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UNIVERSIDADE PAULISTA
DAYANE ROSA SANT ANA NAGAROTO
DERMATITE ATÓPICA EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA
São José dos Campos – SP
2022
UNIVERSIDADE PAULISTA
DAYANE ROSA SANT ANA NAGAROTO
DERMATITE ATÓPICA EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho de Conclusão de Curso para
obtenção do título de graduação em
Medicina Veterinária apresentado a
Universidade Paulista – UNIP.
Orientador: Prof. Dr. Aldo Francisco Alves
Neto
São José dos Campos – SP
2022
UNIVERSIDADE PAULISTA
DAYANE ROSA SANT ANA NAGAROTO
DERMATITE ATÓPICA EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho de Conclusão de Curso para
obtenção do título de graduação em
Medicina Veterinária apresentado a
Universidade Paulista – UNIP.
Aprovado em: 05/12/2022
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Aldo Francisco Alves Neto
Universidade Paulista – UNIP
__________________________________
Prof. Fabiola Setim
Universidade Paulista – UNIP
São José dos Campos – SP
2022
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela nossa vida, e por nos dar forças para ultrapassarmos todos os
obstáculos encontrados ao decorrer do curso. A minha Mãe, ao meu esposo e meu
filho, que sem eles seria impossível chegar até aqui, me incentivaram nos momentos
mais difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto me dedicava a realização
deste sonho.
Aos nossos professores, pela paciência, pelas correções e ensinamentos que
nos permitiram apresentar o melhor desempenho no nosso processo de formação
profissional.
RESUMO
A Dermatite Atópica Canina é uma doença pruriginosa e crônica influenciada por
diversos aspectos trofoalérgenos. O animal atópico possui um defeito na camada
epidérmica da pele que facilita a entrada de alérgenos nas regiões mais profundas da
pele desencadeando reações imunológicas, resultando em prurido, vermelhidão,
lesões, infecções secundárias e otite. Seus sinais clínicos são comumente
confundidos com os de outras doenças como sarna demodécica, sarna sarcóptica e
dermatite alérgica por picada de ectoparasita, devido a isso seu diagnóstico é clínico
por exclusão, utilizando diversos exames para se excluir possíveis doenças. Algumas
das opções de tratamento são anti-histamínicos, glicocorticoides orais e tópicos como
sprays e shampoos utilizados em banhos semanais ou quinzenais, dependendo de
cada animal.
Palavras-chave: Atopia Canina; Otite, Prurido, Crônico e Tratamento.
ABSTRACT
Canine Atopic Dermatitis is a pruritic and chronic disease influenced by several
trophoallergenic aspects. The atopic animal has a defect in the epidermal layer of the
skin that facilitates the entry of allergens into the deeper regions of the skin, triggering
immune reactions, resulting in itching, redness, lesions, secondary infections and otitis.
Its clinical signs are commonly confused with those of other diseases such as
demodectic mange, sarcoptic mange, allergic dermatitis due to an ectoparasite bite,
because of this its diagnosis is clinical by exclusion, using several tests to exclude
possible diseases. Some of the treatment options are antihistamines, oral
glucocorticoids and topics such as sprays and shampoos used in weekly or biweekly
baths, depending on each animal.
Keywords: Canine Atopy; Otitis, Pruritus, Chronic and Treatment.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Diagrama da estrutura da pele normal do cão. .............................. 144
Figura 2: Quatro estratos da pele.................................................................. 155
Figura 3: Estrutura do pelo............................................................................ 177
Figura 4: Barreira Epidérmica.......................................................................... 20
Figura 5: Regiões corpóreas comumente afetadas pela Dac.......................... 21
Figura 6: Sintomas da Dermatite Atópica Canina............................................ 22
Figura 7: Blefarite Canina................................................................................ 23
Figura 8: Dermatofitose................................................................................... 23
Figura 9: Biopsia Cutânea com punch .......................................................... 244
Figura 10: Otite de pavilhão Canino ................................................................ 24
Figura 11: Teste Intradérmico ....................................................................... 256
Figura 12: Ácaros ambientais........................................................................ 267
Figura 13: Alimentação natural canina .......................................................... 278
Figura 14: Shampoos Hidratantes................................................................. 289
Figura 15: Glicocorticóide................................................................................ 31
Figura 16: Cortavance................................................................................... 312
Figura 17: Ciclosporina ................................................................................. 322
Figura 18: Tracolimus.................................................................................... 323
Figura 19: Cytopoint...................................................................................... 334
Figura 20: Apoquel. ....................................................................................... 345
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tipos de Hipersensibilidades......................................................... 149
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11
2. OBJETIVOS ................................................................................................. 13
2.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 13
2.2. Objetivos Específicos:............................................................................ 13
3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 144
3.1. Anatomia e Histologia da pele.............................................................. 144
3.2. Dermatite Atópica Canina .................................................................... 178
3.2.1. Diagnóstico e Tratamento da DAC ................................................ 233
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 366
REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 37
11
1. INTRODUÇÃO
A Dermatite Atópica Canina (DAC) é uma alergopatia de caráter imunogenético
crônico e bastante comum na rotina clínica veterinária que afetam cães que
apresentam deficiência na barreira epidérmica devido a deficiência na produção de
ácidos graxos e ceramidas, com isso, a função de proteção que a pele exerce fica
danificada facilitando a penetração de antígenos ambientais como ácaros da poeira
doméstica que são os mais comuns, seguidos por pólens e grama (CAMPOS,2021).
É a segunda dermatopatia alérgica pruriginosa mais comum nos cães,
perdendo apenas para dermatite alérgica a picada de ectoparasitas, pulgas e
carrapatos. É uma das queixas de prurido mais relatadas pelos tutores nos
consultórios (CAMÕES,2021).
A manifestação clínica do prurido pode ser localizada ou generalizada com
envolvimento de desequilíbrio bacteriano e/ou fúngica. Também pode ter variação
segundo estações climáticas, sendo sazonal ou não, e as regiões do corpo mais
acometidas são patas, virilhas, orelhas, axilas e rosto. A idade mais relatada é de 6
meses a 3 anos, mas podendo acontecer em qualquer idade, sexo, raça
(ARRUDA,2013).
Toda a patogenia envolvida na doença ainda não foi completamente descrita.
Sendo assim, o que se sabe até hoje é que é uma doença multifatorial, possuindo
uma deficiência da barreia epidérmica com sensibilização a alérgenos ambientais,
alimentares e microbianos, onde a sensibilização vai gerar uma resposta alérgeno-
específica no segundo contato com antígeno e produção de IgE (MARTINS,2018).
Na fase aguda da doença acredita-se que os defeitos da barreira epidérmica
facilitam o contato de alérgenos ambientais com a pele e suas células imunológicas
que vão produzir IgE específica migrando para linfonodos regionais e derme
(ARRUDA,2013).
As falhas no sistema imunológico e seu mecanismo regulador pró-inflamatório
fazem com que a inflamação permaneça afetando a pele e tornando-se em um
processo crônico (FARIAS,2012).
O diagnóstico ainda é realizado pelos sinais clínicos, sintomas do paciente e
sua anamnese completa, não só em uma análise laboratorial. Em geral, os cães com
DAC apresentam sinais persistentes e crônicos em pele e ouvidos. Outros sinais
12
também envolvidos são lacrimejamento, tosse, espirro podendo ser esses sinais
sazonais ou não (MARTINS,2018).
É de suma importância que outras alergias devam ser excluídas antes de
finalizar o diagnóstico justamente por terem sintomas semelhantes (FARIAS,2012).
13
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo apresentar, na forma de uma revisão de
literatura, a Dermatite Atópica em Cães (DAC), abordando seus aspectos crucias. Os
resultados deste estudo contribuíram para nosso crescimento profissional, discussões
sobre a doença e formas de tratamento.
2.2 Objetivos Específicos:
 Abordar a Anatomia macro e micro da pele
 Explicar a Etiologia da DAC
 Descrever os sinais e sintomas;
 Discorrer sobre o diagnóstico;
 Explanar sobre o tratamento sintomático.
14
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Anatomia e Histologia da Pele
Quando se fala de Dermatite Atópica Canina (DAC), o principal órgão afetado
é a pele, para conseguir compreendê-la é preciso primeiramente conhecer a pele em
seus aspectos saudáveis, para assim entender suas mudanças, sofridas como
consequência de uma doença de caráter genético e inflamatório (LARSSON, 2019).
Ainda conforme Larsson (2020) a pele é um dos órgãos mais complexo, diverso
e com maior facilidade de adaptação ao meu ambiente dos animais domésticos, sendo
composta por três camadas que compreendem a parte mais externa a mais interna;
epiderme, derme e hipoderme (também conhecida como subcutânea)
respectivamente. As estruturas desse órgão (figura 1) em cada animal é
profundamente afetada pelo espaço externo, onde cada espécie possui atributos
próprios. Além disso, também varia de espécie para espécie, produzindo algumas
vezes estruturas de defesa e outras vezes de ataque.
Figura 1: Diagrama da estrutura da pele normal do cão.
Fonte:https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/c%C3%A3es/abordagem-clinica.aspx#
A epiderme é a camada mais externa da pele, sendo um tecido epitelial com
formato pavimentoso estratificado queratinizado, ou seja, composta por células
queratinócitos. Essa camada da pele é formada por 4 estratos, basal, espinhoso,
granuloso e córneo (figura 2). Em regiões com ausência de pelo a pele se encontra
mais densa, nesta área encontra-se o estrato lúcido, entre o estrato granuloso e
15
córneo, um exemplo são os coxins do cão. O estrato basal é a parte mais interna e
profunda, que está em contato com a derme, onde os queratinócitos são
desenvolvidos e levados até a camada superior (LARSSON; 2019).
Figura 2: Quatro estratos da pele.
Fonte: https://escolaeducacao.com.br/camadas-da-pele/.
O estrato espinhoso é composto por diversas camadas de células cuboides,
que possuem um núcleo central e filamentos de queratina, com o objetivo de manter
as células unidas devido a presença dos desmossomos (BOTONI, 2012).
O estrato granuloso é constituído de células poligonais, sendo elas alongadas
e estreitas e rico de grânulos basófilos, que dão origem a queratina. Os grânulos
lamelares se unem ao citoplasma da célula liberando conteúdo lipídico no espaço
intracelular criando uma barreira de proteção que impede a perda de água, conhecida
como barreira lipídica (LARSSON, 2019).
Ao final encontra-se o estrato córneo, sendo a camada mais externa da
epiderme, onde se encerra o processo de degradação com mecanismo de apoptose
e digestão dos núcleos. Os queratinócitos são transformados em células córneas, que
possuem formato achatado e seco, formando uma massa compacta sendo essa
envolvida por membranas, criando escamas de queratina, as quais se desprendem e
são perdidas na superfície, sendo esse processo a descamação da pele (LARSSON,
2019).
16
A camada intermediária da pele é chamada de derme composta por tecido
conjuntivo, como colágenos e fibras elásticas, se dividindo em duas camadas, sendo
elas a camada papilar e camada reticular. A zona papilar é constituída por tecido
conjuntivo frouxo, contendo inúmeros capilares sanguíneos, terminações nervosas,
vasos linfáticos e músculos eretores dos pelos que tem como função aumentar a área
de contato da derme com a epiderme e também aproximar os capilares sanguíneos
das células que estão na camada mais espessa da epiderme (BOTONI, 2012).
