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         FEAD


   Aline Lemos Pimenta




 DEMODICOSE CANINA:
TRATAMENTO E CONTROLE




     Belo Horizonte
          2012
1




                          Aline Lemos Pimenta




          DEMODICOSE CANINA: TRATAMENTO E CONTROLE




                                   Trabalho de Conclusão de Curso
                                   apresentado a FEAD como requisito
                                   parcial para obtenção do título de
                                   Médica Veterinária




Orientadora: Dra. RONIZE ANDRÉIA FERREIRA




                            Belo Horizonte
                                 2012
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        Pimenta, Aline Lemos.
P644d      Demodicose canina: Tratamento e controle. / Aline
        Lemos Pimenta - Belo Horizonte: 2012.
           21f.

            Orientador: Ronize Andréia Ferreira.

            Bibliografia: 19-21f

            I.Ferreira, Ronize Andréia II. Título 1. Cães
        2. Demodicose – Tratamento 3. Lactonas macrocíclicas.

                                            CDU: 636.7
3




                                  AGRADECIMENTOS



Agradeço a Deus por me guiar e dar forças em mais esta etapa da minha vida.

Aos meus pais Liani e Marconi pelo apoio, pois não mediram esforços para que esse sonho se
tornasse realidade e me ampararam em todos os momentos de incertezas e dificuldades.

À minha irmã Lívia que sempre me conforta e dá apoio quando eu mais preciso.

Aos amigos e parentes Geralda de Almeida, Vera Lúcia, Marcelo Telles Gontijo, Tio
Augustinho que de alguma forma estiveram presentes nesse momento de conquista.

À professora e doutora Ronize Andréia Ferreira que me orientou, sempre foi atenciosa e é um
grande exemplo a ser seguido.

À minha querida Belinha que é parte da família e uma fonte especial de inspiração.
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RESUMO


A demodicose conhecida também como sarna demodécica, sarna folicular ou sarna negra é
uma doença parasitária inflamatória de cães caracterizada pela proliferação exacerbada de
ácaros demodécicos. A infecção possui duas formas, a localizada e a generalizada, sendo que
o tratamento deverá consistir de um acaricida eficaz como também de antibacterianos e
antiparasiticidas. O uso tópico do amitraz era a terapia de escolha para o tratamento da
demodicose canina. Atualmente, as lactonas macrocíclicas, uma nova classe de fármacos de
ação sistêmica tem sido eficiente no combate desta doença. Porém, os protocolos de
tratamentos devem ser mais bem avaliados para se chegar ao consenso de qual terapia possui
melhores resultados.


Palavras-chave: sarna, demodicose, acaricida, amitraz, lactonas macrocíclicas.
5




ABSTRACT


The demodicosis also known as demodectic mange, follicular mange or scabies black is an
inflammatory parasitic disease of dogs characterized by the proliferation of mites
demodécicos exacerbated. The demodicosis has two forms, localized and generalized, and the
treatment should consist of an effective acaricide but also antibacterial and antiparasiticidas.
Today, after more than 20 years of topical amitraz as a more appropriate drug for treatment of
canine demodicosis, a new class of drugs for systemic action has been effective in combating
this disease, are the macrocyclic lactones. However, treatment protocols should be better
evaluated to arrive at consensus on which therapy has better results.


Keywords: mange, demodicosis, acaricide, amitraz, macrocyclic lactones.
6




                                           LISTA DE FIGURAS




Figura 1 Formas imatura e adulta de Demodex canis.................................................................9

Figura 2 Cão com forma localizada de demodicose na região facial........................................12

Figura 3 Fotografia de um cão com demodicose severa...........................................................16
7




                        LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS




®       Marca registrada
%       Porcentagem
cm      Centímetros
MDR1    Multidrug resistance
mg/kg   Miligrama por quilo
ml/kg   Mililitros por quilo
IM      Intramuscular
IV      Intravenosa
8




                                                             SUMÁRIO


1 Introdução...............................................................................................................................9
2 Revisão de Literatura...........................................................................................................10
    2.1 Tratamento da Demodicose Canina Localizada........................................................11
    2.2 Tratamento da Demodicose Canina Generalizada....................................................12
    2.3 Controle da Demodicose Canina.................................................................................17
3 Considerações Finais............................................................................................................18
Referências Bibliográficas .....................................................................................................19
9
                                                                                            9




1 - INTRODUÇÃO


A demodicose conhecida também como sarna demodécica, sarna folicular ou sarna negra é
uma doença parasitária inflamatória de cães caracterizada pela proliferação exacerbada de
ácaros demodécicos (SCOTT et al., 1996). Inicialmente, a doença pode ser devido a distúrbio
do sistema imunológico ou à genética do animal. Outros fatores que podem desencadear o
distúrbio são idade, tipo de pelo, má nutrição, estro, parto, estresse, tratamentos
imunossupressores, endoparasitas e doenças debilitantes (FOSTER; SHAW, 2000).


É causada por um desequilíbrio na microbiota da pele dos cães, pois a presença do Demodex
canis (Figura 1) em pequena quantidade no hospedeiro não é capaz de causar doença. Esses
ácaros estão presentes no folículo piloso, glândulas sebáceas e sudoríparas de animais normais
(NICOLUCCI, 2010). O diagnóstico pode ser feito através de raspado profundo de pele.
Apesar de ser uma patologia comum, é objeto de debate em reuniões em vários países, pois o
tratamento é trabalhoso e às vezes não consegue combater a doença de forma eficaz fazendo
com que muitos cães sejam submetidos à eutanásia em função de consecutivas recidivas
(MUELLER et al., 2012a).




               Figura 1 – Formas imatura e adulta de Demodex canis.
               Fonte: leicesterskinvet.com/wp-content/uploads/2010/09/Demodex3.jpg
10
                                                                                          10




A transmissão pode ocorrer durante a amamentação com o contato direto da cadela e seus
filhotes. A patogenia ocorre quando há proliferação excessiva, e lesões primárias poderão ser
a porta de entrada para infecções secundárias que mudarão o curso do tratamento. Desta
forma a terapia deve ser mais abrangente e capaz de combater além dos ácaros também
bactérias e outros microorganismos oportunistas como os fungos. Além disso, a demodicose é
uma dermatopatia influenciada por fatores ligados ao hospedeiro como os raciais, sendo que
algumas raças puras como Basset hound, Beagle, Boxer, Buldog Inglês, Chihuahua,
Dachshund, Pug, Dobermans, Pinchers, Border Collie e Sharpei são mais predisponentes.
(NICOLUCCI et al., 2010; SANTARÉM, 2007; SILVA et al., 2008).


A demodicose possui duas formas, a localizada e a generalizada, sendo que o tratamento
deverá consistir de antibacterianos, antiparasiticidas, acaricidas além de combater doenças
sistêmicas em alguns casos, principalmente em animais adultos, como hiperadrenocorticismo,
neoplasias e hipotireoidismo. A terapia para ser eficaz não depende somente do fármaco
utilizado,   mas     também do comprometimento do proprietário que deverá seguir
minuciosamente todas as recomendações e ser bem informado sobre o prognóstico da doença
(MUELLER et al., 2012a; SILVA et al., 2008).


