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Revista Novos
Reformadores
31 de Outubro de 2012 | 1º Edição – Distribuição Gratuita
Por Avivamento e Uma Nova Reforma:
Resgatando os Cincos Solas da Fé
Comemorativa aos 495 anos da Reforma Protestante
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Projeto Novos Reformadores
Revista
Novos
Reformadores
José Eduardo
Por Avivamento e Uma Nova Reforma:
Resgatando os Cincos Solas da Fé
Sumário
1. Editorial
Boas vindas e
Um chamado a reforma
Pg. 3
2. Por Quem sou Reformado?
Uma leitura da busca
por uma nova reforma
na igreja no século 21
pg. 4
3. Filipe Melanchthon
Sua história nos inspira
a buscarmos com urgência
uma reforma hoje
pg. 8
4. Como Fazer Uma Verdadeira Apologética Cristã?
Buscando fazer uma
apologética cristã
nos moldes da Palavra de Deus
pg. 8
5. OS CINCO SOLAS NA VIDA DO CRISTÃO
Revigorando entre nós
Os Solas da Reforma
Pg. 10
Textos Históricos
6. Apascentando Ovelhas Ou Entretendo Bodes?
Pg. 14
7. O que Fazer Quando Não Há Uma Igreja Fiel Onde Vives?
Pg. 15
8. Da Verdadeira Igreja Com a Qual Se Nos Impõe Cultivar
a Unidade Porquanto é a Mãe de Todos Os Piedosos
Pg. 18
Idealização: Elenice Rabelo
Capa: José Eduardo
Diagramação: José Eduardo
Coloboradores:
José Eduardo
Bispo Josep Rosselo
Denis Monteiro
Elenice Rabelo
Gustavo Silveira
....................
....................
....................
....................
....................
..........................
..........................
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Projeto Novos Reformadores
Revista
Novos
Reformadores
José Eduardo
Por Avivamento e Uma Nova Reforma:
Resgatando os Cincos Solas da Fé
EDITORIAL
É com muita alegria que todos nós que fazemos a equipe do
PROJETO NOVOS REFORMADORES CRISTÃOS publicamos online
e gratuitamente nesse mês de outubro o lançamento da
Revista do Projeto em comemoração aos 495 anos da Reforma
Protestante. Onde você poderá ler artigos edificantes dos
nossos colaboradores. E finalizar com a leitura de textos dos
Reformadores Calvino e John Knox e sem deixar de fora é claro
o Príncipe dos Pregadores Charles Spurgeon.
Esperamos que você seja edificado em Cristo e cresça no
conhecimento da graça de Deus. A Reforma não deve ser
lembrada de forma teórica na sua vida. Ela deve ser vivenciada
em sua prática diária como cristãos praticantes das Sagradas
Escrituras e que vivem para glorificar a Deus como os
Reformadores fizeram.
Eles deram suas vidas em defesa das doutrinas da graça de
Deus!
Façamos o mesmo na luta por uma Nova Reforma na Igreja dos
nossos dias.
Ao Senhor somente a Glória!
Elenice Rabelo Costa
Editora no Projeto Novos Reformadores
novosreformadorescristaos.blogspot.com
31 de Outubro de 2012.
4
A palavra reformado está sendo muito usada hoje entre
muitos cristãos jovens, e não tenho bem certeza se ela
tem uma real clareza entre muitos. Será que ler as
Confissões, Declarações, Artigos de Fé, Catecismos e
abraçá-los define um reformado? Conversando com
muitos cristãos nas redes sociais, nas comunidades do
Facebook que abordam o tema Reforma cheguei a
conclusão de que as aplicações históricas dos símbolos
de fé são diferentes se comparando hoje. Por exemplo,
na sua grande maioria, as confissões foram elaboradas
sob alguns pilares do seu tempo. Os 39 Artigos de Fé da
Igreja Anglicana, As Confissões de Westminster, Savoy e
Londrinas de 1644 e 1689, Belga, Escocesas, tinham
artigos ou capítulos que firmavam a igreja numa
definição clara entre ela e os magistrados civis e a igreja
com seu corpo governante interno independente do
estado. Levando em conta que a Reforma Protestante
tomou forma no absolutismo não só eclesiástico, mas
no tocante a Igreja/Estado, as definições de separação
eram proeminentes e relevantes. Ou seja, as confissões
existiam para firmar a característica da igreja em seu
tempo. Então, alguns pontos que definiam um
reformado no passado nem sempre vão definir ele hoje.
Mas afinal, o que envolve uma reforma? Somos
reformados por que(m)? Lutero nos ajuda sintetizar isto
– “Não fiz nada: A Palavra fez e realizou tudo”. Isto me
faz pensar que Sola Scriptura é um sentimento de
reforma e não um manifesto ou movimento anárquico.
Tenho que ressaltar dois relatos Bíblicos que nos
remetem a esta mesma reforma. Josias retoma a
instrução do povo pelo Livro da Lei (2Cr.34) e o eunuco
que no caminho lia Isaias e moveu de interesse de
aprender (At.8:30-31). Ambas as histórias relatadas têm
como pano de fundo a Palavra de Deus. Enquanto Josias
viveu o povo pode usufruir dos ensinamentos de Deus
de forma permanente e mesmo quando esteve no
cativeiro da Babilônia por causa dos seus pecados foi
pela boca de homens fieis a esta Palavra, que
conservaram e mantiveram a Palavra atual que o
eunuco em Atos 8 leu Isaias e ali se fartou do
conhecimento de Cristo.
A genuinidade da Reforma do século XVI estava não nas
suas confissões que para nós são documentos
importantes e que nos ajudam a compreender as
Escrituras. Mas antes delas, homens como Wycliffe e
Tyndale, que nós abraçamos como pré-reformadores
foram inflamados pelas verdades Bíblicas num tempo
de obscuridade teológica.
José Eduardo é membro da Igreja Batista Central de
Bangu, no Rio de Janeiro onde trabalha na área de
Educação Cristã com novos na fé. É também é
escritor de artigos em seu blog pessoal e no blog do
Projeto Novos Reformadores.
Seu Blog: novasdoevangelho.blogspot.com/
Por Quem Sou Reformado?
Por José Eduardo
5
Projeto Novos Reformadores
Quando Melanchthon nasceu o grande reformador
Martinho Lutero tinha 14 anos de idade, viveu 14 anos
amais que Lutero, peça importante na perpetuação do
pensamento Luterano, não foi apenas o mais notável
discípulo e colaborador de Martinho Lutero, mas
também criou um viés da Teologia da reforma
protestante. Foi ele quem construiu os alicerces para a
educação superior na igreja Protestante, não apenas no
campo da Teologia, mas também nas disciplinas
filosóficas. Com vinte e um anos de idade tornou-se
professor de grego na universidade de Witenberga,
influenciado por Lutero deu total apoio a reforma
protestante. Embora se dedicasse cada vez mais aos
seus estudos teológicos, não deixou de lado os seus
estudos humanísticos.
Quando da morte de Martinho Lutero, Melanchthon
tornou-se o líder mais destacado da reforma na
Alemanha. É digno de nota dizer mais uma vez que
quando em vida (Lutero) teve em Filipe Melanchthon o
seu mais dedicado discípulo. Por alguns motivos, que
abordaremos logo adiante, Melanchthon começou a
tornar-se uma figura controvertida em alguns círculos
Luteranos.
Obras Literárias]_________
Teológicas:
Locci communes; um dos livros mais interessantes de
Melanchthon em termos de reforma foi o primeiro
tratado sobre a dogmática. Muito elogiado pelo
reformador Martinho Lutero foi publicado pela primeira
vez em 1521. Outras edições foram lançadas mais tarde
nos anos 1535 e 1543. Observou-se que na terceira
edição o autor muito pormenorizou, e sua opinião,
sobre diversos assuntos, havia sido alterada.
A confissão de Augsburgo; praticamente foi escrita por
Melanchthon, bem como a sua apologia. Também
escreveu sobre o tratado e o poder do Primado do papa.
Filosóficas:
Philosophia moralis (ética filosófica); De Anima
(Psicologia). Como já supracitamos, Melanchthon não
se restringiu aos estudos e escritos teológicos, mas
também articulou no campo da Filosofia e Psicologia.
Por sua intelectualidade e seus escritos ele foi de
significado importantíssimo para todo o campo da
educação universitária nos meios protestantes.
Melanchthon = Lutero ou Melanchthon X Lutero
Umas das dúvidas da pesquisa antiga e até mesmo da
pesquisa moderna é sobre qual seria verdadeiramente
o posicionamento de Melanchthon com relação a
Teologia reformada de Lutera. Seria ele um verdadeiro
apoiador consciencioso do pensamento Luterano ou
teria ele acrescido e/ou retirado sobre a Teologia de
Martinho Lutero? Encontramos apologia para as duas
interpretações. Porém encontramos em Melanchthon,
diferentemente de Lutero, um pacificador,
harmonizador. Felipe Melanchthon não era um
papagaio repetidor pura e simplesmente, como
estudioso e pensador não concordou em tudo com
Lutero. Modificou alguns aspectos da posição Luterana
em diversos assuntos, mesmo que para isso teve que
voltar atrás em sua própria opinião por várias vezes, ou
seja, em um primeiro momento ele fecha com Martinho
Lutero em determinado ponto ou assunto, mas com o
passar do tempo acaba por refazendo o seu ponto de
visto e divergindo da opinião original. Mas isso não fez
dele um opositor de forma alguma, pelo contrário seu
apoio a reforma foi extremamente de forma ativa.
Filipe Melanchthon (1497 – 1560)
Por Gustavo Silveira
6
Projeto Novos Reformadores
Uma parceria que deu certo]____
Encontramos na personalidade de Melanchthon traços
de uma pessoa pragmática, sistemática e metódica.
Diferentemente de Lutero que era muito mais solto e
espontâneo. Lutero aparece na reforma no palco e no
centro dos debates e das discussões, tal como um
profeta indignado com as injustiças, aberrações e
idiossincrasias ele combatia verbal e ferozmente
aqueles que estavam no controle das ações da igreja.
Melanchthon por sua vez, demonstra estar nos
bastidores, pensando as ações, calculando,
sistematizando a Teologia reformada mostrando um
pensamento lógico organizado. Não que Lutero não o
tivesse, mas observamos que ao contrário de Martinho
Lutero, Felipe Melanchthon era
muito mais professor do que
profeta. Sem a contribuição de
Melanchthon a reforma não teria
tido a solidez e amplitude que
alcançou.
Já dissemos que o ensino superior
protestante muito deve a ele, ele
lançou as bases para a combinação
de Teologia com a educação
cientifica que caracterizou as igrejas
estatais Luteranas e universidades
nos tempos idos.
Divergências]____________
Livre arbítrio:
Lutero defendera que o homem não mais o possuía,
com a queda, em Adão, ele foi perdido. Se agora o
homem era pecador, cem por cento corrompido, ele
tinha não mais um “livre arbítrio”, mas sim, “servo
arbítrio”. A soteriologia interpretada por Lutero e
apoiada (inicialmente) por Melanchthon dava conta de
que a salvação é inteiramente monergica, ou seja, era
por Deus, por meio de Deus e para Deus. O Homem
nada fazia para ser salvo, todos os seus esforços eram
inúteis para ser justificado diante de Deus. De início
Melanchthon concordava com Martinho Lutero, mas
como era de sua índole desenvolver o pensamento e
nunca estagnar, logo, ele acabara divergindo nesse
ponto.
Deixemos claro aqui que até aquele presente momento
anterior à reforma protestante a doutrina soteriológica
da igreja Romana era a pelagiana (e ainda é), isto é a
salvação é desenvolvida (conquistada) mediante as
boas obras e posterior o absurdo das indulgências
(compra de terreno no céu).
A discordância de Melanchthon tomou verdadeiro
corpo no Loci publicado em 1548, primeira edição
publicada a pós a morte de Lutero.
Não podemos dizer que Melanchthon tornou-se um
sinergista, ele reconhecia que a palavra e atuação do
Espírito Santo agiam primeiramente sobre o homem
fazendo com que a sua vontade estivesse quase que em
estado de êxtase.
Ele redefine Livre arbítrio passa a
chama-lo de “capacidade de dirigir-
se a graça” (facultas applicandi se
ad gratiam)
Predestinação:
Felipe Melanchthon diverge da
predestinação afirmada por Lutero.
Segundo ele, Deus elege o homem
para a salvação e realiza a sua obra
de salvação segundo o seu decreto
eterno. Mas isso não pode significar que Deus tenha
predeterminado a destruição dos maus. Pois em tal
caso ele apareceria como sendo a causa do mau o que
não condiz com a sua natureza por tanto, segundo
Felipe Melanchthon a razão por que um é escolhido e o
outro é condenado, deve residir no homem.