A zona reticular é composta por tecido conjuntivo denso, sendo ricamente
vascularizada, onde ocorre o desenvolvimento dos plexos arteriais, responsáveis pela
manutenção e regulação da temperatura corporal e pressão arterial. Através da
inervação da pele ocorre a vasoconstrição ou a vasodilatação (MARCONI, 2012).
A hipoderme é a camada mais interna da pele, composta por tecido conjuntivo
frouxo, rico em tecido adiposo, sendo uma área extremamente vascularizada. Possui
como funções unir a derme aos tecidos mais profundos, age como isolante térmico e
reserva calórica e em algumas regiões do corpo serve como proteção contra traumas,
atuando como amortecedores. A quantidade de tecido adiposo na camada
hipodérmica pode variar dependendo da região, idade e sexo (RHODES, 2014).
Em seu aspecto completo a pele possui diversas funções, onde são
classificadas em dois tipos, as funções gerais da pele comum a todos os mamíferos e
as funções da pele especifica dos animais domésticos. Suas funções gerais são:
proteção contra agressões físicas e químicas, evitar a perda ou penetração de água,
impedir a entrada de micro-organismos, proteção contra raios ultravioleta, produção
de vitamina D, porta de entrada de estímulos ambientais e regulador da temperatura
corporal. As funções específicas dos animais domésticos correspondem a
determinação do comportamento sexual e reprodutor, um meio de demonstrar
reações de ataque e defesa, reconhecimento individual, exploração do ambiente,
marcação de território, proteção contra o sol e o meio externo, respiração e
manutenção da temperatura corporal (RHODES, 2014).
Outra estrutura fortemente afetada pela DAC, é o pelo do cão, ele está sempre
relacionado as diferentes estruturas que compõem a pele, o sistema piloso é formado
por uma glândula sudorípara, uma glândula sebácea e um músculo eretor do pelo,
sendo esse conjunto nomeado de folículo piloso (figura 3). Os pelos exercem a função
de proteção da pele contra objetos presentes no ambiente externo, funcionando como
um escudo, como meio de comunicação através da cor e ereção, como por exemplo
17
animais que levantam os pelos como sinal de ameaça e os que os rebaixam em
resposta como sinal de submissão e termo regulação, sendo essa última uma das
funções principais nos animais domésticos. O animal doméstico possui sua
temperatura controlada a partir da distribuição e coloração dos pelos, a região dorsal
do animal possui uma pelagem mais espessa e escura o protegendo em situações de
frio, pois é a área mais exposta, já a região ventral possui pelagem mais rasa e clara,
ajudando a refletir a luz solar quando o animal se apresenta em decúbito dorsal. Outra
função interessante da pelagem é a de camuflagem, ajudando o animal na caça e o
protegendo o de predadores (ALVES, 2018).
Figura 3: Estrutura do pelo
Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13318/informativo-tecnico-ciclo-1-nutricao-para-uma-
pele-saudavel
3.2 Dermatite Atópica Canina – DAC
A DAC é uma doença pruriginosa e crônica, possuindo aspectos específicos e
sendo multifatorial, estando relacionada a produção de anticorpos IgE contra
antígenos ambientais e microbianos. Essa enfermidade está entre as mais comuns
em relação aos cães, sendo seguida da DAPE (dermatite alérgica por picada de
ectoparasitas) e da hipersensibilidade alimentar (FREIRE, 2020). Os principais
alérgenos responsáveis pelos sintomas são pólens, gramíneas, ácaros e fungos
ambientais, tendo como principal meio de contato a pele. Os ácaros são os principais
causadores de sintomas quando se trata de doenças alérgicas vindas do ambiente
18
doméstico, podendo ser encontrados em roupas de cama, travesseiros, carpetes,
tapetes e entre outros (SOLOMOM, 2012).
Eles possuem em sua saliva antígenos que causam reações alérgicas nos
animais, por isso, faz-se necessário o seu controle que pode ser realizado de diversas
maneiras, dentre elas: evitar objetos como tapetes e carpetes que acumulam muita
poeira, manter a higiene da cama e cobertores do cão, manter a ração fresca e em
local seco e utilizar de preferência colchões antiácaros (COSTA, 2020).
Os trofoalérgenos responsáveis pela hipersensibilidade alimentar, tem origem
nas proteínas presentes nas carnes bovinas, frango, equina ou suína, leite, trigo, ovo,
derivados da soja, aveia e em alguns fungos e algas que estão presentes na água.
Deste modo, a composição e processamento de muitas rações vem contribuindo para
respostas imunoalérgicas em cães que possuem dermatite atópica, sendo essa
nomeada de dermatite atópica induzida por alimentos (SOLOMOM, 2012).
Ainda conforme Solomon (2012) alguns agentes considerados irritantes podem
induzir no animal atópico uma resposta inflamatória pois, objetos como cobertores,
tecidos de lã, sintéticos ou ásperos, tapetes ou produtos de limpeza podem
desencadear uma irritação mecânica, devido ao fato de modificarem as propriedades
da barreira epidérmica aumentando o prurido.
Aspectos como idade, raça e sexo podem influenciar para que o animal possua
uma maior predisposição a doença. Nestes casos, cães com idade entre seis meses
e sete anos, raças puras como Shihtzu, Lhasa, Golden Retrivier, Pug e West Highland
White Terrier são alguns exemplos, contudo em relação ao sexo, ainda não se há um
consenso entre os autores sobre qual deles, macho ou fêmea, possui uma maior
incidência (FREIRE, 2020).
Outros fatores que devem ser considerados são; a fauna e flora regional, estilo
de vida de cada região e também as estações do ano, onde neste caso divide-se a
dermatite atópica canina em sazonal ou não sazonal. No caso das estações do ano,
os sintomas iniciais podem aparecer mais especificamente em uma época, ocorrendo
uma incidência maior entre a primavera e outono. Porém, alguns animais
desenvolvem a atopia não sazonal, que independe da estação do ano, ou seja, seus
sintomas estão presentes no decorrer de todo o ano, contudo em dias mais quentes
podem se acentuar (FREIRE, 2020).
A DAC tem sido relatada como uma reação de hipersensibilidade, estes
distúrbios podem variar de I, II, III e IV, de acordo com a base imunológica (quadro 1)
19
As reações mais comuns são as do tipo I, que são chamadas de reações imediatas,
acontecendo após o segundo contato com o antígeno, onde essas reações são
mediadas principalmente pelo IgE. Após o contato com o alérgeno as células de
Langerhans entram em contatos com linfócitos T fazendo a apresentação dos
antígenos aos linfócitos B, estes são responsáveis por produzir anticorpos IgE
alérgenos específicos e células de memória. Os anticorpos IgE se unem aos
mastócitos e basófilos teciduais resultando na degranulação de mastócitos e na
liberação de mediadores da inflamação como histamina, serotonina, leucotrienos e
heparinas, que produzem os sinais de inflamação, eritema, prurido e vasodilatação
(ALVES, 2018).
Quadro 1- Distúrbios de Hipersensibilidade
Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4
Tipo de resposta Imune Humoral Humoral Humoral Celular
Elemento de Resposta IgE
IgG /
IgM
IgG / IgM
Linfócitos T / CD4+ /
Th1 de memoria
Tempo de Manifestação dos
sinais
Imediata Imediata De 7 a 10 h até semanas De 24 hs até semanas
Ação do Sistema Complemento
Substancias Farmacologicamente
ativas
Pré-Formadas:
Histamina e
Serotonina Recém
Formadas:
Leocotrienos e
Prostaglandina
Aminas Vasoativas
(Histamina)Leucotrie-
nos, Prostaglandinas,
PFA (Fator ativador de
plaquetas)
Citosinas Produzidas IL4 - IL5 - IL6 etc TFN e IL-1 TFN e FN gama
Fonte: ALVES, Dermatite Atópica Canina: Estudo de caso. 2018.
Na DAC observa se uma deficiência na função da barreira da epiderme (figura
4) facilitando a entrada de alérgenos e substancias irritantes, e estimulando
excessivamente a produção de anticorpos. Esse defeito acontece no estrato córneo
da epiderme responsável pela proteção do corpo com o meio externo, sua função
além de restringir a entrada de agentes patogênico, é também de ser uma barreira
hidrofóbica, devido a sua composição lipídica, controlando a água para dentro ou fora
da pele. Essa disfunção também acarreta perda de água na epiderme, desta maneira
a pele ao ficar desidratada acaba ficando mais vulnerável a penetração de antígenos
(COSTA, 2020).
20
Figura 4: Barreira Epidérmica
Fonte:https://portalvet.royalcanin.com.br/saude-e-nutricao/dermatologia/nutricao-aliada-na-
integridade-da-barreira-cutanea/
A descamação continua que ocorre no estrato córneo é a mais importante
função para a funcionalidade da barreira, ela limita a entrada de patógenos, ajudando
na defesa contra infecções. O estrato córneo possui peptídeos antimicrobianos
naturais que são responsáveis por eliminar microrganismos utilizando diversos
mecanismos (ALVES, 2018).
Existem diversos sintomas presentes na DAC, inclusive muitos se assemelham
a sinais presentes em doenças como Sarna Demodécica, Sarna Sarcóptica, Dermatite
alérgica por picada de ectoparasita e outros, por isso faz-se importante um diagnóstico
diferencial quando se trata da DAC. Esses sintomas podem ser divididos em três
categorias, alterações primárias, alterações secundárias e crônicas (LARSSON,
2019).
As alterações primárias possuem como manifestação clínica mais comum o
prurido em regiões sem lesão aparente ou em áreas onde a uma visível vermelhidão
da pele. A coceira pode se apresentar em regiões especificas do corpo do cão ou de
maneira generalizada, quando em regiões específicas se apresentam em face,
pavilhão auricular, axilas, regiões palmares e plantares, extremidades distais dos
membros, abdômen, superfícies flexoras e articulares dos membros e as regiões
inguinal e perianal são as principais, conforme ilustrado na figura 5 (FEITOSA; 2014).
21
Figura 5: Regiões corpóreas comumente afetadas pela DAC.
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Canine-atopic-dermatitis-a-Diagram-showing-the-
distribution-of-skin-lesions-red-in_fig1_221876949
As alterações secundárias surgem devido a existência do prurido e de
inflamação, pois o animal tende a se lamber e se morder com frequência e na maioria
das vezes arrastar a face no chão, deste modo o cão acaba transformar lesões
primárias já existentes em lesões secundárias mais ou menos gradual. Essas lesões
secundárias podem ser alopecia auto induzida que é a perda de pelo do local em
detrimento do animal se coçar, pústulas, pápulas, edema, liquefação, sendo esse o
processo de alteração da pele e hiperpigmentação do pelo, devido a ação da saliva.
Outros sintomas comuns nas alterações secundárias que acompanham a DAC são a
otite externa e o prurido presente no pavilhão auricular, ocorrendo em 86% dos
pacientes, pelo sem brilho, crostas, seborreia oleosa, seca ou mista
(VASCONCELOS, 2017).
