1. O documento descreve o edifício do Desinfectório Central construído em 1893 em São Paulo para realizar processos de desinfecção e controle de epidemias.
2. Atualmente, o edifício abriga o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas e possui um grande acervo sobre a saúde pública de São Paulo.
3. Originalmente, o Desinfectório Central teve um papel importante no combate a epidemias no final do século XIX, realizando a remoção de doentes e cadáveres.
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Resenha: Desinfectório Central
1. CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ
IZIS FERREIRA PAIXÃO
MIRELI ALEXANDRE DA SILVA
NUBIA CORLETTO
THAMIRES CORREIA
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
SANTO ANDRÉ
2017
2. IZIS FERREIRA PAIXÃO, MIRELI ALEXANDRE DA SILVA,
NUBIA CORLETTO, THAMIRES CORREIA
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Trabalho para a disciplina de Patrimônio
Histórico da Arquitetura brasileira do curso de
Arquitetura e Urbanismo FAFIL Centro
Universitário Fundação Santo André.
Orientador: Enrique Staschower
SANTO ANDRÉ
2017
3. RESUMO
O Desinfectório Central refere-se a um edifício construído em 1893 pelo governo
estadual de São Paulo, com o objetivo de realizar processos de desinfecção e de controle
das epidemias existentes no século XIX. O patrimônio histórico foi tombado no ano de
1985 e, desde então, é preservado para que a memória do local não se perca. Atualmente,
a construção abriga o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, que possui um grande acervo
sobre a saúde pública do estado de São Paulo, catalogado pelo Conselho Nacional de
Arquivos, Conaq.
O Desinfectório foi uma das companhias percussoras no segmento do serviço
sanitário, realizando a retirada de enfermos para hospitais de isolamento e de cadáveres de
pessoas mortas por doenças infectocontagiosas, além do seu trabalho realizando a
significativa função no combate às epidemias.
4. LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Edifício do Desinfectório Central ................................................................10
Figura 2: Mapa do Entorno - Estudo do Gabarito......................................................12
Figura 3: Volumetria..................................................................................................13
Figura 4: Fachada Rua Tenente Pena ......................................................................14
Figura 5: Fachada Rua General Flores .....................................................................14
Figura 6: Fachada Rua dos Italianos.........................................................................15
Figura 7: Detalhes das mudanças.............................................................................17
Figura 8: Detalhes das mudanças.............................................................................17
Figura 9: Detalhes das mudanças.............................................................................18
Figura 10: Planta baixa .............................................................................................19
Figura 11: Acessibilidade ..........................................................................................20
Figura 12: Pátio interno .............................................................................................20
Figura 13: Patio interno atualmente ..........................................................................21
Figura 14: Fachada e Lateral antes da intervenção ..................................................21
Figura 15: Restauro e Recuperação da Pintura Original...........................................22
Figura 16: Fotografias do estado do edifício do Desinfectório Central antes da
intervenção realizada ................................................................................................24
7. 1. DOCUMENTAL
1.1 Razões de tombamento
Com a reforma no sistema de saúde na década de 60 houve um déficit nas áreas
administrativas e houve uma reforma na área de saúde pública e serviços públicos,
com isso esvaziou o local tornando ele assim inutilizável, com tudo em 1979 o local
se tornou um museu de Saúde Publica e foi dado o nome de Emílio Ribas (Antigo
diretor do Serviço Sanitário do Estado).
O processo de tombamento começou no ano de 1984 por um pedido do
Secretário da Saúde. Dr. João Yunes, para que o prédio recebesse um reforma e
restauração, após uma vistoria foi considerado a preservação desse Patrimônio
Cultural de São Paulo, assim o mesmo contribuiria para a memorial de São Paulo e
foi através da historiadora Sheila Shivarzman e do Arquiteto Dr. Antonio Luiz
Andrade que mostraram a necessidade do tombamento que no ano de 1985 por
razões de bem cultural, o local é considerado de interesse arqueológico, artístico e
turístico o local foi tombado.
