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1
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI
Conselho Nacional
Fernando Cirino Gurgel
Presidente
SENAI – Departamento Nacional
José Manuel de Aguiar Martins
Diretor-Geral
Regina Maria de Fátima Torres
Diretora de Operações
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SEGUNDA EDIÇÃO
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3
© 2007. SENAI – Departamento Nacional
Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
SENAI/DN
Unidade de Educação Profissional – UNIEP
Sede
Setor Bancário Norte
Quadra 1 – Bloco C
Edifício Roberto Simonsen
70040-903 – Brasília – DF
Tel.: (0xx61) 3317-9544
Fax: (0xx61) 3317-9550
http://www.senai.br
SENAI
Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial
Departamento Nacional
FICHA CATALOGRÁFICA
S491c
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Nacional
Curso básico de segurança em instalações e serviços em
eletricidade : riscos elétricos / SENAI. DN. Brasília, 2007.
158 p. : il.
ISBN: 85-7519-152-7
1. Eletricidade 2. Choque elétrico I.Título
CDU: 331.483.1
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RISCOS
ELÉTRICOS
Sumário
Apresentação 7
Riscos em instalações e serviços com eletricidade 11
Choque elétrico ........................................................................................................................... 11
Arco elétrico.................................................................................................................................. 27
Campos eletromagnéticos ...................................................................................................... 30
Riscos adicionais ......................................................................................................................... 32
Acidentes de origem elétrica ................................................................................................. 48
Técnicas de análise de riscos 55
Conceitos básicos ....................................................................................................................... 56
Principais técnicas para identificação dos riscos/perigos ........................................... 57
Análise preliminar de riscos.................................................................................................... 60
Medidas de controle do risco elétrico 67
Desenergização ........................................................................................................................... 68
Aterramento ................................................................................................................................. 73
Eqüipotencialização .................................................................................................................. 82
Seccionamento automático da alimentação ................................................................... 86
Dispositivo de proteção a corrente diferencial-residual – DR ................................... 89
Proteção por extrabaixa tensão ............................................................................................ 93
Proteção por barreiras e invólucros ..................................................................................... 95
Proteção por obstáculos e anteparos ................................................................................. 95
Proteção por isolamento das partes vivas ........................................................................ 96
Proteção parcial por colocação fora de alcance ............................................................. 98
Proteção por separação elétrica .........................................................................................104
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5
Equipamentos de Proteção Coletiva 107
Equipamentos de Proteção Individual 111
Exemplos de EPIs ......................................................................................................................111
Legislação específica ...............................................................................................................126
Normas Técnicas Brasileiras 129
Normas ABNT .............................................................................................................................129
Regulamentações do MTE.....................................................................................................131
Rotinas de trabalho 133
Procedimentos de trabalho ..................................................................................................133
Procedimento de desenergização .....................................................................................137
Procedimentos gerais .............................................................................................................138
Liberação para serviços ..........................................................................................................140
Responsabilidades ...................................................................................................................146
Documentação de instalações elétricas 151
Projetos 153
Referências 155
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6
RISCOS
ELÉTRICOS
Apresentação
Acidentes fatais ocorridos no Sistema Elétrico de Potência, segundo a Fundação COGE, 2005.
Eletricidade mata, conforme podemos visualizar no gráfico apresentado acima. Esta é
uma forma bastante brusca, porém verdadeira, de iniciarmos o estudo sobre segurança
em eletricidade. Sempre que trabalhar com equipamentos elétricos, ferramentas manu-
ais ou com instalações elétricas, você estará exposto aos riscos da eletricidade. E isso
ocorre no trabalho, em casa e em qualquer outro lugar.Você está cercado por redes elé-
tricas em todos os lugares.É claro que no trabalho os riscos são bem maiores.É no traba-
lho que existe uma grande concentração de máquinas, motores, painéis, quadros de
distribuição,subestações transformadoras e,em alguns casos,redes aéreas e subterrâne-
as expostas ao tempo. Para completar, mesmo os que não trabalham diretamente com
os circuitos também se expõem aos efeitos nocivos da eletricidade ao utilizar ferramen-
tas elétricas manuais, ou ao executar tarefas simples como desligar ou ligar circuitos e
equipamentos, se os dispositivos de acionamento e proteção não estiverem adequada-
mente projetados e mantidos.
Todos nós estamos sujeitos aos riscos da eletricidade,mas se você trabalha diretamente
com equipamentos e instalações elétricas ou próximo delas, tenha sempre cuidado ao
lidar com ela.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
8
O contato com partes energizadas da instalação pode fazer com que a corrente elétrica
passe pelo seu corpo, e o resultado são o choque elétrico e as queimaduras externas e
internas. As conseqüências dos acidentes com eletricidade são muito graves, provocam
lesões físicas e traumas psicológicos,e muitas vezes são fatais.Isso sem falar nos incêndi-
os originados por falhas ou desgaste das instalações elétricas.Talvez pelo fato de a eletri-
cidadeestartãopresenteemsuavida,nemsemprevocêdáaelaotratamentonecessário.
Como resultado, os acidentes com eletricidade ainda são muito comuns mesmo entre
profissionais qualificados.Tal quadro, entretanto, recebeu um forte estímulo para mu-
dar a partir de dezembro de 2004,quando passou a vigorar a revisão da NR-10 de 1978.
Como esta norma regulamentadora estabelece os requisitos e as condições mínimas
para as medidas de controle e sistemas preventivos relacionados a instalações que
operam em extrabaixa tensão, baixa tensão e alta tensão, a probabilidade de ocorre-
rem acidentes fica reduzida significativamente a partir da aplicação da norma em todo
o território nacional.
Sob a ótica da NR-10, são instalações de alta tensão aquelas que operam com tensão
superior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua e,inde-
pendente de qualquer outra classificação,como a classificação das normas técnicas bra-
sileiras, acima dos valores estipulados, os critérios de segurança são, no mínimo, os
definidos pela NR-10.
Em relação à baixa tensão, as normas do Ministério do Trabalho e Emprego (normas
regulamentadoras) e as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (normas técnicas)
são idênticas e definem baixa tensão como tensão superior a 50 volts em corrente alter-
nada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1.000 volts em corrente
alternada ou 1.500 volts em corrente contínua. A extrabaixa tensão, por sua vez, são as
tensões não superiores 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua.
No Brasil, ainda não temos muitas estatísticas específicas sobre acidentes cuja causa
está relacionada com a eletricidade. Entretanto, é bom conhecer alguns números a
esse respeito.
Se considerarmos apenas o Setor Elétrico,assim chamado aquele que reúne as empresas
que atuam em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, temos alguns nú-
meros que chamam a nossa atenção.Em 2002,ocorreram 78 acidentes fatais nesse setor,
incluídos aqueles com empregados das empreiteiras.A esse número,entretanto,somam-
se 330 mortes que ocorreram nesse mesmo ano com membros da população que, de
diferentes formas, tiveram contato com as instalações pertencentes ao
Setor Elétrico.Como exemplo desses contatos fatais,há os casos que ocorreram em obras
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RISCOS
ELÉTRICOS
de construção civil, contatos com cabos energizados, ligações clandestinas, instalações
de antenas de TV, entre tantas outras causas. Um relatório completo é divulgado anual-
mente pela Fundação COGE.
Este módulo vai abranger vários tópicos relacionados à segurança com eletricidade.
Os principais riscos serão apresentados e você irá aprender a reconhecê-los e a adotar
procedimentos e medidas de controle, previstos na legislação e nas normas técnicas,
para evitar acidentes.Da sua preparação,estudo e disciplina vão depender a segurança e
a vida de muitas outras pessoas, incluindo você. Pense nisso!
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RISCOS
ELÉTRICOS
Riscos em instalações
e serviços com eletricidade
Há diferentes tipos de riscos devido aos efeitos da eletricidade no ser humano e no meio
ambiente. Os principais são o choque elétrico, o arco elétrico, a exposição aos campos
eletromagnéticos e o incêndio. Neste módulo você vai descobrir como a eletricidade
pode causar tantos males.
Choque elétrico
Hoje, com o domínio da ciência da eletricidade, o ser humano usufrui de todos os seus
benefícios.Construídas as primeiras redes de energia elétrica, tivemos vários benefícios,
mas apareceram também vários problemas de ordem operacional,sendo o mais grave o
choque elétrico.
O choque elétrico decorre da corrente elétrica que se caracteriza pelo fluxo de elétrons
que circula quando existe um caminho,denominado circuito elétrico,estabelecido entre
dois pontos com potenciais elétricos diferentes,como por exemplo um condutor energi-
zado e a terra.Se você encostar em ambos simultaneamente formará o circuito elétrico e
permitirá que a corrente circule por intermédio de seu corpo.
Atualmente os condutores energizados perfazem milhões de quilômetros,portanto,ale-
atoriamente o defeito (ruptura ou fissura da isolação) aparecerá em algum lugar, produ-
zindoumpotencialderiscoaochoqueelétrico.ComoapopulaçãoatualdaTerraéenorme,
sempre haverá alguém perto do defeito, e o acidente será inevitável.
Portanto,a compreensão do mecanismo do efeito da corrente elétrica no corpo humano
é fundamental para a efetiva prevenção e combate aos riscos provenientes do choque
elétrico.Em termos de riscos fatais,o choque elétrico,de um modo geral,pode ser anali-
sado sob dois aspectos:
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• Correntes de choques de baixa intensidade, provenientes de acidentes com baixa
tensão, sendo o efeito mais grave a considerar as paradas cardíacas e respiratórias;
• Correntes de choques de alta intensidade, provenientes de acidentes com alta
tensão, sendo o efeito térmico o mais grave, isto é, queimaduras externas e
internas no corpo humano.
Concluindo
O choque elétrico é a perturbação de natureza e efeitos diversos que se
manifesta no organismo humano quando este é percorrido por uma cor-
renteelétrica. Os efeitos do choque elétrico variam e dependem de:
• percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;
• intensidade da corrente elétrica;
• tempo de duração;
• área de contato;
• freqüência da corrente elétrica;
• tensão elétrica;
• condições da pele do indivíduo;
• constituição física do indivíduo;
• estado de saúde do indivíduo.
Tipos de choques elétricos
O corpo humano,mais precisamente a sua característica orgânica à passagem da corrente,
é uma impedância elétrica composta por uma resistência elétrica, associada a um com-
ponente com comportamento levemente capacitivo.
O choque elétrico pode ser dividido em duas categorias:
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13
RISCOS ELÉTRICOS
Choque estático
Ocorre devido à descarga eletrostática ou pela descarga de um capacitor.
N
Descarga eletrostática – É o efeito capacitivo presente nos mais
diferentes materiais e equipamentos com os quais o homem convive.
Um exemplo típico é o que acontece em veículos que se movem em cli-
mas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas elétricas que
se acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Portanto, entre o
veículo e o solo passa a existir uma diferença de potencial. Dependendo
do acúmulo das cargas, poderá haver o perigo de faiscamentos ou de
choque elétrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veículo.
Choque dinâmico
É o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado.
Este choque se dá devido ao:
• toque acidental na parte metálica do condutor denominada“parte viva”;
• toque em partes condutoras próximas aos equipamentos e instalações, que
ficaram energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na isolação.
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Este tipo de choque é o mais perigoso, porque a rede de energia elétrica mantém a
pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuadamente.
O corpo humano é um organismo resistente, que suporta bem o choque elétrico nos
primeiros instantes,mas com a manutenção da corrente passando pelo corpo,os órgãos
internos vão sofrendo conseqüências:
• elevação da temperatura dos órgãos devido ao aquecimento produzido pela
corrente de choque;
• tetanização (rigidez) dos músculos;
• superposição da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras
que comandam o organismo humano, ocasionando movimentos bruscos
e involuntários;
• comprometimento do coração, quanto ao ritmo de batimento cardíaco e à
possibilidade de fibrilação ventricular;
• efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue;
• comprometimento da respiração;
• prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua devida
posição;
• comprometimento de outros órgãos, como rins, cérebro, vasos, órgãos genitais
e reprodutores.
Muitos órgãos aparentemente sadios só vão apresentar sintomas devido aos efeitos da
corrente muitos dias ou meses depois de ocorrido o choque elétrico. As seqüelas,
muitas vezes não são relacionadas ao choque em virtude do espaço de tempo
decorrido desde o acidente.
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RISCOS ELÉTRICOS
Os choques dinâmicos podem ser causados pela tensão de toque ou pela tensão de passo.
Tensão de toque
Tensão de toque é a tensão elétrica (diferença de potencial) existente entre os membros
superiores e inferiores do indivíduo, devido à circulação de corrente no objeto tocado.
Por exemplo,um defeito de ruptura na cadeia de isoladores de uma torre de transmissão
provoca a tensão de toque.
O cabo condutor ao tocar na parte metálica da torre produz um curto-circuito do tipo
monofásico à terra.A corrente de curto-circuito passará pela torre,entrará na terra e per-
correrá o solo até atingir a malha da subestação,retornando pelo cabo da linha de trans-
missão até o local do curto.A figura na página ao lado nos mostra a situação e o circuito
elétrico equivalente.
No solo,a corrente de curto-circuito gerará potenciais distintos desde o“pé”da torre até
uma distância remota. Este potencial é apresentado pela curva da figura acima.
Uma pessoa tocando na torre no momento do curto-circuito ficará submetida a um cho-
que proveniente da tensão de toque.Entre a palma da mão e o pé haverá uma diferença
de potencial chamada de tensão de toque.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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Por norma,e nos projetos de sistema de aterramento,considera-se a pessoa afastada a 1
metro do equipamento em que está tocando com a mão. Neste caso, a resistência R1
representa a resistência da terra do“pé”da torre até a distância de 1 metro.O restante do
trecho da terra é representado pela resistência R2.
A resistência do corpo humano para corrente alternada de 50 ou 60 Hz,pele suada,para
tensão de toque maior que 250 V fica saturada em 1 000 ohms.
Cada pé em contato com o solo terá uma resistência de contato representada por
R contato.
Assim, a tensão de toque é expressa pela fórmula:
V toque = (R corpo humano + R contato ÷ 2) I choque
O aterramento no“pé”da torre só estará adequado se,no instante do curto-circuito mo-
nofásico à terra,a tensão de toque ficar abaixo do limite de tensão para não causar fibri-
lação ventricular. A tensão de toque é perigosa, porque o coração está no trajeto da
corrente de choque, aumentando o risco de fibrilação ventricular.
Tensão de passo
A tensão de passo é a tensão elétrica (diferença de potencial) entre os dois pés no instante
da operação ou defeito tipo curto-circuito monofásico à terra no equipamento. A figura
a seguir nos mostra a situação e o circuito elétrico equivalente.
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17
RISCOS ELÉTRICOS
No caso da torre de transmissão, a pessoa receberá entre os dois pés a tensão de passo.
Nos projetos de aterramento considera-se a distância entre os dois pés de 1 metro.
Pela figura apresentada, obtém-se a expressão:
V passo = (R corpo humano + 2R contato) I choque
O aterramento só será bom se a tensão de passo for menor do que o limite de tensão de
passo, para não causar fibrilação ventricular no ser humano.
A tensão de passo é menos perigosa do que a tensão de toque.Isso se deve ao fato de o
coração não estar no percurso da corrente de choque quando o corpo é submetido a
tensão de passo.Esta corrente vai de pé em pé,mas mesmo assim é também perigosa.As
veias e artérias vão da planta do pé até o coração. Sendo o sangue condutor, a corrente
de choque,devido à tensão de passo,vai do pé até o coração e deste ao outro pé.Por esse
motivo, a tensão de passo é também perigosa e pode provocar fibrilação ventricular.
Observe que as tensões geradas no solo pelo curto-circuito criam superfícies
eqüipotenciais.
Se a pessoa estiver com os dois pés na mesma superfície de potencial,a tensão de passo
será nula, não havendo choque elétrico, conforme podemos verificar na figura apresen-
tada a seguir.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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A tensão de passo poderá assumir uma gama de valores, que vai de zero até a máxima
diferença entre duas superfícies eqüipotenciais separadas de 1 metro.
Um agravante é que a corrente de choque devido à tensão de passo contrai os músculos
da perna e coxa,fazendo a pessoa cair e,ao tocar no solo com as mãos,a tensão se trans-
forma em tensão de toque no solo. Nesse caso, o risco é maior, porque o coração está
contido no percurso da corrente de choque.
No gado,a tensão de passo se transforma em tensão entre patas.Essa tensão é maior que
a tensão de passo do homem,com o agravamento de que no gado a corrente de choque
passa pelo coração.
Fatores determinantes da gravidade do choque
Os principais fatores que determinam a gravidade do choque elétrico são:
• Trajeto da corrente elétrica;
• Características da corrente elétrica;
• Resistência elétrica do corpo humano.
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RISCOS ELÉTRICOS
Efeitos dos choques elétricos em função do trajeto
O trajeto que a corrente faz pelo corpo influencia nas conseqüências do acidente por
choque elétrico. Isso é um dado importante, se considerarmos que é mais fácil prestar
socorro a uma pessoa que apresente asfixia do que a uma pessoa com fibrilação ventri-
cular, já que neste caso é exigido um processo de reanimação por massagem cardíaca
que nem toda pessoa que está prestando socorro sabe realizar.
A tabela a seguir apresenta os prováveis locais por onde poderá se dar o contato elétrico,
o trajeto da corrente elétrica e a porcentagem de corrente que passa pelo coração.
A B C D E
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Características da corrente elétrica
Corrente contínua (CC)
A fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um
instante curto específico e vulnerável do ciclo cardíaco.
Corrente alternada (CA)
Entre 20 e 100 Hz,são as que oferecem maior risco.Especificamente as de 60 Hz,normal-
mente usadas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, são as mais perigosas,
uma vez que se situam próximo à freqüência na qual a possibilidade de ocorrência da
fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de freqüências elevadas, acima
de 2 000 Hz, as possibilidades de ocorrência de choque elétrico são pequenas, contudo,
ocorrerão queimaduras,devido a corrente tender a circular pela parte externa do corpo,
ao invés da interna.
N
Ocorrem também diferenças nos valores de intensidade de corrente para
uma determinada sensação de choque elétrico, se a vítima for do sexo
feminino ou masculino.
Efeitos de choques elétricos em função
do tempo de contato e intensidade de corrente
A relação entre tempo de contato e intensidade de corrente é um agravante nos
acidentes por choque elétrico.Como podemos observar no gráfico,a norma NBR 6533,
da ABNT, define cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz,
admitindo a circulação entre as extremidades do corpo em pessoas com 50 kg
de peso.
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RISCOS ELÉTRICOS
Zona 1 – habitualmente nenhuma reação.
Zona 2 – habitualmente nenhum efeito patofisiológico perigoso.
Zona 3 – habitualmente nenhum risco de fibrilação.
Zona 4 – fibrilação possível (probabilidade de até 50%).
Zona 5 – risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%).
Resistência elétrica do corpo humano
A intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima dependerá, em muito, da
resistência elétrica que esta oferece à passagem da corrente,e também de qualquer ou-
tra resistência adicional entre a vítima e a terra.A resistência que o corpo humano ofere-
ce à passagem da corrente é quase que exclusivamente devida à camada externa da
pele, a qual é constituída de células mortas. Esta resistência está situada entre 100 000
ohms e 600 000 ohms, quando a pele encontra-se seca e não apresenta cortes e a varia-
ção apresentada é em função da espessura.Quando esta,no entanto,encontra-se úmida,
condição mais facilmente encontrada na prática,a resistência elétrica do corpo pode ser
muito baixa,atingindo 500 ohms.Esta baixa é originada pelo fato de que a corrente pode
então passar pela camada interna da pele, que apresenta menor resistência elétrica.
Ao estar com cortes, a pele também pode oferecer uma baixa resistência.
A resistência oferecida pela parte interna do corpo, constituída pelo sangue, músculos
e demais tecidos, comparativamente à da pele é bem baixa, medindo normalmente
300 ohms, em média, e apresentando um valor máximo de 500 ohms.
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As diferenças da resistência elétrica apresentada pela pele à passagem da corrente, ao
estar seca ou molhada, podem ser grandes, como vimos. Com isso, podem influir muito
na possibilidade de uma pessoa vir a sofrer um choque elétrico.
Exemplificando
Num toque acidental de um dedo com um ponto energizado de um
circuito elétrico teremos, quando a pele estiver seca, uma resistência de
400 000 ohms; quando úmida, uma resistência de apenas 15 000 ohms.