22
Figura 6: Sintomas da Dermatite Atópica Canina
Fonte: https://uauuauquemia.com.br/blog/12-doencas-de-pele-em-caes-mais-comuns-e-seus-
tratamentos/
As alterações crônicas acontecem quando o animal não responde de forma
satisfatória ao tratamento, persistindo assim as alterações primárias e secundárias. A
disfunção da barreira lipídica do animal atópico e a maior sensibilidade e fragilidade
da pele, favorecem o surgimento de infecções bacterianas e fúngicas, intensificando
os sinais clínicos já existentes (LARSSON; 2019).
A conjuntivite está presente em 50% dos pacientes e a seborreia acentuada
entre 12% a 23% dos cães. A piodermite também é muito comum nos cães atópicos,
como a blefarite ( figura 7) que pode surgir devido a uma alergia alimentar, imediata;
citotóxica, quando há uma reação a medicamentos, ou a picada de insetos, sendo
lesões caracterizadas devido a descamação intensa da pele (VASCONCELOS,
2017).
23
Figura 7: Blefarite Canina
Fonte: https://www.peritoanimal.com.br/cetoconazol-para-cachorro-doses-usos-e-efeitos-colaterais-
23082.html
Alguns sinais não dermatológicos, também podem se apresentar em alguns
animais, entre eles: infecções do trato respiratório como rinite, asma, congestão nasal
e espirros, catarata e epífora, sendo essa a produção excessiva de lágrimas,
hipersensibilidade hormonal e distúrbios urinários. Os distúrbios intestinais estão
relacionados à dermatite atópica por alimentos (PEREIRA, 2017).
3.2.1 Diagnóstico e Tratamento da DAC
O diagnóstico de DAC é estabelecido baseado em critérios clínicos sendo
esses o histórico racial, idade que surgiram os primeiros sintomas, sinais clínicos,
sintomas compatíveis com a doença, e exclusões de outras dermatopatias
pruriginosas que possuem sintomas semelhantes, como a dermatofitose (figura 8).
(PEREIRA, 2017).
Ainda conforme Pereira, suas manifestações patogênicas são associadas a
presença de umidade, deficiência na barreira imunológica dos cães, pH e temperatura,
possuindo como sinais clínicos, prurido intenso, alopecia na região afetada ou
generalizada, odor corporal, eritema, seborreia, pele espessa e ásperas. Para
diagnostico é necessário um exame citológico de pele e ou cultura fúngica. O
tratamento nesses casos são terapias tópicas (PEREIRA, 2017).
24
Figura 8: Dermatofitose
Fonte: https://vetsmart-
parsefiles.s3.amazonaws.com/971701d986dcf95f936d5743c3dfecb0_vetsmart_admin_pdf_file.pdf
Algumas dessas enfermidades podem ser excluídas na anamnese e nos
exames físicos e outras somente com exames complementares, sendo o diagnóstico
feito de forma individual para cada animal. Os exames para DAC são limitados, sendo
eles hemograma, bioquímicos (que normalmente apresentam se com parâmetros
normais), histopatológico de biopsia cutânea (figura 9); testes endócrinos; exames
citológicos visando detectar a bactéria ou fungo presente na pele (FEITOSA, 2014).
Figura 9: Biopsia Cutânea com Punch
Fonte: http://dermatosaude.com.br/portfolio-item/biopsia-da-pele/
25
Com o objetivo de haver uma uniformidade no diagnóstico de dermatite atópica
canina, foram elaborados critérios clínicos nomeados de critérios de Favrot, sendo
eles, o início da dermatite por volta dos três anos de idade, o cão frequentemente fica
dentro de casa, o prurido responde a corticosteroide, possui otite crônica recorrente,
afeta patas torácicas, afeta pina das orelhas (figura 10), não afeta margens das
orelhas, não afeta região dorso lombar. Para que o animal tenha o diagnóstico de DAC
ele deve apresentar pelo menos 3 dos critérios. (SILVA, 2019)
Figura 40: Otite de pavilhão canino
Fonte: https://www.adoropets.com.br/otite-em-cachorros/
O teste alérgico não é usado como forma diagnóstica, e sim como auxiliar na
formulação de imunoterapia específica em pacientes que já sejam diagnosticados com
DAC, pois devido ao prurido causado pela enfermidade podem resultar em testes com
resultados positivos, contudo podem ser falsos positivo devido à alta sensibilização e
não aos alérgenos propriamente dito, sendo assim a indicação destes testes é restrita
(FEITOSA, 2014).
O teste intradérmico TID (figura11) é considerado o mais eficaz comparado com
o teste in vitro, o TID positivo indica que o animal apresenta anticorpo IgE contra
aquele alérgeno mas, não necessariamente significa que o animal seja alérgico, o
teste deve ser interpretado juntamente com seu quadro clinico, porque reações falso
positivas podem ocorrer quando o animal faz uso de anti histamínicos ou corticoides,
sendo recomendado a suspensão de seu uso de 10 a 21 dias antes do teste
(FEITOSA, 2014).
26
Figura 51: Teste Intradérmico
Fonte: https://www.alergiaveterinaria.com.br/
O teste in vitro é utilizado em alguns casos pois não oferece riscos aos animas,
já que em alguns casos no TID o animal precisa passar por uma tricotomia no dorso
e ou sedado com medicações que não interfiram na eficácia do teste (HNILICA, 2012).
O tratamento da dermatite atópica canina é baseado em diversos fatores e as
intervenções devem ser combinadas, sempre sendo adaptada para cada paciente,
baseado no estágio da doença, gravidade e onde se encontram as lesões, sendo
importante salientar que o tutor deve estar ciente dos benefícios e dos efeitos
colaterais de cada tratamento (MEDEIROS, 2017).
Os objetivos dos tratamentos nas fases agudas são prevenir o contato com o
alérgeno, a partir da sua identificação por testes alérgenos, melhorar a higiene da pele
do animal e a redução dos sintomas como prurido e lesões na pele. Já nos casos
crônicos os objetivos são os mesmos das fases agudas, porém possui a prevenção
da volta dos sintomas, utilizando métodos como antiparasitários, algumas terapias
preventivas como o uso de anti-inflamatórios, tendo entre eles o glicocorticoide e o
Tacrolimus e também a utilização da terapia de imunoterapia associada aos outros
tratamentos quando possível (MEDEIROS, 2017).
27
A redução dos sintomas pode ser realizada de diferentes maneiras,
dependendo da particularidade do caso de cada paciente, os tratamentos mais
utilizados são os glicocorticoides, Tacrolimus, Ciclosporina, anti-histamínicos, ácidos
graxos e os glicocorticoides de uso tópico (FONSECA, 2013).
A imunoterapia funcionada a partir dos alérgenos positivados nos testes in vivo
ou no in vitro serão selecionados para a imunoterapia. A vacina é produzida
individualmente para cada paciente podendo possuir em cada dose no máximo três
alérgenos que o animal seja sensível. A imunoterapia funcionada a partir da exposição
do cão ao alérgeno, sendo aplicado doses dos alérgenos mensalmente de maneira
vitalícia. Seu objetivo é que o cão se torne mais tolerável aos alérgenos, contribuindo
para a amenização dos sintomas e também permite minimizar de forma consistente o
uso de medicamentos e até muitas vezes sua eliminação. Esse tipo de tratamento
possui como vantagem sua menor frequência de aplicação e um baixo risco de efeitos
colaterais que muitas vezes estão presentes em tratamentos com administrações
prolongadas (HNILICA, 2012).
Os alérgenos ambientais como o pólen e os ácaros (figura 12) são
responsáveis por desencadear a atopia canina, sendo necessário para o tratamento
sua eliminação ou minimização de contato. É necessário evitar levar o animal em
áreas com grande vegetação, espaços verdes em dias quentes e secos, buscar deixar
o ambiente fechado em épocas de polinização e aumentar a frequência dos banhos
com o objetivo de retirar os alérgenos em questão do corpo do cão (MEDEIROS,
2017).
Figura 12: Ácaros ambientais
Fonte: https://www.allergen.com.br/post/2017/09/21/ao-termos-trazido-c-c3-a3es-e-gatos-para-
dentro-de-nossos-lares-os-expusemos-aos-principa
28
Outros alérgenos estão presentes na alimentação do animal, principalmente na
proteína. Pacientes que possuem hipersensibilidade a alérgenos ambientais
demonstram sinais crônicos e recorrentes, portanto é indicado o teste de restrição
alimentar e observação dos sinais clínicos para que deste modo se estabeleça quais
alimentos contém alérgenos que o animal é sensível. Nestes casos, o manejo nutritivo
é importante para se buscar alternativas possíveis, como a alimentação natural. (figura
13), proteínas de avestruz, coelho, pato e cordeiro e carboidratos como mandioca
(FONSECA, 2013).
Dietas suplementadas com ácidos graxos essenciais como ômega 6 que fazem
parte da síntese de ceramidas na pele e que maximizam a função da barreira das
células e ômega 3 que possuem propriedades anti-inflamatórias podem beneficiar o
cão atópico, contudo essas vantagens podem ser observadas somente após dois
meses de suplementação. As vitaminas E e C são antioxidantes e protegem as células
contra a ação dos radicais livres presentes na inflamação. O manejo dietético é
vitalício e não é recomendado petiscos (HNILICA, 2012).
Figura 13: Alimentação natural canina
Fonte: https://conviteasaude.com.br/alimentacao-natural-para-caes-porque-e-como/
29
O animal atópico apresenta uma deficiência na barreira lipídica, sendo assim,
faz-se necessário ajudar o animal a estabelecer barreiras, compostos tópicos que
possuem ácidos graxos essências e ceramidas em sua composição auxiliam na
correção e proteção da barreira. Os shampoos fisiologicos apresentam essas
formulações (figura 14) e não alteram o pH da pele podendo ser utilizados duas vezes
na semana. Quando há presença de descamação é indicado o uso de shampoos anti-
seborreicos, quando há infecção, shampoos antissépticos são a melhor opção e já os
shampoos que possuam corticoides em sua fórmula devem ser utilizados somente
quando o animal não está sendo medicado com este fármaco de outra maneira. Essa
conduta terapêutica é muito útil, porém deve ser sempre associada complementando
outros fármacos. (PEREIRA, 2017).
Figura 64: Exemplo de shampoo Hidratante
Fonte: https://agener.com.br/produtos/pequenos-animais/linha-equilibrio/hidrapet-xampu/
Segundo Fonseca (2013) os glicocorticoides estão entre os medicamentos
mais utilizados no tratamento da DAC, gerando um resultado na maioria das vezes
positivo, eles possuem ação anti-inflamatória e imunossupressora, reduzindo o
contato do alérgeno com o IgE. Contudo os efeitos colaterais deste fármaco devem
30
ser levados em consideração, sendo indicado seu uso em último caso, quando
nenhum dos outros tratamentos disponíveis não surgirem efeito ou em casos graves
e quando usados buscar utilizar a menor dose possível, buscando minimizar o risco
dos efeitos colaterais. Deste modo, devem ser utilizados por via oral de 3 a 5 dias em
casos em que há recidivas rápidas, de três a quatro meses em casos de controle
sazonal da DAC e em casos de uso prolongado sua dose deve ser reduzida
gradativamente, fazendo a administração em dias alternados até ser possível terminar
a terapia.
