2. ACARRETAMENTO
◦Ocorre quando, num par de sentenças, a verdade da
primeira “acarreta a verdade na segunda, ou seja:
◦A verdade da sentença A assegura a verdade da
sentença B
◦Então, a verdade da primeira sentença tem que estar
na verdade da segunda.
3. ACARRETAMENTO
◦ Exemplo:
◦ A) Maria comprou um computador novo.
◦ B) Maria comprou um aparelho.
◦ A verdade de A está contida em B.
◦ Maria comprou um computador, ou seja, um aparelho. Todo
computador é um aparelho.
4. ACARRETAMENTO
◦ Outro exemplo:
◦ A) João consertou o carro dele.
◦ B) João consertou um veículo.
◦ Há acarretamento de A para B, pois os carros estão na
categoria dos veículos, ou seja, todo carro é um veículo.
Conclui-se que, se João consertou um carro, ele consertou
um veículo.
5. ACARRETAMENTO
◦ Como ocorrem os acarretamentos?
◦ Os acarretamentos são fenê4nomenos semânticos que
funcionam no posto do enunciado, ou seja, aquilo que está
ligado ao sentido literal do enunciado.
◦ Os acarretamentos podem ocorrer como relações
semânticas de sinonímia ou hiperonímia entre enunciados
ou por troca de vozes no enunciado (ativa passiva).
6. ACARRETAMENTO
◦ Como saber se há acarretamento entre as sentenças?
◦ Quando se fala de acarretamento de A para B estamos
colocando não apenas um relacionamento semântico entre
as sentenças, mas estamos dizendo que a verdade de A
está inserida na verdade de B
◦ Ex:
◦ A. Ana trouxe bananas, maçãs, uvas, alface e rúcula.
◦ B. Ana trouxe frutas e verduras.
7. ACARRETAMENTO
◦ Analisando o exemplo anterior, não teríamos acarretamento de B
para A, e nem se as sentenças estivessem ordenadas como no
caso a seguir:
◦ A. Maria trouxe frutas e verduras.
◦ B. Maria trouxe bananas, maçãs, uvas e alface.
◦ Caso estivessem assim dispostas, não haveria acarretamento de
A para B. Primeiro, quando falamos de frutas não falamos apenas
bananas, ou maçãs ou uvas. E se fossem peras, morangos e
jabuticabas?
◦ O mesmo vale para as verduras. Não existem só alface e alface
de verduras.
8. ACARRETAMENTO
◦ Os acarretamentos “funcionam” a partir dessas relações de
sinonímia ou hiperonímia (maior que).
◦ Carros, motos, caminhões<veículos.
◦ Computador, celular, TV<aparelhos.
◦ Maçã, uva, pera, limão<frutas.
9. ACARRETAMENTO
◦ Vamos pensar um pouco?
◦ Imagine Que Josias foi a uma loja de departamentos. Foi à seção
de moda. Alguém diz pra você:
◦ Josias comprou algumas roupas ontem.
◦ Isso significa que:
◦ 1. João comprou bermudas?
◦ 2. João comprou calças?
◦ 3. João comprou camisas?
◦ 4. João comprou cuecas e meias?
10. Outros nexos semânticos
◦ Existem outros nexos semânticos que são bastante próximos
ao acarretamento. Vamos à eles:
◦ Sentenças equivalentes;
◦ Sentenças contrárias;
◦ Sentenças contraditórias.
11. Sentenças equivalentes
◦ A verdade de A está em B e a verdade de B está em A. As duas são
sempre verdadeiras juntas ou sempre falsas juntas.
◦ Ocorre ou por sinonímia das duas sentenças (por paráfrase ou sinonímia
lexical) ou por troca das vozes (voz ativa para passiva ou o contrário).
◦ Par 1
◦ A. Pedro é irmão de Ana.
◦ B. Ana é irmã de Pedro.
◦ Par 2
◦ A. Pedro cancelou o provedor de internet.
◦ B.O provedor de internet foi cancelado por Pedro.
12. Sentenças contrárias
◦ Observe o exemplo a seguir:
◦ Maria está na escola trabalhando.
◦ Maria está na praia relaxando.
◦ Imagine que trata-se da mesma Maria e que as duas
sentenças foram enunciadas no mesmo momento. Qual das
duas sentenças parece ser verdadeira? É possível dizer?
13. Sentenças contrárias
◦ Eis um exemplo de sentenças contrárias. Se A for
verdadeira, (na escola trabalhando), B é falsa (na praia
relaxando); Mas se B for verdadeira, A é falsa. E se Maria
estiver na igreja orando? As duas, A e B, podem ser falsas
juntas.
