ocorrer. A psicoterapia individual de longo prazo pode ser útil para pacientes com transtorno de personalidade borderline, mas a maioria das psicoterapias é interrompida tempestuosa e impulsivamente. A psicoterapia de curto prazo pode ser útil para manejar crises ou para introduzir formas de terapia de longo prazo. A psicanálise algumas vezes pode ser contra-indicada, porque os pacientes regridem facilmente em resposta à sua falta de estrutura. Uma ampla variedade de tratamentos coadjuvantes é freqüentemente necessária para manter e aumentar os benefícios da terapia individual. Hospitalizações intermitentes, em geral breves, são comuns. O tratamento farmacológico é variado e seus efeitos são inconsistentes e, às vezes, modestos e deve ser considerada a probabilidade de abuso e efeitos colaterais, devendo se ter cautela em sua prescrição. Para atender às diversas demandas do paciente com Transtorno Borderline de Personalidade, o qual apresenta alterações em diversas áreas de suas vidas, faz-se necessário estabelecer uma abordagem terapêutica que contemple as diversas dimensões desses sujeitos. Aqui, enfoca-se o conceito de integralidade. Este seria o fundamento epistemológico refletido em uma prática interdisciplinar. 14
  • 15. A interdisciplina nasce na década de 70 como resposta aos vários problemas surgidos da legitimação do capitalismo. Na época, discutia-se a divisão entre teoria e prática e o pouco conteúdo social que subsidiava os currículos universitários. Por estas e outras exigências da situação, que acabou mobilizando principalmente os estudantes universitários que lançaram mão de posições anticapitalistas, as instituições acadêmicas tradicionais deram certo lugar a essa demanda, absorvendo seu potencial crítico de forma a, muito sutilmente, transformar seu significado. Deste momento em diante, houve algumas mudanças tanto na estrutura quanto no modo de funcionamento das Universidades européias e após também na América Latina. A interdisciplina seguiu se caracterizando como recurso importante no planejamento de estratégias. Desse modo, chegou-se à hipótese de que a interdisciplina poderia superar as excessivas e tradicionais especializações. Levando em consideração o que é exposto na literatura científica sobre o Transtorno de Personalidade Borderline, o Programa de Atendimento a Portadores de Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável do Tipo Limítrofe do Ambulatório Melanie Klein, localizado no Hospital Psiquiátrio São Pedro, busca desenvolver uma abordagem terapêutica mais ampla com base na interdisciplinaridade e na integralidade da atenção ao sujeito (DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003). Este programa constitui-se em torno de quatro eixos, que poderiam ser assim descritos: 1 – psicoterapia individual de orientação analítica; 2 – grupoterapia de orientação analítica; 3 – tratamento farmacológico; 4 – intervenções sociais. A concomitância da terapia individual e de grupo constitui a chamada terapia combinada. Segundo Porter, "seu valor único reside na capacidade que tem de coordenar as propriedades terapêuticas da psicoterapia individual e da psicoterapia de grupo" (PORTER, K, 1996; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003). 15
  • 16. A psicoterapia individual permite a exploração intrapsíquica profunda e a discussão de segredos. Nesta modalidade de tratamento são reativadas as relações objetais primitivas, permitindo a integração dos aspectos dissociados da personalidade (TRIVIÑOS, ANS, 1987; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003). A grupoterapia permite a exploração das transferências múltiplas, a resolução das resistências interpessoais, proporciona novos modelos de identificação e apoio ao ego, bem como fornece um "laboratório" para a vivência de novos comportamentos. Para pacientes com este transtorno, "a terapia grupal limita a raiva, administra a atuação e impede o abandono prematuro da terapia" (PORTER, K, 1996; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003). O tratamento farmacológico para esse transtorno ainda não está bem definido. Ele geralmente tem, como principal objetivo, controlar as manifestações clínicas (sintomáticas) , buscando o controle da impulsividade e