O uso tópico do amitraz era a terapia de escolha para o tratamento da demodicose canina,
entretanto, atualmente, as lactonas macrocíclicas, uma nova classe de fármacos de ação
sistêmica tem sido eficiente no combate desta doença. Porém, os protocolos de tratamentos
devem ser mais bem avaliados para se chegar ao consenso de qual terapia possui melhores
resultados (SILVA et al., 2008).


2 – REVISÃO DE LITERATURA


Atualmente temos disponíveis variados medicamentos para o combate de agentes causadores
de sarna em cães, mas muitas vezes não se consegue o resultado esperado em um curto
prazo. Esta revisão permite inferir quais são os tratamentos administrados atualmente, assim
como as vias de administração.


Alguns medicamentos se administrados indiscriminadamente em pequenos animais podem
causar intoxicação e levar à sedação, hipotermia, bradicardia, bradiarritmias, hipotensão,
bradipnéia, midríase e hiperglicemia transitória (ANDRADE et al., 2008).
11
                                                                                         11




Muitas vezes devem ser observados fatores referentes ao hospedeiro antes mesmo de se
escolher e iniciar o tratamento. Episódios de vômitos e diarreia também são observados
(SCHNABL et al., 2010). Os cães com sinais de toxicidade por amitraz podem ser tratados
com antagonistas α2 adrenérgicos como o cloridrato de ioimbina (0,1mg/kg, IV, IM) ou
atipamezole (0,1 a 0,2mg/kg, IV, IM) associado à fluidoterapia parenteral e não há indicação
para o uso de atropina (SILVA et al., 2008). Algumas raças são mais predisponentes à
intoxicação por determinados fármacos, por isso deve-se ter um enorme cuidado na escolha
do tratamento que deve ser eficaz, mas sem causar efeitos colaterais graves ao animal.


Para um controle eficaz das infestações desses parasitas é indispensável não utilizar os
animais acometidos pela sarna demodécica como reprodutores, por ser uma doença de fator
hereditário, sendo importante proceder com a castração quando constatada a doença.


2.1 - TRATAMENTO DA DEMODICOSE CANINA LOCALIZADA


A demodicose localizada (Figura 2) é caracterizada por alguns autores quando há no máximo
quatro lesões que não ultrapassam 2,5 cm (MEDLEAU; HNILICA, 2003). A sarna
demodécica é uma doença que em geral se cura espontaneamente em seis a oito semanas,
porém recidivas podem ocorrer (DELAYTE et al., 2006).


Caso seja indicado algum tratamento deve-se utilizar um shampoo à base de peróxido de
benzoíla (2-3%) que é desengordurante, e que contenha glicerina em sua formulação por ser
um emoliente que diminui as chances de ocorrer a piora das lesões devido à ação irritante do
peróxido de benzoíla. Após molhar o pelo deve-se aplicar o produto e massagear até obter
espuma, logo após enxaguar e repetir a aplicação deixando agir por dez minutos e enxaguar
novamente. A frequência da terapia, poderá ser 1 aplicação a cada 5 dias durante 1 a 2
semanas (DELAYTE et al., 2006; MUELLER et al.,2012a).


Outro produto utilizado é o shampoo à base de clorexidina a 4% que agirá como
antibacteriano por tempo prolongado no caso de piodermites e os banhos devem ser feitos da
mesma forma que os feitos com peróxido de benzoíla, porém pode ser utilizado até duas vezes
por semana (GUERRA, et al., 2010). O proprietário deverá controlar o estado de saúde
fornecendo uma dieta apropriada, resolver problemas com endoparasitas.
12




Vacinar o animal contra viroses e leptospirose também é importante, pois qualquer doença
que cause debilidade imunológica pode predispor o animal à demodicose. Após             quatro
semanas    o      clínico     deve     determinar       se    houve evolução para a demodicose
generalizada ao observar se no novo raspado de pele há aumento de ácaros e da relação
de imaturos para adultos (SCOTT et al., 1996).




               Figura 2 – Cão com forma localizada de demodicose na região facial.
               Fonte: anaquevedodicasvet.blogspot.com.br



2.2 – TRATAMENTO DA DEMODICOSE CANINA GENERALIZADA


Um dos tratamentos para a demodicose generalizada é feito ao administrar banhos com
solução tópica à base de peróxido de benzoíla a 2,5%, a cada cinco dias (DELAYTE et al.,
2006), para remover crostas e outros debris (SCOTT et al., 1996). Os animais acometidos por
piodermite são tratados com antibioticoterapia, podendo usar a cefalexina (30mg/kg, via oral,
a cada 12 horas, por três a quatro semanas), ou ainda a enrofloxacina 10%, na dose de 5mg/kg
(MORAES et al., 2008).


A influência da combinação do tratamento acaricida com a terapia antibacteriana foi estudada
recentemente para avaliar a duração do tratamento quando a antibioticoterapia é feita
concomitantemente, e com isso verificou-se que os antibióticos sistêmicos não interferem
negativamente na eficiência do tratamento para demodicose canina generalizada
(KUZNETSOVA et al., 2012).
13




Dos acaricidas disponíveis, o mais amplamente usado é o amitraz que por vezes deve ter sua
aplicação repetida devido à dificuldade em atingir os ácaros de localização mais profunda na
derme o que impossibilita resultados rápidos. Deve ser utilizado em concentrações entre 0,025
a 0,06%, uma vez por semana, sendo que o sucesso terapêutico aumenta conforme diminuem
os intervalos e aumenta a concentração. Em cães que não respondem bem ao tratamento com
a dosagem recomendada pode-se aumentá-la de 1,25 a 3,7%, mas deve-se administrar
medicamentos que diminuam os efeitos colaterais como atipamezol 0,1mg/kg por via
intramuscular e cloridrato de ioimbina 0,1mg/kg por via oral uma vez ao dia durantes 3 dias.
As lavagens de amitraz devem ser feitas após cortar o pelo dos animais, a droga deve ser
aplicada com uma esponja e espera-se secar à sombra. Recomenda-se que nenhum banho seja
realizado entre as aplicações semanais. Os efeitos colaterais incluem sonolência, ataxia,
vômitos, diarreia, polifagia e polidipsia e pode ser tóxico para quem fizer as lavagens
causando dores de cabeça e asma, por isso é recomendado fazer os banhos em local bem
arejado. A utilização do amitraz é contraindicada em animais que tenham diabetes mellitus
pelo seu efeito hiperglicêmico (ANDRADE et al., 2008; MUELLER et al., 2012a; SILVA et
al., 2008).


Para o tratamento local é relevante ressaltar que ao longo de duas décadas de uso do amitraz
no tratamento da demodicose generalizada foi possível observar indícios de resistência
parasitária, sendo que provavelmente a seleção de ácaros resistentes decorreu da
administração incorreta do produto (BURROWS, 2000). Muitos proprietários abandonam o
tratamento pelo longo período que deve ser feito, pelo custo e pela dificuldade de aplicação
(SANTARÉM, 2007), com isso tem-se a seleção de ácaros resistentes, sendo necessário o
tratamento sistêmico para complementar o tratamento local com as lactonas macrocíclicas que
são a ivermectina, milbemicina, moxidectina e doramectina (SILVA et al., 2008).


