Água, crianças e terapia. Quantas formas existem de mergulhar pela inclusão? Paulo Canas e Nuno Fazenda fizeram-no através do SURF.ART, um projeto que desenvolveram na Associação Pressley Ridge, que visa promover a integração e bem-estar de crianças e jovens
To develop the potential and autonomy of children and youth through SURFING and contact with Nature. Idea finalist of the II Bootcamp IES powered by INSEAD Business School.
Somos 1 Psicólogo e 1 Marketeer Surfistas e queremos levar para dentro de água, durante 6 meses, cerca de 12 crianças vulneráveis (10-12 anos) e avaliar o impacto do SURF na sua RESILIÊNCIA. Precisamos da tua ajuda!
Projeto SURF.ART nas Comemorações do Dia Internacional de Nelson MandelaPaulo Canas
No âmbito das comemorações do Dia Internacional de Nelson Mandela, realiza-se no dia 18 de Julho, em Setúbal, no Fórum Municipal Luísa Todi, a conferência "Perpetuando o Legado de Nelson Mandela com a Diáspora Africana em Portugal", com o objetivo de refletir sobre o diálogo para a Justiça (como criá-lo e como fazê-lo funcionar) e ainda de analisar problemáticas relacionadas com os direitos humanos, os jovens e a educação.
O painel de convidados do tema "Educação para o Desenvolvimento" contará a presença de Paulo Canas, um dos mentores e fundadores do projeto Surf.Art que, através da apresentação "Desenvolvimento pessoal através do Surf", passará a sua experiência num projeto social de desenvolvimento e capacitação de crianças inseridas em contexto desfavorecidos socialmente.
To develop the potential and autonomy of children and youth through SURFING and contact with Nature. Idea finalist of the II Bootcamp IES powered by INSEAD Business School.
Somos 1 Psicólogo e 1 Marketeer Surfistas e queremos levar para dentro de água, durante 6 meses, cerca de 12 crianças vulneráveis (10-12 anos) e avaliar o impacto do SURF na sua RESILIÊNCIA. Precisamos da tua ajuda!
Projeto SURF.ART nas Comemorações do Dia Internacional de Nelson MandelaPaulo Canas
No âmbito das comemorações do Dia Internacional de Nelson Mandela, realiza-se no dia 18 de Julho, em Setúbal, no Fórum Municipal Luísa Todi, a conferência "Perpetuando o Legado de Nelson Mandela com a Diáspora Africana em Portugal", com o objetivo de refletir sobre o diálogo para a Justiça (como criá-lo e como fazê-lo funcionar) e ainda de analisar problemáticas relacionadas com os direitos humanos, os jovens e a educação.
O painel de convidados do tema "Educação para o Desenvolvimento" contará a presença de Paulo Canas, um dos mentores e fundadores do projeto Surf.Art que, através da apresentação "Desenvolvimento pessoal através do Surf", passará a sua experiência num projeto social de desenvolvimento e capacitação de crianças inseridas em contexto desfavorecidos socialmente.
Permite deslizar na água numa prancha de surf, apenas com o auxílio de um remo, e está oficialmente “na moda” no nosso país. O Stand Up Paddle (SUP) chegou no início de Junho a Coimbra, pela mão do clube Coimbra SUP e com o apoio da Câmara Municipal.
Aquilo que começou por ser uma brincadeira entre pai e filho - Paulo Gomes e Gonçalo Gomes - resultou no primeiro centro náutico da modalidade na cidade e promete desafiar entusiastas dos desportos aquáticos dos cinco aos 65 anos. O Stand Up Paddle é um desporto aquático que tem como requisito mínimo saber nadar, embora sejam distribuídos coletes salva-vidas aos participantes menos experientes.
Gonçalo Gomes explicou ao Diário de Coimbra que a modalidade «nasceu no Havai mas é já bastante conhecida no nosso país. Consiste em andar de pé numa prancha e, com o auxílio de um remo, fazer com que esta deslize pela água permitindo, no caso do Parque Verde, apreciar as mais belas paisagens do Mondego».
Permite deslizar na água numa prancha de surf, apenas com o auxílio de um remo, e está oficialmente “na moda” no nosso país. O Stand Up Paddle (SUP) chegou no início de Junho a Coimbra, pela mão do clube Coimbra SUP e com o apoio da Câmara Municipal.