Os efeitos colaterais mais comuns ao se utilizar o tratamento por glicocorticoide
são o aumento no fluxo urinário, sede intensa depois de beber muito líquido, aumento
de peso, alopecia, cansaço muscular, úlceras gastrointestinais, alterações
comportamentais, infecções microbianas, principalmente urinárias, pancreatite e
imunossupressão, afetando os testes alérgenos. Em cães com diabetes, pancreatite,
insuficiência renal, doença infecciosa, micoses, afecções hepáticas, parasitoses e
hiperadrenocorticismo não se é recomendado o uso deste medicamento (FONSECA,
2013).
Os animais que fazem uso dos glicocorticóides, principalmente por tempo
prolongado devem estar sempre em acompanhamento médico veterinário, devendo
realizar cultura de urina duas vezes no ano, o monitoramento do apetite e da ingestão
de água, exame dermatológico e hemogramas. Deste modo, é necessário
compreender que os glicocorticoides são cruciais para o tratamento de DAC, contudo
devem ser usados ao se falar de um diagnóstico definitivo e com cautela buscando
minimizar sempre os efeitos colaterais (FONSECA, 2013).
Os glicocorticoides (figura 15) de uso tópico possuem efeito anti-inflamatório e
são recomendados para lesões localizadas, sendo os mais comuns a Triamcinolona
e o Aceponato de Hidrocortisona. A aplicação deve ser realizada uma ou duas vezes
no dia passando uma fina camada nas regiões afetadas. Os efeitos secundários assim
como em qualquer tratamento também estão presentes, sendo eles: atrofia cutânea e
pela fina e seca (PEREIRA, 2017).
31
Figura 75: Glicocorticóide
Fonte: https://www.ourofinopet.com/produtos/medicamentos/prediderm/
A Triamcinolona usada em baixa porcentagem, tem ótimos resultados por não
apresentar efeitos sistêmicos, usada em um período curto de tempo e podendo ser
associadas com outras formulações de glicocorticoides. Quando usada em um longo
período pode causar atrofia cutânea ou calcinose cutânea (FONSECA, 2013).
Aceponato de hidrocortisona é uma molécula formulada para controle de
prurido, apresentada com nome comercial Cortavance Spray, é mais indicado para
tratamento sintomático de dermatites pruriginosas e inflamatórias em cães, sua função
é trazer alivio a pele irritada, amenizar o prurido e reduzir a inflamação. É um
glicocorticoide tópico potente e seguro, apresenta uma boa penetração e rápido efeito
na derme e com baixos efeitos sistêmicos. Sua tecnologia permite que o Spray seja
aplicado uma vez por dia pois tem como efeito reservatório, sendo liberado
gradualmente ao longo de 24 horas. O Aceponato de hidrocortisona (figura 16) é muito
usado para controle e manutenção da DAC, suas reações adversas acontecem
quando usado a longo prazo causando atrofias cutânea, piodermatites localizadas,
comedões e descamações. Os riscos desses efeitos são reduzidos comparados aos
outros glicocorticoides tópicos (GRILO, 2012).
32
Figura 86: Cortavance
Fonte: https://br.virbac.com/products/dermatologicos/cortavance
A Ciclosporina (figura 17) é um fármaco anti-inflamatório similar ao
glicocorticoide apresentando menos efeitos colaterais sendo eles diarreia, hiperplasia
gengival, papilomatose oral, anorexia e perda de peso. A ciclosporina tem função
imunomoduladora inibindo os linfócitos e as células de Langherans de iniciar uma
reação imunológica. Inibe também os mastócitos e eosinófilos de desencadear
respostas alérgicas respostas alérgicas. Os efeitos colaterais são raros e reversíveis
após a interrupção dos tratamentos, tem eficácia em 80% dos casos, é usada para o
controle da DAC (GRILO, 2012).
Figura 17: Ciclosporina
Fonte: https://br.virbac.com/products/dermatologicos/cyclavance
33
O fármaco Tacrolimus (figura 18), tem ação semelhante a ciclosporina, porém
possui compostos químicos diferentes, podendo ser usado por via tópica limitando os
riscos de efeitos colaterais, o Tacrolimus não ocasiona atrofia cutânea e não é
indicado para sinais agudos, somente para controle de DAC (FONSECA, 2013).
Figura 98: Tracolimus
Fonte: https://drogavetlabs.com/colirios-tacrolimus
Os anti-histamínicos são fármacos utilizados no tratamento da DAC, lembrando
que a histamina que é liberada no momento de degranulação dos mastócitos é uma
das fases mais importantes na resposta inflamatória cutânea. Sua eficácia se dá em
apenas 20% dos casos, devido a irrelevância da histamina nas lesões persistentes
em pacientes atópicos. Sua eficácia é vista em alguns casos, sendo necessário o teste
de diversos fármacos, pois depende da resposta individual de cada animal. Os anti-
histamínicos podem ter seus efeitos maximizados se forem associados com outras
medicações como: ácidos graxos essenciais e corticoides. Seus efeitos colaterais
mais comuns são: sonolência, irritabilidade, dispneia, constipação, sialorreia e
convulsões. O efeito de sonolência gerado pelos anti-histamínico auxilia no tratamento
e melhora clínica do animal (FONSECA, 2013).
O Lokivetmab, conhecido comercialmente como Cytopoint (figura 19), é um
anticorpo monoclonal agindo semelhante ao sistema imune e bloqueando a
Interleucina 31 (IL-31) que é uma citocina responsável pela transmissão do sinal de
prurido, seu tratamento se assemelha aos processos naturais celulares do corpo, sua
34
degradação ocorre lentamente, fazendo que seu efeito terapêutico seja duradouro.
Sua tecnologia é inovadora e diferencial comparada com a terapia medicamentosa
pois sua metabolização não depende da função renal ou função hepática do paciente,
usando a terapia com anticorpos, onde pode ser usada em animais com comorbidades
e idosos, diferente das terapias medicamentosas onde podem haver algumas
restrições (SILVA, 2019).
Figura 19: Cytopoint.
Fonte:file:///C:/Users/User/Downloads/=UTF8BQXZhbGlhw6fDo28gZG8gdXNvIGRlIGxva2l2ZXRtYWI
gX0N5dG9w=%20=UTF8Bb2ludF8gbmEgZGVybWF0aXRlIGF0w7NwaWNhIGNhbmluYS5wZGY==
O Oclacitinib conhecido comercialmente por Apoquel (figura 20) é um inibidor
de um grupo de tirosinas chamado Janus kinase (JAK) e sua função é controlar os
pruridos de cães com DAC ou outras dermatites, agindo diretamente na inibição das
citocinas pró inflamatórias, pró alergênicos e pruridogênicas que são responsáveis
pela formação de prurido em cães. O fármaco apresentou eficácia na inibição de
interleucina 31 (IL-31) em cães, reduzindo de maneira significante (49% e 67%) o
prurido em cães com DAC. Deve ser utilizado em cães acima de 12 meses, pois em
cães filhotes pode haver como efeito colateral o aumento de infecções como
demodicose causadas pelo ácaro Demodex canis, sendo transmitida da mãe para os
neonatos lactentes, através de contato direto e agravar condições de neoplasias
necessitando de monitoramento continuo até o final da terapia medicamentosa, seu
uso é contra-indicado em cadelas prenhas ou lactantes (FONSECA,2018).
35
Figura 100: Apoquel.
Fonte: https://www2.zoetis.com.br/especies/caes-e-gatos/apoquel/
O prognóstico da Dermatite Atópica Canina é promissor em relação a
manutenção e o controle da doença, de seus sintomas e infecções secundárias, visto
que não possui cura. Deste modo, se torna um tratamento longo, que exige do tutor e
do médico grande empenho e constante medicação e outros cuidados tópicos, para
que assim se reflita em uma melhor qualidade de vida para o cão (FONSECA, 2013).
36
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos estudos publicados em literatura e reportados neste trabalho foi
possível observar que a DAC é uma doença complexa e crônica que não se trata
somente de uma alergia, sendo influenciada por diversos aspectos, como: alérgenos
ambientais e ou alimentares, processos infecciosos secundários, um defeito na
barreira epidérmica da pele e principalmente genéticos. É uma condição que não
possui cura e sim um tratamento vitalício, respeitando as particularidades de cada
animal.
Trata-se de uma doença que tem sido reportada com maior frequência entre os
pequenos animais e deve ser considerada com mais cuidado, de modo a ser tratada
o quanto antes devido ao grande desconforto que gera aos animais. Seu diagnóstico
é clínico por realizado por exclusão, sendo a partir desse diagnóstico optar por um
tratamento mais adequado a cada caso.
Portanto, a Dermatologia é uma área que tem se tornado de grande importância
na veterinária, cabendo ao médico veterinário ajudar o animal a ter uma melhor
qualidade de vida dentro do possível.
37
REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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38
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TCC DAYANE NAGAROTO UNIP SJC (2ª CORREÇÃO) (1).docx

  • 1. UNIVERSIDADE PAULISTA DAYANE ROSA SANT ANA NAGAROTO DERMATITE ATÓPICA EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA São José dos Campos – SP 2022
  • 2. UNIVERSIDADE PAULISTA DAYANE ROSA SANT ANA NAGAROTO DERMATITE ATÓPICA EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de graduação em Medicina Veterinária apresentado a Universidade Paulista – UNIP. Orientador: Prof. Dr. Aldo Francisco Alves Neto São José dos Campos – SP 2022
  • 3.
  • 4. UNIVERSIDADE PAULISTA DAYANE ROSA SANT ANA NAGAROTO DERMATITE ATÓPICA EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de graduação em Medicina Veterinária apresentado a Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: 05/12/2022 BANCA EXAMINADORA __________________________________ Prof. Dr. Aldo Francisco Alves Neto Universidade Paulista – UNIP __________________________________ Prof. Fabiola Setim Universidade Paulista – UNIP São José dos Campos – SP 2022
  • 5. AGRADECIMENTOS A Deus, pela nossa vida, e por nos dar forças para ultrapassarmos todos os obstáculos encontrados ao decorrer do curso. A minha Mãe, ao meu esposo e meu filho, que sem eles seria impossível chegar até aqui, me incentivaram nos momentos mais difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto me dedicava a realização deste sonho. Aos nossos professores, pela paciência, pelas correções e ensinamentos que nos permitiram apresentar o melhor desempenho no nosso processo de formação profissional.
  • 6. RESUMO A Dermatite Atópica Canina é uma doença pruriginosa e crônica influenciada por diversos aspectos trofoalérgenos. O animal atópico possui um defeito na camada epidérmica da pele que facilita a entrada de alérgenos nas regiões mais profundas da pele desencadeando reações imunológicas, resultando em prurido, vermelhidão, lesões, infecções secundárias e otite. Seus sinais clínicos são comumente confundidos com os de outras doenças como sarna demodécica, sarna sarcóptica e dermatite alérgica por picada de ectoparasita, devido a isso seu diagnóstico é clínico por exclusão, utilizando diversos exames para se excluir possíveis doenças. Algumas das opções de tratamento são anti-histamínicos, glicocorticoides orais e tópicos como sprays e shampoos utilizados em banhos semanais ou quinzenais, dependendo de cada animal. Palavras-chave: Atopia Canina; Otite, Prurido, Crônico e Tratamento.