A ivermectina, é utilizada atualmente para uso contra demodicose generalizada em pequenos
animais a uma concentração de 0,3-0,6mg/kg por via oral diariamente. Um estudo por
Mueller (2004) feito com 120 animais mostrou que essa avermectina foi eficiente levando à
cura clínica de 81 cães (MOTA, 2010). Porém esse medicamento pode causar severos efeitos
colaterais neurológicos como letargia, tremores, midríase e morte em raças mais sensíveis
para a mutação do gene MDR1 como os Collies, Whippet de pelo comprido, Pastor
Australiano, Old English Sheepdog, Pastor Alemão de pelagem branca, Pastor Australiano
miniatura, Pastor de Shetland, Silken Windhound, Pastor Inglês e Pastor McNab, por isso é
14




importante tratá-las com drogas alternativas. Outras raças também poderão apresentar efeitos
adversos, desta forma, a dosagem deve ser aumentada gradualmente a partir de 0,05 mg/kg no
primeiro dia, 0,1 mg/kg no segundo dia, 0,15 mg / kg no terceiro dia, 0,2 mg/kg no quarto e
0,3 mg/kg no quinto dia. Alguns medicamentos como cetoconazol ou ciclosporina não podem
ser administrados durante o tratamento com a ivermectina, pois tendem a aumentar as chances
dos animais apresentarem efeitos colaterais (MUELLER et al., 2012a).


Milbemicina oxima está autorizada para o tratamento de demodicose canina. Recentemente
foi realizado um estudo com 20 Collies adultos homozigóticos ou heterozigóticos para a
mutação do gene MDR1 que após a administração oral de ivermectina tiveram sinais de
toxicidade. Os resultados indicaram que os cães homozigotos para o gene MDR1 toleraram
milbemicina oxima em dose até 10mg/kg conjugada com espinosad 300mg/kg em doses
únicas durante 5 dias consecutivos como também a repetição do tratamento após 28 dias de
descanso (SHERMAN et al., 2010). A Milbemicina oxima é mais eficiente na demodicose
generalizada juvenil e a dosagem recomendada é de 0,5-2,5mg/kg/dia via oral durante 3
meses, mas cães com menos de 12 semanas de idade e Collies devem ser monitorados para a
ocorrência de toxicidade (GAMITO, 2009) e o tratamento deve ser continuado até 4 semanas
após a segunda raspagem negativa (MUELLER et al., 2008).


A doramectina também foi relatada como sendo uma droga eficiente no combate à sarna
demodécica, porém não existe representação comercial no Brasil. Utilizada na dosagem de
0,6mg/kg via subcutânea semanalmente ou na mesma dosagem duas vezes por semana via
oral para aqueles que não tiverem melhora clínica, mas deve ser feito acompanhamento para
identificar possíveis efeitos adversos. É recomendável aumentar a dose gradualmente para
detectar cães sensíveis a ela (MUELLER et al., 2012a).


Outro medicamento que tem sido amplamente utilizado no combate à demodicose canina é a
moxidectina que por via oral é utilizada na dosagem de 0,05ml/kg (Cydectin 1%)
administrada uma vez ao dia durante sessenta dias. Em um estudo experimental com 16
animais divididos em 2 grupos foram comparados dois protocolos de tratamento com uma
conjugação tópica de imidacloprid 10% e moxidectina 2,5% (Advocate), sendo que um dos
grupos foi tratado com uma aplicação por mês durante 3 meses, e o outro grupo tratado uma
vez por semana durante 4 meses. Os animais tratados com o protocolo semanal durante 4
meses apresentaram maior diminuição de sinais clínicos e maior regeneração de pelos com
15
                                                                                          15




aumento de peso do que os tratados mensalmente. Foi ainda avaliada a segurança das
aplicações semanais com dose cinco vezes maior à recomendada por um período de 4 meses e
apesar de causar eritema em um cão e descamação no local da aplicação em outro animal, não
houve ocorrência de toxicidade grave (FOURIE et al., 2009). Em um estudo piloto realizado
recentemente verificou-se que a terapia com moxidectina a 2,5% e imidacloprid 10% spot-on
pode ser eficaz no combate de recidivas de demodicose generalizada quando administrada
mensalmente durante doze meses após tratamento prévio (COLOMBO et al., 2012).


Desde    sua   introdução   há    aproximadamente     sete   anos    atrás,   a   selamectina
(Stronghold®/Revolution®, Pfizer) tem sido utilizada para tratamento de ectoparasitas de cães
e gatos mostrando-se eficaz como profilático contra Dirofilaria repens e como uma opção de
tratamento para Aelurostrongylus abstrusus em gatos. Relata-se também sua utilização para o
combate da sarna notoédrica, infestação pelos parasitas Pneumonyssoides caninum,
Cheyletiella spp e por Neotrombicula autumnalis além da infecção pela forma larval de
Cordylobia anthropophaga . Entretanto, dados relacionados especificamente à utilização da
selamectina como uma opção terapêutica para a demodicose canina generalizada revelam que
o tratamento não tem sido bem sucedido (FISHER; SHANKS, 2008).


Recentemente foi feito um estudo para avaliar a eficácia do uso da selamectina spot-on
administrada à 44 cães por via oral depositada no pão em doses de 24-48mg/kg semanalmente
ou quinzenalmente. Não houve diferença significativa de regressão dos sintomas entre o
grupo tratado a cada 7 dias e o tratado a cada 15 dias, sendo que a melhora clínica da
demodicose ocorreu em 20% dos animais. Alguns efeitos tóxicos foram observados como
urticária, irritabilidade, midríase, ataxia, diarreia, vômito. Alguns proprietários tiveram
dificuldade em administrar o medicamento, pois os animais não gostaram do sabor. Portanto
esse estudo mostrou que a selamectina spot-on por via oral também teve uma baixa taxa de
sucesso no combate à demodicose canina generalizada (SCHNABL et al.,2010).


A forma generalizada da demodicose é grave e de difícil tratamento e o proprietário deve ser
informado da duração como também sobre o custo estimado do tratamento (SCOTT et al.,
1996), sendo que a forma pustular generalizada (Figura 3 A e B) tem o prognóstico reservado
e a recuperação poderá ocorrer em pelo menos 3 meses (NICOLUCCI et al., 2010).
16




   A                                                  B




   Figura 3 A e B - Fotografia de um cão com demodicose severa, apresentando alopécia, erosões e
   úlceras na região facial (A) e na área prepucial demonstra eritema, pápulas, pústulas e crostas (B).
   Fonte: Mueller, 2012a


De acordo com vários autores há muitos protocolos diferenciados de dosagens e vias de
administração. Em outubro de 2010 houve a criação de uma comissão internacional para
estabelecer diretrizes para o tratamento da demodicose canina na prática baseando em
evidências     publicadas de eficácia. As lavagens semanais de amitraz e administrações orais
diárias de milbemicina oxima, ivermectina e moxidectina possuem evidências de eficácia,
como também a aplicação semanal de moxidectina tópica em cães com formas mais
moderadas da doença. Há também evidências da eficácia da utilização semanal via subcutânea
de doramectina ou duas vezes por semana por via oral (MUELLER et al., 2012a).