da agressividade e estabilização do humor (DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003). A intervenção social constitui-se de uma estratégia essencial no tratamento do paciente Borderline. Segundo Gabbard, intervenções familiares podem ser necessárias para que o tratamento tenha sucesso, sendo o primeiro passo a identificação do papel das interações familiares na patogênese e manutenção da sintomatologia do paciente. Todavia, identificamos a necessidade de compreender as interações do paciente Borderline em outros espaços sociais como escola, trabalho, comunidade entre outros. Neste sentido, o interventor social tem como propósito ajudar familiares, colegas e amigos a lidarem com as dificuldades do paciente durante o processo terapêutico, bem como ajudar na construção de uma rede social de apoio ao sujeito (GABBARD, GO, 1998; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003). Mas, será que um sujeito com transtorno borderline de personalidade poderia ser beneficiado com a PDB? Fiorini (1999) considera que a psicoterapia breve 16
  • 17. oferece, embora em grau variável, uma oportunidade de beneficiar praticamente todos os pacientes que procuram ajuda psicológica (Revisto por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001). A PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE, no entanto, não pode ser considerada uma psicanálise abreviada, já que as suas características configuram-lhe uma estrutura própria (Azevedo, 1983). É uma técnica psicoterápica ativa, de objetivos e tempo limitados, com a aplicação consciente e planejada de conceitos psicanalíticos, dentro de uma abordagem flexível e individualizada (Azevedo, 1985; Revisto por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001). Winston e cols. (1994) conduziram uma pesquisa sobre a eficácia da psicoterapia breve com sujeitos portadores de transtornos de personalidade, incluindo pacientes borderline, utilizando duas modalidades de atendimento. Os resultados demonstraram que os pacientes de ambos os grupos apresentaram melhora significativa em relação aos sujeitos do grupo controle, que permaneceram na lista de espera sem psicoterapia. Além disso, o seguimento feito um ano e meio depois revelou que as melhoras persistiam (Revistos por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001). No Brasil, Romaro (2000) conduziu uma pesquisa com pacientes borderline, obtendo uma boa resposta dos mesmos à PDB. O resultado revelou uma melhora adaptativa por parte dos pacientes, constatada, também, no seguimento realizado seis meses depois (Revisto por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001). Na abordagem psicanalítica, a personalidade estrutura-se em três instâncias: o id, o ego e o superego. O id busca gratificação dos impulsos a fim de manter o organismo livre de tensão. O ego é a instância intermediária entre o id e o mundo externo, que protege o indivíduo dos riscos a que se expõe devido às tensões entre exigências do id e da realidade. O superego, estrutura mais relevante para o entendimento da pró-sociabilidade, funciona como o árbitro da conduta moral e dos valores internalizados do indivíduo, os quais refletem os 17
  • 18. padrões e normas da sociedade. O superego alcança um momento significativo em seu desenvolvimento, aos cinco ou seis anos de idade, quando se dá a resolução do Complexo de Édipo. Quando isto ocorre, a criança identifica-se com o pai ou a mãe, dependendo de seu gênero, e incorpora ou internaliza alguns dos complexos padrões de atitudes, traços, motivações, normas morais, valores e proibições que regem seus comportamentos. O superego contém dois sub-sistemas, o ego ideal e a consciência. O ego ideal representa os padrões morais e ideais, enquanto que a consciência julga e regula o comportamento do indivíduo, pune transgressões mediante a culpa e redireciona a gratificação das pulsões que possam violar os códigos morais internalizados pela criança (Freud, 1930/1953; Revisto por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Segundo a teoria psicanalítica clássica, portanto, o comportamento humano é instigado amplamente pela auto-gratificação. As pulsões e a culpa são os principais determinantes do pensamento e do comportamento, incluindo-se