VI ENAPS - Tribuna de Debates - APS e a questão racial
TopFilosofia - AchilleMbembe
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Achille Mbembe
N E C R O P O L Í T I C A
2. Q U E M É A C H I L L E M B E M B E ?
Nascido em 1957, Mbembe é um filósofo, historiador
e teórico político camaronês. Possui diversas obras
publicadas resultado de suas pesquisas voltadas para
principalmente para história da África, além de política
e ciências sociais. Dentre elas, A pós-colônia, ensaio
sobre a imaginação política na África contemporânea
(2000), Crítica da razão negra (2013), Sair da Grande
Noite: ensaio sobre a África (2010) e Necropolítica
(2018).
Suas obras nos conduzem a discutir assuntos como
a posição do negro e do racismo no período pós-
colonização; as relações entre neoliberalismo,
capitalismo e políticas de morte.
3. B I O P O D E R D E F O U C A U L T
“... explosão de técnicas numerosas e diversas para obter
a subjugação dos corpos e o controle de populações”
Anátomo-política do corpo: dispositivos disciplinares encarregados
de extrair do corpo humano sua força produtiva, mediante o controle
do tempo e do espaço. Adestramento dos corpos e vigilância (corpos
obedientes e medicalizados).
Biopolítica da população: regulação das massas e dos seus processos
vitais. Desde do século XVII, o Estado vem perdendo sua legitimidade
de provocar a morte ou deixar viver. Agora, ele utiliza mecanismos de
poder que passa a produzir a vida, porém tendo a possibilidade de se
deixar morrer.
Prosperidade e extermínio: racismo de Estado. Eliminação sistemática
daqueles corpos que poluem a pureza de uma nação imaginada.
4. O Q U E É N E C R O P O L Í T I C A ?
“... a expressão máxima da soberania reside, em grande
medida, no poder e na capacidade de ditar quem pode
viver e quem deve morrer.”
O termo se estabelece nas políticas instituídas pelo Estado sobre
quem vive e quem morre, retirando a humanidade população,
reduzindo-a a seu corpo biológico, deixando-a mercê a violência.
Dentre os aspectos adotados neste sistema, o mais evidente é
divisão excludente entre a população, apontando um indivíduo como
inimigo (a chamada política da inimizade), colocando-o à margem
da sociedade. Aplicando a ele, como último recurso a política de
extermínio.
Por esse motivo, necropoder e biopoder (vida matável e vida vivível)
são termos indissociáveis para se pensar a relação do Estado
com os grupos humanos que habitaram e habitam o Estado-nação.
5. E S T U D O S D E C A S O : R I O D E J A N E I R O
“… você tem que abater o inimigo. Você só trabalha nessa
perspectiva se você trabalha com guerra..”
— Rosane Borges
O principal aspecto que define como necropolítica se aplica na cidade
do Rio de Janeiro (e como em tantas outras espalhadas pelo país)
é ação do Estado contra as periferias, instituída pela política da
inimizade. O projeto de segurança pública do atual governo, adota
uma política de segurança onde a principal arma de defesa é o abate
de qualquer suspeito no lado “inimigo”.
Nos casos mais recentes observados na cidade, nos deparamos com
um governante que sobrevoa um local periférico, de população
predominantemente negra, atirando sem pudor. Ele detém em suas
mãos o poder de quem vive e quem morre, ditando que aqueles corpos
são descartáveis.
6. E S T U D O S D E C A S O : P A L E S T I N A E I S R A E L
“populações inteiras são o alvo do soberano, vilas e cidades
sitiadas são cercadas e isoladas do mundo, a vida cotidiana
é militarizada e é outorgada liberdade aos comandantes
militares locais para usar seus próprios critérios sobre
quando e em quem atirar.”
Ilegais sob a lei internacional, foram construídos assentamentos pelo
governo israelense nos territórios ocupados após a guerra de 1967,
que restringe a circulação de pessoas e mercadorias nas três áreas que
formariam o Estado palestino: Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém
Oriental.
7. E S T U D O S D E C A S O : R U A N D A
O genocídio de Ruanda foi decorrente da guerra civil do país, onde
depois da colonização alemã começaram a existir conflitos entre
os povos que dividiam a terra (tutsis e hutus) por influência dos
colonizadores. Cerca de 800 mil tutsis foram mortos por milícias
hutus, sobretudo com uso de facões e um grande número de
esqueletos foi preservado em estado visível. Não houve mobilização
internacional para impedir esse massacre.
Os conflitos em Ruanda podem ser encarados como resultado da
tática de ocupação colonial (tentativa de levar um “mundo humano”
na visão europeia a partir da violência, com os “selvagens” que viviam
fora do seu modo de vida), onde uma das características é a redução
da condição humana dos colonizados, os transformando em máquinas
de guerra.
8. U M P E R S O N A G E M : O H O M E M - B O M B A
“A lógica do martírio é caracterizada pela figura
do “homem- bomba”, que, já em si, gera uma
série de questões.”
O homem-bomba não veste armas ou vestimentas de soldado, ele se
transforma em arma, perdendo sua humanidade e se transformando
também em um mecanismo de guerra. Reduzindo tanto a si mesmo
quanto o outro a pedaços de carne desprovidos de humanidade e
qualquer tipo de poder sobre si mesmo. É um fenômeno decorrente
da significação que um corpo dominado/escravizado por condições de
vida aterrorizados conseguiu encontrar para significar sua existência.
9. Tó p Co mVi sDe s Fi l o s o f i a | Pr o f . Ca r l o s A z a m b u j a | Co m u n i c a ç ã o Vi s u a l De s i g n | E B A - U F R J | A n a Ve r ô n i c a A b r e u | Ga b r i e l a Pr e s t e s | L e t í c i a A n t o n i o
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P A R A A D E N T R A R M E L H O R O A S S U N T O , L E I A :
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