  • 7. ABSTRACT Canine Atopic Dermatitis is a pruritic and chronic disease influenced by several trophoallergenic aspects. The atopic animal has a defect in the epidermal layer of the skin that facilitates the entry of allergens into the deeper regions of the skin, triggering immune reactions, resulting in itching, redness, lesions, secondary infections and otitis. Its clinical signs are commonly confused with those of other diseases such as demodectic mange, sarcoptic mange, allergic dermatitis due to an ectoparasite bite, because of this its diagnosis is clinical by exclusion, using several tests to exclude possible diseases. Some of the treatment options are antihistamines, oral glucocorticoids and topics such as sprays and shampoos used in weekly or biweekly baths, depending on each animal. Keywords: Canine Atopy; Otitis, Pruritus, Chronic and Treatment.
  • 8. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Diagrama da estrutura da pele normal do cão. .............................. 144 Figura 2: Quatro estratos da pele.................................................................. 155 Figura 3: Estrutura do pelo............................................................................ 177 Figura 4: Barreira Epidérmica.......................................................................... 20 Figura 5: Regiões corpóreas comumente afetadas pela Dac.......................... 21 Figura 6: Sintomas da Dermatite Atópica Canina............................................ 22 Figura 7: Blefarite Canina................................................................................ 23 Figura 8: Dermatofitose................................................................................... 23 Figura 9: Biopsia Cutânea com punch .......................................................... 244 Figura 10: Otite de pavilhão Canino ................................................................ 24 Figura 11: Teste Intradérmico ....................................................................... 256 Figura 12: Ácaros ambientais........................................................................ 267 Figura 13: Alimentação natural canina .......................................................... 278 Figura 14: Shampoos Hidratantes................................................................. 289 Figura 15: Glicocorticóide................................................................................ 31 Figura 16: Cortavance................................................................................... 312 Figura 17: Ciclosporina ................................................................................. 322 Figura 18: Tracolimus.................................................................................... 323 Figura 19: Cytopoint...................................................................................... 334 Figura 20: Apoquel. ....................................................................................... 345
  • 9. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Tipos de Hipersensibilidades......................................................... 149
  • 10. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11 2. OBJETIVOS ................................................................................................. 13 2.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 13 2.2. Objetivos Específicos:............................................................................ 13 3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 144 3.1. Anatomia e Histologia da pele.............................................................. 144 3.2. Dermatite Atópica Canina .................................................................... 178 3.2.1. Diagnóstico e Tratamento da DAC ................................................ 233 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 366 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 37
  • 11. 11 1. INTRODUÇÃO A Dermatite Atópica Canina (DAC) é uma alergopatia de caráter imunogenético crônico e bastante comum na rotina clínica veterinária que afetam cães que apresentam deficiência na barreira epidérmica devido a deficiência na produção de ácidos graxos e ceramidas, com isso, a função de proteção que a pele exerce fica danificada facilitando a penetração de antígenos ambientais como ácaros da poeira doméstica que são os mais comuns, seguidos por pólens e grama (CAMPOS,2021). É a segunda dermatopatia alérgica pruriginosa mais comum nos cães, perdendo apenas para dermatite alérgica a picada de ectoparasitas, pulgas e carrapatos. É uma das queixas de prurido mais relatadas pelos tutores nos consultórios (CAMÕES,2021). A manifestação clínica do prurido pode ser localizada ou generalizada com envolvimento de desequilíbrio bacteriano e/ou fúngica. Também pode ter variação segundo estações climáticas, sendo sazonal ou não, e as regiões do corpo mais acometidas são patas, virilhas, orelhas, axilas e rosto. A idade mais relatada é de 6 meses a 3 anos, mas podendo acontecer em qualquer idade, sexo, raça (ARRUDA,2013). Toda a patogenia envolvida na doença ainda não foi completamente descrita. Sendo assim, o que se sabe até hoje é que é uma doença multifatorial, possuindo uma deficiência da barreia epidérmica com sensibilização a alérgenos ambientais, alimentares e microbianos, onde a sensibilização vai gerar uma resposta alérgeno- específica no segundo contato com antígeno e produção de IgE (MARTINS,2018). Na fase aguda da doença acredita-se que os defeitos da barreira epidérmica facilitam o contato de alérgenos ambientais com a pele e suas células imunológicas que vão produzir IgE específica migrando para linfonodos regionais e derme (ARRUDA,2013). As falhas no sistema imunológico e seu mecanismo regulador pró-inflamatório fazem com que a inflamação permaneça afetando a pele e tornando-se em um processo crônico (FARIAS,2012). O diagnóstico ainda é realizado pelos sinais clínicos, sintomas do paciente e sua anamnese completa, não só em uma análise laboratorial. Em geral, os cães com DAC apresentam sinais persistentes e crônicos em pele e ouvidos. Outros sinais
  • 12. 12 também envolvidos são lacrimejamento, tosse, espirro podendo ser esses sinais sazonais ou não (MARTINS,2018). É de suma importância que outras alergias devam ser excluídas antes de finalizar o diagnóstico justamente por terem sintomas semelhantes (FARIAS,2012).
  • 13. 13 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Este trabalho tem como objetivo apresentar, na forma de uma revisão de literatura, a Dermatite Atópica em Cães (DAC), abordando seus aspectos crucias. Os resultados deste estudo contribuíram para nosso crescimento profissional, discussões sobre a doença e formas de tratamento. 2.2 Objetivos Específicos:  Abordar a Anatomia macro e micro da pele  Explicar a Etiologia da DAC  Descrever os sinais e sintomas;  Discorrer sobre o diagnóstico;  Explanar sobre o tratamento sintomático.
  • 14. 14 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Anatomia e Histologia da Pele Quando se fala de Dermatite Atópica Canina (DAC), o principal órgão afetado é a pele, para conseguir compreendê-la é preciso primeiramente conhecer a pele em seus aspectos saudáveis, para assim entender suas mudanças, sofridas como consequência de uma doença de caráter genético e inflamatório (LARSSON, 2019). Ainda conforme Larsson (2020) a pele é um dos órgãos mais complexo, diverso e com maior facilidade de adaptação ao meu ambiente dos animais domésticos, sendo composta por três camadas que compreendem a parte mais externa a mais interna; epiderme, derme e hipoderme (também conhecida como subcutânea) respectivamente. As estruturas desse órgão (figura 1) em cada animal é profundamente afetada pelo espaço externo, onde cada espécie possui atributos próprios. Além disso, também varia de espécie para espécie, produzindo algumas vezes estruturas de defesa e outras vezes de ataque. Figura 1: Diagrama da estrutura da pele normal do cão. Fonte:https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/c%C3%A3es/abordagem-clinica.aspx# A epiderme é a camada mais externa da pele, sendo um tecido epitelial com formato pavimentoso estratificado queratinizado, ou seja, composta por células queratinócitos. Essa camada da pele é formada por 4 estratos, basal, espinhoso, granuloso e córneo (figura 2). Em regiões com ausência de pelo a pele se encontra mais densa, nesta área encontra-se o estrato lúcido, entre o estrato granuloso e
  • 15. 15 córneo, um exemplo são os coxins do cão. O estrato basal é a parte mais interna e profunda, que está em contato com a derme, onde os queratinócitos são desenvolvidos e levados até a camada superior (LARSSON; 2019). Figura 2: Quatro estratos da pele. Fonte: https://escolaeducacao.com.br/camadas-da-pele/. O estrato espinhoso é composto por diversas camadas de células cuboides, que possuem um núcleo central e filamentos de queratina, com o objetivo de manter as células unidas devido a presença dos desmossomos (BOTONI, 2012). O estrato granuloso é constituído de células poligonais, sendo elas alongadas e estreitas e rico de grânulos basófilos, que dão origem a queratina. Os grânulos lamelares se unem ao citoplasma da célula liberando conteúdo lipídico no espaço intracelular criando uma barreira de proteção que impede a perda de água, conhecida como barreira lipídica (LARSSON, 2019). Ao final encontra-se o estrato córneo, sendo a camada mais externa da epiderme, onde se encerra o processo de degradação com mecanismo de apoptose e digestão dos núcleos. Os queratinócitos são transformados em células córneas, que possuem formato achatado e seco, formando uma massa compacta sendo essa envolvida por membranas, criando escamas de queratina, as quais se desprendem e são perdidas na superfície, sendo esse processo a descamação da pele (LARSSON, 2019).