aí a consciência social, o senso de justiça e as ações morais. De modo divergente, outros teóricos psicanalistas centralizam no ego, mais do que nas pulsões, o desenvolvimento da personalidade e da moralidade (Breger, 1973; Flugel, 1945; Setlage, 1972). Esses psicólogos do ego, como são denominados, rejeitam a noção de que o comportamento moral e os valores representam, apenas, a internalização dos aspectos parentais na infância. Enfatizam que a identificação e o desenvolvimento moral são processos criativos que ocorrem também na adolescência e na fase adulta. Embora a criança identifique-se, primariamente, com seu pai ou com sua mãe, também o faz com outros modelos relevantes ao longo da vida. As identificações permitem mudanças na orientação moral, nos valores e nas atitudes dos indivíduos que são acompanhadas pelo amadurecimento da estrutura egóica (Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). O desenvolvimento moral pró-social do indivíduo diz respeito ao processo de aquisição e mudança dos julgamentos e comportamentos de ajuda ou benefício dirigidos a outros indivíduos ou grupos. São ações e/ou julgamentos 18
  • 19. voluntários e definidos em termos de suas conseqüências positivas. A motivação básica da pró-sociabilidade consiste em beneficiar o outro, sem influências ou pressões externas ou, ainda, sem expectativas de prêmios ou recompensas materiais ou sociais. A pró-sociabilidade pode manifestar-se por meio de intenções, ações ou expressão verbal do raciocínio sobre um dilema moral (Eisenberg, 1982, 1992, Eisenberg & Miller, 1987, Staub, 1978; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Em contraste com a teoria psicanalítica, na qual os aspectos internos da personalidade são predominantes, a abordagem comportamental enfatiza as respostas manifestas do indivíduo no desenvolvimento pró-social. A teoria comportamental tradicional afirma que o comportamento pró-social é aprendido como qualquer comportamento, por meio de imitação de modelos, reforçamento e aprendizagem por observação (Branco, 1984, Radke-Yarrow, Zahn-Waxler, & Chapman, 1983; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Segundo Skinner (1971), não é em virtude de um sentimento pertencer a um grupo, que um indivíduo age visando o bem dos outros, ou se recusa a fazê-lo devido a sentimentos de alienação. Seu comportamento depende do controle exercido pelo ambiente social (Revisto por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Bandura (1977, 1986) revisou aspectos da teoria de comportamental tradicional e atribuiu à cognição uma posição fundamental neste processo: intenções e auto-avaliação promovem a auto-regulação do comportamento. Por meio de representações cognitivas, os indivíduos podem antecipar as conseqüências de seus comportamentos e modificar suas ações, estabelecendo objetivos e se auto-avaliando. De acordo com a teoria sócio- cognitiva de Bandura, as crianças adquirem regras e padrões internos por meio da imitação de modelos e da compreensão das explicações dos agentes socializadores sobre a moralidade e seu significado social. A auto-regulação do comportamento dos indivíduos, realizada de acordo com regras e padrões internalizados, consiste na principal influência ao desenvolvimento da 19
  • 20. moralidade. Em suma, o desenvolvimento moral pró-social é visto como produto da interação entre forças sociais e capacidades cognitivas dos indivíduos (Revisto por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Os conhecimentos sobre o desenvolvimento moral pró-social não se esgotam nessas teorias psicológicas. Em 1975, Wilson, em seu livro Sociobiologia, apresentou um novo campo científico dedicado a estudos sistemáticos das bases biológicas do comportamento social e descreveu numerosas ações desempenhadas por animais que poderiam ser consideradas pró-sociais. Tais animais apresentavam ações de auto-sacrifício, colocando-se em risco e dividindo seus alimentos com outros. As ações que garantiam a sobrevivência daqueles que compartilham seus gens foram denominados por Wilson (1975, 1978) de ações de seleção de parentesco. Quando estas ações ocorriam com não-parentes, Wilson denominou-as de ações de altruísmo recíproco, porque o benfeitor ocuparia a posição