1.2 Histórico
1.2.1 Contexto Histórico
Na época da criação do Desinfectório, o país enfrentava um período de muitas
epidemias, necessitava de controle de pragas, doenças e saneamento básico, assim
como também uma construção pública para o alojamento de doentes que
carecessem de isolamento, além da remoção de cadáveres de pessoas que foram
vítimas de doenças infectocontagiosas (NASCIMENTO, DOUGLAS, 2013).
Segundo Telarolli (p.268, 1996), a partir do ano de1887, um grande fluxo de
imigrantes estrangeiros chegava ao estado de São Paulo - cerca de 40.000
desembarcaram no local e, em 1895, o número já era de 140.000 -. Enquanto o
processo de urbanização melhorava à medida que chegavam mais imigrantes, o
8. saneamento local e a saúde pública não acompanhavam o mesmo ritmo,
aumentando a quantidade de epidemias.
De acordo com o arquivo do processo 23881/85 (CONDEPHAAT, 1985), em
1887, o Inspetor de Higiene Dr. Marcos de Oliveira Arruda determinou que os
serviços de saúde necessitavam de regulamentados, incluindo os processos de
desinfecção. Na época, saneamento e saúde funcionavam como um mesmo
departamento, devido várias doenças serem decorrentes das precárias condições de
vida as quais a população de São Paulo – e do Brasil como um todo – eram
submetidas.
No final do século XIX, os serviços de saneamento e saúde atuavam como
medida preventiva de doenças, influenciados pelas teorias de higiene da época, com
ações de desinfecções na população, antes mesmo da criação do Serviço Sanitário
do Estado em 1891.
1.2.2 Histórico da obra
Em 1882, foi construído o Desinfectório Central em um terreno onde existia
um sobrado conhecido como Bom Retiro, que se tratava de uma hospedaria dos
imigrantes, que influenciou profundamente a região, como a própria rua onde se
localizava, a antiga Rua dos Imigrantes, passando no final do século a denominar-se
Rua General Flores, após a transferência da hospedaria militar da Força Pública
(CONDEPHAAT, p. 32-33, 1985).
Em fevereiro de 1893 o Governo determinou a construção do Desinfectório
projetado por contratados Paul Rouch e J. E. Damergue, cujas as obras ficaram à
cargo da Superintendência de Obras Públicas da Comissão de Saneamento regidas
pelo engenheiro chefe João Ferreira Ferras, sendo as obras executadas em
novembro daquele mesmo ano.
De acordo com o arquivo do processo 23881/85 (CONDEPHAAT, 1985) o
Serviço Geral de Desinfecção compreendia todos os trabalhos de desinfecção
necessários para atender os casos de doenças transmissíveis, onde os casos de
desinfecção domiciliar os aposentos eram interditados e desinfetados.
9. O Desinfectório Central foi um instrumento de saúde pública muito importante
do final do século XIX, em especial no combate de doenças pestilenciais, com
atividades intensas principalmente na existência de ameaças de epidemias.
A reforma administrativa da Secretaria da Saúde iniciada em 1967,
reestruturou os diversos serviços de saúde pública, adequando-os às novas
exigências, resultando em uma descentralização administrativa – mantendo ainda
ligações com alguns hospitais, como por exemplo o Hospital Emílio Ribas - através
de regionalização e integração das atividades executivas e padronização das
normas, resultando no que é hoje a Secretaria de Saúde, fazendo com que o
Desinfectório não se adequasse ás novas exigências (CONDEPHAAT, p. 38-39,
1985).
Criado a partir do Decreto Estadual de 29 de outubro, o Museu surgiu com o
intuito de cultuar a memória do diretor do antigo Serviço Sanitário do Estado, Dr.
Emílio Ribas, onde foi indicado o antigo prédio do Desinfectório Central, renomeado
Museu de Saúde Pública “Emílio Ribas”, uma vez que o próprio edifício também
representava um patrimônio cultural da cidade, sendo em 1979 inaugurado, e desde
1980 ocupa o edifício do antigo Desinfectório Central, dividindo seu espaço com
alguns órgãos da Secretaria de Saúde, como a Divisão de Transportes.