Usando a lei de Ohm e considerando que o contato foi feito em um ponto
do circuito elétrico que representa uma diferença de potencial de 120 volts,
teremos:
Quando seca:
I = 120 V ÷ 400 000 Ω
Ω
Ω
Ω
Ω = 0,3 mA
Quando molhada:
I = 120 V ÷ 15 000 Ω
Ω
Ω
Ω
Ω = 8 mA
N
Corrente de largar é o valor máximo de corrente que uma pessoa pode
suportar quando estiver segurando um objeto energizado e ainda ser
capaz de largá-lo pela ação de músculos diretamente estimulados por
esta corrente.
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23
RISCOS ELÉTRICOS
Espraiamento de corrente do choque elétrico
Devido à diferença da resistência elétrica e de seções transversais das várias regiões do
corpo humano,a corrente que provoca o choque elétrico sofre,dentro de um indivíduo,
uma distribuição diferenciada, um espraiamento, como mostra a figura.
Portanto, o efeito da corrente do
choque se dá de maneira diferen-
ciada no corpo humano. Desse
modo os efeitos térmicos são mais
intensos nas regiões de alta
densidade de corrente, podendo
produzir queimaduras de alto
risco.Já na área de baixa densida-
de de corrente o calor produzido
é pequeno. Em virtude da área da
região do tórax ser maior,a densi-
dade de corrente é pequena,
diminuindo os efeitos térmicos de
contração e fibrilação no coração.
Isso é positivo do ponto de vista
da segurança humana.
O espraiamento pode ser na forma de macrochoque ou microchoque.
O macrochoque é definido quando a corrente do choque entra no corpo humano pelo
lado externo.
A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. Ou seja, o corpo
humano está em toda a sua resistência no trajeto da resistência elétrica da pele humana.
O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da diferença de potencial do
choque. Para uma mesma tensão, a corrente vai depender do estado da pele.
O macrochoque é o choque comum,sentido pelas pessoas.Qualquer pessoa ao encostar
num local energizado,ou num equipamento elétrico com defeito na sua isolação,ficará à
mercê do macrochoque.
Microchoque é o choque elétrico que ocorre no interior do corpo humano.
É o tipo de choque que ocorre por defeito em equipamento médico-hospitalar.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diagnosticar ou monitorar qual-
quer órgão humano, poderá produzir microchoque.
Este choque poderá ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois condu-
tores internos no corpo.
A resistência elétrica nestas condições é muito baixa, aumentando muito o perigo
do choque.
Efeitos do choque no indivíduo
O choque elétrico provoca os efeitos relacionados a seguir.
• Parada respiratória – inibição dos centros nervosos, inclusive dos que
comandam a respiração.
• Parada cardíaca – alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação
e uma conseqüente parada.
• Necrose – resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido.
• Alteração no sangue – provocada por efeitos térmicos e eletrolíticos
da corrente elétrica.
• Perturbação do sistema nervoso.
• Seqüelas em vários órgãos do corpo humano.
Observação
Se o choque elétrico for devido ao contato direto com a tensão da rede,
todas as manifestações podem ocorrer.
Para os choques elétricos devido à tensão de toque e à de passo impos-
tas pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede elétrica, a ma-
nifestação mais importante a ser considerada é a fibrilação ventricular do
coração, que ainda iremos abordar mais a seguir.
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25
RISCOS ELÉTRICOS
N
Parada cardíaca é a falta total de funcionamento do coração. Quando ele
está efetivamente parado, o sangue não é mais bombeado, a pressão cai
a zero e a pessoa perde os sentidos. Nesse estado as fibras musculares
estão inativas, interrompendo o batimento cardíaco.
Fibrilação ventricular no coração humano é um fenômeno diferente da
parada cardíaca, mas com conseqüências idênticas. Na fibrilação ventricular
as fibras musculares do coração ficam tremulando desordena damente, ha-
vendo, em conseqüência, uma total ineficiência no bombeamento do sangue.
Queimadura devido ao choque elétrico
Quando uma corrente elétrica passa através de uma resistência elétrica é liberada uma
energia térmica. Este fenômeno é denominado Efeito Joule.
E térmica = R corpo humano . I2
choque . t choque
Onde:
R corpo humano ⇒ Resistência elétrica (S) do corpo humano.
Ou se for o caso, só a resistência de parte
do corpo, do músculo ou órgão afetado.
I choque ⇒ Corrente elétrica do choque (A).
t choque ⇒ Tempo do choque (s).
E térmica ⇒ Energia em joules (J) liberada no corpo humano.
O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendo
produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser:
» queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo;
» aquecimento do sangue, com a sua conseqüente dilatação;
» aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens;
» queima das terminações nervosas e sensoriais da região atingida;
» queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se gelatinosas.
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As condições citadas não acontecem isoladamente, mas sim associadas, advindo, em
conseqüência, outras causas e efeitos nos demais órgãos.
O choque de alta tensão queima,danifica,fazendo buracos na pele nos pontos de entra-
da e saída da corrente pelo corpo humano.As vítimas do choque de alta-tensão morrem
devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevivem ficam com seqüelas, geral-
mente com:
» perda de massa muscular;
» perda parcial de ossos;
» diminuição e atrofia muscular;
» perda da coordenação motora;
» cicatrizes; etc.
Choques elétricos em baixa tensão têm pouco poder térmico. O problema maior é o
tempo de duração,que,se persistir,pode levar à morte,geralmente por fibrilação ventri-
cular do coração.
A queimadura também é provocada de modo indireto,isto é,devido ao mau contato ou
a falhas internas no aparelho elétrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos in-
ternos, elevando a temperatura a níveis perigosos.
Proteção contra efeitos térmicos
As pessoas, os componentes fixos de uma instalação elétrica, bem como os materiais
fixos próximos devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou irradiação
térmica produzidos pelos equipamentos elétricos, particularmente quanto a:
» riscos de queimaduras;
» prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação;
» combustão ou deterioração de materiais.
Proteção contra queimaduras
As partes acessíveis de equipamentos elétricos situados na zona de alcance normal não
devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas e devem
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atender aos limites de temperaturas, ainda que por curtos períodos, determinados pela
NBR 14039 e devem ser protegidas contra qualquer contato acidental.
Arco elétrico
Toda vez que ocorre a passagem de corrente
elétrica pelo ar ou por outro meio isolante
(óleo, por exemplo) está ocorrendo um arco
elétrico, conforme nos mostra a figura
ao lado.
O arco elétrico (ou arco voltaico) é uma ocor-
rência de curtíssima duração (menor que ½
segundo),e muitos são tão rápidos que o olho
humano não chega a perceber.
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Os arcos elétricos são extremamente quentes. Próximo ao“laser”
, eles são a mais intensa
fonte de calor naTerra.Sua temperatura pode alcançar 20 000°C.Pessoas que estejam no
raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras.
Os arcos elétricos são eventos de múltipla energia.Forte explosão e energia acústica acom-
panham a intensa energia térmica.Em determinadas situações,uma onda de pressão tam-
bém pode se formar,sendo capaz de atingir quem estiver próximo ao local da ocorrência.
Conseqüências de arcos elétricos (queimaduras e quedas)
Se houver centelha ou arco, a temperatura deste é tão alta que destrói os tecidos
do corpo.
Todo cuidado é pouco para evitar a abertura de arco através do operador.Também po-
dem desprender-se partículas incandescentes que queimam ao atingir os olhos.
O arco pode ser causado por fatores relacionados a equipamentos, ao ambiente ou a
pessoas. Podem ocorrer, por exemplo, quando trabalhadores movimentam-se de forma
insegura ou manejam ferramentas, instrumentos ou materiais condutores próximos de
instalações energizadas.
Outras causas podem estar relacionadas a equipamentos, e incluem falhas em partes
condutoras que integram ou não os circuitos elétricos.
Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminação por sujeira ou água ou pela
presença de insetos ou outros animais (gatos ou ratos que provocam curtos-circuitos em
barramentos de painéis ou subestações).
A quantidade de energia liberada durante um arco depende da corrente de curto-circui-
to e do tempo de atuação dos dispositivos de proteção contra sobrecorrentes.Altas cor-
rentes de curto-circuito e tempos longos de atuação dos dispositivos de proteção
aumentam o risco do arco elétrico.
A severidade da lesão para as pessoas na área onde ocorre a falha depende da energia
liberada pelo arco, da distância que separa as pessoas do local e do tipo de roupa que
utilizam. As mais sérias queimaduras por arco voltaico envolvem a queima da roupa da
vítima pelo calor do arco elétrico.Tempos relativamente longos (30 a 60 segundos, por
exemplo) de queima contínua de uma roupa comum aumentam tanto o grau da quei-
madura quanto a área total atingida no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da
lesão e a própria sobrevivência da vítima.
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A proteção para evitar danos ocasionados pelo arco depende do cálculo da energia que
pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de proteção adequadas
devem cobrir todas as áreas que possam estar expostas à ação das energias oriundas do
arco elétrico.
Portanto, muitas vezes, além da cobertura completa do corpo, elas devem incluir capu-
zes.O que agora nos parece óbvio,nem sempre foi observado,isto é,se em determinadas
situações uma análise de risco nos indica a necessidade de uma vestimenta de proteção
contra o arco elétrico conforme demonstra a figura apresentada a seguir.Essa vestimen-
ta deve incluir proteção para o rosto, pescoço, cabelos, enfim, as partes da cabeça que
também possam sofrer danos se expostas a uma energia térmica muito intensa.
Além dos riscos de exposição aos efeitos térmicos do arco elétrico,também está presen-
te o risco de ferimentos e quedas, decorrentes das ondas de pressão que podem se for-
mar pela expansão do ar.
Na ocorrência de um arco elétrico, uma onda de pressão pode empurrar e derrubar o
trabalhador que está próximo da origem do acidente. Essa queda pode resultar em le-
sões mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em uma altura superior a dois
metros, o que pode ser muito comum em diversos tipos de instalações.
Proteção contra perigos resultantes de faltas por arco
Os dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a sua operação devem
ser selecionados e instalados de forma a garantir a segurança das pessoas que trabalham
nas instalações.
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Temos relacionadas algumas medidas para garantir a proteção contra os perigos resul-
tantes de faltas por arco:
• Utilização de um ou mais dos seguintes meios:
» dispositivos de abertura sob carga;
» chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido;
» sistemas de intertravamento;
» fechaduras com chave não intercambiáveis.
• Corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível;
• Coberturas sólidas ou barreiras ao invés de coberturas ou telas;
• Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos;
• Emprego de dispositivos limitadores de corrente;
• Seleção de tempos de interrupção muito curtos, o que pode ser obtido através de
relés instantâneos ou através de dispositivos sensíveis a pressão, luz ou calor,
atuando em dispositivos de interrupção rápidos;
• Operação da instalação.
Campos eletromagnéticos
O termo campo indica que em um determinado espaço existe uma força que pode ser
responsável pelo movimento de corpos nele inseridos. O campo gravitacional da lua,
que determina a subida da maré, é um exemplo do conceito de campo.Além do campo
gravitacional, temos o campo elétrico, o magnético e eletromagnético.
O campo elétrico se caracteriza pela presença de corpos eletrizados,ou seja,ao redor de
corpos eletrizados existe uma região que irá exercer força elétrica em outros corpos inse-
ridos na mesma região. O valor do campo depende da distância em relação ao corpo
eletrizado é e medido em Volts/metro.
O campo magnético se caracteriza pela presença de um fluxo magnético,provocado por
imãs ou eletroímãs, em uma determina região. O fluxo magnético consegue magnetizar
corpos metálicos nele inseridos determinando o aparecimento de forças de origem mag-
nética. O fluxo magnético ou campo magnético é medido em Tesla ou em Gauss.
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Um fenômeno importante da eletricidade está associado a campos magnéticos variá-
veis,eles criam campos elétricos variáveis e o inverso também ocorre dando origem aos
campos eletromagnéticos. A figura apresentada a seguir demonstra como representa-
mos os campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos.
A queda de um raio é um bom exemplo de formação de campos eletromagnéticos na
atmosfera. Como a corrente do raio sofre variação no tempo, ela cria campos elétricos e
magnéticos no espaço ao redor do canal de corrente entre a nuvem e o solo.
As manifestações dos dois campos são sentidas nas linhas elétricas ou de telecomunicações
próximas, evidenciando que o campo se propaga no ar. Nas linhas aparecem sobretensões
(tensõesinduzidas)comoconseqüênciadoscamposeletromagnéticoscausadospelosraios.
Dois efeitos ocorrem nos seres humanos a partir dos campos eletromagnéticos:o campo
elétrico provoca a formação de uma carga sobre a superfície da pele e o magnético cau-
sa fluxo de correntes circulando em todo corpo.Normalmente estes efeitos não são pre-
judiciais ao seres humanos, mas, quando muito intensos, decorrentes de campos muito
intensos,podem ocorrer disfunções em implantes eletrônicos (marca passo e dosadores
de insulina) e a circulação de correntes em próteses metálicas,a ponto de provocar aque-
cimento intenso, o que acarreta lesões internas.
Uma outra preocupação é com a indução elétrica. Esse fenômeno pode ser particular-
mente importante quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros.
Quadro da linha de força do campo
e das superfícies equipotenciais em
torno de uma esfera carregada de
eletricidade.
Representação gráfica plana do campo
de uma linha fibilar de alta tensão.
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A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletromagnético que,
por sua vez,induz uma corrente elétrica em condutores próximos.Assim,pode ocorrer a
passagem de corrente elétrica em um circuito desenergizado se ele estiver próximo a
outro circuito energizado.
Por isso é fundamental que você,além de desligar o circuito no qual vai trabalhar,confira,
com equipamentos apropriados (voltímetros ou detectores de tensão),se o circuito está
efetivamente sem tensão.
Riscos adicionais
São considerados como riscos adicionais aqueles que,além dos elétricos,são específicos
de cada ambiente ou processo de trabalho e que,direta ou indiretamente,possam afetar
a segurança e a saúde dos que trabalham com eletricidade.
Classificação dos riscos adicionais
Altura
Em trabalhos com energia elétrica feitos em alturas,devemos seguir as instruções relati-
vas a segurança descritas abaixo:
• É obrigatório o uso do cinto de segurança e do capacete com jugular.
• Os equipamentos acima devem ser inspecionados pelo trabalhador antes do seu
uso, no que concerne a defeito nas costuras, rebites, argolas, mosquetões, molas e
travas, bem como quanto à integridade da carneira e da jugular.
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RISCOS ELÉTRICOS
• Ferramentas, peças e equipamentos devem ser levados para o alto apenas em
bolsas especiais, evitando o seu arremesso.
Quando for imprescindível o uso de andaimes tubulares em locais próximos à rede
elétrica, eles deverão:
• Respeitar as distâncias de segurança, principalmente durante as operações de
montagem e desmontagem;
• Estar aterrados;
• Ter as tábuas da(s) plataforma(s) com, no mínimo, uma polegada de espessura,
travadas e que nunca ultrapassem o andaime;
• Ter base com sapatas;
• Ter guarda-corpo de noventa centímetros de altura em todo o perímetro com vãos
máximos de trinta centímetros;
• Ter cinturão de segurança tipo pára-quedista para alturas iguais ou superiores a
2 metros;
• Ter estais a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.
Manuseio de escada simples e de extensão:
• Inspecione visualmente antes de usar a escada,a fim de verificar se apresenta racha–
duras,degraus com jogo ou soltos,corda desajustada,montantes descolados,etc.
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• Se houver qualquer irregularidade, deve ser entregue ao superior imediato para
reparo ou troca.
• Deve ser manuseada sempre com luvas.
• Limpe sempre a sola do calçado antes de subi-la.
• Ao transportar em veículos, coloque-a com cuidado nas gavetas ou nos ganchos-
suportes, devidamente amarrada.
• Ao subir ou descer,conserve-se de frente para ela,segurando firmemente os montantes.
• Trabalhe somente depois dela estar firmemente amarrada, utilizando o cinto de
segurança e com os pés apoiados sobre os seus degraus.
• Deve ser conservada com verniz ou óleo de linhaça.
• Cuidado ao atravessar as vias públicas, observando que ela deverá ser conduzida
paralelamente ao meio-fio.
• Ao instalar a escada, observe que a distância entre o suporte e o pé da escada seja
de aproximadamente ¼ do seu comprimento.
• Antes de subir ou descer, exija um companheiro ao pé da escada para segurá-la.
Somente o dispense depois de amarrar a escada.
• Instalar a escada usando o pé direto para o apoio e a mão fechando por cima do
degrau, verificando o travamento da extensão.
• Não podendo amarrar a escada (fachada de prédio), mantenha o companheiro no
pé dela, segurando-a.
Ambientes confinados
Locais com acesso e movimentação de pessoas enormemente dificultados; reduzida ou
nenhuma ventilação/iluminação e, em alguns casos, com a presença de vapores que
podem causar intoxicação.
Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia,explosão,intoxicação e
doenças do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteção, a saber:
a) treinamento e orientação para os trabalhadores quanto aos riscos a que estão submeti–
dos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco;
b) nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhadores não poderão
realizar suas atividades sem um programa de proteção respiratória;
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c) a realização de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeção
prévia e elaboração de ordem de serviço com os procedimentos a serem
adotados;
d) monitoramento permanente de substância que cause asfixia, explosão e
intoxicação no interior de locais confinados realizado por trabalhador qualificado
sob supervisão de responsável técnico;
e) proibição de uso de oxigênio para ventilação de local confinado;
f ) ventilação local exaustora eficaz que faça a extração dos contaminantes e
ventilação geral que execute a insuflação de ar para o interior do ambiente,
garantindo de forma permanente a renovação contínua do ar;
g) sinalização com informação clara e permanente durante a realização de trabalhos
no interior de espaços confinados;
h) uso de cordas ou cabos de segurança e pontos fixos para amarração que
possibilitem meios seguros de resgates;
i) acondicionamento adequado de substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na
aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares;
j) a cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, pelo menos 2 (dois) devem ser treinados
para resgate;
k) manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento autônomo
para resgate;
l) no caso de manutenção de tanque, providenciar desgaseificação prévia antes da
execução do trabalho.
Áreas classificadas
Áreas sujeitas à formação (ou existência) de uma atmosfera explosiva pela presença
normal ou eventual de gases/vapores inflamáveis ou poeiras/fibras combustíveis.
São consideradas áreas de alto risco aquelas nas quais existe a possibilidade de vaza-
mento de gases inflamáveis em situação de funcionamento normal devido a razões
diversas, como, por exemplo, desgaste ou deterioração de equipamentos.
Tais áreas, também chamadas de ambientes explosivos, são classificadas conforme nor-
mas internacionais, e de acordo com a classificação exigem a instalação de equi-
pamentos e/ou interfaces que atendam às exigências prescritas nas mesmas.
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As áreas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite é onde o gás ou gases
inflamáveis estarão tão diluídos ou dispersos que não poderão apresentar perigo de ex-
plosão ou combustão.
Segundo as recomendações da IEC 79-10, as áreas são classificadas em:
Zona 0 área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva,
está presente continuamente ou por grandes períodos de tempo;
Zona 1 área na qual a mistura gás/ar, potencialmente explosiva, pode
estar presente durante o funcionamento normal do processo;
Zona 2 área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, não
está normalmente presente. Caso esteja, será por curtos períodos.
É evidente que um equipamento instalado dentro de uma área classificada também deve
ser classificado,e esta é baseada na temperatura superficial máxima que o mesmo possa
alcançar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a tem-
peratura superficial máxima em 6 níveis, assumindo como temperatura ambiente de
referência 40ºC. Assim temos:
Para exemplificar:um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambien-
tes cujos gases possuem temperatura de combustão superior a 200ºC.Para diminuirmos
o risco de uma explosão,podemos adotar diversos métodos.Um deles é eliminarmos um
dos elementos do triângulo do fogo: temperatura, oxigênio e combustível. E um outro é
através de uma das três alternativas a seguir:
a) Contenção da explosão: na verdade, este é o único método que permite que haja a
explosão, porque esta fica confinada em um ambiente bem definido e não pode
propagar-se para a atmosfera do entorno.
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b) Segregação: é o método que permite separar ou isolar fisicamente as partes
elétricas ou as superfícies quentes da mistura explosiva.
c) Prevenção: através deste método limita-se a energia, seja térmica ou elétrica,
a níveis não perigosos. A técnica de segurança intrínseca é a mais empregada
deste método de proteção e também a mais efetiva. O que se faz é limitar a
energia armazenada em circuitos elétricos de modo a torná-los totalmente
incapazes, tanto em condições normais de operação quanto em situações de
falha, de produzir faíscas elétricas ou de gerar arcos voltaicos que possam causar
a explosão.
As indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na
forma de pó, são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e
devem,antes de sua implantação,efetuar uma análise acurada dos riscos e tomar as pre-
cauções cabíveis, pois na fase de projeto as soluções são mais simples e econômicas.
Porém, as indústrias já implantadas poderão equacionar razoavelmente bem os proble-
mas, minorando os riscos inerentes com o auxílio de um profissional competente.
A seguir, citamos alguns tipos de indústrias reconhecidamente perigosas quanto aos
riscos de incêndios e explosões:
» indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas;
» indústrias fabricantes de rações animais;
» indústrias alimentícias;
» indústrias metalúrgicas;
» indústrias farmacêuticas;
» indústrias plásticas;
» indústrias de beneficiamento de madeira;
» indústrias do carvão.
Instalações elétricas em ambientes explosivos
As instalações e serviços de eletricidade devem ser projetados, executados, operados,
mantidos, reformados e ampliados de forma que permitam a adequada distribuição de
energia e isolamento, correta proteção contra fugas de corrente, curtos-circuitos,
choques elétricos, entre outros riscos.
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Os cabos e condutores de alimentação elétrica utilizados devem ser certificados por um
organismo de certificação, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normali-
zação e Qualidade Industrial – INMETRO.
Os locais de instalação de transformadores e capacitores, seus painéis e respectivos
dispositivos de operação devem atender aos seguintes requisitos:
a) ser ventilados e iluminados ou projetados e construídos com tecnologia adequada
para operação em ambientes confinados;
b) ser construídos e ancorados de forma segura;
c) ser devidamente protegidos e sinalizados, indicando zona de perigo, de forma a
alertar que o acesso é proibido a pessoas não autorizadas;
d) não ser usados para outras finalidades diferentes daquelas do projeto elétrico; e
e) possuir extintores portáteis de incêndio, adequados à classe de risco, localizados
na entrada ou nas proximidades e, em subsolo, a montante do fluxo de ventilação.
Os cabos, instalação e equipamentos elétricos devem ser protegidos contra impactos,
água e influência de agentes químicos,observando-se suas aplicações,de acordo com as
especificações técnicas.
Os serviços de manutenção ou reparo de sistemas elétricos só podem ser executados
com o equipamento desligado, etiquetado, bloqueado e aterrado, exceto se forem:
a) utilizadas técnicas adequadas para circuitos energizados;
b) utilizados ferramentas e equipamentos adequados à classe de tensão; e
c) tomadas precauções necessárias para a segurança dos trabalhadores.
O bloqueio durante as operações de manutenção e reparo de instalações elétricas deve
ser realizado utilizando-se cadeado e etiquetas sinalizadoras fixadas em local visível
contendo, no mínimo, as seguintes indicações:
a) horário e data do bloqueio;
b) motivo da manutenção; e
c) nome do responsável pela operação.
Os equipamentos e máquinas de emergência, destinados a manter a continuidade do
fornecimento de energia elétrica e as condições de funcionamento, devem estar
disponíveis em perfeito estado de funcionamento.
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Redes elétricas, transformadores, motores, máquinas e circuitos elétricos devem estar
equipados com dispositivos de proteção automáticos, para os casos de curto-circuito,
sobrecarga, queda de fase e fugas de corrente.
Os fios condutores de energia elétrica instalados no teto de galerias para alimentação de
equipamentos devem ser protegidos contra contatos acidentais.
Os sistemas de recolhimento automático de cabos alimentadores de equipamentos elé-
tricos móveis devem ser eletricamente solidários à carcaça do equipamento principal.
Os equipamentos elétricos móveis devem ter aterramento adequadamente dimensionado.
Em locais com ocorrência de gases inflamáveis e explosivos, as tarefas de manutenção
elétrica devem ser realizadas sob o controle de um supervisor,com a rede de energia des-
ligada e a chave de acionamento bloqueada,monitorando-se a concentração dos gases.
Os terminais energizados dos transformadores devem ser isolados fisicamente por
barreiras ou outros meios físicos, a fim de evitar contatos acidentais.
Toda instalação,carcaça,invólucro,blindagem ou peça condutora que possam armazenar
energia estática com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas devem ser aterrados.
As malhas,os pontos de aterramento e os pára-raios devem ser revisados periodicamente
e os resultados registrados.
A implantação, operação e manutenção de instalações elétricas devem ser executadas
somente por pessoa qualificada, que deve receber treinamento continuado em manu-
seio e operação de equipamentos de combate a incêndios e explosões, bem como na
prestação de primeiros socorros a acidentados.
Trabalhos em condições de risco acentuado deverão ser executados por duas pessoas
qualificadas, salvo critério do responsável técnico.
Durante a manutenção de máquinas ou instalações elétricas, os ajustes e as característi-
cas dos dispositivos de segurança não devem ser alterados, prejudicando sua eficácia.
Trabalhos em redes elétricas entre dois ou mais pontos sem possibilidade de contato
visual entre os operadores somente podem ser realizados com comunicação por meio
de rádio ou outro sistema de comunicação que impeça a energização acidental.
As instalações elétricas com possibilidade de contato com água devem ser projetadas,
executadas e mantidas com especial cuidado quanto à blindagem, estanqueidade,
isolamento, aterramento e proteção contra falhas elétricas.
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Os trechos e pontos de tomada de força de rede elétrica em desuso devem ser desener-
gizados, marcados e isolados, ou retirados quando não forem mais utilizados.
Em locais sujeitos a emanações de gases explosivos e inflamáveis,as instalações elétricas
serão à prova de explosão.
Condições atmosféricas
Umidade
Deve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energizados só deve ser inicia-
do com boas condições meteorológicas,não sendo assim permitidos trabalhos sob chu-
va, neblina densa ou ventos.
Podemos determinar a condição de umidade favorável ou não com a utilização do ter-
mo-higrômetro ou umedecendo levemente com um pano úmido a superfície de um
bastão de manobra e aguardar durante aproximadamente 5 minutos. Desaparecendo a
película de umidade, há condições seguras para execução dos serviços.
Como visto em estudos anteriormente, sabemos que a existência de umidade no ar
propicia a diminuição da capacidade disruptiva do ar, aumentando assim o risco de
acidentes elétricos.
Devemos levar em consideração, também, que os equipamentos isolados a óleo não
devem ser abertos em condições de umidade elevada, pois o óleo isolante pode absor-
ver a umidade do ar, comprometendo, assim, suas características isolantes.
Descargas atmosféricas (raios)
Mecanismo
Devido a longos períodos de estiagem, as chuvas que começam a cair são normal-
mente acompanhadas de tempestades, sendo estas originadas do encontro de uma
massa de ar frio com uma massa de ar quente ou a partir do aquecimento do solo
pelos raios solares e conseqüente subida do ar quente carregado de partículas de
vapor de água.
O raio é um fenômeno de natureza elétrica, sendo produzido por nuvens do tipo cumu-
lus nimbus,que tem formato parecido com uma bigorna e chega a ter 12 quilômetros de
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altura e vários quilômetros de diâmetro. As tempestades com trovoadas se verificam
quando certas condições particulares (temperatura, pressão, umidade do ar, velocidade
do vento, etc.) fazem com que determinado tipo de nuvem se torne eletricamente car-
regada devido à fricção entre as partículas de água decorrentes da condensação do
vapor de água. O mecanismo de autoprodução de cargas elétricas vai aumentando de
tal modo que dá origem a uma descarga elétrica (raio), que partirá da base da nuvem
em direção ao solo, definindo uma trajetória ramificada e aleatória. Esta primeira des-
carga é denominada“líder”
, que define sua posição de queda entre 20 a 100 metros do
solo.A partir deste estágio,o raio deixou um canal ionizado entre a nuvem e o solo,que
dessa forma permitirá a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico
em torno de 20 000 ampères passando pelo ar, e o aquecimento deste meio, até
30 000°C, provocando assim a expansão do ar (trovão). As descargas atmosféricas po-
dem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou descendentes (da nuvem para a terra),
ou ainda entre nuvens.
O raio ao cair na terra pode provocar grande destruição,devido ao alto valor de sua cor-
rente elétrica, que gera intensos campos eletromagnéticos e calor.
Além dos danos causados diretamente pela corrente elétrica e pelo intenso calor, o raio
pode provocar sobretensões em redes de energia elétrica, em redes de telecomunica-
ções,deTV a cabo,antenas parabólicas,redes de transmissão de dados,etc.Com o intuito
de evitar falsas expectativas ao sistema de proteção contra descargas atmosféricas, de-
vemos fazer os seguintes esclarecimentos:
• O raio é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível tanto em relação
às suas características elétricas como em relação aos efeitos destruidores
decorrentes de sua incidência sobre as edificações, as pessoas ou animais.
• Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a“queda”de uma descarga
em uma determinada região. Assim sendo, as soluções aplicadas buscam
tão-somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instalações adequadas
de captação e de condução segura da descarga para a terra.
• A incidência de raios é maior em solos maus condutores do que em solos
condutores de eletricidade, pois nos solos maus condutores, na existência de
nuvens carregadas sobre o mesmo, criam-se por indução no terreno cargas
positivas, em que temos a nuvem funcionando como placa negativa e o solo com
placa positiva e o ar, naturalmente úmido e às vezes ionizado, servindo como
um isolante de baixo poder dielétrico, propiciando assim a existência de
raios, conforme podemos visualizar na figura apresentada a seguir.
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Sobretensões transitórias
Sempre que a tensão elétrica em um circuito elétrico sofre um aumento por um determi-
nado período, fica caracterizada uma sobretensão transitória. Partidas de motores de
potência alta,manobras de cargas de potência elevada,curtos-circuitos e descargas elé-
tricas atmosféricas (raios ou relâmpagos) podem provocar sobretensões transitórias.
As sobretensões transitórias podem chegar até as instalações elétricas internas ou de
telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade consumidora. Os seus efeitos, além de
poderem causar danos a pessoas e animais, podem:
• Provocar a queima total ou parcial de equipamentos elétricos ou danos à própria
instalação elétrica interna e telefônica, entre outras;
• Reduzir a vida útil dos equipamentos;
• Provocar enormes perdas, com a parada de equipamentos, etc.
As sobrecorrentes transitórias originadas de descargas atmosféricas podem ocorrer de
dois modos:
• Descarga Direta: o raio atinge diretamente uma rede elétrica ou telefônica. Nesse
caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados valores de sobretensões
sobre os diversos circuitos.
• Descarga Indireta: o raio cai a uma distância de até 1 quilômetro de uma rede
elétrica.
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RISCOS ELÉTRICOS
A sobretensão gerada é de menor intensidade do que a provocada pela descarga direta,mas
podecausarsériosdanos.Essasobretensãoinduzidaacontecequandoumapartedaenergia
do raio é transferida através de um acoplamento eletromagnético com uma rede elétrica.
A grande maioria das sobretensões transitórias de origem atmosférica, que causam da-
nos a equipamentos provoca a ruptura das isolações e arcos elétricos.
Medidas Preventivas
• Evitar a execução de serviços em equipamentos e instalações elétricas internas
e externas.
• Nunca procurar abrigo sob árvores ou construções isoladas sem sistemas de
proteção atmosférica adequados.
• Não entrar em rios, lagos, piscinas, guardando uma distância segura destes.
• Procurar abrigo em instalações seguras, jamais ficando ao relento.
• Caso não encontre abrigo, procurar não se movimentar, e se possível ficar
agachado, evitando assim o efeito das pontas.
• Evitar o uso de telefones, a não ser que seja sem fio.
• Evitar ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas.
• Evitar tocar em qualquer equipamento elétrico ligado à rede elétrica.
• Evitar locais extremamente perigosos, como topos de morros, topos de prédios,
proximidade de cercas de arame, torres, linhas telefônicas, linhas aéreas.
Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas
Toda empresa deve possuir um sistema de proteção contra descarga atmosférica que leve
em consideração o especificado na NBR 5419 (Proteção de estruturas contra descargas
atmosféricas),mas que esteja definido em um projeto assinado por profissional habilitado.
O projeto de SPDA, nas empresas, faz parte do Programa de Prevenção e Combate a
Incêndios (PPCI) e deve ser executado e mantido nas condições de projeto,uma vez que
ele é considerado uma proteção coletiva.
O projetista de SPDAs deve verificar as possíveis interferências do subsistema de aterra-
mento do SPDA nos demais sistemas de aterramento existentes em uma empresa como,
por exemplo, os sistemas de aterramento funcionais e de proteção.
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Como regra geral,ou recomendação,os eletrodos de aterramento dos diversos sistemas
elétricos devem estar interligados,mas sempre com base em estudo de engenharia,uma
vez que o aterramento é uma proteção coletiva.
Uma opção muito aceita tecnicamente é o uso das estruturas metálicas das estacas das
fundações como eletrodos de aterramento e os diversos terras dos sistemas elétricos
conectados a uma barra de aterramento que está ligada aos eletrodos de aterramento
da fundação por um único ponto, conforme demonstra a figura a seguir.
A NBR 5419:2005 estipula que o valor da resistência de aterramento deve ser inferior a
10 ? (ohms), pois as medidas utilizadas para minimizar as conseqüências das descargas
atmosféricas têm como princípio a criação de caminhos de baixa resistência à terra,
escoando nesta as correntes elétricas dos raios.
Temos como principais componentes de um sistema de proteção contra descargas
atmosféricas:
• Terminais Aéreos – Conhecidos como pára-raios, eles são hastes montadas em
bases instaladas acima do ponto mais alto das edificações com o objetivo de
propiciar um caminho mais fácil para os raios que venham a incidir na edificação,
sendo geralmente interligados através de condutores horizontais.
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RISCOS ELÉTRICOS
• Condutores de Descida – Cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais
de aterramento.
• Terminais de Aterramento – Condutores que servem para conectar os cabos de
descida ao solo. Sendo os mesmos constituídos usualmente de cabos e hastes
enterradas no solo, propiciando uma baixa resistência a terra, sendo a mesma
dependente das características do solo.
• Condutores de Ligação Eqüipotencial – Visam à interligação do sistema de
aterramento com os outros sistemas de aterramento da edificação, impedindo
assim a existência de diferenças de potenciais entre os elementos interligados.
Como visto no capítulo sobre eqüipotencialização, todas as partes metálicas da
edificação, os aterramentos de equipamentos, as estruturas, o sistema de proteção
atmosférica, etc. devem ser interligados a um mesmo referencial de terra.
• Supressores de Surto,Varistores, Pára-Raios de Linha, Centelhados – São instalados
em pontos de entrada de energia, cabos telefônicos e de dados, instrumentação
industrial, etc., com o intuito de proteger as instalações e equipamentos contra
sobrecorrentes transitórias (sobretensões) provocadas por descargas direta,
indireta e manobras de equipamentos do sistema de alimentação elétrica.
A figura a seguir nos mostra um SPDA.
Detalhe do aterramento.
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Descargas atmosféricas
As descargas atmosféricas causam sérias perturbações nas redes aéreas de transmissão e
distribuição de energia elétrica,além de provocarem danos materiais nas construções atin-
gidas por elas,sem contar os riscos de vida a que as pessoas e animais ficam submetidos.
As descargas atmosféricas induzem surtos de tensão que chegam a centenas de quilo-
volts.A fricção entre as partículas de água que formam as nuvens, provocada pelos ven-
tos ascendentes de forte intensidade, dá origem a uma grande quantidade de cargas
elétricas.Verifica-se experimentalmente que as cargas elétricas positivas ocupam a parte
superior da nuvem,enquanto as cargas elétricas negativas se posicionam na parte inferi-
or, acarretando conseqüentemente uma intensa migração de cargas positivas na super-
fície da terra para a área correspondente à localização da nuvem, dando dessa forma
uma característica bipolar às nuvens. A concentração de cargas elétricas positivas e ne-
gativas numa determinada região faz surgir uma diferença de potencial entre a terra e a
nuvem. No entanto, o ar apresenta uma determinada rigidez dielétrica, normalmente
elevada, que depende de certas condições ambientais.
O aumento dessa diferença de potencial, que se denomina gradiente de tensão, poderá
atingir um valor que supere a rigidez dielétrica do ar interposto entre a nuvem e a terra,
fazendo com que as cargas elétricas migrem na direção da terra, num trajeto tortuoso e
normalmente cheio de ramificações,cujo fenômeno é conhecido como descarga piloto.
É de aproximadamente 1 kV/mm o valor do gradiente de tensão para o qual a rigidez
dielétrica do ar é rompida.
Polarização do dielétrico
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RISCOS ELÉTRICOS
Os condutores possuem elétrons livres e, portanto, podem ser eletrizados por indução.
Os isoladores, conhecidos também por dielétricos, praticamente não possuem elétrons
livres. Será que eles podem ser eletrizados por indução, isto é, aproximando um corpo
eletrizado, sem contudo tocá-los?
Normalmente, os centros de gravidade das massas dos elétrons e prótons de um átomo
coincidem-se e localizam-se no seu centro. Quando um corpo carregado se aproxima
desses átomos, há um deslocamento muito pequeno dos seus elétrons e prótons, de
modo que os centros de gravidade destes não mais se coincidem, formando assim um
dipolo elétrico.
Um dielétrico que possui átomos assim deformados (achatados) está eletricamente Po-
larizado, e quanto maior for a polarização, maior a probabilidade da ruptura da isolação.
Tensões induzidas em linhas de transmissões de alta tensão
Devido ao atrito com o vento e com a poeira, e em condições secas (baixa umidade), as
linhas sofrem fenômenos eletrostáticos que induzem tensões que se somam às demais
tensões presentes.As tensões estáticas crescem continuamente,e após um longo perío-
do de tempo podem ser relativamente elevadas.
Temos também tensões induzidas na linha por causa do acoplamento capacitivo e
eletromagnético devido à proximidade de outras linhas elétricas.
Se dois condutores, ou um condutor e o potencial de terra, estiverem separados por um
dielétrico e em potenciais diferentes, surgirá entre ambos o efeito capacitivo.
Ao aterrarmos uma linha, as correntes, devido às tensões induzidas capacitivas e às ten-
sões estáticas ao referencial de terra,são drenadas imediatamente.Todavia,existirão ten-
sões de acoplamento capacitivo e eletromagnético induzidas pelos condutores
energizados próximos à linha.
Essas tensões são induzidas por linha ou linhas energizadas que cruzam ou são paralelas
à linha ou equipamento desenergizado no qual se trabalha.Elas dependem da distância
entre linhas, da corrente de carga das linhas energizadas, do comprimento do trecho
onde há paralelismo ou cruzamento e da existência ou não de transposição nas linhas.
No caso de uma linha aterrada em apenas uma das extremidades, a tensão induzida
eletromagneticamente terá seu maior vulto na extremidade não aterrada; e se am-
bas as extremidades estiverem aterradas, existirá uma corrente fluindo num circui-
to fechado com a terra.
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Ao se instalar o aterramento provisório, uma corrente fluirá por seu intermédio, diminu-
indo a diferença de potencial existente e ao mesmo tempo jampeando a área de traba-
lho, o que possibilita neste ponto uma maior segurança para o homem de manutenção.
Em linhas de transmissão alta-extra ou ultra-alta tensão, portanto com indução elevada,
é recomendável a adoção de critérios que levem em conta o nível de tensão dos
circuitos e a distância entre eles, o que poderá determinar se as outras medidas de
segurança ainda deverão ser adotadas ou até mesmo se o trabalho deverá ser feito
como em linha energizada.
Acidentes de origem elétrica
A segurança no trabalho é essencial para garantir a saúde e evitar acidentes nos locais de
trabalho, sendo um item obrigatório em todos os tipos de trabalho.
Podemos classificar os acidentes de trabalho relacionando-os com fatores humano (atos
inseguros) e com o ambiente (condições inseguras). Essas causas são apontadas como
responsáveis pela maioria dos acidentes.No entanto, deve-se levar em conta que, às ve-
zes,os acidentes são provocados pela presença de condições inseguras e atos inseguros
ao mesmo tempo.
Atos inseguros
Os atos inseguros são, geralmente, definidos como causas de acidentes do trabalho que
residem exclusivamente no fator humano,isto é,aqueles que decorrem da execução das
tarefas de forma contrária às normas de segurança. É a maneira como os trabalhadores
se expõem (consciente ou inconscientemente) aos riscos de acidentes.
É falsa a idéia de que não se pode predizer nem controlar o comportamento humano.
Na verdade,é possível analisar os fatores relacionados com a ocorrência dos atos insegu-
ros e controlá-los.Seguem-se alguns fatores que podem levar os trabalhadores a pratica-
rem atos inseguros:
• Inadaptação entre homem e função por fatores constitucionais.