Conclusão]________________
A ortodoxia luterana rejeitou Melanchthon e se opôs a
ele especialmente nos pontos em que se desviara de
Lutero. Esta oposição foi expressa mesmo enquanto
Melanchthon ainda vivia. Seu posicionamento com
relação a tradição e escritura era o seguinte:
Melanchthon entendia que a tradição não tinha o valor
das escrituras, mas que por meio dela as verdades
originais haviam sido passadas para as gerações
seguintes e assim deveria continuar a ser.
Melanchthon propõe alguns
pressupostos que o fizeram repensar a
questão do “servo arbítrio”. O viés
Psicológico foi um deles, sendo o
homem um ser individual á necessário
levar em conta a sua vontade no
quesito salvação. O fenômeno volitivo
era de suma importância na salvação
segundo Felipe Melanchthon.
7
Projeto Novos Reformadores
Batendo mais uma vez de frente com o pensamento de
Martinho Lutero (sola scriptura) deu origem a várias
divergências naqueles que deram continuidade, por
serem seus discípulos, aos debates e prosseguimentos
teológicos, a saber; os filipistas e os chamados de
“gnésio-Luteranos”
Gustavo Silveira da Silva é membro Assembleia de
Deus de Canoas-RS, onde é também Presbítero. É
filho único, tem 27 anos e é casado com Jacqueline
da Silva
Seu Blog: cetroreal.wordpress.com/
8
Projeto Novos Reformadores
Introdução]_______________
Em meio séc. XXI as heresias não se afastaram e não se
afastarão da Igreja do Senhor até que Ele volte. Mesmo
que essas heresias estejam dentro da Igreja por
permissão de Deus, como disse Paulo: “importa que
haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se
manifestem entre vós.” (1 Co 11.19), e em outro lugar
também diz: “Porque há certos homens que
introduziram furtivamente, que já antes estavam
ordenados para esta condenação, homens ímpios,
transformando a graça de nosso Deus em libertinagem
e negando o único Senhor Deus e nosso Senhor Jesus
Cristo.” (Judas 1.4 - VKJ). Como disse Calvino em sua
exposição da epístola de Judas: “Embora Satanás sendo
um inimigo para o divino, e não cessa de nos
atormentar, Judas lembra aqueles a quem ele estava
escrevendo do estado das coisas naquele tempo.
Satanás agora, diz ele, atacas e assedia vocês de uma
maneira peculiar, pelo que é necessário pegar em armas
para resistir a ele.”. O intimo de nossas almas não
brinca, e a cada dia surge uma nova heresia que leva os
evangélicos cada vez mais longe do Evangelho simple e
puro. Por isso que devemos estar preparados para
responder sobre a razão da nossa fé, responder
“diligentimente”, como disse Judas.
Ser Cristão]_______________
Para se fazer uma verdadeira apologética cristã.
Primeiro temos que fazer jus ao termo “cristão”.
Cristão: É todo indivíduo que adere ao Cristianismo,
uma religião monoteísta centrada na vida e nos
ensinamentos de Jesus Cristo. Logo, teremos que dar
mais atenção ao que o apóstolo Pedro nos diz. Vejamos:
Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração.
Estejam sempre preparados para responder a qualquer
que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.
1 Pedro 3:15. A recomendação de Pedro é honrar Cristo
como santo em nossos corações para responder sobre a
razão da nossa fé. Veja o que Calvino diz sobre
“responder”:
Mas deve ser notado, que Pedro aqui não nos ordena
estar preparados para resolver qualquer questão que
possa ser discutida, pois não é o dever de todos para
falar sobre todos os assuntos. Mas é a doutrina geral
que se destina, que pertence ao ignorante e
simples. Então Pedro tinha em vista nenhuma outra
coisa, do que os cristãos devem tornar evidente aos
incrédulos que eles realmente adoravam a Deus, e
tinham uma religião santa e boa.
Primeiro, para ser um apologéta cristão ele terá que
honrar o Cristo do cristianismo que a Palavra de Deus
nos mostra. Um apologéta, antes de mais nada, ele
dever sempre orar e meditar na Santa Palavra de Deus.
Para que sua defesa seja para a glória de Deus, e não
apenas, para mostrar o seu conhecimento.
John Frame define assim:
“Para Pedro, a apologética não é uma exceção do
abrangente compromisso com o senhorio de Cristo. Ao
contrário, a situação apologética é uma em que temos
de santificar “a Cristo, como Senhor” no “coração” para
falar e viver de maneira que exalte seu senhorio e
encoraje outros a fazer o mesmo.”
Significado]_______________
Apologética: Parte da teologia que tem por objeto a
defesa da religião cristã, contra o ataque e objeções de
seus adversários .Apologética não consiste apenas em
defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou
Como Fazer Uma Verdadeira Apologética Cristã?
Por Denis Monteiro
9
Projeto Novos Reformadores
servir como um instrumento indispensável para esta
anunciação.
Definições]_______________
Apologética como prova: é apresentar uma base
racional para a nossa fé e provar que o cristianismo é
verdadeiro. Jesus e os apóstolos sempre se depararam
com pessoas com dificuldades de crer no evangelho
verdadeiro (Jo 14.11; 20.24-31; 1Co 15.1-11). A
apologética se torna útil, quando há duvidas, como
muitos de nós temos e já tivemos mesmo à parte do
seu papel no diálogo com os descrentes.
Apologética como defesa: é responder as objeções
feitas por descrentes. É assim que Paulo descreve sua
missão “... defesa e confirmação do evangelho” (Fp 1.6;
cf, v.16). Alguns escritos de Paulo no Novo Testamento
são de caráter apologético, como, as objeções
respondidas a alguém imaginário ou reais. Observe
como Jesus lida com as objeções de lideres religiosos no
Evangelho de João.
Apologética como ofensiva: é atacar a estultícia do
pensamento descrente (Sl 14.1; 1 Co 1.18-2.16). Como
diz John Frame “Deus chama seu povo não apenas para
responder às indagações de descrentes, mas para
atacar a falsidade.” O pensamento não cristão é
“estulto”, segundo a Escritura (1 Co 1.18-2.16; 3.18-23),
e uma das funções da apologética é a de expor tal
estultícia como aquilo que ela realmente é.
A mensagem do apologeta]_
Neste tópico não abordarei, tão somente, a questão de
mensagem com uma perspectiva filosófica ou
metafísica, mas em uma perspectiva da proclamação
das Boas Novas e a importância da apologética no
evangelismo.
A apologética a cada dia se torna mais necessária para a
proclamação da Palavra de Deus. Instrumento
indispensável para esta anunciação. Apologética não
consiste apenas em defender a fé cristã, mas também
em anunciá-la ou servir como um instrumento
indispensável para esta anunciação. A apologética sem
o evangelismo é praticamente vã e o evangelismo sem a
apologética se torna cada vez mais ineficaz.
Hoje o homem moderno vive em um mundo o qual a
sua mensagem principal é o relativismo. A pós
modernidade ela nega qualquer existência de verdade
universal e questiona toda cosmovisão. Este
pensamento conduz necessariamente ao relativismo,
pois reduz a moral, e pensando assim existe uma
relativização do certo e errado. O homem é reduzido a
um ser impessoal e suas atitudes não são
essencialmente certas ou erradas, mas indicam sua
necessidade de sobrevivência. Como evangelizar uma
pessoa assim?
É aqui que entra em cena a apologética. Uma
mensagem simples do evangelho não surtirá tanto
efeito. Porque a mente pós moderna hoje está tomada
pelo o relativismo, sendo que, se esta pessoa não sabe
discernir entre o certo e o errado. Certamente não
aceitará ou acreditará que Cristo morreu para salvar os
pecadores.
Mas mostrar a essa pessoa que o cristianismo não é
somente uma alternativa às filosofias seculares ou a um
conjunto de padrões morais do que aqueles da
sociedade atual. A apologética deve fazer parte de todo
o processo evangelistico, e precisa contar com o auxilio
do Espirito Santo. O apologeta tem de estar sempre
pronto para apresentar o evangelho. Ele não pode ficar
tão preso no labirinto de argumentos, provas, defesas e
críticas que venha a negligenciar a entrega a entrega ao
incrédulo daquilo que ele mais necessita.
Denis Monteiro é membro Assembleia de Deus de
São Bernardo do Campo-SP, onde é também
Seminarista. Atualmente escreve artigos
apologéticos em seu blog pessoal
Seu Blog: superandoasheresias.blogspot.com
10
Projeto Novos Reformadores
Hoje, celebramos o começo de uma revolução que foi
chamada de Reforma Protestante. Um ato que tinha
acontecido com anterioridade, foi usado na providencia
de Deus para começar uma verdadeira reforma
espiritual na Igreja de Cristo na Europa no século 16.
Martinho Lutero colocava suas 95 Teses na porta da
Catedral, enquanto muitos estavam preocupados nas
suas tarefas diárias. Aquele ato não era novo, já que
assim era a costume da época, colocar panfletos e
notícias na porta da Catedral, mas Deus faz que aquele
ato simples ato transformara a história de Europa.
Aquela Reforma foi conhecida por cinco lemas que se
converteram em estandarte dos valores essenciais e
fundamentais da Reforma Protestante. Agora, quase
500 anos depois, será que estas cinco solas ainda são
relevantes par a vida cristã? Eu acredito que sim. Neste
artigo, a partir da Declaração de Cambridge, desejo
refletir de forma simples para que possamos interagir
com as cinco solas e refletir sobre como nos
relacionamos com estes Standards cristãos.
1. SOLA SCRIPTURA] Somente
Escritura_________________
Sola Scriptura afirma a Bíblia ser sem erro em todas as
questões pertencente a fé e a vida, a única fonte da
revelação divina escrita, que só ela pode atar a
consciência. Assim, a Bíblia somente ensina todo o que
é necessário para nossa salvação e é a norma pela qual
todo o comportamento cristão deve ser medido.
Mas, será que é assim nas nossas vidas?
A maioria dos cristãos afirmam tal Sola, contudo
vivemos tal verdade no dia a dia. Eu acredito que não.
Acredito que tentamos interpretar, aplicar e entender
as Escrituras aos nossos próprios olhos e formas de
pensar. Assim, interpretações individuais e pessoais
tomam primazia sobre a simplicidade do significado do
texto e as verdades eternas das mesmas.
A Bíblia tem sido convertida em um instrumento
acadêmico, em vez de receber como o que Ela é “a
Palavra de Deus escrita e revelada.” Nossas vidas
precisam seguir e ser formadas através do ensino da
mesma, assim poderá ter a certeza de que seremos
sempre desafiados e encontraremos áreas que ainda
precisam da verdade do evangelho e do
arrependimento.
Quando foi a última vez que foi convicto ao ler as
Escrituras? Quando foi a última vez que as Escrituras
desafiaram a mudar um entendimento? Qual é sua
reação quando ler um texto que não concorda com sua
forma de pensar ou agir? Tem permitido ao Espírito
Santo falar na sua vida através das Escrituras?
Estas e muitas outras perguntas nós ajudaram a
perceber, se realmente acreditamos na Sola Scriptura,
ou se falamos com nossos lábios, mas desobedecemos
no nosso coração. A forma mais fácil de saber,
simplesmente é parar para pensar quando foi a última
vez que você leu somente as Escrituras. Não um livro
sobre as Escrituras, não um comentário bíblico, não um
livro de Teologia, todos estes são bons e importantes,
mas nunca podem tomar o lugar da leitura diária das
Escrituras e o estudo da Bíblia de forma constante.
Se você me fala que acredita nas Escrituras, então peço
que fale menos e leia mais as mesmas.
Os Cinco Solas Na Vida Do Cristão
Por Bispo Josep Rossello
11
Pedro diz, “Senhor, para quem iremos? Tu tens as
palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu
és o Santo de Deus” (João 6.68-69).
2. SOLUS CHRISTUS] Somente
Cristo____________________
Solus Christus afirma que nossa salvação é cumprida
pela obra de Cristo somente, nosso Mediador. Sua
natureza divina, vida sem pecado e morte substitutiva
são suficientes para nossa justificação e reconciliação
com o Pai.
Mas, será que é assim nas nossas vidas?
Possivelmente, todos os cristãos afirmam que esta é a
grande verdade pela qual a Igreja se mantém de pé ou
cai, como falava Martinho Lutero. Com certeza, falamos
que acreditamos na importância do exemplo, ensino e
obra de Cristo, contudo nossas vidas não parecem
mostrar o Senhorio de Cristo, porque vivemos,
pensamos e atuamos sem ser renovados pela Palavra
viva. Seguimos atuando, como se fossemos homens
deste mundo que ainda não tem conhecido a Deus.
Permita que coloque esta ideia em perguntas de novo.
Realmente, acreditamos que Cristo somente é todo o
que precisamos? Ou precisamos outras coisas
(namorada, emprego, identidade, fama, dinheiro)?
Onde está nosso auxilio e nossa salvação?