  • 16. 16 A camada intermediária da pele é chamada de derme composta por tecido conjuntivo, como colágenos e fibras elásticas, se dividindo em duas camadas, sendo elas a camada papilar e camada reticular. A zona papilar é constituída por tecido conjuntivo frouxo, contendo inúmeros capilares sanguíneos, terminações nervosas, vasos linfáticos e músculos eretores dos pelos que tem como função aumentar a área de contato da derme com a epiderme e também aproximar os capilares sanguíneos das células que estão na camada mais espessa da epiderme (BOTONI, 2012). A zona reticular é composta por tecido conjuntivo denso, sendo ricamente vascularizada, onde ocorre o desenvolvimento dos plexos arteriais, responsáveis pela manutenção e regulação da temperatura corporal e pressão arterial. Através da inervação da pele ocorre a vasoconstrição ou a vasodilatação (MARCONI, 2012). A hipoderme é a camada mais interna da pele, composta por tecido conjuntivo frouxo, rico em tecido adiposo, sendo uma área extremamente vascularizada. Possui como funções unir a derme aos tecidos mais profundos, age como isolante térmico e reserva calórica e em algumas regiões do corpo serve como proteção contra traumas, atuando como amortecedores. A quantidade de tecido adiposo na camada hipodérmica pode variar dependendo da região, idade e sexo (RHODES, 2014). Em seu aspecto completo a pele possui diversas funções, onde são classificadas em dois tipos, as funções gerais da pele comum a todos os mamíferos e as funções da pele especifica dos animais domésticos. Suas funções gerais são: proteção contra agressões físicas e químicas, evitar a perda ou penetração de água, impedir a entrada de micro-organismos, proteção contra raios ultravioleta, produção de vitamina D, porta de entrada de estímulos ambientais e regulador da temperatura corporal. As funções específicas dos animais domésticos correspondem a determinação do comportamento sexual e reprodutor, um meio de demonstrar reações de ataque e defesa, reconhecimento individual, exploração do ambiente, marcação de território, proteção contra o sol e o meio externo, respiração e manutenção da temperatura corporal (RHODES, 2014). Outra estrutura fortemente afetada pela DAC, é o pelo do cão, ele está sempre relacionado as diferentes estruturas que compõem a pele, o sistema piloso é formado por uma glândula sudorípara, uma glândula sebácea e um músculo eretor do pelo, sendo esse conjunto nomeado de folículo piloso (figura 3). Os pelos exercem a função de proteção da pele contra objetos presentes no ambiente externo, funcionando como um escudo, como meio de comunicação através da cor e ereção, como por exemplo
  • 17. 17 animais que levantam os pelos como sinal de ameaça e os que os rebaixam em resposta como sinal de submissão e termo regulação, sendo essa última uma das funções principais nos animais domésticos. O animal doméstico possui sua temperatura controlada a partir da distribuição e coloração dos pelos, a região dorsal do animal possui uma pelagem mais espessa e escura o protegendo em situações de frio, pois é a área mais exposta, já a região ventral possui pelagem mais rasa e clara, ajudando a refletir a luz solar quando o animal se apresenta em decúbito dorsal. Outra função interessante da pelagem é a de camuflagem, ajudando o animal na caça e o protegendo o de predadores (ALVES, 2018). Figura 3: Estrutura do pelo Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13318/informativo-tecnico-ciclo-1-nutricao-para-uma- pele-saudavel 3.2 Dermatite Atópica Canina – DAC A DAC é uma doença pruriginosa e crônica, possuindo aspectos específicos e sendo multifatorial, estando relacionada a produção de anticorpos IgE contra antígenos ambientais e microbianos. Essa enfermidade está entre as mais comuns em relação aos cães, sendo seguida da DAPE (dermatite alérgica por picada de ectoparasitas) e da hipersensibilidade alimentar (FREIRE, 2020). Os principais alérgenos responsáveis pelos sintomas são pólens, gramíneas, ácaros e fungos ambientais, tendo como principal meio de contato a pele. Os ácaros são os principais causadores de sintomas quando se trata de doenças alérgicas vindas do ambiente
  • 18. 18 doméstico, podendo ser encontrados em roupas de cama, travesseiros, carpetes, tapetes e entre outros (SOLOMOM, 2012). Eles possuem em sua saliva antígenos que causam reações alérgicas nos animais, por isso, faz-se necessário o seu controle que pode ser realizado de diversas maneiras, dentre elas: evitar objetos como tapetes e carpetes que acumulam muita poeira, manter a higiene da cama e cobertores do cão, manter a ração fresca e em local seco e utilizar de preferência colchões antiácaros (COSTA, 2020). Os trofoalérgenos responsáveis pela hipersensibilidade alimentar, tem origem nas proteínas presentes nas carnes bovinas, frango, equina ou suína, leite, trigo, ovo, derivados da soja, aveia e em alguns fungos e algas que estão presentes na água. Deste modo, a composição e processamento de muitas rações vem contribuindo para respostas imunoalérgicas em cães que possuem dermatite atópica, sendo essa nomeada de dermatite atópica induzida por alimentos (SOLOMOM, 2012). Ainda conforme Solomon (2012) alguns agentes considerados irritantes podem induzir no animal atópico uma resposta inflamatória pois, objetos como cobertores, tecidos de lã, sintéticos ou ásperos, tapetes ou produtos de limpeza podem desencadear uma irritação mecânica, devido ao fato de modificarem as propriedades da barreira epidérmica aumentando o prurido. Aspectos como idade, raça e sexo podem influenciar para que o animal possua uma maior predisposição a doença. Nestes casos, cães com idade entre seis meses e sete anos, raças puras como Shihtzu, Lhasa, Golden Retrivier, Pug e West Highland White Terrier são alguns exemplos, contudo em relação ao sexo, ainda não se há um consenso entre os autores sobre qual deles, macho ou fêmea, possui uma maior incidência (FREIRE, 2020). Outros fatores que devem ser considerados são; a fauna e flora regional, estilo de vida de cada região e também as estações do ano, onde neste caso divide-se a dermatite atópica canina em sazonal ou não sazonal. No caso das estações do ano, os sintomas iniciais podem aparecer mais especificamente em uma época, ocorrendo uma incidência maior entre a primavera e outono. Porém, alguns animais desenvolvem a atopia não sazonal, que independe da estação do ano, ou seja, seus sintomas estão presentes no decorrer de todo o ano, contudo em dias mais quentes podem se acentuar (FREIRE, 2020). A DAC tem sido relatada como uma reação de hipersensibilidade, estes distúrbios podem variar de I, II, III e IV, de acordo com a base imunológica (quadro 1)
  • 19. 19 As reações mais comuns são as do tipo I, que são chamadas de reações imediatas, acontecendo após o segundo contato com o antígeno, onde essas reações são mediadas principalmente pelo IgE. Após o contato com o alérgeno as células de Langerhans entram em contatos com linfócitos T fazendo a apresentação dos antígenos aos linfócitos B, estes são responsáveis por produzir anticorpos IgE alérgenos específicos e células de memória. Os anticorpos IgE se unem aos mastócitos e basófilos teciduais resultando na degranulação de mastócitos e na liberação de mediadores da inflamação como histamina, serotonina, leucotrienos e heparinas, que produzem os sinais de inflamação, eritema, prurido e vasodilatação (ALVES, 2018). Quadro 1- Distúrbios de Hipersensibilidade Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Tipo de resposta Imune Humoral Humoral Humoral Celular Elemento de Resposta IgE IgG / IgM IgG / IgM Linfócitos T / CD4+ / Th1 de memoria Tempo de Manifestação dos sinais Imediata Imediata De 7 a 10 h até semanas De 24 hs até semanas Ação do Sistema Complemento Substancias Farmacologicamente ativas Pré-Formadas: Histamina e Serotonina Recém Formadas: Leocotrienos e Prostaglandina Aminas Vasoativas (Histamina)Leucotrie- nos, Prostaglandinas, PFA (Fator ativador de plaquetas) Citosinas Produzidas IL4 - IL5 - IL6 etc TFN e IL-1 TFN e FN gama Fonte: ALVES, Dermatite Atópica Canina: Estudo de caso. 2018. Na DAC observa se uma deficiência na função da barreira da epiderme (figura 4) facilitando a entrada de alérgenos e substancias irritantes, e estimulando excessivamente a produção de anticorpos. Esse defeito acontece no estrato córneo da epiderme responsável pela proteção do corpo com o meio externo, sua função além de restringir a entrada de agentes patogênico, é também de ser uma barreira hidrofóbica, devido a sua composição lipídica, controlando a água para dentro ou fora da pele. Essa disfunção também acarreta perda de água na epiderme, desta maneira a pele ao ficar desidratada acaba ficando mais vulnerável a penetração de antígenos (COSTA, 2020).
  • 20. 20 Figura 4: Barreira Epidérmica Fonte:https://portalvet.royalcanin.com.br/saude-e-nutricao/dermatologia/nutricao-aliada-na- integridade-da-barreira-cutanea/ A descamação continua que ocorre no estrato córneo é a mais importante função para a funcionalidade da barreira, ela limita a entrada de patógenos, ajudando na defesa contra infecções. O estrato córneo possui peptídeos antimicrobianos naturais que são responsáveis por eliminar microrganismos utilizando diversos mecanismos (ALVES, 2018). Existem diversos sintomas presentes na DAC, inclusive muitos se assemelham a sinais presentes em doenças como Sarna Demodécica, Sarna Sarcóptica, Dermatite alérgica por picada de ectoparasita e outros, por isso faz-se importante um diagnóstico diferencial quando se trata da DAC. Esses sintomas podem ser divididos em três categorias, alterações primárias, alterações secundárias e crônicas (LARSSON, 2019). As alterações primárias possuem como manifestação clínica mais comum o prurido em regiões sem lesão aparente ou em áreas onde a uma visível vermelhidão da pele. A coceira pode se apresentar em regiões especificas do corpo do cão ou de maneira generalizada, quando em regiões específicas se apresentam em face, pavilhão auricular, axilas, regiões palmares e plantares, extremidades distais dos membros, abdômen, superfícies flexoras e articulares dos membros e as regiões inguinal e perianal são as principais, conforme ilustrado na figura 5 (FEITOSA; 2014).
  • 21. 21 Figura 5: Regiões corpóreas comumente afetadas pela DAC. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Canine-atopic-dermatitis-a-Diagram-showing-the- distribution-of-skin-lesions-red-in_fig1_221876949 As alterações secundárias surgem devido a existência do prurido e de inflamação, pois o animal tende a se lamber e se morder com frequência e na maioria das vezes arrastar a face no chão, deste modo o cão acaba transformar lesões primárias já existentes em lesões secundárias mais ou menos gradual. Essas lesões secundárias podem ser alopecia auto induzida que é a perda de pelo do local em detrimento do animal se coçar, pústulas, pápulas, edema, liquefação, sendo esse o processo de alteração da pele e hiperpigmentação do pelo, devido a ação da saliva. Outros sintomas comuns nas alterações secundárias que acompanham a DAC são a otite externa e o prurido presente no pavilhão auricular, ocorrendo em 86% dos pacientes, pelo sem brilho, crostas, seborreia oleosa, seca ou mista (VASCONCELOS, 2017).
  • 22. 22 Figura 6: Sintomas da Dermatite Atópica Canina Fonte: https://uauuauquemia.com.br/blog/12-doencas-de-pele-em-caes-mais-comuns-e-seus- tratamentos/ As alterações crônicas acontecem quando o animal não responde de forma satisfatória ao tratamento, persistindo assim as alterações primárias e secundárias. A disfunção da barreira lipídica do animal atópico e a maior sensibilidade e fragilidade da pele, favorecem o surgimento de infecções bacterianas e fúngicas, intensificando os sinais clínicos já existentes (LARSSON; 2019). A conjuntivite está presente em 50% dos pacientes e a seborreia acentuada entre 12% a 23% dos cães. A piodermite também é muito comum nos cães atópicos, como a blefarite ( figura 7) que pode surgir devido a uma alergia alimentar, imediata; citotóxica, quando há uma reação a medicamentos, ou a picada de insetos, sendo lesões caracterizadas devido a descamação intensa da pele (VASCONCELOS, 2017).
  • 23. 23 Figura 7: Blefarite Canina Fonte: https://www.peritoanimal.com.br/cetoconazol-para-cachorro-doses-usos-e-efeitos-colaterais- 23082.html Alguns sinais não dermatológicos, também podem se apresentar em alguns animais, entre eles: infecções do trato respiratório como rinite, asma, congestão nasal e espirros, catarata e epífora, sendo essa a produção excessiva de lágrimas, hipersensibilidade hormonal e distúrbios urinários. Os distúrbios intestinais estão relacionados à dermatite atópica por alimentos (PEREIRA, 2017). 3.2.1 Diagnóstico e Tratamento da DAC O diagnóstico de DAC é estabelecido baseado em critérios clínicos sendo esses o histórico racial, idade que surgiram os primeiros sintomas, sinais clínicos, sintomas compatíveis com a doença, e exclusões de outras dermatopatias pruriginosas que possuem sintomas semelhantes, como a dermatofitose (figura 8). (PEREIRA, 2017). Ainda conforme Pereira, suas manifestações patogênicas são associadas a presença de umidade, deficiência na barreira imunológica dos cães, pH e temperatura, possuindo como sinais clínicos, prurido intenso, alopecia na região afetada ou generalizada, odor corporal, eritema, seborreia, pele espessa e ásperas. Para diagnostico é necessário um exame citológico de pele e ou cultura fúngica. O tratamento nesses casos são terapias tópicas (PEREIRA, 2017).