Ex.: sexo, idade, tempo de reação aos estímulos, coordenação motora,
agressividade, impulsividade, nível de inteligência, grau de atenção.
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RISCOS ELÉTRICOS
• Fatores circunstanciais: fatores que influenciam o desempenho do indivíduo
no momento.
Ex.: problemas familiares, abalos emocionais, discussão com colegas, alcoolismo,
estado de fadiga, doença, etc.
• Desconhecimento dos riscos da função e/ou da forma de evitá-los. Estes fatores
são na maioria das vezes causados por: seleção ineficaz, falhas de treinamento,
falta de treinamento que caracterizam condição insegura. Ex.: manutenção sendo
realizada por operador de máquina segundo a aplicação de técnicas intuitivas.
• Desajustamento: este fator é relacionado com certas condições específicas
do trabalho.
Ex.: problema com a chefia, problemas com os colegas, políticas salariais
impróprias, política promocional imprópria, clima de insegurança.
• Personalidade: fatores que fazem parte das características da personalidade
do trabalhador e que se manifestam por comportamentos impróprios.
Ex.: o desleixado, o machão, o exibicionista, o desatento, o brincalhão.
Condições inseguras
São aquelas que, presentes no ambiente de trabalho, põem em risco a integridade física
e/ou mental do trabalhador, devido à possibilidade deste acidentar-se. Tais condições
manifestam-se como deficiências técnicas, podendo apresentar-se:
• Na construção e instalações em que se localiza a empresa: áreas insuficientes,
pisos fracos e irregulares, excesso de ruído e trepidações, falta de ordem e limpeza,
instalações elétricas impróprias ou com defeitos, falta de sinalização.
• Na maquinaria: localização imprópria das máquinas, falta de proteção em
partes móveis, pontos de agarramento e elementos energizados, máquinas
apresentando defeitos.
• a proteção do trabalhador: proteção insuficiente ou totalmente ausente, roupa
e calçados impróprios, equipamentos de proteção com defeito (EPIs, EPCs),
ferramental defeituoso ou inadequado.
• No conhecimento e habilidades do trabalhador motivado por falhas no
treinamento ou falta de treinamento.
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Causas diretas de acidentes com eletricidade
Podemos classificar como causas diretas de acidentes elétricos as propiciadas pelo con-
tato direto por falha de isolamento, podendo estas ainda serem classificadas quanto ao
tipo de contato físico:
• Contatos diretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente sob
tensão (partes vivas).
• Contatos indiretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente
não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha
de isolamento.O acidente mais comum a que estão submetidas as pessoas,
principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou
desempenham tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais, é o
toque acidental em partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado
eletricamente sob tensão entre fase e terra.
Causas indiretas de acidentes elétricos
Podemos classificar como causas indiretas de acidentes elétricos as originadas por
descargas atmosféricas, tensões induzidas eletromagnéticas e tensões estáticas.
Acidentes com eletricidade (exemplos)
As declarações pessoais dos treinandos do Curso Básico previsto na NR-10 e ministrado
pelo SENAI corroboram que a prevenção, conforme prescrito na norma, é fundamental
para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.
Inúmeros casos estão sendo relatados,e muitos,como os citados a seguir,devem servir de
justificativa para as empresas,profissionais e trabalhadores adotarem ações preventivas.
• Choques elétricos entre cabeça e mãos, seguidos de desfalecimento.
• Queimaduras por arco elétrico decorrentes de curtos-circuitos provocados por
queda de ferramentas de trabalho durante serviços com circuitos energizados.
• Quedas, pela ausência do cinto de segurança, depois de choques elétricos.
• Energizações acidentais com trabalhadores que realizam trabalhos nas redes
elétricas.
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RISCOS ELÉTRICOS
• Desligamentos incorretos de circuitos por falta de informação (diagramas, plantas)
e de testes para comprovação da desenergização.
• Casos de falecimento por choque elétrico durante o serviço em ambientes úmidos
com o trabalhador molhado.
• Desmaio em ambiente confinado devido à remoção do EPI.
• Princípios de incêndio a partir da eletricidade estática.
• Enfrentamento de cobra, abelhas e animais peçonhentos.
• Arco elétrico provocado por cavaco oriundo de máquina operatriz em operação na
zona controlada.
• Choques elétricos em linhas aéreas decorrentes de tensões induzidas por
descargas atmosféricas.
• Eliminação dos DRs por impossibilitada detecção dos pontos de fuga à terra.
• Alterações nas instalações elétricas sem a devida correção das plantas e diagramas
elétricos.
• Realização de trabalhos em alta tensão sem procedimentos e análise preliminar de
riscos.
• Surgimento de tensões de toque e choque elétrico em pessoas que moram em um
andar de um prédio de apartamento em função de falhas de isolação, fuga de
corrente e utilização da ferragem estrutural do prédio como terra em andares
superiores.
• Casos fatais decorrentes de quedas de telhado.
São dezesseis situações relatadas que serão complementadas a seguir com outros cinco
casos,que demonstram que a utilização da energia elétrica precisa das medidas preven-
tivas prescritas pela NR-10.
Vigilante morre eletrocutado ao hastear bandeira no Recife
JC On Line – 7/9/2004
Pernambuco – No Dia da Independência do Brasil, um homem morreu
eletrocutado ao hastear uma bandeira no centro de Recife, nesta terça-feira
pela manhã.
O acidente ocorreu quando o vigilante Laércio Honorato da Silva, 43
anos, funcionário da Nordeste Vigilância de Valores, foi hastear a bandeira
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de Pernambuco na agência Bradesco da Rua do Imperador, no bairro de
Santo Antônio, por volta das 7 horas. O hasteamento é um procedimento de
rotina no banco e cabe diariamente ao vigilante de plantão.
Laércio, que estava na varanda do primeiro andar, chegou a subir a
bandeira do Brasil, e na hora de hastear a do Estado, o mastro tocou no fio
de energia do poste, eletrocutando o vigilante. A descarga de energia arre-
messou o corpo do vigilante para a varanda, a 1,6 metro de distância do fio.
Segundo o Instituto de Criminalística, o acidente foi uma fatalidade.
Engenheiros condenados por acidente
Folha de São Paulo – 28/4/1999
São Paulo – Dois engenheiros responsáveis pela instalação de enfeites
de natal no Clube Paulistano, na zona oeste de São Paulo, em 1997, foram
condenados a pagar 20 cestas básicas ao estudante Guilherme Orlando
Günther, de 14 anos. O garoto recebeu um choque elétrico quando brincava
próximo à piscina do clube. O acidente provocou danos cerebrais gravíssimos
no estudante, que hoje nem sequer consegue tomar banho sem ajuda.
"Essa punição é ridícula", reagiu o pai de Guilherme, Newton Günther.
A decisão, da 3ª Vara Criminal de São Paulo, absolve a diretoria do Clube
Paulistano. Com base na Lei dos Juizados Especiais, a juíza Nidea Rita
Coltro Sorci condenou os engenheiros elétricos ao pagamento das cestas
básicas, porque ambos têm bons antecedentes.
Os dois colocaram os enfeites em uma palmeira perto de uma das pisci-
nas do clube. Encostado na palmeira havia um andaime de ferro. A fiação da
iluminação natalina, em contato com o andaime, eletrificou o garoto, que
brincava com uma bola de tênis. Guilherme teve parada cardiorrespiratória,
entrou em coma e permaneceu internado por quase dois meses.
Acidente de trabalho - Eletrocutados em SP
Globo On – 9/6/2004
Homens são eletrocutados ao limpar fachada de posto de gasolina
São Paulo – Dois homens foram eletrocutados nesta terça-feira quando
trabalhavam na limpeza da fachada de um posto de gasolina na avenida
Bandeirantes, na zona sul da cidade. Com o choque, eles despencaram de
uma altura de quase 10 metros. Eles foram levados para hospitais da região
pelos bombeiros e policiais do helicóptero Águia. Um deles está internado
em estado grave.
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RISCOS ELÉTRICOS
Rapaz morre eletrocutado em poste na Quinta
O Globo – 1998
Após pegar uma bola no Horto, Júlio recebeu descarga por 3 minutos
Júlio César Dias Carneiro, de 18 anos, estudante de um curso técnico
no SENAI de eletricidade, morreu eletrocutado ontem à tarde. Ele passou
por um buraco na grade entre a quadra e o Horto Botânico do Museu
Nacional da Quinta da Boa Vista para pegar uma bola. Quando tentou voltar,
segurou-se em um poste de ferro que estava eletrificado. Júlio ficou por
cerca de três minutos recebendo a descarga elétrica. Seu amigo Everaldo
de Jesus tentou tirá-lo mas também levou um choque. Ele mesmo voltou e
conseguiu puxá-lo com uma camisa, mas Júlio já estava morto.
Funcionários da Light e da Rio Luz estiveram no local e comprovaram
que o poste se eletrificava quando um disjuntor do prédio do Horto era ligado.
Eles não souberam dizer a intensidade do choque. Segundo os técnicos,
o poste é de responsabilidade do Horto. O chefe da segurança, Paulo Sérgio,
disse que o poste pertence ao órgão, mas eles não sabiam que ele estava
eletrificado. Segundo ele, os meninos são alertados para não pular a grade.
Entre cabos telefônicos, a morte
O Globo – 27/7/2003
De 1998 a 2003, acidentes vitimaram 49 trabalhadores terceirizados em
redes de telefonia fixa no país
Rio, Brasília e Porto Alegre – Subir num poste para consertar ou instalar
uma linha telefônica e morrer eletrocutado: esse foi o destino de funcionários
de empresas terceirizadas de telefonia fixa nos últimos anos vítimas de
acidentes. Desde a privatização do setor, em 1998, pelo menos 49 trabalha-
dores de firmas terceirizadas morreram em decorrência de acidentes de
trabalho, muitos porque a rede elétrica fica ligada durante a execução do
serviço. Os dados são da Federação Interestadual dos Trabalhadores em
Empresas de Telecomunicações (Fittel). Atualmente, todo o serviço de ma-
nutenção de redes externas é terceirizado.
O auge dos acidentes fatais ocorreu nos últimos três anos, quando as
operadoras Brasil Telecom, Telemar e Telefônica tiveram de cumprir o plano
de antecipação de metas de expansão e qualidade, para poder operar em
outros segmentos.
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RISCOS
ELÉTRICOS
Técnicas de análise de riscos
A NR-10 define, como medidas de controle, no item 10.2.1, que em “todas as interven-
ções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do
risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de
forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho”
.
No capítulo 10.6,segurança em instalações elétricas energizadas,no item 10.6.4,é esti-
pulado que “sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a
entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos,devem ser ela-
boradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos
procedimentos de trabalho”
.
A análise de riscos é um conjunto de métodos e técnicas que aplicado a uma atividade
identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade represen-
ta para a população exposta, para o meio ambiente e para a empresa, de uma forma
geral.
Os principais resultados de uma análise de riscos são a identificação de cenários
de acidentes, suas freqüências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis
conseqüências.
A análise de riscos deve incluir as medidas de prevenção de acidentes e as medidas para
controle das conseqüências de acidentes para os trabalhadores e para as pessoas que
vivem ou trabalham próximo à instalação ou para o meio ambiente.
Os acidentes são materializações dos riscos associados a atividades,procedimentos,pro-
jetos e instalações, máquinas e equipamentos. Para reduzir a freqüência de acidentes, é
preciso avaliar e controlar os riscos a partir,por exemplo,dos questionamentos apresen-
tados a seguir e de suas respectivas respostas.
» Que pode acontecer de errado?
» Quais são as causas básicas dos eventos não desejados?
» Quais são as conseqüências?
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As metodologias representam os tipos de processos ou de técnicas de execução dessas
análises de riscos da instalação ou da tarefa. Alguns exemplos dessas técnicas são apre-
sentados a seguir com uma pequena descrição do método.
Conceitos básicos
Perigo
Uma ou mais condições físicas ou químicas com possibilidade de causar danos às
pessoas, à propriedade, ao ambiente ou uma combinação de todos.
Risco
Medida da perda econômica e/ou de danos para a vida humana,resultante da combinação
entre a freqüência da ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (conseqüências).
O risco também pode ser definido através das seguintes expressões:
» combinação de incerteza e de dano;
» razão entre o perigo e as medidas de segurança;
» combinação entre o evento, a probabilidade e suas conseqüências.
A experiência demonstra que geralmente os grandes acidentes são causados por
eventos pouco freqüentes, mas que causam danos importantes.
Análise de riscos
É a atividade dirigida à elaboração de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) do
riscos,baseada na engenharia de avaliação e técnicas estruturadas para promover a com-
binação das freqüências e conseqüências de cenários acidentais.
Avaliação de riscos
É o processo que utiliza os resultados da análise de riscos e os compara com os critérios
de tolerabilidade previamente estabelecidos.
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RISCOS ELÉTRICOS
Gerenciamento de riscos
É a formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e administrativos
que têm o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação
industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos requerimentos de segurança
considerados toleráveis.
Principais técnicas para a
identificação dos riscos/perigos
Análise preliminar de riscos
Método de estudo preliminar e sumário de riscos,normalmente conduzido em conjunto
com o grupo de trabalhadores expostos, com o objetivo de identificar os acidentes po-
tenciais de maior prevalência na tarefa e as características intrínsecas destes.
É um método de estudo de riscos realizado durante a fase de planejamento e desenvol-
vimento de um determinado processo, tarefa ou planta industrial, com a finalidade de
prever e prevenir riscos de acidentes que possam acontecer durante a fase operacional e
de execução da tarefa.
Análise de falha humana
Método que identifica as causas e os efeitos dos erros humanos observados em potencial.
O método também identifica as condições dos equipamentos e dos processos que pos-
sam contribuir para provocar esses erros.
Método de análise de falhas e de efeitos
Método específico de análise de riscos, concebido para ser utilizado em equipamentos
mecânicos,com o objetivo de identificar as falhas potenciais que possam provocar acon-
tecimentos ou eventos adversos e também efeitos desfavoráveis desses eventos.
É um método de análise de riscos tecnológicos que consiste:
» na tabulação de todos os sistemas e equipamentos existentes numa instituição
ou planta industrial;
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» na identificação das modalidades de falhas possíveis em cada um deles;
» na especificação dos efeitos desfavoráveis destas falhas sobre o sistema e
sobre o conjunto das instalações.
Análise de segurança de sistemas
É a técnica que tem por finalidade avaliar e aumentar o grau de confiabilidade e o nível
de segurança intrínseca de um sistema determinado, para os riscos previsíveis.
Como a segurança intrínseca é o inverso da insegurança ou nível de vulnerabilidade,
todos os projetos de redução de riscos e de preparação para desastres concorrem para
incrementar o nível de segurança.
Árvore de eventos
EXEMPLO DE ÁRVORE DE EVENTOS
Parada
do
elevador
de carga
fora de
posição.
Sistema de
freio
desregulado.
Sistema
de
detecção
de
posição
avariado.
Excesso
de peso.
Colocação
de carga
com peso
excessivo.
Acidente Probabilidade
Não
(0,200) NÃO 0,200
Não
(0,999)
Não
(0,995)
Não
(0,999)
Sim
(0,800)
NÃO 0,794
Sim
(1)
Sim
(0,005) SIM 0,004
Sim
(0,001) SIM 0,001
Sim
(0,001) SIM 0,001
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RISCOS ELÉTRICOS
Técnica dedutiva de análise de riscos utilizada para avaliar as possíveis conseqüências de
um acidente potencial, resultante de um evento inicial tomado como referência, o qual
pode ser um fenômeno natural ou ocorrência externa ao sistema, um erro humano ou
uma falha do equipamento.
É um método que tem por objetivo antecipar e descrever,de forma seqüenciada,a partir
de um evento inicial, as conseqüências lógicas de um possível acidente.
Os resultados da análise da árvore de eventos caracterizam seqüências de eventos inter-
mediários,ou melhor,um conjunto cronológico de falhas e de erros que,a partir do even-
to inicial,culminam no acidente ou evento-topo ou principal.A figura da página anterior
nos mostra uma representação da árvore de eventos.
Árvore de falhas
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Técnica dedutiva de análise de riscos na qual,a partir da focalização de um determinado
acontecimento definido como evento-topo ou principal,se constrói um diagrama lógico
que especifica as várias combinações de falhas de equipamentos, erros humanos ou de
fenômenos ou ocorrências externas ao sistema que possam provocar o acontecimento.
A figura na página anterior nos mostra uma representação da árvore de falhas.
Neste trabalho, vamos tratar apenas da metodologia denominada Análise Preliminar
de Riscos (APR), também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP), pois consi-
deramos ser a de mais simples aplicação por parte dos profissionais que atuam nas
instalações elétricas.
Análise preliminar de riscos
É uma técnica qualitativa cujo objetivo consiste na identificação dos riscos/perigos po-
tenciais decorrentes de novas instalações ou da operação das já existentes.
Em uma dada instalação, para cada evento perigoso identificado em conjunto com a
severidade das conseqüências,um conjunto de causas é levantado,possibilitando a clas-
sificação qualitativa do risco associado, de acordo com categorias preestabelecidas de
freqüência de ocorrência. A tabela apresentada a seguir demonstra a correlação entre a
freqüência de ocorrência, a gravidade e a classificação do risco.
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RISCOS ELÉTRICOS
A APR permite uma ordenação qualitativa dos cenários de acidentes encontrados, facili-
tando a proposição e a priorização de medidas para redução dos riscos da instalação,
quando julgadas necessárias,além da avaliação da necessidade de aplicação de técnicas
complementares de análise.
RISCO MEDIDAS DE CONTROLE
INSPEÇÕES
IRRELEVANTE MANUTENÇÃO CORRETIVA PROGRAMADA
DENTRO DA PREVENTIVA
BAIXO MANUTENÇÃO CORRETIVA
MELHORIAS NO EQUIPAMENTO
MÉDIO SUBSTITUIÇÃO DO EQUIPAMENTO
REDUÇÃO DA PERIODICIDADE
DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA
PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS
(perfil da mão-de-obra, nível de segurança, treinamento)
ALTO PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO
PROCEDIMENTOS PARA EMERGÊNCIA
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Na página anterior são apresentadas tabelas associadas a uma análise feita em equipa-
mentos eletromecânicos instalados em vias férreas onde um descarilhamento pode pro-
vocarmorteseprejuízosdegrandemonta.Associadasaosriscos,foramdefinidasmedidas
de controle genéricas que, quando elaboradas, passam a atender aos aspectos de segu-
rança dos equipamentos e dos mantenedores.
A metodologia adotada nas Análises Preliminares de Riscos compreende a execução das
seguintes tarefas:
a) definição dos objetivos e do escopo da análise;
b) definição das fronteiras das instalações analisadas;
c) coleta de informações sobre a região, as instalações, as substâncias perigosas
envolvidas e os processos;
d) subdivisão da instalação em módulos de análise;
e) realização da APR propriamente dita (preenchimento da planilha);
f ) elaboração das estatísticas dos cenários identificados por categorias de freqüência
e de severidade;
g) análise dos resultados, elaboração de recomendações e preparação do relatório.
As principais informações requeridas para a realização de uma APR são as seguintes:
» sobre as instalações: especificações técnicas de projeto, especificações de
equipamentos, lay-out das instalações e descrição dos principais sistemas
de proteção e segurança;
» sobre os processos: descrição dos processos envolvidos; e
» sobre as substâncias: características e propriedades físicas e químicas.
Para simplificar a realização da análise,as instalações estudadas são divididas em “módu-
los de análise”, os quais podem ser: unidades completas, locais de serviço elétrico,
partes de locais de serviço elétrico ou partes específicas das instalações, tais como
subestações, painéis, etc. A divisão das instalações é feita com base em critérios
de funcionalidade, complexidade e proximidade física.
A realização da análise propriamente dita é feita através do preenchimento de uma
planilha de APR para cada módulo de análise da instalação. A planilha utilizada
nesta APR, mostrada a seguir, contém 8 colunas, as quais devem ser preenchidas
conforme a descrição apresentada a seguir.
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RISCOS ELÉTRICOS
1ª coluna: Operações
Esta coluna deve descrever, sucintamente, as diversas etapas da atividade/operação.
2ª coluna: Risco
Esta coluna deve conter os riscos/perigos identificados para o módulo de análise em
estudo.De uma forma geral, os riscos/perigos são eventos acidentais que têm potencial
para causar danos às instalações, aos trabalhadores, ao público ou ao meio ambiente.
3ª coluna: Modos de detecção
Os modos disponíveis na instalação para a detecção do risco/perigo identificado na
segunda coluna devem ser relacionados nesta coluna. A detecção da ocorrência do
risco/perigo tanto pode ser realizada através da instrumentação (alarmes de pressão,
de temperatura, etc.) como através da percepção humana (visual, odor, etc.).