Estamos felizes, porque Cristo vive em nós e estamos
em Cristo. Já parou e percebeu as inumeráveis vezes
que aparece o termo “em Cristo” no Novo Testamento?
Você já sabe quem é em Cristo e os benefícios que você
recebeu e foram imputados na sua vida? Então, como
pode ser que os cristãos continuem preocupados com
questões superficiais que os impedem de buscar
primeiro o Reino de Deus?
Possivelmente, isto se observe com maior claridade
quando nos enfrentamos diante de dificuldades e
problemas. Em outras palavras, onde você vai em busca
de auxilio e socorro?
O Salmista escreveu, “Somente em Deus a minha alma
descansa, dele vem a minha salvação. Só ele é minha
rocha e minha salvação; ele é minha fortaleza; não serei
muito abalado” (Salmos 62.1-2)
3. SOLA GRATIA] Somente
Graça____________________
Sola Gratia afirma que, na salvação, somos resgatados
das consequências de nossa rebelião somente pela
graça de Deus. Isto é a obra do Espírito Santo que nos
leva a Cristo, superando os efeitos da queda, libertando
das ataduras do pecado, e nos levantado da morte
espiritual a vida espiritual.
Mas, será que é assim nas nossas vidas?
Por um lado, existe a tendência de fazer referencias
frequentes a graça de Deus desde uma perspectiva
humanista, apresentando uma graça que é uma
desgraça. Sendo que parece que o motivo pelo qual
veio Cristo foi para salvar da injustiça e a pobreza. Não
são poucos os cristãos que caem nessa. Evidentemente,
os mandamentos da lei de Deus são a favor da justiça e
o amor a Deus e ao próximo, mas a graça confronta
nossa inabilidade de ser salvos do pecado, de satanás e
da nossa natureza corrompida.
Por outro lado, em não poucos debates, parece que
nossa salvação esteja determinada pelo que
acreditamos, e não somente pela graça de Deus.
Evidentemente, a sã doutrina é importante, já que está
deve definir como vivemos e por quem vivemos.
Contudo, será que não colocamos outras coisas além da
morte de Cristo e a graça de Deus como necessárias
para nossa justificação?
Será que acreditamos na graça de Deus somente?
Quando foi a última vez que pregou o Evangelho para
uma pessoa que não conhece a Cristo? Quando foi a
última vez que faz que o Espírito Santo usasse você
como um embaixador do Reino de Deus? Será que
permitimos que a graça de Deus controle todas as áreas
da nossa vida e sejamos assim santos como Cristo é
santo? Ou temos feito do evangelho uma agenda
12
política de esquerdas ou direitas? Somos capazes de
amar os irmãos em Cristo pelo que temos em comum e
não pelo que acreditamos em comum?
A graça tem sido barateada quando não está conectada
ao arrependimento sincero e a fé salvadora.
Pedro escreveu, “E o Deus de toda graça, que em Cristo
vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes
sofrido um pouco, ele mesmo vos haverá de reabilitar,
confirmar, fortalecer e alicerçar” (1 Pedro 5.10).
4. SOLA FIDE] Somente fé____
Sola Fide afirma que a justificação é pela graça somente
através da fé somente, porque Cristo somente. Na
justificação, a justiça de Cristo nos é imputada, como a
única satisfação perfeita da justiça perfeita de Deus.
Mas, será que é assim nas nossas vidas?
Muitos pensam que se tem fé poderão receber todo o
que querem, sem importar se isto alimente a nossa
carne e ego, ou seja para a expansão do Reino e a glória
de Deus. A fé se compra e se vende sem nenhum medo
ou temor santo. A cruz não tem já nenhum valor, e o
sacrifício de Cristo tem sido esquecido. A salvação
somente é válida, se abre a porta para aquilo que
desejamos. Infelizmente, assim tem sido conosco
também, porque quantas vezes temos permitido que
nossas emoções e circunstancias definam nossa fé?
Será que estas não tomam o lugar da fé?
Deus nos convida a uma vida de fé em Cristo, porque
nos resgatou pela fé. Não permitamos que nossos
antigos caminhos definam tal fé, em base do que
podamos ter ou receber. Em vez disso, estejamos
dispostos a abandonar a segurança da vida presente, e
os confortes atuais, para encontrar a fé salvadora.
Assim, em Cristo, sejamos transformados para ser mais,
como Cristo. E temos esquecido o passado e os desejos
deste mundo, encontremos a fé que move montanhas,
e transforma nações, sendo esta fé afiançada em Cristo,
por Cristo e para Cristo.
Estejamos forte sobre a roca da nossa salvação, e firmes
na fé que temos recebido para que os ventos de novas
doutrinas, de emoções infantis e circunstancias
temporais não nos levem longe daquele a quem
pertencemos.
A CRUZ seja nossa mensagem, mas também nosso
estilo de vida e nossa alegria. Não somente celebramos
a Cruz pelo que faz por nós, também celebramos a Cruz
pelo que fez pelo mundo. A fé nos abre a porta para
acreditar na vitória do Reino e a esperança certa do
evangelho de Cristo para esta geração. Você vive com
estas verdades presentes definindo suas ações? Ou
permite que as ações definam suas verdades?
Experimenta a alegria da fé salvadora qualquer que
sejam as circunstancias? Onde se encontra sua Cruz?
Estas perguntas, e outras, ajudaram a descobrir se está
vivendo esta verdade na sua vida.
Paulo escreveu, “Porque não me envergonho do
evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do
grego. Pois a justiça de Deus se revela no evangelho, de
fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé”
(Romanos 1.16-17).
5. SOLI DEO GLORIA] Somente
a glória a Deus____________
Soli Deo Gloria afirma que, porque a salvação é de Deus
e tem sido cumprida por Deus, nossa adoração deve
glorificar Ele em todos os tempos. Devemos viver nossa
vida plena diante a face de Deus, sob a autoridade de
Deus e somente para Sua glória.
Mas, será que é assim nas nossas vidas?
Muitos falam que glorificam a Deus, mas estão mais
preocupados com suas agendas políticas, teológicas ou
pessoais tenham preeminência sobre o Reino de Deus.
Alguns desejam ser politicamente corretos, enquanto
outros esquecem o amor de Deus. Por um lado,
13
encontramos legalistas, enquanto pelo outro
encontramos libertinos. Alguns esperam uns poucos ser
os eleitos que serão aqueles que concordam só com
eles, enquanto outros aceitam qualquer um entre os
eleitos, sem importar a fé que professam.
Somos chamados a glorificar a Deus na nossa vida, mas
será que realmente desejamos fazer isso.
No culto, estamos mais preocupados em louvar e
glorificar a Deus Trino por quem Ele é, ou pela musica
que usamos (já seja hinos, salmos ou música gospel)?
Será que enfatizamos uma parte do culto sobre o fato
que este é para Deus? Será que somos adoradores de
Deus ou adoradores da adoração ou o sermão?
Contudo, ainda que tenhamos sido criados para adorar
a Deus, também devemos glorificar a Deus em outras
áreas e escolhas. Então, como você usa suas finanças? E
Paulo escreveu, “Por isso, Deus também o exaltou com
soberania e lhe deu o nome que está acima de qualquer
outro nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o
Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.9-11).
Sempre tenhamos presentes os 5 Solas da Reforma
Protestante, porque elas mostraram com grande
facilidade quando estamos desviando do caminho de
retidão para as sendas da perdição.
Para fundamentar-se na simples verdade que Deus
reina, e devemos viver para cada palavra, cada ação,
cada pensamento e cada momento seja para que Ele
seja glorificado entre todas as nações, povos, línguas e
pessoas.
Glorificar a Deus significa que nossa prioridade e maior
preocupação é que o nome de Deus seja exaltado entre
as nações, por isso toda nossa existência muda de foco
Isto somente é possível, se cada aspecto na existência
humana (individual, familial, comunitária e do estado)
segue os ensinos de Cristo e os mandamentos da lei de
Deus. Por isso, devemos ser cuidadosos que cada um
dos cinco solas sejam muito mais que uns simples lemas
que repetimos constantemente, para ser cinco
princípios a partir dos quais formamos e moldamos
nossa vida.
o seu tempo? Quais são suas prioridades no dia a dia?
Toma o tempo para agradecer a Deus pelos muitos
benefícios que Ele dá na sua vida? Tenta
constantemente obedecer a lei de Deus e os ensinos de
Cristo?
Editado e revisado por Elenice Rabelo Costa.
Bispo Josep Rossello é articulista, autor, plantador
de Igrejas e palestrante. É também pastor da Igreja
Abadia Re.Novo em Pindamonhangaba, São Paulo,
Presidente-Moderador da Igreja Anglicana
Reformada do Brasil e Bispo Advogado de NAMS
para América Latina. Fundador da Escola Anglicana
de Teologia.
Seu Blog: cafecomobispo.blogspot.com.br
14
Um mal está no declarado campo do Senhor, tão
grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope
dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos
anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal,
mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até
que toda a massa levede. O demônio raramente fez
algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de
sua missão é prover entretenimento para as pessoas,
com vistas a ganhá-las.
Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a
Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e
então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em
seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora
as adotou sob o argumento de atingir as massas.
Meu primeiro argumento é que prover entretenimento
para as pessoas não está dito em parte nenhuma das
Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é
um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide
por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura."
(Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim
teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem
divertimento para aqueles que não tem prazer no
evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são
encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido.
Então novamente, "E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a
obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os
animadores? O Espírito Santo silencia no que diz
respeito a eles. Foram os profetas
perseguidos porque divertiram o povo ou porque o
rejeitaram? Em concerto musical não há lista de
mártires.
Além disto, prover divertimento está em direto
antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos
os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao
mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce
açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir.
Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos
sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma
tremenda seriedade.
Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos
agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular
quando O abandonaram por causa da natureza
inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra
atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós
teremos um estilo diferente de culto amanhã, um
pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós
teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes
que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós
devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma."
Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou
por eles, mas nunca procurou entretê-los.
Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar
qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A
mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se
afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que
se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada
confiança no evangelho e não empregavam outra arma.
Após Pedro e João terem sido presos por pregar o
evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas
eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que
através de um uso inteligente e perspicaz de inocente
recreação possamos mostrar a estas pessoas quão
felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo,
não tiveram tempo para arranjar entretenimentos.
Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares
Apascentando Ovelhas
Ou Entretendo Bodes?
Por C.H.Spurgeon
Tradução: Walter Andrade Campelo
15
pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de
cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença!
Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o
diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos
métodos apostólicos.
Finalmente, a missão de entretenimento falha em
realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre
os novos convertidos. Permita que os negligentes e
escarnecedores
que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado
no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que
os oprimidos que encontraram paz através de um
concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado
para quem o entretenimento dramático foi um elo no
processo de conversão, se levante! Ninguém irá
responder. A missão de entretenimento não produz
convertidos. A necessidade imediata para o ministério
dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à
verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra
como os frutos da raiz. A necessidade é de doutrina
bíblica, de tal forma entendida e sentida, que coloque
os homens em fogo.
Meus queridos Irmãos, não tanto para instruir-lhes
como para deixar-lhes algo do testemunho de meu
amor por vocês, tenho tido como algo bendito
comunicar-lhes meus humildes conselhos de como
quero que se conduzam em meio a esta geração
maligna e perversa, no tocante ao exercício da mais que
santíssima Palavra de Deus, sem a qual não se pode
aumentar o conhecimento, nem manifestar-se a
piedade, nem se pode perpetuar o fervor espiritual
entre vós. Porque como a Palavra de Deus é o princípio
da vida espiritual, sem a qual toda carne está morta na
presença de Deus, e como é lâmpada para os nossos
pés sem cujo resplendor toda a posteridade de Adão
caminha em trevas; e como é o fundamento da fé, sem
a qual nenhum homem pode compreender a boa
vontade de Deus, assim também é o único meio e
instrumento que Deus usa para fortalecer os fracos,
consolar aos afligidos, trazer misericórdia e
arrependimento para aqueles que se tem desviado, e
finalmente para preservar e guardar a própria vida na
alma contra toda investida e tentação.
Portanto, se quereis que vosso conhecimento cresça,
que vossa fé seja confirmada, que vossas consciências
sejam aquietadas e consoladas, ou que finalmente a
vida se preserve em vossa alma, vigiais para que vos
exerciteis frequentemente na lei do Senhor vosso Deus.
Não tenhais como pouco os preceitos que Moisés deu
aos Israelitas nestas palavras: “E estas palavras, que
hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a
teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por
frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos
umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Deut. 6.6-9). E
Moisés, em outro lugar, lhes mandou que “lembrassem
da lei do Senhor Deus, em cumpri-la para que lhes vá
bem a eles e seus filhos na terra que o Senhor seu Deus
lhes daria”. Dando a entender, que a frequência em
lembrar e repetir os preceitos de Deus é o meio pelo
qual o temor de Deus (que é o princípio de toda
sabedoria e prazer), se mantém vivo na mente; assim
O que Fazer Quando Não Há Uma Igreja Fiel Onde Vives?