Aquilo que começou por ser uma brincadeira entre pai e filho - Paulo Gomes e Gonçalo Gomes - resultou no primeiro centro náutico da modalidade na cidade e promete desafiar entusiastas dos desportos aquáticos dos cinco aos 65 anos. O Stand Up Paddle é um desporto aquático que tem como requisito mínimo saber nadar, embora sejam distribuídos coletes salva-vidas aos participantes menos experientes.
Gonçalo Gomes explicou ao Diário de Coimbra que a modalidade «nasceu no Havai mas é já bastante conhecida no nosso país. Consiste em andar de pé numa prancha e, com o auxílio de um remo, fazer com que esta deslize pela água permitindo, no caso do Parque Verde, apreciar as mais belas paisagens do Mondego».
Reportagem Projeto Surf.Art na Revista NAU XXI - A Exclusão de Poseidon ou como no mar são todos iguais
1. 50 NAU XXI — JUlHO 2013 51JUlHO 2013 — NAU XXI
C
arla Ferreira tem 42 anos e pagaia como peixe na água. O
facto de ter paralisia cerebral não a impediu de subir, pela
primeira vez em 37 anos, para a linha de partida de uma
competição de canoagem. Demorou dez minutos a concluir
a prova, quando os colegas demoraram apenas quatro. Pelo caminho,
ouvia-se “despacha-te lá que ainda queremos ir almoçar”, em tom de
brincadeira. O que é certo é que, na plateia, ninguém sabia que Carla
tinha uma perturbação do controlo da postura e do movimento, até
que alguém começou a passar a informação. As brincadeiras acabaram
para que todos seguissem a conclusão da prova com um novo olhar.
Quando a atleta passou a linha de meta, tinha uma nuvem de pessoas
à sua espera. E uma nova etapa para vencer.
A inscrição de Carla na Federação Portuguesa de Canoagem (FPC)
nãofoipacífica,contaIvoQuendera,treinadordaatletaeespecialistada
modalidade. Quando quis inscrevê-la para competir, a FPC informou-o
que não existiam “deficientes” a praticar canoagem em Portugal. Ivo
Quendera não aceitou: “Mas como é que não há se eu tenho aqui uma
pessoaquepratica?”PerguntouaomédicodaCarlaseerapossívelpassar
o atestado médico e ele respondeu que sim. Até, porque em lado ne-
nhum, lhe pediam para especificar se a atleta tinha alguma deficiência.
Atestado passado, inscreveu-a. E a FPC não deu por nada.
Carla Ferreira é a primeira atleta de canoagem adaptada portu-
guesa, termo que Ivo Quendera prefere substituir por “canoagem de
inclusão”, ou, simplesmente “canoagem”, visto que todos os barcos têm
de ser adaptados às estaturas físicas de quem neles se senta. O primeiro
reportagem
A exclusão de
Poseidon ou
como no mar
todos são iguais
Se o homem fosse feito para estar dentro de
água teria guelras como os peixes. E o mar não
teria de hostil o que tem de libertador. O que
fazem pessoas com ou sem deficiências e de
estratos sociais diferentes no único meio onde
não é possível respirar a plenos pulmões?
Aproximam-se. E se ainda houver dúvidas,
incluem-se. É que em território de Poseidon,
deus dos mares, somos todos excluídos.
po r a n a p i m e n t e l
i l us t r a ç ã o g o n ç a l o v i a n a
s o c i e d a d e
2. 52 NAU XXI — JUlHO 2013 53JUlHO 2013 — NAU XXI
contacto que o jovem de 33 anos teve com a deficiência aconteceu
quando dava aulas de natação e conheceu um bebé de ano e meio com
paralisia cerebral. “Foi aí que se deu o crash”, explica. A paixão ficou
em standby até que encontrou Carla na piscina do Montijo, município
onde é técnico de desporto, em 2005. Já a conhecia do remo, moda-
lidade que a atleta praticava anteriormente e da qual teve de desistir
por não existir uma classe específica para a sua limitação. “Disse-lhe
para vir fazer canoagem, mas que não tivesse intenções de competir”,
conta. Durante dois anos ainda conseguiu dissuadi-la, mas depois não
teve outra hipótese senão inscrevê-la na federação.
O nível de dificuldade motora que Carla Ferreira tem não se enqua-
dra em nenhuma das classes desportivas existentes, conta o treinador.
Por isso, quando compete, fá-lo em desigualdade. Mas a atleta já par-
ticipou em campeonatos mundiais e serviu de inspiração a Fernando
Fernandes, modelo brasileiro que é campeão do mundo de canoagem
adaptada, e que veio a Portugal conhecê-la.