4ª coluna: Efeitos
Os possíveis efeitos danosos de cada risco/perigo identificado devem ser listados
nesta coluna.
5ª coluna: Freqüência do risco
6ª coluna: Conseqüência (gravidade) do risco
7ª coluna: Classificação do Risco
8ª coluna: Recomendações/observações
Esta coluna deve conter as recomendações de medidas mitigadoras de risco propostas
pela equipe de realização da APR ou quaisquer observações pertinentes ao cenário
de acidente em estudo. Ela deve conter também as medidas de emergência quando
necessárias.
A seguir apresentamos uma planilha de APR para uma tarefa realizada por mantenedo-
res da área elétrica. Nas colunas 5ª, 6ª e 7ª, foram lançadas as categorias de freqüência,
gravidade e a classificação dos riscos conforme as tabelas apresentadas anteriormente.
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N
Uma planilha de APR, em branco, foi deixada neste MDI para poder servir
para aplicações práticas em sala de aula ou no campo.
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Riscos_Elétricos Segunrança em instalações e serviços de Eletrecidade
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Riscos_Elétricos Segunrança em instalações e serviços de Eletrecidade

  • 2. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Fernando Cirino Gurgel Presidente SENAI – Departamento Nacional José Manuel de Aguiar Martins Diretor-Geral Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 2
  • 4. © 2007. SENAI – Departamento Nacional Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. SENAI/DN Unidade de Educação Profissional – UNIEP Sede Setor Bancário Norte Quadra 1 – Bloco C Edifício Roberto Simonsen 70040-903 – Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3317-9544 Fax: (0xx61) 3317-9550 http://www.senai.br SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional FICHA CATALOGRÁFICA S491c Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional Curso básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade : riscos elétricos / SENAI. DN. Brasília, 2007. 158 p. : il. ISBN: 85-7519-152-7 1. Eletricidade 2. Choque elétrico I.Título CDU: 331.483.1 riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 4
  • 5. RISCOS ELÉTRICOS Sumário Apresentação 7 Riscos em instalações e serviços com eletricidade 11 Choque elétrico ........................................................................................................................... 11 Arco elétrico.................................................................................................................................. 27 Campos eletromagnéticos ...................................................................................................... 30 Riscos adicionais ......................................................................................................................... 32 Acidentes de origem elétrica ................................................................................................. 48 Técnicas de análise de riscos 55 Conceitos básicos ....................................................................................................................... 56 Principais técnicas para identificação dos riscos/perigos ........................................... 57 Análise preliminar de riscos.................................................................................................... 60 Medidas de controle do risco elétrico 67 Desenergização ........................................................................................................................... 68 Aterramento ................................................................................................................................. 73 Eqüipotencialização .................................................................................................................. 82 Seccionamento automático da alimentação ................................................................... 86 Dispositivo de proteção a corrente diferencial-residual – DR ................................... 89 Proteção por extrabaixa tensão ............................................................................................ 93 Proteção por barreiras e invólucros ..................................................................................... 95 Proteção por obstáculos e anteparos ................................................................................. 95 Proteção por isolamento das partes vivas ........................................................................ 96 Proteção parcial por colocação fora de alcance ............................................................. 98 Proteção por separação elétrica .........................................................................................104 riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 5
  • 6. Equipamentos de Proteção Coletiva 107 Equipamentos de Proteção Individual 111 Exemplos de EPIs ......................................................................................................................111 Legislação específica ...............................................................................................................126 Normas Técnicas Brasileiras 129 Normas ABNT .............................................................................................................................129 Regulamentações do MTE.....................................................................................................131 Rotinas de trabalho 133 Procedimentos de trabalho ..................................................................................................133 Procedimento de desenergização .....................................................................................137 Procedimentos gerais .............................................................................................................138 Liberação para serviços ..........................................................................................................140 Responsabilidades ...................................................................................................................146 Documentação de instalações elétricas 151 Projetos 153 Referências 155 riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 6
  • 7. RISCOS ELÉTRICOS Apresentação Acidentes fatais ocorridos no Sistema Elétrico de Potência, segundo a Fundação COGE, 2005. Eletricidade mata, conforme podemos visualizar no gráfico apresentado acima. Esta é uma forma bastante brusca, porém verdadeira, de iniciarmos o estudo sobre segurança em eletricidade. Sempre que trabalhar com equipamentos elétricos, ferramentas manu- ais ou com instalações elétricas, você estará exposto aos riscos da eletricidade. E isso ocorre no trabalho, em casa e em qualquer outro lugar.Você está cercado por redes elé- tricas em todos os lugares.É claro que no trabalho os riscos são bem maiores.É no traba- lho que existe uma grande concentração de máquinas, motores, painéis, quadros de distribuição,subestações transformadoras e,em alguns casos,redes aéreas e subterrâne- as expostas ao tempo. Para completar, mesmo os que não trabalham diretamente com os circuitos também se expõem aos efeitos nocivos da eletricidade ao utilizar ferramen- tas elétricas manuais, ou ao executar tarefas simples como desligar ou ligar circuitos e equipamentos, se os dispositivos de acionamento e proteção não estiverem adequada- mente projetados e mantidos. Todos nós estamos sujeitos aos riscos da eletricidade,mas se você trabalha diretamente com equipamentos e instalações elétricas ou próximo delas, tenha sempre cuidado ao lidar com ela. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 7
  • 8. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 8 O contato com partes energizadas da instalação pode fazer com que a corrente elétrica passe pelo seu corpo, e o resultado são o choque elétrico e as queimaduras externas e internas. As conseqüências dos acidentes com eletricidade são muito graves, provocam lesões físicas e traumas psicológicos,e muitas vezes são fatais.Isso sem falar nos incêndi- os originados por falhas ou desgaste das instalações elétricas.Talvez pelo fato de a eletri- cidadeestartãopresenteemsuavida,nemsemprevocêdáaelaotratamentonecessário. Como resultado, os acidentes com eletricidade ainda são muito comuns mesmo entre profissionais qualificados.Tal quadro, entretanto, recebeu um forte estímulo para mu- dar a partir de dezembro de 2004,quando passou a vigorar a revisão da NR-10 de 1978. Como esta norma regulamentadora estabelece os requisitos e as condições mínimas para as medidas de controle e sistemas preventivos relacionados a instalações que operam em extrabaixa tensão, baixa tensão e alta tensão, a probabilidade de ocorre- rem acidentes fica reduzida significativamente a partir da aplicação da norma em todo o território nacional. Sob a ótica da NR-10, são instalações de alta tensão aquelas que operam com tensão superior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua e,inde- pendente de qualquer outra classificação,como a classificação das normas técnicas bra- sileiras, acima dos valores estipulados, os critérios de segurança são, no mínimo, os definidos pela NR-10. Em relação à baixa tensão, as normas do Ministério do Trabalho e Emprego (normas regulamentadoras) e as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (normas técnicas) são idênticas e definem baixa tensão como tensão superior a 50 volts em corrente alter- nada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua. A extrabaixa tensão, por sua vez, são as tensões não superiores 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua. No Brasil, ainda não temos muitas estatísticas específicas sobre acidentes cuja causa está relacionada com a eletricidade. Entretanto, é bom conhecer alguns números a esse respeito. Se considerarmos apenas o Setor Elétrico,assim chamado aquele que reúne as empresas que atuam em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, temos alguns nú- meros que chamam a nossa atenção.Em 2002,ocorreram 78 acidentes fatais nesse setor, incluídos aqueles com empregados das empreiteiras.A esse número,entretanto,somam- se 330 mortes que ocorreram nesse mesmo ano com membros da população que, de diferentes formas, tiveram contato com as instalações pertencentes ao Setor Elétrico.Como exemplo desses contatos fatais,há os casos que ocorreram em obras riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 8
  • 9. RISCOS ELÉTRICOS de construção civil, contatos com cabos energizados, ligações clandestinas, instalações de antenas de TV, entre tantas outras causas. Um relatório completo é divulgado anual- mente pela Fundação COGE. Este módulo vai abranger vários tópicos relacionados à segurança com eletricidade. Os principais riscos serão apresentados e você irá aprender a reconhecê-los e a adotar procedimentos e medidas de controle, previstos na legislação e nas normas técnicas, para evitar acidentes.Da sua preparação,estudo e disciplina vão depender a segurança e a vida de muitas outras pessoas, incluindo você. Pense nisso! riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 9
  • 11. RISCOS ELÉTRICOS Riscos em instalações e serviços com eletricidade Há diferentes tipos de riscos devido aos efeitos da eletricidade no ser humano e no meio ambiente. Os principais são o choque elétrico, o arco elétrico, a exposição aos campos eletromagnéticos e o incêndio. Neste módulo você vai descobrir como a eletricidade pode causar tantos males. Choque elétrico Hoje, com o domínio da ciência da eletricidade, o ser humano usufrui de todos os seus benefícios.Construídas as primeiras redes de energia elétrica, tivemos vários benefícios, mas apareceram também vários problemas de ordem operacional,sendo o mais grave o choque elétrico. O choque elétrico decorre da corrente elétrica que se caracteriza pelo fluxo de elétrons que circula quando existe um caminho,denominado circuito elétrico,estabelecido entre dois pontos com potenciais elétricos diferentes,como por exemplo um condutor energi- zado e a terra.Se você encostar em ambos simultaneamente formará o circuito elétrico e permitirá que a corrente circule por intermédio de seu corpo. Atualmente os condutores energizados perfazem milhões de quilômetros,portanto,ale- atoriamente o defeito (ruptura ou fissura da isolação) aparecerá em algum lugar, produ- zindoumpotencialderiscoaochoqueelétrico.ComoapopulaçãoatualdaTerraéenorme, sempre haverá alguém perto do defeito, e o acidente será inevitável. Portanto,a compreensão do mecanismo do efeito da corrente elétrica no corpo humano é fundamental para a efetiva prevenção e combate aos riscos provenientes do choque elétrico.Em termos de riscos fatais,o choque elétrico,de um modo geral,pode ser anali- sado sob dois aspectos: riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 11
  • 12. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 12 • Correntes de choques de baixa intensidade, provenientes de acidentes com baixa tensão, sendo o efeito mais grave a considerar as paradas cardíacas e respiratórias; • Correntes de choques de alta intensidade, provenientes de acidentes com alta tensão, sendo o efeito térmico o mais grave, isto é, queimaduras externas e internas no corpo humano. Concluindo O choque elétrico é a perturbação de natureza e efeitos diversos que se manifesta no organismo humano quando este é percorrido por uma cor- renteelétrica. Os efeitos do choque elétrico variam e dependem de: • percurso da corrente elétrica pelo corpo humano; • intensidade da corrente elétrica; • tempo de duração; • área de contato; • freqüência da corrente elétrica; • tensão elétrica; • condições da pele do indivíduo; • constituição física do indivíduo; • estado de saúde do indivíduo. Tipos de choques elétricos O corpo humano,mais precisamente a sua característica orgânica à passagem da corrente, é uma impedância elétrica composta por uma resistência elétrica, associada a um com- ponente com comportamento levemente capacitivo. O choque elétrico pode ser dividido em duas categorias: riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 12
  • 13. 13 RISCOS ELÉTRICOS Choque estático Ocorre devido à descarga eletrostática ou pela descarga de um capacitor. N Descarga eletrostática – É o efeito capacitivo presente nos mais diferentes materiais e equipamentos com os quais o homem convive. Um exemplo típico é o que acontece em veículos que se movem em cli- mas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas elétricas que se acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Portanto, entre o veículo e o solo passa a existir uma diferença de potencial. Dependendo do acúmulo das cargas, poderá haver o perigo de faiscamentos ou de choque elétrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veículo. Choque dinâmico É o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado. Este choque se dá devido ao: • toque acidental na parte metálica do condutor denominada“parte viva”; • toque em partes condutoras próximas aos equipamentos e instalações, que ficaram energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na isolação. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 13
  • 14. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 14 Este tipo de choque é o mais perigoso, porque a rede de energia elétrica mantém a pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuadamente. O corpo humano é um organismo resistente, que suporta bem o choque elétrico nos primeiros instantes,mas com a manutenção da corrente passando pelo corpo,os órgãos internos vão sofrendo conseqüências: • elevação da temperatura dos órgãos devido ao aquecimento produzido pela corrente de choque; • tetanização (rigidez) dos músculos; • superposição da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras que comandam o organismo humano, ocasionando movimentos bruscos e involuntários; • comprometimento do coração, quanto ao ritmo de batimento cardíaco e à possibilidade de fibrilação ventricular; • efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue; • comprometimento da respiração; • prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua devida posição; • comprometimento de outros órgãos, como rins, cérebro, vasos, órgãos genitais e reprodutores. Muitos órgãos aparentemente sadios só vão apresentar sintomas devido aos efeitos da corrente muitos dias ou meses depois de ocorrido o choque elétrico. As seqüelas, muitas vezes não são relacionadas ao choque em virtude do espaço de tempo decorrido desde o acidente. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 14
  • 15. 15 RISCOS ELÉTRICOS Os choques dinâmicos podem ser causados pela tensão de toque ou pela tensão de passo. Tensão de toque Tensão de toque é a tensão elétrica (diferença de potencial) existente entre os membros superiores e inferiores do indivíduo, devido à circulação de corrente no objeto tocado. Por exemplo,um defeito de ruptura na cadeia de isoladores de uma torre de transmissão provoca a tensão de toque. O cabo condutor ao tocar na parte metálica da torre produz um curto-circuito do tipo monofásico à terra.A corrente de curto-circuito passará pela torre,entrará na terra e per- correrá o solo até atingir a malha da subestação,retornando pelo cabo da linha de trans- missão até o local do curto.A figura na página ao lado nos mostra a situação e o circuito elétrico equivalente. No solo,a corrente de curto-circuito gerará potenciais distintos desde o“pé”da torre até uma distância remota. Este potencial é apresentado pela curva da figura acima. Uma pessoa tocando na torre no momento do curto-circuito ficará submetida a um cho- que proveniente da tensão de toque.Entre a palma da mão e o pé haverá uma diferença de potencial chamada de tensão de toque. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 15
  • 16. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 16 Por norma,e nos projetos de sistema de aterramento,considera-se a pessoa afastada a 1 metro do equipamento em que está tocando com a mão. Neste caso, a resistência R1 representa a resistência da terra do“pé”da torre até a distância de 1 metro.O restante do trecho da terra é representado pela resistência R2. A resistência do corpo humano para corrente alternada de 50 ou 60 Hz,pele suada,para tensão de toque maior que 250 V fica saturada em 1 000 ohms. Cada pé em contato com o solo terá uma resistência de contato representada por R contato. Assim, a tensão de toque é expressa pela fórmula: V toque = (R corpo humano + R contato ÷ 2) I choque O aterramento no“pé”da torre só estará adequado se,no instante do curto-circuito mo- nofásico à terra,a tensão de toque ficar abaixo do limite de tensão para não causar fibri- lação ventricular. A tensão de toque é perigosa, porque o coração está no trajeto da corrente de choque, aumentando o risco de fibrilação ventricular. Tensão de passo A tensão de passo é a tensão elétrica (diferença de potencial) entre os dois pés no instante da operação ou defeito tipo curto-circuito monofásico à terra no equipamento. A figura a seguir nos mostra a situação e o circuito elétrico equivalente. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 16
  • 17. 17 RISCOS ELÉTRICOS No caso da torre de transmissão, a pessoa receberá entre os dois pés a tensão de passo. Nos projetos de aterramento considera-se a distância entre os dois pés de 1 metro. Pela figura apresentada, obtém-se a expressão: V passo = (R corpo humano + 2R contato) I choque O aterramento só será bom se a tensão de passo for menor do que o limite de tensão de passo, para não causar fibrilação ventricular no ser humano. A tensão de passo é menos perigosa do que a tensão de toque.Isso se deve ao fato de o coração não estar no percurso da corrente de choque quando o corpo é submetido a tensão de passo.Esta corrente vai de pé em pé,mas mesmo assim é também perigosa.As veias e artérias vão da planta do pé até o coração. Sendo o sangue condutor, a corrente de choque,devido à tensão de passo,vai do pé até o coração e deste ao outro pé.Por esse motivo, a tensão de passo é também perigosa e pode provocar fibrilação ventricular. Observe que as tensões geradas no solo pelo curto-circuito criam superfícies eqüipotenciais. Se a pessoa estiver com os dois pés na mesma superfície de potencial,a tensão de passo será nula, não havendo choque elétrico, conforme podemos verificar na figura apresen- tada a seguir. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 17
  • 18. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 18 A tensão de passo poderá assumir uma gama de valores, que vai de zero até a máxima diferença entre duas superfícies eqüipotenciais separadas de 1 metro. Um agravante é que a corrente de choque devido à tensão de passo contrai os músculos da perna e coxa,fazendo a pessoa cair e,ao tocar no solo com as mãos,a tensão se trans- forma em tensão de toque no solo. Nesse caso, o risco é maior, porque o coração está contido no percurso da corrente de choque. No gado,a tensão de passo se transforma em tensão entre patas.Essa tensão é maior que a tensão de passo do homem,com o agravamento de que no gado a corrente de choque passa pelo coração. Fatores determinantes da gravidade do choque Os principais fatores que determinam a gravidade do choque elétrico são: • Trajeto da corrente elétrica; • Características da corrente elétrica; • Resistência elétrica do corpo humano. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 18
  • 19. 19 RISCOS ELÉTRICOS Efeitos dos choques elétricos em função do trajeto O trajeto que a corrente faz pelo corpo influencia nas conseqüências do acidente por choque elétrico. Isso é um dado importante, se considerarmos que é mais fácil prestar socorro a uma pessoa que apresente asfixia do que a uma pessoa com fibrilação ventri- cular, já que neste caso é exigido um processo de reanimação por massagem cardíaca que nem toda pessoa que está prestando socorro sabe realizar. A tabela a seguir apresenta os prováveis locais por onde poderá se dar o contato elétrico, o trajeto da corrente elétrica e a porcentagem de corrente que passa pelo coração. A B C D E riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 19
  • 20. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 20 Características da corrente elétrica Corrente contínua (CC) A fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto específico e vulnerável do ciclo cardíaco. Corrente alternada (CA) Entre 20 e 100 Hz,são as que oferecem maior risco.Especificamente as de 60 Hz,normal- mente usadas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, são as mais perigosas, uma vez que se situam próximo à freqüência na qual a possibilidade de ocorrência da fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de freqüências elevadas, acima de 2 000 Hz, as possibilidades de ocorrência de choque elétrico são pequenas, contudo, ocorrerão queimaduras,devido a corrente tender a circular pela parte externa do corpo, ao invés da interna. N Ocorrem também diferenças nos valores de intensidade de corrente para uma determinada sensação de choque elétrico, se a vítima for do sexo feminino ou masculino. Efeitos de choques elétricos em função do tempo de contato e intensidade de corrente A relação entre tempo de contato e intensidade de corrente é um agravante nos acidentes por choque elétrico.Como podemos observar no gráfico,a norma NBR 6533, da ABNT, define cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz, admitindo a circulação entre as extremidades do corpo em pessoas com 50 kg de peso. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 20