Por John Knox
Tradução: Fábio Farias
16
como também a negligencia e o esquecimento dos
benefícios recebidos de Deus é o primeiro passo para
afastar-se de Deus.
Agora, se a Lei, a qual por causa de nossa fraqueza não
gera coisa alguma senão ira e enojo, foi tão eficaz (tanto
que era recordada e repetida para que fosse cumprida)
e trouxe ao povo uma bênção temporal, que diremos
pois que nos trará o glorioso Evangelho de Cristo Jesus
se for tratado com reverencia? Paulo lhe chama cheiro
de vida para aqueles que receberam vida, usando a
semelhança com ervas aromáticas ou unguentos
preciosos, cuja natureza é que quanto mais se passam,
enviam seu aroma mais agradável e deleitável; assim
também, amados irmãos, é o bendito Evangelho de
Jesus nosso Senhor. Porque quanto mais o expomos,
mais confortável e agradável é para aqueles que o
escutam, ou lêem, ou se exercitam nele. Não ignoro,
que como os israelitas se fatigaram do maná, porque
era o único alimento que viam e comiam diariamente,
assim também agora há alguns que depois de ler
algumas porções da Escritura, se voltam
completamente à escritores profanos ou escritos
humanos. Porque a variedade de assuntos que estes
contém trazem em si deleite diário. Por outro lado,
dentro das Escrituras de Deus que não tem muito
adorno humano em si, a repetição de uma coisa lhes é
fastidiosa e cansativa. Confesso que esta tentação pode
entrar nos próprios eleitos por um tempo, porém é
impossível que continue neles até o fim. Porque os
eleitos de Deus, além de outros sinais evidentes, tem
sempre este unido com os demais, que os eleitos de
Deus são chamados para fora da ignorância (falo dos
que já tem idade de compreensão) para gozar e sentir
algo da misericórdia de Deus, da qual nunca estão
satisfeitos nesta vida, senão que ocasionalmente tem
fome e sede para comer o pão que desce do céu e
beber a água que jorra para a vida eterna. O qual não
podem fazer senão pelo intermédio ou instrumento da
Fé, e a Fé sempre olha para a vontade de Deus revelada
pela Palavra, de maneira que a Fé tem tanto seu
princípio como sua continuação na Palavra de Deus. E
por isso digo que é impossível que os filhos escolhidos
de Deus possam depreciar ou rejeitar a palavra de sua
salvação por muito tempo, como tampouco possam,
fatigar-se dela no fim.
É algo comum que os eleitos de Deus sejam mantidos
em tal escravidão e servidão, de tal maneira que eles
não podem conseguir que se lhes dê o pão da vida,
como tampouco tem a liberdade para exercitar-se eles
próprios na Palavra de Deus. Contudo eles não se
fatigam, antes bem anelam com gozo o alimento de
suas almas, antes bem acusam sua negligência anterior,
antes bem lamentam a miserável aflição de seus
irmãos. E clamam e pedem em seus corações (e
também em público onde podem) que corra livremente
o Evangelho. Esta fome e esta sede confirmam que há
vida em suas almas. Porém se tais homens, que tendo a
liberdade para ler e exercitar a si mesmo nas Sagradas
Escrituras, começam a fatigar-se porque quase sempre
leem o mesmo, eu lhes pergunto, por que não se
cansam também de comer o pão diário? Por que não se
cansam de usar as demais criaturas de Deus que
mantém diariamente sua própria substância, curso e
natureza? Penso que responderão: “Pois tais criaturas
tem um poder [quantas vezes são usadas para matar a
fome e a sede e para infundir fôlego e força] para
preservar a vida.” Oh, miseráveis criaturas! Quem
atreve-se a atribuir-lhe mais poder e força a criaturas
corruptíveis em nutrir e preservar o corpo humano
mortal, que a Palavra eterna de Deus em nutrir a alma
que é imortal! Querer raciocinar com sua abominável
ingratidão não é agora meu propósito. Mas a vós,
queridos Irmãos, lhes compartilho meu conhecimento e
lhes abro minha consciência, que assim como tão
necessário é o uso da comida e da bebida para
preservar a vida física, e assim como tão necessário é o
calor e a luz do sol para dar vida a erva e para dissipar
as trevas; assim também é necessária para a vida eterna
e para a iluminação e luz da alma a meditação, o
exercício e o uso perpétuo da sagrada Palavra de Deus.
Portanto, queridos Irmãos, se anelam a vida vindoura,
por necessidade deveis exercitar a vós mesmos no Livro
do Senhor vosso Deus. Que não passe nem um dia sem
que recebais algum consolo da boca de Deus. Abris os
vossos ouvidos, e Ele falará coisas deleitáveis aos vossos
corações. Não cerreis os vossos olhos, antes com
diligencia contempleis que porção substanciosa vos é
17
deixada no testamento de vosso Pai. Que vossas línguas
aprendam a exaltar Sua tenra bondade, cuja única
misericórdia vos tem chamado das trevas à luz, e da
morte à vida. Tampouco façais isto tão privadamente
que não permitais testemunhas. Não, Irmãos, o Senhor
Deus vos manda que governeis vossas casas em seu
verdadeiro temor e de acordo com sua Palavra. Dentro
de vossas casas, digo, em alguns casos, sois bispos e
reis; vossa esposa, filhos e família é vosso episcopado e
encargo. Disto se lhes pedirá, acerca de quanto cuidado
e diligencia usastes para instruí-los no conhecimento
verdadeiro de Deus, de como procurastes implantar
virtudes e reprimir vícios. Portanto, digo, que deveis
fazê-los participantes da leitura, da exortação, e das
orações comuns, a qual deveria fazer-se em cada lar
pelo menos uma vez ao dia. Mas, acima de tudo,
queridos Irmãos, procurai praticar diariamente e viver o
que manda a Palavra de Deus, e então comprovareis
que nunca ouvireis nem lereis o mesmo sem que
obtenhais algum fruto. Creio que isto é suficiente para
os exercícios dentro de vosso lar.
Considerando que Paulo chama a congregação “o corpo
de Cristo”, da qual cada um de nós somos um membro,
e ensinando-nos que nenhum membro pode sustentar-
se e alimentar-se por si mesmo sem a ajuda e o apoio
de outro; creio que é necessário que se tenham estudos
e conferências sobre as Escrituras como reuniões entre
irmãos. Como Paulo nos dá a ordem que se deve
observar para isto (1 Co 14.26-39), somente quero
assinalar que quando vos reunires, que seria bom fazê-
lo uma vez na semana, que vosso começo fosse
confessando vossas ofensas e implorando que o Espírito
do Senhor Jesus vos assista em todos os vossos projetos
e metas espirituais. Depois que se leia alguma porção
das Escrituras clara e modestamente, tanto que se creia
suficiente para essa ocasião ou período. Quando se
tenha terminado, se algum irmão tem exortação,
pergunta, ou dúvida que não tenha temor em falar ou
expor ali mesmo, fazendo-o com moderação, seja para
edificar ou para edificar-se; E disto não duvido que virá
grande proveito. Porque, primeiro, ao ouvir, ler, e
estudar as Escrituras nestas reuniões, ajudarão a
examinar o juízo e a atitude das pessoas, sua paciência
e modéstia serão conhecidas, e finalmente
manifestaram seus dons e expressões. Por outro lado
devem evitar-se em toda ocasião e em todo lugar o
falatório, as interpretações longas e néscias e a teimosia
em pontos controvertidos. Porém acima de tudo
quando se reunirem como igreja, ali nada deve levar-se
em conta mais do que a glória de Deus e o consolo ou
edificação dos irmãos.
Ademais, me agradaria, que na leitura das Escrituras,
tomassem juntos alguns livros do Antigo Testamento e
alguns do Novo, como Gênesis e algum dos Evangelhos,
Êxodo com outro livro, etc., mas sempre terminando os
livros que começastes (segundo o tempo permitir). Pois
vos confortará o ouvir a harmonia e o acordo do
Espírito Santo falando em nossos pais desde o princípio.
Vos confirmará nestes dias perigosos ao contemplar a
face de Jesus Cristo, o amado esposo, e sua igreja,
desde Abel até o próprio Cristo, e de Cristo até este dia,
que há unidade e um mesmo propósito em todas as
gerações. Estudeis com frequência os Profetas e as
Epístolas de Paulo. Pois a abundância de assuntos
grandemente confortadores que se acham ali requer
exercício e boa memória. De igual maneira assim como
vossas reuniões devem começar com confissão e súplica
do Espírito de Deus, assim também deveriam terminar
com ações de graças e intercessões pelos governantes e
magistrados, pela liberdade do Evangelho de Cristo para
que corra livremente, pelo consolo e libertação de
nossos irmãos que agora se encontram debaixo da
tirania e da servidão, e por outras coisas tais que o
Espírito do Senhor Jesus Cristo vos ensinar que é
proveitoso, seja para vós mesmos, ou para vossos
irmãos donde quer que estejam.
Se assim (ou algo melhor) ouço que vos exercitais a vós
mesmos, queridos Irmãos, então louvarei a Deus por
vossa grande obediência, como também por aqueles
que tem recebido a palavra da graça não somente com
gozo, mas também com solicitude e diligência, e
guardam a mesma como um tesouro e uma joia
preciosíssima. E porque não tenho suspeitas de que
fareis o contrário, não usarei de ameaças. Pois minhas
esperanças sinceras são que caminhareis como filhos da
luz no meio desta geração perversa, que sereis como
estrelas durante a noite (que não se tornem trevas),
que sereis como trigo entre a discórdia, e que no
18
entanto não mudareis vossa natureza que recebestes
pela graça, através da comunhão e participação que
temos com o Senhor Jesus Cristo em seu corpo e em
seu sangue. E finalmente, que estareis contados entre
as virgens prudentes, que diariamente arrumam e
enchem suas lâmpadas com azeite, embora guardem
com paciência a aparição gloriosa e próxima do Senhor
Jesus Cristo, cujo Espírito onipotente governe, instrua,
ilumine e console vossas mentes e corações em toda
prova agora e para sempre. Amém.
BREVE REFERÊNCIA À NECESSIDADE E FUNÇÃO DA
IGREJA E AOS ASPECTOS
QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NESTA EXPOSIÇÃO:
No livro precedente foi exposto que pela fé no
evangelho Cristo se faz nosso e nós nos tornamos
participantes da salvação e da eterna bem-aventurança
trazidas por ele. Mas, visto que nossa obtusidade e
indolência (adiciono também a fatuidade do espírito)
têm necessidade de subsídios externos com os quais a
fé em nós não só seja gerada, mas também cresça e
avance gradualmente até a meta, Deus adicionou
também esses meios para que sustentasse nossa
fraqueza. E, para que a pregação do evangelho
florescesse, depôs esse tesouro com a Igreja: instituiu
“pastores e mestres”[Ef 4.11], por cujos lábios
ensinassem aos seus, investiu-os de autoridade, enfim,
nada omitiu que contribuísse para o santo consenso da
fé e a reta ordem. Acima de tudo, instituiu os
sacramentos, que nós de experiência sentimos serem
adjutóriosmais que úteis para fomentar e firmar a fé.
Ora, visto que, encerrados no cárcere de nossa carne,
ainda não chegamos ao grau angélico, Deus,
acomodando-se a nossa capacidade, por sua admirável
providência, prescreveu um modo pelo qual, por mais
longe estejamos afastados, a ele nos achegássemos.
Portanto, a metodologia do ensino impõe que tratemos
agora da Igreja, e seu governo, ordens, poder e, ao
mesmo tempo, aos leitores piedosos afastemos das
corrutelas com que no papismo Satanás adulterou tudo
quanto Deus destinará para nossa salvação. Começarei,
pois, pela Igreja, em cujo seio Deus quer que seus filhos
se agreguem, não apenas para que sejam nutridos de
seu labor e ministério, por tanto tempo quanto são
infantes e crianças, mas também de seu cuidado
materno sejam guiados até que amadureçam e,
finalmente, cheguem à meta da fé. “Portanto, o que
Deus ajuntou, não o separe o homem” [Mt 19.6; Mc
10.9], de sorte que àquelesde quem ele é o Pai, a Igreja
também será a mãe, não apenas sob a lei, mas ainda
após a vinda de Cristo, conforme o testemunho de
Paulo, que ensina sermos nós filhos da nova e celestial
Jerusalém [Gl 4.26].
