O documento descreve um cemitério indígena de 700 anos encontrado na Amazônia em 2012 e fragmentos de cerâmica da etnia Guarani encontrados no interior do Brasil em 2013. Ele também contém trechos do século XVII sobre uma doença que matou 30.000 indígenas e escravos no Brasil em apenas alguns meses, além de uma descrição dos índios da região entre Cabo de Santo Agostinho e Maranhão como cruéis, canibais e merecedores de represálias pelos portugueses.
7. CCaarrttaa ddee AAnncchhiieettaa ((sséécc.. XXVVII))
“No mesmo ano de 1562, por justos juiźos de Deus,
sobreveio uma grande doenca̧ aos ińdios e escravos
dos portugueses, e com isto grande fome, em que
morreu muita gente, e dos que ficavam vivos muitos
se vendiam e se iam meter por casa dos portugueses a
se fazer escravos, vendendo-se por um prato de
farinha, e outros diziam, que lhes pusessem ferretes,
que queriam ser escravos: foi taõ grande a morte que
deu neste gentio, que se dizia, que entre escravos e
ińdios forros morreriam 30.000 no espaco̧ de 2 ou 3
meses”
8. DDeessccrriiççããoo ddee TThheevveett ((sséécc.. XXVVII))
“[Os índios]...cujas terras vão do Cabo de Santo Agostinho às
proximidades do Marinhaõ, são os mais crueís e desumanos de
todos os povos americanos, naõ passando de uma canalha
habituada a comer carne humana do mesmo jeito que comemos
carne de carneiro, se não ate ́mesmo com maior satisfação. (...)
Naõ ha ́fera dos desertos d’Af́rica ou d’Arab́ia que aprecie taõ
ardentemente o sangue humano quanto estes brutiśsimos
selvagens. Por isso naõ ha ́naca̧õ que consiga aproximar-se deles,
seja crista ̃ou outra qualquer. (...) Os mais dignos dentre eles naõ
saõ merecedores de nenhuma confianca̧. Eis por que os
espanhoís e portugueses lhes fazem eventuais represaĺias, em
memoŕia das quais só Deus sabe como devem ser tratados pelos
selvagens quando estes os prendem para devora-́los” (Thevet)