O completo arquitetônico abrigou, ao longo do tempo, diversos órgãos ligados
à saúde e a partir de 1975 iniciou-se as obras de adaptação para receber o museu,
fato concretizado apenas no ano de 1985. Neste mesmo ano o edifício foi tombado,
pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,
Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, através da Resolução n. 50, de 26 de
agosto de 1985.
2.2 Representatividade
O Desinfectório Central representa um marco importante da saúde pública do
séc. XIX, tanto no controle de doenças e no saneamento básico da cidade, quanto
em seu caráter arquitetônico. Desde a inauguração em 1979 como Museu da Saúde
Pública – Emílio Ribas, o edifício tornou-se um dos mais importantes acervos
documentais da saúde brasileira, composto por documentos textuais, fotografias e
objetos referentes a saúde pertencentes da Secretaria do Estado da Saúde, fundos
10. institucionais e pessoais, desde o período de seu surgimento até a atualidade,
(NASCIMENTO, DOUGLAS, 2013).
Figura 1: Edifício do Desinfectório Central
Fonte: São Paulo Antiga, 2013
1
O edifício em si só possui sua importância arquitetônica, pois mantem
características originais do projeto, tendo intactos a estrutura em madeira do
telhado, as telhas, o piso, o forro de madeira e algumas janelas (CONDEPHAAT, p.
02, 1985), sendo também um exemplar dos remanescentes ecléticos de São Paulo.
No entanto, o antigo prédio do Desinfectório Central encontra-se
desvalorizado na malha urbana, passando desapercebido pelos transeuntes do Bom
Retiro, logo após o término da movimentada rua de comércio José Paulino.
Referente a sua representatividade arquitetônica, verifica-se a sua primeira
descrição relatada em documentos oficiais no ano de 1900, onde, segundo VEIGA
CASTRO E SILVA (2017 apud GASPAR; In: PINTO, p. VII) o diretor da Biblioteca
Municipal da Capital Federal, Alfredo Moreira Pinto, visita à capital paulista e registra
as suas observações das repartições públicas, construções civis, deparando-se pelo
largo desenvolvimento e progresso ocorrido na cidade, onde sua descrição é
objetiva e distanciada, isenta de adjetivos, apropriada para descrever o que mais o
impressionou: a racionalidade e a funcionalidade dos espaços. Nenhum comentário
encontra-se a respeito dos aspectos artísticos do conjunto. Comportamento muito
diferente das análises estilísticas que tece a respeito, por exemplo, dos prédios da
Secretaria da Agricultura, Tesouraria de Fazenda e Museu Paulista.
1
Disponível em: < http://www.saopauloantiga.com.br/desinfectorio-central/> Acesso em 30 de Abril de
2017
11. Posteriormente a obra é registrada novamente através da Descrição
Arquitetônica do professor doutor Eudes de Mello Campos Júnior, incluída no
verbete DESINFECTÓRIO CENTRAL (verbete 11 – v11), contido na publicação do
resultado do trabalho de levantamento coordenado pela Casa de Oswaldo
Cruz/Fiocruz (VEIGA CASTRO; SILVA, 2017 apud PINTO, 1979, p. 102).
A precária situação da construção, sob risco de ruir, e o reconhecimento de
sua importância histórica (preponderante à época) e arquitetônica (com
menor peso – visto tratar-se de exemplar de linhas ecléticas) – pouco
valorizadas pelos órgãos de preservação no Brasil, naquele período, vista
como exógena, espúria à cultura brasileira, e discriminada pela construção
historiográfica que vigorou nas escolas de arquitetura e nos meios
preservacionistas , foram razões suficientes para orientar a decisão do
colegiado do órgão estadual de preservação (VEIGA CASTRO, SILVA,
2017).