Ivo Quendera é treinador e coordenador técnico do Clube Atlético
do Montepio. Tudo pro bono. Em casa, põe comida na mesa com o
emprego que tem na Câmara Municipal. A seguir à Carla treinou ou-
tros atletas, como Norberto Mourão, bi-amputado, que, aquando desta
entrevista, estava a disputar a final do Campeonato da Europa Abso-
luto de Canoagem, em Montemor-o-Velho. Actualmente, Quendera
treina seis pessoas na modalidade, mas quer fazer mais. Muito mais.
No Clube Naval de Cascais, a escala é outra: cerca de 50 pessoas
praticam vela adaptada semanalmente. A iniciativa surgiu pela mão
de Charles Lindley, há 10 anos, e desde então já houve mais de 7 mil
saídas de barco. Há quatro anos que assumiu funções como presiden-
te da Associação Portuguesa da Classe Access, tipo de barco que é
utilizado na modalidade adaptada. Através de uma parceria do Clube
Naval com a Câmara Municipal de Cascais e com a CERCICA – Co-
operativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados
de Cascais, conseguiu avançar com a prática regular de vela durante
três ou quatro dias por semana. No clube, conta com três monitores,
uma equipa de competição e cerca de metade dos atletas já velejam
sozinhos, sem monitor.
Pedro Reis e Bruno Pereira já trouxeram para Cascais dois galar-
dões de campeões europeus da classe e ambos têm uma deficiência
motora. “Infelizmente, só os deficientes motores podem competir
internacionalmente em vela adaptada”, lamenta Charles Lindley, de
69 anos, apesar de a maioria dos praticantes da modalidade terem
limitações a nível intelectual.
O clube promove um programa de avaliação técnica constante e,
juntamente com a CERCICA, procura saber quais são os resultados
terapêuticos desta actividade. “Concluímos que há benefícios sociais
enormes. Interagem com pessoas sem deficiência, saem de casa, das
instituições, praticam desporto ao ar livre, o que lhes dá uma sensação
de liberdade total em condições de igualdade com os outros”, adianta.
O que é certo é que, dentro de um barco, as condições são iguais para
quem tem ou não limitações e todos são exemplos de coragem para
o velejador. “O simples facto de se tirar estas pessoas das cadeiras de
rodas ou das camas e transportá-las com uma grua para dentro de um
barco à vela numa nortada da baía de Cascais é, por si, uma conquista.”
Isabel Araújo é um exemplo. Diagnosticada com uma doença dege-
nerativa, ficou tetraplégica, mas isso não a impediu de velejar sozinha
com a ajuda de um comando eléctrico, até ao dia em que a doença lhe
tirou a força para comandar o joystick. Não foi suficiente para a fazer
desistir. Isabel continua a comparecer no clube e sai regularmente de
barco com o monitor.
Quem se atreve e se transforma
Água, crianças e terapia. Quantas formas existem de mergulhar pela
inclusão? Paulo Canas e Nuno Fazenda fizeram-no através da Surf
ART, um projecto que desenvolveram dentro da associação Pressley
Ridge, que visa promover a integração e bem-estar de crianças e
jovens com problemas de ajustamento e desenvolvimento. Estavam
numa formação sobre o futuro da organização quando a ideia surgiu.
“Com todas as aprendizagens que vivi no mar, pensei que poderia
proporcionar o mesmo a crianças e jovens que vivessem em zonas mais
fragilizadas”, conta Paulo Canas, 33 anos e surfista há cinco.
Em Janeiro de 2013, estava tudo pronto para arrancar com a Surf
ART. O Bairro da Cruz Vermelha foi o escolhido. Objectivo: estimular
a resiliência de 14 crianças, entre os 9 e os 11 anos, através do surf e
do contacto com a natureza. Na base, está a aliança terapêutica que
existe entre os coordenadores, professores de surf e as crianças. “O mar
funciona como um simulacro da vida real. Num ambiente seguro, en-
volvemos activamente a criança nesta aventura que é surfar, para que
ela consiga vivenciar o sucesso e o fracasso e levar essa aprendizagem
para a sua vida”, explica.
As crianças frequentam a escola EB1 n.º3 de Alcoitão e foram
escolhidas segundo dois critérios: não estarem inscritas noutra ac-
tividade desportiva e morarem no Bairro da Cruz Vermelha. “Isto
fez com que tivéssemos no projecto crianças de etnia cigana, afro-
portuguesa, caucasiana, de estratos sociais mais ou menos fragili-
zados, etc”, conta.