Muitas opções de tratamento diferentes para demodicose foram relatados e analisados, mas os
que mostraram ser efetivos em uma série de casos estão listados na tabela 1 (MUELLER et
al., 2012b).
17
                                                                                                   17




   Tabela 1 – Opções de drogas para o tratamento da demodicose canina.
                                       EFEITOS COLATERAIS
       DROGA            DOSAGEM                                          OBSERVAÇÃO

    Amitraz            0,025 – 3,7%         Hiperglicemia,
                       em lavagens a    bradicardia, depressão,     Cortar a pelagem média ou
                        cada 7 dias     sonolência, polidpsia,                longa.
                                       poliúria, êmese e diarreia


    Ivermectin           0,3 - 0,6       Letargia, tremores,           Aumentar a dosagem
                       mg/kg/dia via   midríase, ataxia, coma e     gradualmente de 0,05mg/kg
                           oral                 morte                no primeiro dia até o final
                                                                       da dose no quinto dia.
    Moxidectina
    Oral                                 Anorexia, letargia e       É recomendado continuar o
                       0,05ml/kg/dia          êmese                 tratamento por 2 a 3 meses
    (Cydectin
    1%)                                                             após os raspados negativos
                                                                         em casos crônicos.
    Moxidectina
    com                Moxidectina a    Inflamação no local da        Cortar a pelagem pelo
    Imidacloprid        2,5% por              aplicação                 menos no local da
    Spot-on              semana                                       aplicação de cães com
                                                                      médio ou longo pelo.


    Milbemicina        1-2 mg/kg/dia       Letargia, ataxia         Efeitos adversos são raros
    oxima                 via oral                                       com altas doses.


  Fonte: Adaptado de Mueller, 2012b.



2.3 - CONTROLE DA DEMODICOSE CANINA


A aparência clínica com o decorrer do tratamento não é suficiente para indicar a cura e o final
do tratamento, pois é importante verificar se ainda apresentam ácaros nos raspados de pele
profundos e após 5 negativos, com intervalo de trinta dias, pode-se considerar a cura. É
necessário continuar o tratamento por 1 mês após e por mais de 1 mês em animais que
responderam muito lentamente ao tratamento (MUELLER et al., 2012b). Exames para avaliar
a função hepática também são necessários. Segundo Caswell et al. (1997) a resposta ao
tratamento demora de 2 a 16 semanas, dependendo da raça do animal acometido e da extensão
das lesões, ou seja, se a sarna demodécica é generalizada ou localizada.


Vale ressaltar que a demodicose generalizada é hereditária em cães jovens e se a doença tiver
um modo recessivo de herança alguns cãezinhos normais na ninhada serão verdadeiramente
normais, mas os filhotes afetados serão carreadores e poderão passar a doença à sua prole.
18
                                                                                          18




Considerando que nenhum teste está disponível para separar os animais normais dos
carreadores, todos os filhotes de ninhadas nas quais um ou mais filhotes estejam clinicamente
acometidos devem ser eliminados de programas de cruzamento para conseguir um controle
mais preciso. Os cães tratados para a demodicose generalizada não podem ser usados para
reprodução e a aceitação geral desta política eventualmente erradicará a doença (SCOTT et
al., 1996).


3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS


A demodicose canina apesar de ainda ser uma dermatopatia muito frequente na clínica de
pequenos animais possui tratamento com um curso muitas vezes improvável, devido aos
vários fatores que podem propiciar o aparecimento e a evolução da doença ou por poder
apresentar causa idiopática. É muito importante o animal ser acompanhado pelo médico
veterinário mesmo com a melhora clínica, sendo que o tratamento deve ser continuado
durante um período após os raspados negativos para confirmar a cura parasitológica. Os
vários protocolos de dosagens e vias de administrações existentes tornam grande a
necessidade de estudos para a formulação de novas terapias que sejam mais eficazes, com
menores recidivas e efeitos colaterais.
19
                                                                                         19




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tratamento e controle da demodicose canina