Este é um texto de
http://pelasescrituras.blogspot.com.br/, de uma
carta do Reformador John Knox, com um teor de
conselho aos seus irmãos na fé da Escócia. O texto
original encontra-se em © Reformation Press 2004 -
www.reformationpress.co.uk
Da Verdadeira Igreja Com a Qual Se Nos Impõe Cultivar
a Unidade Porquanto é a Mãe de Todos Os Piedosos
Por João Calvino
Comentários de Calvino no 1º Capítulo do Quarto livro das Institutas da Religião Cristã na Edição Clássica
19
A IGREJA VISÍVEL, MÃE DOS FIÉIS
Contudo, uma vez que agora nosso propósito é
discorrer acerca da Igreja visível,aprendamos, mesmo
do mero título mãe, quão útil, ainda mais, quão
necessário nos é seu conhecimento, quando não outro
nos é o ingresso à vida, a não ser que ela nos conceba
no ventre, a não ser que nos dê à luz, a não ser que nos
nutra em seus seios, enfim, sob sua guarda e governo
nos retenha, até que, despojados da carne mortal,
haveremos de ser semelhantes aos anjos [Mt 22.30].
Porque nossa habilidade não permite que sejamos
despedidos da escola até que tenhamos passado toda
nossa vida como discípulos.Anotemos também que fora
de seu grêmio não há de esperar-se nenhuma remissão
de pecados, nem qualquer salvação, como o atestam rol
do povo de Deus não estarão aqueles a quem exclui da
vida celestial [Ez 13.9]; assim como, por outro lado, se
diz que o nome dos que se dedicam ao cultivo da
verdadeira piedade é inscrito entre os cidadãos de
Jerusalém [Sl 87.6; Is 56.5]. Razão por que também em
outro Salmo se diz: “Lembra-te de mim, Senhor,
segundo tua boa vontade para com teu povo; visita-me
com tua salvação. Para que eu veja a beneficência de
teus eleitos e me alegre na alegria de teu povo e me
regozije com tua herança [Sl 106.4, 5], palavras nas
quais o amor paterno de Deus se restringe unicamente
a seu rebanho e ao testemunho peculiar da vida
espiritual, de sorte que é sempre funesto o afastamento
da Igreja.
Sola Scriptura
Sola Gratia
Sola Fide
Solus Christus
Soli Deo Gloria

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  • 1. 1 Revista Novos Reformadores 31 de Outubro de 2012 | 1º Edição – Distribuição Gratuita Por Avivamento e Uma Nova Reforma: Resgatando os Cincos Solas da Fé Comemorativa aos 495 anos da Reforma Protestante
  • 2. 2 Projeto Novos Reformadores Revista Novos Reformadores José Eduardo Por Avivamento e Uma Nova Reforma: Resgatando os Cincos Solas da Fé Sumário 1. Editorial Boas vindas e Um chamado a reforma Pg. 3 2. Por Quem sou Reformado? Uma leitura da busca por uma nova reforma na igreja no século 21 pg. 4 3. Filipe Melanchthon Sua história nos inspira a buscarmos com urgência uma reforma hoje pg. 8 4. Como Fazer Uma Verdadeira Apologética Cristã? Buscando fazer uma apologética cristã nos moldes da Palavra de Deus pg. 8 5. OS CINCO SOLAS NA VIDA DO CRISTÃO Revigorando entre nós Os Solas da Reforma Pg. 10 Textos Históricos 6. Apascentando Ovelhas Ou Entretendo Bodes? Pg. 14 7. O que Fazer Quando Não Há Uma Igreja Fiel Onde Vives? Pg. 15 8. Da Verdadeira Igreja Com a Qual Se Nos Impõe Cultivar a Unidade Porquanto é a Mãe de Todos Os Piedosos Pg. 18 Idealização: Elenice Rabelo Capa: José Eduardo Diagramação: José Eduardo Coloboradores: José Eduardo Bispo Josep Rosselo Denis Monteiro Elenice Rabelo Gustavo Silveira .................... .................... .................... .................... .................... .......................... ..........................
  • 3. 3 Projeto Novos Reformadores Revista Novos Reformadores José Eduardo Por Avivamento e Uma Nova Reforma: Resgatando os Cincos Solas da Fé EDITORIAL É com muita alegria que todos nós que fazemos a equipe do PROJETO NOVOS REFORMADORES CRISTÃOS publicamos online e gratuitamente nesse mês de outubro o lançamento da Revista do Projeto em comemoração aos 495 anos da Reforma Protestante. Onde você poderá ler artigos edificantes dos nossos colaboradores. E finalizar com a leitura de textos dos Reformadores Calvino e John Knox e sem deixar de fora é claro o Príncipe dos Pregadores Charles Spurgeon. Esperamos que você seja edificado em Cristo e cresça no conhecimento da graça de Deus. A Reforma não deve ser lembrada de forma teórica na sua vida. Ela deve ser vivenciada em sua prática diária como cristãos praticantes das Sagradas Escrituras e que vivem para glorificar a Deus como os Reformadores fizeram. Eles deram suas vidas em defesa das doutrinas da graça de Deus! Façamos o mesmo na luta por uma Nova Reforma na Igreja dos nossos dias. Ao Senhor somente a Glória! Elenice Rabelo Costa Editora no Projeto Novos Reformadores novosreformadorescristaos.blogspot.com 31 de Outubro de 2012.
  • 4. 4 A palavra reformado está sendo muito usada hoje entre muitos cristãos jovens, e não tenho bem certeza se ela tem uma real clareza entre muitos. Será que ler as Confissões, Declarações, Artigos de Fé, Catecismos e abraçá-los define um reformado? Conversando com muitos cristãos nas redes sociais, nas comunidades do Facebook que abordam o tema Reforma cheguei a conclusão de que as aplicações históricas dos símbolos de fé são diferentes se comparando hoje. Por exemplo, na sua grande maioria, as confissões foram elaboradas sob alguns pilares do seu tempo. Os 39 Artigos de Fé da Igreja Anglicana, As Confissões de Westminster, Savoy e Londrinas de 1644 e 1689, Belga, Escocesas, tinham artigos ou capítulos que firmavam a igreja numa definição clara entre ela e os magistrados civis e a igreja com seu corpo governante interno independente do estado. Levando em conta que a Reforma Protestante tomou forma no absolutismo não só eclesiástico, mas no tocante a Igreja/Estado, as definições de separação eram proeminentes e relevantes. Ou seja, as confissões existiam para firmar a característica da igreja em seu tempo. Então, alguns pontos que definiam um reformado no passado nem sempre vão definir ele hoje. Mas afinal, o que envolve uma reforma? Somos reformados por que(m)? Lutero nos ajuda sintetizar isto – “Não fiz nada: A Palavra fez e realizou tudo”. Isto me faz pensar que Sola Scriptura é um sentimento de reforma e não um manifesto ou movimento anárquico. Tenho que ressaltar dois relatos Bíblicos que nos remetem a esta mesma reforma. Josias retoma a instrução do povo pelo Livro da Lei (2Cr.34) e o eunuco que no caminho lia Isaias e moveu de interesse de aprender (At.8:30-31). Ambas as histórias relatadas têm como pano de fundo a Palavra de Deus. Enquanto Josias viveu o povo pode usufruir dos ensinamentos de Deus de forma permanente e mesmo quando esteve no cativeiro da Babilônia por causa dos seus pecados foi pela boca de homens fieis a esta Palavra, que conservaram e mantiveram a Palavra atual que o eunuco em Atos 8 leu Isaias e ali se fartou do conhecimento de Cristo. A genuinidade da Reforma do século XVI estava não nas suas confissões que para nós são documentos importantes e que nos ajudam a compreender as Escrituras. Mas antes delas, homens como Wycliffe e Tyndale, que nós abraçamos como pré-reformadores foram inflamados pelas verdades Bíblicas num tempo de obscuridade teológica. José Eduardo é membro da Igreja Batista Central de Bangu, no Rio de Janeiro onde trabalha na área de Educação Cristã com novos na fé. É também é escritor de artigos em seu blog pessoal e no blog do Projeto Novos Reformadores. Seu Blog: novasdoevangelho.blogspot.com/ Por Quem Sou Reformado? Por José Eduardo
  • 5. 5 Projeto Novos Reformadores Quando Melanchthon nasceu o grande reformador Martinho Lutero tinha 14 anos de idade, viveu 14 anos amais que Lutero, peça importante na perpetuação do pensamento Luterano, não foi apenas o mais notável discípulo e colaborador de Martinho Lutero, mas também criou um viés da Teologia da reforma protestante. Foi ele quem construiu os alicerces para a educação superior na igreja Protestante, não apenas no campo da Teologia, mas também nas disciplinas filosóficas. Com vinte e um anos de idade tornou-se professor de grego na universidade de Witenberga, influenciado por Lutero deu total apoio a reforma protestante. Embora se dedicasse cada vez mais aos seus estudos teológicos, não deixou de lado os seus estudos humanísticos. Quando da morte de Martinho Lutero, Melanchthon tornou-se o líder mais destacado da reforma na Alemanha. É digno de nota dizer mais uma vez que quando em vida (Lutero) teve em Filipe Melanchthon o seu mais dedicado discípulo. Por alguns motivos, que abordaremos logo adiante, Melanchthon começou a tornar-se uma figura controvertida em alguns círculos Luteranos. Obras Literárias]_________ Teológicas: Locci communes; um dos livros mais interessantes de Melanchthon em termos de reforma foi o primeiro tratado sobre a dogmática. Muito elogiado pelo reformador Martinho Lutero foi publicado pela primeira vez em 1521. Outras edições foram lançadas mais tarde nos anos 1535 e 1543. Observou-se que na terceira edição o autor muito pormenorizou, e sua opinião, sobre diversos assuntos, havia sido alterada. A confissão de Augsburgo; praticamente foi escrita por Melanchthon, bem como a sua apologia. Também escreveu sobre o tratado e o poder do Primado do papa. Filosóficas: Philosophia moralis (ética filosófica); De Anima (Psicologia). Como já supracitamos, Melanchthon não se restringiu aos estudos e escritos teológicos, mas também articulou no campo da Filosofia e Psicologia. Por sua intelectualidade e seus escritos ele foi de significado importantíssimo para todo o campo da educação universitária nos meios protestantes. Melanchthon = Lutero ou Melanchthon X Lutero Umas das dúvidas da pesquisa antiga e até mesmo da pesquisa moderna é sobre qual seria verdadeiramente o posicionamento de Melanchthon com relação a Teologia reformada de Lutera. Seria ele um verdadeiro apoiador consciencioso do pensamento Luterano ou teria ele acrescido e/ou retirado sobre a Teologia de Martinho Lutero? Encontramos apologia para as duas interpretações. Porém encontramos em Melanchthon, diferentemente de Lutero, um pacificador, harmonizador. Felipe Melanchthon não era um papagaio repetidor pura e simplesmente, como estudioso e pensador não concordou em tudo com Lutero. Modificou alguns aspectos da posição Luterana em diversos assuntos, mesmo que para isso teve que voltar atrás em sua própria opinião por várias vezes, ou seja, em um primeiro momento ele fecha com Martinho Lutero em determinado ponto ou assunto, mas com o passar do tempo acaba por refazendo o seu ponto de visto e divergindo da opinião original. Mas isso não fez dele um opositor de forma alguma, pelo contrário seu apoio a reforma foi extremamente de forma ativa. Filipe Melanchthon (1497 – 1560) Por Gustavo Silveira
  • 6. 6 Projeto Novos Reformadores Uma parceria que deu certo]____ Encontramos na personalidade de Melanchthon traços de uma pessoa pragmática, sistemática e metódica. Diferentemente de Lutero que era muito mais solto e espontâneo. Lutero aparece na reforma no palco e no centro dos debates e das discussões, tal como um profeta indignado com as injustiças, aberrações e idiossincrasias ele combatia verbal e ferozmente aqueles que estavam no controle das ações da igreja. Melanchthon por sua vez, demonstra estar nos bastidores, pensando as ações, calculando, sistematizando a Teologia reformada mostrando um pensamento lógico organizado. Não que Lutero não o tivesse, mas observamos que ao contrário de Martinho Lutero, Felipe Melanchthon era muito mais professor do que profeta. Sem a contribuição de Melanchthon a reforma não teria tido a solidez e amplitude que alcançou. Já dissemos que o ensino superior protestante muito deve a ele, ele lançou as bases para a combinação de Teologia com a educação cientifica que caracterizou as igrejas estatais Luteranas e universidades nos tempos idos. Divergências]____________ Livre arbítrio: Lutero defendera que o homem não mais o possuía, com a queda, em Adão, ele foi perdido. Se agora o homem era pecador, cem por cento corrompido, ele tinha não mais um “livre arbítrio”, mas sim, “servo arbítrio”. A soteriologia interpretada por Lutero e apoiada (inicialmente) por Melanchthon dava conta de que a salvação é inteiramente monergica, ou seja, era por Deus, por meio de Deus e para Deus. O Homem nada fazia para ser salvo, todos os seus esforços eram inúteis para ser justificado diante de Deus. De início Melanchthon concordava com Martinho Lutero, mas como era de sua índole desenvolver o pensamento e nunca estagnar, logo, ele acabara divergindo nesse ponto. Deixemos claro aqui que até aquele presente momento anterior à reforma protestante a doutrina soteriológica da igreja Romana era a pelagiana (e ainda é), isto é a salvação é desenvolvida (conquistada) mediante as boas obras e posterior o absurdo das indulgências (compra de terreno no céu). A discordância de Melanchthon tomou verdadeiro corpo no Loci publicado em 1548, primeira edição publicada a pós a morte de Lutero. Não podemos dizer que Melanchthon tornou-se um sinergista, ele reconhecia que a palavra e atuação do Espírito Santo agiam primeiramente sobre o homem fazendo com que a sua vontade estivesse quase que em estado de êxtase. Ele redefine Livre arbítrio passa a chama-lo de “capacidade de dirigir- se a graça” (facultas applicandi se ad gratiam) Predestinação: Felipe Melanchthon diverge da predestinação afirmada por Lutero. Segundo ele, Deus elege o homem para a salvação e realiza a sua obra de salvação segundo o seu decreto eterno. Mas isso não pode significar que Deus tenha predeterminado a destruição dos maus. Pois em tal caso ele apareceria como sendo a causa do mau o que não condiz com a sua natureza por tanto, segundo Felipe Melanchthon a razão por que um é escolhido e o outro é condenado, deve residir no homem. Conclusão]________________ A ortodoxia luterana rejeitou Melanchthon e se opôs a ele especialmente nos pontos em que se desviara de Lutero. Esta oposição foi expressa mesmo enquanto Melanchthon ainda vivia. Seu posicionamento com relação a tradição e escritura era o seguinte: Melanchthon entendia que a tradição não tinha o valor das escrituras, mas que por meio dela as verdades originais haviam sido passadas para as gerações seguintes e assim deveria continuar a ser. Melanchthon propõe alguns pressupostos que o fizeram repensar a questão do “servo arbítrio”. O viés Psicológico foi um deles, sendo o homem um ser individual á necessário levar em conta a sua vontade no quesito salvação. O fenômeno volitivo era de suma importância na salvação segundo Felipe Melanchthon.