  • 21. 21 RISCOS ELÉTRICOS Zona 1 – habitualmente nenhuma reação. Zona 2 – habitualmente nenhum efeito patofisiológico perigoso. Zona 3 – habitualmente nenhum risco de fibrilação. Zona 4 – fibrilação possível (probabilidade de até 50%). Zona 5 – risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%). Resistência elétrica do corpo humano A intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima dependerá, em muito, da resistência elétrica que esta oferece à passagem da corrente,e também de qualquer ou- tra resistência adicional entre a vítima e a terra.A resistência que o corpo humano ofere- ce à passagem da corrente é quase que exclusivamente devida à camada externa da pele, a qual é constituída de células mortas. Esta resistência está situada entre 100 000 ohms e 600 000 ohms, quando a pele encontra-se seca e não apresenta cortes e a varia- ção apresentada é em função da espessura.Quando esta,no entanto,encontra-se úmida, condição mais facilmente encontrada na prática,a resistência elétrica do corpo pode ser muito baixa,atingindo 500 ohms.Esta baixa é originada pelo fato de que a corrente pode então passar pela camada interna da pele, que apresenta menor resistência elétrica. Ao estar com cortes, a pele também pode oferecer uma baixa resistência. A resistência oferecida pela parte interna do corpo, constituída pelo sangue, músculos e demais tecidos, comparativamente à da pele é bem baixa, medindo normalmente 300 ohms, em média, e apresentando um valor máximo de 500 ohms. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 21
  • 22. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 22 As diferenças da resistência elétrica apresentada pela pele à passagem da corrente, ao estar seca ou molhada, podem ser grandes, como vimos. Com isso, podem influir muito na possibilidade de uma pessoa vir a sofrer um choque elétrico. Exemplificando Num toque acidental de um dedo com um ponto energizado de um circuito elétrico teremos, quando a pele estiver seca, uma resistência de 400 000 ohms; quando úmida, uma resistência de apenas 15 000 ohms. Usando a lei de Ohm e considerando que o contato foi feito em um ponto do circuito elétrico que representa uma diferença de potencial de 120 volts, teremos: Quando seca: I = 120 V ÷ 400 000 Ω Ω Ω Ω Ω = 0,3 mA Quando molhada: I = 120 V ÷ 15 000 Ω Ω Ω Ω Ω = 8 mA N Corrente de largar é o valor máximo de corrente que uma pessoa pode suportar quando estiver segurando um objeto energizado e ainda ser capaz de largá-lo pela ação de músculos diretamente estimulados por esta corrente. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 22
  • 23. 23 RISCOS ELÉTRICOS Espraiamento de corrente do choque elétrico Devido à diferença da resistência elétrica e de seções transversais das várias regiões do corpo humano,a corrente que provoca o choque elétrico sofre,dentro de um indivíduo, uma distribuição diferenciada, um espraiamento, como mostra a figura. Portanto, o efeito da corrente do choque se dá de maneira diferen- ciada no corpo humano. Desse modo os efeitos térmicos são mais intensos nas regiões de alta densidade de corrente, podendo produzir queimaduras de alto risco.Já na área de baixa densida- de de corrente o calor produzido é pequeno. Em virtude da área da região do tórax ser maior,a densi- dade de corrente é pequena, diminuindo os efeitos térmicos de contração e fibrilação no coração. Isso é positivo do ponto de vista da segurança humana. O espraiamento pode ser na forma de macrochoque ou microchoque. O macrochoque é definido quando a corrente do choque entra no corpo humano pelo lado externo. A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. Ou seja, o corpo humano está em toda a sua resistência no trajeto da resistência elétrica da pele humana. O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da diferença de potencial do choque. Para uma mesma tensão, a corrente vai depender do estado da pele. O macrochoque é o choque comum,sentido pelas pessoas.Qualquer pessoa ao encostar num local energizado,ou num equipamento elétrico com defeito na sua isolação,ficará à mercê do macrochoque. Microchoque é o choque elétrico que ocorre no interior do corpo humano. É o tipo de choque que ocorre por defeito em equipamento médico-hospitalar. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 23
  • 24. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 24 Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diagnosticar ou monitorar qual- quer órgão humano, poderá produzir microchoque. Este choque poderá ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois condu- tores internos no corpo. A resistência elétrica nestas condições é muito baixa, aumentando muito o perigo do choque. Efeitos do choque no indivíduo O choque elétrico provoca os efeitos relacionados a seguir. • Parada respiratória – inibição dos centros nervosos, inclusive dos que comandam a respiração. • Parada cardíaca – alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação e uma conseqüente parada. • Necrose – resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido. • Alteração no sangue – provocada por efeitos térmicos e eletrolíticos da corrente elétrica. • Perturbação do sistema nervoso. • Seqüelas em vários órgãos do corpo humano. Observação Se o choque elétrico for devido ao contato direto com a tensão da rede, todas as manifestações podem ocorrer. Para os choques elétricos devido à tensão de toque e à de passo impos- tas pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede elétrica, a ma- nifestação mais importante a ser considerada é a fibrilação ventricular do coração, que ainda iremos abordar mais a seguir. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 24
  • 25. 25 RISCOS ELÉTRICOS N Parada cardíaca é a falta total de funcionamento do coração. Quando ele está efetivamente parado, o sangue não é mais bombeado, a pressão cai a zero e a pessoa perde os sentidos. Nesse estado as fibras musculares estão inativas, interrompendo o batimento cardíaco. Fibrilação ventricular no coração humano é um fenômeno diferente da parada cardíaca, mas com conseqüências idênticas. Na fibrilação ventricular as fibras musculares do coração ficam tremulando desordena damente, ha- vendo, em conseqüência, uma total ineficiência no bombeamento do sangue. Queimadura devido ao choque elétrico Quando uma corrente elétrica passa através de uma resistência elétrica é liberada uma energia térmica. Este fenômeno é denominado Efeito Joule. E térmica = R corpo humano . I2 choque . t choque Onde: R corpo humano ⇒ Resistência elétrica (S) do corpo humano. Ou se for o caso, só a resistência de parte do corpo, do músculo ou órgão afetado. I choque ⇒ Corrente elétrica do choque (A). t choque ⇒ Tempo do choque (s). E térmica ⇒ Energia em joules (J) liberada no corpo humano. O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendo produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser: » queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo; » aquecimento do sangue, com a sua conseqüente dilatação; » aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens; » queima das terminações nervosas e sensoriais da região atingida; » queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se gelatinosas. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 25
  • 26. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 26 As condições citadas não acontecem isoladamente, mas sim associadas, advindo, em conseqüência, outras causas e efeitos nos demais órgãos. O choque de alta tensão queima,danifica,fazendo buracos na pele nos pontos de entra- da e saída da corrente pelo corpo humano.As vítimas do choque de alta-tensão morrem devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevivem ficam com seqüelas, geral- mente com: » perda de massa muscular; » perda parcial de ossos; » diminuição e atrofia muscular; » perda da coordenação motora; » cicatrizes; etc. Choques elétricos em baixa tensão têm pouco poder térmico. O problema maior é o tempo de duração,que,se persistir,pode levar à morte,geralmente por fibrilação ventri- cular do coração. A queimadura também é provocada de modo indireto,isto é,devido ao mau contato ou a falhas internas no aparelho elétrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos in- ternos, elevando a temperatura a níveis perigosos. Proteção contra efeitos térmicos As pessoas, os componentes fixos de uma instalação elétrica, bem como os materiais fixos próximos devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou irradiação térmica produzidos pelos equipamentos elétricos, particularmente quanto a: » riscos de queimaduras; » prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação; » combustão ou deterioração de materiais. Proteção contra queimaduras As partes acessíveis de equipamentos elétricos situados na zona de alcance normal não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas e devem riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 26
  • 27. 27 RISCOS ELÉTRICOS atender aos limites de temperaturas, ainda que por curtos períodos, determinados pela NBR 14039 e devem ser protegidas contra qualquer contato acidental. Arco elétrico Toda vez que ocorre a passagem de corrente elétrica pelo ar ou por outro meio isolante (óleo, por exemplo) está ocorrendo um arco elétrico, conforme nos mostra a figura ao lado. O arco elétrico (ou arco voltaico) é uma ocor- rência de curtíssima duração (menor que ½ segundo),e muitos são tão rápidos que o olho humano não chega a perceber. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 27
  • 28. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 28 Os arcos elétricos são extremamente quentes. Próximo ao“laser” , eles são a mais intensa fonte de calor naTerra.Sua temperatura pode alcançar 20 000°C.Pessoas que estejam no raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras. Os arcos elétricos são eventos de múltipla energia.Forte explosão e energia acústica acom- panham a intensa energia térmica.Em determinadas situações,uma onda de pressão tam- bém pode se formar,sendo capaz de atingir quem estiver próximo ao local da ocorrência. Conseqüências de arcos elétricos (queimaduras e quedas) Se houver centelha ou arco, a temperatura deste é tão alta que destrói os tecidos do corpo. Todo cuidado é pouco para evitar a abertura de arco através do operador.Também po- dem desprender-se partículas incandescentes que queimam ao atingir os olhos. O arco pode ser causado por fatores relacionados a equipamentos, ao ambiente ou a pessoas. Podem ocorrer, por exemplo, quando trabalhadores movimentam-se de forma insegura ou manejam ferramentas, instrumentos ou materiais condutores próximos de instalações energizadas. Outras causas podem estar relacionadas a equipamentos, e incluem falhas em partes condutoras que integram ou não os circuitos elétricos. Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminação por sujeira ou água ou pela presença de insetos ou outros animais (gatos ou ratos que provocam curtos-circuitos em barramentos de painéis ou subestações). A quantidade de energia liberada durante um arco depende da corrente de curto-circui- to e do tempo de atuação dos dispositivos de proteção contra sobrecorrentes.Altas cor- rentes de curto-circuito e tempos longos de atuação dos dispositivos de proteção aumentam o risco do arco elétrico. A severidade da lesão para as pessoas na área onde ocorre a falha depende da energia liberada pelo arco, da distância que separa as pessoas do local e do tipo de roupa que utilizam. As mais sérias queimaduras por arco voltaico envolvem a queima da roupa da vítima pelo calor do arco elétrico.Tempos relativamente longos (30 a 60 segundos, por exemplo) de queima contínua de uma roupa comum aumentam tanto o grau da quei- madura quanto a área total atingida no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da lesão e a própria sobrevivência da vítima. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 28
  • 29. 29 RISCOS ELÉTRICOS A proteção para evitar danos ocasionados pelo arco depende do cálculo da energia que pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de proteção adequadas devem cobrir todas as áreas que possam estar expostas à ação das energias oriundas do arco elétrico. Portanto, muitas vezes, além da cobertura completa do corpo, elas devem incluir capu- zes.O que agora nos parece óbvio,nem sempre foi observado,isto é,se em determinadas situações uma análise de risco nos indica a necessidade de uma vestimenta de proteção contra o arco elétrico conforme demonstra a figura apresentada a seguir.Essa vestimen- ta deve incluir proteção para o rosto, pescoço, cabelos, enfim, as partes da cabeça que também possam sofrer danos se expostas a uma energia térmica muito intensa. Além dos riscos de exposição aos efeitos térmicos do arco elétrico,também está presen- te o risco de ferimentos e quedas, decorrentes das ondas de pressão que podem se for- mar pela expansão do ar. Na ocorrência de um arco elétrico, uma onda de pressão pode empurrar e derrubar o trabalhador que está próximo da origem do acidente. Essa queda pode resultar em le- sões mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em uma altura superior a dois metros, o que pode ser muito comum em diversos tipos de instalações. Proteção contra perigos resultantes de faltas por arco Os dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a sua operação devem ser selecionados e instalados de forma a garantir a segurança das pessoas que trabalham nas instalações. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 29
  • 30. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 30 Temos relacionadas algumas medidas para garantir a proteção contra os perigos resul- tantes de faltas por arco: • Utilização de um ou mais dos seguintes meios: » dispositivos de abertura sob carga; » chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido; » sistemas de intertravamento; » fechaduras com chave não intercambiáveis. • Corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível; • Coberturas sólidas ou barreiras ao invés de coberturas ou telas; • Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos; • Emprego de dispositivos limitadores de corrente; • Seleção de tempos de interrupção muito curtos, o que pode ser obtido através de relés instantâneos ou através de dispositivos sensíveis a pressão, luz ou calor, atuando em dispositivos de interrupção rápidos; • Operação da instalação. Campos eletromagnéticos O termo campo indica que em um determinado espaço existe uma força que pode ser responsável pelo movimento de corpos nele inseridos. O campo gravitacional da lua, que determina a subida da maré, é um exemplo do conceito de campo.Além do campo gravitacional, temos o campo elétrico, o magnético e eletromagnético. O campo elétrico se caracteriza pela presença de corpos eletrizados,ou seja,ao redor de corpos eletrizados existe uma região que irá exercer força elétrica em outros corpos inse- ridos na mesma região. O valor do campo depende da distância em relação ao corpo eletrizado é e medido em Volts/metro. O campo magnético se caracteriza pela presença de um fluxo magnético,provocado por imãs ou eletroímãs, em uma determina região. O fluxo magnético consegue magnetizar corpos metálicos nele inseridos determinando o aparecimento de forças de origem mag- nética. O fluxo magnético ou campo magnético é medido em Tesla ou em Gauss. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 30
  • 31. 31 RISCOS ELÉTRICOS Um fenômeno importante da eletricidade está associado a campos magnéticos variá- veis,eles criam campos elétricos variáveis e o inverso também ocorre dando origem aos campos eletromagnéticos. A figura apresentada a seguir demonstra como representa- mos os campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos. A queda de um raio é um bom exemplo de formação de campos eletromagnéticos na atmosfera. Como a corrente do raio sofre variação no tempo, ela cria campos elétricos e magnéticos no espaço ao redor do canal de corrente entre a nuvem e o solo. As manifestações dos dois campos são sentidas nas linhas elétricas ou de telecomunicações próximas, evidenciando que o campo se propaga no ar. Nas linhas aparecem sobretensões (tensõesinduzidas)comoconseqüênciadoscamposeletromagnéticoscausadospelosraios. Dois efeitos ocorrem nos seres humanos a partir dos campos eletromagnéticos:o campo elétrico provoca a formação de uma carga sobre a superfície da pele e o magnético cau- sa fluxo de correntes circulando em todo corpo.Normalmente estes efeitos não são pre- judiciais ao seres humanos, mas, quando muito intensos, decorrentes de campos muito intensos,podem ocorrer disfunções em implantes eletrônicos (marca passo e dosadores de insulina) e a circulação de correntes em próteses metálicas,a ponto de provocar aque- cimento intenso, o que acarreta lesões internas. Uma outra preocupação é com a indução elétrica. Esse fenômeno pode ser particular- mente importante quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros. Quadro da linha de força do campo e das superfícies equipotenciais em torno de uma esfera carregada de eletricidade. Representação gráfica plana do campo de uma linha fibilar de alta tensão. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 31
  • 32. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 32 A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletromagnético que, por sua vez,induz uma corrente elétrica em condutores próximos.Assim,pode ocorrer a passagem de corrente elétrica em um circuito desenergizado se ele estiver próximo a outro circuito energizado. Por isso é fundamental que você,além de desligar o circuito no qual vai trabalhar,confira, com equipamentos apropriados (voltímetros ou detectores de tensão),se o circuito está efetivamente sem tensão. Riscos adicionais São considerados como riscos adicionais aqueles que,além dos elétricos,são específicos de cada ambiente ou processo de trabalho e que,direta ou indiretamente,possam afetar a segurança e a saúde dos que trabalham com eletricidade. Classificação dos riscos adicionais Altura Em trabalhos com energia elétrica feitos em alturas,devemos seguir as instruções relati- vas a segurança descritas abaixo: • É obrigatório o uso do cinto de segurança e do capacete com jugular. • Os equipamentos acima devem ser inspecionados pelo trabalhador antes do seu uso, no que concerne a defeito nas costuras, rebites, argolas, mosquetões, molas e travas, bem como quanto à integridade da carneira e da jugular. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 32
  • 33. 33 RISCOS ELÉTRICOS • Ferramentas, peças e equipamentos devem ser levados para o alto apenas em bolsas especiais, evitando o seu arremesso. Quando for imprescindível o uso de andaimes tubulares em locais próximos à rede elétrica, eles deverão: • Respeitar as distâncias de segurança, principalmente durante as operações de montagem e desmontagem; • Estar aterrados; • Ter as tábuas da(s) plataforma(s) com, no mínimo, uma polegada de espessura, travadas e que nunca ultrapassem o andaime; • Ter base com sapatas; • Ter guarda-corpo de noventa centímetros de altura em todo o perímetro com vãos máximos de trinta centímetros; • Ter cinturão de segurança tipo pára-quedista para alturas iguais ou superiores a 2 metros; • Ter estais a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura. Manuseio de escada simples e de extensão: • Inspecione visualmente antes de usar a escada,a fim de verificar se apresenta racha– duras,degraus com jogo ou soltos,corda desajustada,montantes descolados,etc. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 33
  • 34. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 34 • Se houver qualquer irregularidade, deve ser entregue ao superior imediato para reparo ou troca. • Deve ser manuseada sempre com luvas. • Limpe sempre a sola do calçado antes de subi-la. • Ao transportar em veículos, coloque-a com cuidado nas gavetas ou nos ganchos- suportes, devidamente amarrada. • Ao subir ou descer,conserve-se de frente para ela,segurando firmemente os montantes. • Trabalhe somente depois dela estar firmemente amarrada, utilizando o cinto de segurança e com os pés apoiados sobre os seus degraus. • Deve ser conservada com verniz ou óleo de linhaça. • Cuidado ao atravessar as vias públicas, observando que ela deverá ser conduzida paralelamente ao meio-fio. • Ao instalar a escada, observe que a distância entre o suporte e o pé da escada seja de aproximadamente ¼ do seu comprimento. • Antes de subir ou descer, exija um companheiro ao pé da escada para segurá-la. Somente o dispense depois de amarrar a escada. • Instalar a escada usando o pé direto para o apoio e a mão fechando por cima do degrau, verificando o travamento da extensão. • Não podendo amarrar a escada (fachada de prédio), mantenha o companheiro no pé dela, segurando-a. Ambientes confinados Locais com acesso e movimentação de pessoas enormemente dificultados; reduzida ou nenhuma ventilação/iluminação e, em alguns casos, com a presença de vapores que podem causar intoxicação. Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia,explosão,intoxicação e doenças do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteção, a saber: a) treinamento e orientação para os trabalhadores quanto aos riscos a que estão submeti– dos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco; b) nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhadores não poderão realizar suas atividades sem um programa de proteção respiratória; riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 34
  • 35. 35 RISCOS ELÉTRICOS c) a realização de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeção prévia e elaboração de ordem de serviço com os procedimentos a serem adotados; d) monitoramento permanente de substância que cause asfixia, explosão e intoxicação no interior de locais confinados realizado por trabalhador qualificado sob supervisão de responsável técnico; e) proibição de uso de oxigênio para ventilação de local confinado; f ) ventilação local exaustora eficaz que faça a extração dos contaminantes e ventilação geral que execute a insuflação de ar para o interior do ambiente, garantindo de forma permanente a renovação contínua do ar; g) sinalização com informação clara e permanente durante a realização de trabalhos no interior de espaços confinados; h) uso de cordas ou cabos de segurança e pontos fixos para amarração que possibilitem meios seguros de resgates; i) acondicionamento adequado de substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares; j) a cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, pelo menos 2 (dois) devem ser treinados para resgate; k) manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento autônomo para resgate; l) no caso de manutenção de tanque, providenciar desgaseificação prévia antes da execução do trabalho. Áreas classificadas Áreas sujeitas à formação (ou existência) de uma atmosfera explosiva pela presença normal ou eventual de gases/vapores inflamáveis ou poeiras/fibras combustíveis. São consideradas áreas de alto risco aquelas nas quais existe a possibilidade de vaza- mento de gases inflamáveis em situação de funcionamento normal devido a razões diversas, como, por exemplo, desgaste ou deterioração de equipamentos. Tais áreas, também chamadas de ambientes explosivos, são classificadas conforme nor- mas internacionais, e de acordo com a classificação exigem a instalação de equi- pamentos e/ou interfaces que atendam às exigências prescritas nas mesmas. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 35