  • 1. 0 FEAD Aline Lemos Pimenta DEMODICOSE CANINA: TRATAMENTO E CONTROLE Belo Horizonte 2012
  • 2. 1 Aline Lemos Pimenta DEMODICOSE CANINA: TRATAMENTO E CONTROLE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a FEAD como requisito parcial para obtenção do título de Médica Veterinária Orientadora: Dra. RONIZE ANDRÉIA FERREIRA Belo Horizonte 2012
  • 3. 2 Pimenta, Aline Lemos. P644d Demodicose canina: Tratamento e controle. / Aline Lemos Pimenta - Belo Horizonte: 2012. 21f. Orientador: Ronize Andréia Ferreira. Bibliografia: 19-21f I.Ferreira, Ronize Andréia II. Título 1. Cães 2. Demodicose – Tratamento 3. Lactonas macrocíclicas. CDU: 636.7
  • 4. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me guiar e dar forças em mais esta etapa da minha vida. Aos meus pais Liani e Marconi pelo apoio, pois não mediram esforços para que esse sonho se tornasse realidade e me ampararam em todos os momentos de incertezas e dificuldades. À minha irmã Lívia que sempre me conforta e dá apoio quando eu mais preciso. Aos amigos e parentes Geralda de Almeida, Vera Lúcia, Marcelo Telles Gontijo, Tio Augustinho que de alguma forma estiveram presentes nesse momento de conquista. À professora e doutora Ronize Andréia Ferreira que me orientou, sempre foi atenciosa e é um grande exemplo a ser seguido. À minha querida Belinha que é parte da família e uma fonte especial de inspiração.
  • 5. 4 RESUMO A demodicose conhecida também como sarna demodécica, sarna folicular ou sarna negra é uma doença parasitária inflamatória de cães caracterizada pela proliferação exacerbada de ácaros demodécicos. A infecção possui duas formas, a localizada e a generalizada, sendo que o tratamento deverá consistir de um acaricida eficaz como também de antibacterianos e antiparasiticidas. O uso tópico do amitraz era a terapia de escolha para o tratamento da demodicose canina. Atualmente, as lactonas macrocíclicas, uma nova classe de fármacos de ação sistêmica tem sido eficiente no combate desta doença. Porém, os protocolos de tratamentos devem ser mais bem avaliados para se chegar ao consenso de qual terapia possui melhores resultados. Palavras-chave: sarna, demodicose, acaricida, amitraz, lactonas macrocíclicas.
  • 6. 5 ABSTRACT The demodicosis also known as demodectic mange, follicular mange or scabies black is an inflammatory parasitic disease of dogs characterized by the proliferation of mites demodécicos exacerbated. The demodicosis has two forms, localized and generalized, and the treatment should consist of an effective acaricide but also antibacterial and antiparasiticidas. Today, after more than 20 years of topical amitraz as a more appropriate drug for treatment of canine demodicosis, a new class of drugs for systemic action has been effective in combating this disease, are the macrocyclic lactones. However, treatment protocols should be better evaluated to arrive at consensus on which therapy has better results. Keywords: mange, demodicosis, acaricide, amitraz, macrocyclic lactones.
  • 7. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Formas imatura e adulta de Demodex canis.................................................................9 Figura 2 Cão com forma localizada de demodicose na região facial........................................12 Figura 3 Fotografia de um cão com demodicose severa...........................................................16
  • 8. 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ® Marca registrada % Porcentagem cm Centímetros MDR1 Multidrug resistance mg/kg Miligrama por quilo ml/kg Mililitros por quilo IM Intramuscular IV Intravenosa
  • 9. 8 SUMÁRIO 1 Introdução...............................................................................................................................9 2 Revisão de Literatura...........................................................................................................10 2.1 Tratamento da Demodicose Canina Localizada........................................................11 2.2 Tratamento da Demodicose Canina Generalizada....................................................12 2.3 Controle da Demodicose Canina.................................................................................17 3 Considerações Finais............................................................................................................18 Referências Bibliográficas .....................................................................................................19
  • 10. 9 9 1 - INTRODUÇÃO A demodicose conhecida também como sarna demodécica, sarna folicular ou sarna negra é uma doença parasitária inflamatória de cães caracterizada pela proliferação exacerbada de ácaros demodécicos (SCOTT et al., 1996). Inicialmente, a doença pode ser devido a distúrbio do sistema imunológico ou à genética do animal. Outros fatores que podem desencadear o distúrbio são idade, tipo de pelo, má nutrição, estro, parto, estresse, tratamentos imunossupressores, endoparasitas e doenças debilitantes (FOSTER; SHAW, 2000). É causada por um desequilíbrio na microbiota da pele dos cães, pois a presença do Demodex canis (Figura 1) em pequena quantidade no hospedeiro não é capaz de causar doença. Esses ácaros estão presentes no folículo piloso, glândulas sebáceas e sudoríparas de animais normais (NICOLUCCI, 2010). O diagnóstico pode ser feito através de raspado profundo de pele. Apesar de ser uma patologia comum, é objeto de debate em reuniões em vários países, pois o tratamento é trabalhoso e às vezes não consegue combater a doença de forma eficaz fazendo com que muitos cães sejam submetidos à eutanásia em função de consecutivas recidivas (MUELLER et al., 2012a). Figura 1 – Formas imatura e adulta de Demodex canis. Fonte: leicesterskinvet.com/wp-content/uploads/2010/09/Demodex3.jpg
  • 11. 10 10 A transmissão pode ocorrer durante a amamentação com o contato direto da cadela e seus filhotes. A patogenia ocorre quando há proliferação excessiva, e lesões primárias poderão ser a porta de entrada para infecções secundárias que mudarão o curso do tratamento. Desta forma a terapia deve ser mais abrangente e capaz de combater além dos ácaros também bactérias e outros microorganismos oportunistas como os fungos. Além disso, a demodicose é uma dermatopatia influenciada por fatores ligados ao hospedeiro como os raciais, sendo que algumas raças puras como Basset hound, Beagle, Boxer, Buldog Inglês, Chihuahua, Dachshund, Pug, Dobermans, Pinchers, Border Collie e Sharpei são mais predisponentes. (NICOLUCCI et al., 2010; SANTARÉM, 2007; SILVA et al., 2008). A demodicose possui duas formas, a localizada e a generalizada, sendo que o tratamento deverá consistir de antibacterianos, antiparasiticidas, acaricidas além de combater doenças sistêmicas em alguns casos, principalmente em animais adultos, como hiperadrenocorticismo, neoplasias e hipotireoidismo. A terapia para ser eficaz não depende somente do fármaco utilizado, mas também do comprometimento do proprietário que deverá seguir minuciosamente todas as recomendações e ser bem informado sobre o prognóstico da doença (MUELLER et al., 2012a; SILVA et al., 2008). O uso tópico do amitraz era a terapia de escolha para o tratamento da demodicose canina, entretanto, atualmente, as lactonas macrocíclicas, uma nova classe de fármacos de ação sistêmica tem sido eficiente no combate desta doença. Porém, os protocolos de tratamentos devem ser mais bem avaliados para se chegar ao consenso de qual terapia possui melhores resultados (SILVA et al., 2008). 2 – REVISÃO DE LITERATURA Atualmente temos disponíveis variados medicamentos para o combate de agentes causadores de sarna em cães, mas muitas vezes não se consegue o resultado esperado em um curto prazo. Esta revisão permite inferir quais são os tratamentos administrados atualmente, assim como as vias de administração. Alguns medicamentos se administrados indiscriminadamente em pequenos animais podem causar intoxicação e levar à sedação, hipotermia, bradicardia, bradiarritmias, hipotensão, bradipnéia, midríase e hiperglicemia transitória (ANDRADE et al., 2008).