Após a inauguração do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, com as
exposições “As Grandes Epidemias”, “Mais que humanos. Arte no Juquery” e
quadros com a história do edifício, este centro cultural não teve renovação do seu
acervo, fazendo com o que o mesmo não possua um grande número de visitantes,
fluxo esse tão importante para a vida do bem tombado, conforme registros das
cartas patrimoniais das Normas de Quito – Reunião sobre a conservação e
utilização de monumentos e lugares de interesse Histórico e Artístico, O.A.E
(Organização dos Estados Americanos) – de 1967, Recomendação de Paris de
1968 e da Carta de Atenas de 1931.
Ainda assim, o Desinfectório revela-se como um marco importante para a
sociedade – uma vez que se constitui como edifício histórico e cultural – e também
possui sua importância local, sendo peça histórica do bairro do Bom Retiro,
instalando-se sobre o sobrado que abrigava a hospedaria dos imigrantes, tão
significativo que deram nome ás ruas “dos Italianos” e “dos Imigrantes”, atual
Tenente Pena.
2.3 Perímetro, Volumetria, Fachadas
2.3.1 Perímetro
O bairro Bom Retiro é caracterizado pela predominância da classe social C,
onde se situa o Desinfetório Central.
12. Figura 2: Mapa do Entorno - Estudo do Gabarito
Fonte: Adaptado pelo grupo, 2017 – Base: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas –
Instituto Butantan
Percebe-se que a área do desinfetório antes de ser tombada e depois de ser
tombada é a mesma no mapa em cor roxa, tendo domínio pela cor amarela, que
significa predominância de 3 a 4 pavimentos na quadra.
Por se tratar de um bairro de uso comercial, a maioria dos lotes são de lojas
ou escritórios comerciais. Em segundo plano a cor amarela com predominância por
área de 1 a 2 pavimentos, que são as quadras por dominação de comércios térreos
ou sobrados, e em seguida a cor verde que seria os prédios comerciais, porem
alguns residenciais também.
Os frequentadores desta área são lojistas, e clientes que pretendem
economizar pagando mais barato na vestimenta, porém o bairro possui bastante
locais de interesses culturais.
Mesmo sendo construído em 1893 com o passar dos anos o entorno não
sofreu grandes mudanças, sendo conservado por conta do tombamento do
Desinfetório Central, e outros tombamentos secundários como a Escola Estadual
Marechal Deodoro, a Oficina Cultural Oswald de Andrade e a Fundação de Energia
13. de São Paulo nesta área a também há edificações notáveis que são de importância
para a região e algumas de interesse de tombamento, todas são bem antigas com
exceção do Sesc Bom Retiro e fazem parte da história do bairro como a Galeria de
Confecções da Rua dos Italianos ( Letra A- conforme imagem), o antigo colégio
Santa Inês ( Letra B- conforme imagem), o Correios da região ( Letra C- conforme
imagem), Sesc Bom Retiro( Letra D- conforme imagem), o tombamento do Museu da
Obra Salesiana no Brasil ( Letra E- conforme imagem) e o Teatro Porto Seguro (
Letra F- conforme imagem).
Essa importância do entorno é de fato algo de extrema relevância em se tratar
da conservação e utilização do bem patrimonial, uma vez que as construções
fronteiras – sejam elas históricas ou não – auxiliam na preservação tanto do edifício
tombado quanto de sua mensagem, uma vez que o contextualizada. Cita-se como
fundamento a Carta de Brasília de 1995, referindo-se ao entorno como fundamental
para a autenticidade da obra:
“[...] é imprescindível o equilíbrio entre o edifico e seu entorno, tanto na
paisagem urbana quanto na rural. Sua ruptura seria um atentado contra a
autenticidade. Para isso, é necessário criar normas especiais que
assegurem a manutenção do entorno primitivo, quando for possível, ou que
gerem relações harmônicas de massa, textura e cor [...]”.
2.3.2 Volumetria
Figura 3: Volumetria
Fonte: Google Earth
14. O edifício é constituído predominantemente de pavimento térreo - seu lote
ocupa uma via completa onde está a fachada principal que fica na Rua Tenente
Pena -, onde estão localizadas as três torres distintas de dois pavimentos, as laterais
ocupam metade da via, uma da Rua dos Italianos e outra da Rua General Flores.
