O documento descreve a Inquisição medieval e seus horrores, como a queima de hereges. Também aborda a Revolução Científica e seus principais pensadores como Galileu, Descartes e Newton. Por fim, discute os perigos da ciência sem espiritualidade, citando a criação da bomba atômica como exemplo.
1. Em tempos de
Inquisição medieval,
uma jovem moça
está prestes a ser
lançada do alto
de uma ponte.
2. São tempos medievais,
e a morte é o destino
certo de todos aqueles
que não se alinham
com os dogmas
impostos pela
Igreja Católica.
3. Na sentença
acusatória são
apontados como
hereges, praticantes
de bruxaria,
ou simplesmente
seguidores de outra
crença que não
o catolicismo.
4. Mais terrível do que
qualquer episódio da
história humana até
então, a Inquisição
enterrou a Europa sob
um milênio de trevas,
deixando um saldo de
incontáveis vítimas
de torturas e
perseguições.
5. No chamado
“auto-de-fé”,
o inquisidor fazia
pública a sentença,
– um ritual de
penitência pública,
uma cerimônia de
humilhação daqueles
condenados por
heresia.
9. A Inquisição
– um tribunal
eclesiástico constituído
para defender
a fé católica,
a vigiar, perseguir
e condenar aqueles que
ousassem professar
outras crenças
e ideias.
O terrorismo consciencial.
10. Ideias inovadoras têm
que ser combatidas,
defendia a Igreja,
diante do receio
de que viessem a
conduzir os crentes
à dúvida religiosa
e à contestação da
autoridade do Papa.
11. A imposição de uma
severa vigilância
sobre o
comportamento moral
dos fiéis;
a censura de toda
produção cultural,
a forte restrição a
toda manifestação do
pensamento crítico,
e qualquer inovação
científica.
14. Sobe para as abóbadas
o canto dos pássaros,
Subirão ou não ao céu
as preces dos
humanos...
15. A Inquisição constituiu
a mais insana contradição.
Como se pode,
em nome da verdade,
e ainda mais de uma verdade religiosa,
perseguir,
torturar, matar
tanto e de forma
tão obsessiva?
16. Diante de tal absurdo contexto,
um grupo de seres humanos
traumatizados conspirou, em meados do
século XVIII, por um novo paradigma.
(cabe aqui um elogio aos
traumatizados, esses que
captam na própria pele a
dor de uma humanidade
dilacerada, muitas vezes,
mortalmente ferida)
17. Diante de tal absurdo contexto,
Os filósofos iluministas
um grupo depretenderam substituir
seres humanos
traumatizados conspirou, em meados do
a ideia de salvação
século XVIII, porpela de felicidade na terra.
um novo paradigma.
Os dogmas de paraíso
e vida eterna foram
(cabe aqui um elogio aos rechaçados,
traumatizados, esses que
a providência divina foi
captam na própria pele a
dor de uma humanidadesubstituída pela certeza
científica e pela ideologia
dilacerada, muitas vezes,
mortalmente ferida) progresso material.
do
18. A transcendência,
a religiosidade
e a espiritualidade
seriam preteridas,
postas de lado,
desprezadas.
As ideias de progresso material,
de perfectibilidade humana, aliadas
à defesa do conhecimento racional,
passariam então a ocupar o centro das
atenções da sociedade humana.
19. A nossa atual sociedade
e o mundo moderno
se apoiam nos conceitos
que tais pensadores
desenvolveram.
Inegável é o valor do
legado que deles
herdamos:...
20. Galileu, – ao abandonar
a servil obediência
às autoridades estabelecidas,
ao senso comum e à tradição –,
iniciou a renovação
da ciência de sua época.
21. As questões científicas, afirmava, devem ser
confirmadas ou refutadas através da
experiência e da observação, estabelecendo
a Natureza como ‘o livro da ciência’.
A discussão dos problemas
naturais, defendia,
deve começar pelos
experimentos objetivos
e não pelos textos sagrados
ou escrituras.
22. Após Galileu,
considerado o
“pai da física moderna”,
outros pensadores
levariam avante a
revolução iniciada no
pensamento humano.