  • 12. 11 11 Muitas vezes devem ser observados fatores referentes ao hospedeiro antes mesmo de se escolher e iniciar o tratamento. Episódios de vômitos e diarreia também são observados (SCHNABL et al., 2010). Os cães com sinais de toxicidade por amitraz podem ser tratados com antagonistas α2 adrenérgicos como o cloridrato de ioimbina (0,1mg/kg, IV, IM) ou atipamezole (0,1 a 0,2mg/kg, IV, IM) associado à fluidoterapia parenteral e não há indicação para o uso de atropina (SILVA et al., 2008). Algumas raças são mais predisponentes à intoxicação por determinados fármacos, por isso deve-se ter um enorme cuidado na escolha do tratamento que deve ser eficaz, mas sem causar efeitos colaterais graves ao animal. Para um controle eficaz das infestações desses parasitas é indispensável não utilizar os animais acometidos pela sarna demodécica como reprodutores, por ser uma doença de fator hereditário, sendo importante proceder com a castração quando constatada a doença. 2.1 - TRATAMENTO DA DEMODICOSE CANINA LOCALIZADA A demodicose localizada (Figura 2) é caracterizada por alguns autores quando há no máximo quatro lesões que não ultrapassam 2,5 cm (MEDLEAU; HNILICA, 2003). A sarna demodécica é uma doença que em geral se cura espontaneamente em seis a oito semanas, porém recidivas podem ocorrer (DELAYTE et al., 2006). Caso seja indicado algum tratamento deve-se utilizar um shampoo à base de peróxido de benzoíla (2-3%) que é desengordurante, e que contenha glicerina em sua formulação por ser um emoliente que diminui as chances de ocorrer a piora das lesões devido à ação irritante do peróxido de benzoíla. Após molhar o pelo deve-se aplicar o produto e massagear até obter espuma, logo após enxaguar e repetir a aplicação deixando agir por dez minutos e enxaguar novamente. A frequência da terapia, poderá ser 1 aplicação a cada 5 dias durante 1 a 2 semanas (DELAYTE et al., 2006; MUELLER et al.,2012a). Outro produto utilizado é o shampoo à base de clorexidina a 4% que agirá como antibacteriano por tempo prolongado no caso de piodermites e os banhos devem ser feitos da mesma forma que os feitos com peróxido de benzoíla, porém pode ser utilizado até duas vezes por semana (GUERRA, et al., 2010). O proprietário deverá controlar o estado de saúde fornecendo uma dieta apropriada, resolver problemas com endoparasitas.
  • 13. 12 Vacinar o animal contra viroses e leptospirose também é importante, pois qualquer doença que cause debilidade imunológica pode predispor o animal à demodicose. Após quatro semanas o clínico deve determinar se houve evolução para a demodicose generalizada ao observar se no novo raspado de pele há aumento de ácaros e da relação de imaturos para adultos (SCOTT et al., 1996). Figura 2 – Cão com forma localizada de demodicose na região facial. Fonte: anaquevedodicasvet.blogspot.com.br 2.2 – TRATAMENTO DA DEMODICOSE CANINA GENERALIZADA Um dos tratamentos para a demodicose generalizada é feito ao administrar banhos com solução tópica à base de peróxido de benzoíla a 2,5%, a cada cinco dias (DELAYTE et al., 2006), para remover crostas e outros debris (SCOTT et al., 1996). Os animais acometidos por piodermite são tratados com antibioticoterapia, podendo usar a cefalexina (30mg/kg, via oral, a cada 12 horas, por três a quatro semanas), ou ainda a enrofloxacina 10%, na dose de 5mg/kg (MORAES et al., 2008). A influência da combinação do tratamento acaricida com a terapia antibacteriana foi estudada recentemente para avaliar a duração do tratamento quando a antibioticoterapia é feita concomitantemente, e com isso verificou-se que os antibióticos sistêmicos não interferem negativamente na eficiência do tratamento para demodicose canina generalizada (KUZNETSOVA et al., 2012).
  • 14. 13 Dos acaricidas disponíveis, o mais amplamente usado é o amitraz que por vezes deve ter sua aplicação repetida devido à dificuldade em atingir os ácaros de localização mais profunda na derme o que impossibilita resultados rápidos. Deve ser utilizado em concentrações entre 0,025 a 0,06%, uma vez por semana, sendo que o sucesso terapêutico aumenta conforme diminuem os intervalos e aumenta a concentração. Em cães que não respondem bem ao tratamento com a dosagem recomendada pode-se aumentá-la de 1,25 a 3,7%, mas deve-se administrar medicamentos que diminuam os efeitos colaterais como atipamezol 0,1mg/kg por via intramuscular e cloridrato de ioimbina 0,1mg/kg por via oral uma vez ao dia durantes 3 dias. As lavagens de amitraz devem ser feitas após cortar o pelo dos animais, a droga deve ser aplicada com uma esponja e espera-se secar à sombra. Recomenda-se que nenhum banho seja realizado entre as aplicações semanais. Os efeitos colaterais incluem sonolência, ataxia, vômitos, diarreia, polifagia e polidipsia e pode ser tóxico para quem fizer as lavagens causando dores de cabeça e asma, por isso é recomendado fazer os banhos em local bem arejado. A utilização do amitraz é contraindicada em animais que tenham diabetes mellitus pelo seu efeito hiperglicêmico (ANDRADE et al., 2008; MUELLER et al., 2012a; SILVA et al., 2008). Para o tratamento local é relevante ressaltar que ao longo de duas décadas de uso do amitraz no tratamento da demodicose generalizada foi possível observar indícios de resistência parasitária, sendo que provavelmente a seleção de ácaros resistentes decorreu da administração incorreta do produto (BURROWS, 2000). Muitos proprietários abandonam o tratamento pelo longo período que deve ser feito, pelo custo e pela dificuldade de aplicação (SANTARÉM, 2007), com isso tem-se a seleção de ácaros resistentes, sendo necessário o tratamento sistêmico para complementar o tratamento local com as lactonas macrocíclicas que são a ivermectina, milbemicina, moxidectina e doramectina (SILVA et al., 2008). A ivermectina, é utilizada atualmente para uso contra demodicose generalizada em pequenos animais a uma concentração de 0,3-0,6mg/kg por via oral diariamente. Um estudo por Mueller (2004) feito com 120 animais mostrou que essa avermectina foi eficiente levando à cura clínica de 81 cães (MOTA, 2010). Porém esse medicamento pode causar severos efeitos colaterais neurológicos como letargia, tremores, midríase e morte em raças mais sensíveis para a mutação do gene MDR1 como os Collies, Whippet de pelo comprido, Pastor Australiano, Old English Sheepdog, Pastor Alemão de pelagem branca, Pastor Australiano miniatura, Pastor de Shetland, Silken Windhound, Pastor Inglês e Pastor McNab, por isso é