2.3.3 Fachadas
Figura 4: Fachada Rua Tenente Pena
Fonte: Google Earth
Figura 5: Fachada Rua General Flores
Fonte: Google Earth
15. Figura 6: Fachada Rua dos Italianos
Fonte: Google Earth
O Desinfetório possui três fachadas principais e visíveis, a principal é da Rua
Tenente Pena. Por ser a fachada principal possui sinalização de identificação do
museu, mas não existindo em nenhuma de suas demais faces e placas nas ruas
adjacentes, fazendo com quem percorra a rua não saiba desta informação e quem
tiver tido alguma indicação para a visita ao local, ao chegar não saiba se chegou ao
local correto, necessitando de auxilio de informações aos pedestres que ali passam.
Esta fachada não sofreu intervenções e nem adaptações significativas, a
única pequena adaptação foi um gradio metálico na janela da porta principal, para
que evite invasões ao local, a fachada foi vítima de atos de vandalismo por ter sido
pixada, e as medidas para conserto até então não foram tomadas, sendo que de
acordo com a Carta de Quito, ela defende a justificativa de necessidade de verba
para melhorias de infraestrutura ao local quando o patrimônio sofrer atos de
vandalismo urbanísticos.
A fachada lateral da Rua General Flores, foi adaptada o uso de telas em
todas as janelas, provavelmente devido o passeio existiram muitas arvores de copa
densa, atraindo mosquitos, e nas janelas de nível superior gradio metálico assim
como no superior dos portões onde originalmente havia um vão, a entrada de carros
que originalmente era entrada de carruagens, ali foi anexado uma placa de “cuidado
entrada de veículos”- esta fachada também está pixada.
16. Na fachada da Rua dos Italianos também acontece o uso de gradio metálico
nas aberturas, e sofre vandalismo urbanístico. Nesta elevação também possui uma
outra entrada para carros, porém hoje é utilizada para carga e descarga, sendo
assim, foi instalado uma porta de correr de alumínio e retirado o portão metálico com
estilo eclético da época. Vale ressaltar que todas as arvores em ambas as fachadas
são de copas muito largas e bem próximas umas às outras, e como é de difícil
manutenção de seu podamento prejudica muito a visibilidade das fachadas.
2.4 Restrições e Permissões
2. ICONOGRAFIA
2.1 Estado atual
Considerado o prédio mais importante da história da saúde pública em São
Paulo, o Desinfectório teve sua inauguração no ano de 1893 no Bom Retiro, com a
função de deliberar as funções do serviço sanitário, e após a reforma administrativa
e de serviços públicos, os trabalhos no Desinfectório foram finalizados, tornando o
edifício assim inutilizável até o ano de 1979, quando o local passa a se tornar o
Museu da Saúde Pública Emílio Ribas.
Desde o início do século XIX até a atualidade é o local onde se concentra o
mais importante acervo de documentos da saúde pública brasileira, armazenando
documentos textuais, sonoros, audiovisuais e objetos, além de também representar
séries históricas da Secretaria de Estado de Saúde, com fundos pessoais, públicos e
privados todos relacionada à saúde.
A área possui uma local de exposições onde se encontra temas que contem
relação com a história da saúde, onde a construção encontra-se em ótimo estado de
conservação.
Atualmente o complexo está sendo utilizado pelos seguintes órgãos da
Secretaria de Saúde:
17. 1. Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantã, SES/SP.
2. Centro de Regulação de Urgência e Emergência do Estado de São Paulo – CRUE
– Coordenadoria de Gestão de Contratos e Serviços de Saúde.
3. Almoxarifado da Unidade Dispensadora Tenente Pena – UDTP – CODES –
Coordenadoria de Demandas Estratégicas do SUS.
4. Unidade Dispensadora Tenente Pena – UDTP – CODES – Coordenadoria de
Demandas Estratégicas do SUS.
5. Arquivo Intermediário – Coordenadoria de Recursos Humanos.
6. Centro Gráfico. Coordenadoria Geral da Administração.
7.Centro de Transportes da Secretaria de Saúde – CGA – Coordenadoria Geral de
Administração.