de receptor de um ato altruístico em algum momento futuro. A teoria sociobiológica postula que a sobrevivência da espécie baseia-se na transmissão de gens altruístas de uma geração para a outra. Assim, mediante ações pró-sociais a espécie transmitiria geneticamente os seus gens altruístas intergeracionalmente. Comparando animais com seres humanos, Wilson (1975) concluiu que estes últimos também devem possuir uma base de transmissão genética e um potencial biológico para desempenhar atos pró-sociais. Os comportamentos pró-sociais são favoráveis à sobrevivência da sociedade e da espécie, e não apenas do organismo individual. Diferentemente dos animais, o desenvolvimento pró-social humano tem por base também à evolução sócio-cultural. Wilson (1975) reconheceu a importância da cultura que tende a preservar os comportamentos pró-sociais como padrão avançado de manutenção da vida social, sob a forma velada ou explícita de normas, valores e princípios. Os trabalhos de Wilson foram introduzidos na Psicologia por Campbell (1975), que chamou a atenção para as contribuições da Sociobiologia aos estudos psicológicos, salientando o papel do convívio social na transmissão do altruísmo, além da evolução 20
  • 21. meramente genética (Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Atualmente, no estudo da pró-sociabilidade destaca-se a contribuição de Nancy Eisenberg, que desenvolveu um modelo teórico e uma metodologia de avaliação desse aspecto da moralidade. Os estudiosos do desenvolvimento moral até a proposição de Eisenberg (1979a, 1979b), vinham se dedicando a investigar, principalmente, o julgamento e o comportamento de transgressão. Agressão, desonestidade, incapacidade de resistir à tentação e outros comportamentos considerados socialmente indesejáveis eram o principal foco da atenção dos teóricos da moralidade. Comportamentos positivos e pró- sociais foram relativamente ignorados. O modelo teórico de desenvolvimento moral pró-social de Eisenberg-Berg (1979a) modificou essa situação, produzindo um novo enfoque no estudo da moralidade. Esse modelo teve como base empírica entrevistas que incluem questões sobre dilemas morais concernentes a ações pró-sociais e conflitos entre os desejos de dois indivíduos - o potencial benfeitor e o potencial receptor de ajuda (Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Alguns fatores, como a biologia, a cultura, a socialização, a educação, os processos cognitivos, a responsividade emocional e as condições situacionais, também contribuem para o desenvolvimento pró-social. A ação de tais fatores resulta em peculiaridades individuais e é considerado fundamental para a expressão e desenvolvimento de julgamentos morais pró-sociais. Estes fatores apresentam-se de forma interdependente, interagindo e influenciando o desenvolvimento de maneira complexa: - Fatores Biológicos: foram apontados principalmente pela teoria sociobiológica e dizem respeito às bases genéticas do agir pró-social. Bases que são dadas ao indivíduo que vai ser educado e socializado em uma dada cultura. Em muitas espécies animais, seus membros prontamente arriscam suas vidas para defender e para preservar outros membros da família, particularmente os seus próprios descendentes. Além da base genética, a influência cultural é 21
  • 22. muito importante na expressão dos comportamentos pró-sociais (KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Lumsden e Wilson (1981) acreditam que os fatores genéticos e culturais não podem ser separados totalmente, porque eles são interdependentes. A herança genética pode ser entendida como um potencial para aquisição de uma ampla variedade de comportamentos sociais e de características de personalidade. As situações sociais determinam a ativação de capacidades cognitivas, como no processo da informação recebida e na associação delas às experiências aprendidas, para utilizar parte do potencial hereditário recebido. Além disto, as diferenças individuais nos comportamentos adaptativos de cooperação são, em larga escala, produto da evolução social da espécie e da aprendizagem social (Eisenberg & Mussen, 1989; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). - Fatores Culturais, Educacionais e Sociais: A cultura na qual uma