  • 15. 14 importante tratá-las com drogas alternativas. Outras raças também poderão apresentar efeitos adversos, desta forma, a dosagem deve ser aumentada gradualmente a partir de 0,05 mg/kg no primeiro dia, 0,1 mg/kg no segundo dia, 0,15 mg / kg no terceiro dia, 0,2 mg/kg no quarto e 0,3 mg/kg no quinto dia. Alguns medicamentos como cetoconazol ou ciclosporina não podem ser administrados durante o tratamento com a ivermectina, pois tendem a aumentar as chances dos animais apresentarem efeitos colaterais (MUELLER et al., 2012a). Milbemicina oxima está autorizada para o tratamento de demodicose canina. Recentemente foi realizado um estudo com 20 Collies adultos homozigóticos ou heterozigóticos para a mutação do gene MDR1 que após a administração oral de ivermectina tiveram sinais de toxicidade. Os resultados indicaram que os cães homozigotos para o gene MDR1 toleraram milbemicina oxima em dose até 10mg/kg conjugada com espinosad 300mg/kg em doses únicas durante 5 dias consecutivos como também a repetição do tratamento após 28 dias de descanso (SHERMAN et al., 2010). A Milbemicina oxima é mais eficiente na demodicose generalizada juvenil e a dosagem recomendada é de 0,5-2,5mg/kg/dia via oral durante 3 meses, mas cães com menos de 12 semanas de idade e Collies devem ser monitorados para a ocorrência de toxicidade (GAMITO, 2009) e o tratamento deve ser continuado até 4 semanas após a segunda raspagem negativa (MUELLER et al., 2008). A doramectina também foi relatada como sendo uma droga eficiente no combate à sarna demodécica, porém não existe representação comercial no Brasil. Utilizada na dosagem de 0,6mg/kg via subcutânea semanalmente ou na mesma dosagem duas vezes por semana via oral para aqueles que não tiverem melhora clínica, mas deve ser feito acompanhamento para identificar possíveis efeitos adversos. É recomendável aumentar a dose gradualmente para detectar cães sensíveis a ela (MUELLER et al., 2012a). Outro medicamento que tem sido amplamente utilizado no combate à demodicose canina é a moxidectina que por via oral é utilizada na dosagem de 0,05ml/kg (Cydectin 1%) administrada uma vez ao dia durante sessenta dias. Em um estudo experimental com 16 animais divididos em 2 grupos foram comparados dois protocolos de tratamento com uma conjugação tópica de imidacloprid 10% e moxidectina 2,5% (Advocate), sendo que um dos grupos foi tratado com uma aplicação por mês durante 3 meses, e o outro grupo tratado uma vez por semana durante 4 meses. Os animais tratados com o protocolo semanal durante 4 meses apresentaram maior diminuição de sinais clínicos e maior regeneração de pelos com
  • 16. 15 15 aumento de peso do que os tratados mensalmente. Foi ainda avaliada a segurança das aplicações semanais com dose cinco vezes maior à recomendada por um período de 4 meses e apesar de causar eritema em um cão e descamação no local da aplicação em outro animal, não houve ocorrência de toxicidade grave (FOURIE et al., 2009). Em um estudo piloto realizado recentemente verificou-se que a terapia com moxidectina a 2,5% e imidacloprid 10% spot-on pode ser eficaz no combate de recidivas de demodicose generalizada quando administrada mensalmente durante doze meses após tratamento prévio (COLOMBO et al., 2012). Desde sua introdução há aproximadamente sete anos atrás, a selamectina (Stronghold®/Revolution®, Pfizer) tem sido utilizada para tratamento de ectoparasitas de cães e gatos mostrando-se eficaz como profilático contra Dirofilaria repens e como uma opção de tratamento para Aelurostrongylus abstrusus em gatos. Relata-se também sua utilização para o combate da sarna notoédrica, infestação pelos parasitas Pneumonyssoides caninum, Cheyletiella spp e por Neotrombicula autumnalis além da infecção pela forma larval de Cordylobia anthropophaga . Entretanto, dados relacionados especificamente à utilização da selamectina como uma opção terapêutica para a demodicose canina generalizada revelam que o tratamento não tem sido bem sucedido (FISHER; SHANKS, 2008). Recentemente foi feito um estudo para avaliar a eficácia do uso da selamectina spot-on administrada à 44 cães por via oral depositada no pão em doses de 24-48mg/kg semanalmente ou quinzenalmente. Não houve diferença significativa de regressão dos sintomas entre o grupo tratado a cada 7 dias e o tratado a cada 15 dias, sendo que a melhora clínica da demodicose ocorreu em 20% dos animais. Alguns efeitos tóxicos foram observados como urticária, irritabilidade, midríase, ataxia, diarreia, vômito. Alguns proprietários tiveram dificuldade em administrar o medicamento, pois os animais não gostaram do sabor. Portanto esse estudo mostrou que a selamectina spot-on por via oral também teve uma baixa taxa de sucesso no combate à demodicose canina generalizada (SCHNABL et al.,2010). A forma generalizada da demodicose é grave e de difícil tratamento e o proprietário deve ser informado da duração como também sobre o custo estimado do tratamento (SCOTT et al., 1996), sendo que a forma pustular generalizada (Figura 3 A e B) tem o prognóstico reservado e a recuperação poderá ocorrer em pelo menos 3 meses (NICOLUCCI et al., 2010).
  • 17. 16 A B Figura 3 A e B - Fotografia de um cão com demodicose severa, apresentando alopécia, erosões e úlceras na região facial (A) e na área prepucial demonstra eritema, pápulas, pústulas e crostas (B). Fonte: Mueller, 2012a De acordo com vários autores há muitos protocolos diferenciados de dosagens e vias de administração. Em outubro de 2010 houve a criação de uma comissão internacional para estabelecer diretrizes para o tratamento da demodicose canina na prática baseando em evidências publicadas de eficácia. As lavagens semanais de amitraz e administrações orais diárias de milbemicina oxima, ivermectina e moxidectina possuem evidências de eficácia, como também a aplicação semanal de moxidectina tópica em cães com formas mais moderadas da doença. Há também evidências da eficácia da utilização semanal via subcutânea de doramectina ou duas vezes por semana por via oral (MUELLER et al., 2012a). Muitas opções de tratamento diferentes para demodicose foram relatados e analisados, mas os que mostraram ser efetivos em uma série de casos estão listados na tabela 1 (MUELLER et al., 2012b).
  • 18. 17 17 Tabela 1 – Opções de drogas para o tratamento da demodicose canina. EFEITOS COLATERAIS DROGA DOSAGEM OBSERVAÇÃO Amitraz 0,025 – 3,7% Hiperglicemia, em lavagens a bradicardia, depressão, Cortar a pelagem média ou cada 7 dias sonolência, polidpsia, longa. poliúria, êmese e diarreia Ivermectin 0,3 - 0,6 Letargia, tremores, Aumentar a dosagem mg/kg/dia via midríase, ataxia, coma e gradualmente de 0,05mg/kg oral morte no primeiro dia até o final da dose no quinto dia. Moxidectina Oral Anorexia, letargia e É recomendado continuar o 0,05ml/kg/dia êmese tratamento por 2 a 3 meses (Cydectin 1%) após os raspados negativos em casos crônicos. Moxidectina com Moxidectina a Inflamação no local da Cortar a pelagem pelo Imidacloprid 2,5% por aplicação menos no local da Spot-on semana aplicação de cães com médio ou longo pelo. Milbemicina 1-2 mg/kg/dia Letargia, ataxia Efeitos adversos são raros oxima via oral com altas doses. Fonte: Adaptado de Mueller, 2012b. 2.3 - CONTROLE DA DEMODICOSE CANINA A aparência clínica com o decorrer do tratamento não é suficiente para indicar a cura e o final do tratamento, pois é importante verificar se ainda apresentam ácaros nos raspados de pele profundos e após 5 negativos, com intervalo de trinta dias, pode-se considerar a cura. É necessário continuar o tratamento por 1 mês após e por mais de 1 mês em animais que responderam muito lentamente ao tratamento (MUELLER et al., 2012b). Exames para avaliar a função hepática também são necessários. Segundo Caswell et al. (1997) a resposta ao tratamento demora de 2 a 16 semanas, dependendo da raça do animal acometido e da extensão das lesões, ou seja, se a sarna demodécica é generalizada ou localizada. Vale ressaltar que a demodicose generalizada é hereditária em cães jovens e se a doença tiver um modo recessivo de herança alguns cãezinhos normais na ninhada serão verdadeiramente normais, mas os filhotes afetados serão carreadores e poderão passar a doença à sua prole.