  • 24. 24 Figura 8: Dermatofitose Fonte: https://vetsmart- parsefiles.s3.amazonaws.com/971701d986dcf95f936d5743c3dfecb0_vetsmart_admin_pdf_file.pdf Algumas dessas enfermidades podem ser excluídas na anamnese e nos exames físicos e outras somente com exames complementares, sendo o diagnóstico feito de forma individual para cada animal. Os exames para DAC são limitados, sendo eles hemograma, bioquímicos (que normalmente apresentam se com parâmetros normais), histopatológico de biopsia cutânea (figura 9); testes endócrinos; exames citológicos visando detectar a bactéria ou fungo presente na pele (FEITOSA, 2014). Figura 9: Biopsia Cutânea com Punch Fonte: http://dermatosaude.com.br/portfolio-item/biopsia-da-pele/
  • 25. 25 Com o objetivo de haver uma uniformidade no diagnóstico de dermatite atópica canina, foram elaborados critérios clínicos nomeados de critérios de Favrot, sendo eles, o início da dermatite por volta dos três anos de idade, o cão frequentemente fica dentro de casa, o prurido responde a corticosteroide, possui otite crônica recorrente, afeta patas torácicas, afeta pina das orelhas (figura 10), não afeta margens das orelhas, não afeta região dorso lombar. Para que o animal tenha o diagnóstico de DAC ele deve apresentar pelo menos 3 dos critérios. (SILVA, 2019) Figura 40: Otite de pavilhão canino Fonte: https://www.adoropets.com.br/otite-em-cachorros/ O teste alérgico não é usado como forma diagnóstica, e sim como auxiliar na formulação de imunoterapia específica em pacientes que já sejam diagnosticados com DAC, pois devido ao prurido causado pela enfermidade podem resultar em testes com resultados positivos, contudo podem ser falsos positivo devido à alta sensibilização e não aos alérgenos propriamente dito, sendo assim a indicação destes testes é restrita (FEITOSA, 2014). O teste intradérmico TID (figura11) é considerado o mais eficaz comparado com o teste in vitro, o TID positivo indica que o animal apresenta anticorpo IgE contra aquele alérgeno mas, não necessariamente significa que o animal seja alérgico, o teste deve ser interpretado juntamente com seu quadro clinico, porque reações falso positivas podem ocorrer quando o animal faz uso de anti histamínicos ou corticoides, sendo recomendado a suspensão de seu uso de 10 a 21 dias antes do teste (FEITOSA, 2014).
  • 26. 26 Figura 51: Teste Intradérmico Fonte: https://www.alergiaveterinaria.com.br/ O teste in vitro é utilizado em alguns casos pois não oferece riscos aos animas, já que em alguns casos no TID o animal precisa passar por uma tricotomia no dorso e ou sedado com medicações que não interfiram na eficácia do teste (HNILICA, 2012). O tratamento da dermatite atópica canina é baseado em diversos fatores e as intervenções devem ser combinadas, sempre sendo adaptada para cada paciente, baseado no estágio da doença, gravidade e onde se encontram as lesões, sendo importante salientar que o tutor deve estar ciente dos benefícios e dos efeitos colaterais de cada tratamento (MEDEIROS, 2017). Os objetivos dos tratamentos nas fases agudas são prevenir o contato com o alérgeno, a partir da sua identificação por testes alérgenos, melhorar a higiene da pele do animal e a redução dos sintomas como prurido e lesões na pele. Já nos casos crônicos os objetivos são os mesmos das fases agudas, porém possui a prevenção da volta dos sintomas, utilizando métodos como antiparasitários, algumas terapias preventivas como o uso de anti-inflamatórios, tendo entre eles o glicocorticoide e o Tacrolimus e também a utilização da terapia de imunoterapia associada aos outros tratamentos quando possível (MEDEIROS, 2017).
  • 27. 27 A redução dos sintomas pode ser realizada de diferentes maneiras, dependendo da particularidade do caso de cada paciente, os tratamentos mais utilizados são os glicocorticoides, Tacrolimus, Ciclosporina, anti-histamínicos, ácidos graxos e os glicocorticoides de uso tópico (FONSECA, 2013). A imunoterapia funcionada a partir dos alérgenos positivados nos testes in vivo ou no in vitro serão selecionados para a imunoterapia. A vacina é produzida individualmente para cada paciente podendo possuir em cada dose no máximo três alérgenos que o animal seja sensível. A imunoterapia funcionada a partir da exposição do cão ao alérgeno, sendo aplicado doses dos alérgenos mensalmente de maneira vitalícia. Seu objetivo é que o cão se torne mais tolerável aos alérgenos, contribuindo para a amenização dos sintomas e também permite minimizar de forma consistente o uso de medicamentos e até muitas vezes sua eliminação. Esse tipo de tratamento possui como vantagem sua menor frequência de aplicação e um baixo risco de efeitos colaterais que muitas vezes estão presentes em tratamentos com administrações prolongadas (HNILICA, 2012). Os alérgenos ambientais como o pólen e os ácaros (figura 12) são responsáveis por desencadear a atopia canina, sendo necessário para o tratamento sua eliminação ou minimização de contato. É necessário evitar levar o animal em áreas com grande vegetação, espaços verdes em dias quentes e secos, buscar deixar o ambiente fechado em épocas de polinização e aumentar a frequência dos banhos com o objetivo de retirar os alérgenos em questão do corpo do cão (MEDEIROS, 2017). Figura 12: Ácaros ambientais Fonte: https://www.allergen.com.br/post/2017/09/21/ao-termos-trazido-c-c3-a3es-e-gatos-para- dentro-de-nossos-lares-os-expusemos-aos-principa
  • 28. 28 Outros alérgenos estão presentes na alimentação do animal, principalmente na proteína. Pacientes que possuem hipersensibilidade a alérgenos ambientais demonstram sinais crônicos e recorrentes, portanto é indicado o teste de restrição alimentar e observação dos sinais clínicos para que deste modo se estabeleça quais alimentos contém alérgenos que o animal é sensível. Nestes casos, o manejo nutritivo é importante para se buscar alternativas possíveis, como a alimentação natural. (figura 13), proteínas de avestruz, coelho, pato e cordeiro e carboidratos como mandioca (FONSECA, 2013). Dietas suplementadas com ácidos graxos essenciais como ômega 6 que fazem parte da síntese de ceramidas na pele e que maximizam a função da barreira das células e ômega 3 que possuem propriedades anti-inflamatórias podem beneficiar o cão atópico, contudo essas vantagens podem ser observadas somente após dois meses de suplementação. As vitaminas E e C são antioxidantes e protegem as células contra a ação dos radicais livres presentes na inflamação. O manejo dietético é vitalício e não é recomendado petiscos (HNILICA, 2012). Figura 13: Alimentação natural canina Fonte: https://conviteasaude.com.br/alimentacao-natural-para-caes-porque-e-como/
  • 29. 29 O animal atópico apresenta uma deficiência na barreira lipídica, sendo assim, faz-se necessário ajudar o animal a estabelecer barreiras, compostos tópicos que possuem ácidos graxos essências e ceramidas em sua composição auxiliam na correção e proteção da barreira. Os shampoos fisiologicos apresentam essas formulações (figura 14) e não alteram o pH da pele podendo ser utilizados duas vezes na semana. Quando há presença de descamação é indicado o uso de shampoos anti- seborreicos, quando há infecção, shampoos antissépticos são a melhor opção e já os shampoos que possuam corticoides em sua fórmula devem ser utilizados somente quando o animal não está sendo medicado com este fármaco de outra maneira. Essa conduta terapêutica é muito útil, porém deve ser sempre associada complementando outros fármacos. (PEREIRA, 2017). Figura 64: Exemplo de shampoo Hidratante Fonte: https://agener.com.br/produtos/pequenos-animais/linha-equilibrio/hidrapet-xampu/ Segundo Fonseca (2013) os glicocorticoides estão entre os medicamentos mais utilizados no tratamento da DAC, gerando um resultado na maioria das vezes positivo, eles possuem ação anti-inflamatória e imunossupressora, reduzindo o contato do alérgeno com o IgE. Contudo os efeitos colaterais deste fármaco devem
  • 30. 30 ser levados em consideração, sendo indicado seu uso em último caso, quando nenhum dos outros tratamentos disponíveis não surgirem efeito ou em casos graves e quando usados buscar utilizar a menor dose possível, buscando minimizar o risco dos efeitos colaterais. Deste modo, devem ser utilizados por via oral de 3 a 5 dias em casos em que há recidivas rápidas, de três a quatro meses em casos de controle sazonal da DAC e em casos de uso prolongado sua dose deve ser reduzida gradativamente, fazendo a administração em dias alternados até ser possível terminar a terapia. Os efeitos colaterais mais comuns ao se utilizar o tratamento por glicocorticoide são o aumento no fluxo urinário, sede intensa depois de beber muito líquido, aumento de peso, alopecia, cansaço muscular, úlceras gastrointestinais, alterações comportamentais, infecções microbianas, principalmente urinárias, pancreatite e imunossupressão, afetando os testes alérgenos. Em cães com diabetes, pancreatite, insuficiência renal, doença infecciosa, micoses, afecções hepáticas, parasitoses e hiperadrenocorticismo não se é recomendado o uso deste medicamento (FONSECA, 2013). Os animais que fazem uso dos glicocorticóides, principalmente por tempo prolongado devem estar sempre em acompanhamento médico veterinário, devendo realizar cultura de urina duas vezes no ano, o monitoramento do apetite e da ingestão de água, exame dermatológico e hemogramas. Deste modo, é necessário compreender que os glicocorticoides são cruciais para o tratamento de DAC, contudo devem ser usados ao se falar de um diagnóstico definitivo e com cautela buscando minimizar sempre os efeitos colaterais (FONSECA, 2013). Os glicocorticoides (figura 15) de uso tópico possuem efeito anti-inflamatório e são recomendados para lesões localizadas, sendo os mais comuns a Triamcinolona e o Aceponato de Hidrocortisona. A aplicação deve ser realizada uma ou duas vezes no dia passando uma fina camada nas regiões afetadas. Os efeitos secundários assim como em qualquer tratamento também estão presentes, sendo eles: atrofia cutânea e pela fina e seca (PEREIRA, 2017).
  • 31. 31 Figura 75: Glicocorticóide Fonte: https://www.ourofinopet.com/produtos/medicamentos/prediderm/ A Triamcinolona usada em baixa porcentagem, tem ótimos resultados por não apresentar efeitos sistêmicos, usada em um período curto de tempo e podendo ser associadas com outras formulações de glicocorticoides. Quando usada em um longo período pode causar atrofia cutânea ou calcinose cutânea (FONSECA, 2013). Aceponato de hidrocortisona é uma molécula formulada para controle de prurido, apresentada com nome comercial Cortavance Spray, é mais indicado para tratamento sintomático de dermatites pruriginosas e inflamatórias em cães, sua função é trazer alivio a pele irritada, amenizar o prurido e reduzir a inflamação. É um glicocorticoide tópico potente e seguro, apresenta uma boa penetração e rápido efeito na derme e com baixos efeitos sistêmicos. Sua tecnologia permite que o Spray seja aplicado uma vez por dia pois tem como efeito reservatório, sendo liberado gradualmente ao longo de 24 horas. O Aceponato de hidrocortisona (figura 16) é muito usado para controle e manutenção da DAC, suas reações adversas acontecem quando usado a longo prazo causando atrofias cutânea, piodermatites localizadas, comedões e descamações. Os riscos desses efeitos são reduzidos comparados aos outros glicocorticoides tópicos (GRILO, 2012).