criança é educada exerce forte influência na sua disposição para cooperar, competir e assumir atitudes pró-sociais. Para entender essas influências são necessárias descrições acuradas das estratégias de socialização às quais esta criança foi exposta (Kagan & Knight, 1981). Vários estudos foram realizados com o objetivo de verificar a influência da educação no desenvolvimento pró-social de crianças. Tais estudos concluíram que a base cultural dos indivíduos pode promover ou inibir tal desenvolvimento. Por exemplo, crianças que vivem em contextos sócio-culturais, nos quais a responsabilidade de ajudar os outros é atribuição rotineira das pessoas, são mais pró-sociais e cooperativas do que crianças que vivem em contextos sócio-culturais nos quais isto não acontece (Bronfenbrenner, 1970; Roesch, Carlo, Knight, Koller, & Santos, em revisão; Mussen & Eisenberg-Berg, 1977; Radke-Yarrow, Zahn-Waxler, & Chapman, 1983; Whiting & Whiting, 1973, 1975; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). Moore e Eisenberg (1984) acreditam que as crianças parecem alcançar níveis de comportamento pró-social e cooperativo mais altos se são educados em culturas nas quais os agentes socializadores afirmam a necessidade de que a 22
  • 23. opinião dos outros (individualmente ou em grupo) seja tomada em consideração. Crianças pequenas mostram-se mais pró-sociais em contextos culturais nos quais elas assumam responsabilidades que são importantes para o funcionamento do grupo. Por exemplo, crianças de cidades rurais tradicionais são mais cooperativas e pró-sociais, tanto em relação aos familiares quanto com pessoas desconhecidas do que crianças de cidades industriais (Whiting & Whiting, 1975; Whiting & Edwards, 1988; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). A literatura mostra evidências de que a cultura exerce forte influência no desenvolvimento pró-social de crianças por meio da apresentação de modelos (Moore & Eisenberg, 1984). Crianças que tiveram modelos generosos são mais generosas do que crianças que não os tiveram (Branco, 1983; Grusec & Skubiski, 1970; Moore & Eisenberg, 1984; Yarrow, Scott, & Waxler, 1973). Bandura (1977) afirma que os modelos podem ensinar novos comportamentos positivos para crianças, desinibí-las e encorajá-las a exibir comportamentos pró-sociais que estas já possuem em seu repertório (Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). A pró-sociabilidade pode embasar a Psicologia no auxílio de uma sociedade mais humana, menos violenta, com políticas sociais justas, que valorizem os indivíduos (KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997). 2. OBJETIVO Estudar os transtornos de comportamento anti-social, identificando suas causas, visando à aplicação da terapia adequada à reestruturação do sujeito. 3. JUSTIFICATIVA O Homem é um ser social cujas inter-relações e intra-relação, produzem para ele e para o meio, novos significados, novos contextos. Porém, para que suas ações possam promover o bem-estar social, necessário se faz que estejam baseadas em valores éticos. O estudo dos transtornos de comportamento anti-social, suas causas, conseqüências e tratamento, constitui importante mecanismo para que se estabeleça uma sociedade essencialmente humana. 23
  • 24. 4. METODOLOGIA O trabalho foi realizado com base em revisão bibliográfica das várias abordagens sobre os transtornos de comportamento, e as formas adequadas de intervir no sujeito. 5. RESULTADOS 5.1 DA ABORDAGEM SOBRE A NEUROBIOLOGIA DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL Este estudo através de neuroimagem, aponta o envolvimento de estruturas cerebrais frontais na ocorrência de comportamento anti-social, associado a prejuízos na função serotonérgica. 5.2 DA ABORDAGEM SOBRE ATIVAÇÃO DO CÓRTEX FRONTOPOLAR E TEMPORAL ANTERIOR EM UMA TAREFA DE JULGAMENTO MORAL: RESULTADOS PRELIMINARES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS NORMAIS Chega-se à conclusão que os pólos frontais e o córtex temporal anterior direito têm papel crítico na regulação do comportamento social. 5.3 DA ABORDAGEM SOBRE A RECIDIVA CRIMINAL Chega-se à conclusão que os portadores de Transtorno de Personalidade tendem a recidivas e a cometerem mais crimes contra o patrimônio. 5.4 DA ABORDAGEM SOBRE O USO DE GABAPENTINA NOS TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO B-DSM-IV Intervenção psicofarmacológica, com o uso da Gabapentina, em 29 portadores de Transtorno da Personalidade (TP), no ambulatório especializado em “TP” do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo constatado melhora do quadro em 23 pacientes, após 6 semanas de tratamento. 24