Paulo e Nuno vão buscar as crianças às 14 horas de quinta-feira e
sábado, em frente à escola, e levam-nas para a praia de Carcavelos,
onde está a Surf Academia, parceira do projecto para a área técnica.
Antes de a aula começar, cada criança diz qual é o seu objectivo para
a sessão, tal como os professores. No final, há espaço para a reflexão.
É aí que Paulo e Nuno, psicólogo, intervêm para ajudar as crianças a
transferirem o que viveram na praia para o dia-a-dia. Sentados em
círculo, cada um tem de dizer o que correu bem na aula, o que poderia
ter corrido melhor e quantos pontos merece a sua prestação naquele
dia. O resto do grupo diz se concorda e, no final, cada criança tem de
atribuir um ponto a um dos companheiros e justificá-lo.
Paulo explica que ao enfrentarem uma força da natureza como o
mar, as crianças passam por uma situação de risco. Se conseguiram
ultrapassá-la e voltar ao estado normal, então é porque desenvolveram
competências para isso, como a tolerância à frustração e a gestão de
emoções, entre outras. “Isto é um programa de prevenção de compor-
tamentos de risco”, relembra o surfista. Durante estes seis meses, a Surf
ART funcionou como um protótipo e os fundadores já andam à procura
de financiamento para avançar com a segunda fase, em Setembro, na
qual querem incluir mais uma turma e uma sala de apoio ao estudo no
bairro. Nota: ART representas as iniciais de “Atreve-te”, “Realiza-te”
e “Transforma-te”.
Mas o mar não é só ondas ou navegação. Debaixo de água também
se trabalha pela inclusão. Como? Através do mergulho. Paulo Guerreiro
tem 47 anos e deve ter posto a primeira máscara de mergulho na cara
quando tinha uns cinco anos. Com o tempo, acabou por se especiali-
zar em mergulho técnico. Foi durante um círculo de conferências da
Associação Portuguesa para a Dinamização do Mergulho, em 2008,
que ficou com vontade de saber mais sobre a modalidade para pessoas
com deficiência. “A partir daí fiz formações até chegar a formador de
instrutores”, conta.
Em 2010, ficou responsável pela DDI Portugal, organização sem
fins lucrativos e agência certificadora de mergulho para pessoas com
deficiência. Além dos baptismos, a DDI dá cursos de mergulho in-
clusivos, onde quem tem limitações convive com quem não as tem.
“A primeira pessoa a fazer o curso foi Ana Drago, uma senhora com
mais de 40 anos e amputada de uma perna”, conta Paulo Guerreiro.
Juntamente com Mário Jubério, Ana Drago aventura-se debaixo de
água com regularidade.
“Nos cursos de mergulho, começo logo por dizer que vamos entrar
num meio que não é o nosso, a água. E que se tivéssemos sido feitos
para estarmos lá dentro teríamos guelras como os peixes. O meio é tão
hostil para mim como é para uma pessoa bi-amputada, paraplégica ou
que tenha outra deficiência qualquer, porque a maior adversidade é
mesmo não respirarmos dentro de água”, conclui.
Água, crianças e terapia. Quantas
formas existem de mergulhar
pela inclusão? Paulo Canas
e Nuno Fazenda fizeram-no
através da Surf ART, um projecto
que desenvolveram dentro da
associação Pressley Ridge, que visa
promover a integração e bem-estar
de crianças e jovens com problemas.
s o c i e d a d e
ANDDVIS
Associação Nacional de Desporto para Deficientes Visuais
www.anddvis.org | (+351) 21 726 8730
ANDDI – Portugal
Associação Nacional de Desporto para a Deficiência
www.anddi.pt | (+351) 22 712 9138
ANDDEMOT
Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Motora
www.andemmot.org | (+351) 21 417 7326
LPDS
Liga Portuguesa de Desporto para Surdos
www.lpdsurdos.org.pt | lpds@lpdsurdos.org.pt
PC-AND
Paralisia Cerebral Associação Nacional de Desporto
www.pcand.pt | (+351) 239 780 436
FPDD
Federação Portuguesa de Desporto para
Pessoas com Deficiência
www.fpdd.org | (+351) 21 937 9950
SURFaddict
Associação Portuguesa de Surf Adaptado
www.surfadaptado.pt | info@surfadaptado.pt