  • 32. 32 Figura 86: Cortavance Fonte: https://br.virbac.com/products/dermatologicos/cortavance A Ciclosporina (figura 17) é um fármaco anti-inflamatório similar ao glicocorticoide apresentando menos efeitos colaterais sendo eles diarreia, hiperplasia gengival, papilomatose oral, anorexia e perda de peso. A ciclosporina tem função imunomoduladora inibindo os linfócitos e as células de Langherans de iniciar uma reação imunológica. Inibe também os mastócitos e eosinófilos de desencadear respostas alérgicas respostas alérgicas. Os efeitos colaterais são raros e reversíveis após a interrupção dos tratamentos, tem eficácia em 80% dos casos, é usada para o controle da DAC (GRILO, 2012). Figura 17: Ciclosporina Fonte: https://br.virbac.com/products/dermatologicos/cyclavance
  • 33. 33 O fármaco Tacrolimus (figura 18), tem ação semelhante a ciclosporina, porém possui compostos químicos diferentes, podendo ser usado por via tópica limitando os riscos de efeitos colaterais, o Tacrolimus não ocasiona atrofia cutânea e não é indicado para sinais agudos, somente para controle de DAC (FONSECA, 2013). Figura 98: Tracolimus Fonte: https://drogavetlabs.com/colirios-tacrolimus Os anti-histamínicos são fármacos utilizados no tratamento da DAC, lembrando que a histamina que é liberada no momento de degranulação dos mastócitos é uma das fases mais importantes na resposta inflamatória cutânea. Sua eficácia se dá em apenas 20% dos casos, devido a irrelevância da histamina nas lesões persistentes em pacientes atópicos. Sua eficácia é vista em alguns casos, sendo necessário o teste de diversos fármacos, pois depende da resposta individual de cada animal. Os anti- histamínicos podem ter seus efeitos maximizados se forem associados com outras medicações como: ácidos graxos essenciais e corticoides. Seus efeitos colaterais mais comuns são: sonolência, irritabilidade, dispneia, constipação, sialorreia e convulsões. O efeito de sonolência gerado pelos anti-histamínico auxilia no tratamento e melhora clínica do animal (FONSECA, 2013). O Lokivetmab, conhecido comercialmente como Cytopoint (figura 19), é um anticorpo monoclonal agindo semelhante ao sistema imune e bloqueando a Interleucina 31 (IL-31) que é uma citocina responsável pela transmissão do sinal de prurido, seu tratamento se assemelha aos processos naturais celulares do corpo, sua
  • 34. 34 degradação ocorre lentamente, fazendo que seu efeito terapêutico seja duradouro. Sua tecnologia é inovadora e diferencial comparada com a terapia medicamentosa pois sua metabolização não depende da função renal ou função hepática do paciente, usando a terapia com anticorpos, onde pode ser usada em animais com comorbidades e idosos, diferente das terapias medicamentosas onde podem haver algumas restrições (SILVA, 2019). Figura 19: Cytopoint. Fonte:file:///C:/Users/User/Downloads/=UTF8BQXZhbGlhw6fDo28gZG8gdXNvIGRlIGxva2l2ZXRtYWI gX0N5dG9w=%20=UTF8Bb2ludF8gbmEgZGVybWF0aXRlIGF0w7NwaWNhIGNhbmluYS5wZGY== O Oclacitinib conhecido comercialmente por Apoquel (figura 20) é um inibidor de um grupo de tirosinas chamado Janus kinase (JAK) e sua função é controlar os pruridos de cães com DAC ou outras dermatites, agindo diretamente na inibição das citocinas pró inflamatórias, pró alergênicos e pruridogênicas que são responsáveis pela formação de prurido em cães. O fármaco apresentou eficácia na inibição de interleucina 31 (IL-31) em cães, reduzindo de maneira significante (49% e 67%) o prurido em cães com DAC. Deve ser utilizado em cães acima de 12 meses, pois em cães filhotes pode haver como efeito colateral o aumento de infecções como demodicose causadas pelo ácaro Demodex canis, sendo transmitida da mãe para os neonatos lactentes, através de contato direto e agravar condições de neoplasias necessitando de monitoramento continuo até o final da terapia medicamentosa, seu uso é contra-indicado em cadelas prenhas ou lactantes (FONSECA,2018).
  • 35. 35 Figura 100: Apoquel. Fonte: https://www2.zoetis.com.br/especies/caes-e-gatos/apoquel/ O prognóstico da Dermatite Atópica Canina é promissor em relação a manutenção e o controle da doença, de seus sintomas e infecções secundárias, visto que não possui cura. Deste modo, se torna um tratamento longo, que exige do tutor e do médico grande empenho e constante medicação e outros cuidados tópicos, para que assim se reflita em uma melhor qualidade de vida para o cão (FONSECA, 2013).
  • 36. 36 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos estudos publicados em literatura e reportados neste trabalho foi possível observar que a DAC é uma doença complexa e crônica que não se trata somente de uma alergia, sendo influenciada por diversos aspectos, como: alérgenos ambientais e ou alimentares, processos infecciosos secundários, um defeito na barreira epidérmica da pele e principalmente genéticos. É uma condição que não possui cura e sim um tratamento vitalício, respeitando as particularidades de cada animal. Trata-se de uma doença que tem sido reportada com maior frequência entre os pequenos animais e deve ser considerada com mais cuidado, de modo a ser tratada o quanto antes devido ao grande desconforto que gera aos animais. Seu diagnóstico é clínico por realizado por exclusão, sendo a partir desse diagnóstico optar por um tratamento mais adequado a cada caso. Portanto, a Dermatologia é uma área que tem se tornado de grande importância na veterinária, cabendo ao médico veterinário ajudar o animal a ter uma melhor qualidade de vida dentro do possível.
  • 37. 37 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ABORDAGEM clínica. In: ZOETIS BR. www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/ posts/c%C3%A3es/abordagem-clinica.aspx#. Acesso em 30 de Abril de 2022 ALVES, B. H., Dermatite Atópica Canina: Estudo de caso. PubVet, v.12, 1-6, 2018. ARRUDA, L. K., MORENO, A. S., FERREIRA, F., Diagnóstico molecular de alergia: pronto para a prática clínica. 2013. BOTONI, L. S., MARTINS, G. D. C., BATISTA, L. M., BICALHO, A. P. C. V., Prevalência de reações positivas a alergênos causadores de Dermatite Atópica em cães na região metropolitana de Belo Horizonte. Medvep, 2012, 140-145. CAMÕES, A. F. B., Protocolo terapêutico alternativo com Oclacitinib para Dermatite Atópica Canina: uma solução capaz de reduzir custos. Lisboa, PT, Universidade de Lisboa, 2021. CAMPOS, M. L., SILVA, L. C., MORAES, F. J., Novos conceitos de Dermatite Atópica em cães, Curitiba, PR, 2021. COLIRIOS. In DROGAVETLAB. https://drogavetlabs.com/colirios-tacrolimus. Acesso em 16 de Julho de 2022 CAMADAS da pele. In ESCOLA EDUCAÇÃO. https://escolaeducacao.com.br/ camadas-da-pele/. Acesso: 01 de Maio de 2022 CANINE atopic dermatitis. In RESEARCHGATE. https://www.researchgate.net/figure/ Canine-atopic-dermatitis-a-Diagram-showing-the-distribution-of-skin-lesions-red- in_fig1_221876949. Acesso em 30 de Abril de 2022
  • 38. 38 COSTA, F. N. Dermatite Atópica em cães. Urutaí, GO, 2020. Monografia (Obtenção da Graduação em Medicina Veterinária), Instituto Federal Goiano. Urutaí, 2020. DERMATOLOGIA. In DERMATOSAUDE. http://dermatosaude.com.br/portfolio-item/ biopsia-da-pele/.Acesso em 10 de Junho de 2022 DERMATOLOGIA. In VIRBAC. https://br.virbac.com/products/dermatologicos/ cortavance. Acesso em 01 de Julho de 2022 DERMATOLOGIA. In VIRBAC. https://br.virbac.com/products/dermatologicos/ cyclavance. Acesso em 01 de Julho de 2022 FARIAS, R. M., Avaliação da concentração de aeroalérgenos na pelagem de cães e na poeira a partir de domicílios de crianças com rinite e ou asmas alérgicas. Curitiba, PR, Universidade Federal do Paraná, 2012. FEITOSA, F. L. F., Semiologia Veterinária: A arte do diagnóstico. São Paulo, SP, 2014. FONSECA, N. L., O uso do Oclacitinib no tratamento de Dermatite Atópica Canina. Porto Alegre, RS, 2018, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. FONSECA, R. J., Alternativas no tratamento da Dermatite Atópica Canina, Brasília, DF, 2013, Universidade de Brasília Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. GRILO, C. I. I., Dermatite Atópica Canina. Évora, PT, 2012, Universidade de Évora. HNILICA, K. A., Dermatologia de pequenos animais atas colorido e guia terapêutico. 3° edição, Rio de Janeiro, RJ, 2012.
  • 39. 39 INSTITUTO de veterinário de alergia. In ALERGEN. https://www.allergen.com.br/ post/2017/09/21/ao-termos-trazido-c-c3-a3es-e-gatos-para-dentro-de-nossos-lares- os-expusemos-aos-principa. Acesso em 06 de Junho de 2022 LARSSON, C. E., LUCAS, R., Tratado de medicina externa dermatológica veterinária. Interbook, 2° edição, 2019. LINHA Equilíbrio. In AGENER, produtos para pets. https://agener.com.br/produtos/ pequenos-animais/linha-equilíbrio/hidrapet-xampu/ Acesso em 30 de junho de 2022 MEDICAMENTOS. In OURO FINO PET. https://www.ourofinopet.com/produtos/ medicamentos/prediderm/. Acesso em 28 de Junho de 2022 MARTINS, G. C., Análise de biomarcadores na Dermatite Atópica em cães antes e durante o tratamento com maleato de oclacitinib. Minas Gerais, MG, Universidade Federal de Minas Gerais, 2018 MEDEIROS, V. B., Dermatite Atópica Canina 2017. MENCALHA, R. N., Atlas de dermatologia em cães e gatos- de A a Z, cap. 4, 2019. NUTRIÇÃO animal. In VETSMART. http//www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13318/ informativo-tecnico-ciclo-1-nutricao-para-uma-pele-saudavel. Acesso em 03 de Maio de 2022 NUTRICAO animal. In CONVITE A SAUDE. https://conviteasaude.com.br/ alimentacao-natural-para-caes-porque-e-como/ Acesso em 30 de Junho de 2022 NUTRIÇÃO da pele. In ROYAL CANIN. https://portalvet.royalcanin.com.br/saude-e- nutricao/dermatologia/nutricao-aliada-na-integridade-da-barreira-cutanea/. Acesso em 01 de Maio de 2022
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