  • 25. 5.5 DA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE: RELATO DA EXPERIÊNCIA NO AMBULATÓRIO MELAINIE KLEIN DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO O estudo propõe um atendimento interdisciplinar integrado aos portadores de Transtorno de Personalidade Borderline, através da psicoterapia individual de orientação analítica, grupoterapia de orientação analítica, psicofarmacoterapia e intervenções sociais, que englobam o paciente em seus diversos contextos. 5.6 DA ABORDAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO PRÓ-SOCIAL: O MODELO TEÓRICO DE EISENBERG O estudo faz uma revisão crítica da literatura na área do desenvolvimento moral pró-social, apresentando os fatores psicológicos que podem ser concebidos como determinantes da pró-sociabilidade. 6. CONCLUSÕES É através do respeito e análise crítica da subjetividade do próximo, que é possível entender os seus conflitos e os fatores que provocam o desequilíbrio. Empatia na relação, colocando-se no lugar do outro para melhor entendê-lo, olhar atento às influências do meio como modeladores de comportamentos, inserções dentro do discurso do próximo, fazendo com que ele se torne consciente das suas demandas, enfim, saber ouvir e fazer-se ouvir, são práticas que tornam mais amigáveis as relações, gerando melhor qualidade de vida e valores éticos, que serão as bases para a formação do cidadão, cuja subjetividade buscará sempre a harmonia com o meio. Dessa forma, é no meio que ele encontra as condições para a satisfação dos seus desejos, num processo dinâmico em busca do equilíbrio, ou de uma razoável sensação de felicidade. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Del-Bem, Cristina Marta. Neurobiologia do Transtorno de Personalidade Anti- Social. Revista de Psiquiatria. Volume 35. Páginas 27-36. Ano 2005. 25
  • 26. 2. Morana H. Identificação do ponto de corte para a escala PCL-R (Psychopathy Checklist Revised) em população forense brasileira: caracterização de dois subtipos da personalidade; transtorno global e parcial. Doctorate thesis submitted to the University of São Paulo. São Paulo, SP; 2004. 3. MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles. Uso da Gabapentina nos Transtornos da Personalidade do Grupo B- DSM-IV. Revista Brasileira de Psiquiatria. Páginas 136-137. Ano 2004. 4. VOLLM, B. et al. - Neurobiological substrates of antisocial and borderline personality disorder: preliminary results of a functional fMRI study. Crim Behav Ment Health 14(1):39-54, 2004. 5. DALPIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de e colaboradores. Tratamento Multidisciplinar da Personalidade Borderline. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. Páginas 42-51. Ano 2003. 6. DOLAN, M.C.; ANDERSON, I.M. - The relationship between serotonergic function and the Psychopathy Checklist: Screening Version. J Psychopharmacol 7(2):216-22, 2003. 7. Herranz JL. Gabapentin: its mechanisms of action in the year 2003. 8. RAINE, A. et al. - Corpus callosum abnormalities in psychopathic antisocial individuals. Arch Gen Psychiatry 60(11):1134-42, 2003. 9. SODERSTROM, H. et al. - Reduced frontotemporal perfusion in psychopathic personality. Psychiatry Res 114(2):81-94, 2003. 10. VIRKKUNEN, M. et al. - Total plasma l-tryptophan, free l-tryptophan and competing amino acid levels in a homicidal male adolescent with conduct disorder. Acta Psychiatr Scand 08(3):244-6, 2003. 11. Bloom FE, David MD, Kupfer J. Psychopharmacology: the fourth generation of progress. Am Coll Neuropsychopharmacol v.30. p. 2002. Available at: http://www.acnp.org/g4/GN401000152/Default.htm. Access in May 2002. 12. SODERSTROM, H. et al. - CSF studies in violent offenders. I. 5-HIAA as a negative and HVA as a positive predictor of psychopathy. J Neural Transm 108(7):869-78, 2002. 26
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