23. Francis Bacon,
– tido como o arauto e
fundador da ciência
moderna, o “primeiro
dos modernos e
último dos antigos” –,
argumentou que a ciência deve
restabelecer o ‘imperium hominis’
(império do homem) sobre as coisas.
24. O conhecimento, o saber,
seria um meio seguro
e vigoroso de conquistar
poder sobre a natureza,
que deve ser, conforme
defendia, dominada
e subjugada em favor
do homem.
25. Descartes, “o pai da razão”, tão
traumatizado estava pelos dogmas de
então, que partiu da dúvida como
método sistemático: “para duvidar eu
penso e, se eu penso, logo existo”.
26. Filósofo, físico e matemático, Descartes
sugeriu a fusão da álgebra com a geometria
– fato que gerou a geometria analítica e
o sistema de coordenadas, fazendo dele
uma das figuras-chave na revolução científica.
27. Finalmente podemos citar Isaac
Newton, que fez a síntese da
matematização de Galileu,
do empirismo baconiano
e do racionalismo de Descartes.
28. Ao destrinchar a
física mecânica, extrapolou
a metáfora da máquina
para o universo inteiro,
regido por leis precisas.
29.
30. No entanto,
aquilo que era para ser
o movimento
compensatório
dialético, histórico,
infelizmente levou
a uma outra esclerose.
31. A revolução científica conduziu a
humanidade de um extremo,
onde a ciência era reprimida em nome
de algo que confusamente
era chamado Deus,...
32. ...para os momentos obscuros da modernidade,
onde a experiência sublime,
onde toda essa dimensão essencial
– de onde jorram os princípios da ética –
é reprimida em nome de
algo que confusamente
tem sido chamado ciência.
33. E o cego apego ao progresso tecnocientífico,
sem a contraparte de transcendência,
de espiritualidade, do divino,
fez com que as mesmas
trevas medievais recaíssem
sobre os nossos atuais
tempos modernos.
34. Robert Oppenheimer, nesta foto
ao lado de Einstein, era uma das
mentes mais brilhantes de sua época.
35. E por ser uma das mentes mais
brilhantes de sua geração, foi designado
pelo governo norte-americano
para liderar
a ‘Operação
Manhattan’.
36. Durante 28 meses – de abril
de 1943 a agosto de 1945 –,
Oppenheimer encabeçou uma
equipe formada por centenas de
cientistas de ponta, e outros
milhares de técnicos e assistentes.
37. E como resultado desta
incansável dedicação:
a primeira bomba nuclear.
38. Uma enorme concentração de
energia engendrada em um
pequeno espaço, capaz de ser
liberada subitamente, com
resultados devastadores, aliada a
um subproduto letal: a radioatividade.
39. O dia 6 de agosto
de 1945
tinha tudo para
ser apenas mais
uma segunda-feira
como tantas outras.
O sol já despontara, e os habitantes da
cidade de Hiroshima, ao sul do Japão, se
preparavam para a semana por começar.
40. Seria um dia como tantos outros, não fosse
o avião a sobrevoar sorrateiramente a cidade,
e lançar, às 8h 16min, a primeira bomba atômica
jogada sobre uma cidade povoada.
41. “Meu Deus,
o que foi que
nós fizemos?”
Foi a primeira
interrogação
de um dos
tripulantes
do avião
diante da cena
de absoluta
devastação.
42. “Meu Deus,
o que foi que
nós fizemos?”
Nos aviões,
devido ao sigilo
da missão,
quase ninguém
sabia do poder
destrutivo da
bomba que
transportavam.
43. Cerca de Gerações inteiras,
100 mil pessoas
morreram pais e filhos,
instantaneamente, avós e netos,
crianças, jovens
– as vítimas e velhos,
eram civis,
cidadãos comuns, cães, gatos,
e passarinhos,
já que a cidade não
era um alvo militar dizimados num
importante. piscar de olhos.
44. A chama que
devora a delicada carne,
transformando-a em cinzas.
Dor, sofrimento, suplício,
– o fim de toda esperança.