  • 36. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 36 As áreas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite é onde o gás ou gases inflamáveis estarão tão diluídos ou dispersos que não poderão apresentar perigo de ex- plosão ou combustão. Segundo as recomendações da IEC 79-10, as áreas são classificadas em: Zona 0 área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, está presente continuamente ou por grandes períodos de tempo; Zona 1 área na qual a mistura gás/ar, potencialmente explosiva, pode estar presente durante o funcionamento normal do processo; Zona 2 área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, não está normalmente presente. Caso esteja, será por curtos períodos. É evidente que um equipamento instalado dentro de uma área classificada também deve ser classificado,e esta é baseada na temperatura superficial máxima que o mesmo possa alcançar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a tem- peratura superficial máxima em 6 níveis, assumindo como temperatura ambiente de referência 40ºC. Assim temos: Para exemplificar:um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambien- tes cujos gases possuem temperatura de combustão superior a 200ºC.Para diminuirmos o risco de uma explosão,podemos adotar diversos métodos.Um deles é eliminarmos um dos elementos do triângulo do fogo: temperatura, oxigênio e combustível. E um outro é através de uma das três alternativas a seguir: a) Contenção da explosão: na verdade, este é o único método que permite que haja a explosão, porque esta fica confinada em um ambiente bem definido e não pode propagar-se para a atmosfera do entorno. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 36
  • 37. 37 RISCOS ELÉTRICOS b) Segregação: é o método que permite separar ou isolar fisicamente as partes elétricas ou as superfícies quentes da mistura explosiva. c) Prevenção: através deste método limita-se a energia, seja térmica ou elétrica, a níveis não perigosos. A técnica de segurança intrínseca é a mais empregada deste método de proteção e também a mais efetiva. O que se faz é limitar a energia armazenada em circuitos elétricos de modo a torná-los totalmente incapazes, tanto em condições normais de operação quanto em situações de falha, de produzir faíscas elétricas ou de gerar arcos voltaicos que possam causar a explosão. As indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó, são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e devem,antes de sua implantação,efetuar uma análise acurada dos riscos e tomar as pre- cauções cabíveis, pois na fase de projeto as soluções são mais simples e econômicas. Porém, as indústrias já implantadas poderão equacionar razoavelmente bem os proble- mas, minorando os riscos inerentes com o auxílio de um profissional competente. A seguir, citamos alguns tipos de indústrias reconhecidamente perigosas quanto aos riscos de incêndios e explosões: » indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas; » indústrias fabricantes de rações animais; » indústrias alimentícias; » indústrias metalúrgicas; » indústrias farmacêuticas; » indústrias plásticas; » indústrias de beneficiamento de madeira; » indústrias do carvão. Instalações elétricas em ambientes explosivos As instalações e serviços de eletricidade devem ser projetados, executados, operados, mantidos, reformados e ampliados de forma que permitam a adequada distribuição de energia e isolamento, correta proteção contra fugas de corrente, curtos-circuitos, choques elétricos, entre outros riscos. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 37
  • 38. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 38 Os cabos e condutores de alimentação elétrica utilizados devem ser certificados por um organismo de certificação, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normali- zação e Qualidade Industrial – INMETRO. Os locais de instalação de transformadores e capacitores, seus painéis e respectivos dispositivos de operação devem atender aos seguintes requisitos: a) ser ventilados e iluminados ou projetados e construídos com tecnologia adequada para operação em ambientes confinados; b) ser construídos e ancorados de forma segura; c) ser devidamente protegidos e sinalizados, indicando zona de perigo, de forma a alertar que o acesso é proibido a pessoas não autorizadas; d) não ser usados para outras finalidades diferentes daquelas do projeto elétrico; e e) possuir extintores portáteis de incêndio, adequados à classe de risco, localizados na entrada ou nas proximidades e, em subsolo, a montante do fluxo de ventilação. Os cabos, instalação e equipamentos elétricos devem ser protegidos contra impactos, água e influência de agentes químicos,observando-se suas aplicações,de acordo com as especificações técnicas. Os serviços de manutenção ou reparo de sistemas elétricos só podem ser executados com o equipamento desligado, etiquetado, bloqueado e aterrado, exceto se forem: a) utilizadas técnicas adequadas para circuitos energizados; b) utilizados ferramentas e equipamentos adequados à classe de tensão; e c) tomadas precauções necessárias para a segurança dos trabalhadores. O bloqueio durante as operações de manutenção e reparo de instalações elétricas deve ser realizado utilizando-se cadeado e etiquetas sinalizadoras fixadas em local visível contendo, no mínimo, as seguintes indicações: a) horário e data do bloqueio; b) motivo da manutenção; e c) nome do responsável pela operação. Os equipamentos e máquinas de emergência, destinados a manter a continuidade do fornecimento de energia elétrica e as condições de funcionamento, devem estar disponíveis em perfeito estado de funcionamento. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 38
  • 39. 39 RISCOS ELÉTRICOS Redes elétricas, transformadores, motores, máquinas e circuitos elétricos devem estar equipados com dispositivos de proteção automáticos, para os casos de curto-circuito, sobrecarga, queda de fase e fugas de corrente. Os fios condutores de energia elétrica instalados no teto de galerias para alimentação de equipamentos devem ser protegidos contra contatos acidentais. Os sistemas de recolhimento automático de cabos alimentadores de equipamentos elé- tricos móveis devem ser eletricamente solidários à carcaça do equipamento principal. Os equipamentos elétricos móveis devem ter aterramento adequadamente dimensionado. Em locais com ocorrência de gases inflamáveis e explosivos, as tarefas de manutenção elétrica devem ser realizadas sob o controle de um supervisor,com a rede de energia des- ligada e a chave de acionamento bloqueada,monitorando-se a concentração dos gases. Os terminais energizados dos transformadores devem ser isolados fisicamente por barreiras ou outros meios físicos, a fim de evitar contatos acidentais. Toda instalação,carcaça,invólucro,blindagem ou peça condutora que possam armazenar energia estática com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas devem ser aterrados. As malhas,os pontos de aterramento e os pára-raios devem ser revisados periodicamente e os resultados registrados. A implantação, operação e manutenção de instalações elétricas devem ser executadas somente por pessoa qualificada, que deve receber treinamento continuado em manu- seio e operação de equipamentos de combate a incêndios e explosões, bem como na prestação de primeiros socorros a acidentados. Trabalhos em condições de risco acentuado deverão ser executados por duas pessoas qualificadas, salvo critério do responsável técnico. Durante a manutenção de máquinas ou instalações elétricas, os ajustes e as característi- cas dos dispositivos de segurança não devem ser alterados, prejudicando sua eficácia. Trabalhos em redes elétricas entre dois ou mais pontos sem possibilidade de contato visual entre os operadores somente podem ser realizados com comunicação por meio de rádio ou outro sistema de comunicação que impeça a energização acidental. As instalações elétricas com possibilidade de contato com água devem ser projetadas, executadas e mantidas com especial cuidado quanto à blindagem, estanqueidade, isolamento, aterramento e proteção contra falhas elétricas. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 39
  • 40. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 40 Os trechos e pontos de tomada de força de rede elétrica em desuso devem ser desener- gizados, marcados e isolados, ou retirados quando não forem mais utilizados. Em locais sujeitos a emanações de gases explosivos e inflamáveis,as instalações elétricas serão à prova de explosão. Condições atmosféricas Umidade Deve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energizados só deve ser inicia- do com boas condições meteorológicas,não sendo assim permitidos trabalhos sob chu- va, neblina densa ou ventos. Podemos determinar a condição de umidade favorável ou não com a utilização do ter- mo-higrômetro ou umedecendo levemente com um pano úmido a superfície de um bastão de manobra e aguardar durante aproximadamente 5 minutos. Desaparecendo a película de umidade, há condições seguras para execução dos serviços. Como visto em estudos anteriormente, sabemos que a existência de umidade no ar propicia a diminuição da capacidade disruptiva do ar, aumentando assim o risco de acidentes elétricos. Devemos levar em consideração, também, que os equipamentos isolados a óleo não devem ser abertos em condições de umidade elevada, pois o óleo isolante pode absor- ver a umidade do ar, comprometendo, assim, suas características isolantes. Descargas atmosféricas (raios) Mecanismo Devido a longos períodos de estiagem, as chuvas que começam a cair são normal- mente acompanhadas de tempestades, sendo estas originadas do encontro de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente ou a partir do aquecimento do solo pelos raios solares e conseqüente subida do ar quente carregado de partículas de vapor de água. O raio é um fenômeno de natureza elétrica, sendo produzido por nuvens do tipo cumu- lus nimbus,que tem formato parecido com uma bigorna e chega a ter 12 quilômetros de riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 40
  • 41. 41 RISCOS ELÉTRICOS altura e vários quilômetros de diâmetro. As tempestades com trovoadas se verificam quando certas condições particulares (temperatura, pressão, umidade do ar, velocidade do vento, etc.) fazem com que determinado tipo de nuvem se torne eletricamente car- regada devido à fricção entre as partículas de água decorrentes da condensação do vapor de água. O mecanismo de autoprodução de cargas elétricas vai aumentando de tal modo que dá origem a uma descarga elétrica (raio), que partirá da base da nuvem em direção ao solo, definindo uma trajetória ramificada e aleatória. Esta primeira des- carga é denominada“líder” , que define sua posição de queda entre 20 a 100 metros do solo.A partir deste estágio,o raio deixou um canal ionizado entre a nuvem e o solo,que dessa forma permitirá a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em torno de 20 000 ampères passando pelo ar, e o aquecimento deste meio, até 30 000°C, provocando assim a expansão do ar (trovão). As descargas atmosféricas po- dem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou descendentes (da nuvem para a terra), ou ainda entre nuvens. O raio ao cair na terra pode provocar grande destruição,devido ao alto valor de sua cor- rente elétrica, que gera intensos campos eletromagnéticos e calor. Além dos danos causados diretamente pela corrente elétrica e pelo intenso calor, o raio pode provocar sobretensões em redes de energia elétrica, em redes de telecomunica- ções,deTV a cabo,antenas parabólicas,redes de transmissão de dados,etc.Com o intuito de evitar falsas expectativas ao sistema de proteção contra descargas atmosféricas, de- vemos fazer os seguintes esclarecimentos: • O raio é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível tanto em relação às suas características elétricas como em relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações, as pessoas ou animais. • Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a“queda”de uma descarga em uma determinada região. Assim sendo, as soluções aplicadas buscam tão-somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instalações adequadas de captação e de condução segura da descarga para a terra. • A incidência de raios é maior em solos maus condutores do que em solos condutores de eletricidade, pois nos solos maus condutores, na existência de nuvens carregadas sobre o mesmo, criam-se por indução no terreno cargas positivas, em que temos a nuvem funcionando como placa negativa e o solo com placa positiva e o ar, naturalmente úmido e às vezes ionizado, servindo como um isolante de baixo poder dielétrico, propiciando assim a existência de raios, conforme podemos visualizar na figura apresentada a seguir. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 41
  • 42. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 42 Sobretensões transitórias Sempre que a tensão elétrica em um circuito elétrico sofre um aumento por um determi- nado período, fica caracterizada uma sobretensão transitória. Partidas de motores de potência alta,manobras de cargas de potência elevada,curtos-circuitos e descargas elé- tricas atmosféricas (raios ou relâmpagos) podem provocar sobretensões transitórias. As sobretensões transitórias podem chegar até as instalações elétricas internas ou de telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade consumidora. Os seus efeitos, além de poderem causar danos a pessoas e animais, podem: • Provocar a queima total ou parcial de equipamentos elétricos ou danos à própria instalação elétrica interna e telefônica, entre outras; • Reduzir a vida útil dos equipamentos; • Provocar enormes perdas, com a parada de equipamentos, etc. As sobrecorrentes transitórias originadas de descargas atmosféricas podem ocorrer de dois modos: • Descarga Direta: o raio atinge diretamente uma rede elétrica ou telefônica. Nesse caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados valores de sobretensões sobre os diversos circuitos. • Descarga Indireta: o raio cai a uma distância de até 1 quilômetro de uma rede elétrica. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 42
  • 43. 43 RISCOS ELÉTRICOS A sobretensão gerada é de menor intensidade do que a provocada pela descarga direta,mas podecausarsériosdanos.Essasobretensãoinduzidaacontecequandoumapartedaenergia do raio é transferida através de um acoplamento eletromagnético com uma rede elétrica. A grande maioria das sobretensões transitórias de origem atmosférica, que causam da- nos a equipamentos provoca a ruptura das isolações e arcos elétricos. Medidas Preventivas • Evitar a execução de serviços em equipamentos e instalações elétricas internas e externas. • Nunca procurar abrigo sob árvores ou construções isoladas sem sistemas de proteção atmosférica adequados. • Não entrar em rios, lagos, piscinas, guardando uma distância segura destes. • Procurar abrigo em instalações seguras, jamais ficando ao relento. • Caso não encontre abrigo, procurar não se movimentar, e se possível ficar agachado, evitando assim o efeito das pontas. • Evitar o uso de telefones, a não ser que seja sem fio. • Evitar ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas. • Evitar tocar em qualquer equipamento elétrico ligado à rede elétrica. • Evitar locais extremamente perigosos, como topos de morros, topos de prédios, proximidade de cercas de arame, torres, linhas telefônicas, linhas aéreas. Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas Toda empresa deve possuir um sistema de proteção contra descarga atmosférica que leve em consideração o especificado na NBR 5419 (Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas),mas que esteja definido em um projeto assinado por profissional habilitado. O projeto de SPDA, nas empresas, faz parte do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) e deve ser executado e mantido nas condições de projeto,uma vez que ele é considerado uma proteção coletiva. O projetista de SPDAs deve verificar as possíveis interferências do subsistema de aterra- mento do SPDA nos demais sistemas de aterramento existentes em uma empresa como, por exemplo, os sistemas de aterramento funcionais e de proteção. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 43
  • 44. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 44 Como regra geral,ou recomendação,os eletrodos de aterramento dos diversos sistemas elétricos devem estar interligados,mas sempre com base em estudo de engenharia,uma vez que o aterramento é uma proteção coletiva. Uma opção muito aceita tecnicamente é o uso das estruturas metálicas das estacas das fundações como eletrodos de aterramento e os diversos terras dos sistemas elétricos conectados a uma barra de aterramento que está ligada aos eletrodos de aterramento da fundação por um único ponto, conforme demonstra a figura a seguir. A NBR 5419:2005 estipula que o valor da resistência de aterramento deve ser inferior a 10 ? (ohms), pois as medidas utilizadas para minimizar as conseqüências das descargas atmosféricas têm como princípio a criação de caminhos de baixa resistência à terra, escoando nesta as correntes elétricas dos raios. Temos como principais componentes de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas: • Terminais Aéreos – Conhecidos como pára-raios, eles são hastes montadas em bases instaladas acima do ponto mais alto das edificações com o objetivo de propiciar um caminho mais fácil para os raios que venham a incidir na edificação, sendo geralmente interligados através de condutores horizontais. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 44
  • 45. 45 RISCOS ELÉTRICOS • Condutores de Descida – Cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais de aterramento. • Terminais de Aterramento – Condutores que servem para conectar os cabos de descida ao solo. Sendo os mesmos constituídos usualmente de cabos e hastes enterradas no solo, propiciando uma baixa resistência a terra, sendo a mesma dependente das características do solo. • Condutores de Ligação Eqüipotencial – Visam à interligação do sistema de aterramento com os outros sistemas de aterramento da edificação, impedindo assim a existência de diferenças de potenciais entre os elementos interligados. Como visto no capítulo sobre eqüipotencialização, todas as partes metálicas da edificação, os aterramentos de equipamentos, as estruturas, o sistema de proteção atmosférica, etc. devem ser interligados a um mesmo referencial de terra. • Supressores de Surto,Varistores, Pára-Raios de Linha, Centelhados – São instalados em pontos de entrada de energia, cabos telefônicos e de dados, instrumentação industrial, etc., com o intuito de proteger as instalações e equipamentos contra sobrecorrentes transitórias (sobretensões) provocadas por descargas direta, indireta e manobras de equipamentos do sistema de alimentação elétrica. A figura a seguir nos mostra um SPDA. Detalhe do aterramento. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 45
  • 46. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 46 Descargas atmosféricas As descargas atmosféricas causam sérias perturbações nas redes aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica,além de provocarem danos materiais nas construções atin- gidas por elas,sem contar os riscos de vida a que as pessoas e animais ficam submetidos. As descargas atmosféricas induzem surtos de tensão que chegam a centenas de quilo- volts.A fricção entre as partículas de água que formam as nuvens, provocada pelos ven- tos ascendentes de forte intensidade, dá origem a uma grande quantidade de cargas elétricas.Verifica-se experimentalmente que as cargas elétricas positivas ocupam a parte superior da nuvem,enquanto as cargas elétricas negativas se posicionam na parte inferi- or, acarretando conseqüentemente uma intensa migração de cargas positivas na super- fície da terra para a área correspondente à localização da nuvem, dando dessa forma uma característica bipolar às nuvens. A concentração de cargas elétricas positivas e ne- gativas numa determinada região faz surgir uma diferença de potencial entre a terra e a nuvem. No entanto, o ar apresenta uma determinada rigidez dielétrica, normalmente elevada, que depende de certas condições ambientais. O aumento dessa diferença de potencial, que se denomina gradiente de tensão, poderá atingir um valor que supere a rigidez dielétrica do ar interposto entre a nuvem e a terra, fazendo com que as cargas elétricas migrem na direção da terra, num trajeto tortuoso e normalmente cheio de ramificações,cujo fenômeno é conhecido como descarga piloto. É de aproximadamente 1 kV/mm o valor do gradiente de tensão para o qual a rigidez dielétrica do ar é rompida. Polarização do dielétrico riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 46
  • 47. 47 RISCOS ELÉTRICOS Os condutores possuem elétrons livres e, portanto, podem ser eletrizados por indução. Os isoladores, conhecidos também por dielétricos, praticamente não possuem elétrons livres. Será que eles podem ser eletrizados por indução, isto é, aproximando um corpo eletrizado, sem contudo tocá-los? Normalmente, os centros de gravidade das massas dos elétrons e prótons de um átomo coincidem-se e localizam-se no seu centro. Quando um corpo carregado se aproxima desses átomos, há um deslocamento muito pequeno dos seus elétrons e prótons, de modo que os centros de gravidade destes não mais se coincidem, formando assim um dipolo elétrico. Um dielétrico que possui átomos assim deformados (achatados) está eletricamente Po- larizado, e quanto maior for a polarização, maior a probabilidade da ruptura da isolação. Tensões induzidas em linhas de transmissões de alta tensão Devido ao atrito com o vento e com a poeira, e em condições secas (baixa umidade), as linhas sofrem fenômenos eletrostáticos que induzem tensões que se somam às demais tensões presentes.As tensões estáticas crescem continuamente,e após um longo perío- do de tempo podem ser relativamente elevadas. Temos também tensões induzidas na linha por causa do acoplamento capacitivo e eletromagnético devido à proximidade de outras linhas elétricas. Se dois condutores, ou um condutor e o potencial de terra, estiverem separados por um dielétrico e em potenciais diferentes, surgirá entre ambos o efeito capacitivo. Ao aterrarmos uma linha, as correntes, devido às tensões induzidas capacitivas e às ten- sões estáticas ao referencial de terra,são drenadas imediatamente.Todavia,existirão ten- sões de acoplamento capacitivo e eletromagnético induzidas pelos condutores energizados próximos à linha. Essas tensões são induzidas por linha ou linhas energizadas que cruzam ou são paralelas à linha ou equipamento desenergizado no qual se trabalha.Elas dependem da distância entre linhas, da corrente de carga das linhas energizadas, do comprimento do trecho onde há paralelismo ou cruzamento e da existência ou não de transposição nas linhas. No caso de uma linha aterrada em apenas uma das extremidades, a tensão induzida eletromagneticamente terá seu maior vulto na extremidade não aterrada; e se am- bas as extremidades estiverem aterradas, existirá uma corrente fluindo num circui- to fechado com a terra. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 47
  • 48. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 48 Ao se instalar o aterramento provisório, uma corrente fluirá por seu intermédio, diminu- indo a diferença de potencial existente e ao mesmo tempo jampeando a área de traba- lho, o que possibilita neste ponto uma maior segurança para o homem de manutenção. Em linhas de transmissão alta-extra ou ultra-alta tensão, portanto com indução elevada, é recomendável a adoção de critérios que levem em conta o nível de tensão dos circuitos e a distância entre eles, o que poderá determinar se as outras medidas de segurança ainda deverão ser adotadas ou até mesmo se o trabalho deverá ser feito como em linha energizada. Acidentes de origem elétrica A segurança no trabalho é essencial para garantir a saúde e evitar acidentes nos locais de trabalho, sendo um item obrigatório em todos os tipos de trabalho. Podemos classificar os acidentes de trabalho relacionando-os com fatores humano (atos inseguros) e com o ambiente (condições inseguras). Essas causas são apontadas como responsáveis pela maioria dos acidentes.No entanto, deve-se levar em conta que, às ve- zes,os acidentes são provocados pela presença de condições inseguras e atos inseguros ao mesmo tempo. Atos inseguros Os atos inseguros são, geralmente, definidos como causas de acidentes do trabalho que residem exclusivamente no fator humano,isto é,aqueles que decorrem da execução das tarefas de forma contrária às normas de segurança. É a maneira como os trabalhadores se expõem (consciente ou inconscientemente) aos riscos de acidentes. É falsa a idéia de que não se pode predizer nem controlar o comportamento humano. Na verdade,é possível analisar os fatores relacionados com a ocorrência dos atos insegu- ros e controlá-los.Seguem-se alguns fatores que podem levar os trabalhadores a pratica- rem atos inseguros: • Inadaptação entre homem e função por fatores constitucionais. Ex.: sexo, idade, tempo de reação aos estímulos, coordenação motora, agressividade, impulsividade, nível de inteligência, grau de atenção. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 48