2.2 Intervenções
O edifício em questão sofreu alterações com o tempo incluindo colocação de
ladrilho hidráulico, pintura para o piso, reforma do assoalho entre outros em suas
paredes as tintas originais foram substituídas por azulejos, tintas e massa corrida no
teto foi colocado forro de gesso, pvc, estuque e acartonado. O edifício também
sofreu alterações em sua estrutura, construindo novas paredes e demolindo outras,
como podemos ver nas imagens abaixo.
Figura 7: Detalhes das mudanças
Fonte: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan
Figura 8: Detalhes das mudanças
18. Fonte: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan
Figura 9: Detalhes das mudanças
Fonte: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan
19. Figura 10: Planta baixa
Fonte: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan
Em relação a acessibilidade o edifício ganhou rampas de acesso e corrimões,
tornando-se acessível a todos.
20. Figura 11: Acessibilidade
Fonte: Acervo pessoal do grupo, 2017
O patio interno do edificio foi criado para abrigar as carroças e seus cavalos
que servirão para transportar as pessoas doentes, com o avanço da tecnologia e a
chegada dos automoveis passaram a abriar as ambulancias. Após o tombamento do
edificio essa área passa a não ser utilizada.
Figura 12: Pátio interno
Fonte: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan
21. Figura 13: Patio interno atualmente
Fonte: Acervo pessoal do grupo (2017)
Figura 14: Fachada e Lateral antes da intervenção
Fonte: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan
Atualmente o edificio está sofrendo uma nova intervenções, em suas paredes
internas estão buscando a cor original do edificio e será feita restauração em sua
fachada. Em relação à visitação é sugeria um prévio agendamento possibilitando
assim acesso a determinados locais de maneira monitorada. Na ocasião, foi possível
prestigiar o trabalho de restauração da pintura original de uma das salas iniciais do
antigo Desinfectório Central, conforme a figura abaixo:
22. Figura 15: Restauro e Recuperação da Pintura Original
Fonte: Acervo pessoal do grupo, 2017
Após a análise realizada através das imagens anteriores a intervenção feita
no edifício do antigo Desinfectório Central e visita, o grupo entende por eliminação
que não se trata de um restauro, visto que mesmo havendo o respeito pela obra
histórica e artística, não houve o devido respeito pelas marcas que o tempo causou
no edifício, mesmo existindo atualmente o trabalho de recuperação da pintura
antiga, mas que ainda não foi concluído.
Também não se trata de uma intervenção de requalificação, uma vez que não
existiram obras no tecido urbano relevantes, evidenciando a obra arquitetônica.
Exclui-se também a possibilidade da reabilitação, haja vista que as operações com
intuito de aumentar os níveis de qualidade do edifício de modo a responder as
exigências mais funcionais que as originais resumem-se a implantação de somente
uma rampa de acesso e instalações de incêndio.
Conclui-se que a forma de intervenção que mais se aproxima da efetuado na
obra estudada foi o ato de reconverter, verificando-se que houve uma intenção de
23. modernização e principalmente adaptação para as funções do museu já instalado no
local, que implicou na introdução de melhorias a nível estrutural e funcional,
exemplificado pela construção de novas paredes.
2.3 Fundamentações
2.3.1 Teórico
Verifica-se que o edifício sofreu alterações em sua estrutura e pintura
tornando assim um restauro que defende as ideias do historiador Alois Riegl, que
por sua vez é a favor dos valores históricos, ele se torna um dos historiados mais
teóricos já estudados tornando-se assim
2.3.2 Cartas Patrimoniais
Todas as obras de arte de qualquer época como monumentos arquitetônicos
centros históricos, coleções e disposição da decoração tradicional a serem
conservadas, estão entre os deveres de cada superintendências da instituições
responsáveis pela conservação do patrimônio histórico, incumbidos de elaborar um
programa anual e especificado dos trabalhos de salvaguarda da restauração,
remoção reconstrução ou translado para locais diferentes dos originais, como foi o
caso do Desinfectório Central, sede do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, que
teve suas atividades sob responsabilidade do Instituto Butantan, atribuindo
alterações das condições de acesso – exemplo das rampas incluídas na construção
e onde também qualquer intervenção na obra ou seu entorno deve ser estudada e
justificada.