45. Sobe para as abóbadas
o canto dos pássaros,
Subirão ou não ao céu
as preces dos
humanos...
46. Que pensamentos terão ecoado na mente de
Oppenheimer diante dos resultados do mais
avançado projeto científico de sua época,
que ele liderou com tamanho afinco?
47. Além dos cem mil mortos no ataque,
outros tantos milhares viriam a falecer
em consequência das feridas
e do envenenamento radioativo.
48. E três dias mais tarde, na manhã do dia
09 de agosto de 1945, a chama radioativa
consumiria outros 80.000 em Nagasaki.
49. Philip Morrison, um
físico que participou
decisivamente na
criação da bomba,
viajou ao Japão logo
após a explosão, em
1945, e confessou ter
ficado chocado com
o que viu.
“Não havia restado
nada, apenas uma
‘cicatriz’ sobre o solo”.
50. Oppenheimer, ao refletir sobre
o resultado de seus esforços, quase
enlouqueceu, e disse a célebre frase:...
52. A alienação, a desumanização a que
Oppenheimer fez referência, se alastra hoje
pelos mais diversos campos da sociedade.
53. Hoje, o maior perigo
para a humanidade é
o cientista alienado,
o político alienado,
o educador, o aluno,
o profissional alienado,
o consumidor, o cidadão,
o ser humano
alienado.
Uma alienação que põe em risco
o próprio projeto civilizatório.
54. Tempos confusos estes
em que nos coube viver.
Dias desleais,
de fria indiferença
diante do essencial.
55. A chama da bondade,
da fraternidade
e da compaixão,
tão trêmula, vacilante e fraca,
a passar a impressão de que a
qualquer momento pode se apagar.
56. Os paradigmas
do passado já não
atendem aos graves
desafios que
encontramos
pela frente.
57. Toda a violência
que nos cerca,
a ignorância existencial
que se alastra,
todas as crises que se espalham
por todos os recantos da Terra.
58. Em que curva da estrada
foi que perdemos
o nosso rumo?
59. O mundo contemporâneo
atravessa uma de suas
mais graves crises,
– uma crise
de demolição,
caracterizada pelo
desmoronar de velhos
padrões e certezas.
60. Nestes tempos de
vidraças quebradas
e flores partidas,
haverá tarefa mais urgente
do que reconduzir os passos
em direção à senda
que conduz à
plenitude esquecida?
61. Da mesma forma que
a religião sem ciência nos
conduziu à degradação
no passado,
Na atualidade, a ciência
sem religião está nos
levando à autodestruição.
62. A ciência tem
um caminho próprio,
que é o analítico.
A religião tem
um caminho próprio,
que é o sintético.
Um não precisa do outro.
63. Mas como afirmou
Fritjof Capra:
“o ser humano
precisa de ambos”.
Ciência
& Religião
64. São as duas pernas
que o ser humano necessita
para empreender
uma jornada
com o coração.
66. O momento que
vivemos encontra-se
refletido na
seguinte metáfora:
“a lagarta
já morreu e
a borboleta ainda
não nasceu”.
67. O velho mundo
já não mais existe,
já foi ultrapassado,
esfarela-se
a olhos vistos,
e o novo mundo
ainda não surgiu,
espera por nascer.
68. É, sem dúvida,
um tempo decisivo,
de desafios sem
precedentes que
ombreamos,
– todos nós, a quem
coube vivenciar estes
tempos de transição,
de passagem para
uma nova época.
69. “A lagarta
já morreu,
E a borboleta
ainda não nasceu”.
72. Possa a citação a seguir,
que finaliza esta mensagem,
servir de inspiração e alento
para todos aqueles atentos aos
desafios e oportunidades
dos nossos dias.
73. “Na escuridão da noite planetária
que atravessamos,
no pressentimento de uma manhã
ensolarada e de um oásis secreto
a nos aguardar e redimir no tempo justo,
nossa tarefa é a de seguir adiante...”
74. “Peregrinar sempre,
repousar no orvalho da pausa,
despertar no Instante,
ser agente de um cuidado integral
e sorrir para o Grande Mistério da Vida.
Em marcha!”
Roberto Crema