  • 19. 18 18 Considerando que nenhum teste está disponível para separar os animais normais dos carreadores, todos os filhotes de ninhadas nas quais um ou mais filhotes estejam clinicamente acometidos devem ser eliminados de programas de cruzamento para conseguir um controle mais preciso. Os cães tratados para a demodicose generalizada não podem ser usados para reprodução e a aceitação geral desta política eventualmente erradicará a doença (SCOTT et al., 1996). 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS A demodicose canina apesar de ainda ser uma dermatopatia muito frequente na clínica de pequenos animais possui tratamento com um curso muitas vezes improvável, devido aos vários fatores que podem propiciar o aparecimento e a evolução da doença ou por poder apresentar causa idiopática. É muito importante o animal ser acompanhado pelo médico veterinário mesmo com a melhora clínica, sendo que o tratamento deve ser continuado durante um período após os raspados negativos para confirmar a cura parasitológica. Os vários protocolos de dosagens e vias de administrações existentes tornam grande a necessidade de estudos para a formulação de novas terapias que sejam mais eficazes, com menores recidivas e efeitos colaterais.
  • 20. 19 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Silvia Franco, et al. Estudo comparativo da intoxicação experimental por amitraz entre cães e gatos. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 17-23, 2008. Disponível em: <www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1413&script=sci>. Acesso em: 19 abr. 2012. BURROWS, A. K. Generalized demodicosis in the dog: the unresponsive or recurrente case. Australia Veterinary Journal, Melbourne, v. 78, p. 244-246, 2000. Disponível em: <citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=1.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2012. CASWELL, J. L. et al. A Prospective Study of the Immunophenotype and Temporal Changes in the Histologic Lesions of Canine Demodicosis. Veterinary Pathology. Saskatonn, v. 34, p. 279 – 287, 1997. Disponivel em: <vet.sagepub.com/content/34/4/279.full.pdf+html>. Acesso em: 22 out. 2012. COLOMBO, S. et al. Monthly application of 2,5% moxidectin and 10% imidacloprid spot-on to prevent relapses in generalised demodicosis: a pilot study. The Veterinary Record, Legnano, 2012. Disponível em: <www.ncbi.nlm.nih.gov.elis.tmu.edu.tw/pubmed/2279152>. Acesso em: 30 ago. 2012. DELAYTE, E. H. et al. Eficácia das lactonas macrocíclicas sistêmicas (ivermectina e moxidectina) na terapia da demodicidose canina generalizada. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, n. 1, p. 31-38, 2006. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102>. Acesso em: 8 mar. 2012. FISHER, M. A; SHANKS, D. J. A review of the off-label use of selamectin (Stronghold®/Revolution®) in dogs and cats. Acta Veterinaria Scandinavica, Vieux Ruffec, v. 50, n. 46, 2008. Disponível em: <www.actavetscand.com/content/50/1/46>. Acesso em: 03 out. 2012. FOURIE, J. J. et al. Comparative efficacy and safety of two treatment regimens with a topically applied combination of imidacloprid and moxidectin (Advocate) against generalised demodicosis in dogs. Parasitology research, África do Sul, 115, p. S115-24, 2009. Disponível em: < www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19575232 >. Acesso em: 16 ago. 2012. FOSTER, A.; SHAW, S. Treatment of canine adult-onset demodicosis. Australian Veterinary Journal, Bristol, v. 78, n. 4, p. 243-244, 2000. Disponível em: < onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1751-0813.2000.tb11742>. Acesso em: 8 mar. 2012. GAMITO, M. S. R. Dermatites parasitárias no cão, 2009. 88 f. Dissertação (Mestrado integrado em medicina veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária. Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2009. Disponível em: <https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/1237.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2012. GUERRA, Yunaisy et al. Demodex spp. en perros con demodicosis, en una región de Cuba. Revista de Salud Animal, La Habana, v. 32, n. 1, p. 37-41, 2010. Disponível em: < scielo.sld.cu/pdf/rsa/v32n1/rsa05110.pdf>. Acesso em 30 ago. 2012. KUZNETSOVA, E. et al. Influence of systemic antibiotics on the treatment of dogs with
  • 21. 20 20 generalized demodicosis. Veterinary parasitology, Moscow, v. 188, p. 148 - 155, 2012. Disponível em: < www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22575280 >. Acesso em: 30 ago. 2012. MEDLEAU, L.; HNILICA, K.A. Dermatologia de Pequenos Animais: Atlas Colorido e Guia Terapêutico. São Paulo: Rocca, 2003, 354p. MORAES, Vanessa Edon et al. Acompanhamento clínico de demodicose canina generalizada. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 10, 2008, Pelotas. Disponível em: <www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CA/CA_01859.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2012. MOTA, T. E. B. Demodecose canina: aspectos da sua abordagem terapêutica. 2010. 131 f. Dissertação (Mestrado em medicina veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2010. MUELLER, R. S. Treatment protocols for demodicosis: an evidence-based review. Veterinary Dermatology, v. 15, n. 2, p. 75-89, 2004. Disponível em: <onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-3164.2004.00344>. Acesso em: 03 set. 2012. MUELLER, R. S. et al. 2008 WSAVA Congress. In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINAY ASSOCIATION, 33, 2008, Dublin. Demodicosis: a frequent problem in the dog. Munique. Disponível em: <www.vin.com/proceedings>. Acesso em: 16 ago. 2012. MUELLER, R. S. et al. Treatment of Demodicosis in Dogs: 2011 clinical practice guidelines. Veterinary Dermatology, Munique, v. 23, p. 86 - e21, 2012a. Disponível em: < www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/223296000005 >. Acesso em: 22 abr. 2012. MUELLER, R. S. et al. An update on the therapy of Canine Demodicosis. Compendium: Continuing Education for Veterinarians, Munique, p. E1-E4, 2012b. Disponível em: <www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2248859600>. Acesso em: 22 abr. 2012. NICOLUCCI, Rosiléia R.S.B. et al. Avaliação quali e quantitativa de Demodex canis em cães saudáveis e acometidos por dermatopatias. In: ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE, vol.13, n.16, 2010, Campinas. Anais...Valinhos: Ed. IPADE,2011, p.67-82. Disponível em: <sare.anhanguera.com/index.article/2879>. Acesso em: 8 mar. 2012. SANTARÉM, Vamilton. Demodiciose canina: revisão. Clínica Veterinária Revista de Educação Continuada do Clínico Veterinário de Pequenos Animais, São Paulo, n. 69, p. 86 - 96, jul - ago 2007. Disponível em: <www.lamdosig.ufba.br/mev160/Demodicosecanina.pdf>.Acesso em: 27 abr. 2012. SCHNABL, B. et al. Oral selamectin in the treatment of canine generalised demodicosis. Veterinary Record, Munique, v. 166, n. 23, p. 710-714, 2010. Disponível em: <www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20525946>. Acesso em: 22 set. 2012. SCOTT, D.W.; MILLER, W.H.; GRIFFIN, C.E. Dermatologia de Pequenos Animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Interlivros Edições Ltda, 1996. 1130 p. SHERMAN, J. G. et al. Evaluation of the safety of spinosad and milbemycin 5-oxime orally administered to Collies with the MDR1 gene mutation. American Journal of Veterinary Research, Greenfield, v. 71, n. 1, p. 115 - 119, 2010. Disponível em: <www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20043790>. Acesso em: 16 ago. 2012.
  • 22. 21 21 SILVA, R. P. B. et al. Sarna demodécica canina e suas novasperspectivas de tratamento - revisão. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 11, n. 2, p. 139-151, jul./dez. 2008. Disponível em: <revistas.unipar.br/veterinaria/article/viewFile/2570/1998>. Acesso em: 8 mar. 2012.