◦ Concluindo, num par de sentenças contrária, uma ou outra é
falsa. A e B nunca são verdadeiras juntas, podem ser falsas
juntas.
14. Sentenças contraditórias
◦ Agora observe os exemplos a seguir:
◦ Par 1
◦ A. D. Pedro II foi o segundo imperador do Brasil.
◦ B. D. Pedro II não foi o segundo imperador do Brasil.
◦ Par 2
◦ A. D. Pedro II está vivo.
◦ B. D. Pedro II está morto.
15. Sentenças contraditórias
◦ Reparou que os pares estão numa relação de contradição?
◦ O ser/estar e o não ser/estar indica que uma das duas é
verdadeira e a outra é falsa, impossibilitando que as duas
sejam verdadeiras ou falsas juntas. Releia o par1.
◦ As sentenças que estão numa relação de antonímia, como
vivo/morto, acesa/apagada, sujo/limpo, indicam que existe
uma sentença verdadeira e outra falsa. Releia o par2.
16. Sentenças contraditórias
◦ Portanto, sempre que A é verdadeira, B é falsa ou sempre
que B é verdadeira, A é falsa, de maneira que A e B nunca
poderão ser, uma sentença contraditória, verdadeiras ou
falsas juntas.
17. Pressuposição
◦ A pressuposição é um nexo bastante diferente do
acarretamento. É uma inferência semântica que fazemos
daquilo que está na sentença (e não fora dela).
◦ A pressuposição não precisa necessariamente de pares para
a análise. Pense apenas na relação de posto e pressuposto,
Que são, respectivamente sentido literal, (aquilo que você já
sabe) e sentido inferido, (a informação que você considera
como nova)
18. Pressuposição
◦ Moura (2006) diz que a principal inferência entre a
pressuposição e acarretamento está na validade da verdade
de uma sentença, ou seja, se negarmos uma pressuposição,
a inferência continua, mas se negarmos um acarretamento,
não é mais verdadeira.
◦ Veja o exemplo abaixo:
◦ Zezinho deixou de alimentar os pássaros.
◦ O que podemos dizer dessa sentença?
19. Pressuposição
◦ Algumas coisas podemos dizer desse exemplo:
◦ Ok Existem pássaros e existe uma pessoa chamada Zezinho,
Certo? (pressuposição de existência).
◦ Podemos dizer também que Zezinho alimentava os pássaros
citados antes dessa enunciação, certo? (mudança de estado).
◦ A informação que está no sentido literal é a de que Zezinho não
alimenta mais os pássaros. (posto, está nítida essa informação
no enunciado).
◦ As duas primeiras informações não estão no sentido literal do
enunciado que exemplificamos. Nós inferimos essas
informações que estavam lá no enunciado.
20. Pressuposição
◦ Como isso ocorre? Como identificamos essas
pressuposições?
◦ Moura (2006) fazendo uma de Levinson Stephen, elucida
que existem algumas expressões, estruturas e verbos e que
ativam pressuposições.
21. Dúvidas cruéis
◦ Algumas pressuposições são acarretamento?
◦ Sim! Algumas pressuposições podem, se organizadas em
pares ou sentenças ordenadas, conter acarretamento de A
para B, ou de C etc. Mas cuidado! Muito cuidado! Muitas
pressuposições podem acarretar, mas acarretamentos não
são pressuposições.
22. Dúvidas cruéis
◦ O que é uma pressuposição semântica uma pressuposição
pragmática?
◦ A pressuposição semântica só infere aquilo que está no
enunciado e não fora dele.
◦ A pressuposição pragmática infere bem mais do que aquilo
que é.
23. Bibliografia
◦ llari, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a
gramática. 7ed. São Paulo: Contexto, 2009. pp. 85-91.
◦ llari, Rodolfo, Geraldi, Jõao Wanderley. Semântica. 11ed. Série
Princípios. São Paulo: Ática, 2008. pp. 51-63.
◦ Santos, Maria Leonor Maia, Trindade, Mônica Mano. Semântica.
In: Aldrigue, Ana Cristina de Souza (org.). Linguagens: usos e
reflexões. João Pessoa: Editora da UFPB, 2009. Vol.5 pp. 13-29.
◦ Moura, Herónides Maurilio de Melo. Significação e contexto: uma
introdução a questões de semântica e pragmática. 3ed.
Florianópolis: Insular, 2003. pp. 11-58.