Conforme a Carta patrimonial de Quito, é de função do Estado determinar, a
medida em que a função social seja compatível com a propriedade privada e com o
interesse dos particulares – no caso, o interesse do bairro em possuir edifícios
culturais. Qualquer potencial ou riqueza destruída com atos irresponsáveis de
vandalismo urbanístico, acarreta em benefícios ao local como forma de justificativa
para melhorias de infraestrutura – fato presenciado na visita ao museu, que
apresenta alguns pontos de pichação.
24. A intervenção realizada no edifício do Desinfectório permitiu tanto a
conservação do edifício histórico, quanto do acervo e das mobílias presentes em seu
interior, fundamentadas na Recomendação Paris de Obras Públicas ou Privadas de
1968, na 15º Sessão da Conferencia Geral da Organização das Nações Unidas,
conforme o trecho abaixo:
“Bens móveis de importância cultural, incluindo os que existem ou tenham
sido encontrados dentro dos bens imóveis [...]”.
No entanto, entende-se que o restauro realizado no citado edifício, não
respeitou a marcas deixadas pelo tempo e de possíveis intervenções antigas, tão
importantes para o diálogo com o passado e atingindo negativamente sua
autenticidade, onde sua preservação foi largamente apoiada em diversas cartas
patrimoniais, como por exemplo a Carta de Brasília de 1995 e a Conferência de
Nara de 1994, onde:
“A conservação do patrimônio cultural em suas diversas formas e períodos
históricos é fundamentada nos valores atribuídos a esse patrimônio [...]”.
Abaixo, algumas imagens do estado do edifico encontrado no início dos das
atividades de vistoria para o processo de tombamento, obtidas através da visita in
situ do acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas:
Figura 16: Fotografias do estado do edifício do Desinfectório Central antes da intervenção realizada
25. Fonte: Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan
26. CONCLUSÃO
O surgimento do Desinfectório Central no bairro Bom Retiro se enquadra em
contexto histórico de densas alterações sociais, econômicas e políticas pelas quais o
Estado de São Paulo passou na transição entre os séculos XIX e XX. Nesse
contexto, a saúde pública foi percussora de diversas dessas mudanças, implicando
no investimento de razoáveis recursos que permitiram à ampliação e o
desenvolvimento de seu complexo arquitetônico.
Em seu processo de tombamento, verificou-se o desejo de tombamento mais
evidente devido se tratar da sede do Museu de Saúde Pública Emílio Dias do que
pelo seu significado arquitetônico, destacando nesse documento sua relevância pelo
seu significativo aspecto de equipamento pioneiro do serviço público de saúde.
27. REFERÊNCIAS
ARQUICULTURA, Desinfectório Central. São Paulo. Disponível em:
<http://www.arquicultura.fau.usp.br/images/arquicultura/Processo_2388185__Museu
_de_Saude_Publica.Image.Marked.pdf> Acesso em mai. 2017
CONSELHO DE DEFESA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO,
ARTÍSTICO E TURÍSTICO – CONDEPHAAT. Processo de tombamento 23881-85:
Museu de Saúde Pública – Emílio Ribas. São Paulo: Secretaria de Estado da
Cultura, 1985. Disponível em: <http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site
/SEC/menuitem.fe8f17d002247c2c53bbcfeae2308ca0/?vgnextoid=963c6ed1306b02
10VgnVCM1000002e03c80aRCRD> Acesso em Mai. 2017
JUNIOR, RODOLPHO TELAROLLI, Imigração e Epidemias no Estado de São
Paulo – Immigration and Epidemics in the State of São Paulo. História, Ciências,
Saúde – Manguinhos, III (2); Out. 1996. Acesso mai. 2017
NASCIMENTO, Douglas. Desinfectório Central. São Paulo: São Paulo Antiga,
2013. Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/desinfectorio-central/>
Acesso mai. 2017