  • 7. 7 Projeto Novos Reformadores Batendo mais uma vez de frente com o pensamento de Martinho Lutero (sola scriptura) deu origem a várias divergências naqueles que deram continuidade, por serem seus discípulos, aos debates e prosseguimentos teológicos, a saber; os filipistas e os chamados de “gnésio-Luteranos” Gustavo Silveira da Silva é membro Assembleia de Deus de Canoas-RS, onde é também Presbítero. É filho único, tem 27 anos e é casado com Jacqueline da Silva Seu Blog: cetroreal.wordpress.com/
  • 8. 8 Projeto Novos Reformadores Introdução]_______________ Em meio séc. XXI as heresias não se afastaram e não se afastarão da Igreja do Senhor até que Ele volte. Mesmo que essas heresias estejam dentro da Igreja por permissão de Deus, como disse Paulo: “importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” (1 Co 11.19), e em outro lugar também diz: “Porque há certos homens que introduziram furtivamente, que já antes estavam ordenados para esta condenação, homens ímpios, transformando a graça de nosso Deus em libertinagem e negando o único Senhor Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.” (Judas 1.4 - VKJ). Como disse Calvino em sua exposição da epístola de Judas: “Embora Satanás sendo um inimigo para o divino, e não cessa de nos atormentar, Judas lembra aqueles a quem ele estava escrevendo do estado das coisas naquele tempo. Satanás agora, diz ele, atacas e assedia vocês de uma maneira peculiar, pelo que é necessário pegar em armas para resistir a ele.”. O intimo de nossas almas não brinca, e a cada dia surge uma nova heresia que leva os evangélicos cada vez mais longe do Evangelho simple e puro. Por isso que devemos estar preparados para responder sobre a razão da nossa fé, responder “diligentimente”, como disse Judas. Ser Cristão]_______________ Para se fazer uma verdadeira apologética cristã. Primeiro temos que fazer jus ao termo “cristão”. Cristão: É todo indivíduo que adere ao Cristianismo, uma religião monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo. Logo, teremos que dar mais atenção ao que o apóstolo Pedro nos diz. Vejamos: Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. 1 Pedro 3:15. A recomendação de Pedro é honrar Cristo como santo em nossos corações para responder sobre a razão da nossa fé. Veja o que Calvino diz sobre “responder”: Mas deve ser notado, que Pedro aqui não nos ordena estar preparados para resolver qualquer questão que possa ser discutida, pois não é o dever de todos para falar sobre todos os assuntos. Mas é a doutrina geral que se destina, que pertence ao ignorante e simples. Então Pedro tinha em vista nenhuma outra coisa, do que os cristãos devem tornar evidente aos incrédulos que eles realmente adoravam a Deus, e tinham uma religião santa e boa. Primeiro, para ser um apologéta cristão ele terá que honrar o Cristo do cristianismo que a Palavra de Deus nos mostra. Um apologéta, antes de mais nada, ele dever sempre orar e meditar na Santa Palavra de Deus. Para que sua defesa seja para a glória de Deus, e não apenas, para mostrar o seu conhecimento. John Frame define assim: “Para Pedro, a apologética não é uma exceção do abrangente compromisso com o senhorio de Cristo. Ao contrário, a situação apologética é uma em que temos de santificar “a Cristo, como Senhor” no “coração” para falar e viver de maneira que exalte seu senhorio e encoraje outros a fazer o mesmo.” Significado]_______________ Apologética: Parte da teologia que tem por objeto a defesa da religião cristã, contra o ataque e objeções de seus adversários .Apologética não consiste apenas em defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou Como Fazer Uma Verdadeira Apologética Cristã? Por Denis Monteiro
  • 9. 9 Projeto Novos Reformadores servir como um instrumento indispensável para esta anunciação. Definições]_______________ Apologética como prova: é apresentar uma base racional para a nossa fé e provar que o cristianismo é verdadeiro. Jesus e os apóstolos sempre se depararam com pessoas com dificuldades de crer no evangelho verdadeiro (Jo 14.11; 20.24-31; 1Co 15.1-11). A apologética se torna útil, quando há duvidas, como muitos de nós temos e já tivemos mesmo à parte do seu papel no diálogo com os descrentes. Apologética como defesa: é responder as objeções feitas por descrentes. É assim que Paulo descreve sua missão “... defesa e confirmação do evangelho” (Fp 1.6; cf, v.16). Alguns escritos de Paulo no Novo Testamento são de caráter apologético, como, as objeções respondidas a alguém imaginário ou reais. Observe como Jesus lida com as objeções de lideres religiosos no Evangelho de João. Apologética como ofensiva: é atacar a estultícia do pensamento descrente (Sl 14.1; 1 Co 1.18-2.16). Como diz John Frame “Deus chama seu povo não apenas para responder às indagações de descrentes, mas para atacar a falsidade.” O pensamento não cristão é “estulto”, segundo a Escritura (1 Co 1.18-2.16; 3.18-23), e uma das funções da apologética é a de expor tal estultícia como aquilo que ela realmente é. A mensagem do apologeta]_ Neste tópico não abordarei, tão somente, a questão de mensagem com uma perspectiva filosófica ou metafísica, mas em uma perspectiva da proclamação das Boas Novas e a importância da apologética no evangelismo. A apologética a cada dia se torna mais necessária para a proclamação da Palavra de Deus. Instrumento indispensável para esta anunciação. Apologética não consiste apenas em defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou servir como um instrumento indispensável para esta anunciação. A apologética sem o evangelismo é praticamente vã e o evangelismo sem a apologética se torna cada vez mais ineficaz. Hoje o homem moderno vive em um mundo o qual a sua mensagem principal é o relativismo. A pós modernidade ela nega qualquer existência de verdade universal e questiona toda cosmovisão. Este pensamento conduz necessariamente ao relativismo, pois reduz a moral, e pensando assim existe uma relativização do certo e errado. O homem é reduzido a um ser impessoal e suas atitudes não são essencialmente certas ou erradas, mas indicam sua necessidade de sobrevivência. Como evangelizar uma pessoa assim? É aqui que entra em cena a apologética. Uma mensagem simples do evangelho não surtirá tanto efeito. Porque a mente pós moderna hoje está tomada pelo o relativismo, sendo que, se esta pessoa não sabe discernir entre o certo e o errado. Certamente não aceitará ou acreditará que Cristo morreu para salvar os pecadores. Mas mostrar a essa pessoa que o cristianismo não é somente uma alternativa às filosofias seculares ou a um conjunto de padrões morais do que aqueles da sociedade atual. A apologética deve fazer parte de todo o processo evangelistico, e precisa contar com o auxilio do Espirito Santo. O apologeta tem de estar sempre pronto para apresentar o evangelho. Ele não pode ficar tão preso no labirinto de argumentos, provas, defesas e críticas que venha a negligenciar a entrega a entrega ao incrédulo daquilo que ele mais necessita. Denis Monteiro é membro Assembleia de Deus de São Bernardo do Campo-SP, onde é também Seminarista. Atualmente escreve artigos apologéticos em seu blog pessoal Seu Blog: superandoasheresias.blogspot.com
  • 10. 10 Projeto Novos Reformadores Hoje, celebramos o começo de uma revolução que foi chamada de Reforma Protestante. Um ato que tinha acontecido com anterioridade, foi usado na providencia de Deus para começar uma verdadeira reforma espiritual na Igreja de Cristo na Europa no século 16. Martinho Lutero colocava suas 95 Teses na porta da Catedral, enquanto muitos estavam preocupados nas suas tarefas diárias. Aquele ato não era novo, já que assim era a costume da época, colocar panfletos e notícias na porta da Catedral, mas Deus faz que aquele ato simples ato transformara a história de Europa. Aquela Reforma foi conhecida por cinco lemas que se converteram em estandarte dos valores essenciais e fundamentais da Reforma Protestante. Agora, quase 500 anos depois, será que estas cinco solas ainda são relevantes par a vida cristã? Eu acredito que sim. Neste artigo, a partir da Declaração de Cambridge, desejo refletir de forma simples para que possamos interagir com as cinco solas e refletir sobre como nos relacionamos com estes Standards cristãos. 1. SOLA SCRIPTURA] Somente Escritura_________________ Sola Scriptura afirma a Bíblia ser sem erro em todas as questões pertencente a fé e a vida, a única fonte da revelação divina escrita, que só ela pode atar a consciência. Assim, a Bíblia somente ensina todo o que é necessário para nossa salvação e é a norma pela qual todo o comportamento cristão deve ser medido. Mas, será que é assim nas nossas vidas? A maioria dos cristãos afirmam tal Sola, contudo vivemos tal verdade no dia a dia. Eu acredito que não. Acredito que tentamos interpretar, aplicar e entender as Escrituras aos nossos próprios olhos e formas de pensar. Assim, interpretações individuais e pessoais tomam primazia sobre a simplicidade do significado do texto e as verdades eternas das mesmas. A Bíblia tem sido convertida em um instrumento acadêmico, em vez de receber como o que Ela é “a Palavra de Deus escrita e revelada.” Nossas vidas precisam seguir e ser formadas através do ensino da mesma, assim poderá ter a certeza de que seremos sempre desafiados e encontraremos áreas que ainda precisam da verdade do evangelho e do arrependimento. Quando foi a última vez que foi convicto ao ler as Escrituras? Quando foi a última vez que as Escrituras desafiaram a mudar um entendimento? Qual é sua reação quando ler um texto que não concorda com sua forma de pensar ou agir? Tem permitido ao Espírito Santo falar na sua vida através das Escrituras? Estas e muitas outras perguntas nós ajudaram a perceber, se realmente acreditamos na Sola Scriptura, ou se falamos com nossos lábios, mas desobedecemos no nosso coração. A forma mais fácil de saber, simplesmente é parar para pensar quando foi a última vez que você leu somente as Escrituras. Não um livro sobre as Escrituras, não um comentário bíblico, não um livro de Teologia, todos estes são bons e importantes, mas nunca podem tomar o lugar da leitura diária das Escrituras e o estudo da Bíblia de forma constante. Se você me fala que acredita nas Escrituras, então peço que fale menos e leia mais as mesmas. Os Cinco Solas Na Vida Do Cristão Por Bispo Josep Rossello
  • 11. 11 Pedro diz, “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus” (João 6.68-69). 2. SOLUS CHRISTUS] Somente Cristo____________________ Solus Christus afirma que nossa salvação é cumprida pela obra de Cristo somente, nosso Mediador. Sua natureza divina, vida sem pecado e morte substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. Mas, será que é assim nas nossas vidas? Possivelmente, todos os cristãos afirmam que esta é a grande verdade pela qual a Igreja se mantém de pé ou cai, como falava Martinho Lutero. Com certeza, falamos que acreditamos na importância do exemplo, ensino e obra de Cristo, contudo nossas vidas não parecem mostrar o Senhorio de Cristo, porque vivemos, pensamos e atuamos sem ser renovados pela Palavra viva. Seguimos atuando, como se fossemos homens deste mundo que ainda não tem conhecido a Deus. Permita que coloque esta ideia em perguntas de novo. Realmente, acreditamos que Cristo somente é todo o que precisamos? Ou precisamos outras coisas (namorada, emprego, identidade, fama, dinheiro)? Onde está nosso auxilio e nossa salvação? Estamos felizes, porque Cristo vive em nós e estamos em Cristo. Já parou e percebeu as inumeráveis vezes que aparece o termo “em Cristo” no Novo Testamento? Você já sabe quem é em Cristo e os benefícios que você recebeu e foram imputados na sua vida? Então, como pode ser que os cristãos continuem preocupados com questões superficiais que os impedem de buscar primeiro o Reino de Deus? Possivelmente, isto se observe com maior claridade quando nos enfrentamos diante de dificuldades e problemas. Em outras palavras, onde você vai em busca de auxilio e socorro? O Salmista escreveu, “Somente em Deus a minha alma descansa, dele vem a minha salvação. Só ele é minha rocha e minha salvação; ele é minha fortaleza; não serei muito abalado” (Salmos 62.1-2) 3. SOLA GRATIA] Somente Graça____________________ Sola Gratia afirma que, na salvação, somos resgatados das consequências de nossa rebelião somente pela graça de Deus. Isto é a obra do Espírito Santo que nos leva a Cristo, superando os efeitos da queda, libertando das ataduras do pecado, e nos levantado da morte espiritual a vida espiritual. Mas, será que é assim nas nossas vidas? Por um lado, existe a tendência de fazer referencias frequentes a graça de Deus desde uma perspectiva humanista, apresentando uma graça que é uma desgraça. Sendo que parece que o motivo pelo qual veio Cristo foi para salvar da injustiça e a pobreza. Não são poucos os cristãos que caem nessa. Evidentemente, os mandamentos da lei de Deus são a favor da justiça e o amor a Deus e ao próximo, mas a graça confronta nossa inabilidade de ser salvos do pecado, de satanás e da nossa natureza corrompida. Por outro lado, em não poucos debates, parece que nossa salvação esteja determinada pelo que acreditamos, e não somente pela graça de Deus. Evidentemente, a sã doutrina é importante, já que está deve definir como vivemos e por quem vivemos. Contudo, será que não colocamos outras coisas além da morte de Cristo e a graça de Deus como necessárias para nossa justificação? Será que acreditamos na graça de Deus somente? Quando foi a última vez que pregou o Evangelho para uma pessoa que não conhece a Cristo? Quando foi a última vez que faz que o Espírito Santo usasse você como um embaixador do Reino de Deus? Será que permitimos que a graça de Deus controle todas as áreas da nossa vida e sejamos assim santos como Cristo é santo? Ou temos feito do evangelho uma agenda