  • 49. 49 RISCOS ELÉTRICOS • Fatores circunstanciais: fatores que influenciam o desempenho do indivíduo no momento. Ex.: problemas familiares, abalos emocionais, discussão com colegas, alcoolismo, estado de fadiga, doença, etc. • Desconhecimento dos riscos da função e/ou da forma de evitá-los. Estes fatores são na maioria das vezes causados por: seleção ineficaz, falhas de treinamento, falta de treinamento que caracterizam condição insegura. Ex.: manutenção sendo realizada por operador de máquina segundo a aplicação de técnicas intuitivas. • Desajustamento: este fator é relacionado com certas condições específicas do trabalho. Ex.: problema com a chefia, problemas com os colegas, políticas salariais impróprias, política promocional imprópria, clima de insegurança. • Personalidade: fatores que fazem parte das características da personalidade do trabalhador e que se manifestam por comportamentos impróprios. Ex.: o desleixado, o machão, o exibicionista, o desatento, o brincalhão. Condições inseguras São aquelas que, presentes no ambiente de trabalho, põem em risco a integridade física e/ou mental do trabalhador, devido à possibilidade deste acidentar-se. Tais condições manifestam-se como deficiências técnicas, podendo apresentar-se: • Na construção e instalações em que se localiza a empresa: áreas insuficientes, pisos fracos e irregulares, excesso de ruído e trepidações, falta de ordem e limpeza, instalações elétricas impróprias ou com defeitos, falta de sinalização. • Na maquinaria: localização imprópria das máquinas, falta de proteção em partes móveis, pontos de agarramento e elementos energizados, máquinas apresentando defeitos. • a proteção do trabalhador: proteção insuficiente ou totalmente ausente, roupa e calçados impróprios, equipamentos de proteção com defeito (EPIs, EPCs), ferramental defeituoso ou inadequado. • No conhecimento e habilidades do trabalhador motivado por falhas no treinamento ou falta de treinamento. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 49
  • 50. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 50 Causas diretas de acidentes com eletricidade Podemos classificar como causas diretas de acidentes elétricos as propiciadas pelo con- tato direto por falha de isolamento, podendo estas ainda serem classificadas quanto ao tipo de contato físico: • Contatos diretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente sob tensão (partes vivas). • Contatos indiretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha de isolamento.O acidente mais comum a que estão submetidas as pessoas, principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou desempenham tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais, é o toque acidental em partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tensão entre fase e terra. Causas indiretas de acidentes elétricos Podemos classificar como causas indiretas de acidentes elétricos as originadas por descargas atmosféricas, tensões induzidas eletromagnéticas e tensões estáticas. Acidentes com eletricidade (exemplos) As declarações pessoais dos treinandos do Curso Básico previsto na NR-10 e ministrado pelo SENAI corroboram que a prevenção, conforme prescrito na norma, é fundamental para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Inúmeros casos estão sendo relatados,e muitos,como os citados a seguir,devem servir de justificativa para as empresas,profissionais e trabalhadores adotarem ações preventivas. • Choques elétricos entre cabeça e mãos, seguidos de desfalecimento. • Queimaduras por arco elétrico decorrentes de curtos-circuitos provocados por queda de ferramentas de trabalho durante serviços com circuitos energizados. • Quedas, pela ausência do cinto de segurança, depois de choques elétricos. • Energizações acidentais com trabalhadores que realizam trabalhos nas redes elétricas. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 50
  • 51. 51 RISCOS ELÉTRICOS • Desligamentos incorretos de circuitos por falta de informação (diagramas, plantas) e de testes para comprovação da desenergização. • Casos de falecimento por choque elétrico durante o serviço em ambientes úmidos com o trabalhador molhado. • Desmaio em ambiente confinado devido à remoção do EPI. • Princípios de incêndio a partir da eletricidade estática. • Enfrentamento de cobra, abelhas e animais peçonhentos. • Arco elétrico provocado por cavaco oriundo de máquina operatriz em operação na zona controlada. • Choques elétricos em linhas aéreas decorrentes de tensões induzidas por descargas atmosféricas. • Eliminação dos DRs por impossibilitada detecção dos pontos de fuga à terra. • Alterações nas instalações elétricas sem a devida correção das plantas e diagramas elétricos. • Realização de trabalhos em alta tensão sem procedimentos e análise preliminar de riscos. • Surgimento de tensões de toque e choque elétrico em pessoas que moram em um andar de um prédio de apartamento em função de falhas de isolação, fuga de corrente e utilização da ferragem estrutural do prédio como terra em andares superiores. • Casos fatais decorrentes de quedas de telhado. São dezesseis situações relatadas que serão complementadas a seguir com outros cinco casos,que demonstram que a utilização da energia elétrica precisa das medidas preven- tivas prescritas pela NR-10. Vigilante morre eletrocutado ao hastear bandeira no Recife JC On Line – 7/9/2004 Pernambuco – No Dia da Independência do Brasil, um homem morreu eletrocutado ao hastear uma bandeira no centro de Recife, nesta terça-feira pela manhã. O acidente ocorreu quando o vigilante Laércio Honorato da Silva, 43 anos, funcionário da Nordeste Vigilância de Valores, foi hastear a bandeira riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 51
  • 52. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 52 de Pernambuco na agência Bradesco da Rua do Imperador, no bairro de Santo Antônio, por volta das 7 horas. O hasteamento é um procedimento de rotina no banco e cabe diariamente ao vigilante de plantão. Laércio, que estava na varanda do primeiro andar, chegou a subir a bandeira do Brasil, e na hora de hastear a do Estado, o mastro tocou no fio de energia do poste, eletrocutando o vigilante. A descarga de energia arre- messou o corpo do vigilante para a varanda, a 1,6 metro de distância do fio. Segundo o Instituto de Criminalística, o acidente foi uma fatalidade. Engenheiros condenados por acidente Folha de São Paulo – 28/4/1999 São Paulo – Dois engenheiros responsáveis pela instalação de enfeites de natal no Clube Paulistano, na zona oeste de São Paulo, em 1997, foram condenados a pagar 20 cestas básicas ao estudante Guilherme Orlando Günther, de 14 anos. O garoto recebeu um choque elétrico quando brincava próximo à piscina do clube. O acidente provocou danos cerebrais gravíssimos no estudante, que hoje nem sequer consegue tomar banho sem ajuda. "Essa punição é ridícula", reagiu o pai de Guilherme, Newton Günther. A decisão, da 3ª Vara Criminal de São Paulo, absolve a diretoria do Clube Paulistano. Com base na Lei dos Juizados Especiais, a juíza Nidea Rita Coltro Sorci condenou os engenheiros elétricos ao pagamento das cestas básicas, porque ambos têm bons antecedentes. Os dois colocaram os enfeites em uma palmeira perto de uma das pisci- nas do clube. Encostado na palmeira havia um andaime de ferro. A fiação da iluminação natalina, em contato com o andaime, eletrificou o garoto, que brincava com uma bola de tênis. Guilherme teve parada cardiorrespiratória, entrou em coma e permaneceu internado por quase dois meses. Acidente de trabalho - Eletrocutados em SP Globo On – 9/6/2004 Homens são eletrocutados ao limpar fachada de posto de gasolina São Paulo – Dois homens foram eletrocutados nesta terça-feira quando trabalhavam na limpeza da fachada de um posto de gasolina na avenida Bandeirantes, na zona sul da cidade. Com o choque, eles despencaram de uma altura de quase 10 metros. Eles foram levados para hospitais da região pelos bombeiros e policiais do helicóptero Águia. Um deles está internado em estado grave. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 52
  • 53. 53 RISCOS ELÉTRICOS Rapaz morre eletrocutado em poste na Quinta O Globo – 1998 Após pegar uma bola no Horto, Júlio recebeu descarga por 3 minutos Júlio César Dias Carneiro, de 18 anos, estudante de um curso técnico no SENAI de eletricidade, morreu eletrocutado ontem à tarde. Ele passou por um buraco na grade entre a quadra e o Horto Botânico do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista para pegar uma bola. Quando tentou voltar, segurou-se em um poste de ferro que estava eletrificado. Júlio ficou por cerca de três minutos recebendo a descarga elétrica. Seu amigo Everaldo de Jesus tentou tirá-lo mas também levou um choque. Ele mesmo voltou e conseguiu puxá-lo com uma camisa, mas Júlio já estava morto. Funcionários da Light e da Rio Luz estiveram no local e comprovaram que o poste se eletrificava quando um disjuntor do prédio do Horto era ligado. Eles não souberam dizer a intensidade do choque. Segundo os técnicos, o poste é de responsabilidade do Horto. O chefe da segurança, Paulo Sérgio, disse que o poste pertence ao órgão, mas eles não sabiam que ele estava eletrificado. Segundo ele, os meninos são alertados para não pular a grade. Entre cabos telefônicos, a morte O Globo – 27/7/2003 De 1998 a 2003, acidentes vitimaram 49 trabalhadores terceirizados em redes de telefonia fixa no país Rio, Brasília e Porto Alegre – Subir num poste para consertar ou instalar uma linha telefônica e morrer eletrocutado: esse foi o destino de funcionários de empresas terceirizadas de telefonia fixa nos últimos anos vítimas de acidentes. Desde a privatização do setor, em 1998, pelo menos 49 trabalha- dores de firmas terceirizadas morreram em decorrência de acidentes de trabalho, muitos porque a rede elétrica fica ligada durante a execução do serviço. Os dados são da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações (Fittel). Atualmente, todo o serviço de ma- nutenção de redes externas é terceirizado. O auge dos acidentes fatais ocorreu nos últimos três anos, quando as operadoras Brasil Telecom, Telemar e Telefônica tiveram de cumprir o plano de antecipação de metas de expansão e qualidade, para poder operar em outros segmentos. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 53
  • 55. RISCOS ELÉTRICOS Técnicas de análise de riscos A NR-10 define, como medidas de controle, no item 10.2.1, que em “todas as interven- ções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho” . No capítulo 10.6,segurança em instalações elétricas energizadas,no item 10.6.4,é esti- pulado que “sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos,devem ser ela- boradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho” . A análise de riscos é um conjunto de métodos e técnicas que aplicado a uma atividade identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade represen- ta para a população exposta, para o meio ambiente e para a empresa, de uma forma geral. Os principais resultados de uma análise de riscos são a identificação de cenários de acidentes, suas freqüências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis conseqüências. A análise de riscos deve incluir as medidas de prevenção de acidentes e as medidas para controle das conseqüências de acidentes para os trabalhadores e para as pessoas que vivem ou trabalham próximo à instalação ou para o meio ambiente. Os acidentes são materializações dos riscos associados a atividades,procedimentos,pro- jetos e instalações, máquinas e equipamentos. Para reduzir a freqüência de acidentes, é preciso avaliar e controlar os riscos a partir,por exemplo,dos questionamentos apresen- tados a seguir e de suas respectivas respostas. » Que pode acontecer de errado? » Quais são as causas básicas dos eventos não desejados? » Quais são as conseqüências? riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 55
  • 56. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 56 As metodologias representam os tipos de processos ou de técnicas de execução dessas análises de riscos da instalação ou da tarefa. Alguns exemplos dessas técnicas são apre- sentados a seguir com uma pequena descrição do método. Conceitos básicos Perigo Uma ou mais condições físicas ou químicas com possibilidade de causar danos às pessoas, à propriedade, ao ambiente ou uma combinação de todos. Risco Medida da perda econômica e/ou de danos para a vida humana,resultante da combinação entre a freqüência da ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (conseqüências). O risco também pode ser definido através das seguintes expressões: » combinação de incerteza e de dano; » razão entre o perigo e as medidas de segurança; » combinação entre o evento, a probabilidade e suas conseqüências. A experiência demonstra que geralmente os grandes acidentes são causados por eventos pouco freqüentes, mas que causam danos importantes. Análise de riscos É a atividade dirigida à elaboração de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) do riscos,baseada na engenharia de avaliação e técnicas estruturadas para promover a com- binação das freqüências e conseqüências de cenários acidentais. Avaliação de riscos É o processo que utiliza os resultados da análise de riscos e os compara com os critérios de tolerabilidade previamente estabelecidos. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 56
  • 57. 57 RISCOS ELÉTRICOS Gerenciamento de riscos É a formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos requerimentos de segurança considerados toleráveis. Principais técnicas para a identificação dos riscos/perigos Análise preliminar de riscos Método de estudo preliminar e sumário de riscos,normalmente conduzido em conjunto com o grupo de trabalhadores expostos, com o objetivo de identificar os acidentes po- tenciais de maior prevalência na tarefa e as características intrínsecas destes. É um método de estudo de riscos realizado durante a fase de planejamento e desenvol- vimento de um determinado processo, tarefa ou planta industrial, com a finalidade de prever e prevenir riscos de acidentes que possam acontecer durante a fase operacional e de execução da tarefa. Análise de falha humana Método que identifica as causas e os efeitos dos erros humanos observados em potencial. O método também identifica as condições dos equipamentos e dos processos que pos- sam contribuir para provocar esses erros. Método de análise de falhas e de efeitos Método específico de análise de riscos, concebido para ser utilizado em equipamentos mecânicos,com o objetivo de identificar as falhas potenciais que possam provocar acon- tecimentos ou eventos adversos e também efeitos desfavoráveis desses eventos. É um método de análise de riscos tecnológicos que consiste: » na tabulação de todos os sistemas e equipamentos existentes numa instituição ou planta industrial; riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 57
  • 58. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 58 » na identificação das modalidades de falhas possíveis em cada um deles; » na especificação dos efeitos desfavoráveis destas falhas sobre o sistema e sobre o conjunto das instalações. Análise de segurança de sistemas É a técnica que tem por finalidade avaliar e aumentar o grau de confiabilidade e o nível de segurança intrínseca de um sistema determinado, para os riscos previsíveis. Como a segurança intrínseca é o inverso da insegurança ou nível de vulnerabilidade, todos os projetos de redução de riscos e de preparação para desastres concorrem para incrementar o nível de segurança. Árvore de eventos EXEMPLO DE ÁRVORE DE EVENTOS Parada do elevador de carga fora de posição. Sistema de freio desregulado. Sistema de detecção de posição avariado. Excesso de peso. Colocação de carga com peso excessivo. Acidente Probabilidade Não (0,200) NÃO 0,200 Não (0,999) Não (0,995) Não (0,999) Sim (0,800) NÃO 0,794 Sim (1) Sim (0,005) SIM 0,004 Sim (0,001) SIM 0,001 Sim (0,001) SIM 0,001 riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 58
  • 59. 59 RISCOS ELÉTRICOS Técnica dedutiva de análise de riscos utilizada para avaliar as possíveis conseqüências de um acidente potencial, resultante de um evento inicial tomado como referência, o qual pode ser um fenômeno natural ou ocorrência externa ao sistema, um erro humano ou uma falha do equipamento. É um método que tem por objetivo antecipar e descrever,de forma seqüenciada,a partir de um evento inicial, as conseqüências lógicas de um possível acidente. Os resultados da análise da árvore de eventos caracterizam seqüências de eventos inter- mediários,ou melhor,um conjunto cronológico de falhas e de erros que,a partir do even- to inicial,culminam no acidente ou evento-topo ou principal.A figura da página anterior nos mostra uma representação da árvore de eventos. Árvore de falhas riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 59
  • 60. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 60 Técnica dedutiva de análise de riscos na qual,a partir da focalização de um determinado acontecimento definido como evento-topo ou principal,se constrói um diagrama lógico que especifica as várias combinações de falhas de equipamentos, erros humanos ou de fenômenos ou ocorrências externas ao sistema que possam provocar o acontecimento. A figura na página anterior nos mostra uma representação da árvore de falhas. Neste trabalho, vamos tratar apenas da metodologia denominada Análise Preliminar de Riscos (APR), também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP), pois consi- deramos ser a de mais simples aplicação por parte dos profissionais que atuam nas instalações elétricas. Análise preliminar de riscos É uma técnica qualitativa cujo objetivo consiste na identificação dos riscos/perigos po- tenciais decorrentes de novas instalações ou da operação das já existentes. Em uma dada instalação, para cada evento perigoso identificado em conjunto com a severidade das conseqüências,um conjunto de causas é levantado,possibilitando a clas- sificação qualitativa do risco associado, de acordo com categorias preestabelecidas de freqüência de ocorrência. A tabela apresentada a seguir demonstra a correlação entre a freqüência de ocorrência, a gravidade e a classificação do risco. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 60
  • 61. 61 RISCOS ELÉTRICOS A APR permite uma ordenação qualitativa dos cenários de acidentes encontrados, facili- tando a proposição e a priorização de medidas para redução dos riscos da instalação, quando julgadas necessárias,além da avaliação da necessidade de aplicação de técnicas complementares de análise. RISCO MEDIDAS DE CONTROLE INSPEÇÕES IRRELEVANTE MANUTENÇÃO CORRETIVA PROGRAMADA DENTRO DA PREVENTIVA BAIXO MANUTENÇÃO CORRETIVA MELHORIAS NO EQUIPAMENTO MÉDIO SUBSTITUIÇÃO DO EQUIPAMENTO REDUÇÃO DA PERIODICIDADE DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS (perfil da mão-de-obra, nível de segurança, treinamento) ALTO PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO PROCEDIMENTOS PARA EMERGÊNCIA riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 61
  • 62. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 62 Na página anterior são apresentadas tabelas associadas a uma análise feita em equipa- mentos eletromecânicos instalados em vias férreas onde um descarilhamento pode pro- vocarmorteseprejuízosdegrandemonta.Associadasaosriscos,foramdefinidasmedidas de controle genéricas que, quando elaboradas, passam a atender aos aspectos de segu- rança dos equipamentos e dos mantenedores. A metodologia adotada nas Análises Preliminares de Riscos compreende a execução das seguintes tarefas: a) definição dos objetivos e do escopo da análise; b) definição das fronteiras das instalações analisadas; c) coleta de informações sobre a região, as instalações, as substâncias perigosas envolvidas e os processos; d) subdivisão da instalação em módulos de análise; e) realização da APR propriamente dita (preenchimento da planilha); f ) elaboração das estatísticas dos cenários identificados por categorias de freqüência e de severidade; g) análise dos resultados, elaboração de recomendações e preparação do relatório. As principais informações requeridas para a realização de uma APR são as seguintes: » sobre as instalações: especificações técnicas de projeto, especificações de equipamentos, lay-out das instalações e descrição dos principais sistemas de proteção e segurança; » sobre os processos: descrição dos processos envolvidos; e » sobre as substâncias: características e propriedades físicas e químicas. Para simplificar a realização da análise,as instalações estudadas são divididas em “módu- los de análise”, os quais podem ser: unidades completas, locais de serviço elétrico, partes de locais de serviço elétrico ou partes específicas das instalações, tais como subestações, painéis, etc. A divisão das instalações é feita com base em critérios de funcionalidade, complexidade e proximidade física. A realização da análise propriamente dita é feita através do preenchimento de uma planilha de APR para cada módulo de análise da instalação. A planilha utilizada nesta APR, mostrada a seguir, contém 8 colunas, as quais devem ser preenchidas conforme a descrição apresentada a seguir. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 62
  • 63. 63 RISCOS ELÉTRICOS 1ª coluna: Operações Esta coluna deve descrever, sucintamente, as diversas etapas da atividade/operação. 2ª coluna: Risco Esta coluna deve conter os riscos/perigos identificados para o módulo de análise em estudo.De uma forma geral, os riscos/perigos são eventos acidentais que têm potencial para causar danos às instalações, aos trabalhadores, ao público ou ao meio ambiente. 3ª coluna: Modos de detecção Os modos disponíveis na instalação para a detecção do risco/perigo identificado na segunda coluna devem ser relacionados nesta coluna. A detecção da ocorrência do risco/perigo tanto pode ser realizada através da instrumentação (alarmes de pressão, de temperatura, etc.) como através da percepção humana (visual, odor, etc.). 4ª coluna: Efeitos Os possíveis efeitos danosos de cada risco/perigo identificado devem ser listados nesta coluna. 5ª coluna: Freqüência do risco 6ª coluna: Conseqüência (gravidade) do risco 7ª coluna: Classificação do Risco 8ª coluna: Recomendações/observações Esta coluna deve conter as recomendações de medidas mitigadoras de risco propostas pela equipe de realização da APR ou quaisquer observações pertinentes ao cenário de acidente em estudo. Ela deve conter também as medidas de emergência quando necessárias. A seguir apresentamos uma planilha de APR para uma tarefa realizada por mantenedo- res da área elétrica. Nas colunas 5ª, 6ª e 7ª, foram lançadas as categorias de freqüência, gravidade e a classificação dos riscos conforme as tabelas apresentadas anteriormente. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 63
  • 64. CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 64 N Uma planilha de APR, em branco, foi deixada neste MDI para poder servir para aplicações práticas em sala de aula ou no campo. riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:02 64