  • 12. 12 política de esquerdas ou direitas? Somos capazes de amar os irmãos em Cristo pelo que temos em comum e não pelo que acreditamos em comum? A graça tem sido barateada quando não está conectada ao arrependimento sincero e a fé salvadora. Pedro escreveu, “E o Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido um pouco, ele mesmo vos haverá de reabilitar, confirmar, fortalecer e alicerçar” (1 Pedro 5.10). 4. SOLA FIDE] Somente fé____ Sola Fide afirma que a justificação é pela graça somente através da fé somente, porque Cristo somente. Na justificação, a justiça de Cristo nos é imputada, como a única satisfação perfeita da justiça perfeita de Deus. Mas, será que é assim nas nossas vidas? Muitos pensam que se tem fé poderão receber todo o que querem, sem importar se isto alimente a nossa carne e ego, ou seja para a expansão do Reino e a glória de Deus. A fé se compra e se vende sem nenhum medo ou temor santo. A cruz não tem já nenhum valor, e o sacrifício de Cristo tem sido esquecido. A salvação somente é válida, se abre a porta para aquilo que desejamos. Infelizmente, assim tem sido conosco também, porque quantas vezes temos permitido que nossas emoções e circunstancias definam nossa fé? Será que estas não tomam o lugar da fé? Deus nos convida a uma vida de fé em Cristo, porque nos resgatou pela fé. Não permitamos que nossos antigos caminhos definam tal fé, em base do que podamos ter ou receber. Em vez disso, estejamos dispostos a abandonar a segurança da vida presente, e os confortes atuais, para encontrar a fé salvadora. Assim, em Cristo, sejamos transformados para ser mais, como Cristo. E temos esquecido o passado e os desejos deste mundo, encontremos a fé que move montanhas, e transforma nações, sendo esta fé afiançada em Cristo, por Cristo e para Cristo. Estejamos forte sobre a roca da nossa salvação, e firmes na fé que temos recebido para que os ventos de novas doutrinas, de emoções infantis e circunstancias temporais não nos levem longe daquele a quem pertencemos. A CRUZ seja nossa mensagem, mas também nosso estilo de vida e nossa alegria. Não somente celebramos a Cruz pelo que faz por nós, também celebramos a Cruz pelo que fez pelo mundo. A fé nos abre a porta para acreditar na vitória do Reino e a esperança certa do evangelho de Cristo para esta geração. Você vive com estas verdades presentes definindo suas ações? Ou permite que as ações definam suas verdades? Experimenta a alegria da fé salvadora qualquer que sejam as circunstancias? Onde se encontra sua Cruz? Estas perguntas, e outras, ajudaram a descobrir se está vivendo esta verdade na sua vida. Paulo escreveu, “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego. Pois a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé” (Romanos 1.16-17). 5. SOLI DEO GLORIA] Somente a glória a Deus____________ Soli Deo Gloria afirma que, porque a salvação é de Deus e tem sido cumprida por Deus, nossa adoração deve glorificar Ele em todos os tempos. Devemos viver nossa vida plena diante a face de Deus, sob a autoridade de Deus e somente para Sua glória. Mas, será que é assim nas nossas vidas? Muitos falam que glorificam a Deus, mas estão mais preocupados com suas agendas políticas, teológicas ou pessoais tenham preeminência sobre o Reino de Deus. Alguns desejam ser politicamente corretos, enquanto outros esquecem o amor de Deus. Por um lado,
  • 13. 13 encontramos legalistas, enquanto pelo outro encontramos libertinos. Alguns esperam uns poucos ser os eleitos que serão aqueles que concordam só com eles, enquanto outros aceitam qualquer um entre os eleitos, sem importar a fé que professam. Somos chamados a glorificar a Deus na nossa vida, mas será que realmente desejamos fazer isso. No culto, estamos mais preocupados em louvar e glorificar a Deus Trino por quem Ele é, ou pela musica que usamos (já seja hinos, salmos ou música gospel)? Será que enfatizamos uma parte do culto sobre o fato que este é para Deus? Será que somos adoradores de Deus ou adoradores da adoração ou o sermão? Contudo, ainda que tenhamos sido criados para adorar a Deus, também devemos glorificar a Deus em outras áreas e escolhas. Então, como você usa suas finanças? E Paulo escreveu, “Por isso, Deus também o exaltou com soberania e lhe deu o nome que está acima de qualquer outro nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.9-11). Sempre tenhamos presentes os 5 Solas da Reforma Protestante, porque elas mostraram com grande facilidade quando estamos desviando do caminho de retidão para as sendas da perdição. Para fundamentar-se na simples verdade que Deus reina, e devemos viver para cada palavra, cada ação, cada pensamento e cada momento seja para que Ele seja glorificado entre todas as nações, povos, línguas e pessoas. Glorificar a Deus significa que nossa prioridade e maior preocupação é que o nome de Deus seja exaltado entre as nações, por isso toda nossa existência muda de foco Isto somente é possível, se cada aspecto na existência humana (individual, familial, comunitária e do estado) segue os ensinos de Cristo e os mandamentos da lei de Deus. Por isso, devemos ser cuidadosos que cada um dos cinco solas sejam muito mais que uns simples lemas que repetimos constantemente, para ser cinco princípios a partir dos quais formamos e moldamos nossa vida. o seu tempo? Quais são suas prioridades no dia a dia? Toma o tempo para agradecer a Deus pelos muitos benefícios que Ele dá na sua vida? Tenta constantemente obedecer a lei de Deus e os ensinos de Cristo? Editado e revisado por Elenice Rabelo Costa. Bispo Josep Rossello é articulista, autor, plantador de Igrejas e palestrante. É também pastor da Igreja Abadia Re.Novo em Pindamonhangaba, São Paulo, Presidente-Moderador da Igreja Anglicana Reformada do Brasil e Bispo Advogado de NAMS para América Latina. Fundador da Escola Anglicana de Teologia. Seu Blog: cafecomobispo.blogspot.com.br
  • 14. 14 Um mal está no declarado campo do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal, mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até que toda a massa levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las. Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas. Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para as pessoas não está dito em parte nenhuma das Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido. Então novamente, "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia no que diz respeito a eles. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque o rejeitaram? Em concerto musical não há lista de mártires. Além disto, prover divertimento está em direto antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir. Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma tremenda seriedade. Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular quando O abandonaram por causa da natureza inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós teremos um estilo diferente de culto amanhã, um pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma." Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los. Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma. Após Pedro e João terem sido presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que através de um uso inteligente e perspicaz de inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo, não tiveram tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares Apascentando Ovelhas Ou Entretendo Bodes? Por C.H.Spurgeon Tradução: Walter Andrade Campelo
  • 15. 15 pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença! Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos. Finalmente, a missão de entretenimento falha em realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre os novos convertidos. Permita que os negligentes e escarnecedores que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado para quem o entretenimento dramático foi um elo no processo de conversão, se levante! Ninguém irá responder. A missão de entretenimento não produz convertidos. A necessidade imediata para o ministério dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra como os frutos da raiz. A necessidade é de doutrina bíblica, de tal forma entendida e sentida, que coloque os homens em fogo. Meus queridos Irmãos, não tanto para instruir-lhes como para deixar-lhes algo do testemunho de meu amor por vocês, tenho tido como algo bendito comunicar-lhes meus humildes conselhos de como quero que se conduzam em meio a esta geração maligna e perversa, no tocante ao exercício da mais que santíssima Palavra de Deus, sem a qual não se pode aumentar o conhecimento, nem manifestar-se a piedade, nem se pode perpetuar o fervor espiritual entre vós. Porque como a Palavra de Deus é o princípio da vida espiritual, sem a qual toda carne está morta na presença de Deus, e como é lâmpada para os nossos pés sem cujo resplendor toda a posteridade de Adão caminha em trevas; e como é o fundamento da fé, sem a qual nenhum homem pode compreender a boa vontade de Deus, assim também é o único meio e instrumento que Deus usa para fortalecer os fracos, consolar aos afligidos, trazer misericórdia e arrependimento para aqueles que se tem desviado, e finalmente para preservar e guardar a própria vida na alma contra toda investida e tentação. Portanto, se quereis que vosso conhecimento cresça, que vossa fé seja confirmada, que vossas consciências sejam aquietadas e consoladas, ou que finalmente a vida se preserve em vossa alma, vigiais para que vos exerciteis frequentemente na lei do Senhor vosso Deus. Não tenhais como pouco os preceitos que Moisés deu aos Israelitas nestas palavras: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Deut. 6.6-9). E Moisés, em outro lugar, lhes mandou que “lembrassem da lei do Senhor Deus, em cumpri-la para que lhes vá bem a eles e seus filhos na terra que o Senhor seu Deus lhes daria”. Dando a entender, que a frequência em lembrar e repetir os preceitos de Deus é o meio pelo qual o temor de Deus (que é o princípio de toda sabedoria e prazer), se mantém vivo na mente; assim O que Fazer Quando Não Há Uma Igreja Fiel Onde Vives? Por John Knox Tradução: Fábio Farias
  • 16. 16 como também a negligencia e o esquecimento dos benefícios recebidos de Deus é o primeiro passo para afastar-se de Deus. Agora, se a Lei, a qual por causa de nossa fraqueza não gera coisa alguma senão ira e enojo, foi tão eficaz (tanto que era recordada e repetida para que fosse cumprida) e trouxe ao povo uma bênção temporal, que diremos pois que nos trará o glorioso Evangelho de Cristo Jesus se for tratado com reverencia? Paulo lhe chama cheiro de vida para aqueles que receberam vida, usando a semelhança com ervas aromáticas ou unguentos preciosos, cuja natureza é que quanto mais se passam, enviam seu aroma mais agradável e deleitável; assim também, amados irmãos, é o bendito Evangelho de Jesus nosso Senhor. Porque quanto mais o expomos, mais confortável e agradável é para aqueles que o escutam, ou lêem, ou se exercitam nele. Não ignoro, que como os israelitas se fatigaram do maná, porque era o único alimento que viam e comiam diariamente, assim também agora há alguns que depois de ler algumas porções da Escritura, se voltam completamente à escritores profanos ou escritos humanos. Porque a variedade de assuntos que estes contém trazem em si deleite diário. Por outro lado, dentro das Escrituras de Deus que não tem muito adorno humano em si, a repetição de uma coisa lhes é fastidiosa e cansativa. Confesso que esta tentação pode entrar nos próprios eleitos por um tempo, porém é impossível que continue neles até o fim. Porque os eleitos de Deus, além de outros sinais evidentes, tem sempre este unido com os demais, que os eleitos de Deus são chamados para fora da ignorância (falo dos que já tem idade de compreensão) para gozar e sentir algo da misericórdia de Deus, da qual nunca estão satisfeitos nesta vida, senão que ocasionalmente tem fome e sede para comer o pão que desce do céu e beber a água que jorra para a vida eterna. O qual não podem fazer senão pelo intermédio ou instrumento da Fé, e a Fé sempre olha para a vontade de Deus revelada pela Palavra, de maneira que a Fé tem tanto seu princípio como sua continuação na Palavra de Deus. E por isso digo que é impossível que os filhos escolhidos de Deus possam depreciar ou rejeitar a palavra de sua salvação por muito tempo, como tampouco possam, fatigar-se dela no fim. É algo comum que os eleitos de Deus sejam mantidos em tal escravidão e servidão, de tal maneira que eles não podem conseguir que se lhes dê o pão da vida, como tampouco tem a liberdade para exercitar-se eles próprios na Palavra de Deus. Contudo eles não se fatigam, antes bem anelam com gozo o alimento de suas almas, antes bem acusam sua negligência anterior, antes bem lamentam a miserável aflição de seus irmãos. E clamam e pedem em seus corações (e também em público onde podem) que corra livremente o Evangelho. Esta fome e esta sede confirmam que há vida em suas almas. Porém se tais homens, que tendo a liberdade para ler e exercitar a si mesmo nas Sagradas Escrituras, começam a fatigar-se porque quase sempre leem o mesmo, eu lhes pergunto, por que não se cansam também de comer o pão diário? Por que não se cansam de usar as demais criaturas de Deus que mantém diariamente sua própria substância, curso e natureza? Penso que responderão: “Pois tais criaturas tem um poder [quantas vezes são usadas para matar a fome e a sede e para infundir fôlego e força] para preservar a vida.” Oh, miseráveis criaturas! Quem atreve-se a atribuir-lhe mais poder e força a criaturas corruptíveis em nutrir e preservar o corpo humano mortal, que a Palavra eterna de Deus em nutrir a alma que é imortal! Querer raciocinar com sua abominável ingratidão não é agora meu propósito. Mas a vós, queridos Irmãos, lhes compartilho meu conhecimento e lhes abro minha consciência, que assim como tão necessário é o uso da comida e da bebida para preservar a vida física, e assim como tão necessário é o calor e a luz do sol para dar vida a erva e para dissipar as trevas; assim também é necessária para a vida eterna e para a iluminação e luz da alma a meditação, o exercício e o uso perpétuo da sagrada Palavra de Deus. Portanto, queridos Irmãos, se anelam a vida vindoura, por necessidade deveis exercitar a vós mesmos no Livro do Senhor vosso Deus. Que não passe nem um dia sem que recebais algum consolo da boca de Deus. Abris os vossos ouvidos, e Ele falará coisas deleitáveis aos vossos corações. Não cerreis os vossos olhos, antes com diligencia contempleis que porção substanciosa vos é
  • 17. 17 deixada no testamento de vosso Pai. Que vossas línguas aprendam a exaltar Sua tenra bondade, cuja única misericórdia vos tem chamado das trevas à luz, e da morte à vida. Tampouco façais isto tão privadamente que não permitais testemunhas. Não, Irmãos, o Senhor Deus vos manda que governeis vossas casas em seu verdadeiro temor e de acordo com sua Palavra. Dentro de vossas casas, digo, em alguns casos, sois bispos e reis; vossa esposa, filhos e família é vosso episcopado e encargo. Disto se lhes pedirá, acerca de quanto cuidado e diligencia usastes para instruí-los no conhecimento verdadeiro de Deus, de como procurastes implantar virtudes e reprimir vícios. Portanto, digo, que deveis fazê-los participantes da leitura, da exortação, e das orações comuns, a qual deveria fazer-se em cada lar pelo menos uma vez ao dia. Mas, acima de tudo, queridos Irmãos, procurai praticar diariamente e viver o que manda a Palavra de Deus, e então comprovareis que nunca ouvireis nem lereis o mesmo sem que obtenhais algum fruto. Creio que isto é suficiente para os exercícios dentro de vosso lar. Considerando que Paulo chama a congregação “o corpo de Cristo”, da qual cada um de nós somos um membro, e ensinando-nos que nenhum membro pode sustentar- se e alimentar-se por si mesmo sem a ajuda e o apoio de outro; creio que é necessário que se tenham estudos e conferências sobre as Escrituras como reuniões entre irmãos. Como Paulo nos dá a ordem que se deve observar para isto (1 Co 14.26-39), somente quero assinalar que quando vos reunires, que seria bom fazê- lo uma vez na semana, que vosso começo fosse confessando vossas ofensas e implorando que o Espírito do Senhor Jesus vos assista em todos os vossos projetos e metas espirituais. Depois que se leia alguma porção das Escrituras clara e modestamente, tanto que se creia suficiente para essa ocasião ou período. Quando se tenha terminado, se algum irmão tem exortação, pergunta, ou dúvida que não tenha temor em falar ou expor ali mesmo, fazendo-o com moderação, seja para edificar ou para edificar-se; E disto não duvido que virá grande proveito. Porque, primeiro, ao ouvir, ler, e estudar as Escrituras nestas reuniões, ajudarão a examinar o juízo e a atitude das pessoas, sua paciência e modéstia serão conhecidas, e finalmente manifestaram seus dons e expressões. Por outro lado devem evitar-se em toda ocasião e em todo lugar o falatório, as interpretações longas e néscias e a teimosia em pontos controvertidos. Porém acima de tudo quando se reunirem como igreja, ali nada deve levar-se em conta mais do que a glória de Deus e o consolo ou edificação dos irmãos. Ademais, me agradaria, que na leitura das Escrituras, tomassem juntos alguns livros do Antigo Testamento e alguns do Novo, como Gênesis e algum dos Evangelhos, Êxodo com outro livro, etc., mas sempre terminando os livros que começastes (segundo o tempo permitir). Pois vos confortará o ouvir a harmonia e o acordo do Espírito Santo falando em nossos pais desde o princípio. Vos confirmará nestes dias perigosos ao contemplar a face de Jesus Cristo, o amado esposo, e sua igreja, desde Abel até o próprio Cristo, e de Cristo até este dia, que há unidade e um mesmo propósito em todas as gerações. Estudeis com frequência os Profetas e as Epístolas de Paulo. Pois a abundância de assuntos grandemente confortadores que se acham ali requer exercício e boa memória. De igual maneira assim como vossas reuniões devem começar com confissão e súplica do Espírito de Deus, assim também deveriam terminar com ações de graças e intercessões pelos governantes e magistrados, pela liberdade do Evangelho de Cristo para que corra livremente, pelo consolo e libertação de nossos irmãos que agora se encontram debaixo da tirania e da servidão, e por outras coisas tais que o Espírito do Senhor Jesus Cristo vos ensinar que é proveitoso, seja para vós mesmos, ou para vossos irmãos donde quer que estejam. Se assim (ou algo melhor) ouço que vos exercitais a vós mesmos, queridos Irmãos, então louvarei a Deus por vossa grande obediência, como também por aqueles que tem recebido a palavra da graça não somente com gozo, mas também com solicitude e diligência, e guardam a mesma como um tesouro e uma joia preciosíssima. E porque não tenho suspeitas de que fareis o contrário, não usarei de ameaças. Pois minhas esperanças sinceras são que caminhareis como filhos da luz no meio desta geração perversa, que sereis como estrelas durante a noite (que não se tornem trevas), que sereis como trigo entre a discórdia, e que no
  • 18. 18 entanto não mudareis vossa natureza que recebestes pela graça, através da comunhão e participação que temos com o Senhor Jesus Cristo em seu corpo e em seu sangue. E finalmente, que estareis contados entre as virgens prudentes, que diariamente arrumam e enchem suas lâmpadas com azeite, embora guardem com paciência a aparição gloriosa e próxima do Senhor Jesus Cristo, cujo Espírito onipotente governe, instrua, ilumine e console vossas mentes e corações em toda prova agora e para sempre. Amém. BREVE REFERÊNCIA À NECESSIDADE E FUNÇÃO DA IGREJA E AOS ASPECTOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NESTA EXPOSIÇÃO: No livro precedente foi exposto que pela fé no evangelho Cristo se faz nosso e nós nos tornamos participantes da salvação e da eterna bem-aventurança trazidas por ele. Mas, visto que nossa obtusidade e indolência (adiciono também a fatuidade do espírito) têm necessidade de subsídios externos com os quais a fé em nós não só seja gerada, mas também cresça e avance gradualmente até a meta, Deus adicionou também esses meios para que sustentasse nossa fraqueza. E, para que a pregação do evangelho florescesse, depôs esse tesouro com a Igreja: instituiu “pastores e mestres”[Ef 4.11], por cujos lábios ensinassem aos seus, investiu-os de autoridade, enfim, nada omitiu que contribuísse para o santo consenso da fé e a reta ordem. Acima de tudo, instituiu os sacramentos, que nós de experiência sentimos serem adjutóriosmais que úteis para fomentar e firmar a fé. Ora, visto que, encerrados no cárcere de nossa carne, ainda não chegamos ao grau angélico, Deus, acomodando-se a nossa capacidade, por sua admirável providência, prescreveu um modo pelo qual, por mais longe estejamos afastados, a ele nos achegássemos. Portanto, a metodologia do ensino impõe que tratemos agora da Igreja, e seu governo, ordens, poder e, ao mesmo tempo, aos leitores piedosos afastemos das corrutelas com que no papismo Satanás adulterou tudo quanto Deus destinará para nossa salvação. Começarei, pois, pela Igreja, em cujo seio Deus quer que seus filhos se agreguem, não apenas para que sejam nutridos de seu labor e ministério, por tanto tempo quanto são infantes e crianças, mas também de seu cuidado materno sejam guiados até que amadureçam e, finalmente, cheguem à meta da fé. “Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem” [Mt 19.6; Mc 10.9], de sorte que àquelesde quem ele é o Pai, a Igreja também será a mãe, não apenas sob a lei, mas ainda após a vinda de Cristo, conforme o testemunho de Paulo, que ensina sermos nós filhos da nova e celestial Jerusalém [Gl 4.26]. Este é um texto de http://pelasescrituras.blogspot.com.br/, de uma carta do Reformador John Knox, com um teor de conselho aos seus irmãos na fé da Escócia. O texto original encontra-se em © Reformation Press 2004 - www.reformationpress.co.uk Da Verdadeira Igreja Com a Qual Se Nos Impõe Cultivar a Unidade Porquanto é a Mãe de Todos Os Piedosos Por João Calvino Comentários de Calvino no 1º Capítulo do Quarto livro das Institutas da Religião Cristã na Edição Clássica
  • 19. 19 A IGREJA VISÍVEL, MÃE DOS FIÉIS Contudo, uma vez que agora nosso propósito é discorrer acerca da Igreja visível,aprendamos, mesmo do mero título mãe, quão útil, ainda mais, quão necessário nos é seu conhecimento, quando não outro nos é o ingresso à vida, a não ser que ela nos conceba no ventre, a não ser que nos dê à luz, a não ser que nos nutra em seus seios, enfim, sob sua guarda e governo nos retenha, até que, despojados da carne mortal, haveremos de ser semelhantes aos anjos [Mt 22.30]. Porque nossa habilidade não permite que sejamos despedidos da escola até que tenhamos passado toda nossa vida como discípulos.Anotemos também que fora de seu grêmio não há de esperar-se nenhuma remissão de pecados, nem qualquer salvação, como o atestam rol do povo de Deus não estarão aqueles a quem exclui da vida celestial [Ez 13.9]; assim como, por outro lado, se diz que o nome dos que se dedicam ao cultivo da verdadeira piedade é inscrito entre os cidadãos de Jerusalém [Sl 87.6; Is 56.5]. Razão por que também em outro Salmo se diz: “Lembra-te de mim, Senhor, segundo tua boa vontade para com teu povo; visita-me com tua salvação. Para que eu veja a beneficência de teus eleitos e me alegre na alegria de teu povo e me regozije com tua herança [Sl 106.4, 5], palavras nas quais o amor paterno de Deus se restringe unicamente a seu rebanho e ao testemunho peculiar da vida espiritual, de sorte que é sempre funesto o afastamento da Igreja. Sola Scriptura Sola Gratia Sola Fide Solus Christus Soli Deo Gloria